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SEMANA LITERÁRIA (SeLIT)

2016

Martín Fierro
de José Hernandez

Roteiro por Eduardo de Oliveira Rosa,


Mestre Tramador, Ex-Deus Mexicano e
Missioná rio do Bagualismo Pampeiro.
Estão todos sentados em suas respectivas
mesas, os músicos estão tocando e os taverneiros
(as) estão servindo. Temos então a abertura da
porta, para então todos olharem para a turma que
chega.
De prontidão, o taverneiro que estiver no
balcão irá recolher os passaportes e chamará outros
para ajudarem os recém chegados, dando-lhes
mesa e comes e bebes.
Após um breve intervalo (± quando os
visitantes estiverem acomodados), um estranho
levantará e fará um sinal para que os músicos
parem e que todos prestem atenção.
Estranho:
Prestem atención todos!
Pois o que lhes vou contar não é una história
para tolos!
O que lhes vou contar é una lenda...
De un gaúcho que perdeu fazenda, compadres,
filhos e prenda.
Esta... É la história ... De Martín Fierro.
Ao pronunciar o último verso, ele se posiciona
junto com os músicos no palco. Os mesmos
começam com um tema de violão e se levantam de
uma mesa a família de Martin Fierro, que se
posiciona no centro.
Estranho:
Nuestra história começa en una estância,
Onde viviam todos con abundância...
Mas foi en una cierta circunstância...
Que la causa do hombre ganhou importância!

Nessa estrofe a família apresenta-se feliz.

Foi quase que así, de repente!


Chegaram os militares, infelizmente...
Gritando, que de hombres queriam un
contingente...
E levaram nossos machos sem precedente!
Se levantam então os militares, eles empurram
a família para longe e seguram Fierro.
Militar 1: Usted, ¡Venga con nosotros!
Militar 2: ¡Vamos llevarlo al Sargento Cruz!
O terceiro militar está apontando uma carabina
com baioneta para Fierro (pelas costas).
Militar 3: ¡Vaya hombre!
Eles então vão carregando Fierro, com a
carabina em suas costas. A família sai
definitivamente do set, dando espaço para o grupo
de homens. Eles então soltam Fierro, e entra o
Sargento Cruz. Todos os militares prestam
continência. O Tema de violão acaba entrando um
de corneta (dando um aspecto mais militar).
Sgt Cruz: Aquí están ustedes... ¡Ahora ustedes
son hombres de la patria! ¡Ustedes van a proteger
Argentina de esos malditos indios! ¡Y envíelos para
el Infierno de donde vinieron!
Um militar traz e veste Martín com uma farda,
logo após outro vem com um chapéu e o terceiro
com uma carabina para ele. Os militares e Fierro se
posicionam em linha e começam a fazer flexões.
Sgt Cruz: ¡Ahora hombres! ¡Anden, anden,
anden!

Estranho:
E así foi... Nuestro hombre treinou como un
valente!
Mas su vontade era decadente...
O dia de la luta con los índios seria iminente...
E su ira pelos militares era crescente!

Levantam-se os Índios, eles vão para uma das


extremidades do set, enquanto o grupo militar se
posiciona em outra. Os índios então apontam suas
lanças e os soldados vão em direção a eles, com
suas armas.
Sgt Cruz: ¡ATACAR!
Chefe Índigena: Apachimpuy huauquis! (Vamos
irmãos)
Destaca-se a luta de Martín Fierro com um
índio. Os demais lutam separadamente, dando
espaço para a luta “em foco”.
Fierro então derruba o índio, desarmando-o e
preparando-se para matá-lo com sua faca.
Estranho:
Nuestro herói era honrado...
Pois matar um hermano é pecado...
E así ele não foi ensinado...

Martín então grita, e crava sua faca no chão (ao


lado da cabeça do índio). Ele então deixa o índio
escapar. Ele olha para cima, urra e grita.
Martín Fierro: ¡Yo soy un gaucho, no un
hombre de la patria! ¡Gauchos no matan hombres
hermanos!

Os índios batem em retirada. Chegam então os


militares, que amarram Fierro e lhe põe de joelhos.
O Sargento Cruz cospe na cara de Martín.
Sgt Cruz: Ora... Ora... Ora... Si no es el gaucho
queriendo dar una de “héroe”...

Os militares riem.
Sgt Cruz: Dejen ese canalla ahí amarrado.
Mañana o después vemos lo que haremos con él...

Os militares então saem do set rindo. Martín


Fierro se debate com as amarras, até que consegue
pegar uma faca e desatar suas amarras. Ele tira sua
farda e seu chapéu e sai correndo. O tema militar
cessa, dando espaço para um tema de “aventura”
iniciar.
Estranho:
Fierro não é do tipo que se entrega à morte...
Mas agora ele era un hombre sem Norte...
Su única opção era seguir su sorte...
E torcer por suporte...

Ahora que era un desertor...


Tinha que agüentar su dolor...
E seguir su próprio caminho,
Estando siempre sozinho.

Sobre su cabeça foi posta una recompensa,


E isto lhe pesava como una prensa...
Vinham unos lhe desafiar...
E ele tinha que lutar.

Levantam-se então dois desafiantes. Eles sacam


suas facas e se posicionam nas extremidades,
cercando Fierro.
Desafiante 1: Entonces, ¿tú eres el tal “Martín
Fierro, el gaucho desertor”? Su cabeza está valiendo
una plata...

Desafiante 2: Es eso mismo... ¡Y nosotros


estamos aquí para tomarla!
Eles então iniciam uma peleia de faca. Fierro
consegue derrotar os dois.
Martín Fierro: Discúlpenme hermanos, pero no
es hoy que yo muero...

Martín então carrega os dois para fora do set.


Fierro então retorna ao set e se deita para dormir.
Martín Fierro: Dios mío... Adónde este mundo
irá parar...

Estranho:
Por algún tempo, Fierro levou esta vida...
Até o dia em que sus ações poderiam ser
absolvidas...
E su existência seria então redigida.

O Sgt Cruz entra novamente no set, desta vez


sem sua farda. Ele põe a mão na boca de Fierro e o
sacode.
Sgt Cruz: ¡Eh, hermano!
Martín se acorda assustado. Ele tenta revidar
contra Cruz.
Sgt Cruz: ¡Cálmese hermano! Tranquilo... Eso...

Cruz tira a mão da boca de Fierro. Eles se


sentam.
Martín Fierro: ¿¡Cruz?! ¡Su desgraciado! ¿¡Qué
está haciendo aquí!?
Sgt Cruz: Es... Yo sé que no soy la persona que
usted quiere ver, pero... ¡Finalmente! Déjeme
contarle mi historia...

Estranho:
E então Cruz lhe contou...
Que de primeiro ele também dizia “gaúcho eu
sou”...
E depois acabou sendo forçado à guerra...
Tirado de su terra!
Até o dia que Martín apareceu...
Pois ele lhe esclareceu!

Martín Fierro: ¡Dios mío, Cruz! Si yo supiese de


eso, ¡tendríamos hecho una escapada en conjunto!
De cualquier forma, estoy yendo para la aldea
indígena... Usted puede venir conmigo, allá ellos
irán ofrecernos casa y comida... Por lo menos, por
ahora...
Cruz: ¡Pues entonces!

Estranho:
Então Fierro e su novo amigo...
Viajaram seguindo sus destinos...
Eles foram para longe...
Muy longe...

Entram no set os índios. Eles avistam Fierro e


Cruz chegando. Eles apontam suas lanças e
mostram expressão de ódio. Entramos então em
um tema de flauta, caracterizando a aldeia
indígena.
Chefe Indígena: Chingaypac munay caipi,
aqos!? (O que vocês querem aqui, homens)

Martín Fierro: Calma Apu! (Chefe) Venimos en


anka kay! (paz) Somos dos awqallis (guerreiros) y
cuchus (amigos) listos para awqay! (luta)

Chefe Indígena: Awqallis alqa cuchus? Kiki


awqay noqanchis? (Guerreiros e amigos? Vocês
lutariam por nós?)

Martín Fierro: Anri! Anri! (Sim) Awqay


(Lutamos) por ustedes! Somos huauquis (irmãos)
entonces?

Martín estende a mão para o Chefe. Ele


estranha, pensa um pouco e a aperta, esboçando
felicidade.
Chefe Indígena: Huauquis! (Irmãos)

Os demais índios comemoram. O chefe faz sinal


para que os dois gaúchos se ajoelhem. Ele então
pede um pote com tinta, para desenhar uma estrela
de três pontas nas caras dos mesmos.
Todos comemoram.
Estranho:
Os hombres agora eram soltos!
E de vida estavam envoltos!
Ao lado dos índios eles lutaram...
E no fim festejaram!

Os índios e os gaúchos então festejam.

Estranho:
Mas nem todo na vida é bom...
Pois surge a praga e cessa esse som...

Um índio começa a tossir seriamente. Todos se


preocupam, até que esse mesmo índio desmaia e
cai.
Chefe Indígena: Chusac! (Não!)
Os outros índios tentam reanimar o caído, mas
ele não acorda.
Estranho:
E outros caíram...
As pessoas diminuíram...
E nem mesmo os mais fortes agüentariam!

Outro índio cai. O chefe o ampara e o tenta


reanimar, não obtendo sucesso. Ninguém percebe,
mas Cruz também cai no chão. Quando Fierro se
vira, grita:
Martín Fierro: ¡¡¡Cruz!!!

Fierro corre desesperado. Ele segura Cruz e


tenta o reanimar. Ele chora.
Martín Fierro: ¡Cruz! ¡Usted no puede
dejarnos! ¿¡Está oyéndome!? ¡Hermano!

Cruz estava morto. Martín o leva para junto dos


outros mortos. Eles são encobertos por um pano.
Em silêncio, os vivos dão as mãos e cantam um
tema fúnebre.
Chefe Indígena: Kiki chusac dewey qepay caipi,
huauqui. Apachimpuy! Muchay chotu alqa
apachimpuy! Rikhuy dewey achuchy. (Você não
deve ficar aqui, irmão. Vá! Pegue o cavalo que
quiser e vá! Sabes o que deve fazer.)

Martín Fierro: Pero... Todo panna. (bem) Noqa


apachimpuy. (Eu irei) Cuide de Cruz.

Os dois trocam um aperto de mãos. Os índios


saem do set, junto com os mortos.
Estranho:
Ahora Fierro estava sozinho de novo...
Fierro perdeu su povo...
Ele não queria isso!
E tinha se atrasado a tempos para un
compromisso...

Fierro então se vira para o dono do bar, vai até


o balcão e pede um trago.
Martín Fierro: Usted es del tipo que
conoce mucha gente, ¿no es? ¿Usted escuchó
hablar de Martín Fierro?
Balconista: ¿Fierro? Escuché sí.

Martín Fierro: Y por acaso, ¿tú no sabrías


dónde está el restante de la familia de Fierro?

Balconista: ¡Sí! Ellos van presentarse aquí


hoy. Ellos y un que dice ser hijo de un tal de
Sargento Cruz también... Dijeron que necesitan de
dinero, ya que la madre murió...
O balconista aponta para o palco, e os músicos
começam a tocar. Fierro se senta. Temos um tema
de declamação.
Estranho:
Después, a los cuatro vientos
Los cuatro se dirijieron;
Una promesa se hicieron
Que todos debían cumplir;
Mas no la puedo decir,
Pues secreto prometieron

Les alvierto solamente,


Y esto a ninguno le asombre,
Pues muchas veces el hombre
Tiene que hacer de ese modo:
Convinieron entre todos
Em mudar allí de nombre.

Sin ninguna intención mala


Lo hicieron, no tengo duda;
Pero es la verdá desnuda,
Siempre suele suceder:
Aquel que su nombre muda
Tiene culpas que esconder.

Y ya dejo el estrumento
Conque he divertido a ustedes;
Todos conocerlo pueden
Que tuve costancia suma:
Este es um botón de pluma
Que no hay quien lo desenriede.
Con mi deber he cumplido
Y ya he salido del paso;
Pero diré, por si acaso,
Pa que me entiendan los criollos:
Todavía me quedan rollos
Por si se ofrece dar lazo.

Y con esto me despido


Sin espresar hasta cuando;
Siempre corta por lo blando
El que busca lo siguro;
Mas yo corto por lo duro,
Y ansí he de seguir cortando.

Mi nombre és Martín Fierro!


Yo vivo para mi familia!
Yo sirvo a mi pueblo!
Yo lucho por mi nación!
Yo sou gáucho!
Então todos os atores se juntam no palco. Eles
dão as mãos, se curvam e gritam em uníssono.
Todos: ¡Muchas gracias, señoras y señores!

Começa a tocar um tema de “bailão”. É dado


espaço para a dança. E é apresentada a pesquisa.

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