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GUIA DOS MAMÍFEROS DO PARQUE NACIONAL DE CANTANHEZ

Book · January 2018

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2 authors:

Andrea Ghiurghi Nicolas Bout


European Union Awely, Wildlife and People
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Nicolas Bout - Andrea Ghiurghi

GUIA DOS MAMÍFEROS


DO PARQUE NACIONAL
DE CANTANHEZ
Guiné-Bissau
© Acção para o Desenvolvimento, Guiné-Bissau
Associazione Interpreti Naturalistici Onlus, Itália,
Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné-Bissau
União Internacional para a Conservação da Natureza
Primeira edição em português: Dezembro 2016
ISBN: 9788890894923

Titulo da edição original: Guide des mammifères du Parc National de Cantanhez


© Acção para o Desenvolvimento, Guiné-Bissau
Associazione Interpreti Naturalistici Onlus, Itália
Primeira edição: Julho de 2013

PUBLICADO por:
Acção para o Desenvolvimento, Guiné-Bissau
Associazione Interpreti Naturalistici Onlus, Itália
Bairro Quelelé, CP606, Bissau, Guiné-Bissau
www.adbissau.org - www.ecocantanhez.org
Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné-Bissau
Av. Dom Settimio Arturro Ferrazzetta, C.P - 70 – Bissau, Guiné Bissau
www.ibapgbissau.org
União Internacional para a Conservação da Natureza, Guiné Bissau
Av. Dom Settimio Arturro Ferrazzetta, Guiné Bissau
www.iucn.org

Autores: Nicolas Bout e Ghiurghi Andrea


Coordenação geral: Claudio Arbore
Tradução: Cristina Silva
Paginação e concepção gráfica: Raffaella Gemma
Fotografias da capa: 1 Cyril Ruoso - 2 Matthew Bonnet - 3 Senegal River Authority Basin
4 Nicolas Bout - 5 Nicolas Bout - 6 Bahaa-El-Din L. - 7 IBAP - 8 Gabor Csorba
9 Brent Huffman /Ultimate Ungulate
Fotografia da contracapa: Claudio Arbore

Impresso por: Petruzzi Stampa Città di Castello (PG) - Itália


Impresso em papel certificado FSC

Esta obra foi co-financiada pela União Internacional para a Conservação da Natureza e pela União Europeia.
A edição original em língua francesa “Guide des mammiferes du Parc National de Cantanhez” foi co-financiada
pela União Europeia no quadro do projeto “EcoCantanhez : promover o desenvolvimento sustentável e defender
o ambiente na Região de Tombali” (DCI-NSAPVD 2010/258-185) e pelo IBAP (Instituto da Biodiversidade e das
Áreas Protegidas) de Guiné-Bissau.

O conteúdo desta publicação é da exclusiva responsabilidade dos editores e não pode em caso algum ser
considerado como a expressão das posições da União Europeia.
ÍNDICE DE
CONTEÚDOS

Prefácio................................................................................................................................................... 5

Agradecimentos................................................................................................................................... 7

Mapa turístico do Parque Nacional de Cantanhez................................................................... 8

Introdução............................................................................................................................................ 11

Como usar este guia......................................................................................................................... 19

Introdução às famílias...................................................................................................................... 21

Os Mamíferos de Cantanhez.......................................................................................................... 25

Chimpanzé.................................................. 26 Mangusto das palmeiras...........................78


Macaco fidalgo vermelho......................... 30 Civeta africana........................................... 80
Macaco fidalgo preto................................. 34 Gato lagária................................................ 82
Macaco mona............................................. 38 Gineta europeia.......................................... 84
Macaco verde............................................. 40 Gineta.......................................................... 86
Babuíno da Guiné...................................... 42 Mangusto dos pântanos........................... 88
Macaco cão da Anúbia.............................. 44 Mangusto raiado........................................ 90
Macaco vermelho...................................... 46 Mangusto da Gâmbia................................ 92
Poto.............................................................. 48 Mangusto de rabo branco........................ 94
Gálago do Senegal ................................... 50 Sacarrabos.................................................. 96
Gálago de Demidoff.................................. 52 Mangusto vermelho.................................. 98
Onça.............................................................54 Pangolin gigante...................................... 100
Caracal........................................................ 56 Pangolin comum...................................... 102
Serval.......................................................... 58 Búfalo.........................................................104
Gato dourado africano.............................. 60 Gazela pintada.......................................... 108
Gato bravo.................................................. 62 Cabra grande do mato.............................110
Hiena malhada........................................... 64 Cabra cinzenta...........................................112
Chacal de flancos raiados......................... 66 Duiker negro..............................................114
Chacal comum............................................ 68 Duiker da baia............................................116
Lontra do Cabo............................................70 Duiker de flancos ruivos...........................118
Lontra europeia...........................................72 Palanca vermelha......................................120
Ratel..............................................................74 Cobo de meia lua......................................122
Zorrilho africano.........................................76 Javali africano...........................................124

3
Porco do mato vermelho.........................126 Morcego frugívoro de Veldkamp........... 159
Porco gigante da floresta........................ 128 Morcego leporino grande....................... 160
Hipopótamo.............................................. 130 Morcego leporino sépia.......................... 160
Manatim.................................................... 132
Morcego de folha de Aba........................ 160
Elefante africano...................................... 136
Morcego de folha ciclope........................161
Porco formigueiro.....................................140
Morcego de folha de Temminck..............161
Rata do canavial........................................142
Porco espinho............................................144 Morcego de ferradura de Alcyon............161
Porco espinho de cauda de pincel..........146 Morcego de ferradura de Dent............... 162
Rato gigante da Gâmbia...........................148 Morceguinho............................................ 162
Esquilo terrestre listrado........................ 150 Morcego de Abo...................................... 162
Esquilo de cordão pés de fogo............... 152 Macaco cinzento...................................... 164
Esquilo do sol da Gâmbia........................154
Leão........................................................... 165
Rato voador.............................................. 156
Elande de Derby....................................... 166
Morcego frugívoro flavo......................... 158
Duiker comum...........................................167
Morcego frugívoro da Gâmbia............... 158
Morcego frugívoro de Buettikofer......... 158 Cobo de Buffon........................................ 168
Morcego frugívoro cabeça de martelo.....159 Redunca.................................................... 169
Morcego frugívoro anão............................159 Hírax...........................................................170

Bibliografia......................................................................................................................................... 171

Créditos fotográficos...................................................................................................................... 172

Índice de espécies........................................................................................................................... 173

Padrões de impressões digitais.................................................................................................. 177

4
BEM VINDO
A CANTANHEZ

E
stamos no Parque Nacional de
Cantanhez. A última mancha de
floresta sub-húmida mais seten-
trional da África Ocidental e barreira na-
tural às mudanças climáticas em direcção
ao sul do continente africano.

A grande diversidade de fauna selva-


gem e sobretudo de mamíferos que nele
habitam, anda inquieta, preocupada e te-
merosa pela voracidade daqueles que an-
dam a desmatar as florestas, à procura de
madeira exótica, daqueles que tudo des-
troem e tudo vendem.

Temem também aqueles agricultores


que vindo de outras latitudes, praticam
sistemas de cultura que destroem a mata,
empobrecem o solo e secam os aquíferos
subterrâneos, hipotecando o seu futuro e
o dos seus filhos.

Vêm o número de árvores que lhes dão


frutos para a sua alimentação diminuir e,
receando o pior, partem para outras para-
gens, mais isoladas na esperança de ain-
da encontrarem lugar para poderem pro-
criar e viverem.

Olham com esperança a luta daqueles


humanos que sabendo que a sua sobrevi-
vência só será possível se ela for simultâ-
nea com os animais que estão na floresta,
organizam-se. Repovoam zonas ameaça-
das de se tornarem desérticas, ensinam
às crianças nas escolas de verificação am-
biental a compreenderem melhor a vida

5
dos animais e o funcionamento dos ecossistemas, que se colocam na linha da frente
contra os caçadores comerciais ilegais, os madeireiros que exploram sem critério al-
gum os recursos florestais ou os pescadores que, estando de passagem, varrem os
recursos marinhos das rias de Cantanhez.

Nesta brochura, os leitores, turistas responsáveis, pesquisadores científicos, estu-


dantes das escolas, amantes da natureza, decisores nacionais, autoridades tradicio-
nais locais, guias ecoturísticos, vão conhecer melhor grande parte da fauna que habita
e vive na Floresta de Cantanhez, os seus hábitos, as preferências alimentares, os cami-
nhos que percorrem e se estão em vias de extinção ou, pelo contrário, o seu número
está a aumentar pelas medidas entretanto tomadas.

Este Guia dos Mamíferos de Cantanhez não é senão um abaixo-assinado daqueles


como os chimpanzés, elefantes, búfalos, babuínos que contam consigo nesta luta glo-
bal para preservar as espécies e a biodiversidade, para os manter belos e, ao mesmo
tempo, torná-los úteis para a vida das comunidades locais que, sozinhas, sem a solida-
riedade activa dos parceiros se arriscam a, um dia, terem de abandonar estes locais de
sonho, onde se habituaram a construir canoas para irem à pesca, a comer bom peixe
e mariscos, a aprender com os animais a farmacopeia florestal, a comerem o melhor
arroz do país, a deliciarem-se com a fruta natural, a comerem o caldo de chabéu das
palmeiras e tudo o que a natureza tem para oferecer.

Bissau, Julho de 2013

Alfredo Simão da Silva Carlos Schwarz Claudio Arbore


Diretor Geral do IBAP Diretor Executivo da AD Presidente AIN

6
Agradecimentos

Este guia é dedicado aos habitantes do Parque Nacional de Cantanhez


e a Carlos Schwarz da Silva, Pepito, que tanto trabalhou pela conservação
e sustentabilidade dos recursos naturais desta bonita região

E
m muitos aspectos, este Guia dos Mamíferos do Parque Nacional de Cantanhez da Guiné-
-Bissau é uma história de partilha e de paixão comum. Baseia-se principalmente na ajuda
inestimável dos habitantes de Cantanhez, bem como na dos eco-guias e guardas comuni-
tários que ali trabalham. Além de sua imensa hospitalidade, concordaram em compartilhar com
os autores o conhecimento profundo que possuem da vida selvagem e desta região. A estes jun-
tam-se uma série de naturalistas, cientistas, gestores de projecto, fotógrafos profissionais e ama-
dores que completaram as monografias, documentos de arquivo ou testemunhos. Sem este valio-
so contributo, a realização deste livro não teria sido possível. A todos, os nossos agradecimentos.
Os autores agradecem especialmente ao saudoso Carlos Schwarz «Pepito», que por mais de 20
anos foi o Director da ONG Acção para o Desenvolvimento (AD), que tanto trabalhou para a cria-
ção do Parque Nacional de Cantanhez e para o bem-estar dos seus habitantes e a Claudio Arbore,
presidente da ONG Associazione Interpreti Naturalistici (AIN): é graças a ambos que esta obra foi
realizada.
Os autores também agradecem a Alfredo Simão da Silva, Director do Instituto de Biodiversida-
de e das Áreas Protegidas da Guiné-Bissau (IBAP), a Nelson Gomes Dias e a Pierre Campredon, da
União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) de Bissau, pelo determinante apoio
técnico e financeiro desta nova edição do Guia em português.
Os autores agradecem a toda a equipa técnica da AD pelo seu constante apoio ao nosso traba-
lho no PNC. Particularmente ao Tomane Camara, Abubacar Serra e Domingos Fonseca a quem
somos gratos pelo seu inegável contributo para a causa da conservação em Cantanhez. Somos
igualmente gratos a Saido Coiaté, Zeca Dju, Mutaro Garissa e Aissa Regalla de Barros pelo inves-
timento e perseverança demonstrados na colheita de dados de campo e de material bibliográfico.
Os autores agradecem também a Cristina Silva pela tradução para português do texto original
em francês e a Raffaella Gemma pela concepção gráfica da primeira e desta segunda edição.
Por terem tido a gentileza de participar na redacção desta obra, os autores agradecem ainda a:
Paul Aczel, Chris Aikpe, Frederick Airaud, Jean-Louis Albert, Laila Baha-el-din, André Barata, Fer-
nando Biag, Torsten Bohm, Matthieu Bonnet, Hélène Bout, Thomas Breuer, David Brugière, Balazs
Buzas, Centre de Recherche pour la Gestion de la Biodiversité et du Terroir, Centre de coopération
Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement, Philippe Chardonnet, a Funda-
ção Chimbo, Christelle Colin, Daniel Cornelis, Amos Courage, Gabor Csorba, Bryan Curran, Julie
Dewilde, Thomas Diane, Maria Joana Ferreira da Silva, Philippe Gaubert, Federico Gemma, Suza-
na Gonçalves Costa, Michäel Guay, Nicolas Guérin, Philipp Henschel, Fabrice Hibert, Brent Huff-
man, Tatyana Humle, Audrey Ipavec, Hélène Jacques, Lucy Keith, Lubomir Klatil, Milan Korinek,
Lisa Korte, François Lamarque, Aude Lemme, Fiona Maisels, François Malaisse, Museu de Histó-
ria Natural Húngaro de Budapeste, Museu de História Natural de Paris, ONG Panthera, Stephanie
Périquet, Xavier Pourrut, Ana Rainho, Jan Reed-Smith Rubondo, Guillaume Romano, Cyril Ruoso,
Aimee Sanders, The See to Shore Alliance, the Senegal River Basin Authority, Michäel Somers,
Claúdia Sousa, Joana Sousa, Andrea Turkalo, Marion Valeix, Joost van Schindel, Géraldine Véron,
Delphine Verrier, Wildlife Conservation Society, Wilkipedia, George Wittemyer, Isolde Zborowski
e Wroclaw Zoo. Os autores apresentam as suas desculpas a quem tenha sido aqui esquecido. Des-
cuidos ou erros são da responsabilidade exclusiva dos autores.

7
Introdução

O
Parque Nacional de Cantanhez (PNC) «bolanhas»), mangais, mosaicos de floresta
está localizado no extremo sul do país, seca e savanas. A razão de ser do PNC resi-
ao longo da fronteira internacional com de principalmente na presença dos últimos e
a República da Guiné-Conacri e na região ad- importantes maciços de floresta sub-tropical
ministrativa de Tombali. Situa-se numa planí- da Guiné-Bissau que se encontram entre os
cie peninsular (Cantanhez no idioma nalu sig- maiores da África Ocidental. Cantanhez ainda
nifica «planalto», embora não ultrapasse os 70 hoje abriga as maiores e melhor preservadas
metros de altitude). É delimitado pelo estuário florestas (“matos”, na terminologia local) do
do Rio Cumbijã a Oeste e pelo Rio Cacine a Es- país, sendo que algumas são inegavelmente
te, que constitui na realidade um braço de mar florestas subtropicais de vegetação primária.
que penetra o continente.
O PNC, com uma extensão total de 1.057 km2
O clima da região é controlado pelo movi- foi criado em 2008 através de decreto presi-
mento sazonal da Zona de Convergência In- dencial, após um longo processo participativo
ter-tropical (ZCI), que é responsável por duas entre as autoridades centrais, locais e a popu-
estações principais: a longa estação seca de lação local.
Novembro a Maio, quando a ZCI atravessa a
Este processo terminou com a decisão conjun-
ta de preservar a biodiversidade local de Can-
tanhez, com a perspectiva de desenvolver ao
mesmo tempo actividades geradoras de ren-
dimento ligadas entre outras ao ecoturismo.
A presença da floresta densa sub-húmida e da
fauna de grande porte característica deste ha-
bitat, é sem qualquer dúvida a maior atracção
para os turistas que decidem visitar o PNC. O
PNC tem no entanto, outros trunfos importan-
tes para além dos recursos naturais e da paisa-
gem, que são os recursos históricos e culturais.
Do ponto de vista da história recente do país,
a região de Tombali e em especial os secto-
região de Cantanhez em direcção ao norte, e res de Bedanda e Cacine, são considerados
a estação chuvosa, de Junho a Outubro, quan- como o berço da independência da Guiné-Bis-
do a ZCI se desloca para o sul de Guiné-Bis- sau. Trata-se da região onde os combates pe-
sau. Neste contexto, a região de Cantanhez é
a área com maior precipitação no país, com
uma média entre os 2200 e os 2500 mm de
chuva por ano na faixa costeira e com valores
situados entre os 1400 e 1900 mm por ano nos
sectores mais interiores do Parque Nacional.
As temperaturas médias apresentam um mí-
nimo em Janeiro (24,7 ° C) e um máximo em
Julho (28 ° C).
Estas condições ambientais explicam por qual
razão o PNC apresenta tão grande diversida-
de de habitats, tais como planícies inunda-
das (localmente conhecidas em crioulo por

11
Mapa da ocupação dos solos do Parque Nacional Cantanhez (redesenhado a partir do «Mapa de Ocupação
dos Solos 2007» do IBAP, 2008).

la independência e contra a colonização foram o equilíbrio necessário ao bom funcionamen-


mais intensos. Várias florestas possuem ainda to dos ecossistemas do PNC, dos quais depen-
vestígios dos antigos acampamentos dos in- de a sobrevivência das populações humanas
dependentistas, protegidos naqueles anos de autóctones.
guerra pelas comunidades animistas de Can-
Assim a título de exemplo, pelo menos 194 es-
tanhez: os Nalus e os Balantas. O PNC abriga
pécies de aves, das quais 80 florestais, são ob-
assim as principais bases militares da época:
servadas no PNC, razão pela qual em 2001 a
Bedanda, Guiledje, Cacine e Cameconde. Es-
BirdLife International classificou a área como
tas tornaram-se centros de reconhecido inte-
um importante local para as aves (IBA). Além
resse para o turismo histórico. Por esta razão,
as Florestas de Cantanhez são um santuário,
símbolo internacional da independência e da
libertação de povos, para além da sua impor-
tância mundial para a preservação da biodi-
versidade.
O PNC abriga uma biodiversidade extraordi-
nária, associada à diversidade de habitats (flo-
restas, savanas, mangais, rios e oceano). Os
naturalistas e os cientistas têm revelado a sua
extrema importância para a fauna entomoló-
gica (insectos), piscícola (peixes), herpetológi-
ca (répteis), avifauna e mamíferos. Toda esta
biocenose animal é fundamental para manter

12
do mais, das 184 espécies de mamíferos exis- Um tesouro natural inestimável que se ofere-
tentes na Guiné-Bissau, pelo menos 84 encon- ce ao visitante e do qual os contos tradicio-
tram-se no PNC. Dez ordens diferentes estão nais repetidos ao fim do dia à volta da fogueira
representadas: os primatas (12 espécies), os vêm adicionar uma dimensão cultural e huma-
carnívoros (24 espécies), os pangolins (2 es- na apaixonante à experiência.
pécies), os artiodáctilos (13 espécies), os siré-
nios (1 espécie), os proboscídeos (1 espécie),
os tubulidentados (1 espécie), os roedores,
(pelo menos 8 espécies de interesse), os hira-
cóideos (1 espécie) e os quirópteros (15 espé-
cies). A maioria destas espécies figura na lista
vermelha da UICN e 33 espécies do PNC (36 da
zona transfronteiriça de Cacine) são classifica-
das entre vulneráveis (VU) e em perigo crítico
de extinção (EN). O PNC constitui por isso uma
área protegida da maior importância para a
conservação nacional e internacional desta ex-
cepcional biodiversidade. Ali encontra-se ain-
da uma importante população de chimpanzés
da África Ocidental, a mais setentrional das po-
pulações de elefantes de savana do continente
africano nas florestas e savana, os majestosos
e míticos manatins nos rios e no oceano.

Resumo histórico da origem dos


povoamentos humanos em Cantanhez
Claudio Arbore

A diversidade dos meios e ecossistemas de Cantanhez sempre proporcionou às comuni-


dades humanas uma formidável oportunidade para a sua sobrevivência e reprodução
social. Tal é confirmado pela história do seu povoamento, que possui uma origem antiga e
que começa antes do século XV, com a territorialização dos Nalus, população originária das
regiões guineenses do sopé do maciço de Fouta Djalon. Os Nalus, os donos do chão, inicial-
mente estabeleceram-se ao longo dos rios que atravessam as florestas costeiras guineen-
ses, praticavam a extracção do óleo e do vinho de palma, a agricultura de sequeiro e a pesca
aproveitando-se do movimento das marés, particularmente importante nos estuários do Rio
Nunez e do Rio Cacine. A Cantanhez também chegam por volta de 1860 os Fulas, provenien-
tes das zonas do Boé e de Boké (Guiné-Conacri) e que ocupavam as planícies e as savanas ar-
bustivas da bacia superior do Rio Cumbijã, empurrando os Nalus, mais para sul. Inicialmente
pastores semi-sedentários, os Fulas, sedentarizam-se praticando uma agricultura intensiva
e trazendo a religião Islâmica para Cantanhez. Esta progressão em direcção ao sul por parte
dos Fulas contrasta com a dos Sossos provenientes da costa de Boffa (Guiné-Conacri) em
1890 e que se aliaram aos Nalus contendo a expansão dos Fulas. Empreendedores, especia-
listas em fruticultura, dedicados à troca e às actividades comerciais, os Sossos propagaram
também a sua língua, que se tornou a língua franca da costa guineense, competindo no PNC
com o crioulo de Bissau. Os Balantas, chegados em 1924, de Nhacra, instalam-se na bacia
do Rio Cumbijã e introduzem a cultura do arroz de bolanha salgada, um tipo intensivo de
cultura em água salobra, usando a introdução de técnicas tradicionais particularmente so-
fisticadas de controlo das águas. O desafio que a contemporaneidade coloca hoje em dia às
populações de Cantanhez é o de transformar esses saberes territoriais, em competências
para governar as dinâmicas transescalares da globalização, mantendo as condições de pos-
sibilidade de um desenvolvimento humano, compatível com o equilíbrio dos ecossistemas.

13
Os Habitats da fauna

O PNC é a região onde a floresta tropi-


cal sub-húmida, a savana saheliana e o
oceano atlântico encontram-se. Esta coinci-
AS FORMAÇÕES
VEGETAIS NATURAIS E
dência geográfica explica a importante di- DOMINANTES
versidade de habitats que a grande fauna,
apresentada nesta obra, ocupa. Estes habi- Cinco formações vegetais naturais e domi-
tats correspondem ao litoral atlântico, aos nantes constituem o grosso da paisagem
rios e às formações vegetais dominantes e do PNC: o mangal, a floresta densa sub-hú-
naturais, assim como às manchas vegetais mida, a floresta densa seca, a savana arbus-
secundárias com fortes vestígios de pre- tiva e a savana herbácea. De notar que cada
sença humana. uma pode albergar vários povoamentos ve-
getais e que formações vegetais secundá-
rias também são observadas.

O mangal
A diversidade vegetal dos mangais da Áfri-
ca Ocidental é mais pobre do que a de ou-
tras regiões como a da África Oriental. Ape-
nas 5-7 plantas lenhosas são observadas
Rhizophora mangle, R. x harrisonii (geral-
mente considerado um híbrido), R. racemo-
sa (mangues vermelhos), Avicennia germi-

O PNC é banhado a sul pelo Oceano Atlân-


tico e por dois rios: o Rio Cacine, cujas nas-
centes são provenientes da parte sul do
parque e o Rio Cumbijã que constitui o limi-
te oeste da área protegida.

nans (mangue preto), Laguncularia racemo-


sa (mangue branco) e Conocarpus erectus.
Estes mangais desenvolvem rizóforos (sis-
tema de radicular aéreo em forma de pala-
fitas), ou pneumatóforos que asseguram a
respiração aérea das raízes quando estas
estão imersas. O mangal do PNC é tipica-
mente formado por faixas de sucessão: La-
guncularia racemosa e Rhizophora racemo-
sa ao longo dos canais, seguida de Rhizo-

14
A Rhizophora racemosa
B Rhizophora mangle
C Avicennia germinans
D tane nu
E tane de Blutaparon vermiculare, Sporobolus robustus, Fuirena umbellata
F Hibiscus tiliaceus
G Elaeis guineensis
H Lonchocarpus sericeus, Mareya micrantha, Caesalpinia bonduc
I Guibourtia copallifera

G H I
F
D E
C
B
A

mangal tane floresta densa sub-húmida

Esquema da sucessão da vegetação litoral no PNC (redesenhada a partir de Malaisse, 2010).

phora mangle e por fim, Avicennia germi- vada na proximidade dos mangais (Elaeo-
nans nas zonas mais elevadas. As herbá- phorbia grandifolia, Hunteria elliottii, Dicra-
ceas estão representadas por uma magra nolepsis disticha, etc.).
vegetação de halófitas suculentas. Certas
O estrato herbáceo: pouco diversificado e
superfícies são compostas de tanes nus.
sobretudo composto por plantas florestais
e não por plantas herbáceas (Geophilaob-
vallata, Hymenocoleus hirsutus, Sebaea
A fl o r e s t a d e ns a oligantha, etc.). Os Marantaceae estão au-
s u b -h ú mid a sentes, os Zingiberaceae encontram-se re-
presentados unicamente por Aframomum
O povoamento vegetal da floresta densa
alboviolaceum e as Pteridófitas e as Epífitas
sub-húmida constitui uma formação vegetal
são pouco diversificadas.
primária. É composta por vários estratos:
O estrato arbóreo dominante (>25m) onde
uma quinzena de espécies foram identifica-
das: Klainedoxa gabonensis, Syzygium gui-
neense, Copaifera salikounda, etc.
O estrato arbóreo inferior (12-25 m) com-
posto por numerosas árvores (Eleais guine-
ensis, Blighia unijugata, Trichilia prieueana
subsp., etc.) e por lianas lenhosas (Simicra-
tea welwitschii, Mezoneuron benthamia-
num, Ancistrocladus barteri, etc.).
O estrato arbustivo (1-12m) muito diversifi-
cado mas de densidade variável e mais ele-

15
A fl o r e s t a d e ns a s e c a
As formações vegetais de floresta densa
seca são observadas ao longo da estrada
que une Iemberem a Cadique. Apresenta-
-se como um tipo extremo de floresta de
semi-caducifólia que subsiste no bioma da
savana guineense e na fronteira com a flo-
resta tropical sub-húmida. Algumas espé-
cies importantes ocorrem (Afzelia africana,
Albizia adianthifolia, etc.).

A s av ana h e r b á c e a
Os povoamentos vegetais de savana her-
bácea ocorrem nas zonas frescas ou hú-
midas durante a estação da chuva. Local-
mente são chamados de lala. São agrupa-
mentos edáficos, dominados por gramíne-
as com povoamentos de Elaeis guineensis
nas praias mais húmidas.

A s av ana ar b u s t i v a
O povoamento vegetal da savana arbustiva
é composto por essências herbáceas mas
também por ilhéus de floresta aberta (Ne-
ocarya macrophylla, Strophantus sarmen-
tosus). A sua frequente degradação cria as-
sim a savana arbustiva (Lophira alata, Pa-
rkia biglobosa, Sterculia tragacantha, etc.)
no norte do PNC.

Mangal - Orizicultura de bolanha - Floresta densa sub-húmida - Orizicultura de lala - Fruticultura - Orizicultura de sequeiro

Exemplo de gestão agrícola no território de Cantanhez (feito a partir de Verjans et al. “Approche ethno-Ecolo-
gique du territoire de Cantanhez”. AD, 2000).

16
Os p ovoamentos
secundá rios
antrop izados

A estas formações vegetais dominantes e


naturais juntam-se povoamentos secundá-
rios, fortemente antropizados e facilmente
distinguíveis: arrozais, palmeirais, vegeta-
ção ruderal e matagal de reconstituição.

Os ar r o z ai s das desde há muito tempo em solos húmi-


dos e humíferos em detrimento das flores-
Distinguem-se três sistemas de orizicultu-
tas originais.
ra: nos mangais (aproveitando as zonas de
mangal e de tanes), os praticados em pla-
nalto (com sucessão de culturas pluviais: A v e ge t aç ã o r u d e r al
arroz pluvial, amendoim, etc.) e os das ter-
ras baixas (com frutícolas diversas, palmei- Correspondem aos povoamentos presen-
rais naturais e hortas). A orizicultura em tes ao longo das bordas dos caminhos, nas
mangal é praticada pelos Balantas e ao lon- aldeias antigas, etc. A diversidade destas
go de todo o Rio Cumbijã. A orizicultura de formações é muito importante.
sequeiro é realizada após o abate, corte e
queima da floresta subtropical, e é especial-
mente praticada por outras comunidades Mat agal d e r e c o ns t it u iç ã o
de Cantanhez. (fl o r e s t a d e p o u s io )
O matagal de reconstituição cresce em zonas
degradadas de floresta densa sub-húmida
colocadas em pousio. O 1° estado de recons-
tituição, corresponde ao matagal de 3-5 m de
altura enriquecido por plantas heliófilas. A di-
versidade de espécies do matagal aumenta
com o tempo.

Os p alme i r ai s
Correspondem a formações antropizadas
ou não da tamareira selvagem Phoenix re-
clinata. São observadas a sudeste de Ca-
tomboie em Cafatche Mandjaco (palmeiral
pantanoso natural) e destas fazem parte
espécies de que se destacam: Pterisfriesii,
Macaranga heterophylla e Palisota hirsuta.
São por vezes conhecidas localmente por
niaie. Na maior parte dos casos são cultiva-

17
L ISTA DAS ABREVIATURAS
g: grama CAB: comprimento do antebraço dos mor-
cegos
kg: quilograma
AG: altura ao garrote
cm: centímetro
CC: comprimento da cauda
m: metro
CCC: comprimento da cabeça e do corpo
ha: hectare
km²: quilómetro quadrado AD: Acção para o Desenvolvimento, ONG
AIN: Associazione Interpreti Naturalistici,
♂: macho ONG
♀: fêmea CACRNR: Convenção Africana para a Con-
servação da Natureza e dos recursos natu-
≤: inferior ou igual a rais
≥: superior ou igual a CITES: Convenção sobre o Comércio Inter-
≈: aproximadamente igual a nacional de Espécies da Fauna e da Flora
Selvagem Ameaçadas de Extinção
IRD: Instituto de Investigação para o Desen-
C: Classe - O: Ordem - S/O: Subordem volvimento
I/O: Infra-ordem - Su/F: Superfamília UICN: União Internacional para a Conserva-
F: Família - S/F: Subfamília ção da Natureza
T: Tribo - G: Género PNC: Parque Nacional de Cantanhez

P rocesso p ara identificar um animal


1. Identificar a que grupo pertence o mamífero apresentado (é um antílope? Um felino? Um ca-
nídeo? Etc.
2. Estimar o comprimento da cabeça e do corpo, a altura ao ombro e o comprimento da cauda,
quando for possível (é do tamanho de um coelho?, de um cão ou de uma vaca? Etc.)
3. Reparar se a espécie apresenta particularidades morfológicas ou colorações distintas (pos-
sui chifres, listas, crina? Etc)
4. Reparar no guia, a área de distribuição da espécie e ver se corresponde ao local de obser-
vação.
5. Verificar no guia, quais os habitats preferidos da espécie e reparar se correspondem aos da
observação (o macaco fidalgo vermelho e o macaco fidalgo preto não podem ser observados
nas savanas herbáceas).
6. Reparar no comportamento específico que poderá facilitar a identificação da espécie (foi ob-
servada em bando ou solitária? Foi no rio ou na toca? Etc).
7. É de notar que os juvenis de certas espécies são totalmente diferentes dos adultos e que a
coloração pode mudar com a idade. É o que sucede com o macaco fidalgo preto, cujos juve-
nis nascem brancos e os adultos são branco e pretos. É o caso dos antílopes em que alguns
juvenis e sub-adultos podem ser confundidos com adultos de outras espécies. Uma espécie
pode também estar representada por uma de várias subespécies distintas que diferem em
nuances de coloração ou de tamanho. Por essa razão as fotos foram escolhidas escrupulosa-
mente afim de respeitar as subespécies que vivem no PNC.

18
Como usar
este guia

E
ste guia de bolso tem um duplo objectivo, o de facilitar a identificação no terreno dos ma-
míferos observáveis no PNC e o de informar ao leitor sobre as principais características da
sua biologia e estatuto de conservação. Baseia-se em duas avaliações realizadas no PNC
e na zona transfronteiriça de Cacine: a de Bout sobre os mamíferos de grande porte (2009) e a
realizada por Ana Rainho aos morcegos (2001).
As espécies escolhidas são as de mamíferos, consideradas as mais fáceis de observar e iden-
tificar, devido ao tamanho, ao seu número e à ecologia das espécies. A importância ecológica
deste grupo foi outra das razões. O desenvolvimento recente de certas actividades antrópicas
tem estado geralmente à ameaçar a sobrevivência de vários mamíferos. São estes:
• o conjunto de espécies terrestres e semi-aquáticas pesando mais de 1 kg ;
• certas espécies pesando entre 150g e 1 kg (o mangusto vermelho e os principais roedores);
• o manatim que é a única espécie aquática e fluvial, característica do PNC;
• os morcegos.
No total, 82 espécies de mamíferos, das quais 15 de morcegos, são apresentadas. Com a ex-
cepção destas últimas, em que 3 espécies são apresentadas por página, as outras são apresen-
tadas em 1, 2 ou 4 páginas por espécie. As 7 espécies apresentadas numa única página dizem
respeito aos taxa considerados como muito raros ou extintos no PNC. Cinquenta e oito taxa são
apresentados em 2 páginas e 6, consideradas como mais carismáticas e das quais a bibliografia
é mais rica, são tratadas em 4 páginas. As espécies são igualmente apresentadas por ordens e
famílias sendo cada uma diferenciada por uma margem colorida específica (Vide a «Introdução
às famílias» capítulo pp. 21-23).
Cada ficha é composta por um texto breve, uma ou mais fotografias que permitem a identifi-
cação da espécie e verificar o sexo em caso de dimorfismo sexual, um mapa de distribuição a
cores e um desenho que ilustra as pegadas.

Os textos estão organizados em várias secções:


• NOMES: o texto exibe os nomes vernaculares portugueses (em cima, na ficha), ingleses,
franceses e em crioulo, mas também em nalu, fula e balanta (os principais dialectos do PNC)
e o nome científico da espécie.
• TAXONOMIA: o texto indica a taxonomia da espécie: Classe, Ordem, Espécie e suas subca-
tegorias (Infra-ordem, Super-família, Sub-família, Tribo e Sub-espécie) sempre que se jus-
tifique.
• HABITAT: o texto apresenta os habitats naturais e/ou antrópicos preferidos da espécie (no-
ta: esta lista não é exaustiva, um animal pode ocasionalmente ser encontrado num habitat
que apenas frequenta muito raramente). Os habitats mencionados (descritos em: « OS HA-
BITATS DA FAUNA» pp. 14-17) são o mangal, a floresta densa sub-húmida, a floresta densa
seca, a savana arbustiva, a savana herbácea, as terras cultivadas e antropizadas (arrozais,
palmeirais, vegetação ruderal e floresta em reconstituição), o litoral e os rios.

19
• OBSERVAÇÕES: o texto indica a dificuldade de observação da espécie. Esta informação é
subjectiva, na medida em que, a observação das espécies depende do reconhecimento dos
vestígios, da metodologia e da ecologia da fauna selvagem que tem o guia, da discrição do
grupo de observadores e da sorte.
• PERIODOS DE ACTIVIDADE: o texto indica se a espécie é diurna, de crepúsculo e/ou noctur-
na. Estes períodos de actividade são dominantes e podem ser influenciados pelas estações,
a disponibilidade de recursos alimentares, habitat e pelas actividades humanas.
• MEDIDAS : o texto fornece as medições (média ou intercalar): CCC (comprimento da cabeça
ao corpo), CC (comprimento da cauda), AG (altura ao garrote), CAB (comprimento do ante-
-braço dos morcegos), Chifres (comprimento dos chifres para certos ungulados) e P (peso).
As medidas são ou idênticas nos 2 sexos (♀/♂) ou diferentes (♂) e (♀).
• DIMORFISMO SEXUAL: o texto indica se existe diferenças morfológicas entre o ♂ e a ♀ e
se sim, quais são elas.
• GESTAÇÃO: o texto indica o número de dias de gestação.
• REGIME ALIMENTAR: o texto indica o tipo de regime alimentar e os principais alimentos da
espécie.
• PREDADORES: o texto indica as espécies conhecidas ou suspeitas de serem predadoras.
• COMUNICAÇÃO: o texto indica qual o canal de comunicação mais usado pela espécie: olfac-
tivo, táctil, visual e vocal. Existem de facto consideráveis diferenças na percepção do am-
biente e na comunicação por parte dos mamíferos. Os primatas possuem uma visão muito
desenvolvida e um olfacto médio. Na maioria dos ungulados o olfacto é o sentido mais de-
senvolvido.
• ESPERANÇA DE VIDA: o texto indica o número de anos máximo que a espécie vive no seu
meio natural/ou em cativeiro.
• ESTADO DE CONSERVAÇAO: Uma banda colorida ilustra o estatuto internacional de conser-
vação da espécie estabelecido pela UICN (União Internacional para a Conservação da Natu-
reza), e o estabelecido à escala do PNC, com recurso a critérios idênticos.
• TEXTO: Uma parte do texto fornece ainda uma breve descrição da espécie e relata o que é
actualmente conhecido do seu comportamento social, espacial e reprodutor, assim como as
principais ameaças que enfrenta.
• FOTOGRAFIA(S): A fim de facilitar a identificação no terreno, uma ou mais fotografias ilus-
tram o aspecto da espécie (morfologia e coloração, assim como o dimorfismo sexual caso
exista), geralmente na posição em que mais frequentemente é observada.
• MAPA DE DISTRIBUIÇÃO: A distribuição de cada espécie no PNC e na zona transfronteiriça
de Cacine encontra-se ilustrada num mapa colorido.
• DESENHO DAS PEGADAS: Cada espécie deixa um grande número de vestígios indirectos da
sua presença tais como: pegadas, dejectos, marcas, etc. Respeitando o tamanho que con-
vém a um guia de terreno, apenas as pegadas de cada espécie, são apresentadas na forma
de desenho.

20
Introdução
à s famílias
Os parágrafos seguintes indicam as características principais das ordens (O), famílias (F) e sub-
famílias (S/F) ilustradas nesta obra.

Primatas Ordem: primata com garras retrácteis (excepto na chita),


terrestres, a maioria de crepúsculo/nocturnas
CHIMPANZÉS, GORILAS, BONOBOS E e solitárias ou sociais.
HOMENS
Família: Hominidae (pp. 26-29). HIENAS E PROTELO
7 espécies (4 G) das quais 2 no PNC. Muito Família: Hyenidae (pp. 64-65).
grandes (30-180 kg), desprovidas de cauda, de 4 espécies (3 G) das quais 1 no PNC. Grandes
pelagem preta, terrestres a semi-arborícolas, espécies (8-90 kg), com ombros mais elevados
diurnas e sociais. que a anca, patas longas, pescoço alongado,
olhos grandes, focinho não pontiagudo,
COLOBOS, BABUÍNOS E MACACOS excelente olfacto, de face expressiva, garras
Família: Cercopithecidae (pp. 30-47 e 164). não retrateis, terrestres, a maioria crepuscular/
132 espécies (21 G) das quais 7-8* (6-7* G) no nocturna e solitárias ou sociais.
PNC. CHACAIS, RAPOSAS E CÃES SELVAGENS
Colobos: espécies médias e grandes (3-23 kg), Família: Canidae (pp. 66-69).
de cabeça pequena, de polegar atrofiado e 35 espécies (13 G) das quais 2 (1 G) no PNC.
restantes quatro dedos alinhados em gancho, Espécies pequenas a grandes (0.8-36 kg),
de cauda longa, arborícolas, diurnas e sociais. semelhantes ao cão, de patas longas, focinho
Babuínos: espécies grandes (10-50 kg), de alongado, garras não retrácteis, terrestres, a
cabeça larga, de cauda vestígial ou longa, maior parte nocturna e solitária ou social.
terrestres a semi-arborícolas, diurnas e sociais.
Cercopitécos: espécies pequenas a médias (2- LONTRAS
25 kg), de cabeça pequena e colorida, de cauda Família: Mustelidae (pp. 70-77).
longa, arborícolas, diurnas e sociais. 59 espécies (22 G) das quais 4 (4 G) no PNC.
Espécies pequenas a grandes (0.12-34 kg),
POTOS E GáLAGOS de diversas morfologias, terrestres a semi-
Família: Lorisidae e Galagidae (pp. 48-53). aquáticas, a maior parte nocturna (à excepção
28 espécies (8 G) das quais 3 (2 G) no PNC. das lontras) e solitárias ou sociais.
Potos: espécies pequenas (0.2-1.6 kg), de corpo SURICATAS
atarracado, de cauda muito curta, com longos Família: Nandiniidae (pp. 78-79).
membros posteriores, de olhos grandes, orelhas 1 espécie (1 G) presente no PNC. Espécie
pequenas, arborícolas, nocturnas e solitárias. pequena (2-3.2 kg), corpo magro, pelagem
Gálagos: espécies pequenas (0.05-3 kg), de malhada e cauda anelada, semi-terrestre e
cauda longa e espessa, olhos e orelhas grandes, semi-arborícola, nocturna e solitária.
arborícolas, nocturnas, solitárias ou sociais.
CIVETAS E GINETAS
Família: Viverridae (pp. 80-87).
35 espécies (15 G) das quais 4 (2 G) no PNC.
CARNÍVOROS Ordem: carnivora Civeta: espécie média (7-20 kg), de cabeça
Felinos alongada, orelhas pequenas, patas curtas, corpo
Família: Felidae (pp. 54-63 e 165). raiado e cauda anelada, terrestre, nocturna e
40 espécies (14 G) das quais 5-6* (5 G) no PNC. solitária.
Espécies pequenas a grandes (1-200 kg), de Ginetas: espécies pequenas a médias (0.5-3.5
corpo alongado, cabeça curta e arredondada, kg), féliformes, pelagem malhada ou manchada,
grandes caninos, molares reduzidos, visão sobretudo arborícolas, diurnas ou nocturnas e
bifocal, excelente audição, o rosto expressivo, solitárias.

21
MANGUSTOS COBOS E REDUNCAS
Família: Herpestidae (pp. 88-99). Sub-família: Reduncinae (pp. 122-123 e 168-
33 espécies (14 G) das quais 6 (6 G) no PNC. 169).
Espécies pequenas a médias (0.21-5.2 kg), de Espécies médias a grandes (19-300 kg), de
corpo e cauda longos, de patas curtas, orelhas chifres anelados e desenvolvidos nos ♂♂
pouco visíveis, olhos pequenos, focinho pon- (ausentes nas ♀♀), associadas geralmente
tiagudo, terrestres, diurnos ou nocturnos e so- a habitats húmidos, diurnas ou nocturnas e
litários ou sociais. sociais.
PORCOS E FACOCHEROS
PANGOLINS Ordem: Pholidota Família: Suidae (pp. 124-129).
Família: Manidae (pp. 100-103). 19 espécies (1 S/F, 4 T, 5 G) das quais 3 (2 T,
8 espécies (1 G) das quais 2 no PNC. Espécies 3 G) no PNC. Espécies médias a grandes (30-
pequenas a grandes (1.6-35 kg), focinho alon- 275 kg), de cabeça grande, corpo compacto,
gado, orelhas pequenas, língua longa e pegajo- patas curtas, caninos desenvolvidos nos ♂♂,
sa, cauda longa, musculada e por vezes preên- diurnas ou nocturnas e sociais.
sil, coberta de escamas, insectívoros (especia- HIPOPÓTAMOS
lizados em formigas), terrestres ou arborícolas, Família: Hippopotamidae (pp. 130-131).
nocturnos e solitárias.
2 espécies (2 G) das quais 1 no PNC. Espécies
grandes (160-3200 kg), de cabeça maciça, com
ARTIODACTILOS Ordem: Artiodactyla corpo poderoso e redondo, caninos desenvol-
vidos nos ♂♂, semi-aquáticas, diurnas ou noc-
BUFALOS E ANTILOPES turnas, e solitárias ou sociais.
Família: Bovidae (pp. 104-123 e 166).
143 espécies (8 S/F, 50 G) das quais 9-13* (4 S/F,
7-10* G) no PNC. MANANTINS E DUGONGOS
Espécies médias a grandes (2-1000 kg), com chi- Ordem: Sirenia
fres (nos ♂♂ na maior parte das espécies e em MANANTINS
algumas ♀♀) patas longas que terminam em Familia: Trichechidae (pp. 132-135).
tacos, herbívoras e ruminantes, terrestres, diur- 3 espécies (1 G) das quais 1 no PNC. Espécie
nas ou nocturnas e solitárias ou sociais. grande, aquática, diurna ou nocturna e solitá-
ria ou social.
BUFALOS E ANTILOPES DE CHIFRE SEM
ESPIRAL (Gazela pintada, Elande de Derby)
Sub-família: Bovinae (pp. 104-109 e 166). ELEFANTES Ordem: Proboscidea
Espécies médias a grandes (30-1000 kg),
ELEFANTE
diurnas ou nocturnas, solitárias ou sociais.
Família: Elephantidae (pp. 136-139).
CEFALOFOS 3 espécies (2 G) das quais 1 no PNC. Espé-
Sub-família: Cephalophinae (pp. 110-119 e cies muito grandes (900-6300 kg), de tromba
167). longa, orelhas grandes, presas presentes na
Espécies pequenas (3-80 kg), geralmente maior parte dos indivíduos (sobretudo em
florestais (excepto o duiker comum), de África), terrestres, diurnas ou nocturnas e so-
corpo e cabeça compactos, pequenos chi- ciais.
fres, diurnas ou nocturnas e solitárias.
ANTILOPES, ADAX E ORIXS ORYCTEROPES Ordem: Tubulidentata
Sub-família: Hippotraginae (pp. 120-121). ORYCTEROPES
Espécies grandes (60-300 kg), de chifres Família: Orycteropodidae (pp. 140-141).
longos e aneládos (presentes nos dois 2 1 espécie (1 G) presente no PNC. Espécie gran-
sexos), diurnas ou nocturnas e sociais. de (≤82 kg), nariz e orelhas longos, dentes sem

22
esmalte, membros anteriores dotados de gar- PTEROPODES
ras longas, nocturnas e solitárias. Família: Pteropodidae (pp. 158-159).
186 espécies (42 G) das quais 6 (6 G) no PNC.
ROEDORES Ordem: Rodentia Morcegos grandes, de olhos grandes, cabeça
longa de perfil lemuriano, orelhas afuniladas,
AULACODES asas grandes, 1° e 2° dedos dotados de garras,
Família: Thryonomyidae (pp. 142-143). frugívoros, diurnos ou nocturnos e sociais.
2 espécies (1 G) das quais 1 no PNC. Espécies
NYCTERES
médias (4.5-8.8 kg), membros curtos, dedos
Família: Nycteridae (pp. 160).
com garras, cauda curta, nocturnas e sociais.
16 espécies (1 G) das quais 2 no PNC. Pequenos
PORCOS ESPINHOS morcegos, de longas orelhas, com a cauda car-
Familia: Hystricidae (pp. 144-147). tilaginosa terminada em T ou Y, voo lento, sis-
11 espécies (3 G) das quais 2 (2 G) no PNC. Es- tema de ecolocalização ultra-sónica (utilizado
pécies médias a grandes (1.5-27 kg), de mem- durante as deslocações à caça e para a comu-
bros curtos, corpo alongado, longos espinhos nicação), que se abrigam em grandes dormitó-
dorsais, nocturnas e solitárias ou sociais. rios, insectívoros, nocturnos e sociais.

RATOS GIGANTES PHYLLORHINUS


Família: Nesomyidae (pp. 148-149). Família: Hipposideridae (pp. 160-161).
61 espécies (6 S/F, 21 G) das quais 1 no PNC. 81 espécies (9 G) das quais 3 (1 G) no PNC.
Espécies pequenas (0.055-1.4 kg), com grandes Morcegos pequenos, de orelhas grandes, de
bochechas, fuçadoras, letárgicas nocturnas e fenda nasal muito elaborada e diversificada,
sociais. sistema de ecolocalização ultra-sónica (utili-
zado durante as deslocações à caça e para a
ESQUILOS comunicação), que se abriga em grandes dor-
Família: Sciuridae (pp. 150-155). mitórios, nocturnos e sociais.
278 espécies (5 S/F, 5 T, 51 G) das quais 3 (3 G)
no PNC. Espécies pequenas (0.015-1.2 kg), de RHINOLOPHUS
olhos grandes, orelhas pequenas, cauda longa Família: Rhinolophidae (pp. 161-162).
e espessa, escaladoras, diurnas ou nocturnas 77 espécies (1 G) das quais 2 no PNC. Morce-
e solitárias ou sociais. gos pequenos, de orelhas grandes, com fenda
nasal muito elaborada, sistema de ecolocali-
ANOMALURUS (ESQUILOS VOADORES) zação ultra-sónica (utilizado durante as deslo-
Família: Anomaluridae (pp. 156-157). cações à caça e para a comunicação), noctur-
7 espécies (2 S/F, 3 G) das quais pelo menos nas e sociais.
1 no PNC. Espécies pequenas (0.014-1.8 kg),
dotadas de uma membrana de planagem que VESPERTILIONS
lhes permite o voo planado, escamas caudais Família: Vespertilionidae (pp. 162).
afiadas, geralmente nocturnas e sociais. 407 espécies (6 S/F, 7 T, 48 G) das quais 2 no
PNC. Morcegos pequenos, de nariz simples,
PROCAVIDOS Ordem: Hyracoidea olhos pequenos, orelhas separadas, cauda
longa, a maioria com glândulas no nariz, sis-
Hírax tema de ecolocalização ultra-sónica (utilizado
Família: Procaviidae (pp. 170). durante as deslocações à caça e para a comu-
4 espécies (3 G) das quais 1* (possível) no nicação), nocturnos e sociais.
PNC. Espécies pequenas (1.5-5.5 kg), seme-
lhantes aos roedores, sem cauda visível, diur-
nas ou nocturnas e solitárias ou sociais.

QUIRÓPTEROS Ordem: Chiroptera


* Consoante se considere a(s) espécie(s) extinta(s)
1116 espécies (18 F, 17 S/F, 11 T, 202 G). ou próxima(s) de o ser.

23
P r i mat as

Car ní v o r o s

P ango li ns

Ar t io d á c t i lo s

Si r é nio s

P r o b o s c id e o s

Tu b u lid e nt ad o s

Ro e d o r e s

Hi r ac o id e o s

Q u iró p tero s
Chimpanzé
Nome científico: Pan troglodytes ssp. verus Taxonomia: Mammalia (C), Primata (O),
1
(Schwarz, 1934) Haplorrhini (S/O), Simiiformes (I/O),
2

Nome Inglês: West African chimpanzee Hominoidea (Su/F), Hominidae (F).


Nome Francês: Chinpanzé d’Afrique de l’Ouest
Nome crioulo: Dari
Nomes locais: Màdaro (nalu)

25 cm
Demuru (fula) - Dare (balanta)

Habitat: PNC: mangal, floresta densa sub-


-húmida, floresta densa seca, savana ar-
bustiva e terras cultivadas. Outros: flores-
tas de montanha. Com preferência pelas
formações mistas e pioneiras.
Período de actividade: diurno.
Observações: abundante no PNC onde
uma grande maioria de ninhos é feita nas Tamanho: CCC 63.5-90 cm (♀/♂).
palmeiras, especialmente na proximidade
HG: 100-179 cm (♀/♂).
dos mangais. Encontros e observações
frequentes nas florestas. Peso: P 30 kg (♀), 35 kg (♂).

Dimorfismo sexual: ♀♀ mais pequenas


4
que os ♂♂, apresentam uma zona5 de pele
rosada ao nível da parte anogenital que
expande-se ou retrai-se segundo a fase do
ciclo menstrual.

Gestação: 240 dias.


Os chimpanzés reforçam as suas ligações sociais
catando-se uns aos outros.

26
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Em perigo, espécie em declínio, com -50% do efectivo previsto até


UICN, Internacional 2030-40.

PN Cantanhez Em perigo.

O
chimpanzé é um primata grande. Possui afim de melhorar a sua própria. Patrulham to-
uma pelagem e face pretas, orelhas gran- da a fronteira do território. Muito intolerantes,
des sem pelos (é calvo em idade avança- atacam, podendo matar qualquer chimpanzé
da), as arcadas das sobrancelhas são proemi- externo ao grupo, sobretudo os ♂♂, mas tam-
nentes, os olhos castanhos, caninos desenvol- bém as ♀♀ e juvenis.
vidos, membros poderosos (braços>pernas).
As ♀♀ emigram quando atingem a maturida-
Os juvenis apresentam pelos brancos sobre a
de sexual (11-12 anos) e são as únicas que po-
parte posterior. São quatro as subespécies co-
dem atravessar as fronteiras do território. Na
nhecidas, das quais a da África Ocidental que
ovulação a ♀ é geralmente aceite no seio de
está presente na Guiné-Bissau.
uma nova comunidade, mas se com cria, esta
Trata-se provavelmente do primata mais estu- é geralmente atacada e morta. Este infanticídio
dado, devido à sua proximidade genética ao visa o recomeço do ciclo sexual da ♀, para que
Homem e à grande complexidade comporta- esteja disponível para se reproduzir com os
mental. ♂♂. As ♀♀ são menos sensíveis às questões
de dominância e exploram uma porção menor
Forma comunidades sociais com 15 a 150 in-
do território.
divíduos, que ocupam vastos territórios (de 5
a 400 km² consoante o habitat). Desloca-se so- A ♀ torna-se sexualmente activa aos 8-9 anos
litariamente ou em pequenos grupos de tama- (♂: 5), e tem a 1º cria aos 13 anos (♂: 15). O ci-
nho e composição variáveis. A estrutura social clo reprodutivo é de 24 dias. A ovulação (7 dias)
é multi ♂♂ e multi ♀♀. é acompanhada de uma tumescência anogeni-
tal que constitui um sinal visual muito excitante
Contrariamente às ♀♀, os ♂♂ permanecem
para os ♂♂. O acasalamento faz-se com vários
nos grupos de origem e exploram a totalidade
♂♂, que se tornam muito competitivos entre
do território comunitário. Ali procuram as zo-
si. Após uma gestação de 8 meses, uma cria
nas com abundância de alimento, mantendo
de 1.5-2 kg (raramente gémeos) nasce. Perma-
relações sociais com outros ♂♂. Testam con-
necerá totalmente dependente da mãe, duran-
tinuamente a posição hierárquica de cada um

Regime alimentar: omnívoro, essencial-


mente vegetariano (≥300 espécies) e frugí-
voro (50% de frutos) mas também carnívo-
ro (insectos, aves, pequenos mamíferos).

Predadores: onça, leão e o Homem.

Comunicação: visual (expressões e mími-


ca facial cujo nível de subtileza aproxima-
-se da do Homem), auditiva (≥30 vocaliza-
ções recenseadas), táctil (comportamento
afiliativo, cuidados maternos, agressão e
reprodução) e pouco olfactiva.
A desflorestação é responsável pela grande apro-
Esperança de vida: 40 a 50 anos em meio ximação entre os chimpanzés e o Homem na África
selvagem e 80 anos em cativeiro. Ocidental.

27
te 5 anos e com quem manterá ligação durante co fidalgo vermelho (caso do PNC). A caça é
toda a vida. Não existe uma estação de natali- geralmente oportunista, mas requer dos ♂♂
dade. A ♀ recomeça o ciclo reprodutivo após uma mobilidade e coordenação rápidas, com
3-4 anos ou imediatamente após a morte da uma eficaz partilha de tarefas (caçadores per-
cria. seguidores, os que produzem ruído e os que
cercam). A partilha da carne é feita priorita-
O chimpanzé alimenta-se de manhã e à noite,
riamente entre ♂♂ que participaram na caça,
repousando o resto do dia. Cada um constrói
mas também com as ♀♀ dominantes.
usando ramos dobrados e cruzados, um ninho
nas árvores (entre os 6 e 25 m). A cria dorme Consoante as populações, um saber associado
com a progenitora. Estes ninhos são impor- ao uso de ferramentas é transmitido «cultural-
tante porque permitem conhecer a densidade mente» aos jovens: utilização de ramos para
(Nb/km²), o regime alimentar e a genética de apanhar térmites nas termiteiras ou o mel nas
populações. urtigas e pedras para quebrar nozes. A apren-
O alimento é colhido no solo e nas árvores. As dizagem destas técnicas requer sentido de ob-
♀♀ associam-se em pequenos grupos mais servação, treino e perseverança. Uma especi-
frequentemente compostos por mães e crias, ficidade do PNC é de que 97% dos ninhos são
e os ♂♂ entre si. Estes últimos cooperam na construídos em palmeiras entre os 19-20m, es-
caça, sobretudo a que tem como alvo o maca- pecialmente perto da floresta.

Os chimpanzés do Parque Nacional de Cantanhez

A té 1988, o chimpanzé estava dado como extinto na Guiné-Bissau. No exterior do PNC,


600-1000 indivíduos vivem entre o Rio Corubal, a estrada de Gabu-Bafatá e a fronteira
com a Guiné-Conacri. Diversas comunidades vivem no PNC, das quais uma centena de in-
divíduos (densidade=3/km²) nas florestas de Lautchande, Caiquene, Madina e Cibe Cadique.
Desde sempre as tradições étnicas no PNC protegem esta espécie que «assemelha-se mui-
to ao Homem» e «que abriga o espírito dos anciãos». A religião muçulmana interdita o
consumo da carne de primatas. Assim a tradição serve de base às acções de conservação
a longo termo.
O PNC foi classificado pela UICN como uma das 7 zonas de conservação prioritária do chim-
panzé da África Ocidental. As investigações científicas, e o desenvolvimento de um turismo
comunitário baseado nesta espécie emblemática, cons-
tituem o coração da estratégia de gestão do PNC.
Infelizmente a relação entre o Homem e o chimpanzé
deteriorou-se acentuadamente devido ao desenvolvi-
mento agrícola e fragmentação das florestas. A pilha-
gem de colheitas (bananas, castanha de caju, laranjas,
mandarinas, limões, papaias, mangas, feijões…) é cada
vez mais percebida pelos moradores, como um flage-
lo. Estes apontam a desflorestação e a intensificação da
caça ao babuíno (principal competidor do chimpanzé)
Chimpanzés deliciando-se com a noz como a razão deste conflito e estão cada vez mais favo-
da palmeira. ráveis à protecção integral das florestas e dos babuínos.
Por vezes o chimpanzé é usado na medicina tradicional
especialmente na dirigida às mulheres. O PNC é frequentemente citado em toda a Guiné-Bis-
sau pelos vendedores que comercializam partes do chimpanzé. No PNC, as mulheres grávi-
das, ou com bebés, que cruzam o caminho de um chimpanzé solitário, preparam uma mistura
para evitar a fealdade da pele. Outra crença refere que a aplicação das folhas provenientes do
ninho de um chimpanzé ♀ com o cio, permite tratar problemas mentais. Determinadas partes
do chimpanzé são usadas como amuletos para garantir protecção na floresta.

28
Co nt o s e ame aç as

U m conto local relata que um cágado, que-


rendo vingar-se do grou que comeu a mãe
procurou o chimpanzé. Em troca de uma cesta
de nozes, 100 ovos e outros alimentos, pediu-
-lhe para pilhar o ninho do grou. Capaz de su-
bir bem às árvores, o chimpanzé satisfez o pe-
dido e ganhou a recompensa prometida.
As quatro subespécies de chimpanzé estão
em declínio acentuado. Uma das mais amea-
çadas é a da África Ocidental: presente em 9
países, tornou-se muito rara em 5, e já desa-
pareceu em 2. As causas desse declínio mui-
tas vezes irreversível são conhecidas: a forte Ninho de chimpanzé na copa
degradação do habitat devida à intensificação
de corte e queima para a prática da agricultu- ra de um juvenil envolve geralmente a morte
ra, a silvicultura, a construção de infra-estru- da progenitora e de outros adultos.
turas e a exploração de petróleo e gás. Assim, O chimpanzé é uma espécie muito próxima
80% das florestas originais já desapareceram. do Homem partilhando mais de 98% de ge-
As florestas localizadas no exterior das áreas nes idênticos. É, por isso, muito vulnerável a
protegidas estão em regressão e as popula- doenças humanas, incluindo a febre hemorrá-
ções de chimpanzés a decair. gica Ébola. A frequência de contacto Homem/
Além disso, a intensificação da caça comercial chimpanzé aumenta exponencialmente à me-
ameaça as populações de chimpanzés, cujas dida que o crescimento da população humana
densidades são baixas dentro e fora das áreas continua. Isto aumenta o risco de transmissão
protegidas. A espécie é caçada pela sua carne, de doenças, já responsável por uma redução
algumas partes são utilizadas na medicina tra- de 50 a 90% de macacos em vastas zonas.
dicional (capturas para fins científicos autori- O chimpanzé Oeste Africano tem uma distri-
zadas na Guiné), comércio (ilegal em todos os buição fragmentada e um efectivo populacio-
países que assinaram a convenção CITES). O nal entre 21300 a 55600 indivíduos. Totalmen-
chimpanzé é ainda vítima de armadilhas direc- te protegido na Guiné-Bissau, figura no Anexo
cionadas a outras espécies como o babuíno e I da CITES e na Classe A do CACNRN. Está pre-
a ratazana do capim e que visam a protecção sente em muitas áreas protegidas, mas tam-
das culturas. Importa ainda saber que a captu- bém fora delas. O fortalecimento da aplicação
da legislação que protege a vida selvagem, os
procedimentos de gestão das áreas protegi-
das e os acordos com empresas de mineração
são urgentes. Também é importante apoiar
programas de educação para a conservação
da natureza nas comunidades. Por fim, o chim-
panzé pode servir como espécie emblemática
no desenvolvimento do ecoturismo para me-
lhorar as condições de vida das populações
humanas. Mas para isso é importante prote-
ger o habitat e considerar os riscos de trans-
missão de doenças a fim de não pôr em perigo
Os juvenis tornam-se muito cedo perfeitamente
a população-alvo.
adaptados à vida nas árvores.

29
MACACO FIDALGO VERMELHO
COLOBU VERMELHO OCIDENTAL

Nome científico: Piliocolobus badius Taxonomia: Mammalia (C), Primata (O),


temminckii [Piliocolobus badius (Kerr, 1792)
1 2
Haplorrhini (S/O), Simiiformes (I/O),
3

ssp. temminckii (Kuhl, 1820)] Cercopithecidae (F), Colobinae (S/F).


Nome Inglês: Temminck’s red colobus,
Temminck’s bay colobus, Temminck’s red
colobus Mão
Nome Francês: Colobe bai de Temminck,
Colobe rouge de Temminck, Colobe bai
D’Afrique Occidentale, Colobe Ferrugineux Pé
Nome crioulo: Fatango
Nomes locais: Mane (nalu)
Nhandjo (fula) - Tugdu-hanz (balanta)

Habitat: PNC: floresta densa sub-húmida,


Dimorfismo sexual: pouco marcado, ♂♂
floresta densa seca e savana arbustiva.
ligeiramente mais maciços que as ♀♀. Tu-
Outros: florestas de galeria, após a antropi-
mescência nas ♀♀ durante o período da
zação dos habitats, florestas de galeria de
ovulação.
copa interrompidas e terrenos agrícolas.
Gestação: 198 dias.
Observações: abundante, de fácil obser-
vação, em particular no campo turístico
4 5 6

de Iemberem onde uma colónia está habi-


tuada à presença humana e já foi objecto
de trabalhos científicos (estudo sócio-eco-
lógico e genético).

Período de actividade: diurno.

Tamanho: CCC 47-58 cm (♀), 47-69 cm (♂).


CC 51-75 cm (♀), 54-80 cm (♂).

Peso: P 8.2 kg (♀), 8.3 kg (♂).

30
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Em perigo, espécie em declínio acelerado >50% desde 1980.

PN Cantanhez Em perigo, sobretudo na zona transfronteiriça de Cantanhez.

O
macaco fidalgo vermelho é um macaco
arborícola de tamanho médio. A pela-
gem é laranja avermelhada a laranja es-
branquiçada à excepção da cabeça, do dorso e
da cauda que vão de cinzenta a preta. A cabe-
ça é pequena relativamente ao corpo. A face é
preta com tonalidades laranja e preta. O cimo
da cabeça é acastanhado, cinza e preto. Não
tem bochechas que lhe permitam armazenar
alimentos. O polegar da mão está atrofiado e
os dedos fortes estão alinhados em “gancho”,
permitindo o balançar nas árvores, mas for-
çando-o a abocanhar directamente os alimen-
tos. A cauda é longa, escura, vermelho ferru-
ginosa, não espessa. O interior e as extremi-
dades dos membros são vermelho brilhante a
Catagem entre macacos fidalgos vermelhos.
laranja brilhante ou cinza. Os membros poste-
riores são mais longos do que os anteriores.
Gâmbia, da Guiné-Bissau até ao noroeste de
Vive em florestas tropicais a oeste das loca- Guiné Conacri.
lizadas na Alta Guiné: do sul do Senegal e da
O estatuto taxonómico do macaco fidalgo ver-
melho é controverso por ser considerado por
alguns autores como uma única espécie (com
14 subespécies) Procolobus badius, enquanto
Regime alimentar: frugívoro e folívoro, outros distinguem os subgéneros Procolobus
muito selectivo consoante as regiões. Fo- e Piliocolobus (classificados em 3 -espécies).
lhas (novas de preferência), rebentos, flo- Tem apenas uma cria após uma gestação de
res e frutos (bananas e laranjas das plan- 198 dias. Na Gâmbia, os pesquisadores identi-
tações). Foram identificados mais de 54 ficaram a estação seca como a dos nascimen-
plantas que consomem. tos. O intervalo entre nascimentos será em
média de 17,3 meses. A ♀ amamenta o recém-
Predadores: chimpanzé, onça, jibóia, hie- -nascido através de duas tetas. A cria agarra-
na malhada, cão e o Homem. -se à progenitora na posição ventral durante
três meses. É desmamada ao fim de 1 ano. A
Comunicação: visual (numerosas postu- ♀ chega à maturidade com 2 anos e o ♂ com
ras e expressões faciais), vocalizações (vá- 3-3,5 anos.
rias como o latir de alerta e de agressão, A espécie caracteriza-se por possuir um estô-
os silvos de saudação e o chilrear caracte- mago dividido em 4 cavidades, uma laringe
rístico das ♀♀ durante o acasalamento), subdesenvolvida, ausência do saco subhyoid
táctil (catagem, a agressão, a reprodução) e tumescência sexual nas ♀♀. Note-se que
e numa proporção menor olfactiva (com- ♂♂ jovens também têm tumescência peria-
portamento sexual). nal semelhante ao da ♀♀.
É um primata diurno e quadrúpede que se des-
Esperança de vida: desconhecida. loca por saltos nas árvores. Mais raramente,

31
Um primata ameaçado de extinção

O declínio dos efectivos do macaco fidalgo


vermelho deverá acelerar devido à falta de
áreas protegidas de grande extensão com uma
protecção eficaz, especialmente as localizadas
na zona sul de distribuição da espécie.
A espécie tem como principais ameaças a per-
da de habitat, a conversão de florestas em áre-
as agrícolas, a caça e o aumento dos períodos
de seca nos últimos 30 anos. A espécie está as-
sim em declínio, na maior parte da sua área de
distribuição. Não restarão provavelmente mais
de 400-500 indivíduos no PN do Delta du Sa- Macaco fidalgo vermelho saltando entre ár-
loum (Senegal) ≈200 no PNC (Guiné-Bissau), vores.
<100 no noroeste da Guiné-Conacri e da área
de Niokolo-Koba (Senegal) e alguns raros efectivos nos PN de Abulo e do rio da Gâmbia
(Gâmbia) no PN da Baixa Casamance (Senegal) e no Parque Natural das Lagoas de Cufa-
da (Guiné-Bissau). A espécie está listada no Anexo II da CITES, e na Classe B do CACNRN.
No PNC, a densidade do macaco fidalgo vermelho é média na floresta e baixa na savana
arborizada. O campo turístico de Iemberem é o local onde é mais facilmente observável.

desloca-se no chão quando as árvore estão Na Gâmbia, os investigadores demonstraram


distantes ou quando atravessa uma clareira. que o ♂ macho dominante permanece o líder
A estrutura social é multi ♂♂- multi ♀♀ com na estação de reprodução. A catagem é mais
uma proporção de 1 para 1,5-3 ♂ ♀♀. São comum entre ♀♀, e as mais procuradas são
elas que abandonam o grupo natal podendo aquelas que vêm de outros grupo. As ♀♀ in-
mudar várias vezes de grupo cujo tamanho va- vestem nos ♂♂ externos ao grupo. O infan-
ria entre 19 e 80 indivíduos. ticídio também ocorre. O macaco fidalgo ver-
melho passa aproximadamente 44,5% do seu
O território vital médio da espécie é de 35 ha,
tempo a alimentar-se (sendo por isso um im-
com uma média diária de deslocações de 200
portante disseminador de sementes de várias
a 1200 m. A espécie defende vigorosamente o
espécies de plantas), 34,8% em repouso (es-
seu território em caso de intrusão.
pecialmente ao meio-dia) e 9,8% para efectuar
deslocações.
O macaco fidalgo vermelho associa-se ao ma-
caco fidalgo preto (Colobus polykomos), ao
macaco cinzento (Cercocebus atys) e ao ma-
caco mona (Cercopithecus campbelli). Mais
recentemente, a espécie também começou a
associar-se ao macaco vermelho (Erythroce-
bus patas) no Senegal. Os juvenis de ambas
espécies foram observados a brincar juntos,
no chão. Isto deve-se à intensa destruição do
habitat florestal. Estas associações são bené-
ficas pois permitem aumentar a probabilida-
de de detecção de predadores uma vez que as
outras espécies são mais atentas que o maca-
Progenitora e cria alimentando-se de folhas frescas co fidalgo vermelho, com quem estas mantêm
de Acacia sp. uma concorrência alimentar baixa.

32
Q u and o o s mac ac o s
ad ap t am-s e p ar a s o b r e v iv e r *

O macaco fidalgo vermelho é dos prima-


tas florestais mais ameaçados no mun-
do. Depende da conservação do meio em que
a sua dieta alimentar, comendo mais frutas e
sementes, e o que é novidade, consumindo
gramíneas no solo. Terá aumentado o tempo
vive nunca tendo sido conseguido cria-lo em dispendido no solo, apesar de possuir uma
cativeiro. Encontra-se assim, particularmen- morfologia adequada para movimentações
te ameaçado com o desaparecimento do seu no topo das árvores mais altas. Esta adapta-
habitat. Esse será o caso da população da ção tornou-o presa vulnerável a predadores
Floresta Fathala (PN e reserva Mab da Bios- terrestres como as hienas e os cães. Mais re-
fera do Delta do Saloum, no Senegal), onde centemente, tem desenvolvido uma tendên-
as actividades humanas, tais como o pasto- cia a associar-se com outras espécies carac-
reio, a colheita excessiva de madeira e incên- terísticas de áreas abertas, como o macaco
dios descontrolados, aos quais são somados verde (Cercopithecus (aethiops) sabaeus) e o
os efeitos do deficit significativo de precipi- macaco vermelho (Cercopithecus patas). Isso
tação (300 mm nos últimos 30 anos), leva- poderá ter-lhes fornecido vantagens em ter-
ram ao desaparecimento de ¾ das florestas mos de vigilância do predador, mas também
da galeria (habitat preferido desta espécie) e em termos de conhecimento relativo às plan-
a uma diminuição de 50% na diversidade de tas de que se podem alimentar. Recentemen-
espécies de árvores. No entanto, a população te, estenderam ainda o seu habitat ao man-
de fidalgo vermelho passou apenas de 600 gal, inicialmente em busca de refúgio, depois
indivíduos nos anos 70 para os actuais 500, para descanso e alimentação.
e estes colonizaram os mangais e pastagens
Estas 5 adaptações adicionais foram imple-
arborizadas. A análise do seu comportamen-
mentadas em menos de 30 anos, um período
to pelos pesquisadores do IRD mostrou que
muito curto à escala de evolução. A sua efi-
esta espécie desenvolveu respostas adapta-
cácia demonstra a importância das estraté-
tivas eficazes e surpreendentes às mudanças
gias comportamentais na sobrevivência dos
do seu meio, permitindo-lhe suspender o seu
primatas. A situação é comparável no PNC,
desaparecimento.
já que a história destes macacos destaca a
Cinco adaptações importantes terão ocorrido necessidade de proteger as florestas para a
numa sequência de causa e efeito. Embora a conservação da espécie no PNC, onde o ani-
fisiologia desta espécie seja a de um folívoro, mal é considerado sagrado e, portanto, não
o macaco fidalgo vermelho têm diversificado é caçado.

As ♀♀ com o cio possuem a


particularidade de apresentar
um inchaço anogenital (deno-
minado de tumescência).

* Texto baseado no trabalho de Ann Galat-Luong / Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento.

33
MACACO FIDALGO PRETO
CÓLOBU BRANCO E PRETO OCIDENTAL

Nome científico: Colobus polykomos Taxonomia: Mammalia (C), Primata (O),


polykomos (Zimmermann,
1 1780) 2
Haplorrhini (S/O),
3
Simiiformes (I/O),
Nome Inglês: King colobus, ursine black Cercopithecidae (F), Colobinae (S/F).
and white colobus, western black and white
colobus, western Pé colobus
Nome Francês: Colobe à Camail, Colobe Mão
blanc et noir d´Afrique Occidentale, Colobe
magistrat, Colobe à long poils
Nome crioulo: Fidalgo Pé
Nomes locais: Madisom/Dossé (nalu)
Bando (fula) - Tugdu-mon (balanta)

Habitat: PNC: floresta densa sub-húmida, Regime alimentar: muito selectivo, com
floresta densa seca. Outros: galerias pri- variações regionais e sazonais, ≈1/3 de fo-
márias e secundárias, raro nas florestas se- lhas e de sementes pertencentes a uma
cundárias e degradadas. vintena de espécies de árvores e de lianas,
com preferência por folhas de legumino-
Observações: assustadiço, mas fácil de ob- sas e do género Strychnos (Loganiacées).
servar de dia nas imediações das instala- Mais de 63% da alimentação provem das
ções da AD em Iemberem onde uma coló- folhas de lianas e de frutos consumidos
nia acostumou-se à presença humana. antes de amadurecidos e de onde são ex-
4 6
5
traídas as sementes.
Período de actividade: diurno.
Predadores: Homem e provavelmente: ji-
Tamanho: CCC 57-65 cm (♀), 58-68 cm (♂).
bóia, chimpanzé, onça, hiena malhada e o
CC 80-96 cm (♀), 71-100 cm (♂).
cão (detalhes desconhecidos).
Peso: P 6.6-10 kg (♀), 8-11.7 kg (♂).
Comunicação: visual (diversas posturas e
Dimorfismo sexual: pouco pronunciado, expressões faciais), vocalizações (diversas
♂♂ um pouco mais robustos que as ♀♀. tais como rugidos característicos no grupo
das ♂♂, o latir de alerta e de agressão, os
Gestação: 170 dias. silvos de saudação), táctil (catagem, cuida-

34
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Vulnerável, espécie em declínio >30% em 30 anos.

Em perigo, sobretudo Criticamente em perigo na zona transfronteiri-


PN Cantanhez ça de Cantanhez.

S
ão conhecidas duas subespécies do ma- O macaco fidalgo preto pertence a um ramo
caco fidalgo preto: Colobus polykomos de colobus exclusivamente africano e princi-
polykomos (entre o sul do Senegal e do palmente tropical. A capacidade desta espé-
Rio Sassandra na Costa do Marfim) e Colobus cie digerir vegetais resistentes e coriáceos,
polykomos dollmani (a leste do rio Sassandra). tornou-a mais especializada que a do macaco
fidalgo vermelho. Tal permitiu-lhe estender o
O macaco fidalgo preto é arborícola, de ta-
território a ambientes mais secos e frios com
manho médio, gracioso, preto com pelagem
sazonalidade pronunciada.
branca na cabeça e prateada em torno de todo
o rosto e ombros, de nariz aguçado e salien- Tem apenas uma cria, após uma gestação de
te, a cauda completamente branca sem ser es- 170 dias. As ♀ amamentam os recém-nas-
pessa. O polegar da mão é atrofiado. Os res- cidos através de ambas bolsas mamárias. A
tantes dedos longos e fortes, estão alinhados cria agarra-se à progenitora na posição ven-
em “gancho” o que lhes permite agarrarem- tral durante vários meses. A idade da maturi-
-se durante os saltos nas árvores. Porem tem a dade sexual é desconhecida. A idade do pri-
desvantagem de os obrigar a abocanhar direc- meiro parto é aos 8,5 anos. O intervalo entre
tamente os alimentos. As calosidades no dor- nascimentos é de 12,6 meses. A estação de
so são revestidas por uma franja estreita de nascimentos aparenta ocorrer entre Dezem-
pelos brancos. O recém-nascido possui a pele bro e Fevereiro, mas em algumas populações
rosada e a pelagem toda branca. esta estende-se ao longo do ano o que suge-
re que o período de nascimento da espécie
dependerá da disponibilidade de recursos ali-
mentares, que varia de uma região para outra
e por vezes consoante os anos.
É um primata diurno e quadrúpede que deslo-
ca-se por saltos nas árvores. Mais raramente,
desloca-se no chão quando as árvores estão
distantes ou quando atravessa uma clareira.
A estrutura social é muitas vezes uni♂-
multi♀♀, plus rarement multi♂♂-multi♀♀.
O tamanho dos grupos é de 5-21 indivíduos.
No PNC, o grupo parece pequeno: geralmen-
te, com um adulto dominante ♂ observado,
2-3 ♀♀ adultas e indivíduos imaturos. Na es-
O macaco fidalgo preto executa frequentemente sal- pécie as jovens ♀♀ permanecem frequente-
tos espectaculares entre nas árvores. mente no grupo natal e são os ♂♂ que emi-
gram quando atingem a maturidade sexual.
Raramente são encontrados ♂♂ solitários já
que tendem a associarem-se antes de junta-
dos maternos, agressão e reprodução) e em
rem-se a um novo grupo. Esta estratégia per-
menor grau de importância olfactiva (com- mite à espécie evitar o risco de consanguini-
portamentos sexuais). dade.
Esperança de vida: 30.5 anos em cativeiro O território vital médio da espécie é de 18-22
e desconhecida em meio selvagem. ha. Existe uma forte sobreposição de territó-

35
rios vitais de diferentes grupos, mesmo que
estes se evitem.
Na realidade, os encontros entre grupos hos-
tis, os ♂♂ adultos dominantes revelam-se
ameaçadores e agressivos mas já as relações
inter-individuo dentro do grupo permanecem
amigáveis. À semelhança de outros macacos
fidalgos pretos, as progenitoras demonstram
uma permissividade grande, permitindo a ou-
tras ♀♀ cuidarem de suas crias com por vezes
até menos de uma semana de vida. Foi obser-
vada a partilha de cuidados maternais entre
fêmeas mas não em meio natural.
didascalia foto Esta espécie é muitas vezes observada na co-
pa das árvores. Deslocam-se em média 500 m,
por dia. Durante os períodos em que os recur-
sos alimentares são escassos, tornam-se me-
nos activos, de forma a economizar energia.
Um macho de macaco fidalgo preto apercebendo-se
da presença do autor.

O macaco fidalgo preto das florestas de Cantanhez

N o PNC, a densidade do macaco fidalgo preto é média na floresta sub-húmida, muito


rara na floresta densa seca e nula na savana e áreas agrícolas. Tradicionalmente consi-
derada como uma espécie sagrada pelos grupos étnicos animistas e como imprópria para
consumo pelos muçulmanos, tem sido até recentemente alvo de pouca caça. Infelizmente,
as práticas culturais têm estado a mudar e a imigração com proveniência da Guiné-Cona-
cri, têm resultado numa intensificação da caça.
À caça de subsistência que se intensificou com o crescimento da população humana no
PNC, soma-se agora aquela que se destina a abastecer os mercados de carne de animais
selvagens no país. Assim quebrou-se o
frágil equilíbrio que existia antes. Vítimas
da degradação das florestas que consti-
tuem o seu habitat e da pressão de caça, a
espécie está em declínio acentuado. O seu
risco de extinção é muito alto na zona fron-
teiriça Cacine e um pouco menor no PNC.
É, portanto, essencial aumentar os esfor-
ços para proteger os habitats e a vida sel-
vagem no PNC e na área transfronteiriça
de Cacine. O forte envolvimento das po-
pulações locais, apoiadas por parceiros de
Macaco fidalgo prospectando o horizonte no cimo Conservação (AD, IBAP e UICN) é por isso
de uma árvore. imprescindível. O resultado destes esfor-
ços de gestão sustentável já é visível com
a visita de turistas nacionais e internacionais ao campo turístico de Iemberem onde podem
observar facilmente uma espécie que é rara, de forma confortável.

36
Co mp o r t ame nt o e
c o ns e r v aç ã o d o mac ac o fi d algo p r e t o

T al como nos outros macacos fidalgos pre-


tos, a comunicação parece mais desen-
volvida entre os grupos que entre indivídu-
A dieta do macaco
fidalgo preto é mui-
to selectiva e prova-
os do mesmo grupo. Tal é evidenciado pelas velmente desempe-
vocalizações fortes e pela coloração expres- nha um papel im-
siva que caracteriza a espécie. Saltos vigoro- portante na disper-
sos e sacudidelas são utilizados para manter são de sementes,
o espaço entre os territórios e a desencora- no habitat. A abun-
jar eventuais transgressões. Esta comunica- dância deste ma-
ção inter-grupo e «territorial» desta espécie caco pode também
contrasta bastante com a do macaco fidalgo condicionar a dos
vermelho que é mais gradual, e que é menos seus predadores.
« territorialista » e cujo tamanho dos grupos No século XIX, foi
é claramente mais importante. extensivamente ca-
çado pelo Homem
No decorrer do acasalamento, o macaco fi-
para exploração da Progenitora e cria saltando
dalgo preto pode apresentar 2 posições. O ♂
pele. Tendo em vis- entre duas árvores.
coloca-se atrás da ♀, equilibrando-se sobre
ta os interesses eco-
os tornozelos desta ou sobre um substrato,
lógicos, anatómicos
geralmente um ramo.
e sociais que possui, esta é uma espécie em-
Esta espécie é conhecida por associar-se ao blemática do PNC (ecoturismo, pesquisa).
macaco fidalgo vermelho (Colobus badius) Ainda assim, são muitas as ameaças à sobre-
(Guiné-Bissau, Serra Leoa, Tiwai) e ao co- vivência deste magnífico macaco fidalgo: a
lobus oliva (Procolobus verus) (Serra Leoa perda e a conversão das florestas densa sub-
Tiwai). No PNC, as associações entre as du- -húmida e seca em áreas agrícolas, a caça e
as espécies de macaco fidalgo são comuns. o aumento dos períodos de seca. Encontra-
São facilitadas pela baixa concorrência inter- -se assim em declínio, em grande parte da sua
-específica pelo alimento e aumentam a pro- área de distribuição, figurando no Anexo II da
babilidade de detectarem os predadores. CITES e Classe A do CACNRN. Está presente
em várias áreas protegidas, como
o PNC (Guiné-Bissau), NP Sapo (Li-
béria), o PN Tai (Costa do Marfim) e
no Santuário de Tiwai (Serra Leoa).
As tentativas de mantê-lo em cati-
veiro (jardins zoológicos), falharam
devido ao sistema digestivo ser al-
tamente especializado no seu habi-
tat natural. Assim, a conservação
do macaco fidalgo preto depende
principalmente da gestão sustentá-
vel dos habitats da floresta de que
depende.

O macaco fidalgo preto e o macaco fi-


dalgo vermelho associam-se para me-
lhor detectarem os seus predadores

37
1 2

MACACO MONA
Nome científico: Cercopithecus (mona) Taxonomia: Mammalia (C), Primata (O),
campbelli (Waterhouse, 1838) Haplorrhini (S/O), Simiiformes (I/O),
Nome Inglês: Campbell’s monkey, Cercopithecidae (F), Cercopithecinae (S/F).
Campbell’s guenon
Nome Francês: Cercopitheque de Campbell, A catagem em prima-
Mone de Campbell tas, como a observa-
da nestes dois ma-
Nome crioulo: Santcho mona/ Canculuma
cacos mona jovens,
Nomes locais: M’Belente (nalu) serve para reforçar os
Krikissa (fula) laços entre os indiví-
duos do grupo (coe-
são social).
Habitat: PNC: floresta densa sub-húmida,
floresta densa seca, savana arbustiva e
4
terras agricolas.
5

Observações: fácil, particularmente em


torno de certas aldeias como Catamboi,
Cafatche, Pampare...

Período de actividade: diurno.

Tamanho: CCC 40-58 cm (♀/♂).


CC 54-75 cm (♀/♂).

Peso: P 3-5.8 kg (♀/♂).

Dimorfismo sexual: pouco demarcado.

Gestação: 170-180 dias.

Regime alimentar: maioritariamente frugí-


voro, mas inclui também flores e insectos.

Predadores: chimpanzé, onças, aves de ra- Reprodução ou comportamento de domínio entre dois
pina (diversas), jibóia e o Homem. macacos mona.

38
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie abundante e largamente distribuída.

Vulnerável, Criticamente em perigo na zona transfronteiriça de Can-


PN Cantanhez tanhez.

E
ste pequeno macaco arborícola possui o Os ♂♂ e as ♀♀ emitem vocalizações que
dorso com manchas, mãos escuras, cau- permitem identificar o tipo de predador e de
da longa. precisar a eminência do perigo. A presença de
chimpanzés provoca no geral um comporta-
Forma grupos uni♂-multi♀♀ (haréns) de 8-13
mento criptico nos macacos. A presença da
indivíduos e muito territoriais. As associa-
onça provoca uma fuga para o topo e a das
ções poli-especificas são frequentes. A vigi-
águias para o chão. A onça é muitas vezes
lância e a posição espacial do individuo são
ameaçada pelo ♂ e ♀♀ adultas. A águia é
mais importantes que as interacções físicas
contra atacada pelo ♂ que sozinho emite uma
(ao contrário dos babuínos). A comunicação
série de « hok » rápidos.
vocal domina e supera a ausência de lingua-
gem gestual especializada (mímica, postura). O macaco mona está ameaçado pela desflo-
A hierarquia dentro da mesma linhagem é restação e caça comercial. Presente em mui-
praticamente ausente e agressões no seio do tas áreas protegidas, está listado no Anexo II
grupo são muito raras. da CITES e na Classe B da CACNRN.
As ♀♀ formam o núcleo social estável do
grupo enquanto o ♂ macho se mantém mui-
tas vezes sozinho e distante. Substituído fre- O macaco mona do PNC está ameaçado pela inten-
quentemente, passa a maior parte do tempo a sificação da caça.
vigiar os predadores e outros grupos e a reu-
nir o seu harém. Apenas os ♂♂ adultos emi-
tem o grito forte da espécie. As ♀♀ adultas e
os juvenis possuem um reportório de vocali-
zações mais variado. Participam em numero-
sas trocas de vocalizações, o que é raro nos
♂♂ adultos.
Os gritos de saudação das ♀♀ adultas de-
sempenham um papel essencial na organiza-
ção social do grupo, particularmente na coe-
são social. Além disso, estratégias anti-pre-
dadoras com ou sem vocalizações, existem.
São adaptadas ao tipo de floresta e baseiam-
-se numa partilha de tarefas entre sexos.

Comunicação: sobretudo vocal (vocaliza-


ções variadas e muito especificas), mas
também visual (posição espacial), táctil
(catagem social, comportamento afiliati-
vo, agressões, cuidados maternos, repro-
dução) e olfactiva (secreções sexuais).

Esperança de vida: desconhecida.

39
1 2 3

MACACO VERDE
Nome científico: Chlorocebus sabaeus
(Linnaeus, 1766) Taxonomia: Mammalia (C), Primata (O),
Haplorrhini (S/O), Simiiformes (I/O),
Nome Inglês: Green monkey, callithrix monkey Cercopithecidae (F), Cercopithecinae (S/F).
Nome Francês: Singe vert

59 mm
Nome crioulo: Santcho di Tarafe / Santcho
preto Mão
Nomes locais: Cula-Mela (fula)

74 mm
Habitat: PNC: mangal (principalmente),
floresta densa sub-húmida, floresta densa
seca, savana arbustiva e terras agrícolas.
Outros: savana árida saheliana.
4 capturados5 na vasa durante a maré
6 bai-
Observações: fácil nos mangais. A espé-
xa (grande dependência do mangal), mas
cie pode facilmente ser atraída através da
também de frutos, de flores, de sementes
imitação das suas vocalizações por parte
e de folhas de árvores (muito particular-
de um guia.
mente de Acacia sp). Não se alimenta de
Período de actividade: diurno. insectos voadores, provavelmente devido
à reduzida dimensão do polegar.
Tamanho: CCC 38-60 cm (♀/♂). CC 42-72
cm (♀/♂). Predadores: onça, hiena malhada, caracal,
gato dourado, serval, jibóia, aves de rapi-
Peso: P 3.8-7.7 kg (♀/♂). na (diversas), babuíno, cão e o Homem.

Dimorfismo sexual: ♂ maior e mais pesa- Comunicação: visual (numerosas mími-


do que a ♀, de escroto azul e pénis verme- cas faciais e posturas), vocais (diversas
lho. A ♀ no cio apresenta a vulva azulada vocalizações, gemidos, silvos, gritos de
em torno de um clítoris rosa. alerta…), táctil (catagem social, compor-
tamento afiliativo, agressão, reprodução)
Gestação: 165 dias. e olfactiva (secreções sexuais).

Regime alimentar: omnívoro. Especial- Esperança de vida: 12-13 anos em meio


mente caranguejos e outros crustáceos selvagem.

40
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie abundante e largamente distribuída.

Pouco preocupante e Vulnerável na zona transfronteiriça de Can-


PN Cantanhez tanhez.

O
macaco verde é um pequeno primata do meio que frequenta. A sua excelente visão
semi-terrestre, semi-arborícola e quad- só é ultrapassada pela do macaco vermelho.
rúpede, cinza-malhado, castanho esver-
No PNC, o nome desta espécie em crioulo, sig-
deado, de face preta, colarinho branco, longas
nifica «macaco do mangal», por estar especial-
pernas e a extremidade da cauda laranja.
mente presente neste habitat. Diz-se que fala a
Vive em grupos de 5-75 indivíduos, estrita- língua da etnia Tanda. Os gritos de alerta que
mente hierárquico em ambos sexos. As ♀♀ imite dizem «sobe! sobe! Ou o cão que se ali-
formam coligações para protegerem os juve- menta dos seus congéneres te comerá». Os al-
nis dos ♂♂ agressivos. O ♂ quando atinge deãos queixam-se das incursões nas culturas
a maturidade sexual emigra do seu grupo de (amendoim, milho, laranja, ananas e manga).
origem, mas não a ♀. Os ♂♂ cooperam em Não é caçado pela sua carne (o Islão proíbe o
situações de confronto com outro grupo. Os consumo de macaco) ou para uso na medicina
♂♂ externos ao grupo impõem-se e fixam-se. tradicional).
Pernas afastadas, escroto azul e pénis verme-
Muitos contos africanos (do Senegal à África
lho são exibidos. A ♀, menos agressiva, pode
do Sul) falam de um macaco verde misterioso
procriar a partir dos 2 anos e os ♂ a partir dos
do qual não se deve rir. É um mago astuto que
3 anos. A progenitora dá à luz apenas uma cria
vive na periferia das florestas e que conhece os
(P = 300-400 g).
segredos da criação do mundo.
Este primata africano possui uma larga distri-
buição não sendo alvo particular de nenhuma
ameaça. No PNC, depende da preservação dos
mangais. Encontra-se presente em muitas áre-
as protegidas e está listado no Anexo II da CI-
TES e faz parte da Classe B da CACNRN.

Fêmea de macaco verde transportando a cria na po-


sição ventral enquanto alimenta-se.

A maturidade sexual é atingida aos 4 (♀) e 5


anos (♂).
O macaco verde alimenta-se geralmente no so-
lo nas vasas e ao longo dos mangais, onde en-
contra refúgio, sombra e alimento. O território
vital da espécie é de 13-178 ha, consoante o ha-
bitat, a disponibilidade de alimento e a presen-
ça de grupos vizinhos. Os habitats pobres indu-
zem uma dispersão de indivíduos e de densi-
dades mais fracas. O macaco verde encontra-
-se adaptado a temperaturas elevadas e à seca. Um macaco verde juvenil alimenta-se numa árvore,
A natalidade aumenta em função da qualidade enquanto vigia o redor.

41
1 2 3

BABUINO DA GUINÉ
Nome científico: Papio papio
(Desmarest, 1820) Taxonomia: Mammalia (C), Primata (O),
Haplorrhini (S/O), Simiiformes (I/O),
Nome Inglês: Guinea baboon Cercopithecidae (F), Cercopithecinae (S/F),
Nome Francês: Babouin de Guinee Papionini (T).
Nome crioulo: Con

79 mm
Nomes locais: Matafun (nalu) Mão
Cula-Goki (fula) - Tchom (balanta)

137 mm
Habitat: PNC: mangal, floresta densa sub-
-húmida, floresta densa seca, savana her- Pé
bácea, savana arbustiva e terras agrícolas.

Observações: relativamente fácil, embora


a espécie seja
4
muito medrosa e vigilante.
5 6

tebrados, pequenos vertebrados, caran-


Período de actividade: diurno.
guejos e ovos.
Tamanho: CCC 55 cm (♀), 75 cm (♂). CC
Predadores: leão, onça, hiena malhada,
35-60 cm (♀/♂). AG 45 cm (♀), 60 cm (♂).
cão e o Homem.
Peso: P 12 kg (♀), 19 kg (♂).
Comunicação: visual (diversas mímicas
Dimorfismo sexual: ♂ maior e mais pesa- faciais e posturas), vocal (latidos, gemi-
do que a fêmea ♀, caninos mais desenvol- dos, gritos de saudação e de alerta), tác-
vidos no ♂. til (catagem social, contacto amigável,
agressão, reprodução, cuidados mater-
Gestação: 170-173 dias. nais) e olfactiva (secreções sexuais).

Regime alimentar: omnívoro. Sementes, Esperança de vida: 25 anos em meio sel-


rebentos, raízes, frutos, cogumelos, inver- vagem e 35 anos em cativeiro.

42
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Quase ameaçado, espécie que tem assistido a uma importante redu-


UICN, Internacional ção na sua distribuição nos últimos 30 anos.
Vulnerável e Criticamente em perigo na zona transfronteiriça de Can-
PN Cantanhez tanhez.

O
babuíno da Guiné é um macaco malha- fúgio e as acções de conservação têm ajudado
do, terrestre e quadrúpede. O adulto ♂ a manter no PNC uma das maiores populações
tem um manto desenvolvido e um foci- da espécie. Teme-se porem que no exterior
nho alongado que lhe valeu o epíteto de “cino- das áreas protegidas que beneficiam de uma
céfalo”. Possui um único calo glúteo exposto, protecção real e efectiva da fauna selvagem,
enquanto a ♀♀ apresenta 2. A ♀ no cio apre- esta espécie acabe por desaparecer.
senta um inchaço rosa anogenital que atrai pa-
O babuíno da Guiné está presente em várias
ra os ♂♂.
áreas protegidas, como o PN Niokolo-Koba
Vive em haréns formando grupos multi♂♂ (Senegal), Outamba-Kilimi (Serra Leoa) e o
multi♀♀ de 10-200 indivíduos (ou 500!), cuja PNC (Guiné-Bissau). Encontra-se listado no
área vital é distinta. O grupo tem uma forte co- AnexoII da CITES e na Classe B de CACNRN.
esão social e junta-se durante a noite nas ár-
vores para dormir. Os locais de descanso e os
dormitórios são marcadas por numerosos de-
jectos e marcas tais como a de um terreno pi-
soteado.
A tendência para pilhar terras cultivadas (PNC:
arroz, milho, inhame, amendoim e outros ce-
reais) constitui uma importante fonte de con-
flitos com o Homem. Os nalus consideram-no
porem, sagrado, porque mata cobras e a rata
do canavial e compete com os chimpanzés. As-
sim, a população do PNC defende a protecção
do babuíno para limitar naturalmente a pre-
sença do chimpanzé e da rata do canavial, que
são 2 das principais espécies que destroem as
plantações. A distribuição é fragmentada e a
mais limitada por entre as espécies de babu-
ínos. Apesar de relativamente abundantes na
Gâmbia e sudeste de Guiné-Bissau, sofreu nos
últimos 30 anos um declínio de 20-25% com
a expansão da agricultura (conversão do ha-
bitats natural), a desflorestação e o aumento
da caça (especialmente com armas automáti-
cas). Na Guiné-Bissau, a carne deste primata é
particularmente apreciada em todo o país e a
pele é usada na medicina tradicional. De facto,
a procura para fins medicinais foi no passado
responsável por declínios significativos. A po-
pulação do PNC é considerada especialmen-
te importante porque de certa forma constitui Os reservatórios de água doce (também chamados
uma importante reserva nacional do país. A de bebedouros ou fontes) são particularmente im-
adaptação a uma ampla variedade de habitats, portantes para os babuínos que lá vão beber e refres-
a utilização dos mangais como um local de re- car-se.

43
MACACO CÃO DA Anúbia
Nome científico: Papio anubis (Lesson, 1827) Taxonomia: Mammalia (C), Primata (O)
Haplorrhini (S/O), Simiiformes (I/O),
Nome Inglês: Anubis baboon, olive baboon 7 8
Cercopithecidae (F), Cercopithecinae (S/F),
Nome Francês: Babouin Anubis, Babouin Papionini (T).
Doguera

79 mm
Nome crioulo: Kon Mão
Nomes locais: Matafun (nalu) Tchom (balanta)

Habitat: PNC: floresta densa seca, sava-

137 mm
na arbustiva, savana herbácea e culturas
agrícolas. Outros: todos os tipos de sava- Pé
na arbustiva e mosaicos de floresta sahe-
liana.

Observações: espécie cuja presença preci-


sa de ser averiguada. Descrita pela popula- Regime alimentar: herbívoro. Gramíneas
ção como rara e medrosa. nas zonas abertas e frutos nas florestas.

Período de actividade: diurno. Predadores: leão, onça, hiena malhada, cão


e o Homem.
Tamanho: CCC 75 cm (♀), 100 cm (♂). CC
45-71 cm (♀/♂). AG 55 cm (♀), 70 cm (♂). Comunicação: visual (diversas posturas e
mímicas faciais), vocais (latidos, gemidos,
Peso: P 11-30 kg (♀), 22-50 kg (♂). gritos de saudação e de alerta…), táctil (ca-
10 11
tagem social, contacto amigável, agres-
Dimorfismo sexual: ♂/♀: maior e 2 vezes são, reprodução, cuidados maternos) e ol-
mais pesado, pelagem e caninos mais de- factiva (secreções sexuais).
senvolvidos.
Esperança de vida: 25 anos em meio sel-
Gestação: 170-173 dias. vagem e 35 anos em cativeiro.

44
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie largamente distribuída e abundante.

Dados deficientes, espécie verdadeiramente rara e no limite da sua


PN Cantanhez área de distribuição.

O
macaco cão da Anúbia é um primata de
porte médio castanho esverdeado a cin-
za esverdeado, terrestre e quadrúpede,
de focinho alongado. O ♂ possui um manto
sobre os ombros, caninos longos e uma cauda
em « U » invertida. A ♀ no cio apresenta um
inchaço anogenital rosado característico.
Vive em grupos multi♂♂-multi♀♀ de 40-80
indivíduos, apresentando uma diversificada
estratégia alimentar, de organização social e
de comportamentos. Os ♂♂ podem associar-
-se para cooperar.
A ♀ reproduz-se a partir dos 8.5 anos, tem
uma cria por parto (raramente 2) a cada 2-3 Juvenil de macaco cão da Anúbia à cabeça de um
anos. Por vezes ocorre uma estação de nata- adulto.
lidade entre Dezembro e Fevereiro.
Os ♂♂ adultos mostram-se protectores rela- O ♂ Anúbia, mais imponente, fará parceria
tivamente ao grupo, frequentando a periferia, com as ♀♀ da Guiné. Assim como o macaco
vigiando o redor e atacando conjuntamente os cão da Guiné, o da Anúbia é também uma fon-
predadores. A cooperação ♂♀ também existe te de conflito com o Homem (destruição das
plantações) e a pele é usada na medicina tra-
mas não resulta na formação de haréns. Exis-
dicional. É porem, também cada vez mais ci-
te uma hierarquia nas ♀♀ entre famílias que
tado como sagrado por ser capaz de eliminar
prevalece sobre a idade. Um juvenil pode se
eficazmente as cobras e a rata do canavial e
opor a um adulto, desde que a família de ori-
afastar o chimpanzé, concorrente natural. Pre-
gem ocupe uma posição superior. As famílias
sente em muitas áreas protegidas, a espécie
dominantes são aquelas com mais adultos
figura no Anexo II da CITES e na CACNRN.
♂♂.
A espécie está largamente distribuída e é
abundante, apesar de estar ameaçada pela ca-
ça, captura, agricultura, pastagem, e a compe-
tição inter-específica na floresta densa. Este
macaco é simpatrico relativamente ao maca-
co verde, pequeno macaco sul-africano, ma-
caco vermelho e ao macaco-de-diadema. A
expansão desta espécie pode ter causado a
retirada do babuíno menor com o qual pode
produzir híbridos. Pode portanto, cruzar-se
com o babuíno da Guiné, no PNC. Os habitan-
tes reconhecem 2 babuínos, o preto, grande
e raro (macaco cão da Anúbia?) e o castanho,
pequeno e comum (babuíno da Guiné) descre-
vendo o que poderão ser grupos mistos ou de
híbridos. Macaco cão da Anúbia sentado à sombra.

45
MACACO VERMELHO
Nome científico: Erythrocebus patas Taxonomia: Mammalia (C), Primata (O),
(Schreber, 1774)
7
Haplorrhini (S/O),
8
Simiiformes (I/O), 9
Nome Inglês: Patas monkey Cercopithecidae (F), Cercopithecinae (S/F).

Nome Francês: Patas singe, singe rouge,


singe pleureur
Nome crioulo: Santcho fula
Nomes locais: Cula-N’buduké (fula)

Habitat: PNC: savana arbustiva e savana


herbácea. Preferência pelas savanas ar-
bustivas de Accacia.

Observações: difícil, presente apenas no Regime alimentar: omnívoro. Muito de-


extremo norte do PNC (savanas de Ben- pendente do género Accacia: sementes,
doungou, Balana e zona transfronteiriça de folhas novas, flores; assim como frutos de
Cacine). Possui uma excelente visão que o arbustos de savana (Balanites: a tamareira
permite estar bastante vigilante. do deserto, Euclea, Carissa), insectos e pe-
quenos invertebrados.
Período de actividade: diurno.
Predadores: leão, onça, hiena malhada,
Tamanho: CCC 48-77 cm (♀), 60-87 cm crocodilo do Nilo, jiboia e o Homem.
(♂). CC 54-74 cm (♀/♂). AG 28-4510cm (♀), 11 12

34-50 cm (♂). Comunicação: visual (mímicas faciais e


posturas), vocal (diversas vocalizações,
Peso: P 7-14 kg (♀), 10-25 kg (♂). gemidos, silvos, gritos de alerta, gritos de
queixume semelhantes ao choro (« heu »),
Dimorfismo sexual: marcado, ♂ 2 vezes táctil (catagem, comportamento afiliativo,
maior e mais pesado que a ♀, pelagem agressão, reprodução) e olfactiva (secre-
mais avermelhada com caninos desenvol- ções sexuais).
vidos.
Esperança de vida: 21 anos em meio sel-
Gestação: 163-167 dias. vagem e 24 anos em cativeiro.

46
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Pouco preocupante, espécie largamente distribuída e relativamente


UICN, Internacional abundante.

PN Cantanhez Dados deficientes.

O
macaco vermelho é um animal de por- Apesar da população ter se mantido distribu-
te médio, terrestre, quadrúpede, de ída e abundante, tem diminuído e até desa-
longos membros, corpo esbelto (po- parecido em regiões agrícolas onde a flores-
de atingir os 55km/h). A pelagem é pálida em ta deixou de existir e a caça intensificou-se. A
torno dos olhos, nariz escuro, pálpebras cla- espécie beneficiou porem com o desapareci-
ras, bigode espesso e branco, pelos longos mento dos predadores e adaptou-se às cultu-
e brancos nas bochechas e queixo. A longa ras de cereais, o que lhe tem valido ser con-
cauda serve para se equilibrar durante a cor- siderado como uma praga. Tem sido alvo de
rida. As ♀♀ e os juvenis são amarelo pálido capturas intensas ligadas à procura de mesi-
com tons amarelo, castanho e cinzento. O ♂ nhas. Na Guiné-Bissau, a presença no PNC foi
possui a cauda, a parte posterior do corpo e apenas recentemente assinalada no norte.
a cabeça avermelhados. A barriga, os mem-
Presente em numerosas áreas protegidas, fi-
bros e os pés são brancos. O pénis é rosa, e o
gura no Anexo II da CITES e na Classe B da
redor do ânus roxo-rosa.
CACNRN.
Encontra-se distribuído ao norte das flores-
tas tropicais húmidas da África Ocidental e
Central, até à Etiópia a Este. Vive em grupos
uni♂multi♀♀ de 15-30 indivíduos, muito hie-
rarquizados (1 ♀ adulta é dominante). O terri-
tório vital da espécie varia entre os 20 e 80 km².
As deslocações são importantes (12 km/dia).
Pequenos grupos dispersam-se durante a noi-
te (0,25 Km²) para subir às árvores, o que di-
minui o risco de predação. O ♂ adulto passa
muito tempo nas árvores ou sobre uma termi-
teira a vigiar, os restantes indivíduos alimen-
tam-se no chão posicionando-se regularmen-
te sobre duas patas para o mesmo fim. O terri-
tório vital dos grupos sobrepõe-se. O macaco
vermelho é porem muito intolerante durante
os encontros e o grupo ameaça o estranho ou
estranhos ao grupo. Os ♂♂, solitários ou em
grupo de celibatários, mantêm-se geralmente
à distancia. Relativamente silenciosa, a coe-
são social é mantida por um gemido de sauda-
ção. Esta é indispensável à sobrevivência em
meios abertos.
O cio da ♀ é caracterizado por um andar e
gemido específicos e um inchaço das boche-
chas. Do parto nasce apenas uma cria (mui-
to escura). A progenitora é muito possessiva
com a cria que atingirá a maturidade sexual
aos 3,5 (♀) ou 5 anos (♂). Macaco vermelho macho.

47
POTO
Nome científico: Perodicticus potto ssp. potto Taxonomia: Mammalia (C), Primata (O),
7 8
(Müller, 1766) Strepsirrhini 9(S/O), Lorisiformes (I/O),
Nome Inglês: Western potto Lorisidae (F).
Nome Francês: Potto

Habitat: PNC: floresta densa sub-humida


e savana arbustiva húmida. Outros: flores-
ta pantanosa, montanha de pequena alti-
tude; mais comum na colonização da flo-
resta e ao longo das suas fronteiras.

Observações: muito difícil, raramente visí-


vel, nocturna e arborícola. paca e Myrianthus) e durante a estação
chuvosa que é quando engordam, alimen-
Período de actividade: nocturno.
tam-se ainda de ovos e de cogumelos.
Tamanho: CCC 30-40 cm (♀/♂). CC 5-10 cm
Predadores: serpentes, outros de detalhe
(♀/♂).
desconhecido.
Peso: P 0.8-1.6 kg (♀/♂).
Comunicação: sobretudo olfactiva (secre-
Dimorfismo10 sexual: pouco demarcado. ções hormonais,
12
glândulas localizadas sob
11
a cauda), mas também vocal (o « tsic » agu-
Gestação: 193-197 dias. do entre a progenitora e a cria é aparente-
mente o som mais usado), táctil (catação
Regime alimentar: omnívoro. Goma (21%) mutua, cuidados maternos, reprodução) e
durante as estações secas, presas animais visual (postura agressiva).
(10%) (térmites, besouros, lagartas, ver-
mes), caracóis e frutos (65%) (dos quais Esperança de vida: 26 anos em cativeiro e
figos dos generos Musanga, Parinari, Ua- desconhecido em meio selvagem.

48
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Pouco preocupante (UICN), espécie de larga distribuição e sem de-


UICN, Internacional clínio aparente.

PN Cantanhez Dados deficientes.

O
poto é um prossímio nocturno, arborí-
cola com o corpo coberto por lã. A ca-
beça é arredondada. As orelhas peque-
nas e nuas, os olhos castanho dourado e pro-
tuberantes, a cauda muito curta. As apófises
das vértebras cervicais são salientes e o pes-
coço comporta espinhas dorsais.
O poto é muito lento, ambos sexos alimentam-
-se isoladamente (96% do tempo). O território
é marcado com urina e hormonas sexuais. O
território vital do ♂ (9-40 ha) engloba o de di-
versas ♀♀ (3-9 ha). O ♂ avalia regularmente
o estado hormonal das ♀♀ presentes no terri-
tório vital que detém. O ciclo sexual da ♀ é de Poto alimentando-se de um insecto que capturou.
39 dias. A ♀ com o cio emite um chamamento
(muito semelhante ao grito de saudação pro-
genitora-cria). A cúpula é prolongada. É um caçador perfeitamente camuflado na
copa das árvores de floresta, protegido pe-
A cada 12-13 meses, duas crias nascem e são las espinhas dorsais que apresenta, cabeça
escondidas quando a progenitora sai para ali- baixa face a um agressor. Escapa à serpente
mentar-se. A mãe possui 4 tetas e aleita até deixando-se cair voluntariamente. No cativei-
aos 4-6 meses das crias. A maturidade sexual ro, quando um membro do casal está doen-
é atingida aos 8 (♀) e aos 6 meses (♂). Os ♂♂ te o outro partilha o alimento. O infanticídio
juvenis deixam o território materno com 6 me- existe. A população é estável apesar da agri-
ses e até constituírem o seu próprio são erran- cultura intensiva. Presente em numerosas áre-
tes. As ♀♀ juvenis são favorecidas pois a pro- as protegidas, figura no Anexo II da CITES e na
genitora pode modificar em benefício destas o Classe B da CACNRN.
próprio território vital.
Ambos sexos apresentam grupos de glându-
las especializadas ao nível da pele cobrindo os
órgãos genitais, assim como glândulas anais.
A marcação odorífera possui um papel chave
no comportamento social, territorial e sexual.
As secreções genitais, que o poto unta pelo
corpo quando se limpa, atraem os insectos.
Produz também uma hormona do medo que
alerta outros potos em caso de perigo. As ♀♀
possuem bolsas pré-clitóricas que produzem
secreções de marcação.
O poto repousa de dia, agarrado a um ramo fi-
no e à folhagem espessa. De noite, desloca-se
escalando lentamente as árvores, sem nunca O poto é um pequeno prossímio noturno de olhos pro-
saltar. tuberantes, castanho dourado, de contorno amarelo.

49
7 8

Gálago DO SENEGAL
Nome científico: Galago senegalensis Taxonomia: Mammalia (C), Primata (O),
senegalensis (É. Geoffroy, 1796) Strepsirrhini (S/O), Lorisiformes (I/O),
Nome Inglês: Northern lesser galago, lesser Galagidae (F).
bushbaby, lesser galago, Senegal galago,
Senegal lesser galago
Nome Francês: Galago du Sénégal
Nome crioulo: Concanhe
Nomes locais: Abassa (balanta)

Habitat: PNC : savana arbustiva. Outros:


floresta aberta onde dominam Acacia, Iso-
berlinia e Julbernardia, Floresta de monta- 10 11
Regime alimentar: omnívoro. Presas ani-
nha. Evita as zonas de erva alta.
mais invertebrados (52%), goma (48%) e
Observações: difícil, nocturna e arborícola. frutos consoante as estações.

Período de actividade: nocturno. Predadores: serpentes, outros de detalhe


desconhecido.
Tamanho: CCC 16.5 cm (13.2-21 cm, (♀/♂)),
CC 26 cm (19.5-30 cm, (♀/♂)). Comunicação: vocal (numerosas vocaliza-
ções), olfactiva (secreções hormonais di-
Peso: P 206 g (112-306 g, (♀/♂)). versas), visual (posturas) e táctil (cuidados
maternos, comportamentos afiliativos,
Dimorfismo sexual: O ♂ pesa 11% mais do agressão, reprodução).
que a ♀.
Esperança de vida: 3-4 anos em meio sel-
Gestação: 111-142 dias. vagem e 10 anos em cativeiro.

50
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de larga distribuição e abundante.

PN Cantanhez Dados deficientes.

O
s gálagos dividem-se em 5 grupos: os 22 vezes durante o primeiro dia de estro.
grandes gálagos, os gálagos de garra, Durante os confrontos, é vingativo: morde,
os gálagos esquilo, os gálagos anão e agarra e esmurra. Constrói ninhos em árvo-
os pequenos gálagos, dos quais faz parte o res espinhosas densas e em grandes bura-
gálago do Senegal. Este último é um peque- cos nos troncos. Os gritos são curtos ou re-
no prossímio que vive sobretudo na savana, petidos a um ritmo regular. O grito de alarme
possui membros alongados, dorso cinzento- é uma única nota baixa, repetida, por vezes
-acastanhado, barriga amarelada, cabeça re- durante 1 hora. Os ♂♂ que cortejam as ♀♀
donda, olhos grandes, pretos separados por emitem gemidos que se assemelham ao cho-
uma banda branca, um focinho curto e orelhas ro de bebés humanos. Ambos sexos limpam-
grandes e ovais (2.5-5.5 cm). A cauda é cober- -se com urina, o que serve de marcação de
ta por pelos curtos. território e de meio de comunicação.
O gálago do Senegal ou vive em pequenos O gálago do Senegal é um bom escalador. Sal-
grupos de 2-5 indivíduos ou só. Alimenta-se ta (salto bípede) com agilidade e cai sobre as
só. O tamanho do território vital é desconhe- patas posteriores. Captura insectos no chão,
cido. O ciclo sexual da ♀ é de 31-39 dias. A em voo ou na vegetação, com destreza. Os fla-
idade da concepção é de 10-12 meses. A cada vonoides contidos na goma de Acacia drepano-
6 meses, 1 a 2 crias nascem. A ♀ tem 4 tetas. lobium servem de tampão relativamente aos
A cria é desmamada aos 70-100 dias e atinge compostos secundários (taninos) ingeridos.
a maturidade sexual aos 11-13 meses. Uma
estação de natalidade e de reprodução pode- Está presente do Senegal ao Sudão e a Oes-
rá existir. A ♀ tem a particularidade de pos- te de Uganda e poderá ser simpátrica relati-
suir um estro pós-parto: a vagina fica assim vamente ao poto. A população é estável e lar-
fechada no decorrer da estação em que não gamente distribuída. Presente em numerosas
se reproduz. O acasalamento dura 7-12 minu- áreas protegidas, está listado no Anexo II da
tos. Foram observados indivíduos a copular CITES.

51
7 8 9

GÁLAGO DE DEMIDOFF
Nome científico: Galago demidoff Taxonomia: Mammalia (C), Primata (O),
(G. Fischer, 1806) Strepsirrhini (S/O), Lorisiformes (I/O),
Galagidae (F).
Nome Inglês: Demidoff’s dwarf galago,
demidoff’s galago, dwarf bushbaby, dwarf
galago
Nome Francês: Galago de Demidoff
Nome crioulo: Concanhe

Habitat: PNC: floresta densa sub-húmida


e floresta seca. Outros: floresta de galeria,
savana arbustiva, floresta de montanha
até aos 2000 m. A vegetação secundária
10
Regime alimentar:
11
omnívoro. Presas
12
ani-
é preferida (0-10 m). Aprecia em particular
mais (70%, coleópteros, borboletas, lagar-
as zonas fronteiriças.
tas, gafanhotos), frutos (19%), goma (10%),
Observações: difícil, é rara, nocturna e ar- por vezes folhas e rebentos (≤1%).
borícola.
Predadores: serpentes, outros de detalhe
Período de actividade: nocturno. desconhecido.

Tamanho: CCC 12 cm (7.3-15.5 cm (♀/♂)), Comunicação: vocal (numerosas vocali-


CC 18 cm (11-21.5 cm (♀/♂)), Oreilles≈24 zações especificas), olfactiva (secreções
mm (♀/♂). hormonais, marcações odoríferas), tác-
til (comportamentos afiliativos, catagem,
Peso: P 60 g (44-97 g (♀/♂)). cuidados maternos, agressão, reprodu-
ção) e visual (diversas posturas).
Dimorfismo sexual: pouco marcado.
Esperança de vida: 4-5 anos em meio sel-
Gestação: 111-114 dias. vagem e 13 anos em cativeiro.

52
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de larga distribuição e abundante.

PN Cantanhez Dados deficientes.

O
gálago de Demidoff é o mais pequeno 100 m. O odor de marcação existe e provem
dos primatas de África. É nocturno, ar- da urina esfregada nas mãos, rosto, peito e
borícola e quadrúpede (deslocações, vários substratos. Apesar da população em
arborícola e quadrúpede. Tem um corpo cas- geral ser amplamente distribuída e abundan-
tanho, barriga amarelada, cauda não espes- te, pode se encontrar ameaçada localmente
sa, nariz arrebitado e alongado. O anel em pela perda de habitat devido à desflorestação
torno do olho é variável na cor. e agricultura. Presente em muitas áreas pro-
tegidas, figura no Anexo II da CITES.
Vive num sistema social matriarcal. Em am-
bos sexos os indivíduos alimentam-se sozi-
nhos, mas as ♀♀ dormem em grupos de 2-10
indivíduos em ninhos esféricos feitos com fo-
lhas num emaranhado de vegetação densa.
O tamanho do território vital é de 0.6-1.4 ha
(♀) e 0.5-2.7 ha (♂). Os ♂♂ mantêm-se no
território por 1-3 anos. Caça em altura, usan-
do mais a audição e a visão do que o olfacto
para detectar presas. Captura insectos rapi-
damente (borboletas, gafanhotos e grilos). O
galado de Demidoff quando salta, ao contrá-
rio do gálago do Senegal, cai sobre as patas
dianteiras.
O acasalamento é prolongado e dura até uma
hora, enquanto o casal está suspenso sob um
ramo. O ♂ e a ♀ permanecem presos duran-
te o acasalamento, sem possuir no entanto
o mesmo mecanismo de bloqueio dos cães.
A ♀ tem 4 tetas. O ciclo sexual é desconhe-
cido. Uma cria nasce a cada 12 meses entre
Janeiro e Fevereiro. A cria é desmamada aos
53 dias e é considerada juvenil entre os 2-6
meses. Aos 8-10 meses, atingirá a maturida-
de sexual.
As vocalizações são características: uma sé-
rie breve de “pios” que acelera tornando-se
cada vez aguda terminando num crescendo
de 2 a 4 segundos. O grito de alarme, na pre-
sença por exemplo de uma cobra, assemelha-
-se ao zumbindo de insectos. Os chamamen- Gálago de Demidoff: espécime encontrado morto no
tos de grupo podem ser detectados a mais de PNC. Primeira referência na Guiné-Bissau.

53
7 8 9

ONÇA
Nome científico: Panthera pardus pardus
(Linnaeus, 1758)
Taxonomia: Mammalia (C), Carnivora (O),
Nome Inglês: Leopard
Felidae (F), Pantherinae (S/F).
Nome Francês: Panthere, Léopard
Nome crioulo: Onça

posterior anterior

95 mm
Nomes locais: Némbéll (nalu) - Butori (fula) -
Tchur (balanta)

Habitat: PNC: mangal, floresta densa sub-

95 mm
-húmida, floresta densa seca, savana ar-
bustiva e savana herbácea. Outros: semi-
-deserto e de montanha até aos 5638 m.

Observações:
10 muito difícil, fraca densida-
11 12
de populacional, desconfiada.

Período de actividade: diurno e nocturno.

Tamanho: CCC 95-123 cm (♀), 91-191 cm


(♂). CC 51-101 cm (♀/♂). AG 55-82 cm
(♀/♂).

Peso: P 17-42 kg (♀), 20-90 kg (♂).

Dimorfismo sexual: importante, ♂≈40%


maior que a ♀.

Gestação: 90-106 dias.

Regime alimentar: carnívoro generalista.


Com preferência por mamíferos de ta-
manho médio (cefalofos, porcos, prima-
tas dos quais o chimpanzé), por vezes de
grande porte (elande de Derby que pode
atingir os 900 kg), mas também: roedores, Onça macho cuja fotografia foi tirada com recurso à
serpentes, aves e artrópodes. câmara de disparo automático, no Gabão.

54
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Quase ameaçado, espécie largamente distribuída e relativamente co-


UICN, Internacional mum, mas da qual 30% do efectivo já desapareceu nos últimos 30 anos.

PN Cantanhez Criticamente em perigo.

A
onça é um felino grande, de cauda lon-
ga, de pelo castanho ou laranja malha-
do com rosetas pretas ou castanhas.
É um animal solitário e territorial. O ♂ apenas
se junta à ♀ para copular. O tamanho do terri-
tório depende dos recursos e varia entre 5.6-
2750.1 km². O tamanho médio na floresta varia
de 9-27 km² (♀) a 52-136 km² (♂). A densidade
de indivíduos é de 0.5-16.4 onças/100 km², e é
5 vezes superior nas savanas arbustivas pro-
tegidas (10.5 onças/100 km²) relativamente às
As onças utilizam com frequência trilhos florestais e
não protegidas (2.1 onças/100 km²). estradas não pavimentadas.
O cio da ♀ dura 7-14 dias. A ninhada é de 1-4
crias. O desmame começa entre as 8-10 sema- aos leões) e em 18,5-25,2% nos adultos (devi-
nas e termina em torno dos 4 meses. O inter- do a lutas territoriais e aos predadores).
valo entre duas ninhadas é de 16-25 meses.
Os jovens tornam-se independentes ao fim de O território é patrulhado regularmente, os de-
12-18 meses. Se os ♂♂ abandonam o territó- jectos são depositados em latrinas e os tron-
rio da progenitora, as ♀♀ podem herdar uma cos de árvores são marcados com urina e ar-
parte. A maturidade sexual é atingida aos 24- ranhões. A caça é feita ao entardecer e à noite,
28 meses (♀♂). A ♀ tem as primeiras crias en- com emboscadas ou ataques directos. A onça
tre os 30-36 meses. O ♂ começa a reproduzir- lança-se sobre a presa quando esta encontra-
-se aos 42-48 meses. O fim do ciclo reproduti- -se a 4-5 m, mordendo o pescoço e matando-a
vo ocorre aos 16 anos (19 em cativeiro) (♀ /♂). por estrangulamento. A taxa de captura é de
15,6-38,1%. Para evitar o clepto-parasitismo, a
A taxa de mortalidade juvenil varia entre 50- presa é içada para o cimo de uma árvore. Uma
90% no primeiro ano (devido principalmente vez arrancado o pelo, a onça alimenta-se das
partes ventral e posterior. O gado e os cães
são por vezes atacados em enclaves e nas al-
Predadores: leão (com frequência), hiena
deias. O Homem é por vezes morto por ani-
malhada, crocodilo do Nilo (raro, apenas
mais famintos
indivíduos grandes) e o Homem.
Em África, há 70.000 onças cuja área de distri-
Comunicação: Vocal (rosnados, rugidos, gri- buição original foi reduzida a 37%. A popula-
tos), olfactiva (secreções hormonais, marca- ção encontra-se ameaçada pela actividade da
ção com urina e dejectos), visual (posturas caça (a pele e os dentes são usados em rituais
com vários posicionamentos da cauda, ex- religiosos e na medicina tradicional), que tam-
pressões faciais, arranhões em árvores) e bém dizima as presas (comércio de carne de
caça). Presente em numerosas áreas protegi-
táctil (comportamentos afiliativos, cuidados
das, figura no Anexo I da CITES.
maternos, agressão, reprodução).
Presente no PNC, a pele é vendida em Bissau.
Esperança de vida: 19 anos (♀) e 14 (♂) A onça simboliza a velocidade, investida, trai-
em meio selvagem, 23 anos em cativeiro ção, ferocidade e aparece em muitos contos
(♀/♂). africanos.

55
CARACAL
Nome científico: Caracal caracal 13
Taxonomia: Mammalia (C), Carnivora (O),
14

(Schreber, 1776)
Felidae (F), Felinae (S/F).
Nome Inglês: Caracal, African caracal,
Asian caracal, desert Lynx

posterior anterior

65 mm
Nome Francês: Caracal, Lynx du desert
Nome crioulo: Lince

80 mm
Habitat: PNC: savana arbustiva. Outros:
semi-deserto, prados e floresta costeira,
regiões montanhosas áridas até 3300 m,
habitats pastorais com vegetação densa.

Observações: muito difícil, vive em densi-


aves e répteis). Ocasionalmente: anfíbios,
dades baixas e é muito discreto.
peixes, invertebrados e gazelas.
Período de actividade: principalmente noc-
Predadores: cão e Homem principalmente,
turno mas também é activo ao entardecer
mas também os grandes predadores (leão,
(crepúsculo) e de dia.
onça e hiena malhada).
Tamanho: CCC 61-103 cm (♀), 62.1-108
Comunicação: visual (expressões faciais
cm (♂). CC 18-34 cm (♀/♂).
diversas), vocal
16 (rosnares, cuspos,
17 asso-
Peso: P 6.2-15.9 kg (♀), 7.2-26 kg (♂). bios, meados, característicos da estação
reprodutiva), olfactiva (secreções hormo-
Dimorfismo sexual: marcado, o ♂ é mais nais, marcações urinarias e por dejectos
pesado e sensivelmente maior que a ♀. - que são por vezes enterrados) e táctil
(comportamentos afiliativos, cuidados ma-
Gestação: 62-81 dias. ternos, agressão, reprodução).

Regime alimentar: carnívoro. Maioria das Esperança de vida: Desconhecida em meio


presas ≤5 kg (pequenos roedores, lebres, selvagem, 20 anos em cativeiro.

56
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Pouco preocupante, espécie de distribuição ampla e comum excepto


UICN, Internacional no Norte de África e África Ocidental.

PN Cantanhez Criticamente em perigo.

O
caracal é um felino de tamanho médio, O caracal parece ocupar o lugar do serval nas
castanho claro a vermelho tijolo com savanas mais húmidas e de árvores mais al-
ligeiras manchas na parte inferior. Os tas. No Norte e Leste de África tende a desa-
indivíduos com mais melanina são mais cas- parecer de certas regiões situadas na perife-
tanho escuro que preto. A cabeça é maciça, ria da área de distribuição. A população vai
arredondada e o focinho curto, a face arre- se fragmentando à medida que o habitat vai
dondada, longas pinças pretas sobre as ore- desaparecendo (agricultura e desertificação).
lhas (4.5 cm) e o dorso preto-prateado. A cau- Para além disto, ataca animais domésticos,
da é curta, os membros (sobretudo posterio- em especial nas áreas onde as presas selva-
res) longos. gens são mais raras, sendo alvo de uma ca-
ça até à eliminação. Presente em numerosas
O caracal é solitário. O território vital é está-
áreas protegidas, figura na CITES no Anexo II
vel, compreende um núcleo central exclusivo
em África e no Anexo I na Ásia.
e sobreposições de fronteiras. O território é
de 3.9-26.7 km² (♀) e de 5.1-65 km² (♂). No
deserto semi-árido de Israel, tem em média
57 km² (♀) e 220 km² (♂). No Kalahari, um ♂
possui um território vital de 308 km² cujo nú-
cleo central tem 98 km².
A reprodução é de fraca sazonalidade. Existe
um pico de nascimentos entre Outubro e Fe-
vereiro na África do Sul e entre Novembro e
Maio no Leste de África. O cio da ♀ dura 3-6
dias. O acasalamento decorre entre 1-3 dias.
A ♀ prepara um ninho numa toca, moita ou
fenda. A ninhada é de 2-3 crias (por vezes de
6). Ás 3 semanas saem da toca, aos 4 meses
são desmamados e atingem a autonomia en-
tre os 9-10 meses (maturidade sexual).
O caracal é um excelente caçador, muito ve-
loz e que sobe facilmente às arvores. A presa
é capturada e morta por estrangulamento. As
aves em voo são capturadas com uma pata-
da. A presa é por vezes içada para o cimo da
árvore e devorada pelo ânus e pela parte pos-
terior. As vísceras, a pele e uma parte dos os-
sos são poupados. Em média, alimenta-se de
1kg de carne/dia.
No PNC, ocorre apenas na área norte mais se-
ca e aberta (Balana). É conhecido por atacar
o gado (vacas, ovelhas, cabras) e / ou galiná-
ceos de capoeira (que podem representar até
55% da alimentação nas áreas rurais do Leste O caracal possui umas orelhas grandes que termi-
de África Oriental). nam em longos pincéis de pelos pretos.

57
SERVAL
Nome científico: Leptailurus serval
(Schreber, 1776) 13
Taxonomia: Mammalia
14
(C), Carnivora15(O),
Nome Inglês: Serval Felidae (F), Felinae (S/F).
Nome Francês: Serval
Nome crioulo: Onça di baga baga

58 mm
anterior
Nomes locais: Tenenbell (nalu)
Buto-Bei (fula) - M’Panda (balanta)

posterior

54 mm
Habitat: PNC: mangal, savana arbustiva,
savana herbácea e terras agrícolas. Outros:
mosaicos subalpinos, pântanos e prados,
bordas das matas de galeria, canaviais e
pântanos. Altitude até 3850 m (Monte Ki-
limanjaro). Sempre perto de uma fonte de
água. Regime alimentar: carnívoro especializado
na caça de pequenos mamíferos (musara-
Observações: difícil, aparenta ser raro e
-nhos e roedores: 80-93,5 % da sua alimen-
discreto.
tação), pequenas aves de savana, ginetas,
Período de actividade: sobretudo diurno, mangustos, lebres, pequenos antílopes,
mas também nocturno consoante o com- repteis, anfíbios, insectos e frutos.
portamento das presas principais.
16 Predadores:17 crocodilo do Nilo, cão,
18 onça,
Tamanho: CCC 63-82 cm (♀), 59-92 cm (♂), leão, águia (ataca os juvenis) e o Homem.
CC 20-38 cm (♀/♂).
Comunicação: olfactiva (marcação do ter-
Peso: P 6-12.5 kg (♀), 7.9-18 kg (♂). ritório por ambos sexos com urina e ro-
çando as superfícies), visual (rituais de
Dimorfismo sexual: ♂ maior e mais pesa- posturas e saltos nos encontros), vocal
do que a ♀ (diversas vocalizações) e táctil (compor-
tamentos afiliativos, cuidados maternos,
Gestação: 65-75 dias. agressões e reprodução).

58
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Menor preocupação, espécie de distribuição ampla e relativamente


UICN, Internacional abundante.
Vulnerável e Criticamente em perigo na zona transfronteiriça de Ca-
PN Cantanhez cine.

O
serval é um felino de tamanho médio, no é formidável e os pesquisadores estimam
cabeça pequena pontiaguda, com gran- que 50-67% dos ataques sejam bem sucedidos
des orelhas, cauda curta, de membros (contra uma média de 10% estimada para ou-
compridos e corpo esbelto. O pelo é geralmen- tros felinos). À semelhança de outros felinos,
te amarelo dourado e malhado de preto, mas “brinca” muitas vezes com a presa, antes de
pode ser castanho salpicado de preto (forma come-la.
servalina) ou preto (forma com mais melanina).
O serval tornou-se raro na África Central e Oci-
O serval é solitário e territorial. Os adultos do dental. A degradação das zonas húmidas e pra-
mesmo sexo podem-se tolerar e raramente dos (frequentemente varridos por incêndios de
mostram-se agressivos. Os territórios vitais so- savana, sobrepastoreio e secas) levou ao declí-
brepõem-se largamente e são de 1,8-19,8 km² nio das populações de roedores e de aves. A
(♀) e 31,5 km² (♂). A densidade populacional caça (para o comercialização das peles e para a
pode chegar a 41 indivíduos / 100 km² em am- medicina tradicional) e as armadilhas em torno
biente muito favorável (Tanzânia). Muitas vezes de plantações também representam uma ame-
permanece numa área pequena, andando 2-6 aça. Presente em muitas áreas protegidas, figu-
km / dia-noite. ra no Anexo II da CITES.
A reprodução parece ocorrer sazonalmente,
com dois picos de nascimentos conhecidos:
Novembro-Março (África do Sul) e Agosto-No-
vembro (Leste da África). A ninhada é compos-
ta por 2-3 crias (até 6) que nascem cegas numa
toca, moita ou fenda. As crias são desmama-
dos e tornam-se autónomas aos 6-8 meses. Os
♂♂ são afastados do território mas as ♀♀ po-
dem ser toleradas. A maturidade sexual é atin-
gida por volta dos 2 anos.
O serval é um caçador especializado de savana
de herbáceas altas, que está activo principal-
mente à noite. Os longos membros permitem-
-lhe atingir os 80 km/h, identificar presas por
detrás das ervas, saltar de muito longe (0-4 m)
e alto (1 m). Apanha pássaros em voo ou “fer-
ra” os roedores no solo ao aterrar sobre estes
com as patas anteriores para a frente. As ore-
lhas longas conferem-lhe um sentido de audi-
ção especialmente desenvolvido. O serval na
caça pode permanecer completamente imóvel
por 15 minutos, de olhos fechados, tentando
ouvir as presas. A eficácia de caça deste feli-

Esperança de vida: 15 anos (♀) em meio Séni Camara exibindo uma pele de serval, aldeia de
selvagem, 20 anos em cativeiro. Cassentem (Cacine).

59
GATO DOURADO AFRICANO
13
Nome científico: Profelis aurata
14
Taxonomia: Mammalia
15
(C), Carnivora (O),
(Temminck, 1827) Felidae (F), Felinae (S/F).
Nome Inglês: African golden cat, golden cat
Nome Francês: Chat doré, chat doré africain

Habitat: PNC: mangal e floresta sub-hú-


mida. Outros: floresta húmida intacta até Gato dourado africano
aos 3600 m, floresta densa costeira, flo- fotografado em flores-
resta de galeria e de bambus de monta- ta densa sub-húmida.
nha. Plantações de bananas em floresta e
zonas de exploração em floresta abando-
nada. Evita meios áridos e abertos.

Observações: muito difícil. Trata-se de um


dos felinos menos conhecidos de África
devido à sua discrição.

Período de actividade: diurno e nocturno.

Tamanho: CCC
16
61.6-101 cm (♀/♂). CC 16.3- 18
17
37 cm (♀/♂).

Peso: P 5.3-8.2 kg (♀), 8-16 kg (♂).

Dimorfismo sexual: pronunciado. O ♂ é


mais pesado que a ♀.

60
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Quase ameaçada, espécie cujo declínio foi estimado em 20% em 15


UICN, Internacional anos.

PN Cantanhez Criticamente em perigo.

O
gato dourado africano tal como outros A caça será principalmente terrestre, embora
felinos, possui um corpo alongado e vi- tenha sido observada nas árvores.
goroso, uma cabeça curta e redonda,
A análise aos dejectos da onça revelou que
grandes caninos e molares pequenos, uma
esta caça o gato dourado africano. Os estu-
visão bifocal, excelente audição e uma face
dos indicam que este tende a evitar as áreas
expressiva. Possui dois morfotipos: verme-
onde a onça ocorre e a ocupar aqueles onde
lho-acastanhado ou cinza, e o preto com tons
ela está ausente. Endémica das florestas sub-
intermédios. A pelagem do ventre e da parte
-húmidas da África Ocidental e Central, a pre-
interior dos membros é malhada (com rosetas
sença da espécie na Guiné-Bissau continua
pequenas ou grandes).
por confirmar. Os habitantes do PNC reconhe-
Pouco estudado, o gato dourado africano é cem porem estes dois morfotipos. Descrevem
mal conhecido. É solitário, à excepção da ♀ a espécie como rara e que se alimenta entre
juvenil. A forma como a urina e os excremen- outros de aves de capoeira e nos mangais (ca-
tos são depositados sugere que se trata de um ranguejos e outros crustáceos). Aparentemen-
animal territorial. A ninhada inclui 1-2 crias. O te é substituído pelo caracal na floresta densa
desmame ocorre às 6 semanas (em cativeiro), seca, na arbustiva e nos pastos. A população
a maturidade sexual aos 11 meses (♀) e 18 me- desta espécie (≤10000 indivíduos) estará em
ses (♂) (em cativeiro). É quadrúpede, semi-ter- declínio, devido à transformação da floresta
restre e semi-arbóreo. densa sub-húmida em terras agrícolas e sava-
na arborizada e à caça, que alem de dizimar as
presas de que se alimenta, é lhe também diri-
gida para obtenção de carne e de partes usa-
das na medicina tradicional (peles usadas em
Gestação: 75 dias. circuncisões). Presente em muitas áreas pro-
tegidas, figura no anexo II da CITES.
Regime alimentar: carnívoro, pequenas
presas com 1.5-3.6 kg. Musaranhos e ou-
tros roedores (70%), pequenos duikers
(25%), primatas arborícolas mortos por
águias e caídos ao chão (5%), ratel e aves.
Aves de capoeira e presas capturadas em
armadilhas e laços.

Predadores: onça e o Homem.

Comunicação: desconhecida, mas prova-


velmente semelhante à de outros felinos:
vocalizações diversas, visual (muitas ex-
pressões faciais e posturas), olfactiva (vá-
rias marcações) e táctil (cuidado materno,
agressão, reprodução).

Esperança de vida: desconhecido em meio Gato dourado africano (morfotipo castanho-arruiva-


selvagem, 12 anos em cativeiro. do) caçando ao longo de um trilho florestal.

61
13 14

GATO BRAVO
Nome científico: Felis silvestris lybica
Taxonomia: Mammalia (C), Carnivora (O),
(Forster, 1780)
Felidae (F), Felinae (S/F).
Nome Inglês: African wild cat
Nome Francês: Chat sauvage d’Afrique,

anterior

36 mm
Chat orne
Nome crioulo: Gato bravo
Nomes locais: Tenenbell (nalu) - Ndondu

posterior
(fula) - Léum (balanta)

36 mm
Habitat: PNC: savana arbustiva, savana
herbácea e terras agrícolas. Outros: deser-
tos, florestas secas e mistas. Ausente na 16 17

floresta tropical húmida e nas zonas mais


áridas do Sahara.
náceos de preferência), mas também rep-
Observações: difícil, espécie discreta e teis, rãs e insectos.
assustadiça.
Predadores: grandes felinos, ratel, águia-
Período de actividade: especialmente noc- -real (captura as crias), cão (captura os adul-
turno, mas também diurno. tos) e o Homem.
Tamanho: CCC 40.6-64 cm (♀), 44-75 cm Comunicação: visual (numerosas expres-
(♂). CC 21.5-37.5 cm (♀/♂). sões faciais e posturas corporais e de
cauda), vocal (reportório diversificado e
Peso: P 2-5.8 kg (♀), 2-7.7 kg (♂).
com nuances: meados, ronrons, gritos,
Dimorfismo sexual: pouco evidente. uivos…), olfactiva (jactos de urina, esgra-
vatar o solo com as patas posteriores, fric-
Gestação: 56-68 dias. ção…) e táctil (saudações, agressões, apa-
ziguamento, cuidados maternos …).
Regime alimentar: carnívoro. Roedores
(ratos) e outros pequenos mamíferos com Esperança de vida: 11 anos em meio selva-
tamanho até ao de uma lebre, aves (gali- gem e 15 anos em cativeiro.

62
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e comum em


UICN, Internacional África.

PN Cantanhez Pouco preocupante, espécie aparenta ser abundante e comum.

O
gato bravo assemelha-se ao gato do-
méstico do qual distingue-se pelas
orelhas vermelhas e unidas, membros
mais longos e uma postura sentada mais
erecta. A pelagem é cinza e listrada, mais co-
lorida no dorso, orelhas e ventre. O membros
são raiados. A pelagem é mais escura nos ha-
bitats húmidos.
Tratar-se-á do ancestral do gato doméstico do
qual divergiu há 100.000 anos. Está ligado ao
desenvolvimento da agricultura: atraído por
roedores que prosperaram perto de aldeias e
de colheitas, ele terá sido domesticado.
Os membros anteriores e posteriores do gato bravo,
É solitário e territorial. O tamanho do territó- são raiadas a preto e são mais altos do que os do ga-
rio vital é de 6-13 km² (até 51,2 km² em zona to doméstico.
árida). O do ♂ cobre o de 1-3 ♀♀. O território
é marcado pelos dois sexos: jactos de urina,
arranhões em árvores, dejectos enterrados.
Possuem glândulas de marcação ao nível do
ânus, queixo, bochechas e provavelmente en-
tre as almofadas das patas. As ♀♀ são mais
territoriais. As densidades variam de 0.7-10
gatos / km².
A ♀ está em ovulação 5-9 dias /ciclo. A ni-
nhada tem 2-6 crias que é abrigada numa to-
ca. As crias são desmamadas aos 3-4 meses e
tornam-se autónomas aos 5-10, sexualmente
maduras aos 9-12 meses, e começam a repro-
duzir-se aos 18-22 meses.
A caça faz-se por aproximação, de preferência
de manhã e à noite. O gato bravo salta (até 1
m) sobre a presa que é morta por estrangula-
mento. Foram observados grupos familiares a
cooperar na caça.
A espécie está em declínio, ameaçada princi-
palmente pelo forte ritmo de hibridação com
o gato doméstico, que é o principal competi-
dor pelas presas e o espaço, mas também um
transmissor de doenças perigosas. No PNC,
o gato bravo é descrito como relativamente
abundante nos arredores de aldeias e cultu-
ras onde procuras presas. Presente em muitas
áreas protegidas, figura no Anexo II da CITES. Face típica do gato bravo.

63
13 14 15

HIENA MALHADA
Nome científico: Crocuta crocuta (Erxleben, Taxonomia: Mammalia (C), Carnivora (O),
1777) Hyenidae (F).
Nome Inglês: Spotted hyaena

posterior anterior

96 mm
Nome Francês: Hyène tachetée
Nome crioulo: Lubu
Nomes locais: Numpum (nalu) - Bonoru

89 mm
(fula) - Gholl (balanta)

Habitat: PNC: savana arbustiva e savana


herbácea (Balana e Bendugu). Outros: to-
dos os outros habitats (semi-deserto,
16
sava- Gestação: 110
17 dias. 18

nas de Acacia, pasto de montanha, estepe


árida até aos 4100 m de altitude (Etiópia) Regime alimentar: carnívoro oportunista,
excepto a florestas tropical húmida e as zo- excelente caçador (60-95% da alimentação).
nas mais áridas. Pequenos mamíferos, porcos de mato, ga-
zela, cabras e búfalo. Provoca muitos danos
Observações: muito difícil, a população do nas criações de ovinos e caprinos.
PNC aparenta ter se tornado muito rara.
Predadores: leão e o Homem.
Período de actividade: diurno e nocturno.
Comunicação: complexa e ligada a rela-
Tamanho: CCC 115-160 cm (♀/♂). CC 21- ções sociais altamente desenvolvidas.
31.5 cm (♀/♂). AG 73.5-88.5 (♀), 70-87 cm Visual (várias posturas), vocal (o caracte-
(♂). rístico e ruidoso «whou-oup» que pode
ser ouvido até 5 km, o «riso» de apazigua-
Peso: P 56-86 kg (♀), 49-79 kg (♂). mento...), olfactiva (secreções hormonais
e marcações) e táctil (comportamentos
Dimorfismo sexual: pouco evidente, o afiliativos, cuidados maternos, agressão,
peso das ♀♀ é em média 12% superior reprodução).
ao dos ♂♂. Isto deve-se a uma produção
de testerona mais significativa por parte Esperança de vida: 12-16 anos (até aos 20)
da ♀. em meio selvagem e 41 anos em cativeiro.

64
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante


UICN, Internacional (>10000 Animais maduros).

PN Cantanhez Criticamente em perigo, população quase extinta.

A
hiena malhada é um grande carnívoro, as tochas das quais se reconhece facilmente o
de cauda curta, parte dorsal inclinada cheiro (a glândula anal). Podemo-nos proteger
para trás, com uma cabeça e orelhas das hienas dando a comer ao gado, pedaços de
grandes arredondadas. A pelagem é amarela pele, coração ou das partes genitais em pó. Na
ou cinza, malhada de preto. A ♀ é maior, tem crença local matar uma hiena é perigoso por-
um enorme clítoris e falso escroto. que pode atrair a vingança do proprietário.
A hiena vive em clãs de 10-80 indivíduos, À excepção da África do Sul, a hiena malhada
constituídos por ♀♀ aparentadas, crias e por está em declínio em África (população estima-
♂♂ jovens e adultos imigrantes. O território da em 28.000 a 48.000 indivíduos). As principais
do clã é comum, mas os indivíduos deslocam- causas são o envenenamento, as armadilhas, a
-se sozinhos ou em pequenos grupos. O tama- perda de habitat e a redução na abundância de
nho do território varia entre 20 km² (Tanzânia) presas. Presente em muitas áreas protegidas,
e os 1.500 km² (Kalahari), e a densidade po- é classificada de forma diferente consoante o
pulacional de 0,6-0,8 hiena / 100 km² (Kalahari país, desde “abundantes” (Etiópia) a “comple-
e Namib) a 170 hienas/100 km² (Tanzânia). As tamente protegidas” em muitos parques nacio-
♀♀ são dominantes e transmitem o estatuto nais na África. Não figura na CITES.
hierárquico às filhas. O sistema social é do ti-
po de fissão-fusão com dispersão dos ♂♂
que abandonam o grupo natal. O tamanho do
território e densidade de presas determina o
tamanho do clã.
A ♀ no cio emite um grito de que se asseme-
lha a um desdém. A reprodução não é sazonal,
1-3 crias nascem numa toca comum ao clã. A
amamentação prolonga-se por 13-24 meses. A
maturidade sexual é atingida aos 2 anos (♀) (a
1ª reprodução aos 3-6 anos) e 3 anos (♂). Os
progenitores ♂♂ têm um papel muito limita-
do e geralmente permanecem longe das crias.
A hiena é um caçador persistente, que pode
correr a mais de 40 km / h durante 15 minutos
e rápido (até 50-60 km / h). Caçam sozinhos ou
em grupos e raramente escondem as presas. A
mandíbula é extremamente poderosa e permi-
te esmagar os ossos. Possui um sistema diges-
tivo que assimila tudo.
Já foi abundante no norte do PNC onde ata-
cava o gado. A carne da hiena é considerada
um veneno pelos locais e não entra na dieta
alimentar. Na bruxaria africana, o papel des-
ta espécie é muito importante: as bruxas más
através das hienas lançam feitiços malignos,
rindo. Alimentam-se do leite e da manteiga da Hienas malhadas devoram uma presa, cobiçada por
hiena, que serve também de combustível para um grupo de necrófagos (em cima).

65
13 14 15

Chacal de flancos raiados


Nome científico: Canis adustus Taxonomia: Mammalia (C), Carnivora (O),
(Sundevall, 1847) Canidae (F).
Nome Inglês: Side-striped jackal

anterior

48 mm
Nome Francês: Chacal à flancs rayés
Nome crioulo: Djurto
Nomes locais: Mbunc (nalu)
Ndondu-dané (fula) - Taf Nafé (balanta) posterior

53 mm
Habitat: PNC: savana arbustiva, savana
herbácea e terras agrícolas. Outros: ao re-
dor das florestas
16 (até aos 1700 m).17Ausen- 18
Regime alimentar: omnívoro. Frutos, se-
te das zonas mais áridas. Substitui o gato
mentes, cereais, pequenos roedores, le-
dourado africano nas zonas húmidas e de
bres, aves, insectos e resíduos orgânicos.
vasa.
Predadores: grandes carnívoros, especial-
Observações: difícil.
mente o cão e o Homem.
Período de actividade: especialmente cre-
Comunicação: vocal (grito explosivo, lati-
puscular e nocturno, mas também diurno.
do de socorro, grunhidos, uivos, gemidos e
Tamanho: CCC 65-76 cm (♀), 66-81 cm (♂). gritos (assemelhando-se a buzinas), olfac-
CC 30-41 cm (♀/♂). AG 41-48 cm (♀/♂). tiva (secreções hormonais sexuais, anais
e marcações), visual (várias posturas e ex-
Peso: P 6.2-10 kg (♀), 5.9-12 kg (♂). pressões faciais) e táctil (comportamento
sexual, afiliativo, materno e agressão).
Dimorfismo sexual: pouco evidente.
Esperança de vida: 10 anos em cativeiro
Gestação: 57-60 dias. (desconhecido em meio selvagem).

66
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e que aparenta


UICN, Internacional estar estável.

PN Cantanhez Dados deficientes.

O
chacal de flancos raiados é um animal densa, enquanto o chacal comum domina os
carnívoro de pelagem cinza malhada mais abertos.
com uma faixa preta nos flancos e com
Acusado de matar as ovelhas e de ser um vec-
pelos brancos na ponta da cauda. Possui os
tor da raiva, é alvo de caça. Apesar disso, a po-
membros e as orelhas mais pequenos do que
pulação parece estar estável. Presente em mui-
os outros chacais.
tas áreas protegidas, não figura na CITES e não
Monogâmico, o casal ♂♀ pode manter-se jun- tem estatuto legal de protecção fora das áreas
to toda a vida e vive num território cujo núcleo protegidas.
central é exclusivo (e defendido), mas as abor-
dagens são compartilhadas com casais vizi-
nhos. As crias com um 1 ano formam muitas
vezes com os pais um grupo de 1-7 indivíduos e
vivem no território dos progenitores. O territó-
rio é 0,15-0,56 km² (fora do período de reprodu-
ção) e 0.551.6 km² (período de reprodução). As
densidades variam de 0,07 chacais / km² (Sene-
gal) a 0,5-0,8 chacais / km² (Zimbabwe).
A reprodução é sazonal. O acasalamento ocor-
re em Junho-Julho. Os nascimentos ocorrem
de Agosto a Novembro numa toca (toca de
um porco formigueiro numa termiteira). Esta
é composta por um espaço principal (para o
descanso, acasalamento e parto) e 2 túneis que
permitem a fuga em caso de perigo. A ninhada
é composta por 4-6 crias que são desmamadas O chacal de flancos raiados é principalmente noc-
às 8-10 semanas e que estão sexualmente ma- turno.
duras aos 11 meses. Durante várias semanas
após o parto, o ♂ parte sozinho em busca de
comida que traz para a toca. Mais tarde esta ta-
refa é compartilhada por ambos sexos.
Desloca-se sempre sozinho, às vezes em gru-
pos familiares. Escava o terreno à procura de
térmites e esconde a carne antes de se alimen-
tar dela. A adaptação da espécie ao nicho eco-
lógico tropical explica a ausência de raposas na
África Central.
Habita na proximidade das aldeias e de algu-
mas cidades, não hesitando em caçar aves de
capoeira ou pilhar as plantações. No PNC, ali-
menta-se também de amendoim. Se houver
espécies simpátricas como o chacal comum,
passa a ocupar um nicho ecológico diferente,
o que reduz a competição. O chacal de flan- O chacal de flancos raiados é um animal solitário,
cos raiados prefere os habitats com vegetação omnívoro, que é observado mais facilmente à noite.

67
CHACAL COMUM
19
Nome científico: Canis aureus
20
Taxonomia: Mammalia (C), Carnivora (O),
(Linnaeus, 1758) Canidae (F).
Nome Inglês: Golden jackal, Asiatic jackal,
common jackal
Nome Francês: Chacal doré, chacal commun
Nome crioulo: Djurto
Nomes locais: Mbunc (nalu)
Taf Nafé (balanta)

Habitat: paisagem descoberta, árida, até


mais de 3000 m de altitude, semi-deserto,
pastagens de tamanho pequeno a médio e
savanas africanas.
Regime alimentar: omnívoro. Invertebra-
Observações: difícil, espécie assustadiça dos, pequenos vertebrados, bolbos, bagas
e que evita o Homem. e frutos caídos.

Período de actividade: sobretudo noctur- Predadores: hiena malhada, onça, leão e o


no, activa ao crepúsculo e ao amanhecer, Homem.
raramente diurna.
Comunicação: visual (numerosas expres-
Tamanho: CCC 65-105 cm (♀/♂). CC 18-27 sões faciais22 e posturas), vocal (latidos,
23
ge-
cm (♀/♂). midos, gritos, uivos), olfactiva (marcação
territorial com dejectos) e táctil (catação,
Peso: P 6-15 kg (♀/♂). saudações, cuidado materno, agressão e
reprodução).
Dimorfismo sexual: pouco evidente.
Esperança de vida: 8 anos em meio selva-
Gestação: 63 dias. gem, 16 anos em cativeiro.

68
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Pouco preocupante, espécie largamente distribuída e muito abun-


UICN, Internacional dante.

PN Cantanhez Dados deficientes.

O
chacal comum é um quadrúpede carní- desérticos. O chacal comum está em declínio,
voro médio, com longos e finos mem- devido à modernização e industrialização da
bros, focinho longo e cauda espessa que pecuária e da agricultura, urbanização (destrui-
termina num tufo preto. É cor de areia, com lis- ção de habitat e das presas), às campanhas de
tras no dorso. Este é um carnívoro adaptado à envenenamento e de caça em algumas áreas.
caça. Presente em muitas áreas protegidas, figura no
anexo III da CITES (Índia).
É um animal monogâmico e territorial. Vive
em grupos familiares, os casais podem ocu-
par o mesmo território quando os recursos são
abundantes (até 20 indivíduos). Ambos sexos
defendem em permanência um território de
0,5-4 km² que abandonam apenas para ir a uma
fonte de água caso esta se localize no exterior
do mesmo. Durante os períodos de seca, po-
de sobreviver direccionando a dieta exclusiva-
mente aos invertebrados.
O chacal comum protege-se refugiando-se nu-
ma toca, especialmente nas planícies. A ninha-
da é de 1-9 crias, que são desmamadas na ado-
lescência (8-10 semanas). Podem permanecer
com os progenitores até aos 20 meses. Certos
juvenis tornam-se “ajudantes”. A principal van-
tagem desta estratégia comportamental é ter a
oportunidade de explorar novos territórios ao
redor, tendo uma base segura. Assim, apenas
os “ajudantes” atravessam regularmente as
fronteiras do território.
As relações familiares do chacal comum são
geralmente amigáveis. Enquanto os jovens
permanecem com os adultos, estes mantêm-
-se sexualmente inibidos. Os progenitores não
perseguem os jovens e raramente são agressi-
vos com eles. Raramente regurgitam para ali-
mentar os “ajudantes”, porem compartilham
com estes as presas que capturam. A proximi-
dade social entre os membros de uma mesma
família é forte e a catagem social vigente. Os
combates duros entre irmãos são raros. Os jo-
vens envolvidos na defesa do território lutam
contra indivíduos externos, do mesmo sexo.
A adaptação a ambientes áridos tem sido o O chacal comum sai à noite para se alimentar, não
principal determinante da vasta área de distri- desdenhando os frutos caídos ao chão (acima). As
buição no Norte e Leste de África. É, assim, a pegadas assemelham-se bastante às do cão domés-
espécie de chacal mais adaptada aos habitats tico e do chacal de flancos raiados.

69
LONTRA DO CABO
Nome científico: Aonyx capensis 19 20
Taxonomia: Mammalia (C), Carnivora21(O),
(Schinz, 1821) Mustelidae (F), Lutrinae (S/F).
Nome Inglês: African clawless otter, Cape

100-110 mm 85-90 mm
clawless otter

posterior anterior
Nome Francês: Loutre à joues blanches du Cap
Nome crioulo: Londre
Nomes locais: Maféf (nalu)
Baré-N’diam (fula) - Nam-Nim (balanta)

Habitat: PNC: mangal, floresta densa sub-


-húmida, savana arbustiva, savana her-
bácea húmida, litoral (na proximidade de Gestação: 60-63 dias.
agua doce) e rio.
Regime alimentar: carnívoro especializa-
Observações: fácil ao longo das «bola- do em crustáceos. Caranguejos, lagostins
nhas» (arrozais) sobre as superfícies ro- e lagostas, mas também peixes, polvos,
chosas ao longo das margens dos rios sapos, caracóis, pequenos mamíferos (ro-
Cacine e Cumbijã, por serem ricas em edores, musaranhos) e aves.
crustáceos e peixes, ou nas latrinas.
Predadores: crocodilo do Nilo, águia (oca-
Período de actividade: principalmente noc-
22
sionalmente)
23 e o Homem (sobretudo).
24

turno-crepuscular, mas também diurno nas


zonas não perturbadas. Comunicação: visual (diferentes posturas
e expressões faciais), vocal (assobios, sus-
Tamanho: CCC 73-73.6 cm (♀), 76.2-88 cm piros, gemidos e gritos), olfactiva (secre-
(♂). CC 46.5-51.5 cm (♀/♂). ções anais, dejectos, urina, fricção sobre
um substrato) e táctil (Higiene, cuidados
Peso: P 10.6-16.3 kg (♀), 10-21 kg (♂). maternos, agressão e reprodução ...).

Dimorfismo sexual: pouco evidente. mas Esperança de vida: 10 a 12 anos em meio


o ♂ é ligeiramente maior que a ♀. selvagem e 15 anos em cativeiro.

70
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

Pouco preocupante, espécie que aparenta ser abundante nos man-


PN Cantanhez gais e nas florestas sub-húmidas ao longo dos rios Cacine e Cumbijã.

A
lontra do Cabo é um animal de pela- No PNC existe a crença de que possui uma
gem castanha e pelo grosso. O focinho, pele capaz de resistir às balas das armas.
pescoço e a parte superior do peito é
Embora seja amplamente distribuída e abun-
branca ou cinza claro. A pelagem é espessa,
dante, encontra-se ameaçada por qualquer
impermeável, densa e brilhante. As patas são
forma de degradação significativa do seu am-
parcialmente espalmadas. Contrariamente às
biente como a poluição, assoreamento e eu-
anteriores, as posteriores são dotadas de pe-
trofização, mas também pela caça (para ob-
quenas garras que são utilizadas para cuida-
tenção de carne, uso na medicina tradicional
rem da higiene.
ou represália pelos furtos de peixe que reali-
As ♀♀ são principalmente solitárias. Os ♂♂ za nas redes de pesca). Presente em muitas
são solitários mas também vivem em gru- áreas protegidas, figura no Anexo I (Cama-
po (≤ 5 indivíduos) no mesmo território. Os rões, Nigéria) e anexo II (em outros países)
membros do grupo seguem um sistema de da CITES.
fissão-fusão, deslocam-se sozinhos mas re-
agrupam-se e partilham as presas maiores.
Os territórios das ♀♀ que não são aparenta-
das sobrepõem-se pouco. Estas são bastan-
te territoriais entre si. Os dos ♂♂ podem ser
amplos e incluem os das ♀♀ juvenis. O ter-
ritório médio é de 17 km (♀) e 42 km (♂) em
bancos em água doce (África do Sul). A densi-
dade populacional é de 1 / 1,4-5 km de costa.
A reprodução aparenta não possuir um ca-
rácter sazonal. Ocorre porem um pico de nas-
cimentos durante a estação da chuva. A ni-
nhada é de 1-3 crias. Nascem com uma pe-
le cor de cinza e são desmamadas aos 45-60
dias. Deixam as progenitoras o mais tardar
até completarem 1 ano de vida.
A espécie é terrestre e aquática. Pesca sozi-
nha (sem cooperação). As mãos são espe-
cializadas para prospectar a vasa na procu-
ra de crustáceos cuja carapaça é esmagada,
por uma dentição forte (escamas e ossos de
peixes de porte grande, idem). As presas em
fuga são detectadas pelos bigodes que pos-
sui. A lontra europeia e o mangusto do pân-
tano são os principais concorrentes alimen-
tares. Repousa em locais por entre a vegeta-
ção, nas rochas ou em tocas. Os sinais mais
comuns de sua presença são as pegadas, os
restos de caranguejos e os dejectos espalha-
das pelo território. Lontra do Cabo em posição bípede.

71
LONTRA EUROPEIA
Nome científico:19Hydrictis maculicollis 20 Taxonomia: Mammalia
21 (C), Carnivora (O),
(Lichtenstein, 1835) Mustelidae (F), Lutrinae (S/F).
Nome Inglês: Spotted-necked otter,
speckle-throated otter, spot-necked otter

60-70 mm 60-65 mm
anterior
Nome Francês: Loutre à cou tachete
Nome crioulo: Londre
Nomes locais: Mafuetum (nalu)

posterior
Baré-N’diam (fula) - Nam-Nim (balanta)

Habitat: PNC: mangal, floresta densa sub-


-húmida, savana arbustiva, savana herbá-
cea húmida e rio. Outros: grandes lagos,
Regime alimentar: carnívoro / (sobretudo
ribeiras, bacias até 2500 m de altitude,
piscícola). Pequenos peixes ≤20 cm (ciclí-
bancos rochosos de vegetação densa.
deos, peixes gato, barbos, tilápias, trutas
Observações: fácil, espécie abundante nos introduzidas), mas também: caranguejos,
mangais e nas florestas ribeirinhas dos moluscos, insectos aquáticos e respectivas
Rios Cacine e Cumbijã, mas ausente das larvas e aves.
costas atlânticas.
22
Predadores:
24
crocodilo do Nilo e o Homem.
23

Período de actividade: diurno.


Comunicação: vocal (assobios, guinchos
Tamanho: CCC 57.5-76 cm (♀/♂). CC 38.5- agudos, gritos de saudação, gemidos),
44 cm (♀/♂). olfativa (marcações com glândulas anais,
depósitos de dejectos e urina em latrinas,
Peso: P 3.5-4.7 kg (♀), 4.5-6 kg (até 9) (♂). fricções no substrato), visual (várias pos-
turas) e táctil (catagem, cuidados mater-
Dimorfismo sexual: pouco evidente, o ♂ é nos comportamento afiliativo, agressão e
ligeiramente maior que a ♀. reprodução).

Gestação: 60 dias. Esperança de vida: desconhecida.

72
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Pouco preocupante , espécie de ampla distribuição mas com a popu-


UICN, Internacional lação em declínio.
Pouco preocupante, espécie que aparenta ser comum nos mangais
PN Cantanhez e nas florestas ribeirinhas dos rios Cacine e Cumbijã.

A
lontra europeia é a menor lontra de Áfri-
ca. De cor castanha, às vezes averme-
lhada. O pescoço, peito e, por vezes, o
ventre possuem manchas brancas ou em tom
creme, formando um padrão específico em ca-
da indivíduo. Os dedos são espalmados e com
garras. O chamamento mais característico é
um assobio agudo e discreto.
O sistema social desta espécie é flexível. Os
adultos são geralmente solitários. A ♀ e as
crias formam pequenos grupos familiares de
2-5 indivíduos. Podem ocorrer grupos gran- Lontra europeia coçando a orelha com a pata poste-
des (≤21) compostos por adultos não-reprodu- rior. As membranas dos dedos nas patas posteriores
tores (principalmente ♂♂). A espécie não pa- estão claramente em evidência na fotografia.
rece ser territorial. Os territórios vitais médios
são de 5,8 km² (♀) e 16,2 km² (♂) sobrepondo- bro (Lago Vitória). A descendência é composta
-se em grande parte. Possui latrinas muito evi- por 2-3 crias.
dentes, onde são depositados os excrementos Esta lontra apenas deixa a água para comer,
e a urina. As latrinas são compartilhadas por dormir, aquecer-se e marcar o território. Usa a
indivíduos que ocupam o mesmo território. visão para a caça (contrariamente à lontra do
A reprodução será sazonal: o acasalamento Cabo) em águas claras. As presas são captu-
ocorre em Julho e os nascimentos em Setem- radas na água (50% de mergulhos), principal-
mente, a menos de 10 m da costa e consumi-
das nos bancos. Ao contrário da lontra do Ca-
bo, a lontra europeia está ausente dos litorais
marinhos e do redor dos estuários. Desloca-se
pouco para longe dos bancos (é menos terres-
tre por possuir patas espalmadas, as membra-
nas natatórias).
A postura de cabeça erguida fora da água co-
mo um periscópio valeu-lhe uma crença gene-
ralizada na África. É por essa razão apelidada
de “onça de água” na África Central e de “Hie-
na de água” no Leste de África. No PNC, existe
a crença de possuir uma pele blindada, resis-
tente às balas de armas.
A população está em declínio em grande parte
da sua área de distribuição devido ao assorea-
mento, à poluição e ao afogamento nas redes
de pesca. Também é caçada pela carne, peles
e partes do corpo (para servir a medicina tra-
dicional) ou em retaliação por furtar peixe nas
redes. Presente em muitas áreas protegidas,
Latrina da lontra europeia. figura no Anexo II da CITES.

73
RATEL
Nome científico: Mellivora capensis
(Schreber, 1776) 25
Taxonomia: Mammalia (C), Carnivora (O),
26

Nome Inglês: Honey badger Mustelidae (F), Mellivorinae (S/F).


Nome Francês: Ratel

anterior
Nomes locais: Dagaméré (fula)

54 mm
Habitat: PNC: floresta densa sub-húmida,
floresta densa seca, savana arbustiva, sa-

posterior

81 mm
vana herbácea e litoral. Outros: do deserto
árido (Sahara e Namibia) à floresta húmi-
da e à charneca afro-alpina.

Observações: muito difícil, animal raro e


discreto (vive em densidades muito bai-
xas).
veneno. Outros: invertebrados (especia-
Período de actividade: preferencialmente lizado em insectos sociais), aves, ovos,
nocturna, mas pode ser diurna. frutos, bagos, sementes e mel. Ocasional-
mente: pequenos ungulados e ladrão de
Tamanho: CCC 74-96 cm (♀/♂). CC 14.3-26 presas de outros carnívoros.
cm (♀/♂). AG 30 cm (♀/♂).
Predadores: onça, leão, hiena malhada e
Peso: P 6.2-13.6 kg (♀), 7.7-14.5 kg (♂). o Homem. 28 29

Dimorfismo sexual: importante, o ♂ é 1/3 Comunicação: visual (diversas posturas),


mais pesado que a ♀. vocal (numerosas vocalizações, gemidos),
olfactiva (secreções hormonais e marca-
Gestação: 50-70 dias. ções) e táctil (comportamento afiliativo,
cuidados maternos, agressão, reprodu-
Regime alimentar: omnívoro oportunista. ção).
Principais presas: pequenos mamíferos
(≤2 kg) e répteis (varano, jibóia, cobra do Esperança de vida: 7 anos em meio selva-
Cabo, cuspideira). Elevada tolerância ao gem e 28 anos em cativeiro.

74
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e cuja população


UICN, Internacional é estável.
Dados deficientes. A presença no PNC foi referida por alguns habi-
PN Cantanhez tantes mas permanece por confirmar.

A
ratel é um carnívoro maciço e bicolor:
os flancos e a parte inferior pretos con-
trastam com o pelo prateado a cinzento
escuro. Indivíduos pretos (com mais melanina)
estão presentes na floresta. A pele muito es-
pessa e larga protege-a das picadas de cobra,
de abelhas e de outros predadores. As garras
altamente desenvolvidas habilitam-na a esca-
var o solo e a destruir termiteiras.
É um animal terrestre, na maior parte do tempo
solitário (casais de ♂♀ são por vezes observa-
dos) e não territorial. No Kalahari, o território A ratel é um animal truculento com poderosas gar-
vital médio é de 126 km² (85-194 km²) (♀) e 541 ras nas patas.
km² (229-776 km²) (♂). O do ♂ cruza com o de
13 ♀♀ no máximo. Os ♂♂ cujos territórios se A ratel é um predador feroz que pode enfrentar
sobrepõem de forma ampla, parecem preferir um leão. É conhecido pela coragem, tenacida-
evitarem-se a investir numa defesa activa. As de e pelo insaciável apetite. Crenças africanas
♀♀ possuem territórios mais exclusivos, que referem que caça grandes ungulados castran-
aparentemente não defendem. A ratel percor- do-os e que se associa a uma ave indicadora (o
re no máximo 40 km / dia, mas em média 14 1º precisa do 2º para descobrir uma colmeia e
km / dia (♂) e 8 km / dia (♀). As densidades co- o 2º para abri-la).
nhecidas são de 0,03-0,1 ratel / km² (contagens
As armadilhas e a caça para obtenção da car-
nocturnas.
ne e de partes usadas na medicina tradicional
A reprodução não é sazonal. Os ♂ acasalam (pernas, pele e órgãos) são responsáveis por
com as ♀♀ que vivem no território destes. O declínios locais na população. Presente em
acasalamento dura vários dias e caracteriza-se muitas áreas protegidas, apenas a população
por ser violento e barulhento. A ninhada é com- de Botswana figura no anexo III da CITES.
posta por 1 cria (raramente 2) que nasce numa
toca onde permanece até o desmame (2-3 me-
ses). Em caso de perigo, a ♀ transporta-o na
boca, para fora. É totalmente independente e
sexualmente maduro aos 16-22 meses que é
quando já caça sozinho. A taxa de mortalidade
em área protegida é de 46% para os jovens que
ainda não se tornaram independentes e 34%
para os adultos (Kalahari). As causas de morte
são a fome, os predadores e infanticídio.
A ratel caça cobras agitando os ramos das ár-
vores para fazê-las cair. Muito inteligente, evita
os dentes venenosos e mata a presa pela cabe-
ça. Após remover os dentes o festim começa
pela cabeça. Também procura o mel, rasgando
as colmeias com as poderosas garras. Aprecia
os restos de palmeiras cortadas e é atraída pe- Ratel seguindo uma pista pelo cheiro e fotografada à
las aldeias. noite por uma câmara de disparo automático.

75
19 20 21

ZORRILHO AFRICANO
Nome científico: Ictonyx striatus (Perry, 1810)
Nome Inglês: Striped polecat, african polecat, Taxonomia: Mammalia (C), Carnivora (O),
zorilla Mustelidae (F).
Nome Francês: Zorille Commune

20-28 mm
anterior
Habitat: PNC: Savana arbustiva, savana
herbácea e terras cultivadas. Outros: mon-
posterior
tanha ate 4000m, floresta árida.

20-26 mm
Observações: difícil.

Período de actividade: nocturno.


22 23 24
Tamanho: CCC 28-38 cm (♀/♂). CC 16.5-28
cm (♀/♂). AG 10-15 cm (♀/♂).

Peso: P 0.4-1.4 kg (♀), 0.7-1.5 kg (♂).

Dimorfismo sexual: pouco evidente.

Gestação: 36 dias.

Regime alimentar: carnívoro e insectívoro.


Sobretudo: pequenos roedores e insectos.
Outros: répteis (inclui cobras venenosas),
anfíbios, aves, ovos, aracnídeos e outros
invertebrados. Ocasionalmente: aves do-
mésticas.
O zorilho africano é um pequeno mustelideo preto e
Predadores: pouco conhecidos. Grandes branco com manchas brancas características sobre a
rapinas (sobretudo nocturnas) e o cão. fronte e têmporas.

76
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Dados deficientes.

O
zorrilho é um carnívoro de porte mé- também pode surpreender as presas e lan-
dio, de pelo preto e estriado com 4 çar-se sobre elas. A maioria das presas são
listras brancas laterais, entre a parte detectadas pelo odor. As cobras e os gran-
superior da cabeça e a cauda. Esta última é des ratos são mortos com mordidas rápidas
branca, com alguns pelos pretos. Tem três e profundas (até que não se movam). Em ca-
manchas brancas na testa e nas têmporas. so de ameaça, exala uma secreção anal forte
e repugnante.
O comportamento social e espacial é desco-
nhecido. Os ♂♂ são principalmente solitá- O comportamento nocturno fez do zorrilho
rios. Em cativeiro, mostram-se muito intole- uma espécie muito pouco conhecida. São ne-
rantes entre si, mas as ♀♀ toleram as outras cessários mais estudos sobre a ecologia e de-
famílias. A catagem mútua tem sido obser- mografia para esclarecer o estatuto de con-
vada com frequência. As ♀♀ evitam os ♂♂ servação da espécie.
excepto durante o cio. O comportamento re-
Apesar da área de distribuição ser limitada,
lativamente pacífico e tolerante em cativeiro
é uma espécie comum devido à capacidade
sugere que a espécie não é de natureza ter-
de adaptação a uma grande variedade de ha-
ritorial.
bitats. A caça local para obtenção de carne
A reprodução da espécie é pouco conheci- poderá porem representar uma ameaça. Pre-
da. Foram observados nascimentos de No- sente em muitas áreas protegidas, não figura
vembro a Fevereiro na África Austral e ♀♀ a em nenhum anexo da CITES.
amamentar de Fevereiro a Outubro na África
Oriental. A ninhada é de 2-3 jovens (até 5). Os
recém-nascidos ganham capacidade de visão
partir de 40 dias. Abandonam a toca na com-
panhia da progenitora ao fim de 60 dias. São
desmamados às 8 semanas. O 1ºparto ocorre
nas ♀♀ aos 10 meses (em cativeiro).
O zorrilho procura alimento nas horas mais
frescas da noite, a maior parte da caçada tem
lugar entre 22h e a madrugada. Caminha de
forma rápida e por longas distâncias, mas

Comunicação: Vocal (grunhidos, latidos,


assobios, gritos e gemidos), olfactiva
(secreções hormonais. Anais (defesa) e
outros), visual (várias posturas, cabelo
eréctil, posição da cauda) e táctil (com-
portamento afiliativo, cuidados mater-
nos, agressão e reprodução).

Esperança de vida: 13,3 anos em cativeiro O zorrilho é um formidável pequeno predador noc-
(desconhecida em meio selvagem). turno.

77
19 20 21

MANGUSTO DAS PALMEIRAS


Nome científico: Nandinia binotata binotata
Taxonomia: Mammalia (C), Carnivora (O),
(Gray, 1830)
Nandinidae (F).
Nome Inglês: African palm civet, two-
spotted palm civet

anterior

35 mm
Nome Francês: Nandinie, Civette palmiste
africaine, Chat huant.
Nome crioulo: Sunculum

posterior

35 mm
Habitat: PNC: Floresta densa sub-húmida,
floresta densa seca e savana arbustiva.
Outros: floresta densa húmida, floresta de
galeria, floresta
22
de montanha, floresta
23
se- 24
cundária e explorada. Plantações agríco- polpa do fruto da palmeira de chabéu.
las na proximidade de florestas. Frutos de cultivo: bananas, maracujá e pa-
paia. Outros: pequenos mamíferos, aves,
Observações: difícil, a espécie é muito dis-
ovos, artrópodes.
creta e nocturna.
Predadores: desconhecidos para além do
Período de actividade: nocturna.
Homem. As rapinas diurnas e nocturnas
Tamanho: CCC 37-62.5 cm (♀/♂). CC 34- são uma possibilidade.
76.2 cm (♀/♂).
Comunicação: vocal (muito diversificada,
Peso: P 1.2-3 kg (♀/♂). com um « Hou, Hou, Houuuu » vigoroso
e territorial…), olfactiva (marcações com
Dimorfismo sexual: pouco evidente. glândulas perineais do território e de ar-
vores de fruto), táctil (comportamento afi-
Gestação: ≈64 dias. liativo, cuidados maternos, agressão e re-
produção).
Regime alimentar: principalmente frugí-
voro (80% da alimentação). Frutos selva- Esperança de vida: 16,4 anos em cativeiro
gens: paletúvios de água doce, fruta-pão, (desconhecido em meio selvagem).

78
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de distribuição ampla e abundante.

Dados deficientes, muito provavelmente em declínio devido á conver-


PN Cantanhez são das florestas em terras agrícolas.

O
mangusto das palmeiras é a única es- A reprodução parece sazonal, com um pico de
pécie da família Nandiniidae. De tama- nascimentos na estação chuvosa. A ninhada é
nho médio, a cauda é tão longa quanto de 1-4 crias (geralmente 2) que nascem em nu-
o corpo e a cabeça, e é ligeiramente ondula- ma árvore oca e atingem a maturidade sexual
da. A pelagem é castanho-acinzentado a cas- com 1 ano.
tanho-avermelhada, o ventre é amarelado, li-
É semi-arborícola (de preferência ocupando o
geiramente marcado com pequenas manchas
estrato inferior) e não hesita para escapar ao
castanhas, e uma mancha clara em cada om-
perigo em saltar no vazio. Persegue, saltando
bro. Os membros são de cor homogénea. As
em cima da presa que morde repetidamente
garras são parcialmente protrácteis.
para matá-la. A presa é ingerida em pedaços
grandes. O período de actividade começa an-
tes do anoitecer. Procurar alimento por cerca
de 4 horas, repousa, e parte novamente à caça
por mais 3-4 horas antes do amanhecer. Re-
pousa escondida, quando possível numa toca,
ou como mais frequentemente no emaranha-
do de lianas ou sobre uma árvore.
A espécie tem uma ampla distribuição e uma
grande variedade de habitats. Embora presen-
te em muitas áreas protegidas, a perda de ha-
bitat e a caça (para obtenção de carne, e para
uso na medicina tradicional) são responsáveis
por declínios locais. A pele é usada na fabrica-
ção de trajes tradicionais, pulseiras, chapéus.
Mangusto da palmeira cativo no zoo de Yaoundé nos Não figura em nenhum anexo da CITES.
Camarões.

A espécie é solitária e territorial. O território


de ♂ sobrepõe-se ao de várias ♀♀ jovens.
Os territórios ocupam 0,29-0,7 km² (♀) a 0,34-
1,53 km² (♂). As densidades observadas são
de 2.2-3.3 indivíduos / km² (Uganda) e 5-8 in-
divíduos / km² (Gabão). O território é defen-
dido provavelmente apenas durante a época
de reprodução. A ♀ tolera ♂♂ adultos e ima-
turos de ambos sexos, mas não outras ♀♀
adultas. Um território pode suportar até 5 ♂♂
mas apenas um é dominante e monopolizará
o acesso às ♀♀. As lutas são muito violentas
e até mesmo fatais, e são usadas para definir a
hierarquia, que é regularmente alterada. Apa-
renta ser nómada durante o pico da frutifica- O mangusto da palmeira é um animal semi-arborí-
ção, juntando-se em alguns pomares e árvo- cola que gosta de frequentar os baixos estratos das
res de fruto. árvores.

79
CIVETA AFRICANA
Nome científico: Civettictis civetta (Schreber,
1776) 25
Taxonomia: Mammalia (C), Carnivora (O),
26

Nome Inglês: African civet Viverridae (F).


Nome Francês: Civette d’Afrique

anterior
Nome crioulo: Gato Lagaria

45 mm
Nomes locais: Buto-Bei (fula)

Habitat: PNC: mangal, floresta densa sub-

posterior

52 mm
-húmida, floresta densa seca, savana ar-
bustiva, savana herbácea e terras cultiva-
das. Comum ao redor das aldeias.

Observações: difícil durante o dia, mais


frequente à noite.

Período de actividade: principalmente noc-


turno e crepuscular.

Tamanho: CCC 67-84 cm (♀/♂). CC 34-47


cm (♀/♂). AG 40 cm (♀/♂).

Peso: P 7-20 kg (♀/♂).


28 29

Dimorfismo sexual: pouco aparente.

Gestação: 60 a 81 dias.

Regime alimentar: omnívoro e oportunista.


Sobretudo: insectos terrestres (coleópte-
ros, gafanhotos, grilos, cupins, centopeias).
Outros: pequenos mamíferos, repteis, aves, A civeta sai à noite em busca de alimentos (insectos,
ovos, moluscos e plantas (essencialmente ovos, frutas, etc.

80
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Pouco preocupante, espécie que aparenta ser abundante.

T
rata-se da maior espécie pertencente à fa- A primeira ninhada ocorre aos 14-24 meses
mília Viverridae, em África. Possui mem- (cativeiro).
bros curtos. O corpo e a cauda são lista-
Não possui tocas regulares. Os dejectos pos-
dos com uma série de faixas pretas e brancas
suem frequentemente folhas grandes, frutos
que criam um contraste visual. A cabeça é pon-
não digeridos, sementes, mas também frag-
tiaguda, a testa de pelo claro, com orelhas re-
mentos de insectos e de outros invertebra-
dondas e pequenas, um focinho branco e olhei-
dos, pelos, penas e ossos pequenos. Quando
ras escuras. O bigode é branco e desenvolvido.
caça, aproxima-se furtivamente da presa que
É solitário e provavelmente territorial. No en- captura com um salto rápido. Os vertebrados
tanto, casais de ♂♀ são observados duran- são mordidos e sacudidos violentamente an-
te a época de reprodução. A ♀ deposita os tes de serem libertados.
excrementos e marca o território com secre-
As secreções perineais foram explorados du-
ções perineais (contendo civetona) em: tron-
rante séculos como um fixador de perfumes e
cos, nas ervas, pedras e postes. Na estação
apesar de substituídos desde 1960 por subs-
seca, o cheiro mantém-se detectável pelo Ho-
tâncias sintéticas, ainda são significativa-
mem, por 4 meses. Os únicos dados relativos
mente exportadas para vários países. Foram
ao tamanho do território são de 11,1 km² e di-
utilizadas no fabrico de charutos. O uso des-
zem respeito a um sub-adulto ♂ que habita
tas secreções data de há mais de 2000 anos.
terras cultivadas na Etiópia. É um caçador ter-
restre, inábil nas árvores. A população de civetas continua a ser abun-
A reprodução não é sazonal. A ninhada (2/3 dante e de ampla distribuição. No entanto, a
crias / ano) é de 1-4 descendentes. Nascem perda de habitat e caça (para o consumo da
numa toca, são desmamados às 14-16 sema- carne e uso de partes na medicina tradicional
nas e são sexualmente maduros aos 5 meses. e em rituais), pode ser responsável pela dimi-
nuição local. Presente em muitas áreas prote-
gidas, apenas a população do Botswana está
incluída no anexo III da CITES.
raízes, rebentos e frutos, mesmo quando
tóxicos (por exemplo Strychnos). Capaz de
jejuar por duas semanas.

Predadores: cão, mabeco, hiena malhada,


onça, leão e o Homem.

Comunicação: olfactiva (secreções hor-


monais e marcações diversas), vocal (nor-
malmente é silenciosa, riso de saudação,
grito sexual, rosnadelas, tosse explosiva),
visual (várias posturas) e táctil (compor-
tamento afiliativo, cuidados maternos,
agressão e reprodução).

Esperança de vida: 15 anos em meio sel- Civeta a marcar o território vital com secreções peri-
vagem e 28 anos em cativeiro. neais (contendo civetona).

81
GATO LAGÁRIA
Nome científico: Genetta pardina (Geoffroy
Saint-Hilaire, 1832)
Nome Inglês: Pardine genet, West African
large-spotted genet
25
Taxonomia: Mammalia
26
(C), Carnivora27(O),
Viverridae (F).
Nome Francês: Genette pardine
Nome crioulo: Gato Lagaria
anterior

32 mm
Habitat: PNC: mangal. Floresta densa sub-
-húmida, savana arbustiva húmida e ter-
posterior

30 mm
ras agrícolas. Frequenta meios fechados.

Observações: difícil.

Período de actividade: principalmente noc-


turno.

Tamanho: CCC 41-55.3 cm (♀/♂). CC 39-49


cm (♀/♂). AG 18-25 cm (♀/♂).
Predadores: desconhecido.
Peso: P 3.1 kg ou mais (♀/♂).
Comunicação: olfactiva (secreções hormo-
Dimorfismo sexual: pouco evidente. nais e marcações diversas), vocal (rosna-
do, latido, silvo, assobios, gritos, gemidos,
Gestação: desconhecida. 28
meados, cuspo), visual (posturas 30diversas)
29
e táctil (comportamento afiliativo, cuidados
Regime alimentar: carnívoro (detalhes pou- maternos, agressão, reprodução).
co conhecidos). Sobretudo: roedores, inver-
tebrados e frutos. Esperança de vida: desconhecida.

82
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Dados deficientes.

O
gato lagária é um carnívoro filiforme, A crença africana atribui grandes poderes às
cinzento areia a cinzento vermelho ginetas. Estas protegem-nos de feitiços ma-
com pequenas manchas castanho es- lignos, tratam doenças, controlam e tratam
curas ou castanho arruivadas com manchas os vampiros e os homens-onça. Guiam ain-
rectangulares castanho escuras. Não possui da os iniciados ao mundo dos antepassados.
uma crista dorsal e os pelos da parte terminal
Embora a área de distribuição seja limitada,
da cauda são pretos (ao contrário da gineta).
é uma espécie comum devido à capacidade
O comportamento social e reprodutor ainda é de adaptação a uma grande variedade de ha-
desconhecido. É uma espécie provavelmente bitats. A caça local para obtenção da carne
solitária. As observações de juvenis indicam poderá constituir uma ameaça. Presente em
que os nascimentos ocorrerão entre Janeiro- muitas áreas protegidas, não figura na CITES.
-Fevereiro.

Gato lagária no chão. As manchas rectangulares e a ausência de uma crista dorsal são notórias na imagem.

83
GINETA EUROPEIA
Nome científico:25 Genetta genetta (Linnaeus,
26 Taxonomia: Mammalia
27 (C), Carnivora (O),
1758) Viverridae (F).
Nome Inglês: Common genet, Ibiza common
genet, Ibiza genet

anterior

32 mm
Nome Francês: Genette commune, genette
d’Europe
Nome crioulo: Gato Lagaria
posterior

30 mm
Habitat: PNC: floresta densa seca, savana
arbustiva, savana herbácea e terras culti-
vadas. Outros: zona rochosa e florestas di-
versas. Requer coberto vegetal.
aves, repteis, artrópodes, ovos, frutos (ba-
Observações: difícil. gas). Ocasionalmente: aves de capoeira e
restos de carne das aldeias.
Período de actividade: principalmente noc-
turno. Predadores: grandes predadores. Lince
ibérico em Espanha e o Homem.
Tamanho: CCC 46.5-52 cm (♀/♂). CC 42-
51.6 cm (♀/♂). AG 18-25 cm (♀/♂). Comunicação: olfactivo (secreções hormo-
28 29 nais e marcações
30 diversas), vocal (rosna-
Peso: P 1.4-2.3 (♀), 1.6-2.6 (♂).
do, latido, silvo, assobios, gritos, gemidos,
Dimorfismo sexual: pouco evidente. meados, cuspo), visual (posturas diversas)
e táctil (comportamento afiliativo, cuidados
Gestação: 70-77 dias. maternos, agressão e reprodução).

Regime alimentar: carnívoro. Sobretudo: Esperança de vida: 21 anos em cativeiro


pequenos roedores e insectos. Outros: (desconhecido em meio selvagem).

84
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Dados deficientes.

E
sta gineta é um pequeno filiforme carní-
voro, cinza claro salpicado de pequenas
pintas pretas que formam manchas no
pescoço e ombros. Possui uma crista dorsal
preta e uma cauda de ponta branca (≠ das gi-
netas simpátricas).
É um animal solitário. Os territórios vitais ra-
ramente se sobrepõem entre sexos diferen-
tes. O do ♂ porem abrange o de várias ♀♀.
Na Europa, os tamanhos variam entre 0.33-
11.9 km² e as densidades de 0,33-0,98 ginetas
/ km² (Espanha). Dormem de dia nas árvores
que escalam facilmente. Tem um forte odor
almiscarado. É comum ao redor das aldeias.
A reprodução é pouco sazonal. Os picos de
nascimento conhecidos ocorrem no Norte
Oriental Africano entre Março - Junho e entre
Setembro – Dezembro e na África Austral en-
tre Setembro - Fevereiro. A ninhada é de 1-4
(geralmente 2) crias. A maturidade sexual é
atingida aos 2 anos (♀/♂).
A crença africana atribui grandes poderes às
ginetas. Estas protegem-nos contra os fei-
tiços malignos, tratam doenças, controlam
e tratam os vampiros e os homens-onça.
Guiam ainda os iniciados ao mundo dos an-
tepassados.
É caçada pela carne ou pela importância que
tem na feitiçaria feitiços e tem-se tornado au-
sente nos ambientes profundamente degra-
dados. Apesar disso, continua a ser comum
e está presente em muitas áreas protegidas.
Não figura na CITES. A gineta dorme de dia nas árvores e caça à noite.

85
GINETA
Nome científico: Genetta thierryi (Matschie,
25 26
Taxonomia: Mammalia (C), Carnivora (O),
27

1902) Viverridae (F).


Nome Inglês: Hausa genet, Haussa genet
Nome Francês: Genette de Thierry, genett de
Villiers
Nome crioulo: Gato Lagaria

Habitat: PNC: mangal, floresta densa sub-


-húmida, floresta densa seca, savana ar-
bustiva e terras agrícolas. Suporta melhor
os habitats mais áridos do que a gineta
europeia e o gato lagária. Necessita de co-
berto vegetal.

Observações: difícil.

Período de actividade: supostamente noc-


turno.

Tamanho: CCC 44.3-45 cm (♀/♂). CC 40-43


cm (♀/♂). AG 18-25 cm (♀/♂).

Peso: P 1.3-1.5. kg (♀/♂) 28 29 30

Dimorfismo sexual: pouco evidente.

Gestação: desconhecida.

Regime alimentar: desconhecido, supos-


tamente carnívoro como as outras espé-
cies de gineta. Pele de gineta fotografada numa aldeia do PNC.

86
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Pouco preocupante, espécie considerada rara, devido à fraca fre-


UICN, Internacional quência de observações.

PN Cantanhez Dados deficientes.

T
rata-se de um animal de pelo claro, ma-
gro e pequeno. A pelagem é amarelada
em tons de camurça pontilhada com pe-
quenas manchas castanho avermelhadas am-
plamente espaçadas. Possui uma faixa dorsal
que pode ser indistinta até a meio do dorso.
O tom avermelhado do pelo esmorece sob os
anéis escuros da cauda, especialmente naque-
les mais próximos da base.
O comportamento social e espacial é desco-
nhecido. Será provavelmente um animal soli-
tário. As observações de sub-adultos, com ida-
des entre os 8-10 meses em Novembro, suge-
rem que a reprodução coincide com a estação
seca e fria. No entanto, a informação é escassa
e necessita de ser verificada. Esta gineta tem uma listra dorsal preta que por vezes
é interrompida a meio e pequenas manchas espaça-
No PNC, alguns caçadores e agricultores re- das de cor castanha-avermelhada.
conheceram os desenhos que ilustram esta
espécie de gineta mais clara e com manchas
avermelhadas. À semelhança das outras, a
tradição africana atribui-lhe grandes poderes.
Protegem-nos de feitiços malignos, curam do-
enças, controlam os vampiros e os homens-
-onça. Guiam os iniciados ao mundo dos an-
tepassados.
Ainda que uma grande parte da área de distri-
buição esteja submetida a fortes pressões de
desflorestação e caça, mais estudos são neces-
sários para esclarecer o estado de conserva-
ção desta espécie. Aparenta estar presente em
muitas áreas protegidas e não figura na CITES.

Predadores: desconhecidos.

Comunicação: olfativa (secreções hormo-


nais e outras marcações), vocal (rosnar,
latir, cuspir, gritos, lamentos, meados, sil-
vo), visual (várias posturas) e táctil (com-
portamento afiliativo, cuidados maternos,
agressão e reprodução).
Os anéis situadas na base da cauda possuem um tom
Esperança de vida: desconhecida. avermelhado.

87
25 26 27

MANGUSTO DOS PÂNTANOS


Nome científico: Atilax paludinosus pluto Taxonomia: Mammalia (C), Carnivora (O),
(G. Cuvier, 1829) Herpestidae (F).
Nome Inglês: Marsh mongoose, water
mongoose

anterior

41 mm
Nome Francês: Mangouste des marais
Nome crioulo: Catchur mango
Nomes locais: Mbung (nalu)

posterior

36 mm
Salane (fula) - Sarra / Yorwoga (balanta)

Habitat: PNC: mangal, floresta densa sub-


-húmida, savana arbustiva húmida, sava-
na herbácea húmida, rio e litoral.28Outros: 29 30

pântanos e barragens, onde a cobertura


vegetal e água são suficientes e localiza- Regime alimentar: carnívoro (presas uni-
dos. camente aquáticas). Crustáceos (invulgar
nos mangustos), caranguejos de água
Observações: relativamente fácil, a espé-
doce, caracóis, moluscos, rãs, peixes pul-
cie aparenta ser abundante e presente em
monados (Protopterus) e peixe-gato (Cla-
todos os habitats próximos da água.
rias), larvas de insectos, répteis, pequenos
Período de actividade: principalmente noc- mamíferos, aves, ovos e frutos.
turno e crepuscular, mas também diurno.
Predadores: pouco conhecidos à excep-
Tamanho: CCC 44.2-62 cm (♀/♂). CC 25-41 ção do cão e do Homem.
cm (♀/♂).
Comunicação: essencialmente olfactiva
Peso: P 2.4-4.1 kg (♀/♂). (secreções hormonais e marcações diver-
sas das quais a anal constituiu uma assi-
Dimorfismo sexual: pouco evidente. natura individual), vocal (vocalizações di-
versas: rosnar grave, latidos, gemidos e
Gestação: 69-80 dias. ronronar) mas também visual (posturas,

88
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

Pouco preocupante, espécie abundante em todo o PNC, em especial nos


PN Cantanhez mangais e vasa ao longo dos rios Cacine e Cumbijã.

O
mangusto dos pântanos é um pequeno to usa os dedos longos, flexíveis e sensíveis
carnívoro quadrúpede, castanho escuro para encontrar comida na água e na vasa. Em
a preto, com olhos pequenos, orelhas seguida, apoia-se sobre as patas posteriores
pouco visíveis, focinho característico e acha- peneirando rapidamente a água e o substrato
tado, pontiagudo e ligeiramente virado para e lança na posição vertical para as rochas, pre-
cima. A cauda é longa e escura, a pelagem es- sas grandes e duras como o aceder à carne e o
pessa, curta e despenteada no pescoço, corpo mexilhão, por forma a aceder à carne.
e cauda, bem como rasa e suave nas patas. A
A população desta espécie apesar de abun-
dentição é bem desenvolvida e a mandíbula
dante (densidade 1,8 mangustos / km² África
poderosa.
do Sul), está em declínio. A desflorestação,
É terrestre e semi-aquático. É social e territo- assoreamento, poluição e caça (para obten-
rial, mas solitário, vivendo por vezes aos pa- ção de carne) resulta em regressões locais.
res ♂♀ acompanhados pelas crias. O tama- Presente em muitas áreas protegidas, não fi-
nho do território é 0.54-2.04 km² (♀/♂). Este gura na CITES.
último ocorre ao longo do rio. O território pa-
rece mais concentrado do que o das lontras
e é mais utilizado durante a estação seca. A
actividade nocturna pode-se prolongar duran-
te o dia.
O mangusto dos pântanos possui sacos anais
bem desenvolvido, mas sem glândula perine-
al que produz a civetona. Usa latrinas e sítios
específicos para marcar o território e controlar
os contactos sociais.
A reprodução não é sazonal na maior parte da
sua área de distribuição e muito pouco sazo-
nal na África Austral (reprodução em Agos-
to - Fevereiro, durante a estação chuvosa). A
ninhada é de 1-3 crias que nascem em tocas
preparadas por adultos ou, em alguns casos,
naquelas abandonadas em termiteiras por
porcos formigueiros e outros animais. Pesam
120 gramas ao nascer. Também podem cons-
truir ninhos com juncos flutuantes. O mangus-

expressões faciais) e táctil (comportamen-


to afiliativo, cuidados maternos, agressão,
reprodução).

Esperança de vida: 19 anos em cativeiro O mangusto dos pântanos caminha ao longo de tri-
(desconhecido em meio selvagem). lhos marcados do território vital.

89
25 26 27

MANGUSTO RAIADO
Nome científico: Mungos mungo
(Gmelin, 1788)
Taxonomia: Mammalia (C), Carnivora (O),
Nome Inglês: Banded mongoose Herpestidae (F).
Nome Francês: Mangue rayée

anterior
Nome crioulo: Catchur mango

29 mm
Nomes locais: Mbung sara (nalu)
Salane-bodé (fula) - Tchabu Léem (balanta)

posterior

29 mm
Habitat: PNC: savana arbustiva, savana her-
bácea e terras cultivadas. Evita as florestas
e não precisa de beber regularmente.

Observações:28 difícil, mas o modo 29de vida 30


fanhotos, grilos, larvas e ovos de outros
social e diurno torna-o mais fácil de obser-
insectos. Outros: roedores, musaranhos, la-
var que a maioria das outras espécies de
gartixas, pequenas cobram, anfíbios, aves,
mangustos.
ovos e frutos.
Período de actividade: exclusivamente diur-
Predadores: abutre, águia, serval, chacal e
no.
cão.
Tamanho: CCC 30-45 cm (♀/♂). CC 17.8-31
Comunicação: principalmente olfactiva (se-
cm (♀/♂).
creções hormonais e outras marcações),
Peso: P 0.9-1.9 kg (♀/♂). vocal (gritos variados: rosnados graves,
latidos de ameaça e de emoção, gemidos,
Dimorfismo sexual: pouco pronunciado. suposto ronronar de saudação), mas tam-
bém visual (posturas, expressões faciais) e
Gestação: 60-63 dias. táctil (aparência, comportamento afiliativo,
cuidados maternos, agressão, reprodução).
Regime alimentar: principalmente insec-
tívoro. Artrópodes de superfície e escava- Esperança de vida: 17 anos em cativeiro
dores: centopeias, besouros, formigas, ga- (desconhecido em meio selvagem).

90
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Dados deficientes.

O
mangusto raiado é um mangusto de ta-
manho médio. A pelagem é curta, áspe-
ra, cinzento-acastanhada na parte ante-
rior e na cabeça, por vezes mais clara na barri-
ga e no interior dos membros. Possui no dor-
so 10-12 listras pretas claramente evidentes.
A pelagem é mais escura em meios húmidos.
Altamente gregário, forma grupos estáveis de
12-20 indivíduos (até 70-75). O grupo é com-
posto por um adulto ♂, 3-4 ♀♀ reprodutoras
aparentadas e respectivas crias. As ♀♀ per-
manecem no grupo da progenitora. Os ♂♂
podem abandona-lo, especialmente quando
é grande. A hierarquia depende mais da ida-
de, tamanho e temperamento do indivíduo do O mangusto raiado é um animal diurno e social que
que do género. O território é fortemente de- normalmente se alimenta em grupo.
fendido contra intrusos. O tamanho deste é
de 0,3-2 km² (Uganda) e as densidades de 2.4-
3 mangustos / km² (África do Sul e Tanzânia) a são amamentadas em conjunto por todas as
18 mangustos / km² (Uganda). ♀♀ e cuidadas por todos os adultos. 2 adul-
A reprodução só é sazonal (estação chuvo- tos permanecem nas tocas quando os restan-
sa) se a sazonalidade é muito pronunciada. A tes vão-se alimentar. Os adultos brincam mui-
maioria dos adultos do grupo reproduzem-se, tas vezes com as crias. Cada juvenil deixa a
as ♀♀ sincronizam os seus ciclos e 1-6 crias toca às 5 semanas e associa-se a um adulto
por ninhada, nascem em tocas. As ninhadas que vai alimentá-lo e protege-lo até que ga-
nhe autonomia (aos 3 meses).
O mangusto raiado está intimamente associa-
do às térmites de que se alimenta e de cujas
termiteiras faz tocas. Alimenta-se em peque-
nos grupos. O território é marcado por secre-
ções anais (especialmente pelos ♂♂ de es-
tatuto sénior) depositados sobre as pedras,
termiteiras, e nas árvores. A parte raiada do
dorso emite um odor forte, especialmente
quando estão juntos, a chegar ou a partir ou
em momentos de stress. Isto parece indicar a
identidade e o estado fisiológico do indivíduo.
Além disso, todo o grupo possui um odor co-
mum. Confrontados com um predador, o gru-
po junta-se e enfrenta-o, aumentando muito
as secreções hormonais.
A espécie não é alvo de grandes ameaças, es-
tando presente em muitas áreas protegidas.
Mangusto raiado fêmea acompanhada por duas crias. Não figura da CITES.

91
MANGUSTO DA GÂMBIA
Nome científico: Mungos gambianus (Ogilby, 31
Taxonomia: Mammalia (C), Carnivora (O),
32

1835) Herpestidae (F).


Nome Inglês: Gambian Mongoose

anterior
Nome Francês: Mangue de Gambie

29 mm
Nome crioulo: Catchur mango

Habitat: PNC: Savana arbustiva, savana posterior

29 mm
herbácea e terras cultivadas. Outros: mo-
saico de floresta e savan.

Observações: difícil, é um animal discreto


e pequeno, embora barulhento.

Período de actividade: exclusivamente diur-


no.

Tamanho: CCC 30-45 cm (♀/♂). CC 23-29


cm (♀/♂). AG 18-20 cm (♀/♂).

Peso: P 1-2.2 kg (♀/♂).


34 35
Dimorfismo sexual: pouco pronunciado.

Gestação: desconhecida.

Regime alimentar: carnívoro. Alimenta-se


especialmente de invertebrados de super- O mangusto da Gâmbia é um animal social que se
fície e de pequenos vertebrados (roedores, alimenta durante o dia, de pequenos vertebrados de
cobras e lagartixas). superfície.

92
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Dados deficientes.

O
mangusto da Gâmbia é um carnívoro chuvosa, as ♀♀ sincronizam o ciclo reprodu-
de porte médio, pelagem áspera, cin- tor. Os grupos podem-se reproduzir até 4 ve-
zenta na cabeça e dorso, ocre escura zes por ano, mas as ♀♀ consideradas indivi-
na parte inferior e sobre a parte externa dos dualmente não se reproduzem com essa tão
membros. O peito branco separa-se do pes- elevada frequência. Uma a 2 semanas após
coço cinzento por uma listra preta espessa. o nascimento da ninhada, um novo acasala-
mento ocorre. Na maioria das vezes, o man-
O comportamento e ecologia são semelhan-
gusto da Gâmbia acasala com os indivíduos
tes aos do mangusto raiado mas não tem sido
do grupo a que pertencem, mas por vezes
estudado. Gregário, vive em grupos de 5-15
fazem-no com indivíduos pertencentes a ou-
indivíduos (por vezes, 3040), com vários ♂♂
tros grupos. Quando a ♀ está ocupada a pro-
e ♀♀ adultos, acompanhados pelas crias. Os
curar alimento, 2 ♂♂ mantêm a guarda da to-
indivíduos de ambos sexos alimentam-se em
ca. Todos as ♀♀ amamentam as crias. Estas
grupo. Os encontros entre os diferentes gru-
são desmamadas ao fim do 1º mês e em se-
pos são muito ruidosos e levam a comporta-
guida, juntam-se aos adultos para se alimen-
mentos muito agressivos. A espécie é muito
tarem fora da toca.
barulhenta e tem um muito diversificado re-
pertório vocal. Por exemplo, o grito de coe- A população é estável, apesar da pressão que
são assemelha-se ao chilrear de um passari- sofre na caça pela carne. A espécie não pare-
nho. Uma vocalização a assinalar um perigo ce ameaçada e está presente em muitas áre-
é mais grave e vigorosa. as protegidas. Não figura da CITES.
É o carnívoro mais abundante da savana da
Guiné-Conacri. No Senegal, a taxa de obser-
vação diária nas estradas é de 0,01 mangus-
tos/ km. Parece ser mais activo no início da
manhã e final da tarde.
Os nascimentos ocorrem durante todo o ano.
A maioria das crias nasce durante a estação

Predadores: grandes rapinas.

Comunicação: olfactiva (secreções hormo-


nais e diversas marcações), vocal ( nume-
rosos gritos: rosnar grave, latido de ame-
aça, de excitação, gemidos e ronronar de
saudação), mas também visual (posturas,
expressões faciais) e táctil (comportamen-
to afiliativo, cuidados maternos, agressão,
reprodução).
O mangusto da Gâmbia é muito abundante na sava-
Esperança de vida: desconhecida. na da Guiné Conacri e gosta de repousar ao sol.

93
MANGUSTO DE CAUDA BRANCA
Nome científico: Ichneumia albicauda 31
Taxonomia: Mammalia
32
(C), Carnivora33(O),
(G. Cuvier, 1829) Herpestidae (F).
Nome Inglês: White-tailed mongoose
Nome Francês: Mangouste à queue blanche

anterior

41 mm
Nome crioulo: Catchur mango

Habitat: PNC: savana herbácea e terras posterior

41 mm
cultivadas. Outros: clareiras herbáceas.

Observações: trata-se de um dos mamífe-


ros nocturnos mais fáceis de observar.

Período de actividade: nocturno.

Tamanho: CCC 47-71 cm (♀/♂). CC 34.5-47


cm (♀/♂). AG 22-25 cm (♀/♂).

Peso: P 1.8-5.2 kg (♀/♂).

Dimorfismo sexual: pouco pronunciado.

Gestação: desconhecida. 34 35 36

Regime alimentar: principalmente insec-


tívoro. Especialmente: térmites, formigas,
escaravelhos, gafanhotos e larvas de ga-
fanhotos. Outros: pequenos mamíferos,
anfíbios, aves e frutas. Ocasionalmente: Um mangusto de cauda branca, fora da toca à noite e
aves. à procura dos insectos de que se alimenta.

94
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Dados deficientes.

O
maior mangusto é o de cauda branca. depende de tocas abandonadas, geralmente
Possui a pelagem grossa e cinzenta em termiteiras e buracos, mas também usa
prateada, com membros escuros e uma recessos existentes na base de árvores co-
cauda espessa, branca prateada. mo Acácia e Balanites. Muda de toca a cada
5-15 dias e pode morrer se esta for inunda-
É geralmente solitário, embora as ♀♀ parti-
da durante chuvas fortes. Na presença de um
lhem o território com os juvenis quase adul-
predador, é muito veloz podendo porem fazer
tos. O tamanho do grupo é de 1-9 indivíduos.
súbita reviravolta usando uma postura mui-
O território vital é de 0.4-4.3 km² e excepcio-
to intimidatória (exibe os dentes, pelo e cau-
nalmente, de 8 km² (ligeiramente maior no ♂).
da eriçada), acompanhada de latidos e secre-
Pode se sobrepor aos dos vizinhos de ambos
ções anais muito fortes. A dieta generalista
sexos, com quem o comportamento agres-
permite-lhe adaptar-se às rápidas mudanças
sivo parece ser raro. A densidade média em
do meio, evita porem áreas onde os carnívo-
meio muito favorável pode chegar a 4,3 man-
ros especializados são abundantes e diversifi-
gustos / km².
cados (competição muito forte).
A reprodução é sazonal. Os nascimentos coin-
cidem com a estação de chuva: de Outubro a Existe uma crença africana que diz que o man-
Fevereiro (África do Sul), Março a Abril e Ou- gusto mata as cobras, atacando-as na cabeça
tubro a Dezembro (África Oriental). O ♂ aca- e os insectos venenosos (escorpiões, lacraus
sala com várias ♀♀. A ninhada é de 1-4 crias e aranhas) para imunizar-se contra o veneno
que atingem a maturidade sexual aos 2 anos. que estes produzem.

O clã marca os limites do território e perse- Presente em muitas áreas protegidas, a popu-
gue os intrusos. Resistente, este mangusto lação é estável e não enfrenta grandes amea-
pode percorrer longas distâncias e nada bem. ças. Não figura da CITES.
Porem, escala pouco e não sabe cavar. Assim

Predadores: cão e provavelmente outros


predadores de grande porte.

Comunicação: olfactiva (secreções hor-


monais e outras marcações), vocal (sus-
surros, gemidos, ronronar, rosnados,
gritos, uivos e latidos), visual (várias pos-
turas, cauda em «U» invertido e / ou, pe-
lagem áspera eriçada ...) e táctil (compor-
tamento afiliativo, cuidados maternos,
agressão e reprodução).

Esperança de vida: 14 anos em cativeiro O mangusto de cauda branca percorre com frequên-
(desconhecido em meio selvagem). cia trilhos marcados com secreções odoríferas.

95
SACARRABOS
Nome científico:31Herpestes ichneumon 32
Taxonomia: Mammalia
33
(C), Carnivora (O),
(Linnaeus, 1758)
Herpestidae (F).
Nome Inglês: Egyptian mongoose, Ichneumon,
large grey mongoose

anterior

42 mm
Nome Francês: Mangouste d’Egypte,
mangouste Ichneumon
Nome crioulo: Mangusso

posterior

44 mm
Nomes locais: Bétréme (nalu)
Salane-pura (fula)

Habitat: PNC: savana arbustiva húmida,


savana herbácea húmida, litoral e terras
cultivadas. Outros: margem dos lagos,
vales fluviais grandes e clareiras domina-
das por gramíneas. Dependentes de água,
preferem cobertos densos de herbáceas
de baixa altura. Evita florestas tropicais e
desertos.

Observações: difícil, animal discreto e pe-


queno que cresce
34
em vegetação densa.
35 36

Período de actividade: sobretudo diurno,


por vezes crepuscular e nocturno.

Tamanho: CCC 50-61 cm (♀/♂). CC 43.5-58


cm (♀/♂). AG 19-21 cm (♀/♂).

Peso: P 2.6-4.1 kg (♀/♂).

Dimorfismo sexual: pouco pronunciado.


Dois sacarrabos procuram alimento na vegetação
Gestação: 63-70 dias. densa.

96
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Dados deficientes.

O
sacarrabos é um grande mangusto cin- adultos participam no cuidar dos mais jovens,
zento-malhado quase preto com uma no brincar (frequente nas ♀♀ maduras) e na
cauda comprida e esbelta que termina aprendizagem.
num pincel de pelos pretos. Possui um longo Muito activo, é observado a caminhar só, ou
pelo eréctil (≤ 10 cm) lateralmente e nas coxas, em fila indiana, com a cabeça baixa (em grego
5 longos dedos com garras compridas, ligeira- ichneumon significa rastreador) percorrendo
mente curvas e não-retráteis. uma rede de trilhos marcados. Todos os indi-
Muitas vezes, é solitário, mas também vive em víduos mantêm esta rede (da qual se afastam
pequenos ou grandes grupos familiares. O ♂ pouco), as latrinas e um sítio exclusivo de de-
acasala com várias ♀♀ a quem se junta espo- pósitos de secreções anais (pedras, solo ou
radicamente. O território vital é de 0,38 (África plantas). Nas marcações, esfrega a parte ab-
do Sul) a 3,1 km² (Espanha). dominal da pele que encontra-se impregnada
com secreções que são um verdadeiro bilhete
A reprodução tem um carácter sazonal, com
de identidade individual e de grupo. A diferen-
um pico de nascimentos que varia conforme a
ça na marcação reside na condição fisiológica
região. A ninhada é de 1-4 crias (cegas até às
do animal (incluindo o stress), e não na idade
3 semanas). Os ♂♂ juvenis são perseguidos a
ou sexo.
partir dos 6 meses pelo ♂ dominante. Todos os
Em caso de ameaça, eriça os pelos, enfrenta
colectivamente ou refugia-se no 1º buraco que
encontra. A caça é comum na parte da manhã
e ao final da tarde, as presas são abocanha-
Regime alimentar: omnívoro. Roedores, das na cabeça, pescoço e por trás no caso das
repteis, rãs, aves, peixes, caranguejos, la- cobras. As aves são atraídas pelo pincel preto
gostas, ovos, larvas, insectos e outros in- da cauda que o sacarrabos agita sendo poste-
riormente mortas. Muito bom nadador, furta
vertebrados, frutos e cogumelos. Outros:
o peixe aos pescadores em armadilhas onde
aves, ocasionalmente restos de carne.
fica por vezes preso.
Predadores: grandes rapinas. Caçador eficiente de cobras (imune ao vene-
no), muitas vezes é protegido pela população
Comunicação: essencialmente olfactiva (se- local. Porem, predador de pequenos ungula-
creções hormonais e outras marcações) e dos, os caçadores, consideram-no muitas ve-
vocal (muitos gritos de excitação, balidos e zes nocivo. A população é estável, e está pre-
ronronar), de saudação (cacarejos e uivos), sente em muitas áreas protegidas. Não figura
da CITES.
de ameaça e de defesa (cuspir, gritar e ros-
nar), mas também visual (posturas, expres-
sões faciais) e táctil (comportamento afilia-
tivo, cuidados maternos (mutuo cheirar,
catagem, lamber), agressão (pelo eriçado,
ataque, ameaça com a boca aberta), repro-
dução).

Esperança de vida: 13 anos em cativeiro Um sacarrabos numa savana herbácea marca o subs-
(desconhecido em meio selvagem). trato usando as gandulas anais.

97
31 32

MANGUSTO VERMELHO
Nome científico: Galerella sanguinea Taxonomia: Mammalia (C), Carnivora (O),
(Rüppell, 1835)
Herpestidae (F).
Nome Inglês: Slender mongoose, lesser
mongoose, ruddy mongoose, black-tipped

anterior
mongoose, red mongoose

23 mm
Nome Francês: Mangouste svelte,
mangouste rouge, mangouste naine
Nome crioulo: Mangusso

posterior

25 mm
Nomes locais: Salane-bodé (fula)
Curtcha (balanta)

Habitat: PNC: mangal, floresta densa sub-


-húmida, floresta densa seca e savana ar- 34 35
bustiva. Outros: floresta de mangal e pan-
tanal de Papyrus. vas de moscas encontradas na carne de
carcaças), répteis e pequenos roedores.
Observações: difícil, animal discreto e de
Outros: anfíbios, aves, ovos, aracnídeos
pequeno tamanho que cresce em vegeta-
e frutos selvagens.
ção densa.
Predadores: grandes rapinas.
Período de actividade: sobretudo diurno,
por vezes crepuscular e nocturno. Comunicação: especialmente vocal (ligei-
ro ronronar (de contentamento), assobios
Tamanho: CCC 27.5-35 cm (♀/♂). CC 19.4-
(quando brinca), assobios semelhantes
33 cm (♀/♂). AG 10-12 cm (♀/♂).
aos das aves (saudação), rosnados (de
Peso: P 370-790 g (♀/♂). alarme e agressão), mas também olfacti-
va (secreções hormonais e outras marca-
Dimorfismo sexual: pouco pronunciado. ções), visual (posturas, expressões faciais)
e táctil (comportamento afiliativo, cuida-
Gestação: 60-70 dias. dos maternos, agressão e reprodução).

Regime alimentar: carnívoro. Especial- Esperança de vida: 8 anos em meio selva-


mente: insectos, larvas (sobretudo lar- gem e 12,6 anos em cativeiro.

98
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Dados deficientes.

O
mangusto vermelho é um pequeno O mangusto vermelho também é arbóreo,
carnívoro terrestre, cuja cor varia do permitindo-lhe diversificar de forma eficaz a
vermelho ao preto, de cauda longa cuja dieta. Esta espécie é de todos os mangustos
ponta é geralmente preta. As garras dos de- a mais predadora. Brinca com a presa (espe-
dos são curtas, afiadas, curvas e não-retrá- cialmente ratos) que captura abocanhando-
teis. -a na cabeça ou no pescoço. A presa é então
transportado para um lugar tranquilo para
É territorial e polígeno: forma grupos uni♂ - ser comida, começando pela cabeça quan-
multi♀♀de 2-4 indivíduos que defendem um do se trata de um vertebrado. Apenas a pele,
território contra outros ♂♂. O tamanho do cauda e os pés não são aproveitados.
território vital é de 0,25-1 km². O de ♂ coin-
cide com o de várias ♀♀. As agressões en- Usa as termiteiras, as cavidades ocas das ár-
tre adultos são comuns. No entanto, os ♂♂ vores e rochas para se abrigar. Alimenta-se
adultos parecem tolerar os juvenis e não re- activamente de dia e dorme à noite. As rapi-
produtores. Algumas associações ♂♀ duram nas em voo provocam os gritos de alarme.
muito tempo. Porem, dificilmente reage na presença de co-
bras. Marca, por esfreganço os locais de re-
A reprodução é sazonal e os nascimentos pouso e deposita regularmente os dejectos e
coincidem com a estação chuvosa. A ninha- urina em latrinas bem evidenciadas.
da é de 1-4 crias. São capazes de ver às três
semanas, ingerir o primeiro alimento sólido A densidade pode atingir 3-6 mangustos /
às 4, são independentes às 10 e sexualmente km² (PN Serengeti, Tanzânia). Embora seja
maduros com 24 (♀) ou mais (♂). A progeni- alvo de caça pela carne ou para a medicina
tora é muito protectora. O brincar é importan- tradicional, não está em perigo. Presente em
te e persiste na fase adulta. muitas áreas protegidas, não figura da CITES.

O mangusto vermelho é pequeno, diurno e tem uma cauda longa, geralmente preta.

99
31 32 33

PANGOLIM GIGANTE
Nome científico: Manis (Smutsia) gigantea
Taxonomia: Mammalia (C), Pholidota (O),
(Illiger, 1815)
Manidae (F).
Nome Inglês: Giant ground pangolin, giant
pangolin

45 mm
anterior
Nome Francês: Pangolin géant, grand
pangolin
Nome crioulo: Tucurtacar

70 mm
posterior
Nomes locais: Macopre (nalu)
Konso Kanga (fula) - Atancam (balanta)

Habitat: PNC: floresta densa sub-húmida,


savana arbustiva, e savana húmida34 herbá- 35 36

cea ou próxima da água.

Observações: muito difícil, animal raro,


nocturno e assustadiço.
outros insectos, larvas, incluindo coleóp-
Período de actividade: nocturno. teros aquáticos do género Dytiscidae que
caem à agua.
Tamanho: CCC 75-100 cm (♀/♂). CC 50-70
cm (♀/♂). Predadores: Homem.

Peso: P 30-35 kg (♀/♂). Comunicação: principalmente olfactiva (se-


creções hormonais, anais e outras) mas
Dimorfismo sexual: pouco pronunciado. também vocal (muito silencioso, somente
alguns assobios, respirações), visual (pos-
Gestação: 150 dias (estimativa). turas diversas, de defesa…) e táctil (cuida-
dos maternos, agressão e reprodução).
Regime alimentar: insectívoro (formiguei-
ro). Sobretudo: térmites e formigas. Outros: Esperança de vida: desconhecida.

100
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição mas alvo de um


UICN, Internacional declínio populacional de 20-25% nos últimos 15 anos.

PN Cantanhez Criticamente em perigo de extinção.

O
pangolim gigante é terrestre. A cauda é
longa, muscular e coberta de escamas
castanhas (extensões córneas da epi-
derme). As pegadas traseiras assemelham-se
às de um pequeno elefante. A parte anterior
do corpo repousa sobre os pulsos e as gar-
ras longas são curvadas para trás (as 3 garras
medianas anteriores medem 55-75 mm). A
cauda deixa uma marca profunda no solo. Os
testículos do ♂ estão localizados numa do-
bra de pele ao nível das virilhas. Desprovido
dos músculos mastigadoiros e desdentado,
o pangolim gigante esmaga os insectos num
estômago córneo especializado. A longa lín-
gua (70 cm) viscosa pode ser projectada a 30-
40 cm. Quando não está a comer, a língua fica
envolta numa bolsa na garganta. Humedeci- O pangolim gigante prospecta o território vital se-
da constantemente com saliva, é muito pega- guindo os trilhos por ele anteriormente marcados.
josa razão pela qual bebe frequentemente.
É terrestre e nada muito bem. Solitário, ocu-
pa um vasto território que defende. O do ♂ pebras pesadas protegem-no dos insectos.
coincide com o de várias ♀♀. As secreções Também é capaz de encerrar as narinas e a
anais, a urina e jactos de dejectos são depo- boca.
sitados ao longo de caminhos percorridos
regularmente, bem como nas árvores. Estes Em caso de perigo, protege-se enrolando-se
depósitos indicam o status sexual, posição na posição prona, deixando apenas exposta
hierárquica e a identidade do indivíduo. O ♂ a “armadura”. Defende-se com as garras afia-
das e longas desferindo golpes laterais com
segue o trilho das ♀♀ pelo cheiro. À noite
a sua pesada cauda de escamas afiadas. Esta
pode visitar mais de um local e descansar em
pode servir para enrolar até um membro do
várias termiteiras. Cava-as com as poderosas
adversário.
garras. Uma única cria de 200-500 g nasce
numa toca e é transportada na cauda da pro- A caça para obtenção da carne do pangolim e
genitora até ao desmame (3 meses). A matu- para uso em práticas tradicionais pode local-
ridade sexual é atingida aos 2 anos. A proge- mente causar graves declínios da população.
nitora protege o recém-nascido enrolando-se Este é o caso do PNC, onde a carne é altamen-
à volta deste. te valorizada e as escamas usadas para fazer
Pode correr, de pé sobre as patas posteriores anéis. Quando um deles se quebra, impede
e cauda, até 5 km / h. Foi observado em lon- que o proprietário sucumba a um problema
iminente. Além disso, quando atirado para o
gos períodos de inactividade. O pangolim gi-
fundo de um poço, previne o calor e oferece
gante poderia, assim, armazenar gordura em
protecção contra os problemas.
tempos de abundância de alimento e perma-
necer numa espécie de estivação durante os O pangolim gigante está presente em muitas
períodos de escassez. O sentido do olfacto é áreas protegidas e figura no anexo II da CI-
dominante. As escamas, pele grossa e as pál- TES.

101
31 32 33

PANGOLIM COMUM
Nome científico: Manis (Phataginus) tricuspis
Taxonomia: Mammalia (C), Pholidota (O),
(Rafinesque, 1821)
Manidae (F).
Nome Inglês: African white-bellied pangolin,
three-cusped pangolin, tree pangolin, white-
bellied pangolin
Nome Francês: Pangolin commun, pangolin
a ecailles tricúspides, pangolin tricúspide

Habitat: PNC: floresta densa sub-húmida,


floresta densa seca, savana arbustiva e
terras cultivadas.

Observações:
34
difícil, espécie arborícola
35 e 36

nocturna.
Microcerotermes) e formigas (Dorylus e
Período de actividade: principalmente noc- Myrmecaria).
turno.
Predadores: o Homem.
Tamanho: CCC 25-43 cm (♀/♂). CC 35-62
Comunicação: principalmente olfactiva
cm (♀/♂).
(secreções hormonais anais e outras),
Peso: P 1.6-3 kg (♀/♂). mas também vocal (muito silencioso,
apenas alguns assobios), visual (posturas
Dimorfismo sexual: pouco pronunciado. diversas, posição enrolada (de defesa)...)
e táctil (cuidados maternos, agressão e
Gestação: 150 dias (estimativa). reprodução).

Regime alimentar: insectívoro (formiguei- Esperança de vida: 13,5 anos em cativeiro


ro). Sobretudo: térmites (Nasutiternes e e desconhecido em meio selvagem.

102
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição mas que sofreu


UICN, Internacional um declínio de 20-25% nos últimos 15 anos.

PN Cantanhez Criticamente em perigo de extinção.

O
pangolim comum é pequeno e arborí- zinha na toca se não por breves instantes. A
cola, com uma longa cauda preênsil, partir das 2 semanas, segue os movimentos
coberto de escamas finas e irregula- da progenitora, transportada na cauda. Co-
res. A barriga é coberta por pelos brancos, o meça a alimentar-se sozinha aos 5 meses e
nariz e os lábios por pelos castanhos. O cor- aos 8 encontra-se sexualmente madura, atin-
po é coberto por escamas, a pele é grossa e gindo o tamanho adulto aos 15 meses.
as pálpebras pesadas. É capaz de encerrar as Alimenta-se no solo. A cauda é utilizada co-
narinas e a boca, protegendo-se contra o ata- mo uma vassoura para arrastar o alimento
que de insectos. O alimento é moído num es- até á língua pegajosa. A ♀ alimenta-se por
tômago especializado e córneo, uma vez que 3-4 horas e o ♂ por 5-6 horas. Atacados, ma-
o pangolim não possui dentição. cho e fêmea enrolam-se sobre o ventre ou
O pangolim comum é solitário, provavelmen- contra atacam o agressor até à morte usando
te territorial. O território vital estende-se do as garras afiadas e a cauda.
solo ao estrato arbustivo. O dos ♂ (20-30 ha) No PNC é caçado pela carne e pelas escamas
engloba vários mais pequenos das ♀♀. A ♀ que são usados para fazer adornos. O anel de
é mais sedentária, o ♂ mais nómada. O ♂ escamas do pangolim adverte do perigo, re-
é tolerante relativamente às ♀♀ cujo esta- fresca e dá ao seu detentor um forte poder de
do hormonal é controlado por ele. Expulsa sedução.
porem do seu território as crias que tenham
atingido a maturidade sexual. Os ♂♂ são in- É o mais flexível, comum e mais generalizado
tolerantes e agressivos uns com os outros, as de todos os pangolins florestais. Infelizmen-
♀♀ preferem evitar-se recorrendo ao uso de te, está ameaçado pela caça para obtenção
marcações odoríferas deixadas nos trilhos. de carne e de partes usadas na medicina tra-
Dorme nos galhos envolvido em torno de epí- dicional, bem como pelo tráfico internacional
fitas (lianas), ou num ramo de uma árvore. de animais vivos. Presente em muitas áreas
protegidas, figura no anexo II da CITES.
A ninhada é de uma cria. As escamas são mo-
les nos primeiros 2 dias. A ♀ não a deixa so-

103
BÚFALO
Nome científico: Syncerus caffer (Sparrman,
Taxonomia: Mammalia
37
(C), Artiodactyla
38
1779), subespécies Syncerus caffer nanus e
(O), Bovidae (F), Bovinae (S/F), Bovini (T).
Syncerus caffer brachyceros
Nome Inglês: African buffalo, African forest

90-120 mm 90-120 mm
anterior
buffalo and western African savannah buffalo Búfalo
de savana
Nome Francês: Buffle d’Afrique, buffle de forêt Búfalo
et buffle de savane d’Afrique de l’Ouest. de florestas

Nome crioulo: Bufalo

posterior
Nomes locais: N’yaful/Iaff (nalu) - Eda (fula)

Habitat: PNC: floresta densa sub-húmida,


floresta densa seca, savana arbustiva, sa-
vana herbácea e terras cultivadas. Outros: resta e savana) 50-80 cm (♀/♂). AG (flo-
floresta tropical húmida e de montanha. resta) 100-120 cm (♀/♂). AG (savana) 100-
170 cm (♀/♂).
Observações: difícil de observação directa,
espécie discreta que evita o Homem e que Peso: P (floresta) : 260 kg (♀), 320 kg (♂). P
é mais activa durante a noite. A observação (savana) : 550 kg (♀), 700 kg (♂).
das pegadas é fácil na maior parte do PNC.
Búfalo de floresta: floresta do Rio Cacine. Dimorfismo sexual: ♂♂ maiores que as
Búfalo de savana: savana de Cabedu-Cafi- ♀♀. 40 41
ne, Bendugu, Balana e zona transfronteiri-
ça de Cacine. Gestação: 340 dias.

Período de actividade: apesar de diurno, Regime alimentar: búfalo de floresta: folhas,


tende a ser sobretudo crepuscular e noc- frutos, sementes e ervas que crescem em
turno de forma a evitar o Homem e as ho- clareiras florestais, águas rasas, pântanos e
ras de maior calor. na borda da floresta. Búfalo de savana: prin-
cipalmente gramíneas de savana e de fontes
Tamanho: CCC (floresta) ≤290 cm (♀/♂). de água, mas também as folhas da floresta
CCC (savana) 170-340 cm (♀/♂). CC (flo- e do mosaico de florestas e savanas. Possui

104
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

Vulnerável, e Criticamente em perigo na zona transfronteiriça de Ca-


PN Cantanhez cine.

H
á 4 milhões de anos, o búfalo gigante
de chifres grandes estava amplamente
distribuído pelo continente africano. Há
apenas algumas dezenas de milhares de anos
foi substituído pelo búfalo africano que conhe-
cemos hoje. O búfalo de floresta e o da sava-
na do Oeste Africano são duas subespécies do
búfalo africano.
O búfalo de floresta e o da savana da Africa-
no Ocidental são dois bovinos maciços. Não
possuem glândulas faciais e interdigitais.
São porem caracterizados por possuírem um
par de chifres (presente nos 2 sexos) espes-
sos e lisos, dobrados para trás, orelhas gran-
des e peludas, pêlo curto e de cor castanho- Búfalo de floresta atravessando um rio a nado.
-avermelhado a preto. A parte inferior do ab-
dómen e do pescoço é muitas vezes de tom
pálido (creme), os membros pretos e a cabe- O búfalo africano é gregário mas não é territo-
ça escura. O búfalo de savana é maior e mais rial. Vive em grupos mistos de 3-25 indivíduos
frequentemente preto que o de floresta. Nes- (o de floresta) a várias dezenas (o de savana).
te último, os chifres são particularmente do- As manadas são constituídos por vários gru-
brados para trás. pos de ♀♀ aparentadas e acompanhadas pe-
las respectivas crias e de vários ♂♂ adultos.
As ♀♀ e crias podem-se dividir em unidades
sociais menores em caso de seca. A hierar-
uma preferência por Cynodon, Sporobolus, quia entre ♂♂ é linear e os indivíduos idosos
Digitaria, Panicum e Cenchrus Heteropogon tornam-se solitários. Os ♂♂ não dominantes
e várias plantas dos pântano. Há relatos que também formam pequenos grupos solitários.
referem serem observados a alimentarem- A natureza do habitat e da sua produtividade
primária determinam o tamanho do território
-se nos arrozais de bolanha.
vital da manada, que varia de 2.3-8 km² (búfalo
da floresta) a 10,5-296 km² (búfalo de savana).
Predadores: hiena malhada, onça, leão
Os ♂♂ solitários vivendo ou não em grupos
Homem. são igualmente sedentários.
Comunicação: visual (sentido menos de- As ♀♀ no cio apresentam sinais que atraem
senvolvido, mas existem diferentes pos- os ♂♂. São esses sinais que induzem a com-
petição sexual entre ♂♂ e determina a hie-
turas), vocal (mugidos de contacto, angús-
rarquia. Os confrontos são por isso comuns.
tia...), olfactiva (várias secreções hormonais Após 340 dias de gestação, nasce uma cria, ra-
desenvolvidas) e táctil (cuidados maternos, ramente 2. Pesa 40 kg, e já se aguenta sobre os
agressão, a reprodução). membros, acompanhando a progenitora algu-
mas horas depois. Os ♂♂ deixam as progeni-
Esperança de vida: 25-30 anos em cativei- toras aos 2 anos para se juntarem ao grupo de
ro, muitas vezes menos do que 10 anos solitários. O intervalo entre dois nascimentos
para os ♂♂ em meio selvagem. é de 2 anos. As ♀♀ ficam com as progenitoras

105
até terem a primeira cria (maturidade sexual ≈5
anos). Ou mesmo mais tarde. Os laços ♀- cria
e ♀- manada são muito fortes.
As ♀♀ tendem a determinar em conjunto as
deslocações. Os ♂♂ feridos em combates re-
fugiam-se dentro do grupo. Além disso, em ca-
so de ataque por um predador, os indivíduos
protegem-se reagrupando-se muitas vezes pa-
ra fazer frente ao perigo. Foram observados a
atacar por mais de 2 horas, leões que haviam
morto um dos seus.
O búfalo de floresta encontra-se por toda a
extensão de floresta tropical sub-húmida da
África Ocidental e Central e nos mosaicos de
floresta-savana que com esta fazem fronteira.
Embora florestal, alimenta-se duma pequena
quantidade de ervas que encontra em clarei- Búfalo de floresta farejando o vento (comportamento
ras e bordas florestais, em bebedouros dos de vigilância) (topo) e a pastar (em baixo) durante a
mosaicos de floresta-savana, nos pântanos e noite na floresta de Amindara no PNC.
nas lalas. Se o sobre-pastoreio em algumas
áreas limita o crescimento das plantas, a hu- salinas e clareiras florestais ricas em sais mi-
midade permanente permite uma regeneração nerais. O búfalo de savana parece resultar de
suficiente da vegetação herbácea, portanto, uma evolução recente do búfalo de floresta
a manutenção permanente das populações. que se adaptou a habitats mais abertos e quen-
A espécie é também conhecida por procurar tes tornando-se mais gregário.

Combates de touros e caça aos búfalos

A dominância entre ♂♂ resulta de jogos de simulação (ausente nas ♀♀) e de lutas reais.
A ameaça é assinalada pela aproximação de um indivíduo mugindo, chifres apontados
para baixo e por vezes pelo roçar no chão das
patas dianteiras. As investidas são violentas e
muitas vezes a uma distância de 30 m. É a com-
binação do peso e da velocidade que permite
que um indivíduo empurre o seu oponente, le-
vando-o a cair sobre o dorso. Os ♂♂ medem-
-se e enfrentam-se esfregando as pontas dos
chifres da esquerda para a direita. Os combates
reais são violentos, raros e breves. O ♂ ven-
cido parte, fugindo a galope com a cauda cur-
vada sobre o dorso. Aparentemente os ♂♂ de
savana combatem investindo frontalmente, já
Búfalo de floresta olhando para uma máquina os de floresta posicionam a cabeça contra os
fotográfica de disparo automático que o foto- ombros e batem-se contra os flancos.
grafa numa savana arbustiva.
Um búfalo ferido é bastante perigoso. Os ca-
çadores sabem que não deverão nunca seguir
directamente o rastro de um búfalo ferido. Na verdade, ele tem o hábito de refazer o cami-
nho que tomou, para encurralar o caçador. É por isso importante saber avaliar a direcção
que o búfalo tomou para o surpreender ou então preparar uma emboscada mais tarde,
durante a noite.

106
O b ú f alo

O búfalo modifica o comportamento em ca-


so de perturbação ou devido à caça de
que é alvo por parte do Homem. Torna-se en-
tão crepuscular e nocturno. É o que se passa
no PNC.
A população do búfalo da floresta em África
foi estimada em 60.000 indivíduos. A espé-
cie está em declínio em todo o lado por causa
da degradação e perda de habitat e devido à
caça.
A população de búfalos de savana da Áfri-
ca Ocidental é de cerca de ≤27000 indivídu-
os mas está em declínio devido à pressão da
caça comercial e perda de habitat. A espécie
também é muito susceptível a doenças como
a peste bovina, tuberculose bovina e outros ví-
rus característicos do gado doméstico com as
quais entram cada vez mais frequentemente
em contacto (como no PNC).
Os chifres do búfalo de savana da África Ocidental
Admirado pelo Homem, o búfalo é um símbo- são menos curvados para trás do crânio que os do
lo de força e fertilidade. Crenças locais africa- búfalo de floresta.
nas relatam que a saliva do búfalo é venenosa
e que a língua é afiada. O conto do búfalo e da outro conto relata a captura e morte pelo Ho-
hiena diz como este foi encurralado pelo car- mem de Giijiba, a pequena garça branca, rai-
nívoro, quando tentava sair de uma cova. Foi nha do búfalo de floresta. Desde então o con-
graças à intervenção de um elefante, que so- vívio entre búfalos e o Homem deixou de ser
brevive e que a hiena termina no buraco. Um pacífico.

Búfalo de savana da África Ocidental atravessando uma estrada de terra batida.

107
GAZELA PINTADA
Nome científico: Tragelaphus scriptus
(Pallas, 1766) 37
Taxonomia: Mammalia
38
(C), Artiodactyla
39
(O),
Nome Inglês: Bushbuck Bovidae (F), Bovinae (S/F), Tragelaphini (T).
Nome Francês: Guib harnaché
Nome crioulo: Gazela

anterior

40-50 mm 40-50 mm
Nomes locais: Massaf (nalu)
Djauré (fula) - Awéla (balanta)

posterior
Habitat: PNC: mangal, floresta densa sub-
-húmida, floresta densa seca, savana ar-
bustiva e terras cultivadas. Outros: cober-
to espesso, prefere a proximidade de um
ponto de água, até 4000 m de altitude.

Observações: difícil no PNC.


guminosas. Outros: frutas e cravo. Bebe do
Período de actividade: sobretudo noctur-
orvalho. A alimentação depende muito da
no, mas por vezes diurno (activo ao inicio
presença de predadores e da perturbação
da manhã e próximo do meio dia).
humana.
Tamanho: CCC 105-150 cm (♀/♂). CC 19-25
Predadores: jibóia, onça, leão, hiena ma-
cm (♀/♂). AG 61-100 cm (♀/♂). Chifres 26-
lhada e o Homem.
52 cm (♂), ausentes na ♀. 40 41 42

Comunicação: vocal (latidos graves contra


Peso: P 24-60 kg (♀), 30-80 kg (♂).
predadores e rivais, saudação ...), visual
Dimorfismo sexual: pronunciado, ♂ mais (posturas ritualizadas), olfativa (secreções
pesado e com chifres. e marcas), e táctil (cuidados maternos,
comportamento afiliativo, agressão e re-
Gestação: 180 dias. produção).

Regime alimentar: herbívoro e ruminante. Esperança de vida: 12 anos em meio sel-


Especialmente: arbustos, gramíneas e le- vagem e 15 anos em cativeiro.

108
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Criticamente em perigo na zona transfronteiriça de Cacine.

A
gazela pintada é um antílope de por-
te médio, castanho-avermelhado (♀ e
juvenis) a castanho escuro (♂) e com
manchas brancas na face e orelhas. Os flan-
cos são raiados a branco, em especial nas po-
pulações que frequentam a floresta na África
Ocidental. O ♂ possui chifres em espiral. A
dentição e o sistema digestivo estão adapta-
dos ao consumo de plantas jovens.
É um animal geralmente solitário, não terri-
torial e sedentário. As ♀♀ tendem a associa-
rem-se em pequenos grupos, por vezes com
alguns ♂♂ que podem ser aparentados. Os
♂♂ compartilham o mesmo território vital
mantendo uma hierarquia linear entre eles.
Esta depende da idade, da cor do pelo e do
nível de testosterona. Esta é reajustada pela
morte, imigração ou a maturidade dos ♂♂ e
durante o cio das ♀♀. O território vital é de
0,256 km² e varia com a estação que afecta a Uma gazela pintada macho, com longos chifres em
disponibilidade de alimento e água. A alimen- espiral, escondida por trás de herbáceas alta.
tação é interrompida por fases de descanso e
ruminação.
A reprodução não é sazonal, embora ocorra
o registo de alguns picos de nascimentos na
estação chuvosa. Nasce uma única cria, pe-
sando 3,5-4,5 kg. É mantida escondida no
matagal até aos 4 meses e atinge a maturida-
de sexual com um 1 ano. O tamanho adulto
dos chifres é alcançado aos 3 anos.
A gazela pintada tem várias características
que lhe permitiram adaptar-se à predação e
às actividades humanas: porte pequeno, re-
gime alimentar misto.
O efectivo total da espécie está estimado em
1.340.000 indivíduos. As densidades conhe-
cidas (estimadas) são variáveis: 30 (Quénia) a
11-44 gazelas / km² (Ruanda). A espécie está
ameaçada pela aridez, destruição de habitat e
a intensificação da caça (pela carne). Também
é capturada muitas vezes por ser responsá-
vel por grandes prejuízos nas plantações. É o
caso no PNC. Não parece porem ameaçada a
Uma gazela pintada fêmea – não possui chifres. longo prazo e não figura da CITES.

109
CABRA GRANDE DO MATO
37
Nome científico: Cephalophus silvicultor
38 39
Taxonomia: Mammalia (C), Artiodactyla
(Afzelius, 1815) (O), Bovidae (F), Cephalophinae (S/F).
Nome Inglês: Yellow-backed duiker

anterior

50 mm
Nome Francês: Céphalophe a dos jaune,
cephalophe geant
Nome crioulo: Muntum
Nomes locais: Munto (nalu) - Muntu-wal (fula) posterior

50 mm
Habitat: PNC: mangal, floresta densa
sub-húmida, floresta densa seca, savana
arbustiva, savana herbácea e terras cul-
tivadas. Outros: floresta de montanha e sementes, frutos, bagos, casca dos arbus-
floresta de pântano. tos (Chrysophyllum, Garcinia e Sapium),
cogumelos, muitos musgos terrestres e
Observações: difícil.
gramíneas.
Período de actividade: diurno e nocturno.
Predadores: onça, leão, hiena malhada e
Tamanho: CCC 125-190 cm (♀/♂). CC 11-20 o Homem.
cm (♀/♂). AG 65-87 cm (♀/♂). Chifres 8.3-
Comunicação: vocal (grunhidos e balidos),
21.2 cm (♀/♂).
40 41
olfactiva (secreções
42
hormonais), mas tam-
Peso: P 45-80 kg (♀/♂). bém em menor medida visual (numerosas
posturas, banda amarela dorsal eréctil em
Dimorfismo sexual: pouco pronunciado. caso de stress) e táctil (cuidados mater-
nos, agressões e reprodução).
Gestação: 151 dias.
Esperança de vida: 12 anos em meio sel-
Regime alimentar: omnívoro. Sobretudo: vagem e 22,5 anos em cativeiro.

110
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

Criticamente em perigo e com um risco de extinção elevado na zona


PN Cantanhez transfronteiriça de Cacine.

A
cabra grande do mato é a maior das ca-
bras de mato. É castanha acinzentada,
com uma risca dorsal creme ou amare-
lada, estreita entre os ombros e que alarga até
à raiz da cauda. A cabeça é alongada, pontia-
guda, com pelos cinzentos e branco prateados
no focinho. As bochechas terminam num riná-
rio preto. Em ambos sexos está presente, en-
tre os chifres, um tufo de pelos preto ou cas-
tanho, curtos, erectos e ligeiramente curvos
para trás.
É geralmente solitária e ocupa territórios es-
paçados. O território do casal ♂♀ é provavel-
mente comum. A observação de indivíduos
em cima de termiteiras sugere que a vigilância
do meio é importante. As ♀♀ defendem ac-
tivamente o território. Por vezes, os confron-
tos entre indivíduos deixam marcas, tais como
chifres danificados ou quebrados.
A cabra grande do mato frequenta os mesmos trilhos
Tem uma cria, raramente 2. Esta vai perma-
onde pode ser regularmente fotografada tanto à noi-
necer escondida na vegetação durante pelo te (em cima) como de dia (em baixo).
menos uma semana. A cria tem uma pelagem
vermelha escura com manchas nos flancos e
membros. Com um mês crescem uns chifres Começa quase imediatamente a alimentar-se
pequenos, e alguns pelos claros na parte su- da vegetação, mas só é desmamada aos 6 me-
perior do dorso. ses. O crescimento é muito rápido e permite-
-lhe alcançar a cor e o tamanho adulto aos 9
meses. Tornam-se sexualmente maduras ao
fim do 1 ano.
A risca amarela ao longo do dorso terá uma
função social. Os pesquisadores também des-
confiam que cubra glândulas da pele, mas tal
não foi ainda verificado.
O efectivo total da população está estima-
do em 150.000 indivíduos. A espécie ainda é
abundante e amplamente distribuída. Mitos
locais fizeram com que esta espécie de cabra
de mato fosse pouco caçada. Estas crenças
tradicionais tendem a desaparecer e a espécie
é cada vez mais caçada pela carne. A caça, a
desflorestação e a degradação do habitat são
ameaças locais bastante significativas para a
O ♂ da cabra grande do mato é o maior animal per- espécie. Presente em muitas áreas protegi-
tencente a este grupo de espécies. das, figura no anexo II da CITES.

111
37 38

CABRA CINZENTA
Nome científico: Philantomba maxwellii Taxonomia: Mammalia (C), Artiodactyla (O),
(C.H. Smith, 1827) Bovidae (F), Cephalophinae (S/F).
Nome Inglês: Maxwell’s duiker
Nome Francês: Céphalophe de Maxwell
Nome crioulo: Cabrito azul

18 mm
Nomes locais: Mutbam (nalu)
Toguere (fula) - Nguér (balanta)

Habitat: PNC: mangal, floresta densa sub-


-húmida, floresta densa seca, savana ar-
bustiva, savana herbácea e terras cultiva- 40 41
das. Outros: floresta galeria e proximidade
das aldeias. Adapta-se bem à degradação
de habitat e ao coberto vegetal secundário.

Observações: difícil.

Período de actividade: estritamente diur-


no (2 picos de actividade: 06-08h00 e 16-
18h00).

Tamanho: CCC 63-76 cm (♀/♂). CC 12-15 cm


(♀/♂). AG 35-42 cm (♀/♂). Chifres 2.2-9.8
cm (♀/♂) (ausentes em certas ♀♀).

Peso: P 6-10 kg.

Dimorfismo sexual: pouco pronunciado.

Gestação: 120 dias.

Regime alimentar: omnívoro, sobretudo A cabra cinzenta é um pequeno antílope florestal fru-
frugívoro. Especialmente: frutos, semen- gívoro e diurno.

112
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

Criticamente em perigo e com um risco de extinção elevado na zona


PN Cantanhez transfronteiriça de Cacine.

A
cabra cinzenta é um pequeno antílope por posturas face a face, cabeça baixa (agres-
cinzento-castanho, cuja parte inferior são) ou de joelhos e deitado (submissão). O
é clara e a cauda branca. A cabeça é casal ♂♀ mantém uma elevada proximidade
angular e compacta. Em ambos sexos (mas espacial e os laços familiares serão mantidos
não em todas as ♀♀) estão presentes dois regularmente.
chifres curtos. Possui grandes glândulas pré- A reprodução não aparenta ser sazonal. A ni-
-orbitais, interdigitais, mas não inguinais. nhada é composta por uma cria (raramente
A área de distribuição, entre o Senegal e o 2) que nasce na vegetação rasteira onde fi-
rio Níger, é fragmentada. Um casal ♂♀ ge- ca escondida no 1º dia de vida. A maturidade
ralmente partilha um território comum pe- sexual é atingida aos 2 anos. O ♂ emigra vo-
queno, que defende contra intrusos. Marcam luntariamente aos 2 anos, a ♀ aos 1-1,5 anos.
os limites territoriais com secreções inter- Em cativeiro, os estudos demonstraram a na-
digitais, urina e dejectos. As secreções pré- tureza afiliativa das relações entre progenitor
-orbitais desempenham um importante pa- e cria. O ♂ inicia-a no comportamento de hi-
pel social. São depositadas sobre os caules giene social (64%) e nas abordagens (54%). Faz
de plantas, mas também nos congéneres du- marcações e brinca 3 a 12 vezes mais, respec-
rante a higiene mútua (comportamento ami- tivamente, do que a ♀. Esta é quem porem, a
gável) e durante uma agressão. Ambos sexos introduz nas deslocações do grupo (92%).
lambem-se vigorosamente na face, orelhas e
pescoço, usando posturas de apaziguamen- Abundante, pode atingir uma densidade de
to. Os ataques são raros e caracterizam-se 79 indivíduos / km² (Costa do Marfim). Caça-
da pela carne, é bastante resistente à pressão
de caça quando esta é baixa, mas não quan-
do intensiva. A população do PN de Comoé
tes, arbustos, gramíneas, rebentos e algu- (Côte d’Ivoire) regrediu em mais de 90% em
ma matéria animal. 20 anos. Presente em muitas áreas protegi-
das, não figura na CITES.
Predadores: águia-coroada, onça, leão e o
Homem.

Comunicação: vocal (grito de alarme, ba-


lido agudo, assobios…), olfactiva (secre-
ções pré-orbital e interdigital, depósitos
de excrementos e de urina), visual (nume-
rosas posturas: quadrúpede, bípede, de jo-
elhos (submissão), cabeça baixa e chifres
voltados para a frente (agressão), roçar
nas árvores…) e táctil (cuidados maternos,
comportamento afiliativo (lambedela so-
cial, marcação pré-orbital), agressão e re-
produção).

Esperança de vida: desconhecida em meio


selvagem e de 10 anos em cativeiro. Cabra cinzenta numa savana herbácea.

113
37 38 39

DUIKER NEGRO
Nome científico: Cephalophus niger
(Gray, 1846)
Taxonomia: Mammalia (C), Artiodactyla (O),
Nome Inglês: Black duiker Bovidae (F), Cephalophinae (S/F).
Nome Francês: Céphalophe noir

Habitat: PNC: mangal, floresta densa sub-


-húmida, savana arbustiva e terras adja-
centes cultivadas.

Observações: difícil.

Período de actividade: crepuscular ou noc-


turno.
40 41 42

Tamanho: CCC 80-100 cm (♀/♂). CC 7-14


cm (♀/♂). AG 45-55 cm (♀/♂). Chifres 2.5-
17.5 cm (♀/♂). Comunicação: vocal (grito de alarme, bali-
dos agudos, assobios…), olfactiva (secre-
Peso: P 16-24 kg (♀/♂). ções pré-orbitais e interdigitais, depósitos
de excrementos e de urina), mas também
Dimorfismo sexual: pouco pronunciado,
visual (numerosas posturas: quadrúpe-
♀ ligeiramente mais maciça que o ♂.
de, bípede, de joelhos (submissão), cabe-
Gestação: desconhecida. ça baixa e chifres voltados para a frente
(agressão), esfregar nas árvores…) e táctil
Regime alimentar: omnívoro, especial- (cuidados maternos, comportamento afi-
mente frugívoro e ruminante. Sobretudo: liativo (lambedela social, marcação pré-
frutos, flores caídas, folhas e ervas. -orbital), agressão e reprodução).

Predadores: águia-coroada, onça, leão e o Esperança de vida: 10-12 anos em meio


Homem. selvagem e de 14.5 anos em cativeiro.

114
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

Criticamente em perigo e com um risco de extinção elevado na zona


PN Cantanhez transfronteiriça de Cacine.

O
duiker negro é um animal de porte mé- A dieta é especializada no consumo de fru-
dio castanho escuro ou preto (mais pá- tas dos quais depende durante todo o ano. As
lido ao redor da cabeça, pescoço e ore- espécies com as quais entra em competição
lhas). As narinas são inchadas, o corpo alon- por alimentos são outras cabras de mato flo-
gado e os membros curtos e grossos. A parte restais, o porco do mato, o porco gigante da
inferior da cauda é branca. Os dois sexos têm floresta e o cabrito aquático.
um par de chifres curtos, cercado por um tufo
Está bem adaptado à degradação florestal
frontal de pelos avermelhados desenvolvidos.
causada pelo Homem (desflorestação, frag-
Possui glândulas interdigitais entre os cascos mentação de habitats e uso agrícola). Na Áfri-
e glândulas pré-orbitais que utiliza para mar- ca Ocidental, é o antílope de tamanho médio
car o território. As secreções pré-orbitais são que melhor resiste ao impacto humano nos
pretas e mais expressivas nos adultos. Não faz habitats. A população total é estimada em
parte do grupo das cabras de mato florestais 100.000 indivíduos. Na parte central da área
consideradas dominantes na floresta tropical de distribuição a população é considerada
africana (cabra cinzenta, de Peters, bambi de estável, porem as localizadas a oeste e leste
fronte negra, cabra-grande-do-mato). desta, estão em declínio. A densidade varia,
entre 2 e 0,2 cabras / km². Presente em muitas
A ecologia e comportamento desta espécie
áreas protegidas, não é alvo de grande amea-
são pouco conhecidos, mas os pesquisado-
ça, embora caçado pela carne. Não figura na
res acreditam que é sedentária e territorial.
CITES.
É um animal adaptado ao coberto de vegeta-
ção rasteira da floresta sub-húmida.

O duiker negro habita áreas de floresta sub-tropical húmida e as margens da floresta primária do PNC (na ima-
gem: floresta de Cambeque).

115
37 38 39

DUIKER DA BAIA
Nome científico: Cephalophus dorsalis
(Gray, 1846) Taxonomia: Mammalia (C), Artiodactyla (O),
Bovidae (F), Cephalophinae (S/F).
Nome Inglês: Bay duiker
Nome Francês: Céphalophe bai, Céphalophe
a bande dorsale noire
Nome crioulo: Cabra do mato

36 mm
Habitat: PNC: mangal, floresta densa sub-
-húmida, floresta densa seca, savana ar-
bustiva e terras adjacentes cultivadas. Ou-
tros: preferência pelas florestas primárias
de planalto.40 41 42

Observações: difícil.

Período de actividade: nocturno.

Tamanho: CCC 70-100 cm (♀/♂). CC 8-15


cm (♀/♂). AG 40-56 cm (♀/♂). Chifres 5.5-
10.5 cm (♀/♂).

Peso: P 15-24 kg (♀/♂).

Dimorfismo sexual: pouco pronunciado,


♀ ligeiramente mais maciço que o ♂.
O duiker da Baia é um pequeno antílope florestal que
Gestação: desconhecida. alimenta-se essencialmente de frutos caídos ao chão.

116
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

Criticamente em perigo e com um risco de extinção elevado na zona


PN Cantanhez transfronteiriça de Cacine.

D
e estatura média é um animal maciço. A tório. Faz parte do grupo de cabras de mato
pelagem é castanho-amarelada, mem- florestais consideradas dominantes na flores-
bros castanhos ou pretos escuro com ta tropical africana (cabra cinzenta, de Peters,
uma rista dorsal negra ao longo do dorso e bambi de fronte negra, cabra-grande-de-ma-
do ventre. O pelo é áspero, o nariz muito pe- to).
queno e fino. Ao contrário de outras cabras
Aprecia habitats diversificados. Nocturno,
de mato, os olhos são maiores e mais acima
descansa de dia entre o sopé das grandes ár-
na testa, o focinho é mais largo e liso. O tu-
vores, nas cavidades, sob troncos caídos ou
fo de pelos, na parte superior da cabeça é,
no mato. Só sai à noite. Este comportamen-
ou muito pequeno ou completamente ausen-
to valeu-lhe o nome de “adormecido” muito
te. Ambos sexos têm chifres curtos voltados
usado na África Central, já que os caçadores
para trás.
que operam de dia encontram-no a dormir.
Tanto a ecologia como o comportamento são No Gabão, consome mais frutas (73% da ali-
pouco conhecidos. Sabe-se porem que depo- mentação) do que folhas (27%).
sita secreções da glândulas interdigital (entre
Vive em densidades mais baixas do que ou-
os cascos) e pré-orbital para marcar o terri-
tras cabras de mato. Em meio rico, são en-
contrados 2-3 indivíduos a cada 12-20 ha (14-
16 / km²). A população total está estimada em
725.000 indivíduos. A intensificação da caça
e a perda de habitat são responsáveis por um
Regime alimentar: omnívoro especialmen- declínio geral. Presente em muitas áreas pro-
te frugívoro e ruminante. Sobretudo: frutos tegidas, figura no anexo II da CITES.
(mangas selvagens (Irvingia), maçã (Klai-
nedoxa), outros frutos (Treculia, Chryso-
phyllum, Myrianthus), laranjas selvagens
(Strychnos) e igualmente folhas. Ocasio-
nalmente carnívora: mata e come aves.

Predadores: onça e o Homem.

Comunicação: vocal (grito de alarme, ba-


lido agudo, assobios ...), olfativa (secre-
ções pré-orbitais e interdigitais, depósitos
de excrementos e de urina), mas também
visual (muitas posturas: quadrúpede, bí-
pede, de joelhos (submissão) , de cabeça
baixa e chifres apontados para a frente
(agressão), esfregando-se contra árvores
...) e táctil (cuidados maternos, comporta-
mento afiliativo (lambedura social, marca-
ção pré-orbital), agressão e reprodução).
O duiker da Baia faz parte das cabras de mato do-
Esperança de vida: desconhecida. minantes da floresta tropical sub-húmida de África.

117
DUIKER DE FLANCOS RUIVOS
Nome científico: Cephalophus rufilatus Taxonomia: Mammalia
43
(C), Artiodactyla
44
(O),
(Gray, 1846) Bovidae (F), Cephalophinae (S/F).
Nome Inglês: Red-flanked duiker
Nome Francês: Céphalophe a flancs roux
Nome crioulo: Frintamba
Nomes locais: Boléré (fula)

Habitat: PNC: savana arbustiva e terras ad-


jacentes cultivadas. Outros: florestas relí-
quia e matas ciliares.

Observações: relativamente fácil.

Período de actividade: diurno e nocturno.

Tamanho: CCC 60-80 cm (♀/♂). CC 7-10 cm


(♀/♂). AG 30-38 cm (♀/♂). Chifres 3-9.5 cm
(♀/♂) (mas algumas ♀♀ não possuem).

Peso: P 6-14 kg (♀/♂).


46 47

Dimorfismo sexual: pouco pronunciado,


a ♀ é ligeiramente mais maciça que o ♂. O duiker de flancos ruivos aprecia percorrer a savana
arbustiva situada na periferia da floresta densa sub-
Gestação: desconhecida. -húmida.

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ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

Criticamente em perigo e com um risco de extinção elevado na zona


PN Cantanhez transfronteiriça de Cacine.

O
duiker de flancos ruivos é um peque-
no antílope. A face, pescoço e flancos
são vermelho-alaranjado brilhante. Os
membros são castanho ou cinzento-azulado.
Possui uma risca dorsal castanha ou cinza. O
nariz e lábio inferior pretos contrastam com
a mandíbula branca e o lábio superior. O tufo
de pelos no topo da testa é aparente. Todos
os ♂♂ e algumas ♀♀ possuem um par de
chifres curtos.
A ecologia e o comportamento da espécie são
pouco conhecidos. Sabe-se porem, que é um
animal essencialmente solitário (embora tam-
bém sejam avistados aos pares) e territorial. O
território é pequeno tendo em conta os recur-
sos abundantes existentes nos habitats ocupa-
dos. Defende-o de forma agressiva contra um
intruso. Um ♂ e uma ♀ ocupam geralmente o O duiker de flancos ruivos possui glândulas pré-or-
bitais aparentes que servem para marcar o território
com secreções.

Regime alimentar: omnívoro mas especial- mesmo território. As secreções das glândulas
mente frugívoro e ruminante. Sobretudo: pré-orbitais são depositadas em folhas e cau-
frutos, flores, folhas e ervas ribeirinhas. les desempenhando possivelmente uma fun-
ção territorial. A estas juntam-se as secreções
Predadores: onça e o Homem. das glândulas interdigitais, urina e os dejectos
que são depositados aleatoriamente em todo
Comunicação: sobretudo vocal (grito de o território. A prole é composta por uma cria
alarme, balido agudo, assobios...) e olfac- (raramente 2). O crescimento e o aprendizado
tiva (secreções pré-orbitais e interdigitais, são longos.
depósitos de excrementos e de urina), mas O Duiker de flancos ruivos é muito abundan-
também visual (muitas posturas: quadrú- te em algumas savanas arborizadas. A popu-
pede, bípede, ajoelhando (apresentação), lação total foi estimada em 1999 em 170.000
de cabeça baixa e chifres apontados para indivíduos. Com o crescimento da população
a frente (agressão), esfregando-se contra humana e o aumento da caça pela carne, o
efectivo encontra-se em declínio. Presente em
as árvores...) e táctil (cuidados maternos,
muitas áreas protegidas, não figura na CITES.
comportamento afiliativo (lambedura so-
cial, marcação pré-orbital), agressão e re-
produção).

Esperança de vida: 5 anos em meio selva-


gem (por vezes até 10 anos) e 15 anos em
cativeiro.

119
PALANCA VERMELHA
Nome científico: Hippotragus equinus koba
43
Taxonomia: Mammalia
44
(C), Artiodactyla
45
(O),
(É. Geoofroy Saint-Hilaire, 1803) Bovidae (F), Hippotraginae (S/F).
Nome Inglês: Roan antelope
Nome Francês: Antilope rouanne, antílope
chevaline rouane, hippotrague rouan

120 mm
Nome crioulo: Boca branco
Nomes locais: Koba (fula)

Habitat: PNC: savana arbustiva e savana


herbácea húmida e inundável. Outros: es-
tepe saheliana, savana de montanha (até
aos 2400 m). Presença indispensável de um Peso: P 223-280 kg (♀), 242-300 kg (♂).
ponto de água. Zonas de pastagem na es-
tação seca e na estação húmida distintas. Dimorfismo sexual: pronunciado, ♂ mais
pesado e com chifres maiores do que os
Observações: difícil. Espécie rara no PNC. da ♀.

Período de actividade: sobretudo diurno, Gestação: 280 dias.


mas também nocturno.
Regime alimentar: herbívoro, principal-
Tamanho: CCC 190-240 cm (♀/♂).46 CC 37- mente vegetação
47 espessa e em48 menor
48 cm (♀/♂). AG 126-145 cm (♀/♂). Chifres medida pasto. Sobretudo: gramíneas pe-
75 cm (♀/♂) em média (50-100 cm, max : quenas e médias pertencentes às espécies
99.06 cm) (♂), mais curtos (♀). dominantes (aveia vermelha selvagem

120
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

Criticamente em perigo e com um risco de extinção elevado na zona


PN Cantanhez transfronteiriça de Cacine.

A
palanca vermelha é um antílope gran- ralmente, em seguida, confrontam-se usando
de, poderoso, com um pescoço gros- chifres contra chifres. O vencedor permanece
so, o nariz forte, longas orelhas caídas na posição vertical, o adversário coloca-se em
nas pontas e chifres curvos muito grandes. O posição de submissão: cabeça para baixo, cau-
pelo é áspero, desgrenhado na garganta, for- da entre as pernas, a boca aberta e por vezes
mando uma crina erecta cujos pelos são pre- agacha-se.
tos na ponta. No norte (o que inclui o PNC), o As ♀♀ mantêm uma hierarquia por suplemen-
pelo é fulvo (no sul cinza) e mais avermelhado tação regular. As mais velhas são as mais do-
nas zonas húmidas. As manchas pretas da face minantes, as mais jovens as mais dominadas.
também são maiores. A ponta da cauda, ore-
lhas e o pénis do ♂ são pretos. Os cascos são A reprodução não é sazonal, mas os nascimen-
grandes e estão equipados com glândulas in- tos na estação seca são raros. A ♀ isola-se do
terdigitais. grupo antes do nascimento. Ao nascer a cria
permanece escondida por uma semana juntan-
Vive em grupos de 5-35 indivíduos, composto do-se posteriormente com a progenitora, ao
por um adulto ♂, várias ♀♀ e crias. O adulto grupo. É desmamada aos 4-6 meses, atinge a
♂ exclui outros ♂♂. O grupo vive num territó- maturidade sexual aos 2 anos (♀) e 3 anos (♂).
rio geralmente exclusivo, mais vasto na esta- O ♂ é então perseguido juntando-se a um gru-
ção chuvosa e mais concentrado na estação se- po de solitários (até 10 indivíduos), à margem
ca, ao redor de um ponto de água. O tamanho do grupo nativo, até formar um harém próprio.
varia de 12 km² (Tanzânia) a 60-120 km² (África
do Sul). A espécie gosta de descansar à sombra A população total de palancas vermelhas será
das árvores. Face aos leões, foge ou enfrenta. de 76.000 indivíduos com populações signifi-
cativas no Burkina Faso, Camarões, Zâmbia e
Dois ♂♂ levantam a cabeça quando se en- Tanzânia. No entanto, muitas populações es-
contram, ficam hirtos, posicionando-se late- tão em declínio devido à intensificação da ca-
ça, perda de habitat e à criação de gado. Pre-
sente em muitas áreas protegidas, não figura
na CITES.
(Themeda), Hyparrhenia, Digitaria). Na es-
tação seca: arbustos, plantas herbáceas,
vagens de acácia. Bebe regularmente.

Predadores: onça, leão, hiena malhada e


o Homem.

Comunicação: visual (vigilância, defeca-


ção ritualizada, esfregar os chifres contra
a vegetação), olfativa (várias secreções e
marcas), vocal (vocalizações várias) e tác-
til (cuidados maternos, comportamento
afiliativo, agressão e reprodução).

Esperança de vida: 17 anos em meio sel- A palanca vermelha é um grande ungulado que vai
vagem. beber regularmente aos pontos de água.

121
COBO DE MEIA LUA
43 44 45
Nome científico: Kobus ellipsiprymnus Taxonomia: Mammalia (C), Artiodactyla (O),
(Ogilbyi, 1833) Bovidae (F), Reduncinae (S/F).
Nome Inglês: Waterbuck
Nome Francês: Cobe à croissant, cobe defassa
Nome crioulo: Sim-sim

90 mm
Habitat: PNC: savana arbustiva e savana
herbácea próxima de um ponto de água.

Observações: difícil, espécie rara no PNC.

Período de actividade: sobretudo diurno


mas também nocturno.

Tamanho: CCC 177-235 cm (♀/♂). CC 33-40


cm (♀/♂). AG 120-136 cm (♀/♂). Chifres 75
cm em média (max : 99.7 cm) (♂, ausentes
na ♀).

Peso: P 160-200
46 kg (♀), 200-300 kg47(♂). 48

Dimorfismo sexual: pronunciado, ♂ mais


pesado que a ♀ e dotado de chifres.

Gestação: 280 dias.


O cobo de meia lua é um antílope grande de sava-
Regime alimentar: herbívoro (ruminante). na, com um odor muito desenvolvido, cujos machos
Sobretudo: gramíneas, incluindo canas possuem longos chifres anelados.

122
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

Criticamente em perigo e com um risco de extinção elevado na zona


PN Cantanhez transfronteiriça de Cacine.

O
cobo de meia lua é um grande antílope tora, que segue pelos movimentos da cauda e o
cinza ou vermelho. O pescoço, o redor padrão branco da parte anterior, até ao grupo.
dos olhos e focinho são brancos. Os lon- As crias são desmamadas aos 6 meses e atin-
gos membros são castanhos a preto com um gem a maturidade sexual aos 3 anos (♀) e 5
anel branco por cima dos cascos. Apenas o ♂ anos (♂). Os chifres do ♂ crescem a partir dos
possui um par de longos chifres anelados e li- 8-9 meses sendo nessa altura expulso do gru-
geiramente inclinados para a frente. A garupa po, passando a integrar um grupo de ♂♂ ce-
(sob a cauda) é branca a norte da sua área de libatárias onde permanece. A ♀ também emi-
distribuição (o que inclui o PNC) (≠ do que suce- gra, às vezes por longas distâncias, até 30 km
de na Africa do Sul e Oriental). de grupo de origem.
É uma espécie gregária, sedentária (permane- O odor do cobo de meia lua é muito desenvolvi-
ce até 8 anos no mesmo território) e muio de- do. A função que desempenha na comunicação
pendente da água. O grupo tem geralmente parece importante. A pele é constituída por vá-
5-10 indivíduos, mas às vezes 30-70 na estação rias glândulas sebáceas espalhadas, que pro-
da chuva. Em 5-6 anos, o ♂ estabelece o terri- duzem uma substância oleosa e odorífera que
tório que defende contra qualquer ♂ reprodu- facilita o contacto entre os indivíduos.
tor. O tamanho do território do ♂ é 0,5-2,8 km As densidades conhecidas e as mais represen-
², e o da ♀ é de 2-6 km². As ♀♀ e os juvenis tativas são de 0,05-1,5 cobos / km² em áreas on-
circulam livremente pelo território dos vários de a espécie é comum. Podem porem chegar a
♂♂ excepto no período em que estes procu- mais de 10 cobos / km² em meios muito ricos.
ram retê-las para acasalar. O efectivo total está estimado em 200.000 indi-
A ♀ deixa o grupo para parir. A cria nasce com víduos, metade do qual vive em áreas protegi-
13 kg. Permanece escondida em moitas até às das. Regista-se porem um declínio geral, prin-
2-4 semanas antes de ser levada pela progeni- cipalmente na África Ocidental e Central. A se-
dentariedade próxima de pontos de água torna
a espécie muito vulnerável à caça. Várias popu-
lações já desapareceram. Não figura na CITES.

(Phragmites) e juncos (Typha). Ocasional-


mente frutos e folhas. Bebe regularmente.

Predadores: crocodilo do Nilo, hiena ma-


lhada, onça, leão e o Homem.

Comunicação: visual (vigilância, defeca-


ção ritualizada, esfregando chifres contra
a vegetação, várias outras posturas ritua-
lizadas), olfactiva (várias secreções e mar-
cações), vocal (várias vocalizações) e táctil
(cuidados maternos, comportamento afi-
liativo, agressão e reprodução).
A ♀ do cobo de meia lua não possui chifres, ao con-
Esperança de vida: 14 anos em meio sel- trário do ♂ (no Quénia: reparar no circulo branco na
vagem, 18 anos em cativeiro. garupa do animal).

123
43 44

JAVALI AFRICANO
Nome científico: Phacochoerus africanus Taxonomia: Mammalia (C), Artiodactyla (O),
(Gmelin, 1788) Suidae (F), Suinae (S/F), Phacochoerini (T).
Nome Inglês: Common warthog, warthog

42 mm
anterior
Nome Francês: Phacochère commun
Nome crioulo: Purco di mato preto
Nomes locais: N’Fin (nalu)
Gué-gué (fula) - Cumbé (balanta)

posterior

48 mm
Habitat: PNC: savana arbustiva, savana
herbácea e terras cultivadas. Outros: mo-
saicos (de preferência pouco arborizados) 46 47
e floresta aberta, até aos 3000 m.

Observações: difícil.

Período de actividade: principalmente


diurno, mas pode ser nocturno.

Tamanho: CCC 105-152 cm (♀/♂). CC 35-50


cm (♀/♂). AG 55-85 cm (♀/♂).

Peso: P 45-75 kg (♀), 60-150 kg (♂).

Dimorfismo sexual: pronunciado, ♂ até 2


vezes mais pesado que a ♀.

Gestação: 160-170 dias.

Regime alimentar: herbívoro, sobretudo: O javali africano é um suíno de savana, gregário e


plantas herbáceas (rasas de preferência: não territorial.

124
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

Vulnerável e Criticamente em perigo na zona transfronteiriça de Ca-


PN Cantanhez cine.

O
javali africano é cinzento, robusto, com lidade dos ♂♂ é 4 vezes mais elevada do que
presas (caninos) proeminentes. A fa- a das ♀♀. Os ♂♂ lutam pelas ♀♀, não pelo
ce possui 3 calosidades espessas que território. Pasta de joelhos e trota, de cabeça
protegem os olhos, queixo e focinho. A crina para cima e cauda vertical. Pode atacar para
existente no dorso possui pelos longos sendo proteger a vida ou a das crias jovens ou fugir a
mais desenvolvida no pescoço e ombros. mais de 50 km / h.
É um animal gregário e não territorial. Com vá- O território vital é de 0.64-3.74 km². As tocas
rios níveis sociais: a família (♀ e crias), o gru- (frequentemente antigos buracos do porco
po familiar (várias famílias relacionadas) e o formigueiro) servem de refúgio contra os pre-
clã (vários grupos que compartilham o mesmo dadores, o calor e como local de parto. A toca
território vital). O ♂ permanece com a proge- não é exclusiva e é usada por diferentes indi-
nitora até à maturidade (2,5-4 anos). Passa en- víduos e famílias.
tão a ser perseguido e inicia a vida solitária, O ♂ que encontra uma ♀ no cio mostra-se
deslocando-se entre as ♀♀. A taxa de morta- impaciente, saliva intensamente perseguindo-
-a grunhindo baixinho. A ♀ tem ninhadas de
2-8 crias na toca. Cada cria pesa 480-850 g e
nasce coberta por uma penugem fina e disper-
Sporobolus, Panicum e Brachiaria) e gramí- sa. Aos 4 meses deixa a toca e aos 2-6 meses
neas que crescem durante a estação chu- é desmamada.
vosa, folhas, rizomas (desenterrados com a
O efectivo total é estimado em 250.000 indiví-
ponta do disco nasal) e solo para ingestão duos com densidades de 1-10 javalis / km² (em
de minerais. Geralmente, próximo de uma meio protegido) ou 77 / km² (Quénia). Provoca
fonte de água. muitas vezes danos significativos nas planta-
ções e é caçado pela carne. É o caso do PNC
Predadores: jibóia, águias, chacal, caracal, onde os muçulmanos não o caçam. Podem-se
chita, mabeco, hiena malhada, onça, leão observar numerosos indícios de presença: ter-
e o Homem. ra revolta, poças de lama, concentrações de
dejectos...
Comunicação: olfactiva (marcações de ob- O javali africano não parece estar ameaçado a
jectos com as presas e as glândulas pré- longo prazo e não figura na CITES.
-orbitais, dejectos e urina), visual (posturas
ritualizadas: lateral, carga e movimento es-
pasmódico da cabeça (dominância e ame-
aça), de cabeça baixa e orelhas achatadas
(apresentação)), vocal (grunhidos e ros-
nados (dominância e ameaças), guinchos
(apresentação)), e táctil (cuidados mater-
nos, comportamento afiliativo, agressão
(golpes frontais com a cabeça e lateral com
as defesas) e reprodução).
A unidade familiar é muito importante para o java-
Esperança de vida: 15-18 anos em meio li africano: aqui, a progenitora acompanha duas das
selvagem e 20 anos em cativeiro. suas crias.

125
43 44 45

PORCO DE MATO VERMELHO


Nome científico: Potamochoerus porcus Taxonomia: Mammalia (C), Artiodactyla (O),
(Linnaeus, 1758) Suidae (F), Suinae (S/F), Potamochoerini (T).
Nome Inglês: Red river hog

55-70 mm
anterior
Nome Francês: Potamochere
Nome crioulo: Purco di mato
Nomes locais: Massop (nalu)
Kosse-bodé (fula) - Cumbé hanz (balanta)

posterior

55-70 mm
Habitat: PNC: floresta densa sub-húmida,
floresta seca e terras cultivadas. Outros:
floresta densa húmida, margens dos cur-
46 47 48
sos de água e de pântanos.

Observações: difícil mas os rastos são fa-


cilmente observados nas zonas pantano-
sas do PNC.

Período de actividade: principalmente noc-


turno.

Tamanho: CCC 100-145 cm (♀/♂). CC 30-45


cm (♀/♂). AG 55-80 cm (♀/♂).

Peso: P 45-115 kg (♀/♂).

Dimorfismo sexual: pouco pronunciado,


♂ ligeiramente mais maciço que a ♀.

Gestação: 120 dias.

Regime alimentar: omnívoro. Sobretudo:


raízes e tubérculos subterrâneos, frutas ca- Porco de mato vermelho num charco de água.

126
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

Vulnerável e Criticamente em perigo na zona transfronteiriça de Ca-


PN Cantanhez cine.

O
porco do mato é um animal florestal de
pelagem avermelhada. A crina dorsal é
estreita, as sobrancelhas, os longos pe-
los na ponta das orelhas e a linha estreita ao
longo do queixo são brancos. O focinho e a tes-
ta são pretos. A pelagem é lisa e rasa, excepto
lateralmente, nas bochechas e ao longo da co-
luna vertebral.
Gregário, forma grupos mistos (♂♀) geral-
mente ≤15 indivíduos, que podem atingir tem-
porariamente 60 animais. Dependendo da es-
tação, pode ser principalmente frugívoro e ali-
menta-se de frutos caídos, derrubados por ma-
cacos e calaus. O porco vermelho é altamente gregário e pode for-
mar grupos mistos com dezenas de indivíduos: aqui
Quando os ♂♂ medem-se entre si, saltitam numa clareira florestal.
rodopiando, raspam o chão, balançam a cau-
da e batem as mandíbulas. A crista dorsal é
eriçada. As secreções (contendo feromonas) tais. Usam os caninos curtos e afiados para
são exaladas através das glândulas saliva- atacar. Se as excrescências ósseas e da pele
res, do canto dos olhos, da nuca e dos geni- protegem a face, o focinho permanece vulne-
rável (os tendões e as veias muitas vezes so-
frem cortes).
A reprodução não aparenta ser sazonal. A ♀
ídos e invertebrados. Estão frequentemen- constrói o ninho usando vegetação prensada
te perto de um ponto de água. numa toca cavada. O número de crias é muito
variável e a pelagem é castanha escura com
Predadores: jibóia, onça, leão e o Homem. riscas verticais amareladas. A cor adulta é al-
cançada aos 3 meses. Em caso de perigo, as
Comunicação: olfactiva, (marcação de ob- crias agacham-se e fingem-se de mortas, mais
jectos com as presas e as glândulas pré-or- tarde aprendem a fugir. Atinge a maturidade
bitais, dejectos e urina), visual (posturas ri- sexual aos 2 anos.
tualizadas: carga, movimento espasmódico O efectivo total não é conhecido e a densida-
da cabeça e orelhas horizontais (dominância de é geralmente é de 1-6 animais / km² ou 18,4
e ameaças), de cabeça baixa e orelhas verti- animais / km² (Gabão). É responsável por gran-
cais (apresentação)) , voz (grunhidos e ros- des danos em plantações, sendo muitas vezes
alvo de caça como forma de retaliação ou por
nados (dominância e ameaças), guinchando
ser um vector de doenças que pode afectar
(apresentação)), e táctil (cuidados maternos,
animais e pela carne que é muito apreciada. A
comportamento afiliativo, agressão (golpes intensificação da desflorestação é outra ame-
frontais com a cabeça e lateral com as defe- aça como sucede no PNC, onde no entanto, a
sas) e reprodução). carne é proibida pelo Islão para o consumo.
São diversos os vestígios de presença: terra
Esperança de vida: 15 anos em meio sel- revolta, poças de lama, concentrações de ex-
vagem e 20 anos em cativeiro. crementos ...

127
43 44 45

PORCO GIGANTE DA FLORESTA


Nome científico: Hylochoerus meinertzhageni Taxonomia: Mammalia (C), Artiodactyla (O),
(Thomas, 1904). Hylochoerus meinertzhageni Suidae (F), Suinae (S/F), Potamochoerini (T).
ivoriensis no PNC

60-100 mm 60-100 mm
anterior
Nome Inglês: Giant forest hog
Nome Francês: Hylochère
Nomes locais: N’Fin (nalu)
Birfi (fula) - Cumbé mon (balanta)

posterior
Habitat: PNC: floresta densa sub-húmida,
floresta densa seca, savana arbustiva e an-
tigos campos de cultivo. Outros: floresta
46 48
densa húmida, zona subalpina, bambuzais,
47
midas em diferentes estados da vegetação,
floresta de montanha (até aos 3800 m), flo- raízes (menos que nos outros suínos) e sais
resta de pântano e floresta de galeria. minerais do solo. Com adaptação recente à
das herbáceas rasas.
Observações: difícil; animal raro no PNC,
principalmente nocturno com preferência Predadores: hiena malhada, onça, leão e
pela vegetação densa. Homem.
Período de actividade: principalmente Comunicação: olfactiva (marcação feita
nocturno, diurno em menor medida. com as presas e glândulas pré-orbitais,
dejectos e urina), visual (posturas rituali-
Tamanho: CCC 130-210 cm (♀/♂). CC 25-45
zadas: carga, movimentos da cabeça em
cm (♀/♂). AG 80-100 cm (♀/♂).
sacada (dominação e ameaça), cabeça bai-
Peso: P 100-200 kg (♀), 140-275 kg (♂). xa (submissão), vocal (rugidos crescendo
e decrescendo característicos do ♂ e gru-
Dimorfismo sexual: pronunciado, o ♂ é nhidos (dominação e ameaça), guinchos
bastante mais maciço que a ♀. (submissão), e táctil (cuidados maternos,
comportamento afiliativo, agressão (gol-
Gestação: 151 dias. pe frontal com a cabeça e lateral com as
presas e reprodução).
Regime alimentar: herbívoro. Sobretudo
ervas (rasas de preferência), outras gramí- Esperança de vida: 18 anos em meio sel-
neas, ciperáceas, plantas herbáceas consu- vagem.

128
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

Vulnerável e Criticamente em perigo na zona transfronteiriça de Ca-


PN Cantanhez cine.

O
porco gigante da floresta é um grande
suíno preto de pele grossa e disco na-
sal largo (≤ 50 cm de diâmetro). A parte
frontal é formada por uma cavidade rodeada
por círculos de ossos, tecido e pele nua. Os
caninos e glândulas pré-orbitais ♂ são muito
desenvolvidos.
É gregário e forma grupos familiares de 6-14
indivíduos, compostos por um ♂ adulto do-
minante, 2-3 ♀♀, respectivas crias (até 3 ge- Grupo de porcos gigantes de floresta alimenta-se de
rações) e às vezes com mais 1-2 ♂♂. O grupo restos de uma carcaça de um elefante morto por ca-
ocupa uma área chamada de coração, exclusi- çadores furtivos para obtenção das presas.
va que abrange o território vital (≈10 km²) que
se cruza com o dos vizinhos. Ambos sexos
protegem as crias do ataque de outros ♂♂ São desmamadas aos 9 meses e a maturida-
e dos predadores. Os grupos sucedem-se ao de sexual é atingida aos 18 meses. A taxa de
longo de grandes zonas de repouso manten- mortalidade é muito elevada e a esperança
do bem visíveis e na proximidade as latrinas de vida é de 5 anos (♀) e 3,5 anos (♂), poden-
onde estão concentrados os dejectos. do chegar aos 18 anos.
A reprodução é por vezes sazonal, com picos Os ♂♂ iniciam a carga a mais de 30 m. O cho-
de nascimento de Agosto a Fevereiro. A ♀ que é muito violento e barulhento. Batem as
tem 2-4 crias (até 11) sobre um ninho prepa- mandíbulas, salivam e urinam abundante-
rado com vegetação prensada. As crias são mente. As cargas podem repetir-se durante 30
castanhas, com listras verticais amareladas. minutos. A luta termina com a retirada do per-
dedor. O vencedor volta ao grupo, com a face
revestida de secreções orbitais. As ♀♀ apro-
ximam-se para mostrar submissão e cheira-lo
enquanto os outros ♂♂ evitam-no. Por vezes,
alguns ossos da face quebram mas o cérebro
está bem protegido.
O efectivo total da espécie é desconhecido, a
densidade é de 0,4-2,6 animais / km² a ≥10 /
km². Responsável por danos em plantações,
vector de doenças que ameaçam o gado, é va-
lorizado pela carne e alvo de caça. Este será o
caso do PNC, onde no entanto, a carne é proi-
bida para consumo pelo Islão. Deixa muitas
pistas de presença: terra revolta, poças da la-
ma, depósitos de dejectos em latrinas, vegeta-
ção amassada nos locais de repouso.
O porco gigante da floresta não se encontra
ameaçado a longo prazo (ainda que se regis-
Um porco gigante da floresta controla a presença de tem declínios locais) e está presente em mui-
um possível perigo à saída da floresta. tas áreas protegidas. Não figura da CITES.

129
HIPOPÓTAMO
Nome científico: Hippopotamus amphibius Taxonomia: Mammalia
49
(C), Artiodactyla
50
(O),
(Linnaeus, 1758) Hippopotamidae (F).
Nome Inglês: Common hippopotamus,

anterior

250 mm 250 mm
hippopotamus, large hippo
Nome Francês: Hippopotame, hippopotame
amphibie
Nome crioulo: Pis-cabalo

posterior
Nomes locais: N’Co (nalu) - Gabiy (fula)

Habitat: PNC: rio, mangal e savana herbá-


cea. Muito dependente da água. Ocasio-
nalmente: arrozais.

Observações: difícil.

Período de actividade: diurno e nocturno.

Tamanho: CCC 280-350 cm (♀/♂). CC 33-


50 cm (♀/♂). AG 130-165 cm (♀/♂).
52
Peso: P 510-2500 kg (♀), 650-3200 kg (♂).
53

O hipopótamo gosta de fazer a sesta nas margens


Dimorfismo sexual: pronunciado, ♂ bas- dos rios. É quando segrega um muco vermelho que
tante mais maciço e com caninos mais de- protege a pele frágil da desidratação.
senvolvidos que a ♀.

Gestação: 225 a 257 dias.


ria). Alimenta-se de até 60 kg em 5 horas,
Regime alimentar: herbivoro. Gramineas fora de água.
trepadeiras ou em tufos (Cynodon, Pani-
cum, Brachiara, Themeda, Chloris e Seta- Predadores: Homem.

130
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Vulnerável. Declínio de 7-20 % nos 10 últimos anos e que deverá ul-


UICN, Internacional trapassar os 30 % dentro de 30 anos.
Vulnerável e Criticamente em perigo ou extinto na zona transfrontei-
PN Cantanhez riça de Cacine.

O
hipopótamo é semi-aquático, cinzento podem revelar-se fatais. É muito temido e res-
azulado (rosado: na parte inferior, ao re- peitado.
dor dos olhos, ouvidos e boca), de cabe-
O acasalamento ocorre na água e na estação
ça grande e corpo arredondado. As glândulas
seca. Uma cria (25-55 kg) nasce por entre a ve-
subcutâneas da pele nua segregam um muco
getação na estação chuvosa. A ♀ fica com a
avermelhado que o protege contra a desidra-
cria por 2 semanas tornando-se muito agressi-
tação. Os olhos, ouvidos e narinas localizam-se
va. Posteriormente juntam-se ao grupo, e a cria
no topo da cabeça. Os caninos e incisivos do ♂
ingressa gradualmente numa “creche” supervi-
são hipertrofiados.
sionada por um adulto. É desmamada aos 8-18
É gregário e forma grupos muito hierarquiza- meses, cresce até aos 5-6 anos e torna-se sexu-
dos de 10-15 indivíduos (2-250) em média. A almente madura entre os 7 e 15 anos. A cria ♂
estrutura é multi♂♂-multi♀♀ cuja unidade emigrará sob pressão dos ♂♂ dominantes. O
de base é constituída por uma ♀ e respectivas intervalo inter-nascimentos é de 2 anos.
crias (≤4). É sedentário ou nómada. Os ♂♂ do- O efectivo está estimado em 150.000 indivídu-
minantes estabelecem os territórios na água e os, incluindo 7.000 na África Ocidental (princi-
nas margens. Lutam pela exclusividade na re- palmente no Senegal e Guiné-Bissau). As den-
produção, mas geralmente toleram ♂♂ subor- sidades são altamente variáveis. Está em de-
dinados. Alguns ♂♂ são solitários. clínio devido à caça pela carne, pelos caninos
O dia é especialmente dedicado às actividades de marfim ou em retaliação pelos ataques que
sociais (barulhentas). Passa muito tempo mer- faz aos arrozais. É porem muitas vezes prote-
gulhado na água, deixando apenas os olhos, gido por ser considerado sagrado, como suce-
narinas e orelhas pequenas de fora. Os mergu- de no PNC, onde foi um símbolo de protecção
lhos podem durar 6 min. Faz a sesta na mar- e de sucesso na pesca, para os nalus. Presente
gem, enquanto segrega o muco vermelho. À em muitas áreas protegidas, figura no anexo
noite, sobe a terra (até 30 km afastado da água) II da CITES.
para pastar sozinho e em silêncio. Deixa um
rasto de água e de dejectos. As pastagens pro-
gressivas estimulam a regeneração da vege-
tação. O hipopótamo mostra-se mais evasivo
nas áreas perturbadas e os ataques ao Homem

Comunicação: olfactiva (depósitos de de-


jectos e de urina), visual (posturas ritu-
alizadas, bufares e bocejares, bater de
mandíbula na água), vocal (rosnados, gru-
nhidos (comunicação, avisos entre ♂♂)), e
táctil (cuidados maternos, comportamento
afiliativo, agressão e reprodução.

Esperança de vida: 55 anos em meio sel- Pegadas de hipopótamo na zona de Quiraf, ao longo
vagem e 61 anos em cativeiro. do Rio Corubal, ao norte do PNC.

131
MANATIM
49 50
Nome científico: Trichechus senegalensis Taxonomia: Mammalia (C), Sirenia (O),51
(Link, 1795) Trichechidae (F).
Nome Inglês: African manatee, seacow, west
African manatee
Nome Francês: Lamantin d’Afrique
Nome crioulo: Pis-bus
Nomes locais: Miao (fula)

Habitat: PNC: zonas costeiras, lagoas, es-


tuários, rios e ribeiros. Água salgada, doce
e salobra, e águas calmas.

Observações: difícil mas possível nos Rios


Cacine e Cumbijã.

Período de actividade: diurno e noctur-


no (sobretudo nas regiões onde é alvo de
caça).

Tamanho: CCC 2-3 m (♀/♂).


52 53 54

Peso: P≤400 kg (♀/♂).


O manatim é um mamífero aquático que precisa de
Dimorfismo sexual: pouco pronunciado. subir à superfície para respirar.

Gestação: estimada em 13 meses.


Comunicação: pouco conhecida, foram
Regime alimentar: herbívoro. Vegetação porem referidas vocalizações importantes
aquática, mangal, moluscos, pequenos pei- durante os cuidados parentais.
xes e arroz.
Esperança de vida: >35 anos em meio sel-
Predadores: Homem. vagem.

132
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Vulnerável, espécie em declínio.

PN Cantanhez Pouco preocupante.

O
manatim assim com o dugongo per-
tence à ordem dos Sirenia. Ambos são
mais proximamente aparentados aos
elefantes do que a outros mamíferos mari-
nhos (baleias, golfinhos). Os Sirenia fazem
parte da super ordem dos Afrotheria tal como
o elefante, o porco formigueiro, o hírax, o mu-
saranho-elefante, musaranho-lontra e a tou-
peira dourada tendo partilhado um ancestral
comum há cerca de 65 milhões de anos.
O manatim africano é uma das três espécies
de manatim ainda existentes. Apesar da di-
versidade genética ser muito grande, não
existirão subespécies identificadas. Está pre-
sente na costa Ocidental Africana e na rede
hidrográfica daquela região do continente
africano até ao Chade. A distribuição da es-
pécie permanece porem fragmentada em vá-
rios lugares.
O manatim é cinzento. A cria é mais escura,
mas ao fim do 1º mês torna-se mais clara. O
corpo é alongado. Maciço na parte anterior do
corpo vai-se reduzindo até à barbatana cau-
dal, que é horizontal e em forma de leque arre-
dondado. Esta barbatana não corresponde às
patas posteriores do animal que regrediram.
O corpo está coberto de pêlos finos e desco- O manatim africano alimenta-se sobretudo de plan-
loridos, a boca está rodeada por um bigode tas flutuantes ou imersas do litoral ou nas margens
espesso. A cabeça é larga, o focinho curto, dos rios.
os olhos pequenos, escuros e sem cílios, e as
orelhas pequenas. A pele é grossa e áspera. A mente, repousa em silêncio nas águas rasas
cauda tem mais vértebras do que o resto do (1-2m), às vezes no meio do rio ou junto às ra-
corpo. Desloca-se sob a água com a ajuda da ízes de mangal e / ou vegetação de superfície.
poderosa barbatana caudal e de duas barbata-
A maturidade sexual em ambos os sexos é
nas anteriores que servem de leme. Não pos-
provavelmente atingida aos 5 anos, como no
sui cordas vocais, porem vocaliza durante os
caso do manatim do Caribe. As fêmeas têm
cuidados parentais.
uma cria a cada 2 anos (≈1 m de comprimen-
Trata-se da espécie de manatim menos co- to) após uma gestação de 13 meses. Não exis-
nhecida. Principalmente solitária, as ♀♀ e te uma época especifica de reprodução. A ali-
as crias são a principal unidade social. Gru- mentação é feita através de grandes tetas situ-
pos de 2 a 15 indivíduos são observados mais adas debaixo dos braços (e não sob a barriga
frequentemente em torno das ilhas do que ao como na maioria dos mamíferos). Parece que
longo da costa e do interior. Desloca-se ao fi- o comportamento social do manatim africano
nal da tarde e à noite, para se alimentar. Geral- é semelhante ao do manatim do Caribe. Acre-

133
dita-se que grupos grandes de ♂♂ adultos
são atraídos e seguem as ♀♀ no cio, compe-
tindo entre si para acasalar com estas. A pro-
genitora e a cria mantêm uma estreita relação
por quase 2 anos. Esta é a única forma de rela-
ção social estável entre dois indivíduos conhe-
cidos na espécie.
A espécie é também chamada de “vaca do
mar” ou “vaca de marinha” devido à dieta her-
bívora (mas não ruminante). Alimenta-se prin-
cipalmente de vegetação flutuante, imersa e
do litoral, tendo sido identificadas 76 plantas
que consome. Pode ingerir até 50 kg por dia.
As plantas consumidas muitas vezes contêm
sílica que faz com que ocorra a abrasão dos
dentes. Este fenómeno é compensado por
uma renovação permanente dos dentes. Con-
somem ainda pequenos moluscos, pequenos
peixes capturados pelas redes dos pescado-
res e arroz nas plantações, entrando assim em O manatim africano repousa regularmente durante o
competição com as populações humanas. dia nas águas pouco profundas.

Mami Wata, a mãe da água

O manatim é tema de muitas lendas em África. Estas são geralmente um tabu. Algumas
são bastante semelhantes às lendas amazónicas, como as que estão na origem do mi-
to das sereias descritas no diário de Cristóvão Colombo no descobrimento das Américas.
Na África Ocidental, o manatim é chamado de “Mami Wata” ou “Mãe da água.” É ti-
do como uma deusa “mãe” do mar. É um
símbolo de beleza e riqueza. No entanto,
“mami Wata” é também conhecida por
afundar os barcos. O manatim pode ga-
nhar forma humana quando salta ou nada
à superfície.
Para o povo Olofe do Senegal, o manatim
é a personagem principal de uma lenda
dramática muito conhecida. A filha do po-
deroso líder Peul de Boundou Aere foi for-
çada pelos feiticeiros a casar-se com um
velho chefe mouro. Certa noite, para es-
capar, a jovem atira-se em desespero ao
rio. Infelizmente é apanhada pela feiticei-
ra. Louco de raiva, o chefe mouro corta-
-lhe as duas mãos e amarra-lhe os pés um ao outro e atira-a ao rio como punição. A infeliz
jovem não morreu porque Deus com pena, transforma-a num manatim para que não per-
desse a vida. Assim nasceu o manatim.

134
Uma e s p é c ie e m d e c lí nio

H á 30 anos, a população do manatim da


África Ocidental foi estimada em 10.000
indivíduos. A Guiné-Bissau é onde se encon-
tra uma das maiores populações.
A pesca acidental e a caça para obtenção de
carne e partes usadas na medicina tradicio-
nal são as principais ameaças que pesam so-
bre a espécie. Na Serra Leoa, o manatim é
considerado um problema por causa dos da-
nos que faz nos arrozais. A perda de habitat,
incluindo a destruição dos mangais ou a con-
versão destes em arrozais (bolanhas) é res-
ponsável pelo declínio do manatim em algu-
mas áreas. O aumento de motores de popa
usados nos barcos é responsável pelo cres-
cimento de colisões destes com os manatins
tal como sucede com o manatim do Caribe
nos Estados Unidos. As barragens, que cau-
sam mudanças na salinidade e fluxo de água,
são conhecidos por terem um efeito muito
negativo sobre as populações desta espécie
(Rio Níger, lago Volta e Rio Senegal). Secas e
mudança de marés também têm efeitos so-
bre a dinâmica populacional da espécie, que
é assim particularmente sensível a possíveis
mudanças devidas ao aquecimento global.
Finalmente, a comercialização de manatins
vivos faz-se havendo a possibilidade dos jar-
dins zoológicos comprarem-nos através da
internet.
O manatim possui um interesse local e eco-
nómico. Pode ser uma espécie emblemática
para o desenvolvimento do turismo de visão.
Os excrementos servem de alimento a dife-
rentes elos da cadeia alimentar do ecossiste-
Anteriormente temido e respeitado, o manatim afri-
ma marinho e fluvial, favorecem a reprodu-
cano enfrenta uma intensificação da caça para a co-
ção dos peixes que servem de alimento pa-
mercialização da carne como o que sucede no Sene-
ra as populações humanas. Vários projectos gal (imagem em cima).
de criação de manatim foram introduzidos na
África no início do século, mas foram aban-
donados.
com a pele (transmissão de doenças como a
O manatim africano está listado no anexo II lepra) é mortal; fornece má carne e que não
da CITES. O comércio é estritamente regula- deve ser caçado por ser perigoso. Foram cria-
do, a caça proibida, embora a legislação na- dos nos países que fazem parte da área de
cional deva ser melhorada. Em áreas onde o distribuição da espécie programas de con-
manatim encontra-se preservado, é muitas servação que permitem que o manatim en-
vezes graças às crenças locais: animal sa- contre abrigo seguro em muitas áreas prote-
grado (como no Mande Níger); cujo contacto gidas.

135
ELEFANTE AFRICANO
Nome científico:49Loxodonta africana 50 Taxonomia: Mammalia
51 (C), Proboscidea (O),
(Zimmermann, 1780) Elephantidae (F).
Nome Inglês: African bush elephant
Nome Francês: Eléphant d’Afrique, eléphant

anterior

50 cm
africain
Nome crioulo: Lifanti
Nomes locais: N’Réep (nalu) - Nhiwa (fula)

posterior

52 cm
Habitat: PNC: floresta densa, savana ar-
bustiva, savana herbácea e terras cultiva-
das. Outros: habitats muito variados mas
com água na proximidade, suficientemen-
te rico em alimento e com sombra. Litoral, Gestação: 22 meses.
montanhas, floresta densa sub-húmida,
Regime alimentar: generalista. Gramíne-
floresta tropical húmida, pântanos e semi-
as, folhas, raízes, cascas, frutos e sementes
-deserto.
(≤300 kg ingeridos/dia).
Observações: muito difícil pois a popula-
Predadores: leão, hiena malhada e o Ho-
ção é ≤30 indivíduos que se deslocam entre
mem.
o Corubal na Guiné-Bissau e o rio Cogon na
Guiné-Conacri (presença sazonal). Comunicação: altamente desenvolvida e
52 53 54
cheia de nuances. Especialmente vocal
Período de actividade: diurno e nocturno.
(sussurros, rosnados, rugidos, roncos, gri-
Tamanho: CCC 6.5-8.5 m (♀), 7-9 m (♂). tos e alardear (infrassom descoberto em
CC 1-1.5 m (♀/♂). AG 2.4-3.4 m (♀), 3-4 m (♂). 1987)), e olfativa (um dos mais importantes
odores do mundo animal, várias secreções
Peso: P 2200-3500 kg (♀), hormonais), mas também sensível ao to-
4000-6300 kg (♂). que (saudações, comportamento afiliativo,
cuidados maternos, agressão, reprodução)
Dimorfismo sexual: ♂♂/♀♀: maiores e e visual (várias posturas do corpo, cabeça,
mais pesados, cabeça e ombros mais ma- orelhas, tronco e cauda).
ciços, dorso arredondado (oco nas ♀♀),
presas geralmente mais longas e espes- Esperança de vida: 65 anos em meio selva-
sas, bainha do pénis visível na parte infe- gem (considerado como idade máxima) e
rior do abdómen. 80 anos em cativeiro.

136
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Vulnerável, espécie em declínio geral (-90% desde 1930).

PN Cantanhez Criticamente em perigo, população ≤30 elefantes.

A
pesar da UICN reconhecer apenas a exis- porais atrás dos olhos que segregam periodi-
tência de uma única espécie de elefante camente um líquido chamado de temporine.
africano, trabalhos recentes comprovam
Após 22 meses de gestação, nasce uma cria
tratar-se de pelo menos duas espécies: a do
com 120 kg (menos no caso da espécie de flo-
elefante de savana (Loxodonta africana) (à qual
resta). Embora algumas populações tenham
pertence o população PNC) e da floresta Africa-
picos de nascimento durante a estação chu-
na Central (Loxodonta cyclotis). Além disso, es-
vosa, os nascimentos ocorrem durante todo
tudos recentes explicam a origem do elefante
o ano e são em grande parte dependentes da
africano de floresta e a adaptação de algumas
abundância e qualidade dos alimentos dispo-
das suas populações às savanas.
níveis. As ♀♀ adultas têm crias, em média a
Hoje em dia o elefante é o maior mamífero ter- cada 3-4 anos, intervalo esse que aumenta du-
restre. Possui uma longa tromba móvel, ore- rante os períodos de seca.
lhas grandes e duas presas longas (incisivos) A unidade social central da espécie é a da pro-
que partem da mandíbula superior. Alguns in- genitora-cria (2-3 indivíduos em floresta). A ♀
divíduos e populações isoladas são desprovi- tem a 1ª cria com 8 anos (por vezes com 20!),
das de presas. Estas crescem ao longo de to- tornando-se a matriarca da própria unidade
da a vida do animal, mas o desgaste impede familiar. Na savana é mais fácil encontrar ali-
que atinjam tamanhos maiores. As grandes mento e grupos familiares maiores (até vários
orelhas servem tanto a comunicação sonora indivíduos: centenas) compostos por grupos
e visual (através de posturas) como para a re- aparentados que se unem. Os ♂♂ de 10-14
gulação térmica. Quando o elefante abana as anos são expulsos do grupo e tendem a for-
orelhas (enervado), diminui a temperatura in- mar entre si pequenos grupos etários seme-
terna. Com o mesmo fim, borrifa água entre as lhantes e sem verdadeira hierarquia formal.
orelhas recorrendo à tromba. A pele é grossa,
Incapazes de competir com ♂♂ adultos mais
castanha ou cinzenta, sem pelos, excepto na
velhos, imponentes e experientes, os mais jo-
tromba e na ponta da cauda, ou nos recém-
vens geralmente só se irão reproduzir depois
-nascidos. Ambos sexos têm glândulas tem-
dos 20 anos. As ♀♀ são menos afectadas
pela dominância, mas a idade, o tamanho e a
saúde determinam qual será a “matriarca” de
grandes grupos familiares. As ♀♀ muito ve-
lhas ou com incapacidades permanentes são
forçadas a deixar o grupo.
As ♀♀ vocalizam regularmente. Entram no
cio por 2-6 dias após um intervalo de 3-9
anos. Este momento raro e vital é, então, as-
sinalado por uma sequência única de infra-
-som (inaudível ao ouvido humano), que po-
de ser detectado até a uma distância de 4 km.
As ♀♀ geralmente usam o infra-som para
manter o contacto com os outros grupos da
população.
A unidade social básica dos elefantes é constituída Os ♂♂ são mais silenciosos, mas discreta-
pelas progenitoras e respectivas crias. mente seguem as vocalizações das ♀♀ es-

137
perando detectar as que anunciam o cio. Os -erecção do pénis, jactos esverdeados de uri-
♂♂ em seguida, dirigem-se para a ♀ no cio, na e uma elevada taxa de produção de testos-
os mais rápidos e mais insistentes entram em terona, que o torna agressivo. Se os ♂♂ no
“musth”. O “musth” corresponde a um pe- “musth” parecem intimidar todos os outros
ríodo comum dos ♂♂, que é revelado pela elefantes, já as ♀♀ no cio preferem-nos, be-
secreção continua das glândulas temporais neficiando da atenção destas que descartam
que incham durante 1 a 103 dias, uma semi- os outros ♂♂.

O elefante da Guiné-Bissau: uma espécie


em elevado risco de desaparição

N a Guiné-Bissau, deixou de ocorrer a oeste do Rio Geba (1950) e está actualmente presen-
te entre a aldeia de Dulombi (sector de Quebo) e o rio Corubal (deslocando-se sazonal-
mente para a Guiné-Conacri). A população (sempre ≤100) caiu para ≤ 30 indivíduos. O futuro
incerto da espécie depende de um plano de conservação transfronteiriço eficaz que preserve
a savana arbustiva do PNC e os corredores
transfronteiriços. O exemplo dos elefantes
de Addo (África do Sul), cuja população au-
mentou de 11 indivíduos em 1937 para ≥337
em 2006, mostra que é possível a recupera-
ção.
Na África negra, tem um lugar especial na
memória colectiva de todos. É um animal
que representa o símbolo do poder, figura
do pai, patriarca e líder dos animais. Simbo-
liza o poder da força serena. Desempenha
um papel importante nas crenças de cer-
tas etnias animistas, sobre a reencarnação
e a caça. Faz portanto, parte do património
natural e cultural da PNC. Apesar das incur-
sões que faz em algumas plantações, é con-
siderado e respeitado como um animal cal-
mo e não agressivo.
No PNC, deixa alguns vestígios da sua pas-
sagem: concentrações de dejectos, marcas
nas árvores (altura característica), termitei-
ras destruídas, árvores descascadas ou ar-
rancadas, marcas características de sessões
frequentes de atrito (troncos das árvores po-
lidos, rochas, termiteiras), buracos cavados
em busca de minerais, lama revirada em re-
sultado dos banhos. Abate em especial a pal-
meira de cibe (Borassus aethiopium).
Uma lenda Africana, adaptada por muitas
culturas locais, conta como uma lebre astuta
Até recentemente, a presença do elefante no engana um elefante e um hipopótamo, antes
PNC era confirmada apenas pelos trilhos e ou- de restaurar a paz através da sua esperteza.
tros vestígios de presença; esta fotografia de Outra conta como uma inteligente lebre con-
2014 é a primeira evidência fotográfica da sua segue obrigar um elefante e um camelo a tra-
ocorrência no parque. balharem para ela.

138
Ec o lo gi a e Co ns e r v aç ã o

U ma cria e raramente gémeos, nasce durante


a estação de chuva que é quando ocorre um
ligeiro pico de nascimentos. Consegue caminhar
res e frutas de certas árvores, como a da maru-
la (Sclerocarya birrea) são muito apreciadas por
estes. Devido à grande quantidade de sementes
mas, durante várias semanas fá-lo com alguma ingeridas, especialmente de certas espécies de
dificuldade. É essa limitação inicial que atrai o árvores, o elefante é um disseminador particu-
leão e a hiena malhada. As progenitoras são larmente importante.
muito atentas e protectoras. Removem os obstá- Os elefantes renovam os dentes até 6 vezes ao
culos com a tromba e as patas, e garantem que longo da vida. É o desgaste que obriga os mais
velhos a procurarem alimento menos duro, nos
pântanos, onde acabam por morrer, quando não
são alvo de caça ilegal. O famoso cemitério dos
elefantes, é por essa razão um mito e diz antes
respeito aos locais onde grupos de elefantes fo-
ram abatidos para extracção do marfim. O mito
foi usado para camuflar o comércio de marfim e
o recurso a escravos que transportavam a mer-
cadoria.
Os elefantes parecem no entanto manter uma
relação especial com a morte. Alguns foram ob-
servados a permanecer muito tempo junto ao
cadáver de um familiar, revirando-o, acariciando
e espalhando os ossos com a tromba, ou cobrin-
do-os com ramos.
Dois elefantes brincam próximo da progenitora. Para o
Inicialmente a população de elefantes africanos
elefante, a brincadeira é fundamental no aprendizado
era composta por milhões de indivíduos e ho-
dos mecanismos sociais.
je é de apenas ≤800 000 devido à caça furtiva
pelo marfim e destruição do habitat. Presente
em muitas áreas protegidas, figura no Anexo I
a cria não fique desidratada. Esta é amamentada
da CITES, com excepção para as populações do
por 4 anos. A idade da autonomia varia. Algu-
Botswana, Namíbia, África do Sul e Zimbabwe,
mas ♀♀ permanecem até cerca de 10 anos com
listadas no anexo II.
a progenitora, deixando-a muitas vezes apenas
quando têm o primeiro filho. Se é difícil estimar
a idade de um elefante vivo, a análise dos dentes
de um elefante morto permite-o.
A ♀ tem um território vital de 15-50 km², cujo ta-
manho depende dos recursos e acesso à água. O
do ♂ pode ter por vezes mais de 1500 km² (3120
km quadrados PN de Tsavo Est, Quênia). O terri-
tório vital em floresta é geralmente menor devi-
do à maior disponibilidade de alimentos.
O elefante alimenta-se de uma grande varieda-
de de plantas e de partes de plantas (até 300 kg
/ dia) e bebe 100-200 L / dia. Na savana prefe-
re as ervas durante a estação da chuva e as fo-
lhas e partes lenhosas durante a estação seca.
As presas são usadas para remover a casca das
árvores, desenterrar as raízes e cavar onde exis- Trilho de elefantes numa floresta de galeria de Ba-
tem maiores concentrações de minerais. As flo- lana, na zona norte do PNC.

139
49 50

Porco formigueiro
Nome científico: Orycteropus afer
(Pallas, 1766) Taxonomia: Mammalia (C), Tubulidentata
Nome Inglês: Aardvark, antbear (O), Orycteropodidae (F).
Nome Francês: Oryctérope

100 mm
Nome crioulo: Timba

anterior
Nomes locais: Ma-hùs (nalu)
Yedhu (fula) - Ahussa (balanta)

posterior

90 mm
Habitat: PNC: savana arbustiva, savana
herbácea e terras cultivadas.

Observações: muito difícil. 52 53

Período de actividade: principalmente noc-


turno, mas também por vezes crepuscular.

Tamanho: CCC 100-158 cm (♀/♂). CC 44-


63 cm (♀/♂). AG 58-66 cm (♀/♂).

Peso: P 40-82 kg (♀/♂).

Dimorfismo sexual: pouco pronunciado.

Gestação: 210 dias.

Regime alimentar: insectívoro. Sobretudo:


térmites (Ondotermes, Microtermes, Pseu-
dacanthotermes, Trinervitermes, Macroter-
mes), formigas, coleópteras, larvas e ovos.
Ocasionalmente: frutos. Consegue satisfa-
zer-se com a água contida na alimentação. O porco formigueiro é a última espécie de uma or-
dem anteriormente em expansão. É um «formiguei-
Predadores: o Homem. ro» nocturno ainda muito pouco estudado.

140
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

Pouco preocupante, será abundante nas savanas. Vulnerável na zona


PN Cantanhez transfronteiriça de Cacine.

O
porco formigueiro é maciço, com uma das garras no chão ou em termiteiras, assim
cabeça quadrada, com orelhas longas como as pegadas denunciam a sua presença.
em forma de tubo, membros musculo- Ambos sexos têm glândulas nos cotovelos e
sos e uma cauda afilada. O nariz é comprido e quadris. Os órgãos genitais do ♂ também se-
suave, arredondado e peludo. Os dedos gros- gregam um muco com um forte odor. Acredi-
sos têm garras muito duras. A dentadura é ca- ta-se que estas secreções sirvam para manter
racterística: sem esmalte e composta por tu- o território vital e de reprodução.
bos apertados entre si cobertos por dentina. O efectivo total da população é desconhecido.
Os molares estão empilhados na parte mais A agricultura que destrói os recursos alimen-
interior da boca sendo desdentado à frente. tares e a caça para obtenção da carne ou para
Nocturno e muito discreto, é raramente obser- erradicá-lo (as suas tocas são prejudiciais nas
vado (especialmente na floresta sub-húmida). vias rodoviárias e para as condutas de água)
É solitário ou vive em pequenos grupos (♀ e são ameaças que estão na origem de declínios
1-2 crias). A toca é grande, pode ser partilha- locais. Outras espécies que utilizam as mes-
da e geralmente é escavada numa termiteira. mas tocas são indirectamente afectadas: pe-
Vários km / noite podem ser percorridos em quenos mamíferos (carnívoros e morcegos),
busca de alimento. A toca ocasional é peque- répteis e aves. Presente em muitas áreas pro-
na enquanto a permanente é mais desenvol- tegidas, não figura da CITES.
vida, com várias entradas (até 8) e com uma
profundidade ≤6 m.
Muito pouco é conhecido sobre a reprodução.
A cria nasce (2 kg), geralmente na estação da
chuva. Segue a progenitora durante 2 sema-
nas, aos 3 meses come insectos, aos 6 meses
é independente e aos 2 anos atinge a maturi-
dade sexual.
Desloca-se com o nariz rente ao chão captu-
rando os insectos que se encontram sobretu-
do à superfície ou a baixa profundidade. De-
senterra formigueiros e arrasta os insectos,
larvas e ovos com a língua pegajosa até à bo-
ca que é muito pequena. As tocas, as marcas

Comunicação: olfactiva (depósitos de de-


jectos e de urina), visual (posturas), vocal
(apenas um grunhido e grito de terror são
conhecidos), e táctil (cuidados maternos,
comportamento afiliativo, agressão e re-
produção). Porco formigueiro prospectando o território vital du-
rante a noite (aqui numa floresta húmida) em busca
Esperança de vida: 18 anos em meio sel- de térmites e de outros insectos que captura com a
vagem e 23 anos em cativeiro. sua língua pegajosa.

141
49 50 51

RATA DO CANAVIAL
Nome científico: Thryonomys swinderianus Taxonomia: Mammalia (C), Rodentia (O),
(Temminck, 1827) Hystricomorpha (S/O), Hystricognathi (I/O),
Nome Inglês: Greater cane rat, marsh cane rat Thryomnomidae (F).
Nome Francês: Grand aulacode
Nome crioulo: Farfana
Nomes locais: Macrop (nalu)

80 mm
Amèrra (balanta)

Habitat: PNC: mangal, floresta densa sub-


-húmida, savana arbustiva, savana her-
bácea, litoral e terras cultivadas. Outros:
vales húmidos de Setaria, Echinochloa,
Sorghastrum e Hyparrhenia. 52 53 54

Observações: fácil à noite: grande des-


truidor de plantações (especialmente de
cana-de-açucar).

Período de actividade: nocturno.

Tamanho: CCC 43-58 cm (♀/♂). CC 17-26


cm (♀/♂).

Peso: P 4.5-8.8 kg (♀/♂).

Dimorfismo sexual: pouco pronunciado.

Gestação: 137-172 dias.

Regime alimentar: herbívoro. Sobretudo


gramíneas, mas também cascas, sementes,
nozes, frutos, cana-de-açúcar, arroz e outros A rata do canavial é um roedor grande, castanho
cereais cultivados. acinzentado com incisivos proeminentes e de bisel.

142
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

T
rata-se de um grande roedor castanho- tadas). Representa uma praga o que leva os
-manchado, com incisivos laranja, sa- camponeses a defenderem a protecção dos
lientes e em bisel, cauda e pernas curtas, babuínos que regulam a população desta es-
dedos com garras para cavar. O tamanho é um pécie. Abundante e presente em muitas áreas
pouco maior, a cauda mais longa, o nariz me- protegidas, não figura na CITES.
nos proeminente e as finas ranhuras dos inci-
sivos são menores do que no pequeno Thryo-
nomys (ausente da África Ocidental).
Vive em grupo multi♂♂-multi♀♀ durante a
época de reprodução (estação chuvosa). Os
♂♂ deixam as ♀♀ e as crias na estação se-
ca. É provávelmente territorial. Habitualmen-
te as fêmeas têm duas ninhadas de 2-8 crias
/ ano (P = 129 g). As crias já nascem bem de-
senvolvidas e activas. Atingem a maturida-
de sexual aos 6-12 meses. A elevada taxa de
fecundidade e natalidade compensam a vida
A rata do canavial é um grande destruidor de plan-
muito curta e com uma taxa de mortalidade
tações, especialmente as de cana-de-açúcar, sendo
muito alta. Depende muito da presença próxi- por isso perseguida e morta pelos agricultores.
ma de água e do coberto de herbáceas. Corta
os caules das herbáceas com os dentes e leva-
-os à boca com a ajuda de mãos relativamente
ágeis. Os confrontos são muito ritualizados e
as mordidas são graves.
A carne é muito apreciada. É também captu-
rada nas armadilhas colocadas nos campos
agrícolas. No PNC, os estragos nas plantações
são facilmente observados (culturas devas-

Predadores: jibóia, águias, chacal, hiena


malhada, serval, caracal, onça, leão, cão e
Homem.

Comunicação: vocal (vocalizações diver-


sas: grunhidos, gemidos e um assobio ca-
racterístico), visual (numerosas posturas),
olfactiva (secreções hormonais e marca-
ções) e táctil (comportamento afiliativo,
cuidados maternos, agressão, reprodução).

Esperança de vida: 4.5 anos em meio sel-


vagem, mais de 5 anos em cativeiro. Uma rata do canavial morta numa plantação no PNC.

143
49 50 51

PORCO ESPINHO
Nome científico: Hystrix cristata (Linnaeus, Taxonomia: Mammalia (C), Rodentia (O),
1758) Hystricomorpha (S/O), Hystricognathi (I/O),
Nome Inglês: Crested porcupine, North Hystricidae (F).
African crested porcupine
Nome Francês: Porc épic à crête

50 mm
anterior
Nome crioulo: Porco-espim
Nomes locais: Mafa (nalu)
Sagaldhe (fula) - Toté (balanta)

81 mm
posterior
Habitat: PNC: periferia da floresta densa
seca, savana arbustiva, savana herbácea
e terras cultivadas. Outros: estepes, pla-
naltos, periferia
52
de floresta e de 53galerias 54

florestais. Prefere as zonas acidentais e


rochosas. pepinos, cana de açúcar e outros cereais
cultivados. Ocasionalmente: ossos que roi.
Observações: difícil.
Predadores: jibóia, águia, chacal, hiena
Período de actividade: nocturno.
malhada, serval, caracal, onça, leão, cão e
Tamanho: CCC 60-100 cm (♀/♂). CC 8-17 o Homem.
cm (♀/♂).
Comunicação: vocal (vocalizações diver-
Peso: P 12-27 kg (♀/♂). sas: grunhidos, gemidos), visual (numero-
sas posturas), olfactiva (secreções hormo-
Dimorfismo sexual: pouco pronunciado. nais e marcações) e táctil (comportamento
afiliativo, cuidados maternos, agressão,
Gestação: 60 dias. reprodução).

Regime alimentar: herbívoro. Raízes, bol- Esperança de vida: 20 anos em cativeiro e


bos, cascas, frutos caídos ao chão, milho, desconhecida em meio selvagem.

144
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

O
porco espinho é um roedor preto, gran-
de, maciço e redondo de cabeça gran-
de. Possui uma crina no pescoço e na
parte superior do dorso. Os flancos estão co-
bertos por longos espinhos preto e branco
(pelos modificados) com até 50 cm de com-
primento. A cauda curta está rodeada por es-
pinhos que na ponta têm cápsulas ocas (cha-
madas de sinos) que permitem produzir um
tilintar em caso de alerta. Os sinos são longos
e o dorso é preto. No porco espinho da África
Austral são pelo contrario, curtos e o dorso
é branco.
Vive em grupos familiares multi♂♂ -mul-
ti♀♀ que partilham por vezes uma toca que
é continuamente ampliada com novas gale-
rias. Alimenta-se sozinho e pode andar até 15
km / noite por trilhos bem marcados. Repro-
duz-se 1-2 vezes / ano, tendo a ninhada 1-4
crias com 100-300 g. Estas são desmamadas Família de porcos espinhos à procura de alimento
após as 6-7 semanas passando a seguir a ♀ durante a noite na floresta.
com 1 ano. Em caso de perigo, eriça os espi-
nhos, grunhe, bate com as patas, dá estalos
com a língua e produz um som característico.
Se o agressor persiste, ele vira-se e ataca-o
até perfurar a pele deste. As picadas dos es-
pinhos causam frequentemente infecções fa-
tais e feridas mortais aos predadores, como
nas grandes cobras. O crescimento é contí-
nuo. A população usa os espinhos para fins
de decoração e acreditam nos poderes de se-
dução e musicais da espécie para tratar algu-
mas doenças.
É considerada em muitos países uma praga
nas culturas e é erradicada nas zonas agrí-
colas (caça com cana, fumagem das tocas).
A carne é também apreciada. No entanto, a
população continua a ser abundante e ampla-
mente distribuída, apesar da caça. Figura no
Anexo III da CITES no Gana, no Anexo II da
Convenção de Berna (Europa), no anexo IV
da Directiva de espécies e habitats da União
Europeia e é protegida por lei na Itália desde Crias de porco espinho adoptadas como animais de
1974. estimação numa vila do norte do PNC.

145
PORCO ESPINHO DE CAUDA DE PINCEL
Nome científico: Atherurus africanus Taxonomia: Mammalia (C), Rodentia 56(O),
55
(Gray, 1842) Hystricomorpha (S/O), Hystricognathi (I/O),
Nome Inglês: African brush-tailed porcupine Hystricidae (F).
Nome Francês: Athérure africain

40 mm
Nomes locais: Tchagba-tcheyem (fula) anterior

Habitat: PNC: floresta densa sub-húmida.

70 mm
posterior

Preferência pelo fundo dos vales.

Observações: difícil.

Período de actividade: nocturno.

Tamanho: CCC 30-60 cm (♀/♂). CC 15-23


cm (♀/♂).

Peso: P 1.5-4 kg (♀/♂).

Dimorfismo sexual: pouco pronunciado.

Gestação: 98 dias.
58 59
Regime alimentar: herbívoro. Frutos caídos
(palmeira de óleo de palma e gengibre), ra-
ízes e tubérculos. Ocasionalmente: matéria
animal.

146
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

É
um roedor de tamanho médio, castanho da aos 2 anos o que sugere que é alvo de uma
acinzentado, com orelhas grandes, foci- baixa taxa de predação.
nho curvo, corpo alongado, pernas cur- Considerado uma praga nas culturas de mui-
tas, com pêlos rígidos sobre os membros e fa- tos países, tende a ser erradicado das áreas
ce, modificados em espinhos grossos e mui- agrícolas (caça e fumagem das tocas). A car-
to afiados no dorso, e outros mais curtos na ne é também apreciada. A caça não constitui
parte posterior e na cauda. A cauda é coberta uma ameaça à população que continua a ser
de escamas e acaba num tufo de longas sedas abundante e amplamente distribuída. Não fi-
brancas. gura na CITES.
É gregário e forma grupos multi♂♂multi♀♀
de 6-8 indivíduos (até 20). O território vital é
de 2-5 ha. Dorme em tocas durante o dia e sai
à noite em busca de alimento. As tocas são
usadas por vários anos e estão associadas a
latrinas onde os dejectos e a urina são regu-
larmente depositados e uma rede de trilhos
marcados. Em caso de perigo, bate com as pa-
tas no chão, eriça os espinhos, mas geralmen-
te foge.
A reprodução não é sazonal e junta 1 casal
♂♀ durante 2 meses. A taxa de reprodução é
baixa: 1-3 crias / ano e uma cria / ninhada (P =
180 g) geralmente (1-4). Quando nasce, a cria é
muito activa, tem os olhos abertos e é parcial-
mente calva. Os espinhos atingem o tamanho
final aos 21 dias. As crias começam a ingerir
alimentos sólidos aos 7 dias e são desmama-
dos aos 45 dias. A maturidade sexual é atingi-

Predadores: jibóia, águias, chacal, hiena


malhada, serval, caracal, onça, leão, cão e
Homem.

Comunicação: vocal (vocalizações diver-


sas: grunhidos, gemidos), visual (numero-
sas posturas), olfactiva (secreções hormo-
nais e marcações) e táctil (comportamento
afiliativo, cuidados maternos, agressão e
reprodução).
O porco espinho de cauda de pincel é um roedor noc-
Esperança de vida: 20 anos em cativeiro e turno e florestal que vive na África Ocidental e Cen-
desconhecido em meio selvagem. tral.

147
RATO GIGANTE DA GÂMBIA
Nome científico: Cricetomys gambianus Taxonomia: Mammalia (C), Rodentia
(Waterhouse, 1840) 55 56
(O), Myomorpha (S/O), Muroidea (Su/F),
57

Nome Inglês: Gambian rat, northern giant Nesomyidae (F), Cricetomyinae (S/F).
pouched rat

anterior

22 mm
Nome Francês: Rat géant de Gambie
Nome crioulo: Djiguindor
Nomes locais: N’gudjoku (fula)
posterior

30 mm
Habitat: PNC: floresta densa sub-húmida,
floresta densa seca, savana arbustiva, sa-
vana herbácea e terras cultivadas.

Observações: difícil.

Período de actividade: nocturno.

Tamanho: CCC 28-45 cm (♀/♂). CC 36-46


cm (♀/♂).

Peso: P 1-1.4 kg (♀/♂).

Dimorfismo sexual: pouco pronunciado.


58 59 60

Gestação: 30-32 dias.

Regime alimentar: herbívoro. Frutos, se-


mentes, nozes, raízes e folhas.

Predadores: águias diurnas e nocturnas e


o Homem. Rato gigante da Gâmbia limpando o pelo.

148
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

O
rato gigante da Gâmbia é um animal len- sivo podendo chegar a come-las. A ♀ é muito
to, castanho-acinzentado, com o contor- protectora e pode-se dedicar à ninhada de ou-
no dos olhos negro e de orelhas gran- tra ♀. O rato da Gâmbia controla as popula-
des. Metade da cauda é branca. Tem grandes ções de insectos alimentando-se destes sendo
bochechas que lhe permitem armazenar e também um bom disseminador de sementes
transportar o alimento. É muito bom trepador de plantas cujos frutos consome. O Homem é
e nadador. o principal predador embora apesar disso, a
espécie não esteja ameaçada, ocorrendo em
As ♀♀ formam muitas vezes grandes grupos
muitas áreas protegidas. Não figura na CITES.
de progenitoras e crias, enquanto os ♂♂ são
solitários. O teor de gordura corporal é muito
baixo, o que explica a sua intolerância ao frio.
Também temem o calor. Por essa razão, saem
à noite das complexas tocas para procurar ali-
mento que é armazenado em galerias especí-
ficas. Ambos sexos são muito territoriais e de-
fendem fortemente os ninhos. O ♂ junta-se à
♀ para se reproduzir. Durante o prelúdio pa-
ra o acasalamento, o ♂ geralmente cheira as
partes urogenitais da ♀. Decorrem fases em
que ambos se catam e de caça/perseguição
que se vão sucedendo até que a ♀ consinta o
acasalamento. Em caso de recusa, morde o ♂
no dorso e na cauda.
O rato da Gâmbia reproduz-se todos os anos
entre Junho e Agosto. O cio dura 3-15 dias e
muitas vezes é irregular. A ninhada é composta
por 1-5 jovens (P = 25,7 g). O pelo surge ao fim
de 14 dias e nascem com os olhos fechados.
São desmamados aos 28 dias e aos 30 dias tor-
nam-se independentes. A maturidade sexual é
atingida aos 6 meses (♀ / ♂).
O ♂ mostra-se na melhor das hipóteses into-
lerante relativamente às crias e na pior, agres-

Comunicação: vocal (gritos diversos: guin-


chos, assobios, grunhidos, gemidos), vi-
sual (numerosas posturas), olfactiva (se-
creções hormonais e marcações) e táctil
(comportamento afiliativo, cuidados ma-
ternos, agressão, reprodução).

Esperança de vida: 5-7 anos em cativeiro e


desconhecido em meio selvagem. Mão (em cima) e pé (em baixo) do rato da Gâmbia.

149
ESQUILO TERRESTRE LISTRADO
Nome científico: Xerus erythropus
(Desmarest, 1817)
55 56 Taxonomia: Mammalia
57 (C), Rodentia (O),
Sciuridae (F).
Nome Inglês: Geoffroy’s ground squirrel,
striped ground squirrel

22 mm
anterior
Nome Francês: Ecureil terrestre du Senegal,
Ecureil geant de Stanger
Nome crioulo: Saninho di tchon

45-60 mm
Nomes locais: N’guiku (fula)
posterior
Habitat: PNC: Floresta densa sub-húmida,
floresta densa seca, savana arbustiva, sa-
vana herbácea e terras cultivadas. Outros:
savana sudanesa e meios sahelianos.

Observações: muito fácil (sobretudo ao


longo das estradas e nas aldeias).

Período de actividade: diurno.

Tamanho: CCC 28-45 cm (♀/♂). CC 18.5-27


cm (♀/♂).
58 59 60
Peso: P 0.5-1 kg (♀/♂).

Dimorfismo sexual: pouco pronunciado.

Gestação: 64-78 dias.

Regime alimentar: herbívoro. Raízes, frutos


do chão, sementes, rebentos de Acácia, fo- O esquilo terrestre listrado é facilmente observado
-lhas e ocasionalmente matéria animal. nos caminhos do PNC.

150
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

O
esquilo terrestre listrado é um grande A taxa de mortalidade das crias é de 70%. A
roedor, de nariz comprido, corpo cas- cauda permite proteger-se do sol, enquanto se
tanho vermelhado a prateado, com os alimenta. É facilmente visto ao longo das es-
membros avermelhados e uma cauda espes- tradas, especialmente pela manhã. A popula-
sa, prateada sem ser anelada. A listra lateral ção local teme-o em alguns lugares, referindo
branca e fina estende-se desde os ombros até ser venenosa a mordida. Não sendo um ani-
às coxas. Os olhos são grandes e as orelhas mal venenoso, a saliva que contém estrepto-
pequenas. A cauda longa é usada para espa- cocos pode no entanto causar infecções peri-
lhar as secreções odoríferas. A pelagem áspe- gosas.
ra é mais clara em regiões áridas e mais escu-
O esquilo terrestre listrado permanece abun-
ra nas regiões húmidas. Possui umas garras
dante na maioria da sua vasta área de distri-
especiais para esgravatar o chão. Usa tocas
buição. Encontra-se igualmente presente em
ou ocupa cavidades em raízes ou em termitei-
numerosas áreas protegidas. Por vezes é con-
ras. Procura abrigo na presença de um preda-
sumido na África Ocidental onde é criado para
dor ou quando faz mau tempo.
a alimentação. Geralmente, é igualmente con-
A biologia da espécie é pouco conhecida. O siderado uma praga, sendo responsável por
grupo inclui 5-30 indivíduos que vivem em estragos nas culturas. Não figura na CITES.
grupos mistos (♀♀ / ♂♂). O tamanho do ter-
ritório vital é de 1,37 ha (♀) e 7,01 ha (♂). Am-
bos sexos são territoriais, mas compartilham
as tocas com muitas outras espécies. A ninha-
da é de 1-3 crias (P = 20 g), que nascem ce-
gas e sem pelos. Tornam-se totalmente inde-
pendentes e sexualmente maduras com 1 ano.
Raramente deslocam-se para longe da toca.
Apenas a ♀ investe nos cuidados e na apren-
dizagem das crias. A paternidade é incerta.

Predadores: jibóia e outras cobras, águias,


mangustos, ginetas, chacal, hiena malha-
da, serval, caracal, onça, leão, cão e o Ho-
mem.

Comunicação: vocal (vocalizações diver-


sas: guinchos, apitos, gemidos), visual (nu-
merosas posturas), olfactiva (secreções
hormonais e marcações) e táctil (compor-
tamento afiliativo, cuidados maternos,
agressão, reprodução).

Esperança de vida: 3 anos em meio selva- Já é visível neste esquilo juvenil a fina listra branca
gem e 6 em cativeiro. que se estende dos ombros às coxas.

151
55 56

Esquilo de cordão pés de fogo


Nome científico: Funisciurus pyrropus Taxonomia: Mammalia (C), Rodentia (O),
(F. Cuvier, 1833) Sciuridae (F).
Nome Inglês: Fire-footed rope squirrel
Nome Francês: Funisciure a pattes rousses
Nome crioulo: Saninho di pó

Habitat: PNC: floresta densa sub-húmida e


palmeiral. Outros: floresta densa húmida.

Observações: fácil de ouvir, difícil de ver.

Período de actividade: diurno. 58 59

Tamanho: CCC 13.5-26.6 cm (♀/♂). CC 10-


20 cm (♀/♂).

Peso: P 100-300 g (♀/♂).

Dimorfismo sexual: pouco pronunciado.

Gestação: desconhecida.

Regime alimentar: omnívoro. Frutos (75%)


e matéria animal (20%), mas também goma
e cogumelos (estudo realizado no Gabão).

Predadores: jibóia, águias, mangustos, gi-


netas, chacal, hiena malhada, serval, cara-
cal, onça, leão, cão e o Homem.
O esquilo de cordão pés de fogo é um animal arbo-
Comunicação: vocal (gritos específicos rícola, com os membros e o focinho avermelhados e
assemelhando-se aos de uma ave e asso- uma longa cauda peluda cinzenta-preta.

152
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

O
esquilo de cordão pés de fogo é um es- assustar as cobras, pássaros e até pequenos
quilo pequeno. O pelo do focinho, nade- mamíferos.
gas e membros é avermelhado. À volta
A população é abundante na maior parte de
dos grandes olhos e nas orelhas que são pe-
sua ampla área de distribuição. Também está
quenas, o pelo é branco. O corpo é cinzento
presente em muitas áreas protegidas. Não fi-
na parte superior e branco na parte inferior.
gura na CITES.
A banda lateral branca fina cobre os flancos.
A cauda é longa e espessa de cor preta, man-
chada de cinzento.
Os esquilos do género Funisciurus são sen-
síveis ao frio e adaptados à vida no solo da
floresta sub-húmida. São difíceis de observar.
O esquilo de cordão pés de fogo mantém-se
completamente imobilizado ao menor alarme,
escondido atrás de um tronco ou na vegeta-
ção. Os “banhos de sol” destinados a aquecer-
-se facilitam a sua observação.
É o mais frugívoro por entre os esquilos ter-
restres do grupo. Frequenta regularmente os
mesmos locais onde se alimenta. Constrói ni-
nhos grandes por entre detritos vegetais. Es-
tes ninhos são muitas vezes criados a uma bai-
xa altura e escondidos numa fenda natural (ex:
no sopé dos troncos).
O repertório vocal é rico com diversas vocali-
zações de saudação e territoriais. O território
também é frequentemente sujeito a marca-
ções odoríferas perceptíveis ao nariz humano.
A ♀ no cio sinaliza a sua condição fisiológica
com vocalizações e secreções específicas.
Em caso de ameaça, emite uma vocalização
muito forte, semelhante à de uma ave, mas
difícil de localizar. Isto, combinado com mo-
vimentos rápidos e bruscos da cabeça, pode

bios), visual (numerosas posturas), olfac-


tiva (secreções hormonais e marcações)
e táctil (comportamento afiliativo, cuida-
dos maternos, agressão e reprodução).
Ao menor aviso, mantém-se imobilizado confundin-
Esperança de vida: desconhecida. do-se com a vegetação densa do habitat.

153
55 56 57

Esquilo do sol da Gâmbia


Nome científico: Heliosciurus gambianus Taxonomia: Mammalia (C), Rodentia (O),
(Ogilby, 1835) Sciuromorpha (S/O), Sciuridae (F), Xerinae
Nome Inglês: Gambian sun squirrel (S/F), Protoxerini (T).
Nome Francês: Hélosciure de Gambie,
Hélosciure typique de Gambie
Nome crioulo: Saninho

Habitat: PNC: floresta densa sub-húmi-


da, floresta densa seca, savana arbustiva
e terras cultivadas. Outros: habitats de
montanha.

Observações: difícil. 58 59 60

Período de actividade: diurno.

Tamanho: CCC 17-27 cm (♀/♂). CC 18-26


cm (♀/♂).

Peso: P 250-350 g (♀/♂).

Dimorfismo sexual: pouco pronunciado.

Gestação: desconhecida. Comunicação: vocal (gritos, silvos e asso-


bios), visual (numerosas posturas), olfac-
Regime alimentar: omnívoro. Frutos, se- tiva (secreções hormonais e marcações)
mentes, rebentos de Acácia e matéria ani- e táctil (comportamento afiliativo, cuida-
mal. dos maternos, agressão, reprodução).

Predadores: jibóia e outras cobras, rapi- Esperança de vida: 8 anos e 11 meses em


nas, mangustos, ginetas e o Homem. cativeiro (único dado conhecido).

154
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

O
esquilo do sol da Gâmbia é um peque- fins, sendo muitas vezes criado como animal
no esquilo, de cor variável e dorso ma- de estimação antes de ser desmamado.
lhado. A cabeça, o pelo ao redor dos
É abundante na maior parte de sua vasta área
olhos e a parte inferior do corpo são mais cla-
de distribuição e está presente em muitas
ros. A cauda é longa e anelada (≈14 anéis). As
áreas protegidas. Não está listado na CITES.
mandíbulas e a dentição são muito robustas
e permitem-lhe alimentar-se de nozes duras.
Passa a maior parte do tempo solitário embo-
ra tenham sido observadas várias famílias (♀
/ ♂ e crias). A densidade da população pode
ser significativa. O tamanho do território vi-
tal não é conhecido. É diurno dormindo à noi-
te numa toca sobre folhas recém-colhidas. É
arborícola e prefere os estratos superiores
das árvores aos inferiores ou ao chão. Muito
bom trepador, salta agilmente entre as copas
das árvores. No chão, saltita impulsionando-
-se com as duas patas posteriores e caindo
sobre as anteriores. Em cativeiro, não fazem
ninhos e mostram-se mais gregários do que
em meio selvagem. A comunicação parece
ser principalmente vocal emitindo uma varie-
dade de vocalizações.
Pouco se sabe sobre a reprodução da espé-
cie, mas pensa-se que poderá ser monogâmi-
co. Serão duas as épocas de reprodução na
África Ocidental: Julho-Setembro e Novem-
bro-Janeiro. Foram observadas crias em Fe-
vereiro. No que se refere aos esquilos africa-
nos, a ninhada é de 1-2 crias que nascem ce-
gas e os cuidados com estas são sobretudo
tidos pela progenitora (comida, protecção e
aprendizagem).
O modo alimentar do esquilo do sol da Gâm-
bia tem uma importância significativa na
dispersão de sementes de algumas plantas
e na destruição de nozes e frutas. Isto pode
por sua vez afectar a dinâmica populacional
de insectos e pássaros que consomem essas
frutas, nozes e plantas.
O esquilo do sol da Gâmbia é uma espécie importan-
Em tempos, o Homem caçava-o pela carne e te das florestas do PNC pois contribui de uma ma-
pela pele, usada para confeccionar pequenos neira significativa na disseminação de sementes e de
sacos. Actualmente já não é usado para estes numerosas espécies vegetais.

155
55 56 57

RATO VOADOR
Taxonomia: Mammalia (C), Rodentia (O),
Nome científico: Anomalurus beecrofti
Anumaluromorpha (S/O), Anomaluridae
(Fraser, 1853)
(F), Anomalurinae (S/F).
Nome Inglês: Beecroft’s flying squirrel,
Beecroft’s scaly-tailed squirrel
Nome Francês: Anomalure de Beecroft,
Ecureuil volant de Beecrof
Nome crioulo: Esquilo

Habitat: PNC: floresta densa sub-húmida


e palmeiral. Outros: floresta densa húmi-
da até aos 2500 m.
58 59 60

Observações: difícil.

Período de actividade: nocturno e crepus- bretudo tâmaras), cascas, folhas e oca-


cular. sionalmente insectos.

Tamanho: CCC 25-31 cm (♀/♂). CC 16-24 Predadores: jibóia e outras cobras, rapi-
cm (♀/♂). nas, mangustos, ginetas e o Homem.

Peso: P 640-660 g (♀/♂). Comunicação: vocal (gritos e assobios),


visual (numerosas posturas), olfactiva
Dimorfismo sexual: pouco pronunciado. (secreções hormonais e marcações) e
táctil (comportamento afiliativo, cuida-
Gestação: desconhecido. dos maternos, agressão, reprodução).

Regime alimentar: omnívoro. Frutos (so- Esperança de vida: desconhecida.

156
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

O
rato voador é um pequeno roedor. Pos- das plantas consumidas. Mantém-se abun-
sui uma cabeça pequena, olhos gran- dante na maior parte da sua área de distribui-
des, orelhas longas, um focinho estrei- ção e está também presente em muitas áre-
to e uma testa proeminente muitas vezes com as protegidas. A população do Gana figura no
uma mancha branca. O corpo frágil esconde- anexo III da CITES.
-se sob a pelagem densa e o patagium (mem-
brana de voo). A parte inferior da cauda é es-
treita e suportada por escamas (até 9). A cor
do dorso e da parte ventral varia do amarelo
ao laranja em diferentes populações.
Ou é solitário ou vive aos pares. Vários esqui-
los podem habitar a mesma árvore. Prefere
o estrato arbóreo superior (> 35 m). Ao con-
trário de outros Anomaluridae que dormem
em buracos de troncos de árvores, o rato voa-
dor repousa de dia em ninhos camuflados na
vegetação feitos com folhas e galhos. Deixa
o ninho ao entardecer e graças ao patagium
“voa” até aos estratos mais baixos para se
alimentar. As escamas da cauda agarram-se
à casca áspera das árvores, permitindo que
não escorregue na aterragem. Pouco adapta-
do ao solo, só ali chega por acidente.
Os aspectos ligados à reprodução são des-
conhecidos. Na África Ocidental o período
principal de reprodução coincide com o fim
da estação chuvosa. Nasce uma cria gran-
de (raramente 2), coberta de pelos, capaz de
abrir os olhos. Amamentada pela ♀, o cres-
cimento é muito rápido. Ambos progenitores
armazenam o alimento nas bochechas, que
podem atingir o tamanho de uma tangerina,
transportando-o até à cria. A cria permanece
escondida no ninho até que esta esteja bem
desenvolvida.
A comunicação vocal será particularmente
importante, embora a espécie também use a
visão, o tacto e os sinais químicos. As glându-
las inguinais segregam uma substância odo-
rífera usada na comunicação entre indivídu-
os. A visão bifocal é excelente e confere-lhe
O rato voador é um esquilo voador que plana entre
uma extrema agilidade.
as árvores graças ao patagium (membrana). Escamas
Devido à sua alimentação, o rato voador é um especificas localizadas na base da cauda permitem-
importante agente de dispersão de sementes -lhe não escorregar na aterragem.

157
Eidolon helvum (Kerr, 1792)
Morcego African straw-colored fruit bat; Roussete paillée africaine
frugívoro flavo Mammalia (C), Chiroptera (O), Pteropodidae (F).
Habitat: diversos mas preferencialmente flores-
tas densas (0-2000 m). Abrigo: árvores. • Taman-
ho: CC 143-215 mm. CAB 110-135 mm • Peso:
230-350 g • Gestação: 4-9 meses. • Regime ali-
mentar: frutas, flores, nectar, pólen e gomos.
Trata-se da 2ª maior espécie de África (♀>♂), cabe-
ça, pescoço e dorso amarelo pálido, região ventral
cinzento acastanhada e asas negras e grandes. Polí-
geno, 1-2 crias/ninhada, muito gregário (colonias de
vários milhares). Percorre em voo longas distâncias.
Importante disseminador. Ameaças: deflorestaçãoe
caça. Quase ameaçado(UICN): -30% em 15 anos.

Epomophorus gambianus (Ogilby, 1835)


Morcego frugívoro Gambian epauletted fruit bat; Epomorphe de Gambie
da Gâmbia Mammalia (C), Chiroptera (O), Pteropodidae (F).
Habitat: savana, redor das florestas preferidas.
Abrigo: árvores, juncos e infra-estruturas • Ta-
manho: CCC 125-250 mm. CAB 54-90 mm • Peso:
40-120 g • Gestação: 8-12 meses (mal conhecida)
• Regime alimentar: frutos, flores, nectar e pólen.

Grande (♀>♂), lábios caídos, corpo castanho-cin-


zento, vermelho, mancha branca na base das ore-
lhas, insígnias brancas nos ♂♂. Polígeno, 1 cria /
ninhada, gregário (colónias de 50-100 ind.). Impor-
tante disseminador. Ameaças: desflorestação e ca-
ça. Preocupação menor (UICN).

Epomops buettikoferi (Matschie, 1899)


Morcego frugívoro Buettikofer’s epauletted fruit bat; Epomorphe de Buttikofer
de Buettikofer Mammalia (C), Chiroptera (O), Pteropodidae (F).
Habitat: mal conhecido, habitualmente obser-
vado em floresta, por vezes em meio aberto.
Abrigo: árvores próximas dos locais de alimen-
tação. • Tamanho: CCC 159-165 mm (♂), 147-
160 mm (♀). CAB 94-100 mm (♂), 88-91 mm (♀)
• Peso: 160-198 g (♂), 85-132 g (♀) • Gestação:
5-6 meses • Regime alimentar: sumos e partes
moles de goiabas, bananas e figos.
Grande, fulvo, castanho ou cinzento, tufos de pe-
los brancos nas orelhas e ombros (♂). Polígeno, 1-2
crias/ninhada, não gregário. Importante dissemina-
dor. Ameaças: desflorestação. Preocupação menor
(UICN).

158
Hypsignathus monstrosus (H. Allen, 1861) Morcego frugívoro
Hammer-headed fruit bat; Hypsignathe monstrueux
Mammalia (C), Chiroptera (O), Pteropodidae (F).
cabeça de martelo
Habitat: floresta sub-húmida, mangal e palmei-
ral (0-1800 m). Abrigo: árvores (20-30 m) • Ta-
manho: CCC 193-200 mm (♀), 220-mm (♂), CAB
118-128 mm (♀), 127-137 mm (♂) • Peso: 250 g
(218-377 g) (♀), 425 g (228-450 g) (♂) • Gestação:
5-6 meses • Regime alimentar: frutos.
É a maior espécie africana (♂>♀), cabeça maciça
nos ♂♂ que possuem narinas tubulares. Políge-
no, 1 (raramente 2) cria/ninhada, muito gregário
(colónias de vários milhares). Importante disse-
minador. Ameaças: desflorestação e caça. Pouco
preocupante (UICN).

Micropteropus pusillus (Peters, 1867)


Peter’s lesser fruit bat; Roussette naine de Peters
Morcego
Mammalia (C), Chiroptera (O), Pteropodidae (F). frugívoro Anão
Habitat: florestas e savanas diversas, litoral
(50800 m). Abrigo: árvores (3-6 m) • Tamanho:
CCC 67-105 mm, CAB 46-65 mm • Peso: 20-22 g
• Gestação: 5-6 meses • Regime alimentar: fru-
tos, flores, nectar e pólen.

Pequeno, focinho curto com narinas proeminen-


tes, dorso castanho fulvo, ventre mais claro, pe-
quenos tufos brancos ou amarelos na base das
orelhas, insígnias brancas nos ♂♂. Polígeno, 1
cria/ninhada, pouco gregário (2-10 ind.). Impor-
tante disseminador. Ameaças: desconhecidas.
Pouco preocupante (UICN).

Nanonycteris veldkampii (Jentik, 1888)


Veldkamp’s bat; Roussette de Veldkamp
Morcego frugívoro
Mammalia (C), Chiroptera (O), Pteropodidae (F). de Veldkamp
Habitat: floresta de mosaico/savana (estação
seca) e savana (estação das chuvas). Abrigo:
árvores e infra-estruturas • Tamanho: CCC 54-
75 mm, CAB 45-50 mm • Peso: 30 g • Gestação:
desconhecida • Regime alimentar: frutos, nec-
tar e pólen.
Muito pequeno, castanho-fulvo, bigode branco
fino, tufo branco na base das orelhas, insígnias
brancas nos ♂♂ e pelo sedoso no dorso e patas.
Polígeno, 1 cria/ninhada, gregário. Ameaças: de-
gradação do habitat. Pouco preocupante (UICN).

159
Nycteris grandis (Peters, 1865)
Morcego Large slit-faced bat; Grand nyctère
leporino grande Mammalia (C), Chiroptera (O), Nycteridae (F)
Habitat: mangal, floresta de planície e savanas.
Abrigos: árvores, cavernas e infra-estruturas
húmidas e escuras • Tamanho: CCC 63-93 mm,
CAB 57-66 mm • Peso: 23-36 g • Gestação: des-
conhecida • Regime alimentar: insectos, peixes,
repteis, anfíbios, pequenos mamíferos (outros
morcegos) e aves.
Grande, orelhas longas, frente nasal cercada por lo-
bos carnudos, cauda longa, pelo sedoso e castanho
avermelhado a cinzento. Monogâmico, 1 cria/ninha-
da, abriga-se isoladamente ou em grupo. Voo lento e
muito acrobático. Importante predador de insectos.
Ameaças: desflorestação e caça. Pouco preocupan-
te (UICN).

Nycteris hispida (Schreber, 1775)


Morcego Hairy slit-faced bat; Nyctère hérissé
leporino sépia Mammalia (C), Chiroptera (O), Nycteridae (F)
Habitat: mangal, florestas de planície e savanas.
Abrigos: termiteiras, cavidades nos troncos das
árvores e infra-estruturas • Tamanho: CCC des-
conhecido, CAB 32-66 mm • Peso: 5-36 g • Ges-
tação: desconhecida • Regime alimentar: insec-
tos e outros artrópodes.
Muito pequeno, orelhas longas, ranhura nasal cerca-
da por lobos carnudos, cauda longa terminando em
“T” ou “Y”, revestimento sedoso castanho-acinzen-
tado. Monogâmico, uma cria/ninhada, solitário ou em
pequenos grupos (2-20 morcegos). Importante preda-
dor de insectos. Ameaças: conversão das florestas lo-
cais em terras agrícolas. Pouco preocupante (UICN).

Hipposideros abae (J. A. Allen, 1917)


Morcego Aba round leaf bat; Phyllorined d’Aba
de FOLHA DE ABA Mammalia (C), Chiroptera (O), Hipposiderinae (F)
Habitat: mangal, florestas de planície e sava-
nas. Abrigos : cavernas • Tamanho: CCC 28-116
mm, CAB desconhecido • Peso: desconhecido
• Gestação: desconhecida • Regime alimentar:
insectos e artrópodes.

Muito pequeno, orelhas longas, ranhura nasal cer-


cada por lobos carnudos, cauda longa, pelo sedoso
castanho acinzentado. Vive em pequenos grupos
(≤12 ind.) nas grutas e fendas mas aparentemente
não em infra-estruturas. É desconhecido o modo
de reprodução. Grande predador de insectos. Ame-
aças: desconhecidas. Pouco preocupante (UICN).

160
Hipposideros cyclops (Temminck, 1853) Morcego
Cyclops leaf-nosed bat; Phyllorine des cyclopes
Mammalia (C), Chiroptera (O), Hipposiderinae (F)
de folha ciclope
Habitat: mangal, florestas de planície e sava-
nas. Abrigos: cavernas • Tamanho: CCC 100-
130 mm, CAB desconhecido • Peso: 29-35 g •
Gestação: 105 dias • Regime alimentar: insec-
tos e artrópodes.
Muito pequeno, orelhas longas, ranhura nasal cer-
cada por lobos carnudos, cauda longa, estreita aber-
tura circular frontal, pelo sedoso castanho acinzen-
tado, asas escuras castanhas-pretas com manchas
mais claras. É desconhecido o modo de reprodução.
Grande predador de insectos. Ameaças: desflores-
tação. Pouco preocupante (UICN).

Hipposideros fuliginosus (Temminck, 1853)


Sooty leaf-nosed bat; Phyllorine sombre
Morcego de
Mammalia (C), Chiroptera (O), Hipposiderinae (F) FOLHA DE TEMMINCK
Habitat: mangal, floresta densa sub-húmida.
Ausente das zonas degradadas. Abrigos: ár-
vores • Tamanho: CCC desconhecido, CAB des-
conhecido • Peso: desconhecido • Gestação:
desconhecida • Regime alimentar: insectos e
artrópodes.
Muito pequeno, orelhas longas, ranhura nasal
cercada por lobos carnudos, cauda longa, pelo se-
doso castanho alaranjado. É desconhecido o mo-
do de reprodução. 1 cria/ninhada. Importante pre-
dador de insectos. Ameaças: desflorestação. Pou-
co preocupante (UICN).

Rhinolophus alcyone (Temminck, 1853)


Halcyon horseshoe bat; Rhinolophe alcyone
Morcego de
Mammalia (C), Chiroptera (O), Rhinolophidae (F) FERRADURA DE ALCYON
Habitat: variado. Abrigos: árvores e cavernas •
Tamanho: CCC desconhecido, CAB 38-68 mm •
Peso: desconhecido • Gestação: desconhecida
• Regime alimentar: insectos e artrópodes.

Pequeno, orelhas grandes, de sonar muito eficaz,


folha nasal muito elaborada em forma de ferradu-
ra invertida, pelo castanho-acinzentado. É desco-
nhecido o modo de reprodução. Importante pre-
dador de insectos. Ameaças: desflorestação. Pou-
co preocupante (UICN).

161
Rhinolophus denti (Thomas, 1904)
Morcego de Dent’s horseshoe bat; Rhinolophe denti
FERRADURA DE DENT Mammalia (C), Chiroptera (O), Rhinolophidae (F)
Habitat: savana arbustiva e herbácea. Abrigos:
cavernas e árvores (raramente) • Tamanho:
CCC desconhecido, CAB 38-68 mm • Peso: des-
conhecido • Gestação: desconhecida • Regime
alimentar: insectos e artrópodes.

Pequeno, orelhas grandes, de sonar muito eficaz,


folha nasal muito elaborada em forma de ferradura
invertida, pelo castanho alaranjado. Gregário (coló-
nias ≤100 indivíduos na África Ocidental e ≤200 indi-
víduos na África do Sul). É desconhecido o modo de
reprodução. Importante predador de insectos. Ame-
aças : desflorestação. Pouco preocupante (UICN).

Pipistrellus nanus (Thomas, 1904)


Morceguinho Tiny pipistrelle; Pipistrelle naine aux ailes brunes
Mammalia (C), Chiroptera (O), Vespertilionidae
(F), Vespertilioninae (S/F), Vespertilionini
Habitat: floresta densa sub-húmida, savana ar-
bustiva seca. Muito abundante nos pomares de
banana. Abrigos: grandes folhas e infra-estrutu-
ras • Tamanho: CCC 72-88 mm, CAB 25-32.5 mm •
Peso: desconhecido • Gestação: 56 dias • Regime
alimentar: insectos capturados a 2-5 m do solo.
Muito pequeno, narinas proeminentes, orelhas trian-
gulares separadas, cauda longa, pelo preto na par-
te superior e cinzento branco na parte inferior. Voo
aborboletado. Gregário (até 150 ind.). Polígeno, 1-2
crias/ninhada. Importante predador de insectos.
Ameaça: desconhecida. Pouco preocupante (UICN).

Glauconycteris poensis (Gray, 1842)


MORCEGO DE ABO Abo (butterfly) bat; Glauconyctére d’Abo
Mammalia (C), Chiroptera (O), Vespertilionidae
(F), Vespertilioninae (S/F), Vespertilionini
Habitat: floresta densa sub-húmida a savana ar-
bustiva húmida e pomares de banana. Abrigo:
árvores (também palmeiras) e infra-estruturas •
Tamanho: CCC desconhecido, CAB desconhecido
• Peso: desconhecido • Gestação: desconhecida •
Regime alimentar: insectos de corpo mole (bor-
boletas).
Muito pequeno, face larga e plana, narinas muito es-
paçadas, orelhas redondas, cauda longa, pelagem
espessa cinzenta-castanha a cinzento clara. Geral-
mente raro. Gregário, forma pequenos grupos ≤8
ind. Modo de reprodução desconhecido. Importan-
te predador de insectos. Ameaças: desflorestação.
Pouco preocupante (UICN).

162
Os mo r c e go s d e Cant anh e z

Ana Rainho, Mónica Sousa, Hamilton Monteiro, Cristina Schwarz da Silva & Jorge M. Palmeirim

A Guiné-Bissau é um país pequeno com


uma grande diversidade de morcegos
(pelo menos 38 espécies identificadas). As
de Cantanhez onde estas são pequenas, frag-
mentadas e ameaçadas pela desflorestação
(venda de carvão, agricultura).
florestas de Cacine e de Cantanhez possuem
Parte importante dos ecossistemas flores-
15 espécies já identificadas, sendo por isso
tais, alguns morcegos dependem da presen-
uma área particularmente importante para
ça das florestas. Infelizmente, a compreensão
esta ordem.
do grau de dependência destas espécies das
A maioria das espécies de Cacine-Cantanhez florestas de Cacine e de Cantanhez continua
são Microquirópteros. Estes pequenos insec- por averiguar devido à falta de conhecimen-
tívoros são nocturnos, utilizam a ecolocaliza- to sobre a distribuição e a ecologia das espé-
ção e empoleiram-se nas cavidades das árvo- cies na África Ocidental / Guiné-Bissau. Além
res, das fendas, das casas e das grutas. Limi- disso, algumas espécies abundantes em Ca-
tando a população de insectos, que é muitas cine e Cantanhez são conhecidas nas flores-
vezes vector de doenças ou pragas em cultu- tas da Guiné e da Bacia do Congo (o morcego
ras, fornecem um serviço essencial ao ecos- de Abo, o morcego de ferradura de Alcyon e o
sistema e às populações humanas locais. morcego de folha de Temminck). As florestas
relíquia de Cacine-Cantanhez poderiam, por-
tanto, explicar a presença e a abundância nes-
ta região ainda dominada pela savana.
A preservação dos morcegos e das flores-
tas de Cacine-Cantanhez têm assim a mesma
meta. Isso requer a identificação das flores-
tas mais bem preservadas e que merecem
uma protecção rigorosa, as degradadas por
actividades humanas e os corredores que de-
veriam ser reflorestados. Além disso, impor-
ta reduzir a demanda de madeira (desflores-
tação) e promover o uso sustentável de áreas
já cultivadas. Por fim, um acompanhamento
das florestas e dos morcegos é necessário de
forma a definir medidas específicas de con-
Outras espécies pertencem ao grupo dos servação.
Megachiroptera (raposas voadoras). Muitas
vezes maiores, são observadas de dia, em
grandes colónias suspensas nos ramos de
árvores ou edifícios altos. Frequentemente
voam após o anoitecer, usando a visão. Ape-
nas uma espécie usa a ecolocalização. Ali-
mentam-se de frutas, pólen e de outras par-
tes das plantas. São, portanto, essenciais pa-
ra a polinização e dispersão de sementes de
muitas árvores na África Ocidental, algumas
das quais ameaçadas de extinção (ex. câm-
bala, Milicia excelsa). São fundamentais para
a preservação e renovação das florestas tro-
picais, tal como será o caso das de Cacine e

163
Gestação: 167 dias.

Regime alimentar: frutos, sementes (de


frutas e de nozes muito duras) e inverte-
brados, mas também folhas, canas, re-
bentos, raízes de plantas de pântano e
sementes de gramíneas. São habituais as
incursões aos arrozais onde podem causar
grandes estragos.

Predadores: chimpanzé, onça, águia e o


Homem.

Comunicação: diversas posturas do corpo


e da cauda e grande variedade de vocali-
zações (alarme, contacto, etc.)...
Macaco Cinzento
Esperança de vida: 18 anos em meio sel-
Nome científico: Cercocebus atys ssp. atys vagem e 26.5 anos em cativeiro.
(Audebert, 1797)
Nome Inglês: Sooty mangabey, white-crowned
mangabey Taxonomia: Mammalia (C), Primata (O),
Nome Francês: Cercocebe à col blanc Happlorrhini (S/O), Simiiformes (I/O),
Cercopithecidae (F), Cercopithecinae (S/F).
Nomes locais: Tchalalacum (fula)

O
macaco cinzento é um animal de pe-
Habitat: PNC: floresta guineense, preferi- lo cinzento de florestas ribeirinhas, de
da às florestas pantanosas e aos palmei- cabeça pequena e grisalha, de órbitas
rais. Mangal. oculares e focinho rectangulares, com uma
coroa de pelos brancos que cobrem o pesco-
Observações: muito difícil ou impossível. ço, de pálpebras superiores brancas e de cau-
População, muito rara ou possivelmente da cinzenta longa.
extinta no PNC. O macaco cinzento vive em grupo misto uni♂
Período de actividade: diurno. e multi♀♀. A ♀ permanece no grupo materno
enquanto o ♂ emigra na adolescência. As ♀♀
Tamanho: CCC 45-60 cm (♀), 47-67 cm (♂). mantêm uma hierarquia linear estrita e com as
CC 40-80 cm (♀/♂). AG 38-42 cm (♀), 40-45 crias formam a base do grupo. A catagem não
cm (♂). é recíproca e as ♀♀ apenas catam os juvenis,
não as crias. A ♀ tem apenas uma única cria.
Peso: P 4.5-7 kg (♀), 7-12 kg (♂). O infanticídio tem sido relatado para esta es-
pécie.
Dimorfismo sexual: pronunciado, ♂ maior
Ameaçada pela caça e pela desflorestação, fi-
e até 2 vezes mais pesado que a ♀.
gura no Anexo II da CITES.

ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Vulnerável, população diminuiu em 30% nos últimos 30 anos.

PN Cantanhez Extinto ou Criticamente em perigo de extinção.

164
Predadores: hiena malhada, leão e Homem.

Comunicação: grande diversidade de pos-


turas, de vocalizações (rugidos, marcações
com urina e fecais).

Esperança de vida:
19-12 (♀/♂) em meio
selvagem e 29 em

90-120 mm 110-130 mm
anterior
Leão cativeiro.

Nome científico: Panthera leo Taxonomia: Mammalia (C),


(Linnaeus, 1758) Carnivora (O), Felidae (F),

posterior
Nome Inglês: African lion Pantherinae (S/F).
Nome Francês: Lion d’Afrique
Nome crioulo: Lion
Nomes locais: Massunuc (nalu)
N’gaiur (fula) - Acalmi (balanta) O uso de foto-arma-
dilhas no vizinho PN
de Boé permitiu re-
Habitat: PNC: Savana arbustiva de Balana centemente obter a
(por verificar). primeira fotografia
de um leão em li-
Observações: Há já alguns anos que no berdade no leste do
PNC não são observados nem indivíduos país.
nem vestígios de presença, como pegadas.

Ú
Período de actividade: sobretudo nocturno nico felino gregário, forma grupos com
e crepuscular. 1-20 ♀♀ aparentadas e respectivas
crias e 1-9 ♂♂ imigrantes, o sistema
Tamanho: CCC 158-192 cm (♀), 172-250 cm é de “fissão-fusão”. As ♀♀ defendem o ter-
(♂). CC 60-100 cm (♀/♂). AG 100-128 cm ritório, que abandonam quando o ♂ domi-
(♀/♂). nante muda ou para evitar a consanguinida-
Peso: P 110-168 kg (♀), 150-272 kg (♂). de. Os ♂♂ deixam o grupo aos 25-48 meses,
criando coligações com outros, permanecen-
Dimorfismo sexual: pronunciado. O ♂ é 20- do nómadas por 2-3 anos até conquistar um
50% mais pesado que a ♀ e possui uma grupo. Nesse caso matam todos as crias com
crina claramente mais desenvolvida. menos de ≤18 meses para que as ♀♀ do gru-
po entrem no cio. Dominam um grupo por 2-4
Gestação: 98-115 dias. anos. Consoante a biomassa, o território po-
de ser de 65-2800 km² e a densidade de 0.05-
Regime alimentar: carnívoro. Preferência 38 leões / 100 km². O leão sobrevive hoje em
por mamíferos de 50-550 kg (antílopes, bú- dia em menos de 20% de seu território origi-
falos e outros ungulados). Potencialmente nal, devido à perda de habitat e à caça. Cons-
todas as presas com 15-1000 kg. ta do Anexo II da CITES.

ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Vulnerável (a nível mundial), Em perigo (África Ocidental), sofreu um


UICN, Internacional declínio de 30% em 20 anos.

PN Cantanhez Extinto ou Criticamente em perigo de extinção.

165
Regime alimentar: herbívoro. Sobretudo:
folhas de leguminosas dominantes e ou-
tras gramíneas e herbáceas no período da
chuva.

Predadores: hiena malhada, leão e o Ho-


mem.

Comunicação: vocal (diversas vocalizações,


visual (numerosas posturas do corpo, e po-
sições da cauda e da cabeça), olfactiva (se-
creções hormonais e marcações) e táctil
(comportamento afiliativo).

Esperança de vida: 20.3 anos


em cativeiro e desconhecido
em meio selvagem.

anterior

110 mm
ELANDe DE DERBY
Taxonomia: Mammalia (C),
Nome científico: Taurotragus derbianus
Artiodactyla (O), Bovidae

posterior

100 mm
(Gray, 1847)
(F), Tragelaphinae (S/F),
Nome Inglês: Giant eland, western giant eland Tragelaphini (T).
Nome Francês: Eland de Derby

É
um animal de grande porte, com o pe-
Habitat: PNC: savana arbustiva. Zonas le-
lo cinzento-areia ou avermelhado, com
nhosas com Isoberlinea preferidas.
8-12 listras brancas e chifres em espiral
(♀ / ♂). O ♂ maduro tem um pescoço pre-
Observações: rara ou extinta. Reconheci-
to e uma barbela pendente entre o queixo e o
da pela população. peito. Ocupa uma faixa estreita e descontínua
de floresta de Isoberlinia entre o Senegal e o
Período de actividade: diurno e nocturno. Nilo, entre as savanas sudanesas cultivadas e
o mosaico mais húmido de florestas e de sa-
Tamanho: CCC 210-240 cm (♀), 240-320 vanas ao sul. No PNC, a subespécie referida
cm (♂). CC 55-78 cm (♀/♂). AG 140-160 pelos fulas é T. d. derbianus, de pelo mais ver-
(♀), 150-176 (♂). Chifres ≤1.23 m (♀/♂). melho e com em média 15 listras. É descrita
como sazonal, proveniente da Guiné-Conacri
Peso: P 300-500 kg (♀), 450-907 kg (♂). chegando em grandes grupos ao PNC. O ♂ é
geralmente solitário. Junta-se às ♀♀ com cio,
Dimorfismo sexual: pronunciado. O ♂ é por algumas horas ou várias semanas. As ♀♀
maior e 40-50% mais pesado que a ♀. e as crias formam grandes manadas na esta-
ção seca e húmida: ≤25 ind. (às vezes, 50-60).
Gestação: 285 dias.

ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

Vulnerável (T. derbianus) e Em perigo (T. d. derbianus) (≤200 indiví-


UICN, Internacional duos).

PN Cantanhez Extinto ou Criticamente em perigo de extinção.

166
Gestação: 190 dias.

Regime alimentar: herbívoro generalista.


Sobretudo: flores, rebentos, folhas, frutos,
sementes, cravinho, cogumelos, plantas
cultivadas.

Predadores: hiena malhada, onça, leão e o


Homem.

Comunicação: vocal (diversos gritos), vi-


sual (numerosas posturas corporais, po-
sição da cauda, da cabeça), olfactiva (se-
creções hormonais e marcações) e táctil
(comportamento afiliativo, cuidados ma-
ternos, agressão e reprodução).
Duiker comum Esperança de vida: 12 anos
em meio selvagem e

anterior
Nome científico: Sylvicapra grimmia

38 mm
(Linnaeus, 1758) 14 anos em cativeiro.
Nome Inglês: Common duiker, grey duiker Taxonomia: Mammalia (C),
Nome Francês: Céphalophe de Grimm Artiodactyla (O), Bovidae (F),

posterior

38 mm
Nome crioulo: Cabra cinzenta Cephalophinae (S/F).

É
Habitat: PNC: savana arbustiva, savana her- um pequeno antílope cinza claro a casta-
bácea. nho avermelhado com uma crista carac-
terística de pelo no topo da cabeça. As
Observações: muito raro ou extinto. narinas, o chanfro e a área onde as glândulas
pré-orbitais estão localizados são pretos.
Período de actividade: sobretudo nocturno Apesar dos hábitos solitários, os casais não
e matinal. Evita o calor forte. são incomuns. Os ♂♂ são muito intolerantes
entre si. Os territórios destes estão claramen-
Tamanho: CCC 90-111 cm (♀), 70-105 cm te marcados e de forma regular sendo defen-
(♂). CC 7-19.5 cm (♀/♂). AG 45-70 cm (♀/♂). didos contra intrusos. O do ♂ sobrepõe-se ao
de uma ou mais ♀♀. O tamanho do território
Peso: P 12-25.5 kg (♀), 11-21.5 kg (♂). é de 12-27 ha. A densidade pode chegar a 50
duikers / km² em habitats ricos. Ameaçado pe-
Dimorfismo sexual: pronunciado. Apenas la caça e perda de habitat, não está listado na
o ♂ possui chifres (11-18.1 cm) que são di- CITES.
reitos. A ♀ é ligeiramente maior e mais
pesada que o ♂.

ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Extinto ou Criticamente em perigo de extinção.

167
Gestação: 210 dias.

Regime alimentar: herbívoro. Sobretudo:


gramíneas dominantes.

Predadores: crocodilo do Nilo, hiena ma-


lhada, onça, leão e o Homem.

Comunicação: visual (vigilância, defec-


ção ritualizada, bater dos chifres contra a
vegetação, diversas outras posturas ritu-
alizadas), olfactiva (diversas secreções e
marcações), vocal...

Esperança de vida:
17 anos em cativeiro e
desconhecido em
Cobo de Buffon

55-70 mm
anterior
meio selvagem.
Nome científico: Kobus kob (Erxleben, 1777)
Taxonomia: Mammalia (C),
Nome Inglês: Kob
Artiodactyla (O), Bovidae

posterior

55-70 mm
Nome Francês: Cobe de Buffon (F), Reduncinae (S/F),
Nome crioulo: Gazela di lala Reduncini (T).

Habitat: PNC: savana arbustiva e savana

É
herbácea na proximidade de um ponto de um antílope grande e poderoso, de pelo
vermelho a castanho claro (branco e pre-
água. Outros: prefere as relvas às ervas.
to no sul Sudão). Apenas o ♂ possui finos
e longos chifres em forma de lira. É referido
Observações: muito raro ou extinto.
como tendo existido ou ainda presente nas sa-
vanas húmidas do norte do PNC.
Período de actividade: sobretudo diurno,
mas também nocturno. Sedentário, permanece muito tempo próximo
dos mesmos pontos de água e locais de pas-
Tamanho: CCC 160-180 cm (♀/♂). CC 10- tagem. É gregário, formando grupos de 15-40
cobos (até 1000!). O sistema social depende
15 cm (♀/♂). AG 82-92 cm (♀), 90-100 cm
tanto da protecção dos recursos (baixas den-
(♂). Chifres 50 cm em média (max 73 sidades, ≤1 cobo / km²) como dos “leks” para
cm) (♂, ausentes na ♀). se reproduzir (densidades altas, 14-40 cobos /
km). O lek é um mini-território (diametro ≤50
Peso: P 60-77 kg (♀), 85-121 kg (♂). m), exclusivo, formado por um ♂ na zona de
concentração de ♀♀ (≤50 ha). Não figura na
Dimorfismo sexual: pronunciado. O ♂ é CITES.
mais maciço e com chifres maiores do que
os da ♀.

ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Extinto ou Criticamente em perigo de extinção.

168
Gestação: 210 a 220 dias.

Regime alimentar: herbívoro. Ervas com


preferência pelas espécies dominantes
(Hyparrhenia, Sporobolus, Heteropogon,
Themeda). Alimenta-se sobretudo à noite.

Predadores: hiena malhada, onça, leão e o


Homem.

Comunicação: vocal (diversas vocalizações),


visual (numerosas posturas corporais e po-
sições da cauda, da cabeça), olfactiva (secre-
ções hormonais e marcações) e táctil (com-
portamento afiliativo, cuidados maternos,
Redunca agressão, reprodução).
Nome científico: Redunca redunca Esperança de vida: 10 anos
(Pallas, 1767) em meio selvagem e

anterior

48 mm
Nome Inglês: Bohor reedbuck 18 anos em cativeiro.
Nome Francês: Cobe dês roseaux, redunca, Taxonomia: Mammalia (C),
redunca Nagor Artiodactyla (O), Bovidae

posterior
Nome crioulo: Redunca (F), Reduncinae (S/F),

47 mm
Reduncini (T).
Habitat: PNC: mangal e savana herbácea.
Outros: vastos canteiros herbáceos, inun-

É
dados todos os anos, assim como secos e um animal forte, de tamanho médio, de
queimados. pelagem amarelada a vermelha acasta-
nhada, peito, parte ventral e inferior da
Observações: muito raro ou extinto. cauda, brancos. Sob cada orelha tem uma
mancha negra característica. Os chifres do ♂
Período de actividade: sobretudo nocturno são curtos, anelados e em forma de gancho.
(alimentação). O ♂ adulto vive numa área de 2-60 hectares
onde acasala com várias ♀♀ (até 5). Defende
Tamanho: CCC 100-135 cm (♀/♂). CC 18- o acesso sobretudo às ♀♀. Os grupos de ♂♂
20 cm (♀/♂). AG 65-89 cm (♀/♂). Chifres solitários são tolerados, excepto quando as
♀♀ encontram-se na proximidade. A ♀ adul-
25 cm (médio) (até aos 42 cm) (♂).
ta vive num território vital de 15-40 ha. Em ha-
bitats ricos, a densidade pode chegar a 110 co-
Peso: P 35-45 kg (♀), 43-65 kg (♂).
bos / km² (Uganda).
Dimorfismo sexual: pronunciado: ♂ mais A população está a tornar-se rara a Oeste de-
maciço, com chifres ♀ mais esbelta e sem vido à forte pressão humana. Não consta da
CITES.
chifres.

ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Extinto ou Criticamente em perigo de extinção.

169
Gestação: 210 dias.

Regime alimentar: omnívoro. Folhas, fru-


tos e galhos no dossel, gramíneas ciperá-
ceas, Dendrosenecio kilimanjari e plantas
aromáticas.

Predadores: jibóias e outras cobras, rapi-


nas, mangustos, ginetas e o Homem.

Comunicação: vocal (vocalizações especi-


ficas, ranger de dentes, grunhidos (domi-
nância, territorialidade)), visual...

Esperança de vida:
5.5 anos em cativeiro e
desconhecido em meio

anterior
HÍRAX

40 mm
selvagem.

Nome científico: Dendrohyrax dorsalis


(Fraser, 1854) Taxonomia: Mammalia (C),

posterior
Hyrocoidea (O),

54 mm
Nome Inglês: Western tree dassie,
Procaviidae (F).
Western tree hyrax
Nome Francês: Daman dês arbes

É
Habitat: PNC: floresta densa sub-húmida, um pequeno animal castanho escuro (às
vezes creme), bochechas largas, mandí-
floresta densa seca e savana arbustiva.
bulas fortes e dedos grossos. A pele é
Outros: savanas húmidas, e mosaicos.
grossa e tem uma listra dorsal branca. A meio
do dorso possui uma longa glândula rodeada
Observações: raro ou extinto.
por pelos erécteis que servem para dissemi-
nar secreções emitidas. Os grandes incisivos
Período de actividade: diurno em floresta
são usados para se alimentar, mas também
de baixa altitude e preferencialmente no- para a higiene e defesa.
turno na montanha.
Assemelha-se aos roedores, mas está mais
próximo dos musaranhos-elefantes e dos
Tamanho: CCC 32-60 cm (♀/♂). AG 15-30
elefantes. Adaptado inicialmente aos habi-
cm (♀/♂).
tats rochosos, especializaram-se posterior-
mente em florestas e savanas. O hírax é so-
Peso: P 1.5-4.5 kg (♀/♂).
litário e territorial. O território do ♂ abriga o
de várias ♀♀.
Dimorfismo sexual: pouco pronunciado.

ESTADO DE CONSERVAÇÃO
NÃO DADOS POUCO QUASE VULNERÁVEL EM PERIGO CRITICAMENTE EXTINTO EXTINTO
AVALIADO DEFICIENTES PREOCUPANTE AMEAÇADO EM PERIGO NA NATUREZA

UICN, Internacional Pouco preocupante, espécie de ampla distribuição e abundante.

PN Cantanhez Extinto ou Criticamente em perigo de extinção.

170
Bibliografia
(sé lection)

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Johns Hopkins University Press, 1-800-537-5487 or (410) 516-6900, or at http://www.press.
jhu.edu).

171
Cré ditos
fotográ ficos
AD: 106 a, 106 c. HUFFMAN B./ULTIMATE UNGULATE: 112 b, 114,
AIKPE C./CERGET: 135. 166, 167, 169.
ARBORE C.: 6, 11 b, 14 c, 16 c, 17 a, 17 c, 24. HUMLE T.: 10, 26 b, 27, 28, 29 b.
BAHAA-EL-DIN L.: 57, 58, 60 b, 62, 63 a, 63 b, 66, IBAP: 138, 154 a.
70, 75 b, 78, 79 b, 90, 91 b, 98, 99, 100, 101, 128, IBAP/ODP (Projecto Olhos de Papagaio): 14 b,
140 a, 140 b, 146 a, 147. 15, 16 a, 115.
BAKE N. & M./WIKIPEDIA: 56. IPAVEC A.: 45 a, 54 b, 107 b, 120, 123, 125.
BARATA A.: 53. JACQUES H.: 71.
BIAG F.: 50. KLATIL L.: 92 a, 92 b, 93.
BOHM T.: 96 a, 96 b, 97, 108, 111 a, 116a, 117. KORINEK M./biolib.cz: 76 a, 76 b, 77, 80 a, 146 b.
BONNET M.: 105. PERIQUET S.: 65 a, 65 b, 74, 75 a, 121, 122 b, 124
BOUT H.: 109. b, 130 b, 137 b, 165.
BOUT N.: 5 a, 30 a, 30 b, 31, 32 a, 32 b, 33, 34, 35, PESSEAT S.: 142 b. POURUT X. : 158 a, 159 a.
36 a, 36 b, 37 a, 37 b, 38 a, 38 c, 38 b, 39, 59, 79 a, PPG Gabon: 111 c, 116 b.
81,106 b, 109 a, 111 b, 148 a, 148 b, 150 a, 151, 184. RAINHO A.: 158 c, 158 b, 59 b, 160 c, 160 b,
BUZAS B.: 64, 48, 49 a, 49 b. 161 c, 161 b.
CHIMBO FOUNDATION/VAN SCHIJNDEL J.: 42, RAINHO A., PALMEIRIM J.M.: 161 a, 162 a, 162 b.
43 a, 43 b, 68, 69 a, 69 b, 80 b, 85 a, 89, 94 b, REED-SMEETH J.: 72, 73 a.
118 b, 144, 145 a, 163 a, 163 b, 164, 165 b.
REGALLA DE BARROS A.: 88.
CSORBA G.: 159 c, 160 a.
RUOSO C.: 26 a, 44, 45 b, 46, 47, 136, 141.
DEWILDE J.: 152, 153.
SANDERS A.: 134 b.
DIAGNE L.K./SEA TO SHORE ALLIANCE: 132 b,
133. SCHWARZ DA SILVA C.: 86 b, 87 a, 87 b, 150 b,
154 b.
DIAGNE T.: 134 a.
SENEGAL RIVER BASIN AUTHORITY: 132 a.
GHIURGHI A.: 5 b, 11 a, 12 b, 14 a, 16 b, 17 b, 41
a, 91 a, 110, 112 a, 113, 118 a, 119, 124 a, 131, 139b, SOMERS M.: 73 b.
143 b, 145 b. SOUSA J.: 29 a, 143 a, 149 a, 149 b.
GUAY M.: 122 a, 130 a, 139 a. TYGART V./WIKIPEDIA: 170.
GUERIN N./WILKIPEDIA: 84. TURKALO A.: 126 b, 127, 129 a, 129 b.
HENSCHEL P.: 40, 41 b, 54 a, 55, 60 a, 61, 67 a, 67 VAN SCHIJNDEL J.: 142 a.
b, 82, 83, 104, 107 a, 126 h, 168. VERRIER D.: 52.

(a : alto ; c : centro ; b : baixo)

O editor mante-se disponível relativamente a outras fontes que não tenham sido possíveis identificar ou
contactar

172
Indice
das esp é cies
NOME PORTUGUÊS NOME CIENTIFICO ENGLISH NAME NOM FRANÇAIS Pagina

Babuíno da Guiné Papio papio Guinea baboon Babouin de Guinée 42

Syncerus caffer (nanus + Buffle d’Afrique (nain +


Búfalo African buffalo 104
brachyceros) savane ouest)

Cabra cinzenta Philantomba maxwelli Maxwell’s duiker Céphalophe de Maxwell 112

Cabra grande do mato Cephalophus silvicultor Yellow-backed duiker Céphalophe à dos jaune 110

Caracal Caracal caracal Caracal Caracal 56

Chacal comum Canis aureus Golden jackal Chacal doré 68

Chacal de flancos raiados Canis adustus Side-striped jackal Chacal à flancs rayés 66

Chimpanzé Pan troglodytes verus West African chimpanzee Chimpanzé 26

Civeta africana Civettictis civetta African civet Civette d’Afrique 80

Cobo de Buffon Kobus kob Kob Cobe de Buffon 168

Cobo de meia lua Kobus ellipsiprymnus Waterbuck Cobe à croissant 122

Hírax Dendrohyrax dorsalis Western tree dassie Daman des arbres 170

Duiker comum Sylvicapra grimmia Common duiker Céphalophe de Grimm 167

Duiker da baia Cephalophus dorsalis Bay duiker Céphalophe bai 116

Duiker de flancos ruivos Cephalophus rufilatus Red-flanked duiker Céphalophe à flancs roux 118

Duiker negro Cephalophus niger Black duiker Céphalophe noir 114

Elande de Derby Taurotragus derbianus Giant eland Eland de Derbye 166

Elefante africano Loxodonta africana African bush elephant Eléphant 136

Esquilo de cordão pés Funisciure à pattes


Funisciurus pyrropus Fire-footed rope squirrel 152
de fogo rousses

173
NOME PORTUGUÊS NOME CIENTIFICO ENGLISH NAME NOM FRANÇAIS Pagina

Esquilo do sol da Gâmbia Heliosciurus gambianus Gambian sun squirrel Hélosciure de Gambie 154

Geoffroy’s ground Ecureuil terrestre du


Esquilo terrestre listrado Xerus erythropus 150
squirrel Sénégal

Galago senegalensis se-


Gálago do Senegal Northern lesser galago Galago du Sénégal 50
negalensis

Gálago de Demidoff Galago demidoff Demidoff ’s dwarf galago Galago de Demidoff 52

Gato bravo Felis sylvestris lybica African wild cat Chat sauvage 62

Gato dourado africano Profelis aurata African golden cat Chat doré 60

Gato lagária Genetta pardina Pardine genet Genette pardine 82

Gazela pintada Tragelaphus scriptus Bushbuck Guib harnaché 108

Gineta Genetta thierryi Hausa genet Genette de Thierry 86

Gineta europeia Genetta genetta Common genet Genette d’Europe 84

Hiena malhada Crocuta crocuta Spotted hyaena Hyène tachetée 64

Hipopótamo Hippopotamus amphibius Common hippopotamus Hippopotame 130

Javali africano Phacochoerus africanus Common warthog Phacochère 124

Leão Panthera leo African lion Lion 165

Lontra do Cabo Aonyx capensis African clawless otter Loutre à joues blanches 70

Lontra europeia Hydrictys maculicollis Spotted-necked otter Loutre à cou tacheté 72

Macaco cão da Anúbia Papio anubis Olive baboon Babouin anubis 44

Macaco cinzento Cercocebus atys Sooty mangabey Cercocebe à col blanc 164

Colobus polycomos poly- Western black and white


Macaco fidalgo preto Colobe à Camail 34
comos colobus

Piliocolobus temmincki Colobe bai d’Afrique oc-


Macaco fidalgo vermelho Temminck’s red Colobus 30
badius cidental

Cercopithecus (mona)
Macaco mona Campbell’s monkey Mone de Campbell 38
campbelli

Macaco verde Chlrorocebus sabaeus Green monkey Callitriche 40

174
NOME PORTUGUÊS NOME CIENTIFICO ENGLISH NAME NOM FRANÇAIS Pagina

Macaco vermelho Erythrocebus patas Patas monkey Singe Patas 46

Manatim Trichechus senegalensis African manatee Lamantin 132

Mangusto da Gâmbia Mungos gambianus Gambian Mongoose Mangue de Gambie 92

Mangusto das palmeiras Nandinia binotata African palm civet Nandinie 78

Mangouste à queue
Mangusto de rabo branco Ichneumia albicauda White-tailed mongoose 94
blanche

Mangusto dos pântanos Atilax paludinosis pluto Marsh mongoose Mangouste des marais 88

Mangusto raiado Mungos mungo Banded mongoose Mangue rayée 90

Mangusto vermelho Galerella sanguinea Slender mongoose Mangouste svelte 98

Morcego de Abo Glauconycteris poensis Abo (butterfly) bat Glauconyctére d’Abo 162

Morcego de ferradura de
Rhinolophus alcyone Halcyon horseshoe bat Rhinolophe alcyone 161
Alcyon

Morcego de ferradura
Rhinolophus denti Dent’s horseshoe bat Rhinolophe denti 162
de Dent

Morcego de folha de Aba Nycteris hispida Hairy slit-faced bat Nyctère hérissé 160

Morcego de folha ciclope Hipposideros cyclops Cyclops leaf-nosed bat Phyllorine des cyclopes 161

Morcego de folha de
Hipposideros fuliginosus Sooty leaf-nosed bat Phyllorine sombre 161
Temminck

Morcego leporino grande Nycteris grandis Large slit-faced bat Grand nyctère 160

Morcego leporino sépia Hipposideros abae Aba round leaf bat Phyllorine d’Aba 160

Morcego frugívoro anão Micropteropus pusillus Peter’s lesser fruit bat Roussette naine 159

Morcego frugívoro cabe-


Hypsignathus monstrosus Hammer-headed fruit bat Hypsignathe monstrueux 159
ça de martelo

Morcego frugívoro da Gambian epauletted


Epomophorus gambianus Epomorphe de Gambie 158
Gâmbia fruit bat

Morcego frugívoro de Buettikofer’s epaulette- Epomorphe de Buetti-


Epomops buettikoferi 158
Buettikofer dfruit bat -kofer

Morcego frugívoro de
Epomophorus veldkampi Veldkamp’s bat Roussette de Veldkamp 159
Veldkamp

African straw-colored Roussette paillée afri-


Morcego frugívoro flavo Eidolon helvum 158
fruit bat caine

175
NOME PORTUGUÊS NOME CIENTIFICO ENGLISH NAME NOM FRANÇAIS Pagina

Morceguinho Pipistrellus nanus Tiny pipistrelle Pipistrelle naine 162

Onça Panthera pardus Leopard Léopard 54

Palanca vermelha Hippotragus equinus Roan antelope Antilope rouanne 120

Manis (Phataginus) Tri- African white-bellied Pangolin a ecailles tri-


Pangolin comum 102
cuspis pangolin cúspides

Pangolin gigante Manis (Smutsia) gigantea Giant ground pangolin Pangolin géant 100

Porco espinho Hystrix cristata Crested porcupine Porc épic à crête 144

Porco espinho de cauda African brush-tailed por-


Atherurus africanus Athérure africain 146
de pincel cupine

Porco formigueiro Orycteropus afer Aardvark Oryctérope 140

Hylochoerus meinert-
Porco gigante da floresta Giant forest hog Hylochère 128
zhageni

Porco do mato vermelho Potamochoerus porcus Red river hog Potamochère 126

Poto Perodicticus potto Western potto Poto 48

Thryonomys swinde-
Rata do canavial Greater cane rat Grand aulacode 142
rianus

Ratel Mellivora capensis Honey badger Ratel 74

Rato gigante da Gâmbia Cricetomys gambianus Gambian rat Rat géant de Gambie 148

Rato voador Anomalurus beecroft Beecroft’s flying squirrel Anomalure de Beecroft 156

Redunca Redunca redunca Bohor reedbuck Nagor - Redunca 169

Sacarrabos Herpestes ichneumon Egyptian mongoose Mangouste d’Egypte 96

Serval Leptailurus serval Serval Serval 58

Zorrilho africano Ictonys striatus Striped polecat Zorille commune 76

176
ESQ UEMA
DAS P EGADAs

P r i mat a

59 mm
Mão
250 mm

74 mm
Chimpanzé Macaco verde
Pan troglodytes verus Chlrorocebus sabaeus

Mão 79 mm

Mão
137 mm


Macaco fidalgo vermelho Babuíno da Guiné


Piliocolobus badius temmincki Papio papio

Macaco fidalgo preto Macaco cão da Anúbia


Colobus polycomos polycomos Papio anubis

177
Car niv o r a

65 mm
95 mm

58 mm
ant. ant.
ant.

post. post.

54 mm
post.

80 mm
95 mm

Onça Caracal Serval


Panthera pardus Caracal caracal Leptailurus serval
36 mm

48 mm
ant. 96 mm ant.

ant.
36 mm

53 mm
post. post.

post.
89 mm

Gato bravo Chacal de flancos raiados


Felis sylvestris lybica Canis adustus

Hiena malhada
Crocuta crocuta
85-90 mm

54 mm
60-65 mm

ant.
ant. ant.

post.
60-70 mm
100-110 mm

post. post.
81 mm

Lontra do Cabo Lontra europeia Ratel


Aonyx capensis Hydrictys maculicollis Mellivora capensis

178
Car niv o r a

30 mm 32 mm
35 mm 35 mm

45 mm
ant. ant.
ant.

52 mm
post. post.
post.

Mangusto das palmeiras Gato lagária


Nandinia binotata Civeta africana Genetta pardina
Civettictis civetta

20-26 mm 20-28 mm
ant. ant.

41 mm
32 mm

ant.

post. post.
30 mm

36 mm
post.
Zorrilho africano
Ictonys striatus
Gineta europeia Mangusto dos pântanos
Genetta genetta Atilax paludinosis pluto

29 mm
ant.
29 mm
41 mm

ant. ant.

29 mm
post.
29 mm

Mangusto raiado
41 mm

post. post.
Mungos mungo

Mangusto de rabo branco Mangusto da Gâmbia


110-130 mm

Ichneumia albicauda Mungos gambianus

ant.
42 mm
23 mm

ant. ant.
post.
90-120 m
25 mm

44 mm

post. post.

Mangusto vermelho Sacarrabos Leão


Galerella sanguinea Herpestes ichneumon Panthera leo

179
P h o lid o t a Hy r ac o id e a

45 mm

40 mm
ant.
ant.

post.
post.

70 mm

54 mm
Pangolim gigante Hírax
Manis (Smutsia) gigantea Dendrohyrax dorsalis

Ar t io d ac t y la
90-120 mm

40-50 mm 40-50 mm

50 mm
ant.
ant.
ant.

50 mm
post.
post.
post.
90-120 mm

Gazela pintada Cabra grande do mato


Tragelaphus scriptus Cephalophus silvicultor

Búfalo (anão + savana oeste)


Syncerus caffer (nanus + brachyceros)
120 mm
36 mm
18 mm

Cabra cinzenta Duiker da baia Palanca vermelha


Philantomba maxwelli Cephalophus dorsalis Hippotragus equinus

180
Ar t io d ac t y la

42 mm
ant.

90 mm

48 mm
post.

Cobo de meia lua


Javali africano
Kobus ellipsiprymnus
Phacochoerus africanus
60-100 mm 60-100 mm

ant.

250 mm
post.

ant.
Porco gigante da floresta
Hylochoerus meinertzhageni

post.
55-70 mm

250 mm

ant.

post.
55-70 mm

Porco do mato vermelho Hipopótamo


Potamochoerus porcus Hippopotamus amphibius

181
Ar t io d ac t y la

55-70 mm
ant.

110 mm post.

55-70 mm
ant.

38 mm
ant. ant.

48 mm
post.
Cobo de Buffon post.
100 mm

post.

47 mm
38 mm
Kobus kob

Duiker comum Redunca


Sylvicapra grimmia Redunca redunca
Elande gigante
Taurotragus derbianus

P r o b o s c id e a Tu b u lid e nt at a
50 cm

100 mm

ant. ant.

post. post.
90 mm
52 cm

Elefante Porco formigueiro


Loxodonta africana africana Orycteropus afer

182
Ro d e nt i a

50 mm
ant.

80 mm
post.

81 mm
Rata do canavial
Thryonomys swinderianus

Porco espinho
40 mm

ant. Hystrix cristata

post.
70 mm

22 mm
ant.

post. 45-60 mm
Porco espinho de cauda de pincel
Atherurus africanus
22 mm

ant. Esquilo terrestre listrado


Xerus erythropus

post.
30 mm

Rato gigante da Gâmbia


Cricetomys gambianus

183
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