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ORAÇÃO
Fortalecendo a Igreja que Ora
1ª Edição: 2016
Impacto Publicações
Revisão: Eliana Walker de Oliveira, Renata Balarini Coelho
Capa: Júnior Oliveira (Draft Omega)
Diagramação: Eduardo C. de Oliveira
2ª Edição: 2017
Revisão e Edição: Luiz Roberto Cascaldi
Sumário
Agradecimentos
Prefácio
Introdução
1. O Modelo da Casa de Deus: Uma Casa de Oração!
2. O Estilo de Vida Dia e Noite
3. Batalha Espiritual Centrada em Deus
4. Movimento de Oração dos Últimos Dias
5. Dicas Práticas para Uma Vida de Oração
Sobre o Autor
Agradecimentos
Em primeiro lugar, minha gratidão vai ao Aba Pai e seu Filho Jesus Cristo, o
amado da minha alma, aquele que me alcançou em sua graça e colocou em
meu coração fogo e anseio por sua presença.
À minha amada esposa, que teve coragem para me seguir e abraçou a
aventura de caminhar em direção ao chamado de Deus para a nossa família.
Obrigado por toda a entrega e dedicação à causa do reino de Deus. Você é a
melhor esposa e mãe, e eu sou abençoado por tê-la ao meu lado. Benjamin e
Maria, vocês são flechas em nossas aljavas; papai ama vocês.
Aos meus pais, Alcy e Rosa, vocês foram os intercessores que me
alcançaram no lugar de oração. Papai e mamãe, nunca poderei pagar pelo que
fizeram por mim. Eu honro a vida de vocês.
Aos mentores Harold Walker e Robert Walker, homens responsáveis
pelo meu primeiro despertar para o valor do altar e da oração coletiva. Vocês
terão uma recompensa por tocar e despertar uma geração.
A todos da comunidade do Rei e sala de oração Betânia. Foi nesse
lugar que a mensagem que carrego foi gerada. Sou grato pelos momentos que
vivemos juntos em busca e oração. Obrigado, Fábio e Danielly Bravo, Junior
e Camila Oliveira, começamos isso juntos na piscina quebrada!
Aos meus filhos espirituais da casa de oração Liberdade Rio, vocês são
um solo fértil e produtivo. Obrigado por abraçar o sonho do salmo 132.
Vamos juntos construir um lugar de descanso para o nosso Deus.
A Eduardo e Eliana Oliveira e a todos da editora Impacto, obrigado por
acreditar e investir tempo e esforço para que esse livro se tornasse realidade.
Vocês terão uma herança e participação nos frutos desta obra.
A todos os guerreiros de oração espalhados por toda nação brasileira. A
todos os líderes de casas de oração que estão cooperando para fortalecer uma
Igreja que ora e levantar uma cultura de oração. Eu dedico esse pequeno livro
a vocês! Não desprezem os pequenos começos!
Michael Duque Estrada
Prefácio
Deus está agindo no mundo hoje para preparar o cenário para a segunda
vinda do seu Filho. As coisas estão mudando numa velocidade alucinante.
Precisamos de muita disposição para abandonar conceitos antigos a fim de
acompanhar as novas coisas que ele está fazendo.
Uma das mudanças é que o foco de Deus não está mais no indivíduo e
sim no coletivo. Antigamente, intercessores individuais se levantavam como
gigantes espirituais e mudavam a história de nações e regiões. Hoje Deus está
enfatizando a oração coletiva, a oração de concordância, o clamor
harmonioso e uníssono da igreja.
É óbvio que a oração pessoal, devocional, é indispensável. Se não
fecharmos a porta do nosso quarto e falarmos diariamente com o nosso Pai
que nos vê em secreto, não temos condições de orar junto com outros. Mas a
prioridade de Deus hoje não é encontrar pessoas que oram longas horas
sozinhas. Aliás, isso pode até ser perigoso, pois foi através de retiros
espirituais solitários que grandes "revelações" falsas foram recebidas e
milhões de pessoas têm sido enganadas. O processo de revelação tão
necessário para a igreja hoje funciona por meio de dois ou três (ou mais)
"reunidos em meu nome" e concordando no Espírito. Não precisamos apenas
de pessoas que oram, mas de uma Cultura de Oração.
Desde o primeiro dia que conheci Michael, num encontro de jovens em
Campinas em 2004, era evidente que ele exalava o zelo e o amor por Deus e
pelos perdidos por todos os seus poros. Muitos jovens ministros começam
assim, mas no meio das lutas do caminho, perdem o ânimo ou se desviam
atrás de outros alvos. Não tem sido assim com Michael. A perseverança tem
purificado e aprimorado os dons que Deus lhe deu, mas o fogo interior não
diminuiu.
Apesar da disponibilidade de muitos bons livros sobre oração, o livro
que você tem em suas mãos não é apenas mais um, cheio de conselhos e
dicas. Esse livro é um clamor apaixonado para que a igreja do século 21 se
levante para cumprir sua missão crucial nesse momento da história. Ao ler
esse texto, permita que o Espírito Santo aqueça seu coração para deixar de ser
apenas um observador e se tornar um participante dessa nova onda do
Espírito que está começando a varrer o globo.
Harold Walker
Jundiaí, SP, outubro de 2016
Introdução
É sempre um grande desafio falar sobre esse assunto. Não conheço ninguém
que esteja plenamente satisfeito com a própria vida de oração. Parece que a
vida eterna, que consiste em conhecer ao Senhor, está sempre exigindo mais
de cada um de nós nessa área que, apesar de muito simples, também é muito
profunda.
Gostaria de dar um panorama geral do que está acontecendo
exatamente agora no mundo inteiro. Apesar de acontecimentos similares já
terem surgido em outras épocas na história da Igreja, estamos vivendo um
tempo em que o Senhor tem-se movido de uma forma peculiar nas nações.
Deus levantou muitas pessoas na história da Igreja que se posicionaram
como atalaias, como sentinelas do Senhor. Às vezes, começava com um
indivíduo, e o Espírito Santo ia movimentando cidades inteiras,
impulsionando pessoas a reunir-se em torno da oração. E, se observarmos
nossos antepassados, veremos que todo grande avivamento e todo grande
avanço na Igreja sempre foram precedidos por um movimento de oração
alinhado e focado.
Um exemplo disso é o avivamento em Azusa. Havia uma torre de
oração na mansão de Charles Parham onde oravam dia e noite. No dia 1º de
janeiro de 1901, uma menina chamada Agnes Ozman foi batizada com o
Espírito Santo e falou por dias e dias em mandarim. Muito se fala sobre a
Rua Azusa ressaltando os sinais e poder que aconteciam naquele lugar, mas
pouco se comenta sobre esse avivamento ter sido gerado em intercessão e
durante estudos das Escrituras.
Outro testemunho disso é o movimento dos morávios, que surgiu de
um movimento de oração numa época em que o racionalismo havia tomado
proporções muito grandes. Após decidirem não mais causar divisões no
Corpo por causa de pensamentos divergentes, 24 irmãos e 24 irmãs iniciaram
uma reunião de oração que duraria 24 horas por dia. Essa reunião de oração
começou no dia 26 de agosto de 1727 e terminou somente depois de 26 de
agosto de 1827. Foram mais de cem anos de oração ininterrupta. Aquelas
pessoas se revezavam em turnos e oraram por mais de cem anos! Durante
esse tempo, o zelo evangelístico cresceu de tal maneira que, em 25 anos, eles
enviaram mais missionários do que todas as igrejas protestantes reunidas.
Mas esses movimentos de oração eram movimentos isolados que
aconteciam em um país ou outro. O que o Espírito Santo está fazendo agora,
neste exato momento, é muito diferente. Estou muito empolgado e
entusiasmado e penso que esta é a melhor época para se viver. O Espírito
Santo está mobilizando nações inteiras na Terra. Eu poderia citar lugares
muito remotos, onde ele está convidando o seu povo a orar.
Já estive em Kansas City, na Casa de Oração. Passei alguns dias lá,
com minha esposa Maíra e mais alguns brasileiros, num treinamento sobre
intercessão. Os irmãos desse ministério já estão orando há 15 anos, dia e
noite, sem parar. Às vezes, eu ia tarde da noite ao local, às vezes, bem cedo
pela manhã, e sempre tinha alguém orando naquela sala. Mas o que me
deixou impressionado foi o fato de eles terem um lugar, que é a sala de
oração das nações. Essa sala de oração funciona, em média, por 16 horas
diárias, e cada turno é ministrado num idioma por uma nação. Há turnos em
chinês, coreano, russo, português e espanhol.
Dentre todos os idiomas, o que me chamou a atenção, porém, foi o
turno em farsi. Você faz ideia de onde vem essa língua? Do Irã! Existem
missionários em tempo integral que vieram do Irã; aliás, do mundo inteiro.
Se você quer descobrir o que o Senhor está fazendo hoje, posso lhe
dizer: ele está convidando o seu povo ao altar de uma forma totalmente nova.
A Igreja está orando como nunca orou. É um movimento ainda imaturo? Sim.
É pequeno? Sim. É fraco? Sim. Mas é inédito. Estou muito empolgado com
isso! As nações estão unindo-se ao intercessor, o Espírito Santo, e estão
começando a rogar pelo casamento, aproximando-o dos nossos dias.
Na China, existem duas mil igrejas caseiras orando dia e noite. Na
Indonésia, são mais de 40 torres de oração funcionando 24 horas sem cessar.
No norte da África, talvez a parte mais muçulmana, existem centenas de
jovens que foram enviados para plantar fornalhas de oração, unidos ao
movimento de implantação de igrejas. No Egito, existem salas de oração dia e
noite.
A igreja está despertando do seu sono e clamando pelo casamento, com
as súplicas: “Vem, Senhor! Vem se casar conosco”. E é nisso que eu quero
estar envolvido. É nisso que eu quero investir a minha vida. É para isso que o
Espírito Santo está convocando jovens e mais jovens.
No IHOP (International House of Prayer, Kansas City - Casa
Internacional de Oração), existem 1.500 jovens que poderiam estar
envolvidos em qualquer outra atividade, mas decidiram abrir mão da própria
vida visando ao Propósito Eterno. Conheci uma jovem de 29 anos, advogada,
formada, que lidera um dos ministérios mais poderosos do IHOP, o
ExodusCry. Eles trabalham com a libertação do tráfico de humanos, uma
realidade escondida para a igreja. Eu a ouvi falando.
Na verdade, o Espírito Santo criou uma amizade entre mim, minha
esposa e ela. Essa jovem ficou alguns dias na minha casa, e sua presença
exerceu um impacto muito grande sobre os jovens. Nossa igreja inteira estava
envolvida nisso. Pessoas que nunca pregaram o Evangelho foram pregar, da
maneira mais radical, para prostitutas e travestis.
Por que estou falando isso? Essa menina está investindo sua vida nesse
propósito. Ela poderia ser qualquer outra coisa, e isso não seria ruim ou
errado. Mas existe um chamado do Espírito Santo nesses dias convocando
jovens, crianças, adolescentes, adultos e velhos. Frequentei turnos liderados
por crianças de 13 anos. São 12 horas ministradas só com crianças. Lá, os
pais ensinam os filhos a profetizar, curar os doentes e a orar.
Gostaria de encorajá-lo e dizer: você está vivendo na época mais
incrível de todos os tempos. Mas é preciso abrir seu coração para o convite
que o Espírito está fazendo. Ele está orquestrando um movimento de retorno
à principal identidade da Igreja.
1
O Modelo da Casa de Deus: Uma Casa
de Oração!
A tríplice identidade
Todo cristão possui uma tríplice identidade, e essas três esferas estão
relacionadas ao fim dos tempos e à parceria: somos filhos, somos um povo
sacerdotal e somos a Noiva. O Senhor não fará uma obra na Terra de forma
desencarnada. Ele precisa que o seu povo se levante e entre em concordância
com o seu coração para atrair o céu para a terra. Mas isso acontece a partir da
nossa identidade, de quem nós somos.
A principal identidade da igreja é ministrar ao Senhor. O seu trabalho,
o que você faz, seja ministerial, seja secular, é a sua identidade secundária.
Você é médico? Não. Você é um sacerdote e está médico. Você é dentista?
Não. Você é um sacerdote e está dentista. Imagine se tivéssemos centenas de
médicos com esse entendimento dentro dos hospitais, orando em outras
línguas, clamando em espírito e dizendo: “Venha o seu reino aqui nesta
cirurgia”. Imagine essa consciência.
Nós estamos pregando isso há dezenas de anos e ainda temos uma
mentalidade dicotomizada. Separamos as diversas áreas da nossa vida como
nunca antes, afirmando que uma parte é do Senhor e outra, não. Mas ele está
trazendo um entendimento sobre sacerdócio. É uma parceria.
O sacerdócio está totalmente vinculado a homens e mulheres que
vivem diante do altar, entregando-se para realizar o plano de Deus na Terra
independentemente da vocação que tenham escolhido. Afinal de contas, sua
identidade primária é ministrar ao Senhor, é estar próximo ao seu coração. A
maioria das pessoas tem apresentado todo tipo de desculpas para não fazer
isso. Estão sem tempo, cansadas, ocupadas e muito envolvidas com as
atividades do Senhor na igreja. Mas não há mais desculpas e não há mais
tempo a perder para ministrarmos a ele, ministrarmos ao seu coração.
Portanto, penso que as três esferas da nossa identidade espiritual, a saber,
filho, sacerdote e Noiva, estejam conectadas com essa Casa de Oração, com
esse movimento de parceria. Agora, como vamos mergulhar de cabeça nisso?
Não basta simplesmente saber que somos filhos de Deus, sacerdotes e a
Noiva.
1- Somos filhos
O conhecimento de quem Deus é revela quem nós somos e como
devemos nos mobilizar e funcionar como cristãos. Logo, o primeiro ponto é:
você é filho. Parece algo simples, mas Satanás é muito astuto. Note que as
figuras que mais estão ferindo as pessoas hoje na sociedade são as duas mais
ligadas à nossa identidade no tempo do fim: o pai e o marido. Isso é uma
estratégia de Satanás para gerar uma distorção de quem é Deus.
Os pais são muito duros e violentos ou extremamente liberais.
Nenhuma das duas posturas comunica o caráter paterno de Deus, pois ele não
é libertino, muito menos legalista. Ele é um Pai de amor. Deus não é um
marido grosso, mas também não é um “banana”. Percebe? As gerações estão
nascendo debaixo desse conceito do que é ser pai e do que é ser marido. E
quando encontram nas Escrituras que Deus é pai e noivo, o que pensam?
Qual o parâmetro que esta geração de jovens, adolescentes e até mesmo
adultos tem de quem é Deus, pela perspectiva de quem foi o seu pai ou de
quem é o seu marido?
Por isso, há essa sensação de orfandade tão comum em nossos dias. As
pessoas estão sempre correndo atrás de algo para sentir-se aceitas —
inclusive de cargos na igreja, ministérios e posição; querem aparecer, gravar
um CD, tornar-se pregadores famosos, ou seja lá o que for, porque sentem a
necessidade de autoafirmação e de ser bem-vistas pela sociedade. Sendo
assim, gastam todo o seu tempo para alcançar esse objetivo de aprovação e
aceitação.
Quantos anos da minha vida gastei tentando achar um pai num pastor
de igreja! E por quantos anos procurei me moldar de acordo com o que
aquele pastor queria para que pudesse ser aceito por ele! Será que estou
sozinho? Não. Essa é uma ferida aberta na nossa geração. Não é um assunto
resolvido. É por esse motivo que existe falta de comunhão com Deus. Você
deve estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com intercessão. Tem
tudo a ver. Porque o sacerdócio é precedido pela paternidade de Deus. Sem o
entendimento de que Deus é pai, não há sacerdócio.
Em Romanos 8.15, lemos: “Porque não recebestes o espírito de
escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito
de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai.” Ele nos deu um espírito
de adoção que nos confere o poder de clamar por Aba.
A maior parte do ministério de Jesus se constituiu em revelar quem
Deus era. Principalmente no evangelho de João, vemos claramente que ele
revelou o Pai. Em todos os sinais, em cada cura, em cada intervenção
miraculosa de Jesus, havia um propósito: mostrar o Pai. Seu alvo não era
promover o ministério pessoal, nem os sinais e maravilhas por si só, mas
expressar o amor do Pai. Quando um enfermo era curado, o que estava sendo
comunicado era: o Pai o ama. Quando os pobres eram alimentados, uma
única mensagem estava sendo transmitida: Aba Pai. Quando uma viúva era
acolhida, o que ele estava querendo dizer era: Aba se importa com você.
As Escrituras dizem que Jesus é a expressão exata de quem Deus é
(Hebreus 1.3). Ele é a exegese de Deus. Jesus explicou Deus. Ele deixou o
seu ambiente de santidade, encarnou numa cultura de impiedade, comeu com
pecadores e comunicou com perfeição quem era aquele Deus do Velho
Testamento que fumegava no monte. Esse Deus terrível, esse Deus de
santidade, ira e zelo também é Aba.
O termo “Aba” foi extraído do aramaico. Jesus fez questão de não usar
a linguagem litúrgica, em hebraico; em vez disso, usou uma palavra em
aramaico que, na verdade, era o balbucio de uma criança desmamada. Essa
expressão era usada na cultura da época. Quando deixava de mamar, a
primeira palavra que uma criança pronunciava era Aba. Trazendo para a
nossa linguagem, é como se ela dissesse “papai”. Por isso que os fariseus
ficaram possessos de raiva quando Jesus começou a dizer que era o Filho de
Deus e que viera revelar o Pai. O que ele estava dizendo é que agora a forma
de se relacionar com Deus era por meio do balbucio de uma criança — uma
intimidade próxima, de filhos que não deixam de clamar por seu Pai.
Eu fico pensando no meu filho, Benjamin, e em quantas vezes ele
repetia a palavra “papai” num dia e quantas vezes ele ainda fala “papai”
quando quer alguma coisa. O Benny não está preocupado se vai me
incomodar com seu clamor, pois tem confiança no meu caráter paterno. E ele
sabe que sou o único que pode lhe dar o que quer; então, fica insistindo.
É isso que Jesus está introduzindo na nossa vida e no nosso
relacionamento. Ele está dizendo que aquele Deus terrível é Aba também. Ele
é terrível sim, e é santo, é fogo, mas também é Aba. Isso escandalizou a
religião da época, porque a religião dos fariseus estava vinculada ao
desempenho. Era como se Deus estivesse com uma prancheta na mão
anotando tudo o que faziam de certo e errado. E quando falhavam, ele logo
dizia: “Não disse que iriam errar?”. Essa era a perspectiva que tinham do
relacionamento entre os homens e Deus.
Na verdade, essa nem era a Lei, mas apenas uma interpretação oral de
como a viam, pois o propósito da Lei sempre foi aproximar o homem de
Deus. Os fariseus estavam usando algo que não era a Lei, mas o legalismo.
Estavam comunicando um Deus rabugento, sem qualquer traço de
paternidade. Essa característica, contudo, seria trazida por Jesus, pois os
textos das Escrituras que falam de Deus como Pai no Velho Testamento são
apenas três, e são afirmações que não apontam para um relacionamento. É
por meio de Jesus que essa relação com Deus como Pai acontece.
Quando Cristo ensina sobre oração, qual é a primeira palavra que ele
usa? Pai nosso (Mateus 6.9). Tenho uma boa notícia: o Pai de Jesus é o seu
Pai também!
A maioria de nós vive como se Deus estivesse com essa prancheta na
mão, achando que ele olha para a Terra e diz: “Veja só que hipócrita!”.
Deixe-me dizer algo que vai libertá-lo: hipocrisia não tem a ver com pregar
algo que não se vive. Hipocrisia tem a ver com pregar algo que não se deseja
viver. Cinismo e teatro são hipocrisia. Quanto do que prego ainda não vivo
plenamente, mas estou buscando viver! Deus não o enxerga como um
rebelde, mas como uma criança imatura. Muitas vezes, pensamos que Deus
vai quebrar nossas pernas, porque não sabemos andar. Não; ele vai nos
levantar novamente.
É claro que é preciso ser sincero e andar na luz. Não estou abrindo
precedente para uma graça barata, mas comunicando como Deus pensa, quem
ele é. Ele é Aba. O que ele sente? Prazer em você.
Em Lucas 15, Jesus conta três parábolas que indicam como Deus age.
Elas são dirigidas diretamente aos fariseus como uma forma de provocá-los.
A primeira parábola mostra Deus encontrando o pecador em seu
pecado e celebrando a vida dele. Isso é escandaloso! O versículo 4 diz: “Qual
de vocês que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma, não deixa as noventa
e nove no campo e vai atrás da ovelha perdida, até encontrá-la?”.
Até quando ele nos busca? Até nos encontrar. O que essa ovelha estava
fazendo? Jejuando e orando? Não, ela estava desviada. E o que é estar
desviado? É ir para a balada? Não. Todas as vezes em que erramos o alvo,
nós nos desviamos dele. Por exemplo, quando você deixou de orar aquilo que
prometeu orar, o que fez? Desviou-se dele. Claro que há níveis de desvios,
mas o texto está falando que, quando Deus encontra o que está em seu
pecado, vai atrás dele para buscá-lo.
O texto prossegue: “Quando o encontra, coloca-o sobre os ombros
cheio de alegria” (Lucas 15.5). Esse é o nosso Deus: capaz de nos encontrar
em nosso pecado e nos colocar sobre o ombro, cheio de alegria. Compreender
essa verdade mudou a minha vida. Já preguei essa mensagem centenas de
vezes, mas, um dia, na sala de oração em Kansas City, às 7 da manhã, eu
estava sentado com a Bíblia aberta e ouvi a voz de Deus audível, dizendo:
“Venha. Pare de tentar me agradar com sua disciplina. Eu já estou feliz”. Isso
pode não parecer nada demais, mas faz muito sentido para mim. Ele disse:
“Você precisa entender o que estou sentindo por você, e não tem a ver com o
seu desempenho”. Sabe o que isso gerou em mim? Mais vontade de estar
com ele.
As pessoas estão orando como nunca, porque entenderam ou
começaram a entender o que isso significa. Romanos 8 diz que ele não nos
deu um espírito de medo. Essa sensação de que Deus está buscando
desempenho gera em nós medo. Quantos de vocês já prometeram que,
diariamente, iriam orar e jejuar, e falharam? E quantas pessoas abandonaram
durante muito tempo o lugar da oração por causa de condenação? Mas a
condenação não é de Deus, é da sua mente, pela falta de perspectiva correta
de quem ele é. Lucas 15 revela isso de uma forma muito poderosa.
A segunda parábola está em Lucas 15.8,9:
...ou, qual é a mulher que, possuindo dez dracmas e, perdendo uma
delas, não acende uma candeia, varre a casa e procura com cuidado,
até encontrá-la? E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas,
dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha
perdido. Deus está procurando com cuidado aquele que se perde.
Jesus continua contando a terceira parábola:
E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu
pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. E o
filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno
de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei
depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e
sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e
regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava
perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se. (Lucas 15.20-24)
Ele fala que o filho voltou para casa não porque se arrependeu, mas
porque estava com fome. Diariamente, o pai se levantava e colocava-se à
espera do filho. Naqueles tempos, todas as vezes em que alguém requeria sua
herança com o pai ainda vivo, era como se dissesse que, para ele, o pai já
estava morto. Ele só deveria tomar aquela herança perto da morte do pai, mas
o fez enquanto ele ainda vivia. Mesmo assim, todos os dias, o pai se
levantava e ficava esperando a volta daquele filho que o amaldiçoara.
Todas as vezes que você peca e se desvia, ele se levanta e sorri para
você. Deus sorri para você — não apenas quando você está certinho, não
apenas quando você está em pura santidade. Deus sorri todos os dias. A
maioria das pessoas vai se escandalizar quando chegar diante do trono, pois
vai encontrar um homem judeu de 33 anos, sorrindo. A minha Bíblia afirma
que ele foi ungido com o óleo de alegria mais do que os seus companheiros
(Salmo 45.7). Também declara que, na presença de Deus, há plenitude de
alegria e, na sua destra, delícias para sempre (Salmo 16.11). Diz que a ira
dele dura um pouco e sua alegria para todo o sempre (Salmo 30.5). A ira e o
juízo estão reservados para remover tudo o que impede o amor.
Quando passar por um aperto financeiro, por exemplo, não construa
sistemas para se proteger, pois é ação de Deus. Pare de querer amarrar o
Senhor. As pressões financeiras servem para nos aproximar dele. As pressões
políticas, ou quaisquer que sejam elas, acontecem porque ele permite que
aconteçam. Ele só está lhe ensinando: “Ei, filho, gostaria tanto que você
confiasse em mim e não em Mamon”. Deus está apenas removendo aquilo
que impede o filho de entregar-se plenamente. Mas o que fazemos quando
vêm as dificuldades? Construímos estruturas. Quando Gideão passou aperto
econômico, o que ele fez? Foi pisar uvas onde não deveria pisá-las. Ele
estava tentando dar um jeito para se proteger. As pressões da vida, os juízos,
julgamentos e disciplinas de Deus existem para nos levar até ele.
Cada palmada que ele nos dá tem a finalidade de nos tornar
participantes da sua santidade, pois quem não passa pela disciplina é
bastardo. Ele é um Pai que disciplina, pois ama muito. O Aba tem um amor
compenetrado e furioso por sua vida. Sendo assim, ele está removendo tudo o
que impede o amor e continuará a fazê-lo até obter a sua atenção total.
Nessas três parábolas, o que você vê? Um Deus que se alegra em nós,
mesmo quando pecamos, que nos busca quando desviamos, que nos procura
quando nos perdemos e dá amor e alegria quando voltamos.
Existe alegria diante da face dos anjos quando um pecador se arrepende
(Lucas 15.10). Quem está diante da face dos anjos? Deus. O que os anjos
estão vendo? Um Deus que sorri, porque achou alguém que estava pecando e
não está mais. O que nós pensamos quando nos desviamos? Que ele vai nos
castigar e lançar na nossa face tudo o que fizemos de errado; afinal, foi isso
que os nossos pais fizeram conosco. Quem nunca ouviu a frase: “Eu não lhe
disse?”. Esse não é o seu Deus. Ele vai colocá-lo no ombro e se alegrar em
você.
Deus está levantando intercessores felizes, porque ele mesmo é alegre e
tem tudo sob seu controle. No final, nós vamos vencer; estamos do lado do
time que ganha.
Sumo Sacerdote
A nossa segunda identidade também está vinculada à revelação de
quem Deus é. Ele é Pai, mas também é Sumo Sacerdote. O que ele fez por
você e quem ele é como Sumo Sacerdote? O que fará e o que sente como
Sumo Sacerdote?
Em Hebreus 6.19,20 lemos: “a qual temos por âncora da alma, segura
e firme e que penetra além do véu, onde Jesus, como precursor, entrou por
nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de
Melquisedeque”.
O texto está dizendo que existe um caminho para o Santo dos Santos
(ou seja, a comunhão com Deus), e que Jesus foi o precursor em abri-lo para
nós. Preste atenção ao cenário: Jesus está tomando o próprio sangue e
apresentando-o no propiciatório, diante do Pai; afinal a única forma de chegar
a Deus é pelo derramamento de sangue. E foi o que ele fez: abriu um
caminho com o próprio sangue derramado em favor daqueles que creem. A
justiça de Deus foi feita.
Deus está satisfeito com o sangue de seu Filho. Quando ele olha para a
sua vida, vê o sangue de seu Filho e diz: “Justo!” — não porque você de fato
seja justo, mas por causa da obra realizada pelo sangue perfeito de Jesus.
Logo, é uma declaração factual: você é justo.
Quantas pessoas acham que, para orar, precisam fazer tudo correto?
Sim, você também precisa. Mas se sua confiança está nas suas boas obras, eu
lhe afirmo: você não confia no sangue. As obras não nos aproximam de
Deus; pelo contrário, é o sangue que nos conduz a ele e, quando isso
acontece, recebemos poder para viver o Sermão do Monte e praticar boas
obras. A Lei será cumprida dentro de mim, pois estou perto daquele que a
colocou em meu coração e, como consequência disso, ele me dará poder para
andar em santidade — uma santidade alegre.
A Palavra diz que bem-aventurados são os puros de coração. Ser bem-
aventurado significa ser mais do que feliz. As pessoas associam santidade
com sofrimento, com pagar o preço. Santidade significa ter prazer em Deus.
Quando tenho prazer em Deus, não tenho prazer no mundo. Quando sou
fascinado por ele, o mundo não me atrai.
O escritor C. S. Lewis fala que somos como crianças num parquinho
enchendo a boca de lama enquanto os pais querem oferecer-nos sorvete. Nós
nos contentamos com prazeres inferiores. Quando entendermos que é o
sangue que nos habilita a estar diante dele, provaremos do “sorvete”, do
prazer de sua presença. Isso é santidade, isso é andar em pureza. Não é
possível ser santo longe dele. Não tente se esforçar para conseguir isso
sozinho. Deus está satisfeito com o sangue derramado.
Precisamos entender o que é a graça de Deus, pois ela não é um cheque
em branco para pecar, ela é poder para não pecar. Graça não é só favor
imerecido. Há um entendimento muito limitado sobre o assunto. Existem
expressões que pegamos e guardamos como uma verdade infalível.
Deixe-me explicar, por meio de um exemplo, o que significa graça:
você chega à sua casa e encontra alguém que acabou de assassinar o seu
filho. Tente imaginar-se na situação. Ele está com o sangue do seu filho nas
mãos e, ao deparar-se com essa cena, você pega uma escritura e uma chave,
dá a ele e diz: “Assassino, eis aqui uma casa própria em seu nome”.
Resumindo, graça é receber o melhor presente quando se merece o pior
castigo.
Era assim que a igreja do primeiro século entendia a graça. Por isso, os
cristãos primitivos queriam correr o mundo inteiro anunciando a cruz.
Ninguém precisava exortá-los a evangelizar. A graça é escandalosa, e o
desejo deles era proclamá-la a todos que encontrassem. Esse entendimento os
aproximava mais de Deus.
Permita-me usar outro exemplo sobre a graça: imagine-se chegando a
um banco. Logo na entrada, o gerente o avista e dispara: “Olá, como vai?
Rapaz, vejo que você está no vermelho aqui, não é? Está no cheque especial.
Mas vamos fazer o seguinte: vou perdoar sua dívida e, além disso, estou
depositando hoje mesmo, um milhão de dólares na sua conta”. Tentou
imaginar a cena? Sabe o nome disso? Graça. É o que Romanos 4 chama de
justiça imputada. Você tinha uma dívida e ela foi perdoada. Isso, por si só, já
é incrível. Mas, além de ter a dívida perdoada, Romanos 4 afirma que ele nos
atribui justiça; a vida do próprio Cristo é depositada dentro de nós.
O Sumo Sacerdote proporcionou um caminho por meio da justificação
para que você nunca mais saísse de perto dele e andasse em santificação.
Como vamos ser sacerdotes e ministrar no altar se não temos entendimento
da obra do sangue?
O sacerdócio de Melquisedeque não tem a ver com regras e leis, mas
com pão e vinho. É outra aliança que nos leva à comunhão. Não se baseia em
esforçar-se para cumprir princípios, mas em relacionar-se com aquele que é
maior do que o princípio. Ele é a Palavra, a Vida, a Santidade. Está tudo nele.
O Salmo 110 foi um dos salmos mais misteriosos para mim até pouco
tempo atrás. O primeiro versículo diz: “Disse o Senhor ao meu senhor:
Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos
teus pés”.
Convido-o a viajar um pouco comigo nesse versículo. O que está
acontecendo é que Davi recebe uma revelação muito profunda. Creio que
algumas coisas que ele escrevia eram uma espécie de “êxtase profético”; ele
tinha visões abertas. Acredito inclusive que, nesse momento, o rei Davi
estava tendo uma visão do trono e, nele, havia duas pessoas. “Disse YHWH a
Adonai.” No português: “Disse Jeová a Adonai: assenta-te comigo até que eu
ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés”.
Certa vez, o profeta Natã afirmou que Davi teria um filho, o qual, por
sua vez, teria um reino eterno (2 Samuel 7.11-13). Davi vê Jeová dizendo
para Adonai sentar-se no trono e logo pensa: “Como assim? Adonai é meu
filho? Ele é o filho do homem? O meu filho vai reinar para sempre?”.
Imagino quanto o rei deve ter ficado confuso; afinal viu Adonai como o filho
do homem e como o Cristo. Ele está dizendo que Cristo realiza o sacerdócio
segundo Melquisedeque sentado, pois já foi consumado, o sangue já foi
derramado e a cruz derrotou todos os principados e potestades. Nenhum
sacerdote no Velho Testamento ministrava sentado, mas o sacerdócio de
Cristo é assim, esperando que seus inimigos sejam colocados debaixo de seus
pés, que é a Igreja.
Em Efésios 1.20-22, Paulo ora para que a igreja tenha uma revelação
profética. Ele clama para que os olhos do coração da igreja de Éfeso sejam
abertos, a fim de que vejam a posição de Cristo à destra do Pai, tenham uma
visão do trono e daquele que está reinando, Adonai, e também percebam que
ele está acima de todo tipo de influência maligna que se possa nomear. O
Sumo Sacerdote entrou no Santo dos Santos, derramou seu sangue, cumpriu
toda a sua obra, minou o poder de principados e potestades e agora está
descansando e esperando que a Igreja na Terra seja seus pés por meio do
sacerdócio. Quando os inimigos de Deus serão esmagados? Quando a Igreja
assumir sua posição sacerdotal. Porque os sacerdotes da Terra, na verdade,
não estão na Terra.
Lemos em Efésios 2.6 que não é só Cristo que está à destra de Deus. O
Senhor nos ressuscitou e nos assentou com Cristo nas regiões celestiais. Isso
significa que você não ora a partir da Terra, você ora do céu para a Terra.
O sacerdócio de Melquisedeque está relacionado às regiões celestiais, a
assentar-se e governar com ele. Essa é a sua posição e a sua identidade como
sacerdote. Sua vida está acima de toda potestade e influência. Pense no seu
bairro, na sua escola, no seu trabalho e em todos os poderes malignos que
estão atuando nesses lugares. As Escrituras dizem que Cristo o ressuscitou e
o colocou acima disso. De lá, puxamos o Céu para a Terra clamando: “Venha
o teu reino”. No entanto, não existe reino sem sacerdotes.
É preciso gastar tempo nas Escrituras estudando esse assunto. Medite,
leia, decore passagens relacionadas. Demanda tempo, mas é necessário ter
um contato objetivo com as Escrituras e refletir sobre esse tema até que o
conteúdo seja metabolizado e traga vida, mudando até a sua maneira de
interceder. E suas orações começam a operar a partir da perspectiva de que
você também está assentado com ele, acima de toda influência, seja na
política, na sociedade ou onde for. É um chamado de parceria para se unir ao
coração dele e trazer essa realidade para cidades, nações e onde você estiver.
Temos experimentado frutos incríveis por meio de pessoas que estão
compreendendo sua posição em Cristo e colocando-se como intercessores. Já
estamos vendo resultados físicos que começaram a acontecer no ano de 2014,
e gostaria de compartilhar um pouco sobre isso a seguir.
Há um tempo, a nossa equipe do Liberdade Rio (o Projeto Liberdade é
uma casa de oração e adoração que atua com intervenções evangelísticas em
zonas de prostituição) se posicionou para contender contra o tráfico de
humanos e passou a orar firmemente contra a exploração sexual infantil, o
tráfico de prostitutas e todo esse tipo de injustiça que tem acontecido na
Terra. No dia 1º de junho de 2014, 80 apartamentos, que eram usados como
casa de prostituição, foram interditados num bairro de Niterói em plena
Amaral Peixoto, no centro da cidade. Isso aconteceu depois que começamos a
orar.
No dia 3 de junho, suspeitos de exploração sexual na Vila Mimosa, Rio
de Janeiro (no mesmo lugar onde existe uma casa de oração), foram presos.
No local, foram acolhidas duas meninas de 17 anos que estavam se
prostituindo. Uma delas era analfabeta. De acordo com o delegado, elas
disseram aos policiais que trabalhavam ali para sustentar-se.
No dia 5 de junho, em Fortaleza, Ceará, o Ministério Público fechou
oito prostíbulos e prendeu dez pessoas, inclusive a ex-secretária de justiça,
que beneficiava os cafetões da região.
No dia 12 de junho, a polícia fechou um bar e um hotel por prostituição
infantil. Uma adolescente de 13 anos foi encontrada no local.
No dia 18 de junho, 17 pessoas foram detidas e fecharam a casa de
prostituição conhecida como Casa das Primas.
Orar funciona. Essa é a sua posição de parceria: trazer o Céu para a
Terra. O tráfico de humanos, as leis a favor do aborto e todas as outras
desgraças e impiedades que estão acontecendo nesta nação podem ser
impedidas. Cidades inteiras podem ser salvas, familiares podem ser
resgatados do mundo das trevas. Mas é preciso saber quem é Deus e quem é
você.
O que nos fará permanecer nesse lugar de intercessão é a revelação dos
sentimentos de Deus e de quem ele é. Deus mudou a minha vida assim.
A Bíblia diz que ele levantará pastores segundo o seu coração. Essa
expressão “segundo o coração” é mal traduzida em português. O certo seria
“segundo as emoções de Deus”. O Pai levantará líderes que sentem o que ele
sente. Eu pastoreava as pessoas segundo o que sentia por elas: raiva. Talvez
você seja bem santo e nunca tenha sentido raiva de alguma ovelha. No meu
caso, ficava desapontado com o seu comportamento, por chegarem atrasadas
e se sentarem no fundo da igreja. Além disso, ficava irritado com a falta de
comprometimento e criava um sentimento pessoal contra elas.
Um dia, o Senhor me disse: “Michael, celebre as pessoas”. Foi a partir
daí que comecei a, inclusive, autorizá-las a ficar em casa assistindo à novela.
Mas nunca ficaram. Todos começaram a ir para o templo orar. Tirei o peso
que carregava e comecei a ensinar-lhes a Bíblia, o amor de Deus e o que ele
sente por nós. Parei de cuidar delas de acordo com o que sentia. Entendi que
não devo tentar consertar ninguém. Graças a Deus por isso!
O que herdei do discipulado me levava a tentar consertar as pessoas,
mas elas não são consertáveis, elas são transformadas por Deus. Agora, eu as
coloco diante do Aba e saio da frente. Se fizermos isso como liderança,
evitaremos muitos anos de aconselhamento. Se as pessoas encontrarem as
Escrituras, passarem tempo com o Senhor e entenderem quem são, não mais
aconselharemos, apenas confirmaremos aquilo que Deus já está falando com
elas. Essa é a Nova Aliança. Ninguém ensina mais ao próximo: “Conheça ao
Senhor”.
Hoje, estou leve. Antes, falava dos problemas das pessoas o dia inteiro;
agora, quero celebrá-las, ensinar o que Deus sente por elas. O movimento de
oração contínuo não é sustentável sem isso.
As pessoas não vão orar porque estão sendo obrigadas. Quando faltam
à reunião, não fico mais chateado, continuo amando-as do mesmo jeito e
sendo amigo delas. Isso as constrange. Deus levantará uma geração inteira de
líderes conscientes do que ele sente pelo mundo, pela dor do fraco. O que
acontecia com a maioria das pessoas que eu tratava mal é que elas estavam
com tantos problemas que não conseguiam ter uma vida de oração. Então,
coloquei o meu coração nas suas misérias. Isso se chama misericórdia. Mas
nem sempre foi assim.
3 – Somos Noiva
Mesmo que a Igreja esteja na situação em que se encontra hoje, o
Senhor a vê como uma Noiva perfeita; sente compaixão, tem o coração
repleto de misericórdia por ela e a enxerga como uma princesa. Deus não está
olhando para a igreja com condenação, mesmo no estado em que ela está.
Isso é fundamental para que entendamos e conheçamos esse Deus-marido. Na
verdade, a revelação disso é que posicionará o coração da Igreja no lugar
correto para expulsar os amantes e os amores rivais.
Em Isaías 62.4,5, existe uma expressão chamada Hefzibá, que significa
“meu deleite” ou “minha delícia”. Essa declaração do Senhor sobre Israel é
muito poderosa, pois aconteceu num período em que a nação estava
completamente desviada. Eram dias em que o povo honrava a Deus com os
lábios, com tradições humanas, mas o seu coração estava completamente
longe dele. E é exatamente nesse momento de desvio que o Deus Noivo faz a
declaração: “Você é minha delícia, eu me deleito em você”.
Pense no que você mais gosta de comer. Eu amo churrasco. Gosto de
fazer, de comer e até estudo qual o melhor jeito de cortar a carne. Quando
alguém encontra o seu prato predileto, qual a sensação que isso lhe causa?
Fica cheio de prazer. Se me permite, ouso afirmar que o Senhor nos vê como
pessoas cheias de gostosura. A impressão que tenho é que o Aba vem e
levanta o rosto dessa Igreja que está sob condenação. Muitas vezes, ela se
comporta como uma prostituta que não se acha boa o suficiente para o
marido. Esse tipo de sentimento não produz a Noiva que ele quer.
Em Jeremias 3.14, ele diz: “Voltem, ó filhos rebeldes, diz o Senhor;
porque eu sou o vosso esposo e vos tomarei, um de cada cidade e dois de
cada família, e vos levarei a Sião”. É o clamor de um marido que está indo
atrás de uma esposa cheia de amantes. Em Oseias 2.14, lemos que Deus está
atraindo essa Noiva para o deserto. A expressão em hebraico é que, além de
atraí-la ao deserto, ele está cantando uma serenata de amor. Pense num Deus
romântico. Você gosta de filmes de romance? Eu amo. De uma forma
incompleta, filmes românticos traduzem o coração de Deus. Note que ele está
seduzindo a Igreja, reconquistando-a, e sabe que a melhor forma é levá-la
para o deserto. E o que tem lá? Nada; “apenas” ele, se é que essa expressão
“apenas” existe quando se trata de Deus.
John Piper diz que Deus é mais glorificado quando temos prazer nele, e
é nisso que encontramos felicidade. Muitos pensam que Deus é egocêntrico
porque quer receber glória. Mas entenda que é dando-lhe glória que nos
sentimos felizes e completos. É o que ele está tentando fazer com a Igreja:
conquistar o seu coração. Deus está numa batalha de épocas pelo amor dessa
mulher e ele terá êxito.
Vamos considerar alguns fatores. É impossível que a Igreja se apaixone
por uma determinação própria. Na verdade, ninguém pode simplesmente se
apaixonar por querer. Em algum momento da sua vida, você já deve ter se
apaixonado. Acaso lembra como foi? Você não olha para uma pessoa e
decide que vai pagar um preço e fazer brotar amor de dentro do seu coração.
Quem gera paixão em nós é o outro.
Quando eu vi minha esposa Maíra pela primeira vez, o meu coração foi
estranhamente aquecido, e pensei: “Essa é a mulher com quem quero me
casar. Preciso conquistar sua atenção”. Ela passou duas semanas me
ignorando, mas algo mudou dentro de mim. Não paguei preço algum para me
apaixonar; eu apenas a vi. O que a Igreja precisa para cumprir o primeiro
mandamento não é pagar o preço, mas ver o homem judeu de 33 anos que
está assentado no trono.
O problema é que não o vimos. Foi-nos apresentado um pacote de
sistemas e regras que compõem lei evangélica. Muitas vezes, a Igreja se
comporta como uma mulher que precisa se embriagar com álcool para
suportar o marido chato chamado religião. Mas ele não é um tédio; pelo
contrário, é fascinante e intrigante. Ao mesmo tempo em que exige tudo de
nós, ele também come com pecadores. Enquanto diz para tomarmos nossa
cruz, ele coloca o coração nas nossas fraquezas. Isso é emocionante e
cativante. O que precisamos é de revelação de quem ele é, pois isso irá gerar
em nós um amor de todo o coração, com toda a alma e com toda a força. O
primeiro mandamento será cumprido antes do retorno de Jesus. A Igreja terá
um único amor. Esse poder de amar não está em nós mesmos, está nele.
É por esse motivo que precisamos ser expostos às Escrituras, estudar
seus atributos, ler biografias e constantemente buscar encontrar esse homem
judeu de 33 anos chamado Jesus. Eu estou me apaixonando novamente por
ele, e meu coração está voltando a queimar. Passei sete anos da minha vida
criticando tudo e todos até que comecei a vê-lo. Foi então que parei de
criticar as pessoas e voltei-me para ele. Desde então, o Senhor tem colocado
amor pela Igreja no meu coração, porque a Igreja é a sua Noiva. Esta é a hora
de os amigos do Noivo se levantarem, aqueles que vão cooperar com ele,
sentir o seu coração pela Noiva e lavá-la com uma mensagem profética que
atrai dizendo que ela é a delícia do Senhor.
Em João 17.24, pode-se ouvir o clamor de um Deus Noivo. Jesus está
orando ao Pai. E a oração do Deus Noivo é esta: “Pai, o meu desejo é que
aqueles que me deste estejam comigo onde eu estiver, para que orem e
desfrutem a minha glória”. Jesus tem um desejo afetuoso que está
expressando ao seu Pai. No texto original, a palavra “glória” significa beleza
moral. Ele está clamando ao Pai que a sua Igreja esteja com ele. Todos os
dias, achamos que o desejo de fazer devocional é nosso, mas é ele que deseja
fazer devocional conosco. Jesus está focado em encontrar o nosso coração a
todo custo, e ele vai vencer.
Jesus explicou como ninguém o Deus Noivo do Velho Testamento. Ele
trouxe a definição exata e declarou que entregara a vida na cruz para ter uma
Noiva gloriosa e sem manchas. Isso lhe custou tudo. A grande questão é que
não existe motivação capaz de nos levar a permanecer diante de Deus se não
estudarmos os seus sentimentos por nós.
2
O Estilo de Vida Dia e Noite
2 – Fome de justiça
Justiça significa transformar situações erradas em certas. Em 2013, a
fome de justiça tomou conta do nosso país. Milhares de pessoas foram às ruas
protestar, não apenas pelo aumento de 20 centavos na taxa de transporte
público, mas porque estavam saturadas de ver tanta corrupção e depravação
tomando conta do Brasil.
A fome de justiça vai alcançar o povo de Deus, e pequenas atitudes de
oração produzirão grandes mudanças por causa dessa angústia interior. A
Terra está marcada pela dor. As nações estão sendo sacudidas por causa do
pecado e da injustiça do homem. As estatísticas são de apavorar: uma dentre
sete pessoas sofre sob o peso da escassez e desnutrição. Hoje, a fome mata
mais do que a Aids, a tuberculose e a malária juntas. Fome não é ficar doze
horas sem comer; é passar uma semana comendo terra e arroz. Essa é uma
realidade que acontece logo ali, no Piauí. Catorze por cento da população vai
dormir hoje sem fazer nem sequer uma refeição básica de arroz e feijão. Sabe
qual o nome disso? Injustiça. Cinco milhões de crianças morrem de fome por
ano.
Na África, 50 milhões de crianças ficam órfãs todo ano. Isso é
equivalente a juntar a Alemanha e a Inglaterra e remover todos os pais e
mães.
A fome de que ele venha e faça justiça na Terra irá nos motivar a
permanecer diante de sua presença. Toda a justiça de Deus será feita na volta
do Senhor, mas é um erro não começar a implantá-la hoje. Precisamos viver o
máximo do “ainda não” agora. Muitas vezes, somos fatalistas afirmando que
tudo será feito quando o Messias vier reinar. Porém, o Reino já está aqui. É
claro que, no Milênio, sob o reinado de Jesus, haverá plenitude, mas
precisamos ferir a Terra com a justiça do Reino nos nossos dias. Nossas
orações devem ser nesse sentido.
3 – Segunda vinda de Cristo
Pouco antes da volta do Senhor, a igreja estará cheia dessa expectativa
de oração pela segunda vinda. Apocalipse 5.1 diz: “E vi na destra do que
estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora, selado
com sete selos”.
Acredito que esse livro selado com sete selos seja o livro de escritura
da Terra que o Pai quer dar por herança ao Cordeiro. No decorrer da
passagem, percebemos que João começa a chorar dizendo que não há
ninguém digno de governar a Terra, de fazer uma reforma social, de
estabelecer uma nova ordem; ninguém que tenha direito a essa Terra. De
repente, ele é consolado: “Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a
Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos” (Ap. 5.5).
O movimento de oração vai desatar os sete selos e liberar as sete
trombetas e as sete taças. Em Apocalipse 5.8, lemos: “e, quando tomou o
livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se
diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias
de incenso, que são as orações dos santos”. Aqui, podemos concluir que há
harpa no Céu e taças que estão sendo cheias de incenso e, que quando essas
taças começarem a ser cheias, o Senhor liberará seus juízos sobre a Terra e
iniciará o processo da segunda vinda de Jesus. O trecho de 2 Pedro 3.12 diz
que nós podemos apressar a vinda do Senhor. Não sabemos o dia nem a hora,
mas podemos fazer com que seja mais breve. Isso está conectado ao
movimento de adoração dos últimos dias.
Existe um livro chamado “Nove Divisões da Bíblia”, de John Walker,
que fala sobre sete cenas de adoração no livro de Apocalipse. Ele diz que,
para cada cena de adoração, existe uma manifestação da justiça e do juízo de
Deus na Terra. Creio que os selos sejam juízos contra o sistema do mundo,
que as trombetas sejam juízos contra o sistema do anticristo e as taças, juízos
contra o próprio anticristo e a Babilônia. E quem vai liberar esse movimento
é a Igreja. A Igreja vai desatar os juízos de Deus e apressar a segunda vinda
do nosso Senhor por meio da adoração e da intercessão.
Precisamos entender que nossa atuação é diante do trono de Deus; não
há mais barreiras. Davi conseguiu reproduzir isso na Terra de certa forma.
Ele constituiu um sistema de adoração muito ousado. Existia um modelo pré-
estabelecido de átrio, santo lugar e o santo dos santos separado por um véu.
De repente, ele colocou uma tenda sem véu e vários sacerdotes ao redor do
trono, oferecendo incenso 24 horas por dia.
A arca não representava apenas a presença de Deus, mas todo o seu
trono, pois ele está assentado entre os querubins. Apocalipse 8.3 diz que
diante do trono também existe um altar de ouro, que é a adoração, mas não há
mais véu. Muitos afirmam que não enxergam a Igreja em Apocalipse.
Contudo, é muito claro ver o movimento sacerdotal da Igreja no livro das
Revelações, provocando uma reação da Terra para o Céu.
Posso imaginar Jesus ao lado do Pai intercedendo assim: “Pai, envia-
me à Terra, eu quero casar. Vamos, está na hora!”. E a Igreja o provoca
dizendo: “Vem, vem. Maranata, vem!”. Os Céus e a Terra vão se tornar um
só, pois essa é a vontade de Deus. Mas é necessário que sejamos consumidos
por esse desejo até que ele volte.
- Ore por aquilo que o Espírito colocou no seu coração. Não precisa
abranger todos os assuntos; seja específico.
Orar por algo que esteja queimando em seu espírito traz peso e
profundidade às suas palavras, ainda que numa oração rápida e sucinta.
Tentar abranger muitos tópicos torna a oração tediosa e superficial, parecida
com uma lista de exigências e demandas. Objetividade é muito importante
numa reunião de oração intercessória. Quanto mais específicos formos, mais
resultados alcançaremos em nossas orações.
- Quando alguém levantar a voz para orar, não faça orações paralelas.
Concorde com a oração de seus irmãos. Entenda o que está sendo
pedido e manifeste, de tempos em tempos e em voz alta, o seu apoio. A
concordância é vital para o sucesso da oração coletiva e, para concordar, é
preciso ouvir o que os outros estão orando.
1 - A glória de Deus
Existe um culto de adoração na sala do trono. Em Apocalipse 4, João
descreve uma visão de como a adoração está acontecendo naquele ambiente
do trono. Lá, existem quatro criaturas que são chamadas de seres viventes.
Eles estão ao redor do trono, são cheios de olhos e declaram uma única coisa
durante toda a eternidade: “Santo, Santo, Santo!” (Ap 4.8). O que chama a
atenção é que esses quatro seres não estão adorando porque foram curados de
uma enfermidade, porque foram salvos, porque tiveram seus pecados
perdoados ou mesmo porque Deus irá derramar um avivamento. Estão
adorando por causa da dignidade da glória divina. A. W. Tozer diz que a
adoração é uma resposta que o homem dá à revelação de quem Deus é. Os
quatro seres estão contemplando a beleza de Deus.
A palavra “santo” seria traduzida melhor como “beleza transcendente
de Deus”, pois santo não é apenas o contrário de impuro, mas também
“aquilo que é fora do comum”. Não há outro como ele. De alguma forma,
Davi teve a mesma visão, pois colocou os sacerdotes ao redor do trono
contemplando o resplendor de Deus 24 horas por dia. Davi viu o trono e
enxergou os seres cheios de olhos que não paravam contemplar aquela
formosura — um Deus que parece uma pedra preciosa!
O Senhor o comprou para vê-lo funcionando como um sacerdote que
honra a sua dignidade. Não é uma adoração produzida a partir de emoções e
arrepios, mas simplesmente porque ele merece e quer ser adorado na Terra
como é no céu.
2 - Justiça
A justiça está totalmente interligada à intercessão. Lucas 18.7 afirma
que Deus fará justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite. Esse
versículo é direcionado aos sacerdotes, aos escolhidos, ao povo eleito. A
palavra justiça, nesse contexto, quer dizer retidão ou posição correta. Justiça
não é igualdade; justiça é fazer o que é correto. Deus vem com seu trono e
conserta o que está errado: a pobreza, a miséria, a dor e a enfermidade.
Justiça não é apenas juízo. Existe o lado positivo também quando, por
exemplo, oramos, e ele julga a pedofilia. Ele diz que vai fazer justiça rápida.
Em Lucas 18.8, está escrito: “Quando vier o Filho do Homem, achará,
porventura, fé na terra?”. Não penso que essa seja uma pergunta negativa,
pois ele encontrará fé na Terra, achará um povo orando dia e noite antes da
sua volta. A Terra está sendo sacudida pela injustiça.
No Camboja, existem pais que almejam que as esposas deem à luz
filhas meninas, para que possam vendê-las. O nome disso é injustiça! O papel
da Igreja é reunir-se ao redor do Senhor clamando pela justiça rápida que ele
prometeu. Injustiça social não pode ser combatida com cesta básica, pois é
uma consequência direta do pecado e um ataque do diabo. É claro que
precisamos nos mobilizar, fazer coisas práticas que revelem o caráter justo de
Deus. Mas devemos combater a injustiça nas regiões celestiais com
intercessão.
Justiça também está ligada a avivamento e derramamento do Espírito.
Existem milhares de pessoas, neste momento, envolvendo-se com o
movimento de justiça social desassociado do poder de Deus. Isso é um
equívoco que beira ao humanismo. Não vamos melhorar as pessoas; elas
precisam ter o coração transformado. Temos de ir e tocar os pobres, as
prostitutas sim. Porém, precisamos ganhá-los de joelhos.
- Porque Deus não faz nada na Terra a não ser por meio da comunhão
com o seu povo.
Tem uma questão que sempre me deixava em crise: se Deus tem uma
vontade, por que ele não a realiza logo? Você acha que é a vontade de Deus
restaurar a igreja? Se o Senhor é soberano e esse é o seu desejo, por que ele
não a restaura? Porque existe um princípio de que Deus é pessoal. Nós somos
impessoais; Deus não é. Suponhamos que Deus aparecesse para mim durante
a noite e fizesse uma proposta: “Michael, vou dar-lhe a oportunidade de
acabar com todo pecado da humanidade, e você tem o direito de escolher o
método para que isso aconteça”. Sabe qual eu usaria? Um botão que, ao ser
apertado, desse fim a todo pecado. Percebe a impessoalidade? Queremos
solucionar os problemas sem nos envolver com eles.
Quando Deus quis resolver o pecado, ele veio pessoalmente. Deixou a
sua esfera de santidade perfeita, sem pecado, sem dor, sem miséria e habitou
no meio de uma cultura ímpia.
Temos uma capacidade incrível de nos relacionar com o que é
“espiritual” de forma impessoal. Conseguimos ler a Bíblia e não encontrar
Deus. Ele mesmo disse: “vocês vão às Escrituras tentando achar poder e
vida eterna, mas não vêm a mim?” (Jo 5.39). Jesus, a palavra encarnada,
estava ali em forma de homem e, embora lessem a Lei, não conseguiam tocar
o verbo vivo de Deus, que era Jesus. Lemos a Bíblia como um livro de
receita, de forma impessoal.
Somos ensinados a instruir nossos filhos no caminho em que devem
andar (Pv 22.6). Então, um de nossos filhos cresce, torna-se um traficante e
ficamos ofendidos com Deus. Afinal, lemos a Bíblia! O que ela disse deve
acontecer. Só tem um problema: não encontramos o Deus que escreveu o
versículo. Para obedecer, precisamos ouvir a voz de Deus, ter contato com
quem escreveu e inspirou cada parte da Bíblia. É por isso que o Pai precisa
comunicar os seus planos, pois ele nada fará na Terra sem que isso aconteça.
Em Amós 3.7, lemos que “o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem
primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas”. Vocês, por
acaso, contam seus segredos ao padeiro a menos que ele seja um amigo
íntimo? Da mesma forma, Deus conta seus segredos a quem é seu amigo.
Funciona mais ou menos assim: Deus tem uma vontade, e você precisa
descobri-la. Em seguida, você ora a vontade dele e, só então, ele a realiza.
Por quê? Porque Deus decidiu assim. Isso é um escândalo para o homem.
Deus faz tudo em parceria com você, um mero mortal, cheio de pecado.
Existem três fatores que nos impedem de começar uma disciplina. Vou
listá-los a seguir.
1 – Condenação
Muitos de nós já nos comprometemos a orar e oramos um dia, dois,
três, mas logo abandonamos o lugar da oração e nunca mais voltamos por
vergonha de Deus. Ou até mesmo uma discussão com alguém nos afasta da
intimidade com o Pai, porque não fomos tão “bonzinhos”. A questão é que o
que nos qualifica a entrar na presença de Deus não é se fazemos tudo certo. O
que nos qualifica é o sangue de Jesus. Hebreus 10.19 diz que devemos entrar
com coragem e ousadia no santo dos santos.
Quando Deus olha para a sua vida, ele vê o sangue do seu Filho. Sendo
assim, quando você cair, levante-se e ande. Se falhou um dia, comece
novamente no outro. Deus não olha para nós como pessoas rebeldes, mas
como filhos imaturos. Quando meu filho Benjamin cai, não arranco as suas
pernas; muito pelo contrário, eu o ajudo a levantar-se, pois está aprendendo a
andar. Com o Aba também é assim. Ele não nos enxerga como hipócritas que
não oram, mas como filhos amados. Mesmo que você nunca mais leia a sua
Bíblia nem ore, Deus continuará o amando.
A oração não é para fazer com seja aceito, pois você já o foi. E Deus o
ama tanto que deseja dar mais do seu coração.
2 – Emocionalismo
Preciso compartilhar que, 90% das vezes em que vou orar, não sinto
nada. Tem pessoas que leem a Bíblia e pensam que ela é como novela: os
eventos do capítulo seguinte se passam no mesmo dia do anterior.
Daniel foi para a Babilônia com aproximadamente 12 anos de idade,
mas só recebeu visitações angelicais aos 84 anos. A prática de Daniel era
estar três vezes ao dia de frente para Jerusalém, orando.
A Bíblia diz para termos fé, pois Deus é galardoador daqueles que o
buscam. Sem fé, é impossível lhe agradar. As emoções não são erradas na
nossa devoção, elas são muito importantes, mas depender delas para
desenvolver uma vida espiritual é estar fadado ao fracasso.
3 – Comparação espiritual
Quantos já leram o livro “Bom dia, Espírito Santo” e, ao acordar na
manhã seguinte, disseram “Bom dia, Espírito Santo” e não sentiram passar
nem uma pena de anjo ao seu lado? Tentamos reproduzir em um dia
experiências de pessoas que levaram anos da vida buscando o Senhor.
Quando li a biografia de John Wesley, fiquei deprimido. Ele tinha o
hábito de dormir às 20 horas. Há uma história em que, certo dia, ele chegou à
sua casa às 20h05. Estando ainda na escada, dormiu ali mesmo tamanha era
sua disciplina. Não podemos olhar para o que John Wesley viveu em 30 anos
de estrada e tentar vivê-lo amanhã de manhã, pois será depressivo e
frustrante. E quem sabe Deus nem queira que você tenha a mesma
experiência. Talvez, ele tenha algo novo, diferente e pessoal para você.
O resultado de observar a vida espiritual de alguém mais maduro e
tentar imitá-la no dia seguinte, muitas vezes, é a frustração por fracassar.
Conheci um irmão que orava durante doze horas, todos os dias. Na segunda-
feira, após ouvir seu testemunho, fui tentar pôr em prática sua disciplina. Orei
durante 15 minutos, mas parecia que já estava há seis dias no quarto. Pensei:
“Deus, como será que ele consegue?”. Talvez, porque esteja fazendo isso
desde 1967. Não procure executar num único dia o que alguém conquistou ao
longo de muitos anos de dedicação, empenho e disciplina. Comece pequeno,
mas seja fiel.
A vida devocional é um exercício. Em 1 Timóteo 4.7, Paulo disse para
nos exercitarmos na piedade. Ele usa uma palavra no grego, gumnasia, que
significa “treine pequenos percursos para correr uma maratona”. Em outras
palavras, Paulo está querendo dizer que, se você deseja ser como Jesus, é
melhor que faça todos os dias pelo menos 15 minutos de devoção, até que
ganhe condicionamento espiritual para fazer mais tempo.
Comece pequeno e humilde. Separe alguns minutos todos os dias e seja
fiel a esse tempo. Desligue-se de tudo e fique apenas com o Senhor. Antes de
correr com Deus, caminhe com ele. A Bíblia usa a palavra “correr” e a
relaciona a vocação. As pessoas desejam saber se são missionários, profetas
ou apóstolos para correr a carreira vocacional sem mal conseguir andar ainda
e praticar o básico. Antes de correr a maratona, comece a treinar na
caminhada.
Um exemplo bíblico relacionado a esse assunto é o de Maria de
Betânia. Em João 12, lemos que ela derramou um perfume sobre Jesus.
Aquele ato foi tão extravagante que Mateus 26.13 declara que ela seria
lembrada em todos os lugares onde o testemunho fosse contado. Maria
marcou a memória de Deus, e ele testemunha sobre ela. Uma coisa é você
testemunhar sobre o Senhor; outra bem diferente é ele testemunhar sobre
você. Essa mulher rompeu com muitos paradigmas, como, por exemplo, a
cultura machista, pois uma mulher não poderia estar na sala quando os
homens estivessem reunidos.
Precisamos ler a Bíblia de forma literal. Ela juntou um ano de salário;
em torno de sete mil reais se fosse um salário mínimo. Pense num perfume de
sete mil reais derramado. Maria usou o cabelo, a parte do corpo com a qual a
mulher mais gasta dinheiro hoje. Só tem um detalhe: não havia asfalto nem
tênis em Jerusalém. Os pés de Jesus deviam estar bem sujos e malcheirosos.
Mesmo assim, ela usou o cabelo para honrá-lo.
Esse movimento de adoração é extravagante e marca o Senhor. Mas
você sabe onde começa essa extravagância? A resposta está em Lucas 10.48:
Maria estava sentada aos pés de Jesus e ouvia a sua palavra. No original,
“palavra” significa “uma palavra que produz instrução”. O texto diz que ela
escolheu fazer uma coisa. O convite do Senhor hoje é: sente-se aos pés dele,
mesmo que seja por pouco tempo.
1 – A quem oramos?
Quando Jesus foi ensinar sobre oração em Lucas 11, os discípulos já
estavam exercendo o ministério, mas ainda não sabiam orar. E pediram:
“Senhor, ensina-nos a orar como também João ensinou aos seus discípulos”
(Lc 11.1). Provavelmente, eles olharam o resultado do ministério de João e
ficaram admirados. As primeiras palavras de Jesus, ao ensinar sobre oração, é
“Pai nosso”. O Pai de Jesus é o seu Pai. As duas figuras que mais ferem a
sociedade, hoje, são pai e marido. As duas figuras que mais transmitem afeto
na Bíblia são Deus Pai e Deus Noivo.
Existem inúmeras pessoas que sofreram abuso da parte dos pais ou de
alguma figura paterna. Quando vão orar, começam a relacionar-se com Deus
sob a perspectiva da revelação terrena do pai que tiveram. Se o seu pai
sempre chegou atrasado, é normal pensar que Deus vai deixá-lo na mão. Se
ele sempre foi duro, grosso e agressivo, naturalmente enxergará Deus como
alguém disposto a puni-lo por ter falhado.
A nossa geração precisa entender que Deus nos ama como um pai.
Quem Deus Pai ama mais: Jesus ou você? Vamos conferir nas Escrituras.
Lemos em João 17.23,26:
...eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade,
para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como
também amaste a mim [...] Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o
farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e
eu neles esteja.
O Senhor nos ama na mesma proporção que ama Jesus. É um amor
furioso, violento, apaixonado. Cantares 8.6, fala que esse amor é como
chamas de fogo. É mais forte que a morte e inflexível à sepultura. Esse amor
é tão violento que, quando nos atinge, resiste à morte e ao sofrimento.
Por que os cristãos conseguiam ver seus filhos assassinados e não
negavam a fé? Porque o amor era mais forte do que a morte. O Pai de Jesus é
o seu Pai e ele o ama violentamente. Quando descobrimos isso, deixamos a
formalidade de lado. Oramos em nome de todos os profetas, menos daquele
que nos dá o Espírito que clama Aba Pai. A Bíblia diz que ele colocou um
Espírito que está gritando dentro de nós por paternidade.
A linguagem que usamos em nossas orações é estranha demais.
Tratamos nosso Pai por Vossa Excelência, como alguém distante. Idolatria
significa adorar ao longe, cultuar um deus impessoal que não se envolve com
suas dores. É muito importante saber a quem oramos.
Eu oro para que você receba revelação da paternidade de Deus, e para
que todo espírito de orfandade seja quebrado; para que você pare de procurar
em homens aquilo que somente seu Pai pode lhe dar. Oro para que o espírito
de adoção clame em seu interior pela paternidade do Aba. Eu o abençoo para
que, de agora em diante, você se comporte como um filho e não mais como
um bastardo.
Durante muito tempo, procurei Deus nos homens. Sempre quis ter um
pai. Um dia, ele me falou: “Pare com isso, Michael, eu sou seu Pai. Seja você
um pai para os outros. Muitos estão por aí esperando que você os adote”.
Ainda estou descobrindo essa faceta de Deus; não sei tudo sobre ele como
Pai. De vez em quando, sinto-me abandonado como um órfão, e ele vem,
dizendo que está comigo.
4- Separe um horário B
É bom pensar numa segunda opção de horário para quando a primeira
falhar. Pessoas com crianças pequenas, por exemplo, costumam não ter um
horário fixo para dormir ou passam por mudanças repentinas de rotina por
causa das necessidades do filho. Daí a importância de ter um horário B caso
não consiga acordar.
Meditação
Acredito que podemos ler a Bíblia de três maneiras. Pode haver outras,
mas vou citar apenas essas três.
1 – Leia a Bíblia
Quando for meditar, não use textos muito longos. Não dá para meditar
lendo todo o Salmo 119, por exemplo. No começo, você pode escolher
passagens mais fáceis como os evangelhos, Salmos ou mesmo um versículo
de que goste muito. Às vezes, na leitura geral, algum versículo vai sobressair.
Separe-o para que possa meditar nele depois. Vamos supor que você tenha
lido o Salmo 27.4: “Uma coisa pedi ao Senhor, é o que procuro: que eu
possa viver na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar
a bondade do Senhor e buscar sua orientação no seu templo”.
Leia-o devagar, duas, três, quatro vezes ou quantas achar necessário.
De repente, algo dentro do texto lhe saltará aos olhos — uma frase ou uma
palavra. Quando li esse versículo, o que me chamou a atenção foram as
palavras “uma coisa”. Em silêncio, comecei a fazer perguntas a Deus:
“Senhor, o que significa ‘uma coisa’ para a minha vida em São Gonçalo? O
que é ter um coração de uma coisa?”. Faça perguntas a ele sobre aquilo que
acabou de ler. Essas perguntas naturalmente se transformam em orações.
2 – Tenha um diário
Atualmente, meu princípio é: ler, escrever, orar e cantar. Eu leio o texto
na Bíblia, depois o escrevo no meu diário, pois, se continuar lendo na Bíblia,
vou me distrair com outros trechos. Em seguida, destaco o que me salta aos
olhos e escrevo novamente embaixo. Só então, começo a fazer perguntas.
Logo, vêm impressões ao meu espírito que podem parecer imaginação. Anoto
tudo o que estou pensando e depois oro com base nisso. Finalmente, passo
para o versículo seguinte.
Esse método de meditação ajuda também a memorizar as Escrituras.
Os mestres devocionais chamam isso de Lectio Divina, que significa
interiorizar as Escrituras.
Muitas vezes, levo esses versículos para o meu dia, colo lembretes na
geladeira e coloco frases no meu celular dentre tantas outras coisas. Um dos
termos para a palavra meditação é “ruminar”. Você precisa interiorizar aquilo
que está sendo lido.
Deixe que a Palavra entre em seu coração, preencha o seu espírito e o
conduza à presença do nosso amado Noivo e querido Pai. Permita que as
verdades das Escrituras o ensinem a orar e a entender quem você é e o que
Deus sente por você. Que a sua vida de oração aumente em intensidade,
qualidade e quantidade à medida que você se encontrar, numa prática regular,
disciplinada e constante, com o Homem mais belo e encantador de todo o
universo.
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