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A stripper que veio até a minha porta estava no

apartamento errado.

Eu planejava contar a ela. Mas ela me beijou primeiro.

Max

Você nunca imaginaria que sou milionário. Eu ando de


jeans e camiseta. Eu sou discreto. O Afeganistão me deixou
com cicatrizes por dentro e por fora. Tudo que quero é ficar
sozinho.

Eu com certeza não pedi pela stripper que


apareceu. Tudo o que sei é que é a mulher mais sexy e linda
que já vi nua.

Nem sei o nome dela, mas a quero. Nada de bom pode


vir disso. Mas, de repente, não me importo.

Gwen

Eu me dispo por dinheiro. É só um trabalho. Até eu


conhecer o Sr. Apartamento errado.

Ele é grande e perigoso. Mal-humorado e


danificado. Tem bíceps que me fazem querer
choramingar. Uma ligação errada e, de repente, estou
quebrando minhas próprias regras.

As coisas estão saindo do controle. Nós dois estamos


quebrados. Talvez não existam consertados. Juntos somos fogo
e gasolina. Mas eu deixaria tudo queimar se ele me tocar
mais uma vez...
MAX
ACORDEI no dia mais estranho
da minha vida com uma ressaca infernal. Normalmente não
bebo, perdi o hábito quando tomava remédio mas, por
alguma razão, bebi na noite anterior. Uísque. Consumido
enquanto estava sentado sozinho em casa no meu
sofá. Apenas mais uma noite de segunda-feira no
apartamento decadente de Max Reilly, no nevoeiro frio de São
Francisco.

Minha cabeça está doendo. Pelo menos, não tenho um


turno de trabalho hoje. Eu trabalho com construção1,
geralmente do outro lado da ponte em Oakland. Você poderia
pensar que não tenho o perfil de um trabalhador para a
construção civil – minha perna explica isso – mas você está
errado. Eu não tive nenhum problema com essa
atividade. Ainda bem que hoje foi um dia de folga e eu pude
rolar para fora da cama, amaldiçoando a idiotice de ontem a
noite, coloquei minha perna, e fui até a cozinha vestindo
apenas bermudão.

1
No original ele diz que trabalhava em construção por dinheiro sob a mesa, que é basicamente
empregos que pagam em trabalhos de mão ou empregos que você pode fazer e ganhar dinheiro do lado
de sua ocupação existente.
Café e torradas não ajudaram muito, então limpei o
resto da minha ressaca indo para a academia. A chuva havia
passado e eu podia ver as nuvens escuras rolando sobre a
baía enquanto dirigia a curta distância pelo extremo sul da
cidade até o Sporty, a academia que era praticamente minha
segunda casa. Era um lugar simples, um buraco que
cheirava a bolas e meias sujas, mas ninguém me fazia
perguntas. Eu nunca vi uma mulher lá, ela teria que ser
louca para ir ao Sporty e os homens eram todos tão
silenciosos e intratáveis quanto eu. Era o tipo de lugar onde
você podia levantar pesos às três horas da manhã nas noites
em que não conseguia dormir, e você não seria o único ali.

No momento que terminei na academia, quase todo


uísque tinha saído do meu sistema, minha cabeça
latejava. Eu abaixei o peso que levantava e deitei no banco de
peso por um minuto, encarando as manchas de água no teto.

Essa era a minha vida: meu apartamento de merda,


minha academia, meus turnos na sujeira em canteiros de
obras. Bebendo sozinho à noite e tentando pagar minhas
contas médicas e dívidas do meu pai morto. Eu gosto que
seja desse jeito, sem complicações, sem mulheres, ninguém
me incomodando. Tudo o que eu quis desde o dia em que
cheguei do Afeganistão era ficar sozinho. Então, sim, esta foi
a minha escolha para a vida.

Exceto que não foi.

Eu tinha cinco milhões de dólares na minha conta


bancária.
Maldito Devon Wilder, meu melhor amigo. Ele herdou
uma fortuna do avô que nunca conheceu, e em seguida a
coisa que ficamos sabendo era que o amigo que tinha
crescido comigo nas ruas sujas de Los Angeles tinha se
tornado um bilionário. Ele também conheceu uma mulher
pela qual era completamente apaixonado e, provavelmente, se
casaria com ela caso tivesse oportunidade. E porque ele era
Devon, e sabia que eu me afogava em dívidas, ele fez um
grande depósito em minha conta bancária acabando com
todas elas.

Foi a coisa mais generosa que alguém já fez por


mim. Isso mudou tudo. Eu lhe devia a minha vida.

Senti como se estivesse caindo.

Me forcei a respirar quando o suor irrompeu na minha


nuca. Meu peito estava apertado. Merda, merda. Fica firme,
Reilly. Fechei meus olhos enquanto o mundo girava e meu
estômago se contraia. Este não era o efeito posterior ao
uísque. Não senhor, isso era puro pânico, cem por cento
doido como Max Reilly e seu cérebro de merda.

Eu esperei. Respirei. Me imaginei caminhando na


floresta, ar fresco, folhas de outono. Fui àquele lugar e fiquei
lá por um tempo. Então, quando o ataque de pânico passou,
levantei e fui para casa.

Era maluco ter um ataque de pânico sobre algo que a


maioria das pessoas veria como um sonho que se torna
realidade. Mas foi tanta mudança, que minha psique
estragada não aguentou. Toda a minha vida, tal como foi, fora
derrubada com um depósito bancário, despejada como a
roupa jogada no chão. Eu não tinha ideia do que diabos
fazer. Isso fez meus pensamentos se embaralharem quando
eu tentei pensar sobre isso, porque eu já tinha passado por
muita loucura na minha vida. Então eu continuei seguindo
minha rotina antiga para me fazer sentir são – e às vezes,
quando eu queria parar de pensar, eu aparentemente bebia
uísque como um idiota.

Tomei banho por quase trinta minutos, segurando o


suporte que eu tinha instalado no chuveiro, deixando a água
quente cair do meu corpo. Minha coluna estava tensa e
estranha, e minha perna doía. Coloquei jeans, uma velha
camiseta e minha perna de novo, depois fiz um sanduíche na
cozinha, forcei-me a engolir mesmo com meu estômago
embrulhado. A ansiedade recuou, mas me deixou pegajoso e
trêmulo, como se eu tivesse acabado de ter uma gripe. Então
eu fiz a coisa que normalmente funcionava para mim – peguei
um livro da minha estante e me sentei para ler.

Minha estante transbordava, uma das maiores coisas no


meu apartamento minúsculo. Eu gostava de visitar os sebos –
havia alguns em San Francisco – e acrescentar títulos à
minha coleção, quanto mais estranho, melhor. Eu nem
sempre fui um leitor, cresci correndo livre nas ruas, minha
mãe mal ficava em casa, meu pai geralmente estava
bêbado. Foi só depois de me alistar que descobri realmente
como a leitura tornava tudo suportável. Longos trajetos de
avião. Noites sem fim. Longos e silenciosos trechos de tempo
no deserto. E, mais tarde, o tempo que eu tinha ficado no
hospital e, depois do hospital, o tempo que fiquei nas salas de
espera e na cama me recuperando das cirurgias. Eu posso
ser louco pra caralho, mas posso garantir que ficaria ainda
mais louco se não tivesse encontrado uma saída com a
leitura.

O livro que tinha agora era O Chamado da Selva, uma


velha cópia amarelada com uma capa verde que nem sequer
tinha um lobo, mesmo que o livro fosse sobre lobos. Isso me
custou dois dólares, e era bom pra caralho. Eu massageei
minha perna distraidamente e sentei no sofá, deixando o livro
me levar embora.

Eu estava tão absorto que quase não escutei a batida na


minha porta.

A primeira coisa que pensei foi em ignorar. Quem diabos


bate na porta de alguém às três horas da tarde? Ninguém
bom. Alguém vendendo alguma coisa, não, obrigado. Vizinho
intrometido, querendo reclamar de algo – não,
obrigado. Policiais – não, obrigado. O senhorio – não,
obrigado. Eu não devia nenhum aluguel, graças a Devon
Wilder.

Mas a batida veio de novo e eu abaixei o livro. Agora eu


estava distraído. Levantei-me e atravessei a sala,
relutantemente abrindo a porta.

Puta merda.

Era uma mulher. Não apenas qualquer mulher, uma


mulher linda. Ela tinha cabelos loiros claros, olhos azuis e
um rosto em forma de coração que também apresentava uma
boca suave e sexy. Ela estava com maquiagem – pálpebras
escuras, cílios escuros, brilho labial. Ela tinha pele perfeita e
elegantes brincos de argola que roçavam seu pescoço
impecável. Ela sorria para mim, mas sua boca naturalmente
tinha um quê de me foda, uma reviravolta que me fez pensar
em sexo. Bem desse jeito. Um olhar para o rosto dela e você
pensava em foder. Foder ela. Foder qualquer uma.

Eu deixei o seu olhar. Ela, deliberadamente, colocou seu


peso em um quadril exibindo suas longas pernas. Ela tinha
uma bolsa no ombro e um casaco. Uma coisa do tipo trench
coat2, com um cinto na cintura, que ia até o meio da coxa e,
por baixo, me pareceu não passar de quilômetros de pernas
nuas terminando em saltos altos, como se ela não estivesse
usando uma única coisa por baixo.

— Daniel Parker? — Ela perguntou.

Eu estava estupefato, tão completamente chocado que


uma única palavra saiu da minha boca.

— O que?

Ela passou por mim e entrou em meu apartamento,


percebi que ela tinha tomado a palavra como um sim. Eu me
virei e olhei para ela enquanto colocava sua bolsa em uma
mesa lateral como se fosse a dona do lugar, então procurou
dentro da bolsa, tirou um pequeno quadrado, colocou um
iPhone nele e mexeu em um botão.

— Isso é presente de Andrew. — Informou.

2
— Feliz Aniversário!

A música começou pulsando, uma música sexy. A loira


deu um passo à frente e as suas mãos foram para o cinto de
seu casaco.

E foi então que eu percebi que ela ia se despir.


MAX
Não há muito o que fazer
quando uma mulher entra em seu apartamento e começa a
se despir, a não ser ficar parado ali observando.

Ela jogou o cabelo e se aproximou, seus dedos


brincaram com o cinto de seu casaco enquanto eu estava lá,
olhando. Eu poderia ter aberto a minha boca, dito a ela que
eu não era o cara que ela pensava, que era tudo um mal-
entendido; mas, então, ela colocou a mão no meio do meu
peito e, gentilmente, me empurrou para trás, para o sofá. Sua
mão disparou um raio de fogo através do meu corpo, acordou
partes que eu nem sabia que estavam dormindo. Meu sangue
pulsou. Recuei como se estivesse hipnotizado, indo para onde
ela queria que eu fosse.

Quando a parte de trás das minhas pernas bateu no


sofá, sentei-me. Ela ficou do lado dos meus joelhos, brincou
com o cinto novamente e a realidade da situação tomou conta
de mim. Puta merda, ela tirará essa coisa. Ela realmente fará
isso.

Eu não deveria deixar. Mas eu não conseguia pará-


la. De repente, eu realmente não queria. Vagamente, o
restante da minha dignidade moral me lembrou que isso me
fazia um canalha. Então ela desfez o cinto e largou o casaco,
e minha dignidade moral calou a boca.

Sob o sobretudo, a loira usava um vestido preto justo


com um zíper na frente. O vestido era tão decotado que os
seios dela, cobertos por algum tipo de sutiã minúsculo, quase
se derramaram por cima do tecido. A bainha do vestido
acabou logo depois da sua bunda. Enquanto a música
tocava, ela fez uma manobra lenta e sensual que me permitia
ver cada centímetro do corpo sob o tecido fino. E era um
corpo que eu nunca vi na minha vida.

Aqueles seios grandes, macios e generosos. Uma cintura


fina, terminando em um generoso quadril. Pernas
longas. Calcanhares. Ela se virou e se inclinou um pouco,
dando outra mexida sensual em seus quadris, e eu estava
feliz por estar sentado no sofá porque a bunda em forma de
coração que ela me mostrou me deixou fora deste mundo. Eu
acordei de ressaca na minha vida normal, de repente, eu vivia
uma perfeita fantasia masculina. Ela deu um passo na minha
frente e se inclinou praticamente na minha cara.

Não havia como eu dizer que ela tinha se enganado, que


eu era o homem errado.

A música pulsava. Ela olhou para mim por cima do


ombro, mordendo o lábio. Foi tudo um bom show. Quem quer
que fosse esse Daniel, seu amigo lhe mandou uma stripper de
primeira linha. Ele não poupou despesas. Ela se virou e
aproximou-se, elevando o show um pouco. Ela se enfiou entre
as minhas pernas, batendo em meus joelhos. Eu a deixei,
esquecendo por um momento como meu jeans cobria uma
perna que, provavelmente, ela não iria querer
olhar. Porra. Eu não via uma mulher nua, uma pessoa real
que não estava na internet, em quatro anos. Quatro malditos
anos.

Ela se inclinou para frente, colocou as mãos no encosto


do sofá atrás de mim. Me deixando enjaulado, seus joelhos
pressionados no sofá entre as minhas pernas, seu corpo me
segurando. A pose colocou seu decote na minha cara, seus
seios praticamente roçando minha barba. Eu coloquei as
palmas das mãos suadas no jeans de minhas coxas e respirei
fundo. Senti sua loção corporal de coco, spray de cabelo, uma
mulher doce e levemente suada. Fechei os olhos, incapaz de
olhá-la por um segundo. Eu nunca cheirei nada tão bom na
minha vida.

Ela fez um movimento sensual como uma cobra,


deslizando seu corpo como se estivesse quase me
cobrindo. Eu queria colocar minhas mãos em seus quadris,
puxá-la para o meu colo, mas eu não achei que deveria fazer
isso. Você não deveria tocar a garota, certo? Eu não conseguia
lembrar. Meu cérebro não funcionava.

Ela respondeu a minha pergunta, pegando uma das


minhas mãos da minha coxa e colocando-a no topo de seu
zíper. Então ela fez o movimento de cobra novamente,
fazendo com que o que sobrou do meu sangue se movesse
direto para o meu pau.
— Vá em frente, garotão. — Insinuou ela. Sua voz
quente e gutural, o tipo de voz que você quer ouvir gemendo
em seu ouvido: porra, Deus, me foda mais forte! Quando você
metia nela o mais forte que podia.

Eu apertei a ponta do zíper entre meus dedos e olhei


para o rosto dela. Ela tinha os longos cílios abaixados,
olhando para a minha mão, mas quando parei ela levantou os
olhos para os meus. E olhou diretamente para mim.

Algo aconteceu. Nós dois congelamos por um longo


minuto, nossos olhos se encontraram. Seus olhos eram azul
suave, quase cinza, e por baixo da maquiagem e do pesado
rímel eram observadores, inteligentes. Eles também estavam
fixos nos meus, e enquanto nos olhávamos, uma sombra de
confusão cruzou-os, embora ela não desviasse o olhar. Então
suas pupilas se dilataram, lentas e negras. Seus lábios se
separaram. E ainda assim ela olhou para mim.

Eu não conseguia respirar enquanto a observava de


volta. Eu podia sentir tudo, o ponto onde o joelho dela
pressionava o interior do meu através do meu jeans, o roçar
elétrico de seus seios no vestido preto, o zíper frio entre o
meu indicador e o polegar. A música desapareceu por trás do
rugido nos meus ouvidos e, de repente, percebi que tinha
parado. Nós estávamos nos encarando há tanto tempo que a
música acabou.

No silêncio, pude ouvi-la respirar. Eu podia ouvir a mim


mesmo. Ela piscou, ainda olhando nos meus olhos como se
não pudesse parar. Uma mecha de cabelo loiro perfeito caiu
sobre um olho, ela usou sua língua para lamber os lábios.

Eu não sabia o que estava acontecendo. Só sabia que


minhas costelas pareciam estar prestes a quebrar. Eu tinha
todos os músculos tensionados com tanta força que todo o
meu corpo doía. Podia sentir meu próprio pulso no
pescoço. Eu desviei o meu olhar dos olhos dela e olhei para o
zíper que segurava.

— Você quer que eu faça isso? — Eu perguntei a ela,


minha voz rouca.

Ela respirou fundo e eu vi seus seios se moverem. Sua


língua saiu tocando o meio do lábio superior, brevemente,
como se estivesse imaginando como eu a provaria. Quando
ela falou, sua voz não era mais teatral, não o tom sexy que
ela usou antes. Em vez disso, ela mal respirava.

— Faça isso. — Pediu.

Eu não precisava de outro convite. Em um movimento


rápido abri o zíper do vestido de cima para baixo, deixando-o
cair aberto. Ela levantou os braços que estavam no sofá atrás
de mim e deu de ombros para o chão.

Agora ela usava apenas um sutiã de renda preta e


calcinha combinando. Seu corpo era uma revelação, seu
estômago plano, seus quadris perfeitamente redondos, suas
coxas longas e fortes. E aqueles seios, não havia nada de
artificial naqueles seios. Eles não eram nada além de carne
macia, mal contida pelo minúsculo sutiã, os mamilos duros
como lascas de gelo plenamente visíveis através da renda.
Novamente eu levantei meu olhar para o dela e algo
apareceu entre nós tão forte que me tirou o fôlego. Ela não
estava mais fazendo um show; não havia mais música, sem
roteiro. Em vez disso, ela soltou seus saltos altos em dois
movimentos rápidos e montou meu colo, seus joelhos em
cada lado dos meus quadris, suas mãos em meus ombros. Eu
coloquei minhas mãos em seus quadris, eles eram quentes e
tão macios. Levantei uma das mãos na parte de trás do
pescoço dela debaixo do cabelo, puxei-a para baixo e a beijei.

Ela nem hesitou. Ela me beijou de volta, pressionando a


boca sexy na minha, abrindo os lábios, deixando-me tomar a
liderança. Eu tentei ir um pouco devagar, como se não fosse
um maldito animal, eu quase consegui. Eu explorei cada
canto de sua boca, minha barba raspando sua pele, meus
dentes e língua raspando cada último traço de seu brilho
labial. Ela soltou um gemido suave quando eu fiz isso, estava
excitada e deslizou mais profundamente a língua na minha
boca.

Eu a segurei e a beijei com tudo o que tinha em mim, e


ela me deu de volta. Deus sabe quanto tempo nós ficamos
assim trancados com suas mãos se movendo em meu cabelo,
sua boca selvagem na minha. Minha outra mão puxou seu
quadril para baixo, pressionando-a contra o meu pau
pulsante no meu jeans, ela gemeu com o contato, mordendo
meu lábio inferior. Contudo, ela se moveu, esfregando-se
lentamente contra mim como se não pudesse se conter, e me
beijou com mais força.
Eu ia explodir porra. Eu interrompi o beijo e movi minha
boca até o ponto no qual estava seu pulso no canto de sua
mandíbula, desci por seu lindo pescoço branco, roçando sua
pele macia. Ela inclinou-se para mim e sua mão se enredou
mais forte no meu cabelo, segurando.

— Oh, porra. — Falou, exaltação e uma maldição ao


mesmo tempo, como se ela não pudesse acreditar no que
acontecia mais do que eu podia.

Eu chupei suavemente o local onde o pescoço dela


encontrava seu ombro, fazendo-a se contorcer impotente
contra mim, minhas mãos viajaram para o meio de suas
costas e desabotoei o sutiã preto. Ela me pressionou com os
joelhos enquanto eu soltava as alças por seus ombros e os
seus seios se liberavam.

Ela não me soltou e o sutiã caiu entre nós, ainda em


seus braços. Eu deslizei minhas mãos por baixo dele e
segurei seus seios, olhando fascinado pela maneira como
minhas grandes mãos os engoliam, a maneira como a carne
se movia nas minhas palmas. Ela suspirou, olhei para cima
para ver que ela fechou os olhos e, perdida na sensação,
inclinou a cabeça para trás. Foi então que meu cérebro fodido
lembrou que eu tinha algo a dizer a ela.

Então, com ela a vontade e nua em meu colo, meu pau


latejando, minhas mãos cheias de seus seios incríveis, me fiz
dizer isso, embora minha voz não fosse muito mais do que
grossa.

— Meu nome não é Daniel Parker. — Confessei.


— É Max Reilly. Você entrou no apartamento errado.

Eu pensei que talvez ela vacilasse. Fosse se afastar. Eu


dei a ela a chance.

Mas ela parou por apenas um breve segundo


absorvendo minhas palavras antes de soltar um suspiro. Ela
abriu os olhos, inclinou-se para frente novamente e segurou
meu rosto com as duas mãos.

— Quer saber? Eu não me importo.


GWEN
Há certas coisas que
simplesmente não faço no trabalho. Eu não deixo ninguém
me tocar, nunca. Eu não faço shows individuais, eles são
muito arriscados em comparação com as festas habituais e
as gorjetas não são tão boas. E eu nunca, nunca, nunca fodo
com um cliente.

De alguma forma, hoje eu ia quebrar cada uma dessas


regras.

Eu aceitei o trabalho hoje pela mesma razão que faço


qualquer coisa, eu estava inquieta, um pouco entediada, num
humor impulsivo. Quando eu fico assim, eu costumo matá-lo
tirando a roupa, então liguei para Candy Cane e perguntei o
que estava na lista. Eles tinham esse show. Um cara que
pediu uma stripper para o presente de aniversário de seu
amigo. Foi melhor que nada, então eu peguei.

E agora eu estava no colo do cara errado, nua, exceto


por um pedaço de renda entre as minhas pernas, meus
joelhos apertando seus quadris e meus seios em suas
grandes mãos. E eu não queria sair.

Como eu cheguei aqui? Eu o notei desde o minuto em


que ele abriu a porta. Era difícil não notar, ele era grande,
com uma barba castanha escura e cabelos castanho-
escuros. Sexy. Não é do meu tipo de costume, prefiro caras
bem arrumados, barbeados, bem vestidos. Um cara que sabe
o caminho em torno de um menu caro de restaurante e qual é
o melhor tipo de vinho. Esse cara tinha um tipo de carisma
animal. Mais como um cara que você encontraria em algum
lugar nas profundezas da floresta, ele seria um lenhador
cortando lenha, ele veria você, ele deixaria cair o machado e
te dobraria, depois te comeria.

Foi assim que começou.

Eu conhecia Devon Wilder, o novo namorado da minha


irmã, ele era um homem delicioso, mas esse cara era
diferente. Seus músculos eram maiores, como se ele
levantasse pesos. Ele vestia uma camiseta, lavada com tanta
frequência que o algodão era fino, o pescoço esticado sobre
uma clavícula perfeita e usava jeans sobre as pernas
musculosas. Seus bíceps eram obras de arte; as mulheres
têm sonhos molhados sobre bíceps assim. O da direita
mostrava uma tatuagem que eu não conseguia ver, saindo da
manga da camiseta. Ele olhou para mim como se eu tivesse
interrompido alguma coisa, e sua voz era áspera como se ele
não a usasse com frequência. Ele parecia quente e poderoso e
um pouco mal-humorado, e eu queria empurrá-lo para o
limite para ver se ele me empurrava de volta.

Mas isso era um trabalho, e eu fiz o que fiz, tentando


fazer como sempre faço. Então, e se eu fosse atraída por um
cliente pela primeira vez? Eu poderia entrar e sair, escapar
desse grande homem urso sem me envergonhar. Sem
problemas. Eu o tinha preso no sofá, fazendo o movimento
que todo cara gosta, daí olhei em seus olhos.

Quando nós fazemos um show de strip, a maioria gosta


disso, mas também os embaraça. Eles riem para disfarçar, ou
acenam com as mãos – tudo bem, tudo bem, acabe com isso –
ou reviram os olhos. Os tímidos cruzam os braços e se
levantam, esperando que acabe enquanto seus amigos riem e
aplaudem. Os verdadeiros homens gritam e fazem um
pequeno movimento de dança, como se estivéssemos fazendo
um show. Estou acostumada a tudo isso. Seja como for,
desde que eu seja paga.

Esse cara não fez nada disso. Ele apenas sentou em seu
sofá, com as palmas das mãos nas coxas, sua expressão
concentrada. Seu olhar me devorou. Seu peito subiu e
desceu. E quando nossos olhos se encontraram, eu
vi tudo. Eu vi que ele era inteligente, fascinado e sexy. Eu vi
que ele não sabia o quão quente ele era. Eu vi que ele tinha
algum tipo de tristeza, bem atrás de seus olhos, que não
tinha nada a ver comigo.

E eu vi o fato de que ele realmente queria me


foder. Duro. E ele estava se segurando.

Você quer que eu faça isso? Ele perguntou, sua mão no


zíper do meu vestido.

As palavras passaram por mim como um incêndio. Eu


estava perto o suficiente para sentir o cheiro dele, o cheiro
tentador da pele masculina, perto o suficiente para sentir o
calor irradiando de seu corpo e ouvir o ressonar da respiração
dele. E eu queria que ele arrancasse minhas roupas.

Então falei sim. A música parou. Quando cheguei em


seu colo, seu calor era como uma fornalha, fazendo-me
tremer, e sua mão ajustou-se perfeitamente ao meu
quadril. Ele me beijou exatamente do jeito que eu desejava,
profundo, sujo, um pouco áspero, como se ele quisesse me
devorar. Minha pele vibrou em todos os lugares que ele me
tocou. Eu podia sentir seu pau duro em seu jeans,
esfregando contra o meu clitóris quando eu pressionei meus
quadris contra os dele a sensação fez o sangue bater em
meus ouvidos e ainda mais forte entre as minhas pernas. Eu
queria isso. Dentro de mim, agora mesmo.

Ele tirou meu sutiã e segurou meus seios, seus


polegares roçaram meus mamilos, e eu não me importei com
o nome dele. Eu não me importei com o meu próprio
nome. Eu me importava com sexo cru, primitivo, sem
restrições. Com ele.

Falei a ele que não me importava, e então eu o beijei


novamente. Ele me beijou de volta, suas mãos me apertando,
e então uma das mãos caiu entre as minhas pernas, no
pedaço da minha calcinha, seus dedos deslizando para o
atrito entre ele e eu.

Eu fiz um barulho e movi meus quadris, apertando-o


lentamente. Eu estava tão molhada que deslizei facilmente
sobre ele, a pressão escorregadia e perfeita. Ele estava
respirando com dificuldade, me observando. Sua outra mão
deixou meu peito e subiu para a parte de trás do meu
pescoço, onde ele pegou meu cabelo com seu aperto
forte. Fechei meus olhos, o prazer brilhando através de
mim. Eu poderia gozar assim, apenas na mão dele. Ele
poderia me fazer gozar tão facilmente. Mas eu queria
mais. Eu queria tudo.

Como se ele estivesse lendo minha mente, ele me puxou


para baixo, então sua boca estava contra a minha orelha, sua
mão ainda na minha boceta.

— Eu te foderei com tanta força. — Ele rosnou.

Eu quase gozei apenas com isso.

— Faça isso. — Eu ofeguei, quase frenética.

— Faça.

Ele me empurrou do seu colo, me jogando de forma que


eu estava de quatro no sofá. Eu agarrei o braço enquanto ele
puxava minha calcinha, e então senti seu peso mudar
quando ele ficou de joelhos, ouvi o clique de seu cinto e o
zíper de seu jeans. E então ele agarrou meus quadris com as
duas mãos e empurrou para dentro.

Eu deixei cair a minha testa no braço do sofá, fechando


os olhos. Foi tão bom. Ele era grande e poderoso, esticando-
me, e eu estava tão molhada que ele simplesmente deslizou
para dentro. Ele se acalmou, depois saiu de dentro de mim
devagar, e empurrou de novo. Eu mexi, pressionando minha
bunda contra ele.

— Porra. — Ele falou quando eu fiz isso.


— Me dê um segundo. Apenas ... caralho. — Ele repetiu
quando fiz de novo.

— Espere, mulher.

— Mais duro. — Pedi, abrindo meus olhos.

Ele se inclinou para a frente, sobre as minhas costas,


apoiou-se em seu grande braço, aquele bíceps mágico e sexy
bem ao lado da minha bochecha. Sua outra mão ficou no
meu quadril.

— Você conseguirá o que quer. — Ele prometeu. Então


começou a se mover.

Novamente, eu fechei meus olhos e


respirei. Felicidade. Era pura e absoluta felicidade. Eu gemi e
me derreti nele, aos poucos, encontramos um ritmo, meu
corpo em sincronia com o dele. Era escorregadio e perfeito,
fizemos o sofá estalar e depois bater enquanto nos movíamos
com mais força. Senti sua boca cair para a parte de trás do
meu ombro.

— Porra — ele repetiu.

— Não pare. — Pedi a ele.

Ele não parou, mas ele diminuiu, eu praticamente


chorei e joguei a mão para baixo no meu quadril, entre as
minhas pernas, pressionando suavemente contra o meu
clitóris. O atrito era exatamente o que eu precisava, e senti
meu corpo arquear.

— Mais rápido. — Pedi a ele.


Ele mordeu meu ombro gentilmente quando ele me
sentiu mover, sentiu o quão perto eu estava.

— Não. —

Eu gemi e deixei cair a minha testa no braço do sofá


novamente, fechando os olhos. Eu estava tão perto que
queria gritar com ele. Eu estava acostumada a ter
controle. Você não sabe como fazer isso. O que você tem que
fazer é deixar acontecer.

E eu estava gozando, o orgasmo me arrebatando, me


fazendo chorar. Ele me montou através dele, soltando a mão
do meu clitóris e indo mais rápido, mais forte, até que ele se
acalmou e gozou, gemendo profundamente no meu
cabelo. Eu respirei fundo e percebi que eu nunca tinha tido
relações sexuais tão boas na minha vida. Nunca.

Foi assim que conheci Max Reilly.


MAX
Eu passei centenas de horas
em consultórios médicos, os médicos dos fuzileiros navais, as
cirurgias de emergência, o trabalho sem fim na minha
perna. Isso e eu nem estou contando os consultórios dos
terapeutas em que estive. Eu nunca estive em nenhum que
fosse confortável.

Sentei-me em uma mesa de exame com minha


bermuda, minhas pernas pendendo para o lado de fora,
minhas mãos apoiadas na mesa. Minha médica, uma mulher
de cabelos grisalhos com mais de sessenta anos chamada
Helen, fazia anotações em sua prancheta.

— Posso colocar minhas roupas agora? — Eu perguntei


a ela.

— Em um segundo. — Respondeu sem olhar para cima.

— Tudo parece muito bom. Como está a perna?

Eu não olhei para baixo; sabia o que parecia. Minha


perna se foi logo abaixo do joelho, parte da minha canela e
meu pé vaporizado por um IED no Afeganistão há quatro
anos. Agora eu usava uma prótese, uma coisa metálica com
tendões e um pé, como algo que o Exterminador do Futuro
andaria.

— Está ótima. — Afirmei.

— Simplesmente fantástica.

Ela não piscou o olho para o meu tom. Helen estava


acostumada comigo. Depois da nossa primeira discussão,
quando eu comecei a ir até ela dois anos atrás, ela me disse
para chamá-la pelo primeiro nome.

— Alguma dor? — Ela perguntou.

Dei de ombros, meus ombros tensos. Merda, estava frio


aqui.

— Um pouco.

Ela olhou para mim.

— Você quer algo para isso?

Eu balancei a cabeça.

— Não, nenhum remédio.

— Certo, tudo bem. Você está fazendo os exercícios de


alongamento?

— Sim. Eu faço na academia todos os dias.

Ela olhou para a minha perna novamente.

— Você está cuidando disso. A pele não parece


irritada. As cicatrizes parecem boas.

— Não, elas não estão. — Eu respondi.

— Elas aparentam que minha perna foi arrancada.


— Bem, você não está com um bom humor hoje? —
Falou, meu humor de merda saltando fora dela.

— Algo com certeza se arrastou até sua bunda. Quando


foi a última vez que viu seu conselheiro?

Eu olhei para o teto. O fato de ela nunca ter se


importado com meu mau-humor era a razão pela qual eu
ainda via Helen. Isso, e ela era uma das poucas pessoas com
quem eu realmente conversava.

— Eu provavelmente começarei de novo.

Seus lábios se achataram em uma linha de


desaprovação.

— Você parou?

— Fiquei sem dinheiro.

Ela fez uma pausa.

— Mas agora você não está mais.

— Não. — Pensei nos cinco milhões de dólares em


minha conta bancária. Não, eu não estava mais sem
dinheiro. Eu apenas senti como se estivesse.

— Então você marcará uma consulta com o Dr.


Weldman. — Exigiu, me pressionando.

— Certo?

Suspirei.

— Certo.

— Hoje? Eu posso pegar o telefone agora mesmo.

— Eu posso fazer isso. — Olhei para o rosto dela.


— Eu farei isso.

— Obrigada. Você pode colocar suas roupas agora. Mais


alguma coisa?

Eu peguei minha camiseta e a coloquei sobre a minha


cabeça.

— Há uma coisa.

— O que é?

Eu olhei para o teto novamente, sentindo o embaraço de


vergonha subindo pelo meu pescoço.

— Eu preciso de um exame de sangue.

Helen olhou através dos formulários em sua mesa.

— Nós podemos fazer isso. Por que?

Eu limpei minha garganta.

— DST's.

Ela encontrou o formulário e o colocou em sua


prancheta, as sobrancelhas subindo.

— Você planeja se tornar sexualmente ativo?

Ela sabia o negócio, porque os médicos sempre


perguntam essa merda, não importa o quão humilhante seja
responder não. Era eu. Não. Quatro anos de não. Agora eu
tive que me humilhar ainda mais.

— Eu já, hum, fui.

Ela piscou para mim.


— Max, você está me dizendo que você teve relações
sexuais desprotegidas?

— Talvez. Sim.

— Com um homem ou uma mulher?

Jesus. Isso poderia piorar?

— Uma mulher.

— OK. E você está em um relacionamento com essa


mulher?

Eu não podia admitir que nem sabia o nome dela. Ela


nunca me disse, apenas se vestiu e saiu pela porta. Até
mais, falou. Foi isso. Até mais.

— Não. — Eu consegui dizer.

— Nenhum relacionamento.

— Mas esta mulher estava em controle de natalidade,


certo?

Eu passei a mão na barba.

— Bem, eu assumi que sim.

Os olhos de Helen se arregalaram.

— Oh, pelo amor de Deus. — Exclamou. Ela rabiscou


furiosamente o formulário de exame de sangue.

— Estou acostumada a falar com garotos de dezoito


anos sobre isso, não com homens de vinte e nove anos.

Fechei meus olhos brevemente, desejando que o inferno


se abrisse e me engolisse agora.
— Você não tem que me ensinar.

— Aparentemente eu tenho. — Ela arrancou o


formulário com um rápido puxão e entregou para mim.

— Aceite isso. — Falou.

— E ore. Além disso, entre em contato com essa mulher


e peça um histórico médico. Peça a ela para fazer um teste de
gravidez em três a quatro semanas.

Certo. Eu ia ligar para a companhia de programas de


strip e pedir o número de sua loira mais gostosa, para o caso
de eu ter engravidado ela há dois dias.

— Tudo bem. — Concordei para tirar Helen das minhas


costas. Deslizei para fora da mesa e coloquei minha perna de
volta, então meu jeans.

Quando eu amarrei meus sapatos, ela vasculhou o


armário de medicamentos de seu consultório e se virou para
mim.

— E, pelo amor de Deus, pegue isso. — Insistiu,


entregando-me dois grandes punhados de camisinhas.

— E use-os.

— Jesus, Helen. — Falei, olhando para as dezenas de


preservativos em suas mãos.

— Que diabos? Eu não sairei em turnê com uma banda


punk.

— Basta levá-los. — Falou, empurrando-os para


mim. Eu os peguei e os empurrei nos bolsos, os pacotes de
plástico deslizando juntos, tentando escapar novamente.
— Isso durará até os meus noventa anos. —
Resmunguei, colocando-os mais fundo nos meus bolsos.

— Bom. Agora saia daqui, Casanova, e faça seu exame


de sangue.

Uma hora depois, estava no mercado pagando minhas


compras. Eu tinha ido quase sem pensar, mesmo que este
mercado fosse uma merda, um pouco sujo e
deprimente. Força do hábito. Cinco milhões de dólares no
banco, e eu ainda ia para os mesmos lugares antigos.

Tirei minha carteira do bolso, a caixa entediado


olhando, e uma cascata de preservativos caiu no chão.

Bem, isso foi ótimo.

A caixa, uma garota de cerca de dezenove anos, não


conseguiu reprimir um risinho. A mulher atrás de mim na fila
não estava tão divertida. Ela carregava um menino de dois
anos, que cantava e estendia as mãos, tentando descer para
poder investigar os preservativos no chão. A mulher me deu
um olhar que dizia que eu estava praticamente em sua lista
negra.

Eu me abaixei e peguei os preservativos, empurrando-os


em meus bolsos de novo, minha perna doeu quando desci no
chão e depois voltei. A caixa ainda sorria quando ela me
entregou o troco.

— Nossa, você é popular, hein? — Falou.


Eu não respondi. Eu só peguei minha sacola de
mantimentos e saí, mancando um pouco. Eu estava
feito. Este dia foi perfeito. Não tinha mais nada para dizer.

No assento do motorista do meu carro, belisquei a ponta


do meu nariz, tentando me recompor.

— Você é um idiota. — Falei a mim mesmo. Pareceu


incrível para mim agora que a loira mais sexy que já vi tinha
entrado no meu apartamento dois dias atrás. Que ela fez um
strip para mim. Olhou para mim. Me tocou. Me beijou. Que
ela praticamente me implorou para transar com ela, e quando
transei ... quando transei, foi alguma coisa. Não fora estranho
ou fora de sincronia. Ela se encaixou contra mim como se
fôssemos duas peças de um quebra-cabeça, e ela gozou tão
forte que eu senti isso. Foi perfeito.

Agora, parecia que nunca tinha realmente acontecido.

Passei a mão pelo cabelo e voltei para Shady Oaks. Meu


complexo de apartamentos datava dos anos 60 e foi
construído como um motel da velha escola, um prédio baixo
circulando um pátio central, as escadas e os corredores
abertos para o céu em vez de fechados. No centro havia uma
piscina seca que ninguém usava havia décadas, agora cheia
de terra e folhas. Estava longe do centro da cidade, e era
barato. Meus vizinhos eram na maior parte sujos e algum
tipo de criminosos de baixo nível, mas isso estava bem para
mim. Isso significava que ninguém nunca se preocupou em
ser vizinho. Devon havia passado seu apartamento para mim
quando se mudou para sua casa grande em Diablo, e agora o
lugar era meu.

Subi as escadas, minha sacola de compras penduradas


na curva do meu braço e desci o corredor aberto até a minha
porta. Já era de tarde, o sol forte piscando por trás das
nuvens em movimento. Eu levantei meu olhar e parei.

A loira estava em pé na frente da minha porta. Ela


estava vestida de maneira diferente dessa vez jeans, uma
camiseta por baixo de um cardigã cinza. Ela trocou os saltos
agulha por chinelos. Seus braços estavam cruzados sobre o
peito enquanto ela me observava.

Eu parei por um segundo, observando em estado de


choque, e então comecei a andar de novo. Seu olhar desceu
sobre mim, percebendo meu mancar. Eu sempre ficava assim
quando minha perna ficava cansada.

Cheguei mais perto e olhei para ela. Ela levantou os


olhos para os meus e eu vi que ela não tinha maquiagem,
nem um traço. Seu cabelo, que estava logo após a altura dos
ombros, não tinha nenhum spray de cabelo, e soprava
suavemente na brisa. Na luz do sol, completamente nua de
maquiagem, seu rosto era ainda mais bonito do que antes.

— Oi. — Cumprimentei.

— Oi. — Ela mordeu o lábio.

— Eu preciso falar com você.

Eu pisquei. Eu não podia imaginar o que ela tinha para


falar comigo, mas então me lembrei de Helen e seu sermão.
— Eu preciso falar com você também.

Ela encolheu os ombros.

— OK.

Eu coloquei minha chave na minha porta e a deixei


entrar, então caminhei até a cozinha para guardar minhas
compras. Eu me virei para encontrá-la em pé no meio do meu
apartamento, seus dedos enganchados nos bolsos de seus
jeans, olhando em volta como se ela nunca tivesse visto o
lugar antes.

— Você tem muitos livros aqui. — Observou ela.

Eu bufei uma risada.

— Você não notou a última vez?

— Eu acho que não. — Ela girou lentamente, olhando


em volta, e era tudo que eu podia fazer para não a
questionar, perguntar o que exatamente ela viu. Meu lugar
parecia patético para ela? Como o apartamento de um cara
que morava sozinho e nunca transava?

Eu bati meus mantimentos um pouco mais forte no


balcão, porque estava nervoso, e ela pulou. Decidindo que era
melhor talvez não a assustar, eu diminuí a velocidade. Virei
as costas e discretamente esvaziei meus bolsos dos malditos
preservativos, jogando-os na gaveta de talheres. Então me
obriguei a caminhar calmamente para o outro lado do balcão
e me apoiar nele, observando-a.

— Sobre o que você quer falar comigo? — Perguntei a


ela.
De repente, ela pareceu incerta. Eu nunca vi uma
mulher mais sexy. Isso saiu dela como um perfume, estava
em todos os modos que seu corpo se movia. Mesmo que ela
não estivesse dançando, apesar de estar com uma camiseta e
um suéter largo, suas longas pernas envoltas em jeans
desgastados, e chinelos, ela era ridiculamente, naturalmente
sexy. Eu não tinha ideia do que diabos ela fazia aqui.

Ela não respondeu à minha pergunta, então falei.

— Já que você já me conhece pelo nome, por que você


não começa me dizendo o seu nome?

Ela ergueu o queixo e seu olhar bateu no meu.

— É Gwen. E vim lhe dizer que não sou uma puta.


GWEN
As palavras apenas ficaram lá,
como se pudéssemos vê-las. Eu não sou uma puta. Bem, foda-
se. Eu não sou. E por alguma razão que não consegui
descobrir, era importante para mim que ele soubesse.

O cara. Max, seu nome era Max, parecia genuinamente


surpreso com isso, então sua testa franziu.

— Tudo bem. Eu nunca disse que você era.

Eu revirei meus olhos.

— Só estou deixando claro, ok? Eu sei o que faço para


viver, o que parece. O que parecia quando eu estava ... aqui.
— Eu soltei um suspiro.

— Você pode pensar que eu faço isso o tempo todo. Mas


eu não faço, ok? Eu nunca fiz nada parecido antes.

Ele cruzou os braços sobre o peito, e o movimento fez


seu bíceps parecer algo que você colocaria em um pornô feito
apenas para mulheres. Ele olhava para mim, não com
julgamento, mas com uma espécie de leve curiosidade.

—Eu não achei que você fosse uma puta. Eu não acho
que você faz isso o tempo todo.

— Não? — Eu zombei.
— O que você achou que eu era então? Uma stripper
que aparece e fode seu cliente? — Eu usei as palavras
afiadas, dolorosas, porque é o que eu faço. Eu trago a dor
antes que alguém possa trazê-la para mim.

Mas Max apenas encolheu os ombros grandes e


quentes.

— Eu só pensei que você fosse uma mulher que queria


ser fodida. — Sua voz áspera.

— E você não fodeu um cliente, a propósito. Alguém te


contratou, mas com certeza não fui eu.

Ouvi a maior parte das palavras de sua boca e sua voz


me deu um arrepio. Baixo, áspero. Eu apenas pensei que você
fosse uma mulher que queria ser fodida. Ele tinha uma voz
feita para dizer palavras como essa.

Eu tentei não olhar para ele com curiosidade. Seu lugar


era arrumado e limpo, mas era obviamente o apartamento de
um cara que morava sozinho e não saía muito: uma TV, todos
aqueles livros, um conjunto de pesos de mão em um canto,
um laptop e uma cozinha que estava obviamente
abastecida. Eu não via nenhum sinal de mulher em lugar
algum, nada de tigelas decorativas, pinturas bonitas ou
roupas de lado e odiava o quanto eu queria saber se meu
palpite estava certo.

— Bem, não se preocupe. — Esclareci, mantendo meu


olhar longe do sofá, onde ele me inclinou com aquele grande
corpo e praticamente me fez gritar.
— Eu só tive uma fraqueza, isso é tudo. Algo de uma só
vez. Eu posso fazer sexo sempre que quiser.

Ele parecia um pouco alarmado.

— Você não tem namorado, não é?

— Deus! Não. — Afirmei.

— Hum. Você tem uma namorada? — Se você não me


responder, eu juro por Deus que procurarei em seu banheiro
por seus absorventes internos.

— Merda, não. Eu achei que você poderia adivinhar isso


pela maneira que eu praticamente pulei em você.

Agora minhas bochechas estavam quentes. Essas foram


as duas primeiras vergonhas de hoje: Procurar um homem
porque eu estava preocupada com o que ele pensava de mim
e ficar envergonhada de falar sobre sexo.

— Eu não me importei. — Admiti, eufemismo do ano.

Ele passou a mão pelo rosto, alisou a barba e passou a


mão pelos cabelos.

— Ok. — Disse ele, evitando o meu olhar.

— Eu tenho uma pergunta para você. Você está


tomando pílula?

Mais uma vez, as palavras ficaram ali, junto com a ideia


daquele homem enorme me engravidando. Santo inferno. Mas
claro, ele não sabia.

— Não só SIM. — Afirmei a ele.

— Mas o inferno sim.


Ele assentiu e seus ombros relaxaram um pouco.

— E você foi testada?

— Você quer dizer exames de sangue? — Eu coloquei


minhas mãos nos meus quadris.

— Claro. Você acha que eu te dei uma coisa?

— Gwen. Eu nem sabia seu nome até dez minutos atrás.

Eu olhei para ele, desequilibrada por como meu nome


soou em sua boca, e então eu respondi.

— Bem, eu não tenho nada. Talvez você


tenha me dado alguma coisa.

— Eu não fiz.

— E como eu sei disso?

— Eu posso te mostrar a papelada. Eu fiz dezenas de


testes. Acabei de fazer outro hoje de manhã, se você quiser o
mais recente.

Dezenas de testes? O que isso significa? Eu notei ele


mancando quando ele desceu o corredor em direção a sua
porta. Jesus, Gwen, ele é apenas um cara que você
fodeu. Pare de ser tão curiosa.

— Ok. — Concordei, tirando minhas mãos dos meus


quadris.

— Tenho certeza que está bem. Apenas ... deixe-me


saber os resultados.
— Você quer me dar o seu número? — Ele
perguntou. Quando meu olhar voou para o dele, observei sua
expressão se fechar, ficar cuidadosamente vazia.

— Eu não incomodarei você.

E me ocorreu: ele era tímido. Era o motivo da grosseria e


o rosnado. Ele era grande, era quente e inteligente, mas a
timidez estava praticamente incapacitando-o. Eu tirava
minhas roupas para ganhar a vida e gostava de homens
ousados e confiantes, homens que eu gostava de controlar, de
reduzir o tamanho. Eu nunca quis um homem como Max,
mas eu já tinha fodido ele, o que eu fiz a maioria dos homens
com quem eu namorei esperar meses. Max Reilly era tímido,
mas não quando tinha o pau dele em mim.

Não, eu normalmente não gostava de homens como o


Max. Mas agora eu fiz. E eu poderia ter qualquer homem que
eu quisesse, certo?

Eu peguei o telefone em meu bolso e me aproximei dele


o suficiente para olhar em seus olhos.

— Eu te darei o meu número com uma condição. — Eu


falei.

Agora havia cautela atrás de sua expressão vazia, como


se eu fosse fazer um teste.

— Qual condição?

— Você usar para me convidar para sair.


Eu esperei. A maioria dos homens ficaria muito feliz
com essa condição. Eu recusava caras o tempo
todo. Todo. O. Tempo.

Mas Max apenas olhou para mim com aqueles olhos


escuros e sentenciou.

— Não.

Eu senti minhas sobrancelhas subirem.

— Não?

— Não. — Ele repetiu de novo, e quando ele viu o olhar


no meu rosto, ele falou.

— Isso não é uma boa ideia.

Eu serei honesta, levei um segundo para processar


isso. Talvez isso me faça parecer uma idiota, mas eu era uma
stripper loira com um corpo absolutamente perfeito, muito
obrigada, e esse cara dizia não com um tom meio
arrependido, como se ele estivesse me decepcionando
facilmente.

— Por que não é uma boa ideia? — Perguntei.

Eu pensei que talvez ele resmungasse alguma coisa,


tentasse se livrar de mim, mas ao invés disso ele olhou para o
teto por um segundo, juntando suas palavras. Então ele
olhou para mim e franziu o cenho.

— Porque um encontro leva a mais sexo.

Agora meu queixo caiu de verdade.

— Você não quer fazer sexo comigo de novo?


Ele fez uma careta mais forte, como se eu tivesse dito
algo louco.

— Claro que sim, pelo amor de Deus. É só que é uma


má ideia.

Eu cruzei meus braços sobre meus seios.

— Você não sai muito, não é? — Eu perguntei a ele.

Ele não respondeu, o que significava não.

— É assim que funciona. — Falei como se ele tivesse


respondido.

— Você está solteiro. Eu estou solteira. Nós dois somos


livres e nenhum de nós é gay. Eu estou tomando pílula e nós
estabelecemos que não temos nenhuma doença. Então
saímos em um encontro. Nós tomamos algumas bebidas. Nós
conversamos, ou algo assim, e quando você me leva para
casa, eu lhe dou um boquete. Veja? Simples.

— Oh, meu Deus. — Suspirou ele. Ele olhou para o teto


novamente, e percebi que o tinha excitado. Sim, sim. Eu
deixei cair meu olhar pelo corpo dele enquanto ele não
olhava, observando aquele peito, aquele estômago, aqueles
jeans desgastados e sensuais. Eu joguei as palavras para
fora, mas agora que elas foram ditas eu percebi que
queria. Mau. Eu estava literalmente tentando entrar nas
calças deste homem. O que estava errado comigo?

Max estendeu sua mão e pegou meu celular da minha


mão.
— Me dê isso. — Ele exigiu, breve. Sim, eu
definitivamente o excitava. Ele abriu o aplicativo de
mensagens de texto e mandou uma mensagem para que ele
tivesse o meu número.

— Não haverá encontro. — Resmungou rabugento.

— E definitivamente não haverá boquete. Estamos


entendidos?

— Por que não? — Eu perguntei docemente. Eu gostei


dele irritadiço, excitado; era divertido. Eu bati meus cílios.

— Eu sou muito boa.

Ele fez um som de dor e empurrou meu telefone de volta


para mim. — Confie em mim, você não quer qualquer parte
de mim.

Era como se ele estivesse deixando essas aberturas de


propósito; de jeito nenhum eu deixaria passar.

— Só uma parte de você. — Eu completei, levantando


um dedo e dando-lhe um sorriso sexy.

— Isso é tudo que eu peço.

Ele balançou sua cabeça.

— Juro por Deus.

— O que é preciso para se livrar de você?

— Diga-me a verdade. Não é porque eu não sou quente,


e não é porque você não gosta de mim. Então por que?

Ele piscou, e parecia que ele tomou uma decisão.


— Você realmente quer saber? — Ele perguntou, e
quando eu assenti, disse.

— Tudo bem.

Ele estendeu a mão e soltou seu cinto. Senti meus olhos


se arregalarem quando ele abriu a calça jeans e os largou,
bem na minha frente, deixando-os se acumularem no chão a
seus pés.

Eu olhei. Ele vestia bermuda azul-marinho, mas não era


isso que eu olhava. Meu olhar viajou para baixo, onde sua
perna direita terminava abaixo do joelho, e o resto de sua
canela e seu pé era uma prótese de metal. A perna, a
verdadeira, estava retorcida de cicatrizes, cicatrizes antigas,
mas tão profundas que parecia que um tubarão havia
mordido sua carne há muito tempo. Meu primeiro
pensamento foi, meu Deus, deve ter doído muito.

Levantei meu olhar de volta para o rosto dele. Sua


expressão estava em branco, cuidadosamente composta, a
expressão que significava que isso estava praticamente
matando-o.

— O que aconteceu?

— O Afeganistão aconteceu. — Com a voz despojada de


qualquer emoção. Ele me observou com firmeza e não deu
nada.

— Um IED aconteceu. Eu cheguei em casa com isso e


com um caso de TEPT que quase me matou. Você consegue
ver agora?
MAX
— Isso parece uma reação
bastante extrema. — Comentou, meu conselheiro.

— Descer as calças para uma mulher que você mal


conhece.

— Eu acho. — Falei, olhando atentamente para a


parede.

— Parecia a coisa certa a fazer naquela hora.

Estávamos em seu escritório, uma sala pequena e


abafada em um prédio médico no meio do deserto de São
Francisco, longe dos bondes e das belas casas
vitorianas. Como Shady Oaks, esse era o tipo de lugar que os
turistas nunca viam, cheio de construções industriais feias,
apartamentos baratos e ocasionais lotes vagos. O nome do
meu terapeuta era Dr. Weldman. Ele era um homem negro de
cerca de cinquenta anos, com óculos de aros escuros e um
comportamento que era muito calmo, o que foi útil durante
as muitas vezes em que eu tinha desmoronado.

Mas eu estava calmo hoje. Eu estava em uma cadeira


desconfortável que era pequena demais para mim. Eu tinha
virado para não estar de frente para o médico, mas podia
olhar para a parede, o que era mais fácil quando você falava
sobre coisas embaraçosas. O Dr. Weldman nunca se
importou quando eu virei a cadeira. Ele provavelmente não
queria me olhar também.

— Ainda assim. — Ele falou, seguindo o assunto de


Gwen e meu fodido encontro com ela no meu apartamento
dois dias atrás.

— Não é o seu comportamento habitual, mesmo sob


estresse.

— Ela queria sair comigo. — Eu expliquei.

— Ela precisava saber toda a merda que está errada


comigo primeiro. Eu fiz um favor a ela.

— Ou talvez você estivesse querendo assustá-la.

Eu virei minha cabeça e dei-lhe um breve olhar.

— Eu contava que a assustaria.

Ele assentiu. Eles sempre assentiam como se já


esperassem tudo o que você falava, esses terapeutas. Eu me
acostumei com isso há muito tempo.

— E por que você acha isso? — Ele perguntou.

Eu olhei para a parede novamente.

— Como falei, eu fiz um favor a ela. — Ela


provavelmente não deveria ter nada a ver comigo.

— Porque você acredita que não é digno dela?


Deve ser uma ideia estúpida. Ela era uma stripper,
quem não era digno de uma stripper? Mas não foi uma ideia
estúpida. Em absoluto.

— Eu não sei sobre dignidade. — Eu explodi.

— Eu só sei que sou uma porra de uma bagunça.

— Você não está tão ruim quanto costumava estar. —


Apontou Weldman suavemente.

— E você estará ainda melhor se continuar voltando


para me ver regularmente.

— Sim, bem, verei o que posso fazer. Talvez eu possa


limpar minha agenda ocupada.

Como Helen, o Dr. Weldman estava acostumado com


meus modos irritados e eles nunca pareciam afetá-lo.

— Você disse que voltou às suas sessões porque recebeu


algum dinheiro. Me fale sobre isso.

O dinheiro. Eu não queria falar sobre o dinheiro. Isso ia


me deixar doente de novo. Mas merda, foi por isso que eu
estava aqui, certo?

— Meu amigo Devon herdou muito dinheiro.

O Dr. Weldman assentiu. Ele sabia tudo sobre Devon,


desde que ele sabia da minha história de vida, e eu conhecia
Devon desde que eu tinha seis anos.

— Eu entendo que ele compartilhou um pouco de sua


boa sorte com você?

Eu me fiz dizer as palavras.


— Ele compartilhou cinco milhões de sua boa sorte
comigo.

Houve uma pausa e me perguntei se o surpreendi. Ele


não deixou transparecer.

— Você parece tenso quando diz isso. — Observou ele.

— Muitas pessoas ficariam contentes.

Dei de ombros.

— É mais do que eu preciso. Mais do que eu esperava.

— Então é uma mudança repentina. Entendo. O que


você disse a Devon quando ele deu a você?

— Falei a ele para se foder e levá-lo de volta. — Eu olhei


para o teto.

— Que amigo eu sou, certo?

— Eu diria que Devon vê você como um bom amigo. —


Ele respondeu, com tanta propriedade que eu queria dar um
soco na boca dele.

— Ele não daria cinco milhões de dólares a um amigo


terrível. Eu diria que ele vê algo em você que você não vê em
si mesmo.

Eu balancei a cabeça. Eu não queria saber o que Devon


viu em mim, o que alguém via em mim.

— Ele acha que eu sou um idiota. Assim como esta


mulher, especialmente desde que eu mostrei a minha perna.

— Funcionou? — Ele perguntou.

— O que funcionou?
— Assustar ela mostrando sua perna. Dizendo a ela
sobre você.

Quando ele colocou dessa maneira, parecia que Gwen e


eu tivemos uma conversa profunda.

— Ela meio que balançou a cabeça.

— E? Falou alguma coisa?

Suspirei relutantemente, juntando a memória.

— Falou que era um milagre, mas ela finalmente


encontrou alguém mais fodido do que ela.

Houve um momento de silêncio. O Dr. Weldman limpou


a garganta.

— E como isso faz você se sentir?

Eu atirei outro olhar para ele.

— Você está rindo. Você acha isso engraçado.

Seu rosto estava vazio, mas ele limpou a garganta


novamente e evitou meus olhos.

— Você tem que admitir que é uma boa resposta.

Eu afundei na minha cadeira e passei as mãos pelo meu


cabelo.

— Isso é irreal.

— Você ligará para ela? — Perguntou.

Eu olhei para ele mais uma vez.

— Você acha que eu deveria ligar para ela.


— Eu acho que você deveria fazer o que te deixa
confortável. Qualquer coisa que te faça feliz.

— É por isso que todo mundo odeia terapeutas. — Falei


a ele.

— Eles falam em círculos.

— Max, eu estou aqui para ajudá-lo com algum trauma


sério, não para lhe dar conselhos sobre sua vida amorosa. —
Ele fez uma pausa.

— Mas se você tiver relações com ela, provavelmente


deveria usar camisinha. Sua médica estava certa sobre isso.

— Eu nunca deveria ter dito a você essa merda.

— Você certamente deveria me dizer essa merda. — Ele


respondeu.

— Você deveria me contar tudo. É assim que isso


funciona.

Inclinei-me para frente, coloquei meus cotovelos sobre


os joelhos e pressionei as mãos nos meus olhos.

— Como você se sente agora? — Perguntou o Dr.


Weldman.

— Descreva.

Fechei os olhos e procurei as palavras. Eu tinha que


falar, ele me incomodaria até que eu fizesse isso.

— Eu me sinto sufocado.

— Meu peito está doendo. Minha perna dói. Eu me sinto


envergonhado pra caralho e com raiva de mim mesmo por
estar envergonhado. Eu ainda posso sentir o cheiro da loção
corporal dela. Eu quero saber o que ela pensa. Eu quero
sentar no meu apartamento e fazer o mundo todo sumir. E eu
odeio todo mundo.

— Todos?

— Absolutamente todos.

— Você costumava apenas se odiar. — Respondeu


Weldman.

— Eu chamarei isso de progresso.


GWEN
Os escritórios da Candy
Cane Incorporated ficavam logo ao lado do elevador, em um
antigo prédio de escritórios que cheirava vagamente a feijões
cozidos. Metade dos outros inquilinos foram transferidos ou
falidos. Candy Cane era apenas uma mesa de recepcionista e
um escritório atrás dela, contendo a mesa e o telefone do
dono e presidente da Candy Cane, Trent Wallace. Trent era
um idiota de trinta e cinco anos de idade, com cabelos negros
tingidos e um rosto que você imediatamente queria dar um
soco. Eu imaginei que ele tinha começado um negócio de
stripper apenas para se aproximar das garotas, mas eu
nunca perguntei a ele, já que isso significaria realmente falar
com ele quando eu não precisava.

Eu tive que falar com ele hoje, infelizmente, porque hoje


era negócio. Passei pela recepcionista, que mal olhou para
cima, já que eu era obviamente uma das garotas. Trent
sempre dava instruções de que ―suas garotas‖ poderiam
entrar em seu escritório a qualquer momento.

Ele estava sentado à sua mesa, digitando em seu


computador caro ou fingindo digitar, quem sabia? Eu não
fazia ideia do que Trent fazia o dia todo, além de nos reservar
e receber dinheiro. Talvez ele passe o resto do tempo em
fóruns de bate-papo na internet. Não me surpreenderia.

— Gwen. — Disse dando-me um sorriso.

Eu caí na única cadeira do escritório e cruzei as


pernas. Eu vestia jeans e uma camiseta da Mulher Maravilha,
um pouco apertada demais. Eu estava no clima para os caras
terem que ver a Mulher Maravilha quando eles olhavam para
as minhas tetas. Esse deveria ser seu primeiro aviso.

— Eu quero falar com você.

Ele continuou sorrindo, obviamente, não recebendo


meus sinais de perigo.

— Certo. A qualquer momento.

— Acabei de receber meu pagamento. Está faltando de


novo.

— É isso mesmo? — Ele nem sequer tentou parecer


surpreso, e eu senti uma faísca de raiva no meu estomago.

— Os últimos três pagamentos também foram menores.


E quando liguei, a recepcionista disse que era um erro e seria
compensado no próximo cheque. E, no entanto, cada cheque
fica menor e menor.

— Como você sabe que está faltando? — Ele perguntou.

— Desde que você nem apareceu naquele show de


aniversário essa semana, talvez tenha sido descontado.

Eu olhei para ele. Merda.


— Eu recebi o número do apartamento errado. — Eu
suspirei.

— Você pode procurar. O sistema tinha o número


errado.

— E quando você soube que estava errado, o que você


fez? — Perguntou Trent.

— Você ligou e perguntou qual era o número


correto? Não, você não fez. Tanto quanto eu posso dizer, você
acabou se virando e indo para casa. Você não dança, você
não é paga. Essas são as regras, Gwen.

Eu não tinha ido para casa, claro. Eu fodi o homem


errado em vez disso, algo que eu nunca fiz antes. E apesar de
ser um sexo selvagem, sujo e praticamente anônimo, o
pensamento de Trent, com o seu rosto bajulador, descobrir
sobre isso me fez mal.

— Isso não explica os outros cheques. — Eu contornei,


desviando e ficando no tópico.

— Você está pagamento menos que o combinado,


Trent. Admita.

Ele suspirou.

— Eu instituí uma prática de retenção de pagamento. É


para o bem das meninas.

Eu olhei para ele.

— Retenção de pagamento?

— Sim. Parte do salário de cada garota é retido. É feito


em uma escala móvel, então as garotas que estão em maior
demanda, e trabalham mais, têm mais retenções. — Ele
sorriu para mim.

— Pense nisso como um plano de


poupança. Completamente livre.

— Você tem que estar brincando comigo, você está


confiscando o dinheiro que eu ganhei? Você não pode fazer
isso. É ilegal.

Ele balançou sua cabeça.

— Está no contrato de emprego que você assinou.

— O inferno que está. — Isso estava ficando pior e


pior. O que diabos acontecia?

— Mas está. — Argumentou ele.

— Há uma cláusula no contrato que você assinou


quando você começou, a cláusula afirma que as alterações na
estrutura de pagamento estão a critério da administração. E
o gerenciador sou eu.

Não era verdade. Eu estava com tanta raiva que estava


praticamente vendo vermelho, e ao mesmo tempo um arrepio
de medo passava por meu estomago e pela minha
espinha. Devia pagar o aluguel hoje, e o cheque que recebi
não era suficiente para cobri-lo.

— Eu nunca concordei que você guardasse meu


dinheiro. Sob este contrato estúpido de vocês, quando eu
recebo o dinheiro?

— Isso também é a meu critério. — Trent falou


suavemente.
— No entanto, no seu caso, acho que talvez possamos
resolver algo.

Eu não gostei do som disso. De modo nenhum.

— Do que você está falando?

— Eu tenho uma festa exclusiva programada


chegando. Privada, você sabe. — Ele estudou as unhas,
abaixando o olhar pela primeira vez.

— Eu mesmo estou dando e preciso de garotas. Haverá


pessoas importantes lá que eu preciso impressionar. É uma
oportunidade para você, Gwen. Se você se sair bem,
poderemos discutir a liberação do pagamento atrasado para
você, além de um bônus.

— Espere um minuto. — Eu levei um segundo para


traduzir suas palavras de autosserviço.

— Você está dizendo que quer que eu trabalhe em uma


de suas próprias festas, e faça um show particular? — Eu
olhei para ele.

— E o que mais eu devo fazer nesta festa?

Ele manteve o olhar nas unhas e encolheu os ombros.

— Quem sabe? Haverá oportunidades para você ganhar


muito dinheiro. Vamos apenas deixar por isso.

Sexo. Ele falava sobre sexo. Meu estômago revirou.

— Não. Isso não acontecerá. Nós temos um acordo


muito simples, Trent. Eu apareço, eu faço um
show. Um show. Então eu pego meu dinheiro e vou para
casa. Eu nunca aceitei uma mudança no acordo. Eu quero
meu pagamento atrasado, e não estou fazendo nenhuma
festa para consegui-lo.

Ele finalmente olhou para cima novamente, e seu rosto


estava duro, seus olhos sem emoção. Ele encolheu os
ombros.

— Então consiga um advogado.

Eu não podia pagar um advogado com o valor que


recebia, e ele sabia disso.

— E se eu desistir?

— Então você perde o pagamento.

O que significava que meu aluguel não seria pago e eu


não tinha outras habilidades, nenhum outro trabalho.

— Então, o que você sugere que eu faça?

— Ou você faz a festa, ou você escolhe tarefas extras


para compensar o dinheiro. Tenho certeza de que Roberta na
recepção tem algumas tarefas que você pode fazer.

Isso não era fácil, porque a maioria das tarefas era à


noite, e não era possível fazer mais do que duas por
noite. Havia alguns shows diurnos, o aniversário em que eu
conheci o Max era um exemplo, mas eles eram poucos e
distantes, geralmente festas de aposentadoria, e qualquer
festa que estivesse no trabalho, durante o dia, tinha gorjetas
terríveis.

Trent sabia de tudo isso, claro. Ele me enrolava então eu


faria sua festa.
— Foda-se. — Eu falei, levantando-me. Eu precisava
sair daqui, repensar o que diabos ele acabara de fazer comigo
e o que eu poderia fazer sobre isso.

— Isso não acabou.

— Não se atrase para o time de softball que você tem às


cinco. — Ele falou quando saí pela porta.

Lá fora, entrei no meu carro e sentei, sem virar a chave,


sem me mexer, apenas olhando pelo para-brisa. Eu senti
vontade de vomitar.

Eu poderia conseguir outro emprego. A área da baía não


era pobre de clubes de strip-tease. Eu provavelmente poderia
ir para qualquer um deles e pegar alguns turnos, mas isso
significava dançar em um poste todas as noites na frente de
um público bêbado e desordeiro. Não era muito diferente do
que eu fazia agora, e ainda assim era. Nesse trabalho, eu
estabeleci meu próprio ritmo, fiz minhas próprias horas, só
trabalhei até tarde quando tive vontade. Eu era
independente, minha própria dona, fazendo o que eu queria.

Ou talvez eu estivesse me dizendo isso.

Eu tinha vinte e seis anos e a única coisa que sabia


fazer era ficar nua.

Eu esfreguei a mão no meu rosto. Eu senti como se


alguém estivesse me enfiando agulhas, eu já tinha tido
insônia por duas noites. Talvez eu tivesse que fazer a festa de
Trent. Talvez eu pudesse fazer isso sem esperar que fizesse
sexo. E loucamente, quando pensei nisso, pensei em Max
Reilly, como pensei nele mil vezes desde aquele dia em seu
apartamento.

Eu não conseguia parar de ver sua perna na minha


mente. Não consegui parar. Não porque era feio ou
horripilante, mas porque era tão ... inegável. Sua perna
estava lá, e então simplesmente não estava, e havia outra
coisa em vez disso, as cicatrizes se contorcendo em sua
pele. O que foi necessário para ele mostrar isso para mim? O
que custou a ele? O que diabos eu deveria fazer com isso?

Um IED, ele disse. Eu sabia o que era isso.

Dispositivo Explosivo Improvisado. Eu cometi o erro de


pesquisá-lo. Os resultados me deixaram chocada, enjoada,
me roubaram o sono. Era uma bomba. Uma porra de
uma bomba. E foi tão perto que tomou parte de seu
corpo. Queimado, explodiu.

Eu estava abalada só pesquisando isso, mas


ele viveu. Ainda vivia isso.

Um caso de TEPT que quase me matou.

Eu sabia o que aquilo significava. Eu sabia o que ele


estava sugerindo. Mas eu estava com muito medo de olhar
para ele de perto, não estava? Fraca demais para pensar
nisso muito fundo. Eu mantive tudo na superfície, não deixei
nada ficar muito pessoal. Enquanto pessoas como Max iam e
faziam coisas, experimentavam coisas, porque não tinham
escolha.

E meu maior problema era que meu chefe esperava sexo


por dinheiro.
Eu olhei para o meu celular. Max não me ligou. Ele
achava que eu era uma idiota? Foi por isso? Ou eu deveria
ligar para ele? Ele tomaria o caminho errado de alguma
forma, como pena? Não foi pena. Meus hormônios não se
importavam com a perna dele. Eu ainda queria pular
nele. Isso era estranho? Ele acharia estranho?

Enquanto eu sentava lá, pensando e analisando, meu


telefone tocou. Eu pulei, mas era minha irmã, Olivia. Eu
tentei relaxar meu queixo, meu pescoço, que era uma
maneira de tirar a tensão da minha voz.

— Ei, mana.

— Ei. — Ela cumprimentou.

— Você está bem?

Sua irmã sensitiva estava em boa forma.

— Bem. Apenas, você sabe, tive que falar com Trent.

— Ai credo. Você se desinfetou?

— Estou fazendo.

— Boa. O que você fará na sexta à noite?

Eu tentei não respirar em alívio. Eu não podia falar


sobre a coisa com Trent agora. Olivia me apoiava, mas eu
sabia que ela odiava o fato de que eu trabalhava como
stripper e minha mãe concordou. Ambos desejavam que eu
tivesse desistido há muito tempo, ou nunca tivesse aceitado o
trabalho, e eu sempre zombava de suas preocupações. Era
humilhante ter que admitir que elas estavam certas.
Quanto ao convite, eu costumava ir beber com minha
irmã, mas não desde que ela se apaixonou por Devon Wilder,
o Sr. Bilionário rico e quente, e mudou-se para sua casa em
Diablo.

— Eu não farei nada na sexta à noite. Está tudo bem?

— Devon e eu queremos levá-la ao o teatro.

Eu pisquei.

— Uma peça?

— Macbeth. — Explicou ela.

— Há uma grande produção no centro da cidade. Devon


recebeu um camarote.

— É? — Eu chamei a minha imagem mental de Devon


Wilder. Eu o vi algumas vezes. Ele fora um criminoso antes
de passar dois anos na prisão e herdar a fortuna de seu avô
desconhecido enquanto ele estava preso. Mesmo agora, tão
subitamente rico quanto ele era, costumava usar jeans e
camisetas, e tinha uma tatuagem nas costas da mão que
dizia. Não há tempo.

— Eu não sabia que Devon era, hum, um cara de teatro.

— Ele não é. — Minha irmã falou alegremente.

— Mas ele está disposto a tentar. Nós queríamos fazer


algo divertido. E nós queríamos que você viesse.

Agora eu entendi. De nós duas, eu era a artista,


enquanto Olivia era a tímida. Eu passei um ano na escola de
atuação antes de desistir. Eu nunca seria uma atriz, mas
Olivia sabia que era algo que eu estava interessada, e ela
tentava pensar em algo que eu gostaria de fazer.

Em suma, isso era sobre mim. Ou, mais provavelmente,


sobre mim e Devon. Olivia queria que fôssemos amigos. Não
que nós não fossemos. Nós éramos estranhos, mais ou
menos. Eu estava cautelosa com ele, porque ele tinha o poder
de quebrar completamente o coração da minha irmã, e não
havia nada que eu pudesse fazer sobre isso. Ele parecia
igualmente cauteloso comigo, provavelmente porque eu fora a
pessoa mais próxima da vida de Olivia antes de ele aparecer.

Suspirei.

— Liv, você não precisa fazer isso.

— O que? Eu não estou fazendo nada. Vai ser divertido.

— Me aproximar de Devon. Nós ficaremos bem. Quero


dizer, ele pode me bater, então o que eu farei?

— Gwen, ele se ofereceu para sentar em uma cadeira de


teatro. Por três horas. Por você.

Não, eu quase a corrigi, por você. Eu belisquei a ponta


do meu nariz. Eu não deveria discutir isso. Olivia estava feliz.

Incrivelmente feliz. Ela era minha irmã e nós éramos


próximas. Se ela quisesse que eu fosse a Macbeth e fosse uma
terceira roda, enquanto me lembrava de como era solteira e
infeliz, poderia fazê-lo.

Além disso, a produção provavelmente seria muito boa.

— Tudo bem. — Eu falei, pensando no meu salário


patético.
— Enquanto ele está pagando.

Olivia riu.

— Ele está pagando.

— E eu quero. — Eu tentei pensar em algo que tornaria


um pouco menos fácil para ele.

— Eu quero uma limusine para me pegar.

— Feito.

— E eu quero que ele me leve para fazer ligação direta3


em carros, ou o que for que ex-presidiários fazem, em algum
outro momento, então ele não achará que tem que fazer essa
porcaria o tempo todo para me impressionar.

Ela estava rindo de novo, um som verdadeiramente feliz


que fez meu estômago revirar.

— Ok, tudo bem, ligação direta em carros ou algo


assim. Entendi.

— Sexta à noite, então.

Eu desliguei e sentei no silêncio do meu carro


novamente. Eu me senti um pouco melhor, mas não muito. Ia
ser uma noite agradável. Mas eu ia ficar sozinha.

Eu sempre preferi ficar sozinha. Eu namorava, mas não


tinha nenhum relacionamento de longo prazo, nenhum
homem com quem eu estivesse particularmente
comprometida. Sempre foi de uma certa maneira: o homem
me perseguia. Eu dizia não; o homem continuava
perseguindo; eu finalmente cedia com as condições; se o
3
Ligar um carro sem as chaves.
homem preenchesse certas condições, eu o namoraria por um
tempo, eventualmente incluindo sexo, até que eu estivesse
cansada dele. Então eu iria abandoná-lo e repetir com outro.

Essa era a maneira que eu sempre preferia. E eu olhei


para o estacionamento do lado de fora do meu para-brisa e
tive a percepção súbita e profunda de que, como o resto da
minha vida, era completamente horrível. Torcida e solitária,
dolorosa e um pouco doente. Eu queria voltar para a minha
vida e apagá-la, apagar tudo, esfregar tudo com alvejante.

Meu telefone tocou de novo, e desta vez meu peito ficou


apertado, minha garganta apertou. Era Max Reilly.

Minha voz saiu sem fôlego quando respondi, embora não


tivesse a intenção.

— Ei.

Sua voz era seu habitual rosnado irritante.

— Gwen?

— Sim, Max?

Ele parou por um segundo, provavelmente surpreso com


quão animada eu soava, e então ele disse.

— Tudo bem. Tomarei uma cerveja mais tarde esta


noite. Se você quiser vir.

Minha boca caiu aberta. Eu esqueci meus problemas


por um minuto e lembrei que ele era
completamente adorável.

— Você está me convidando para um encontro? — Eu


perguntei docemente.
— Não é um encontro. — Esclareceu ele.

— Certo. Porque você não quer um boquete.

— Jesus. Eu ... — Ele fez uma pausa e eu o deixei ir.

— Porra. Eu estarei lá, se você quiser vir ou não. É isso


que eu estou dizendo. É o lugar que eu costumo ir.

Agora eu estava intrigada. Eu queria saber tudo sobre a


vida de Max Reilly, começando onde ele normalmente
frequentava.

— Tudo bem. — Eu concordei.

— Talvez eu vá. — Eu torci uma mecha de cabelo sobre


o meu dedo.

— O que eu devo vestir?

— Roupas, Gwen. Pelo amor de Deus, use


roupas. Muitas delas. Tem caras lá.

— Caras? Senhor. O que eu farei?

— Você tomará uma cerveja comigo. — Ele esclareceu,


como se isso fosse uma questão séria. E então ele
acrescentou.

— Se você quiser.

Eu apenas olhei para fora do para-brisa do meu carro


estacionado, pensando em como ele conseguiu me fazer
desmaiar com absolutamente nenhuma intenção de fazê-lo.

— Gwen? — Ele parecia preocupado, como se pensasse


que ele me irritou.
— Diga-me onde é este bar. — Eu pedi, e quando ele
respondeu, falei.

— Eu nunca fui a esse bairro. Eu nunca ouvi falar


disso.

— Isso é porque é um bairro de merda. — Respondeu


ele.

— Então, sim, use roupas.

— Uma cerveja com Max Reilly, que não quer um


encontro, em um bairro de merda. Que garota poderia dizer
não?

Ele fez uma pausa.

— Merda. Eu sou péssimo nisso, não é?

Eu verifiquei a hora.

— Estarei lá às sete. — Concordei, e desliguei.

Isso mostraria a ele.

Ele não precisava saber que eu sorria.


MAX
Eu não estava mentindo –
O Edison's Bar ficava em um bairro de merda, o que o sul de
San Francisco tinha muito. Mesmo que tivesse uma vista da
baía, era em uma rua miserável, forrada com lojas de fumo e
lavanderias, com vista para um píer de concreto desolado e
as águas frias e agitadas. Nenhum turista jamais chegaria a
uma milha daquele lugar.

Gwen não estava lá quando cheguei, cheguei cedo. Era


melhor se eu chegasse lá primeiro; eu não tinha ideia do que
os clientes de Edison fariam se vissem uma mulher como
Gwen entrar sozinha. Provavelmente ficariam silenciosos e
sufocariam sobre litros de bebida enquanto tentavam criar
coragem para falar com ela, mas você nunca sabe.

Eu usava jeans, um suéter preto para afastar o ar frio


da noite e botas pretas. Gostava muito mais do clima de São
Francisco do que de Los Angeles, porque aqui é mais
frio. Quando eu usava jeans e botas, ninguém conseguia
identificar minha perna, a menos que fosse um dia ruim e eu
estivesse mancando. De jeito nenhum eu voltaria para um
lugar onde as pessoas usavam shorts e sandálias o tempo
todo. Alguns caras com pernas como a minha não tinham
problema em usar shorts, mas eu não era um deles. Eu
sempre parecia o cara mais friento da cidade.

Eu balancei a cabeça para o barman, Jason Edison, o


filho do dono e encontrei um assento em uma cabine de
canto. Havia um punhado de caras aqui hoje à noite, um
velho lendo um jornal impresso através dos seus óculos
virando lentamente as páginas com a mão coberta de
cicatrizes antigas, alguns deles sentados no bar assistindo ao
jogo dos Giants, outros apenas sentados, bebendo, olhando
para o nada. Eles acenaram para mim e eu balancei a
cabeça, nós éramos todos regulares.

Pedi uma cerveja e puxei meu telefone para que eu


tivesse algo para olhar enquanto esperava. Se eu levasse bolo,
o que parecia provável, já que minhas habilidades com
mulheres, especialmente Gwen, eram inexistentes, pelo
menos ninguém saberia. Eu venho aqui pelo menos uma vez
por semana apenas para sair do meu apartamento e olhar
para quatro paredes diferentes para variar. Os outros caras
aqui me entendiam, e os donos não se importavam que eu
nunca bebesse muito.

Ela não ligou ou mandou uma mensagem. Havia um e-


mail da empresa de construção em que trabalhava,
perguntando se estaria disponível para alguns turnos na
próxima semana. Eu olhei para ele, pensando sobre isso.

Parecia tempo perdido. Devon tinha me dado cinco


milhões de dólares e eu não tinha que trabalhar novamente
até que eu escolhesse o que fazer. Se eu investisse, poderia
durar o resto da minha vida. Mas o que diabos eu faria
então? Eu não era um cara talhado para viver uma vida de
lazer. Nos fuzileiros navais, cada minuto do nosso dia era
estruturado, até mesmo os minutos em que você estivesse
dormindo ou sentado entediado, esperando que algo
acontecesse. Você sempre tinha um lugar onde deveria estar.

E então eu me machuquei e houve um longo período


com cirurgias e recuperações. Trabalhei o máximo que pude
no Bad Time, quando fazia terapia física e mental, porque
tinha dívidas do meu pai para pagar e as minhas próprias
dívidas. Eu trabalhei a cada minuto que estava na posição
vertical, pegando qualquer trabalho, tentando pagar do meu
jeito.

E agora eu não precisava fazer isso. Eu não precisava


trabalhar com meia perna e ficar acordado toda noite me
preocupando com dinheiro. Papai estava morto, Devon me
dera dinheiro e minha vida inteira mudou. Foi incrível, Devon
foi incrível. Meu coração acelerou, meu sangue batendo nos
meus ouvidos. Eu senti suor entre minhas omoplatas, úmida
e fria.

Como fiz algumas vezes quando tive esses ataques,


imaginei o Dr. Weldman, ouvi sua voz na minha cabeça. O
que você está sentindo agora? Descreva-o.

— Medo. — Falei a ele.

— Estou sentindo medo.

Aqui está a coisa sobre PTSD: é o medo que seu cérebro


foi treinado para sentir, e você não pode desligá-lo. Em
combate, você está sempre pronto. Você vê uma possível
ameaça em todas as direções. Quando você chega em casa,
seu cérebro continua. Você não pode simplesmente deixar
isso para trás, porque o seu cérebro tem o sinal de que você
está prestes a morrer. Mesmo quando você está na fila do
banco ou tentando recordar onde você estacionou seu
carro. Quatro anos de tratamento me fizeram melhor do que
eu costumava ser, mas ainda podia me surpreender, me
deixar de joelhos. Eu imaginei meu lugar feliz, o caminho no
bosque de outono, enquanto o suor irrompeu em mim e
minha visão embaçou.

Houve um silêncio sussurrado no bar. Eu olhei para


cima e vi Gwen andando na minha direção.

Ela vestia jeans e sandálias de tiras. Ela estava com um


top branco feito de material fluido que era justo o suficiente
sobre seus seios incríveis antes de cair modestamente para
baixo. Seu cabelo loiro estava solto e ela só tinha um pouco
de maquiagem. Todos os homens do Edison's Bar pareciam
discretos.

Ela sentou-se à minha frente na cabine. Ela usava gloss,


e eu tive o súbito desejo de prová-lo, lamber cada pontinho de
sua boca. Com esse pensamento, senti meu pânico girar
como água pelo ralo. Mas não foi embora, então tudo que
consegui dizer foi.

— Se você não tivesse que trabalhar mais, o que você


faria?
Se a minha conversa inicial a surpreendeu, ela não
demonstrou. Ela apenas piscou para mim e me deu um olhar
com aqueles olhos azuis sexy, de cílios escuros.

— Max. — Suspirou.

— Hoje eu tive que me despir na frente de um time de


softball. Qual você acha que é minha resposta?

Eu me senti franzindo a testa para ela. Na minha cabeça


fodida, houve um momento em que eu tinha esquecido que
ela era uma stripper. E de repente me incomodou. Muito.

Eu me recostei no assento e tentei me segurar. Gwen


não era da minha conta. Não era da minha conta que os
caras a viam nua todos os dias. Eu a vi nua, afinal, porque
ela estava em um de seus trabalhos. Ela não estava fodendo
os homens, ela falou isso, e eu acreditei nela. Eles estavam
apenas olhando. E mesmo que ela estivesse transando com
eles, não era da minha conta.

— Você está carrancudo. — Ela apontou.

Tinha muita coisa acontecendo na minha cabeça. Mas


um pensamento louco flutuou para a superfície: eu tinha
cinco milhões de dólares. Eu poderia fazer com que Gwen não
precisasse tirar a roupa para ganhar a vida.

Eu mal a conhecia, mas eu já sabia de uma coisa: se eu


sugerisse isso a ela, ela me chutaria nas bolas.

— Desculpe. — Falei, me protegendo e tentando apagar


a expressão sem dúvida aterrorizante da minha expressão.

— Eu estava apenas pensando.


Ela ergueu as sobrancelhas, esperando que eu
continuasse, depois me incitou.

— Sobre o que?

— Parar de trabalhar. — Eu olhei para o meu telefone e


percebi que já sabia a resposta. Enquanto ela observava, eu
mandei uma mensagem para o meu capataz que eu não
estaria disponível para mais turnos, nunca mais, e pressionei
enviar.

— Na verdade, eu acabei de fazer.

Ela pareceu surpresa, então se virou e levantou a mão


para Jason atrás do bar. Normalmente era preciso um ato de
Deus para chamar a atenção de Jason, mas no minuto em
que Gwen virou a cabeça loira, ele saiu de trás do bar, foi até
nosso reservado e tomou seu pedido de bebida. Quando ele se
foi, ela se virou para mim, completamente inconsciente de
que ela perturbaria a ordem natural das coisas com uma
unha pintada.

— Continue. — Ela ordenou.

— Com o que você trabalha?

— Construção. — Havia apenas um lampejo de


expressão em seu rosto, mas eu estava acostumado com isso,
então eu percebi.

— Pare. — Falei a ela.

— Eu posso fazer o trabalho com meia perna. Eu venho


fazendo isso há anos.
Ela teve a graça de não negar isso; ela apenas deu de
ombros.

— OK. Mas você acabou de sair? Como você pode viver


sem trabalhar?

Merda. Eu não ia dizer a ela que eu tinha cinco milhões


de dólares. Ela mal me conhecia, e ela tinha acabado de
entrar em minha vida. Eu soaria como um babaca tentando
impressioná-la com dinheiro, em vez de apenas o babaca
geral que ela já pensava que eu era.

— É apenas um pensamento que tive. — Eu comentei.

— Eu posso me dar ao luxo de tirar um tempo.

Gwen estreitou os olhos para mim, nem mesmo olhando


para Jason quando ele colocou a cerveja na frente dela. Ele se
afastou, desapontado.

— Você é muito misterioso, você sabe disso? — Ela


tomou um gole de cerveja e olhou em volta.

— O que é esse lugar, afinal? É como uma caverna de


homem, literalmente.

— Eu acho que é. — Concordei. Era verdade, nunca vi


uma mulher no Edison.

— É com o que estou acostumado, suponho. —


Expliquei.

— Você deveria ver a academia que eu vou. É


basicamente cheiro de suor por todo o lugar.

— Eu acho que toda a sua vida cheira suor. — Ela


respondeu, tomando sua cerveja novamente.
— Você exala esse tipo de… cheiro de testosterona. Você
interage com mulheres reais e vivas? Em algum momento?

Eu fingi pensar sobre isso.

— A mulher atrás do balcão do posto de gasolina olhou


para mim hoje. Isso conta?

Ela vacilou na resposta olhando em meus olhos.

— Um desperdício, sim.

Eu senti a atração arqueada entre nós, minha


respiração ficou curta. O pânico se foi, e agora eu me lembrei
de como foi quando abri o vestido dela, quando ela se
esfregou no meu colo, quase se soltando. Faça isso, falou
para mim e para ir mais duro. Como se ela estivesse lendo
minha mente, sua língua saiu e lambeu seu lábio inferior
coberto por gloss.

— Para responder a sua pergunta. — Falei, limpando a


garganta.

— O dono deste lugar é um veterano. Assim também é o


filho dele, o cara que está por trás do bar. São quase todos
veteranos aqui. É por isso que eu venho.

Agora foi a vez de Gwen franzir a testa.

— Então, um monte de caras com algo em comum vem


aqui para se sentar sozinho e não conversar um com o
outro. Estou certa?

— Você não conhece muitos veteranos, não é? —


Perguntei.
— Nós não falamos sobre nada. Nunca. Nenhuma merda
importante. Uma noite sem falar é a nossa ideia de felicidade.

— Tudo bem. — Ela se inclinou para frente, do outro


lado da mesa em minha direção, abaixando a voz, ignorando
o que a pose fazia com seus seios incríveis dentro de sua
camisa.

— Desde que nenhum deles abaixe as calças para mim.


— Ela me deu um meio sorriso.

— Novamente.

Tomei um gole de cerveja.

— Eu não as baixei na primeira vez.

Ela piscou, e suas pupilas ficaram escuras quando ela


se lembrou de nós dois no meu sofá, meu pau dentro dela,
assim como eu fiz. O momento se estendeu, o ar entre nós
tão denso que eu poderia ter colocado minha língua e
provado. E nesse segundo esqueci tudo o que estava
errado. Eu só era uma cara com uma cerveja e uma mulher
sexy e louca e um pau duro em seu jeans, no limite de algo
que me excitou e não me assustou o mínimo.

Seu olhar percorreu minha garganta, meus ombros,


meu peito e tudo novamente.

— Eu gosto de você. — Ela confessou, ainda se


inclinando para frente, sua voz praticamente um sussurro.

— Devemos fazer mais sexo.

Eu enviei um olhar aguçado para o peito dela em troca,


em seguida, levantei meus olhos para os dela novamente.
— Há uma mesa de bilhar na parte de trás. — Eu vi
seus olhos se arregalarem, e então falei.

— Você quer jogar alguma partida?

— Desafiador. — Mas seus olhos brilharam e eu aprendi


uma coisa: essa mulher era competitiva.

— Você sabe que eu baterei em você, certo?

Minhas habilidades no bilhar eram medianas, mas eu


não ia contar isso a ela.

— Você pode tentar.

— Ok, homem barba. — Ela concordou, deslizando para


fora de seu assento.

— Você está no jogo.


GWEN
Ele me deixava louca. Toda vez
que eu ganhava uma partida na sinuca, ele ganhava a
próxima, então estávamos empatados. Eu não lido bem em
ficar ombro a ombro. Eu queria vencer

— Você está fazendo isso de propósito. — Falei depois


do nosso sexto jogo, quando estava três a três.

— Eu não estou. — Argumentou ele.

— Estou tentando vencer.

— Bem, tente mais. Ou menos.

Ele me deu uma olhada e voltamos a jogar de novo.

Alguns dos caras no bar entraram e saíram da sala, nos


observando. Eles não falavam muito; pareciam felizes em ser
apenas espectadores. Eu estava acostumada a ser observada
por homens, mas isso era diferente, e levei algum tempo para
perceber o porquê. Eles estavam olhando para mim, o que era
bom, mas nenhum deles olhava maliciosamente. Porque
todos eles assumiram que eu estava com o Max. Que nós
éramos um casal.

E talvez eles estivessem me observando, mas eu queria


vê-lo. Max Reilly tinha uma presença, uma maneira de se
mover, que eu nunca vi em nenhum outro homem. Ele não
era rápido ou ágil, mas ele era poderoso. Forte. Sua
caminhada era distinta, ligeiramente desalinhada, embora ele
não estivesse mancando como estivera no dia em que eu o
encontrara em frente à sua porta. Ele não se moveu muito,
assim como ele não falava muito. Quando chegou a hora de
eu dar a minha tacada, ele apenas apoiou o quadril contra a
mesa alta no canto, seus dedos tamborilando distraidamente,
e esperou.

Aquele cabelo escuro. Aquela barba escura, rente a sua


mandíbula e um pouco desalinhada. Ele tinha maçãs do
rosto salientes embaixo e uma boca bonita que me beijava do
jeito que eu gostava. Seus olhos inteligentes me observavam
com firmeza, mas não demonstravam nada.

E eu estava lentamente ficando maluca. Eu estava


nervosa, apreensiva, dolorosamente excitada. Eu queria suas
mãos em mim, mas ele não faria isso. Eu queria transar com
ele, mas não sabia exatamente como fazê-lo concordar. Eu
deveria ser sedutora? Paquera direto ou devo recuar e
esperar?

É assim que normalmente é para os caras? Eu me


perguntei enquanto o observava ao redor da mesa,
procurando por sua tacada. Acho que os entendo melhor
agora.

E naquele momento, eu esqueci de tudo. Esqueci de


Trent, do meu problema com o dinheiro, meu aluguel
atrasado e das imagens que vi quando pesquisei o IED4
no Google. Esqueci que ele não era meu tipo e que não havia
como ficarmos juntos, mesmo para um jogo de sinuca. Eu
apenas o observei e procurei sinais, como qualquer mulher
comum em um encontro faria.

Ele se inclinou para dar a tacada e eu me inclinei por


cima do ombro, tentando a abordagem direta.

— Esqueça isso, e eu dormirei com você.

Ele olhou para mim, com a testa franzida, depois olhou


para a mesa.

— Não.

E ele acertou, o bastardo.

Eu tomei uma segunda cerveja enquanto Max só tinha


bebido uma. Quando ele ganhou a sétima partida,
terminando o nosso jogo, eu tomei o último gole da minha
cerveja e abaixei meu taco.

— Tudo bem. — Concordei.

Max me observou, seu corpo subitamente parado.

— Nós terminamos? — Ele perguntou.

Dei de ombros.

— Eu admito a derrota.

— Obrigado Deus. Ele colocou seu taco no chão e


agarrou meu pulso.

4
Dispositivo explosivo improvisado, como um carro-bomba.
— Vamos.

Bem, droga, acho que no fim eu ganhei. Tentei não rir


em triunfo quando ele me levou para fora da porta.

Voltamos para o seu apartamento, que era o que eu


queria. Meu apartamento era melhor, mas era minúsculo, e
de alguma forma Max não pertencia lá. Além disso, contra
todas as probabilidades eu gostava de Shady Oaks, com seu
concreto rachado, piscina vazia e cheia de folhas, garrafas de
cerveja velhas, e inegavelmente vizinhos criminosos. Eu
gostava da casa de Max, cheia de sua personalidade, seus
livros surrados e sua camiseta jogada na parte de trás do
sofá. Eu não queria ser uma garotinha hoje à noite. Eu queria
ser dominada por ele, cercada por ele, envolta em seu cheiro
delicioso. Na cama dele.

Ele me seguiu até o apartamento e eu tirei minhas


sandálias. Eu estava incerta quando estávamos no bar, mas
agora que estávamos no lugar dele, achei que minhas
chances eram boas. Eu entendi. Eu tinha que lembrar que do
jeito que Max era, ele provavelmente nunca faria um
movimento em um lugar público.

Mas em particular ...

Eu entrei em sua cozinha, nem mesmo olhando para


ele, cada centímetro da minha pele viva com antecipação.

— Você quer alguma coisa para beber? — Eu perguntei.

— Eu acho que eu gostaria.

Ele me virou, me prendeu contra o balcão e me beijou.


Eu abri minha boca imediatamente e o mordi. Ele me
mordeu de volta, me beijando mais forte, raspando minha
pele. Ele colocou as mãos no meu queixo e pressionou meu
corpo, passei meus braços ao redor de sua cintura, sentindo
o calor e a dureza do seu peito, seu estômago, suas costas
sob minhas mãos. Nós nunca nos beijamos em pé antes, e
nossos corpos se encaixam perfeitamente, embora ele fosse
mais alto do que eu, mais musculoso. Se ele parasse o beijo,
eu seria capaz de encaixar a curva da minha bochecha bem
na pele quente e firme do seu pescoço. Se eu caísse de
joelhos, seria a altura perfeita para chupa-lo.

Ele baixou a boca para a pele macia debaixo da minha


orelha, beijou meu pescoço, e fez uma pausa.

— Porra. — Ele amaldiçoou, sua respiração quente na


minha pele.

Movi minhas mãos para o seu peito, levantei seu suéter


preto e a camiseta por baixo. Deslizei as palmas das mãos
sobre o seu abdômen reto e perfeito, lentamente passei as
unhas através da linha de pelos sob o umbigo.

— Você está nervoso? Eu perguntei a ele.

— Nós já fizemos isso.

Mas eu estava mentindo e nós dois sabíamos disso. Nós


não tínhamos feito isso, não exatamente. Nós tínhamos
fodido, e isso parecia muito, mas não era tudo. Estava
distante de tudo que eu queria.

Agora eu queria tudo. Tudo que eu conseguisse.


Ele levantou a cabeça e me beijou novamente, desta vez
lentamente, deslizando a língua ao longo do interior do meu
lábio inferior, explorando-me enquanto ele embalava minha
cabeça. Ele ainda estava me prendendo ao balcão, e eu podia
sentir seu calor através das roupas, sentir a forma tentadora
e a dureza de seu pênis em seus jeans. Eu já estava
molhada. E gemi baixinho em sua boca.

Ele se afastou e algo brilhou em sua expressão, algo que


parecia um pouco com dúvida.

— Eu deveria ... — Ele olhou para longe de mim, franziu


a testa para si mesmo.

— Espere um segundo.

Ele me deixou e eu o ouvi caminhar até o sofá e sentar-


se. Eu me virei para vê-lo se abaixando, tirando as botas.

Ele ficou pensativo e distante. Eu vi. Era algo a ver com


a sua perna, ele estava desconfortável com a situação e
queria permanecer com suas botas. Ele não queria que eu
visse sua perna? Ele já mostrou para mim, por sua própria
escolha, sem que eu pedisse. Eu não sabia, mas senti a
mudança, de volta ao Max perdido, e não era o que eu
queria. Eu queria o Max de beijo apaixonado, quente e sujo.

Então eu fui até o sofá e fiquei na frente dele. Ele olhou


para mim quando eu puxei minha camisa sobre a minha
cabeça e deixei cair, ficando apenas com meu sutiã de renda.

A respiração dele ficou pesada e seus olhos se


arregalaram.
— Espere. — Ele pediu.

— De jeito nenhum. — Eu dei um passo à frente,


empurrei seus joelhos com os meus e fiquei entre suas
pernas. Por um segundo, senti a familiaridade dele no sofá,
eu parada na frente dele, tirando a roupa, mas também senti
a diferença. O silêncio perceptível, a falta de um show. Eu
sabia exatamente o que queria. Eu observei seu rosto quando
caí de joelhos entre as pernas dele.

Ele sabia o que eu fazia, e ele parecia excitado e quase


entrou em pânico ao mesmo tempo.

— Gwen.

— Fique quieto. — Eu coloquei as palmas das mãos em


suas coxas. Oh, eu gostei de suas coxas. Grossas com
músculos, duras e quente. Eu deslizei minhas mãos para
cima e comecei a soltar o cinto dele.

Ele ficou imóvel, seu corpo rígido, seus músculos


tensos. Abri o cinto, o botão de cima da calça jeans, o
próximo botão. Ele não me impediu.

Eu estava excitada. Eu queria isso; era a única coisa em


minha mente. E ele não tinha ideia, mas esse não era o meu
método usual. Quando um cara fazia sexo comigo o que não
era comum, começávamos com o habitual de uma relação
sexual, eu deitada de costas. Se ele passasse no teste, eu
poderia ser criativa, mas apenas se estivesse me sentindo
generosa. Um boquete era muito mais avançado, após
semanas talvez. Eu nunca dei a um homem um boquete sem
fazê-lo implorar por isso.
Mas eu deslizei minha mão dentro da cueca de Max, e
ele fez um pequeno som, eu só queria seu
pênis. Eu queria isso. Eu senti o que poderia fazer, mas eu
queria ver de perto. Quando eu abaixei seus jeans e boxers,
ele flexionou seus quadris, eu enrolei meus dedos ao redor
dele, segurando-o e sentindo cada contorno.

Sua voz estava embargada, estrangulada enquanto ele


me observava.

— Eu pensei que você estava brincando sobre isso.

— Eu não estava. — Falei, me inclinei e levei-o na


minha boca.

Ele ficou tenso novamente, quase como se doesse. Ele


não fez muito isso? Eu não sabia. Eu deslizei para cima e
para baixo dele explorando, usando minha língua, tentando
fazê-lo relaxar. Ele apenas engasgou outra vez, suas coxas
duras como granito contra mim.

Mas ele não me impediu, e eu me inclinei para ele,


pegando meu ritmo, fazendo-o sentir isso. Ele era delicioso, e
eu usei minha língua ainda mais, saboreando a textura e o
gosto de sua pele. Inclinei minha cabeça para a direita, então
meu cabelo caiu para frente, e eu sabia que ele olhava para o
meu cabelo loiro arrastando por cima de seu suéter, que
ainda estava puxado sobre seu abdômen e meus ombros nus.

Eu fui devagar, saboreando não só o gosto dele, mas o


poder. Ele já estava perto. Eu sabia. Eu tinha um homem
grande e perfeito sob meu controle e, por uma vez, não era
um jogo era um presente. Um que ele me deu e retribui. Ele
estava confiando em mim, deixando-me sentir sua reação
crua, deixando-me levar. E foi, sem dúvida, a coisa mais sexy
e mais erótica que eu já fiz, mesmo depois de todas as vezes
que tirei a roupa.

Eu o engoli mais fundo, pressionando mais


ousadamente, inalando-o, sentindo seu pênis no fundo da
minha garganta. Seu grande corpo se encolheu novamente na
intensidade do prazer, e eu senti ele se flexionar na minha
boca, perto de gozar. O pulso entre as minhas pernas batia
pesado e forte. Eu queria isso, provar o seu gozo, mas
também queria mais.

Como se tivesse lido minha mente, senti sua mão no


lado da minha cabeça, a pressão suave de seus dedos. Eu o
deixei ir e olhei para ele. Seus olhos estavam incrivelmente
escuros à meia luz do apartamento e, nas sombras, seus
cílios pareciam compridos, o rosto duro e lindo. Ele estava
respirando com dificuldade.

— Deite-se na minha cama.

Sim senhor. Lambi meus lábios e fui caminhando para a


porta que deveria ser seu quarto. Eu tinha razão. Era como o
resto de seu apartamento, arrumado, mas masculino, a cama
feita, mas os travesseiros amarrotados, um jeans amassado
no chão, a roupa suja saindo de uma cesta, um livro de
orelhas de cachorro ao lado da luminária escura. Uma grande
janela que permitia que a luz da rua iluminasse o cômodo,
coberta por uma simples cortina.
Deitei de costas na cama, sentindo o cobertor frio
embaixo do meu corpo. Max me seguiu até o quarto, puxando
sua camisa e suéter em um só movimento.

Eu pegava o botão no meu jeans, mas eu parei. Eu não


o vi sem camisa ainda, outra primeira vez, outra coisa que
não tínhamos feito ainda. Ele era poderoso, o peito e o
abdômen levemente polvilhados de pelos escuros, o quadril
estreito, com um V desaparecendo no jeans aberto. Eu vi a
tatuagem que vislumbrei no primeiro dia em que nos
encontramos, algo que cruzava seu ombro esquerdo até em
baixo no bíceps glorioso. Ele passou a mão pelo cabelo,
desarrumando-o ainda mais e olhou para mim.

Foi o mesmo olhar que ele me deu na primeira vez em


seu sofá, aquele que dizia que queria me foder, mas estava se
controlando. Segurando seu olhar, eu abri o botão e o zíper
da calça jeans, levantando meus quadris da cama e
prendendo meus dedos no cós. Quando deslizei o jeans para
baixo, fiz uma pequena e sinuosa manobra com meus
quadris, e depois outro movimento, uma rápida manobra de
stripper.

Nenhum homem que eu namorei, nunca, teve um show


de strip de mim. Qualquer homem que achasse que namorar
uma stripper significava que ele teria danças grátis o tempo
todo não passaria no meu teste inicial. Falei que era porque
eu fazia os shows por dinheiro, não de graça, mas a
verdadeira razão era que eu não queria um homem que só
desejava uma artista, não uma mulher. Um homem que
queria uma artista em vez de mim.
Mas Max ... Max já me queria. E eu dei a ele o balanço,
o movimento do quadril, sem pensar. Ele gostou, mas não era
a única coisa que ele queria de mim. Ele não queria um
show.

Ele se aproximou da cama enquanto eu chutava meu


jeans. Sem cerimônia, ele tirou minha calcinha de algodão
fino, branco e liso e jogou. Então ele separou minhas pernas
e ficou na cama entre elas.

Eu relaxei, deixando-o olhar, imaginando o que viria a


seguir. Meu sangue estava ficando descontrolado, minha pele
sensível demais ao toque. Eu tirei meu sutiã e joguei. Senti o
calor de sua respiração, porque estava depilada, uma
exigência ocupacional. Ele já viu isso antes, mas desta vez ele
pegou, com a cabeça entre as minhas pernas, olhando para
minha boceta, e eu desejei poder ver sua expressão melhor,
medir sua reação.

Ele levantou a mão e passou o polegar sobre a minhas


dobras molhada.

— Eu posso ver como você está molhada para mim. —


Ele rosnou.

— Eu estou. — Confirmei, minha voz ofegante.

— Caralho, estou vendo.

Ele enfiou o polegar mais fundo, deslizando através da


minha umidade, e então ele separou os lábios da minha
vagina. Não havia como esconder quão inchada e encharcada
eu estava, com a facilidade que seus dedos deslizaram dentro
de mim. Ele me explorou suavemente com as pontas dos
dedos, fazendo-me contorcer, e então ele fez círculos suaves
ao redor do meu clitóris, mais e mais.

— Max. — Sussurrei. Suplicando, talvez.

Ele parou o círculo e abaixou a mão.

— Eu provarei. — Então ele baixou a boca para mim.

Eu gritei e impulsionei meus quadris para cima,


praticamente moendo em sua boca, sua barba. Estava tão
quente, sua boca em mim. Ele deslizou sua língua e eu
poderia ter gozado, mas ele parou. Ele levantou a boca e
colocou os dedos novamente, deslizando e afundando dentro
de mim.

Ele se arrastou pelo meu corpo, a mão ainda entre as


minhas pernas. Seu peito roçou meus mamilos, enviando
choques elétricos através do meu corpo. Seus jeans ainda
estavam na metade das pernas, onde eu os empurrei para
baixo. Mas ele pressionou em cima de mim, seus dedos ainda
entre nós, e ele me beijou, aberto e sujo, deixando-me provar
a mim mesmo, sentindo o meu gosto e o dele misturados.

Quando parou o beijo, ele tirou a mão, apoiando-a no


colchão.

— Você quer isso? — Ele disse, sua respiração


levemente tocou minha boca.

— Você quer meu pau?

— Sim. — Confirmei. Eu estava quase implorando


agora, eu queria tanto.

— Sim.
Sua grande mão agarrou meu joelho e ele deslizou seu
pênis sobre mim, sentindo minha umidade.

— Você gosta do meu pau.

Porra, acho que ele entendeu. Bem, eu não fui sutil.

— Eu gosto. — Eu me inclinei e lambi o seu lábio


inferior, minha língua correndo sobre a sua barba áspera.

— Você tem um pau gostoso, Max Reilly.

Seus braços flexionaram e, em um movimento de seus


quadris, ele empurrou dentro de mim, enchendo-me.

Eu gemi. Ele bombeava, lento e ritmado, parecendo


saber exatamente o que eu precisava. Você é uma mulher que
queria ser fodida, falou anteriormente. Eu sou. Eu flexionei
minhas pernas o máximo que pude, levei-o o mais fundo que
pude. Eu queria senti-lo tão profundo que doía.

Ele manteve o ritmo, mas ele baixou o rosto para o meu


pescoço e passou o seu grande braço para cima, segurando a
cabeceira da cama.

— Foda-me. — Gemeu no meu ouvido.

— Me leve fundo e me foda.

Então ele bateu em mim com mais força, acelerando o


ritmo. Eu podia sentir em todo o meu corpo, meus seios
estavam sensíveis, minha barriga escorregadia contra o
dele. Eu gritei, mexendo minhas mãos ao seu redor para
agarrar sua bunda, que era dura, sólida e perfeita. Ele me
fodeu mais forte, encontrando o ritmo do meu corpo o mesmo
que nós encontramos na primeira vez, ambos em perfeita
sincronia.

A cabeceira estava batendo contra a parede e eu fazia


todos os tipos de sons. Depois de um minuto, o vizinho bateu
na parede, gritando para que parássemos. Mas eu não me
importei. Eu queria que todos de Shady Oaks nos
ouvissem. Eu queria que todos eles soubessem que Max
Reilly estava me fodendo, que ele estava metendo
duro. Aquele Max Reilly ia me fazer gozar.

E ele fez. Com apenas seu pênis, com seus quadris


batendo em mim e sua mão apoiada na cabeceira da cama,
seu corpo dando prazer ao meu, ele me fez gozar. Eu gritei
quando senti o orgasmo explodir através de mim, gritei seu
nome, não me contive.

— É isso. — Falou contra a minha pele quando ele me


bateu ainda mais forte, perseguindo o gozo também.

— Porra, é isso.

Mordi o ombro dele, agarrei sua bunda, inclinei meus


quadris para levá-lo mais fundo.

— Goze. — Exigi, meu próprio orgasmo ainda ondulando


com os tremores secundários.

— Oh, Deus, sim, goza dentro de mim, goza dentro de


mim.

Ele gritou, um som sexy em sua garganta, e flexionou


dentro de mim, com força. Ficamos congelados por um longo
momento, conectados, sem querer deixar acabar.
Finalmente ele rolou de cima de mim, de costas,
ofegando.

— Merda. Isso não deveria ter acontecido.

Eu soltei uma risada. Meu corpo estava em estado de


felicidade, minha inquietação se foi, meu sangue fluía quente
em minhas veias. Eu não conseguia pensar em um único
problema na minha vida agora, nenhum.

— Eu acho que já aconteceu. — Falei, deixando meus


olhos se fecharem.

— Acostume-se a isso.

Eu estava desossada e relaxada, mas senti ele se sentar,


lutando com o jeans que ainda estava em suas pernas.

— Eu nem tirei minha perna. — Ele resmungou.

— Você costuma fazer isso? — Eu perguntei, curiosa e


esperando que estivesse tudo bem.

— Tira sua perna para o sexo?

Ele tirou o jeans e os jogou no chão. Ele demorou tanto


para responder que decidi que era uma pergunta rude, mas
depois ele disse.

— Eu prefiro, eu acho. — Parecia uma resposta


estranha, ou você tira ou não tira. Mas eu não queria
explorar a ideia dele fodendo com outra mulher como se ele
não tivesse acabado de me foder, então eu não continuei. Em
vez disso, fiquei de olhos fechados enquanto o ouvia levantar,
ir ao banheiro e correr a água. Ele voltou com um pano
quente e úmido, e eu esfreguei entre as minhas pernas
enquanto ele se sentava na beira da cama, removendo sua
perna. Suas costas eram grandes e musculosa, sua coluna
era impecável, e eu pude ver a curva de sua bunda, o que me
fez salivar. Eu queria que ele voltasse para cá. Eu queria
aquele grande corpo entre as minhas pernas novamente. Eu
também queria dormir por uma semana.

— O que você está olhando? — Ele perguntou sem olhar


de volta para mim.

— Sua bunda. — Eu respondi.

Ele balançou a cabeça, depois olhou por cima do ombro


para mim.

— A maioria das pessoas olharia para a perna.

— Eu não posso ver daqui. E eu não sou a maioria das


pessoas.

— Eu estou percebendo isso. — Houve um baque


quando sua perna bateu no chão, e então ele puxou as
cobertas para baixo e deslizou para a cama, deitando-se. Eu
poderia olhar para aquele corpo por anos, séculos. Ele era
mais cabeludo do que qualquer homem com quem estive,
embora ele não fosse particularmente peludo, eu imaginava
que ele tinha um pouco de cabelo escuro no peito, algumas
espirais em uma linha no meio do abdômen, e seu pênis
estava em um ninho escuro e glorioso de pelos pubianos.

Eu fiz meus olhos viajarem mais baixo antes de fazer


papel de boba. Jesus, ele era apenas um homem. Havia
milhões deles lá fora.
— Posso olhar para a sua perna? — Eu perguntei a ele.

— Não. — Não era hostil, mas definitivo.

— Eu não acho que é estranho. Eu quero ver.

— Não. Vá embora.

Eu respirei fundo e puxei as cobertas para o lado,


subindo sob elas.

— Eu não vou embora, a propósito. Vou ficar. Você está


preso comigo em sua cama.

Seu peito subiu e desceu, e eu pressionei ao lado dele,


sentindo seus músculos relaxarem enquanto ele olhava para
o teto. Ele estava quente como uma fornalha. Eu novamente
tive o desejo de dormir e transar com ele ao mesmo tempo.

— Minha cama vai cheirar a coco. — Observou ele.

— É a minha loção para o corpo. — Eu me aproximei


ainda mais, deixando minha bochecha descansar em seu
ombro. A cama de solteiro dele, naquele prédio miserável, era
mais bonita que a minha.

— Você cheira bem. — Falei, o que era um eufemismo,


porque seu calor e seu cheiro estavam fazendo todo o meu
corpo se sentir bem.

— Não é como uma meia de suor.

Ele poderia ter dito algo em resposta. Eu não sabia. Eu


já estava dormindo.
MAX
Havia uma mulher na minha
cama. Não estou sozinho. Ela era quente, sexy e selvagem, e
isso me deixou bastante desconfortável. Mas eu continuei
circulando de volta para o fato de que havia uma mulher real
na minha cama, como se fosse incrível. Porque foi incrível.

Antes de Gwen, a última mulher com quem eu transei


era a namorada que tive enquanto estava implantado. Nós
dormimos juntos na minha última licença, que eu me lembre,
porque nós terminamos logo depois. Eu tinha voltado ao
Afeganistão e, três meses depois, um IED5 havia encerrado
minha carreira.

Eu não fazia sexo desde antes de perder a perna. Quatro


anos. Até que Gwen apareceu no meu apartamento.

Ela fora tão casual, perguntando se eu geralmente fazia


sexo com a minha perna. Ela não fazia ideia de que era uma
situação que nunca surgira.

5
Dispositivo explosivo improvisado, como um carro-bomba.
Eu não senti a necessidade de esclarecer. Ela
provavelmente acharia que eu era ainda mais estranho do
que ela já sabia.

Ela ainda estava dormindo, embora o sol estivesse


subindo atrás das persianas na minha janela. Dormindo, ela
estava tão bonita como sempre, com as feições relaxadas, o
cabelo desgrenhado, a pele perolada e macia. Ela dormiu
profundamente a noite toda, mal se mexendo. Eu estava mais
inquieto, meu corpo estava agradavelmente cansado depois
do sexo incrível, mas o meu cérebro fazia o tempo passar. Eu
estava acostumado com isso o sono era meu amigo e meu
inimigo.

Pelo menos eu não tive nenhum pesadelo na noite


passada. Mas eu me encontrei desejando poder apenas
dormir uma vez, em vez de pensar demais.

Isso foi uma coisa única. Ela sairá de manhã. Vai ser
estranho.

Isso não é uma coisa de uma só vez. Ela vai querer ver
você de novo. O que você dirá?

Entende? Meu cérebro fodido.

Sentei-me na cama, remexi no chão para encontrar a


perna e colocar. Parte de mim não queria que ela me visse
assim; estava muito exposto, muito íntimo. Ninguém viu meu
corpo de perto em quatro anos, exceto médicos, e era assim
que eu gostava. Ninguém para ver, realmente ver o que
parecia. Era mais fácil desse jeito. Eu poderia fazer isso esta
manhã também. Basta colocar o jeans antes de ela acordar e
evitar a coisa toda.

Em vez disso, coloquei um par de cuecas limpas e fui


para a cozinha fazer café.

Eu havia colocado tudo na cafeeira e estava vendo o


liquido pingar quando a ouvi levantar, andar pelo quarto e ir
ao banheiro. Foda-se. Eu olhei para o teto. Meu banheiro era
uma bagunça? Merda, eu não conseguia lembrar.

Eu a ouvi caminhar até na cozinha e parar atrás de


mim. Eu mantive minhas costas viradas.

— Ei. — Ela chamou.

Não seja um idiota, Max. Vire-se.

Eu fiz.

Ela vestia minha camisa.

Meu estômago caiu e fez uma estranha reviravolta. Foi a


camisa que eu usava sob o meu suéter na noite passada, que
eu tinha jogado no chão. Ela a usava agora e, parecia que
não usava nada mais. A bainha da camisa estava no meio
das coxas.

Ela passou a mão pelos cabelos loiros despenteados, os


olhos em mim e eu vi um lampejo de incerteza ali, como se
ela não tivesse certeza do que eu pensaria.

Eu limpei minha garganta.

— Você quer um café? — Perguntei.


Ela encolheu os ombros, baixou a mão
novamente. Voltei para o café. Porra. Eu deveria dizer alguma
coisa. Eu queria dizer alguma coisa, mas as palavras não
vieram. Elas nunca vieram quando era importante e, às
vezes, não vinham. Este foi o meu maldito problema.

Ela deu a volta no balcão e ficou ao meu lado. O olhar


incerto sumiu, ou talvez apenas camuflado, e ela me deu um
olhar docemente sedutor.

— Você é fofo quando está com a língua presa. — Ela


falou.

Eu bati uma caneca no balcão.

— Eu não sou bonito. — Eu resmunguei.

— Você quer açúcar?

— Posso te perguntar uma coisa?

— Provavelmente não.

— Posso ver a sua tatuagem? — Ela estendeu a mão e


traçou a tinta no meu ombro, descendo pelo meu bíceps.

Meu corpo rugiu para a vida quando ela me tocou, mas


eu mantive fechado. Eu tirei minha mão da xícara de café e
olhei para o meu ombro, observando sua linda e bem cuidada
ponta do dedo traçando-a.

— São iniciais. — Disse.

— Eu posso ver as letras aqui. — Falou, olhando de


perto a luz do dia, deslizando a ponta do dedo sobre os
redemoinhos das iniciais estilizadas.
— O que elas querem dizer?

— J, D, K. — Falei, citando as letras.

— James, David, Keishon. Eles morreram no ataque.

— Oh. — Falou suavemente, com uma ponta de tristeza,


traçando as letras novamente. Ela não precisou perguntar
qual ataque.

— Eu sobrevivi. Eles morreram. Parecia o mínimo que


eu podia fazer.

— É bom. — Falou. A ponta do dedo dela saiu do meu


ombro e passou pela minha clavícula.

— Se um deles fosse meu irmão, eu ficaria feliz por você


ter feito isso.

— Você tem um irmão?

— Não. — Ela não elaborou, apenas traçou sua mão ao


longo da minha clavícula e no meu peito. Ela parecia estar
olhando de perto para mim à luz do dia, que era exatamente
o que eu temia e, no entanto, agora que ela fazia isso, eu não
me importava. Eu olhei para o rosto dela enquanto seus olhos
estavam abaixados. Mesmo com a luz cansada da manhã
seguinte, com o cabelo bagunçado e a maquiagem há muito
tempo sumiu, ela era perfeita. Eu não tinha ideia de por que
essa mulher estava na minha cozinha, vestindo nada além da
minha camisa.

— Nós realmente não temos nada em comum, não é? —


Ela perguntou, deixando as unhas deslizarem pelo meu peito
até o meu abdômen.
— Quero dizer, você tem todas essas experiências
terríveis no exterior, e eu larguei a faculdade de teatro e me
tornei uma stripper.

Eu estremeci. Eu não gostava de pensar em seu


trabalho, não agora. Não quando ela olhava para mim como
nenhuma outra mulher jamais fez.

— Temos muito em comum. — Respondi, minha voz


rouca.

— Nós dois gostamos de sexo.

Isso a fez sorrir da maneira certa, divertida e um pouco


perversa. Ela levantou os olhos para mim, embora ela
mantivesse a mão no meu abdômen nu, despenteando o
cabelo lá.

— De jeito nenhum, Max. — Falou, sua voz provocante.

— Eu conheço um celibatário quando vejo um. Você não


tem nenhuma mulher aqui.

Quando você coloca dessa forma, era dolorosamente


óbvio.

— Talvez eu vá para hotéis. — Falei.

— Eu sou um cara de hotel.

Ela balançou a cabeça, sorrindo agora.

— Eu as descarto na manhã seguinte. — Eu tentei.

— Uma nova todos os dias.

— Não. — Ela avançou a mão para a cintura da minha


boxer, e eu gemi.
— Tudo bem. — Falei.

— Eu não faço isso com muita frequência. — Tipo,


nenhuma vez em quatro anos. Ao contrário de você, que fica
deitada toda vez que estalam os dedos, sem dúvida.

Ela piscou para mim e sua expressão ficou séria.

— Eu faço sexo. — Ela confessou, sem saber que estava


me dando um golpe no meu estomago.

— Mas isso não significa que eu goste.

Fiquei tão surpreso com isso que ri.

— Você poderia ter me enganado. Meus vizinhos


ouviram tudo. Eles acham que eu sou Zeus agora.

— Sim, bem, você meio que é. — Falou com a mesma


expressão séria.

— A noite passada foi diferente. Não foi ... — Ela parou,


e eu a vi avaliar seus pensamentos.

— Não foi uma negociação.

Eu não tinha ideia do que isso significava. Eu


provavelmente deveria saber. Eu provavelmente deveria estar
entendendo tudo, dizer algo sábio. Eu tinha a sensação de
que ela falava sobre algo que ela normalmente não
falava. Mas, como de costume, eu não tinha nada perfeito
para dizer, e fiquei quieto por tanto tempo que ela olhou para
mim com uma expressão preocupada.

— Eu não entendo. — Disse a ela.


— A coisa de negociação. Quero dizer, foda-me ou não
me foda. Você decide.

Ela piscou para mim e, lentamente, suas feições


relaxaram, um sorriso tocando os cantos de sua boca. De
repente eu estava ciente de que ela ainda tinha a mão no meu
abdômen, e essa consciência disparou diretamente para
baixo. Ela deixou seus olhos caírem para os meus ombros,
meus braços, meu peito e sua língua brevemente tocou a
contorno de seu lábio superior, a visão me faz começar a ficar
duro.

— Eu vejo. — Gemeu, sua voz suave.

Foi um jogo, mas não foi. Ela estava flertando, mas ela
não estava. Por dentro, ela olhava para mim como se quisesse
me devorar, como se estivesse muito excitada. E de repente
eu me perguntei se ela estaria molhada se eu tocasse aquela
boceta sexy e nua como eu tinha feito na noite passada, se
meus dedos deslizassem sobre ela, escorregaria para dentro
profundamente e sem resistência.

E eu sabia que ela queria que eu fizesse.

Coloquei minhas mãos sob a barra de sua blusa, minha


camisa, movendo para cima de seu corpo, segurando seus
seios por baixo do tecido. Eu corri meus polegares sobre seus
mamilos lentamente, tomando meu tempo. Ela tinha seios
incríveis, grandes o suficiente para encher minhas mãos até
transbordar, suaves, quentes e firmes. Ela ficou parada
enquanto eu os tocava. Sua respiração parou. Suas pupilas
ficaram escuras. Seus mamilos ficaram duros.
Eu olhei para ela, a vi observando meu rosto.

— Você quer mais? — Eu perguntei a ela.

— Sim. — Ela respirou, seus olhos nunca me deixando.

Eu me aproximei, coloquei minha boca suavemente


sobre a dela.

— Você é insaciável.

— Veja só quem fala. — A mão no meu abdômen se


moveu, puxou minha bermuda, e enrolou em volta do meu
pau, que estava duro como ferro agora. Ela acariciou, minha
pele macia até minhas bolas, depois de volta novamente.

Eu fiz algum tipo de som irritado e pressionei suas


costas para que ela estivesse contra o balcão novamente,
como foi na noite passada. Mas, desta vez eu a mantive lá,
mordendo seu pescoço suavemente enquanto ela me
acariciava de novo e de novo, enquanto meu corpo ficava
selvagem. Se mantivéssemos isso, eu gozaria, provavelmente
mais cedo do que eu queria. Nunca tive um toque de mulher
que parecesse com o dela. Então falei.

— Diga-me o que você quer.

— Faça-me gozar. — Ela gemeu.

Segurei seus quadris e a levantei sobre o balcão,


sugando suavemente seu rosto.

— Abra suas pernas e eu farei isso.

— Foda-me. — Ela pediu, em um pequeno e sujo


murmúrio. Então ela abriu os joelhos e os prendeu ao redor
dos meus quadris enquanto eu me apoiava no balcão. Ela
estava nua e molhada, e deslizei meu pau sobre ela,
saboreando por um segundo antes de me mover para dentro.

Ela agarrou meus ombros com uma de suas mãos e com


a outra segurou meu pescoço a procura de equilíbrio. Ela
estava ofegante e eu podia sentir seus mamilos duros através
da camisa.

— Eu nunca tive ninguém desprotegido antes de você.


— Ela confessou.

— Nem eu. — Agora que eu tinha provado, me


perguntava como diabos eu poderia voltar. O sentimento era
viciante. Ela era viciante. Eu coloquei a cabeça do meu pau
dentro dela, deixando escorregar e deslizar, enquanto eu
provei sua pele com a ponta da minha língua.

— Você sente isso? — Eu rosnei.

Ela me deu um gemido que era prazer e frustração.

— Eu sinto tudo. — Disse.

— Tudo que você faz. Me dê mais, Max.

Eu movi meus quadris e empurrei ainda mais nela. Ela


estava mais apertada do que a noite passada, todo calor e
atrito era incrível. Eu me pressione contra ela no balcão, com
meus músculos tensos e deslizei por todo o caminho. Seus
dedos cavaram em meus ombros e ela inclinou a cabeça para
trás, me dando melhor acesso ao seu pescoço.

— Mais. — Ela exigiu.

Mas me movi devagar. Isso era diferente do que fizemos


antes, aqui no balcão da minha cozinha, com a luz do sol
entrando no cômodo através das minhas cortinas e a
cafeteira batendo no balcão atrás de mim. Desta vez eu a
saboreei, o cheiro de sua pele era loção de coco, e os sons de
uma mulher sonolenta e excitada expressos através de
suspirados que saiam da sua garganta. Eu saboreei a
sensação dela ao meu redor, a suavidade de sua pele onde
tocava a minha, os músculos tensos que eu podia sentir nas
pernas dela me segurando, seus braços se segurando. Havia
apenas uma coisa faltando.

— Tire sua camisa.

Ela parou por um segundo, as palavras registrando em


seu cérebro.

— O que?

— Tire isso ou eu não farei você gozar.

Eu agarrei sua cintura para que ela não caísse, e em um


movimento gracioso ela tirou a camiseta e a jogou para
longe.

— Melhor?

— Inferno, sim. — Eu nunca vi uma mulher com a pele


como a de Gwen, com seios que se moviam como os dela,
aquela forma quente e pesada com mamilos rosados e
escuros. Agora eu a tinha perfeitamente nua e eu estava
dentro dela, agarrei-a com mais força e me movi um pouco
mais rápido, um pouco mais forte.

Ela se contorceu contra mim, tentando se apoiar em


mim.
— Max. — Reclamou.

— Fique quieta. — Disse a ela, pulsando dentro dela.

— Falei a você que gozaria, e você vai.

— Eu só, eu...

— Ssh. Assim. — Eu coloquei uma das mãos entre


nós. Eu fiz isso pela primeira vez por instinto, e agora fiz de
novo. Eu deslizei meu polegar sobre seu clitóris, e então eu
simplesmente o segurei, imóvel, deixando o atrito fazer o
trabalho. Os sons que ela começou a fazer me disseram que
eu fazia o certo.

— Droga. — Falei quando ela se aproximou do orgasmo,


quando senti meu corpo começar a soltar.

— Goze em meu pau. Bem desse jeito.

Eu senti quando o orgasmo ondulou através dela,


exatamente como eu senti na noite passada. Ela ficou mais
quieta dessa vez, o grito estrangulado em sua garganta, como
se a tivesse pegado de surpresa. Eu estava por um fio; gozei
também, uma onda de alívio através do meu corpo todo,
minhas bolas apertadas. Nós paramos por um segundo,
minha boca ainda contra a pele do pescoço dela.

Então eu a senti ficar tensa. Suas costas, seus ombros,


suas pernas em volta dos meus quadris. Ela perdeu aquele
sentimento relaxado, suas mãos deslizaram pelos meus
ombros, suas palmas me empurrando.

— Eu devo me limpar. — Disse.


Deixei-a ir e ela deslizou para fora do balcão, pegando a
camiseta e indo para o banheiro sem dizer uma palavra.

Fiquei ali, sentindo-me despido não só das minhas


roupas, mas de tudo. Eu nunca na minha vida tive um sexo
assim. Eu nunca cheguei perto. E eu poderia não saber tudo
sobre ela, mas se eu tivesse que adivinhar, ela também não.

Algo estava errado.

Eu alcancei o chão e puxei minha boxer de volta, pelo


menos eu não teria meu pau solto quando eu fosse
pisoteado. Porque eu tive a sensação repentina de que estava
prestes a acontecer.

Ela saiu do quarto minutos depois, completamente


vestida, a bolsa pendurada no ombro.

— Eu tenho que ir. — Sua voz neutra, seus olhos mal


me tocando antes de desviar o olhar novamente.

— Sim. — Mantendo minha própria voz neutra.

— Para onde você tem que ir?

Ela estava puxando as sandálias.

— Eu tenho que ir trabalhar, Max.

Porra. A ideia me deixou silenciosamente insano, mas se


havia uma coisa em que eu era bom, era em esconder meus
sentimentos. Olhei para o relógio.

— Sim? Você tem que se despir às dez da manhã?

Ela terminou com sua sandália e ficou de pé, as


bochechas vermelhas.
— Não, eu tenho que ir para casa tomar um banho e me
limpar, e depois comer alguma coisa e tirar um cochilo,
porque será uma noite longa e eu estarei fora até tarde. Eu
tenho três shows esta noite.

Eu quase engasguei. Três? Nós tínhamos acabado de


foder um minuto atrás, eu estava dentro dela, sentindo-a
gozar, e ela tinha que tirar a roupa em três festas diferentes?

— Você ficará bem ocupada, hein? — Falei.

Algo na minha voz a fez ficar na defensiva.

— Eu tenho que ganhar dinheiro. — As palavras


estalando de raiva que eu não acho que foi direcionado para
mim.

— Este é o meu trabalho. Eu sou boa nisso, a melhor. E


eu gosto.

— Não, você não gosta. — As palavras saíram da minha


boca antes de considerá-las, e elas só a deixaram mais
irritada.

— Você não decide se eu gosto ou não gosto. — Disse


com a voz firme.

— Você não decide o que eu faço também.

Eu deveria estar chateado. Machucado, talvez. Mas para


mim, as palavras soavam como uma linha que ela usou
muitas vezes, então eu dei de ombros.

— Eu entendo. Você está jogando.

Suas bochechas ficaram vermelhas.


— Que diabos isso significa?

— Só que não funcionará comigo.

— Você está cheio de merda, você sabe disso? — Ela


pegou sua bolsa novamente.

— Estou indo embora.

Você quer saber se me incomodou? Sim, isso


aconteceu. Isso realmente aconteceu. Eu poderia não a ver
novamente, e estava começando a entender exatamente o que
isso significava, exatamente o que eu estaria perdendo.

— Você acha que isso foi coisa de uma vez? —Perguntei


a ela enquanto se dirigia para a porta, minha voz rouca.

Ela fez uma pausa, olhando para mim, e por uma fração
de segundo eu vi em seu rosto incerteza e algo mais, algo que
parecia pânico e tristeza misturados. Então ela empurrou a
expressão e ficou em branco novamente.

— Você acha que foi o contrário?

Eu não consegui entender. Estava indo rápido demais, e


seus sinais estavam confusos demais, e como de costume
minhas palavras não estavam funcionando para mim.

— Eu acho que não. — Falei com alguma emoção


desconhecida borbulhando de dentro de mim, alimentando-
me. Eu não tinha paciência para jogos.

— Mas se você sair, não me ligue. Você é a primeira


mulher com quem transei desde que minha perna foi
arrancada e eu não estou com vontade de ser empurrado por
aí.
Ela empalideceu, e seus lábios se separaram em choque.

Dei de ombros.

— Você quer me humilhar, eu entendo isso. Eu já passei


por pior. Mas de alguma forma, eu não acho que você
quer. Algo está te irritando, e você não tem coragem de
falar. Então eu me vestirei, porque estou cansado de ter essa
conversa nu, e tenho merda para fazer hoje. — Eu fui para a
porta do quarto.

— Até mais, Gwen.

Ela ficou quieta por um minuto, e eu já estava no quarto


quando ouvi a porta da frente se fechar atrás dela.
GWEN
Ele me surpreendeu. Max
Reilly fodeu com a minha cabeça. Nenhum homem fez isso
comigo. Claro, eu fora um pouco rude ok, talvez vadia e com
certeza, eu fui injusta. A verdade era que, depois daquela
sessão de sexo surreal em seu balcão da cozinha, me senti
completamente perdida. Como se algo estivesse acontecendo
que eu não conseguisse controlar. Foi divertido e
emocionante, estar fora de controle na noite anterior. Mas
depois disso Deus, fora tão intenso, me senti como se
estivesse descendo uma colina sem freios. Como se não
houvesse maneira de que isso fosse terminar bem.

E então eu me lembrei do meu trabalho.

Como Trent sugeriu, eu fiz shows extras para ajudar a


pagar meu aluguel. Três deles em uma noite. Nunca tive
problema em ficar nua, e foi o que eu fiz. Mas de repente,
depois de ficar nua com Max, a ideia me deixou
enjoada. Estar nua com Max não era nada como estar nua
com mais ninguém. Eles estavam em dois planetas
diferentes. E desde que o trabalho nu pagava as contas e
Max-nu não, eu tive que fazer uma escolha.

Pelo menos foi o que falei a mim mesmo.


Fui para casa, entrando no meu minúsculo apartamento
com as pernas enfraquecidas pelo orgasmo, meu cérebro
ainda girando. Eu tinha um apartamento minúsculo alugado
em um prédio alto, que parecia luxuoso, mas não era nada.
Era o menor apartamento que alguém poderia conhecer, a
coisa mais barata que eu podia pagar sem ser obrigada a
dividir o aluguel com colegas de quarto. Era um quarto de
solteiro, com um balcão de cozinha em uma parede e uma
cama queen size do outro. A porta do banheiro estava a meio
caminho da sala principal. Mesmo com sua metragem
quadrada mesquinha, o aluguel ainda era escandaloso, e
minhas poucas tentativas de decorar foram tão patéticas que
eu simplesmente desisti.

Tomei um longo banho quente, depois caí de costas na


cama, olhando para o teto. Meu corpo traidor ainda estava
feliz por causa de Max Reilly. As mãos dele. Seu corpo todo
grande. Seus dentes no meu pescoço. Seus bíceps
gloriosos. Sua barba quente, que era surpreendentemente
macia quando você passava a ponta dos dedos por ela, ou
sentia a ponta dela na língua quando lambia o lábio, ou
quando ele colocava a cabeça entre as minhas pernas e ...

Droga, droga. Eu me obriguei a parar. Eu precisava


parar de me torturar. Eu tinha trabalho a fazer.

Algumas horas mais tarde, depois de descansar, me


preparar e fazer meu primeiro show, ainda me sentia
mal. Extremamente ruim. Eu não queria estar aqui, fazendo
meu show de Enfermeira Safada na festa de quinquagésimo
aniversário de um homem (no começo da noite, já que o
aniversariante não duraria muito além das dez). Sentei-me no
meu carro, supostamente a caminho de meu segundo show,
mas ao invés disso estacionei e olhei para o meu celular,
pensando em enviar uma mensagem de texto para o Max.

Se você sair, não me ligue. Você foi a primeira mulher com


quem transei desde que minha perna foi arrancada, e eu não
estou com vontade de ser empurrado por aí.

Quanto tempo isso fora para ele? Anos? Eu pensei que


era tão durona, que minha vida era tão difícil. Com poucas
palavras, Max me mostrou o quão superficial eu era. Quão
frágil? E se eu o empurrei longe demais desta vez? E se ele
realmente terminou comigo?

Eu me surpreendi sentindo um eco de pânico dentro do


meu peito. O pensamento de Max ter terminado comigo era
sombrio, mesmo que eu tivesse feito o possível para afastá-lo
esta manhã. Eu estava realmente enlouquecendo.

Então eu digitei: Você está aí?

Houve meio minuto de silêncio e depois ele


respondeu. Sim.

— O que você está fazendo? — Eu escrevi, porque


mesmo quando estávamos brigando, aparentemente, eu
estava curiosa sobre o que ele fazia.

— Apenas saindo da academia. — Ele escreveu de volta.

Isso me deu imagens de Max, musculoso e suado, talvez


vestindo short de treino e uma camiseta grudada em sua
pele. Em qualquer outro homem, eu acharia fora do limite,
mas com Max eu sabia que, se eu empurrasse sua camisa
suada e inalasse, ele cheirava a sexo. Maldito seja ele.

Pelo menos ele falava comigo. Foram poucas palavras,


mas pelo menos elas estavam lá. Cerrei os dentes e preparei-
me para pedir desculpas a um homem pela primeira vez
desde que eu tinha dezoito anos.

— Sinto muito por esta manhã. — Escrevi.

Houve um longo, longo minuto de silêncio. Eu o


surpreendi. Bem-vindo ao clube, porque eu me
surpreendi. Então ele escreveu: Onde você está agora?

Não passou pela minha cabeça mentir para ele.

— Eu estou no meu carro, entre o primeiro e o segundo.

Sua resposta foi imediata.

— Pare com isso. Saia. Venha aqui.

Coloquei o telefone no assento ao meu lado, coloquei


minhas mãos no volante e me inclinei para frente até que
minha testa bateu no volante. Essas palavras eram como um
soco doloroso no estômago, de tirar o fôlego.

Eu queria fazer isso. Queria muito.

Eu queria ligar meu carro e dirigir até South San


Francisco, para Shady Oaks. Eu queria tirar essas roupas
desconfortáveis, os sapatos de salto alto, lavar a maquiagem,
me enrolar no sofá de Max, assistir TV e sentir se cheiro. Eu
até queria ouvir seus argumentos e conversas
desagradáveis. E mais tarde, quando estivéssemos cansados,
eu queria subir em sua cama com ele e fazer sexo de todas as
formas possíveis até que nenhum de nós pudesse se mexer.

Mas isso não era realidade. Eu perderia meu


pagamento. Eu não poderia simplesmente desistir da minha
vida para confiar em um homem. Esse foi o epítome da
estupidez. Eu desejei isso uma vez, e acabou tão mal que eu
ainda não conseguia nem falar o nome dele.

E foi isso que aconteceu, não foi? Foi por isso que
cheguei aqui, oito anos depois que ―A coisa má‖ aconteceu,
sentada sozinha em um carro com uma roupa de enfermeira
safada, sozinha e enjoada. Por causa da coisa má quando eu
tinha dezoito anos. A coisa que eu ainda não tinha superado.

Pensar nisso me deixou com frio, então tive forças para


pegar o telefone de novo e digitar.

— Desculpe, não posso. Eu preciso do dinheiro. Eu tenho


que ir.

Então desliguei meu telefone.


MAX
— Você tem alguma roupa
boa? — Meu melhor amigo Devon Wilder perguntou ao
telefone.

— Eu não sei. Talvez. — Eu falei, vasculhando meus


armários procurando um pouco de manteiga de amendoim
para colocar na minha torrada. Pensei nas audiências de
Devon no tribunal, no funeral do meu pai.

— Provavelmente.

— Use-as. — Ele pediu.

— Você irá ao teatro comigo e Olivia em duas horas.

— O caralho que vou. — Só porque sou teimoso e o


pensamento de vestir roupas legais era intimidante.

— É sexta à noite. Talvez eu tenha planos.

— Sim. — Devon disse em óbvia descrença.

— O que você está fazendo agora, Max?

— Comendo torradas com manteiga de amendoim para


o jantar. —Admiti.
— Exatamente. Então coloque alguma merda legal. Vou
até enviar uma limusine, porque é isso que faremos para a
irmã de Liv.

— Espere. — Falei, colocando o pote de manteiga de


amendoim no balcão.

— A irmã de Liv vai? — Eu sabia que ela tinha uma


irmã, mas eu nunca a vi.

— Liv insistiu. Ela quer que sua irmã e eu nos


acertemos, façamos algo legal. Então comprei um camarote
no teatro para Macbeth, porém tem quatro lugares. Então
levarei você. —

Não gostei disso nem um pouco, apesar de


adorar Macbeth.

— Qual é exatamente o meu papel neste camarote? —


Perguntei a ele.

— Só esclarecendo. Meu papel é ser um pacificador


entre você e a irmã de Olivia, no caso de ficar estranho? Ou
eu deveria apenas ferrar tudo de vez?

— Jesus. Você ainda está exagerando. Eu pensei que


estivesse indo a um psiquiatra.

Devon Wilder era literalmente o único homem no


planeta que tinha uma licença para fazer piadas de
psiquiatras sobre mim, e isso simplesmente porque eu o
conhecia desde que tinha seis anos e literalmente lhe devia
minha vida.

— Eu tenho um. — Falei.


— Só que odeio surpresas.

— Não há surpresas. Seu papel, já que perguntou, é


aparecer e assistir Macbeth como o nerd que você é. Vou
adivinhar que você já leu, certo?

— Como sou semialfabetizado, ao contrário de algumas


pessoas, sim, já li. — Tive que revidar pela piada do
psiquiatra.

— Então se vista, Max, e esteja pronto em uma hora. —


E já que ele sabia que minha ansiedade era uma coisa real,
não uma invenção da minha imaginação, ele acrescentou.

— Vai ser tranquilo. A irmã de Liv é legal. Você não


precisa falar com mais ninguém. Apenas saia com a gente e
assista à peça.

— A irmã é gostosa? —Perguntei desconfiado. Nunca


soube de Devon dando a mínima sobre a minha vida
amorosa, mas ele estava domesticado agora, então quem
sabe? Talvez ele quisesse um arranjo amoroso, que eu
evitaria como a peste.

— Sem comentários. — Devon respondeu, o que


significava sim, e que Olivia estava na sala com ele.

Vacilei. Eu não queria uma noite com uma mulher


gostosa, já que eu fui largado pela mulher mais gostosa de
São Francisco. Ainda assim, Devon era meu melhor
amigo. Em minha cabeça, perguntei ao Dr. Weldman o que
fazer, e falou que eu deveria ir, então falei.

— Ok, vou me arrumar.


Encontrei uma calça escura e um par de sapatos
pretos. O caimento do material estava um pouco estranho na
minha perna, jeans sempre pareciam melhor, mas não o
suficiente para me importar. Encontrei uma camisa cinza e
um cinto, mas como estava quente, deixei o paletó e a
gravata. Talvez, com cinco milhões de dólares no banco, eu
deveria aprender a usar um terno e gravata um dia
desses. Hoje não era esse dia.

Chequei minha aparência no espelho. Nada mal, mas


minha barba estava ficando fora de controle. Eu tinha
acabado de aparar, quando percebi que a limusine chegaria a
qualquer momento. Uma limusine em Shady Oaks era um
convite para que o motorista fosse assaltado, agredido ou iam
oferecer algumas drogas terríveis, então peguei minha
carteira e corri pelo corredor o mais rápido que minhas
pernas podiam.

E lá estava, esperando por mim, bem em frente à


entrada da frente. Quando entrei, tive dois pensamentos
malucos ao mesmo tempo: primeiro, que era assim que as
pessoas ricas viviam; e segundo, que tecnicamente eu era
uma dessas pessoas ricas. Tecnicamente, eu poderia ter
comprado meu próprio camarote e pedido minha própria
limusine. Poderia ter comprado um terno de mil dólares para
a ocasião. Tecnicamente, poderia deixar Shady Oaks amanhã
para algo melhor.

Em vez da ansiedade habitual que o pensamento


provocava, contemplei calmamente a viagem até São
Francisco, do centro da cidade até o teatro. Cinco milhões de
dólares. Eu usei um pouco para pagar minhas dívidas que
eram intransponíveis, mas me custaram apenas uma fração
desse dinheiro. E na real maneira de Max Reilly, eu fingia que
o resto não existia, porque era muita mudança de uma vez, e
eu não fora capaz de pensar sobre isso. Era como um edifício
tão grande que você tinha que recuar e recuar antes que
pudesse ver a coisa toda. Se você estivesse ao pé do Edifício
Empire State, tudo que você via quando olhava para cima era
metal e nuvens.

Mas agora, achei que talvez pudesse ver. Eu poderia


pensar em coisas que queria fazer. Algumas pequenas coisas
para mim: minha perna estava mostrando algum desgaste, e
agora eu podia comprar uma nova, que estava longe de ser
barata. Um novo apartamento em uma área mais agradável.

Mas junto com isso, estavam as coisas que eu poderia


fazer por outras pessoas. E no topo dessa lista estava a ideia
de que eu poderia ajudar Gwen a mostrar o dedo do meio aos
seus chefes da strip-o-gram6. Eu preciso do dinheiro, ela me
mandou uma mensagem ontem à noite. Mas não, ela não
precisaria. Não se me deixar ajudar.

A questão era como fazer isso? Gwen fazia um bom


show, mas ela era delicada e orgulhosa. Eu reconhecia isso
quando via, porque eu era do mesmo jeito.

Mas Devon, com sua tatuagem que dizia Sem Tempo,


estava certo. A vida era muito curta para perder tempo com

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Forma de strip-tease em que a mulher/homem é enviado para se apresentar em domicílio ou outro
local específico.
esse tipo de merda. Não quando você poderia estar lá,
fazendo algo por alguém.

Eu acreditei nisso uma vez, em sair e fazer o bem ao


mundo. Foi por isso que me alistei, por que lutei muito e
duramente no Afeganistão. E então tudo desapareceu. Tudo
foi incinerado pelo explosivo, junto com minha perna, minha
confiança e a maior parte da minha saúde mental. Mas eu
passei tempo suficiente com medo e ansiedade. Talvez fosse
hora de fazer alguma coisa de novo.

Mas primeiro, tinha que ser corajoso o suficiente para ir


ao teatro.

Quando a limusine parou em frente ao teatro, saí e


atravessei a multidão na calçada. O show começaria em
trinta minutos, e a excitação estava aumentando. Não me
incomodei em procurar a peça on-line, era Macbeth, o que
mais havia para dizer? Mas pelas roupas da multidão, era
uma produção sofisticada. As mulheres usavam vestidos
elegantes de festa, homens de terno. Eu meio que esperava
um bando de descolados ou intelectuais, aparecendo para a
sua peça favorita de Shakespeare. Eu deveria saber que
Devon escolheria algo melhor que isso.

Os seguranças do camarote sabiam quem eu era


quando lhes dei meu nome, o convidado de Devon Wilder, e
me deixaram passar. Me encontrei no saguão, que era
exuberante e com tapete vermelho, uma escadaria que levava
ao nível da orquestra. Havia uma multidão aqui também,
respirei fundo, tentando manter o foco. Multidões podiam ser
ruins para caras com estresse pós-traumático. Eu só tinha
que encontrar Devon, Olivia e a irmã de Olivia, e poderíamos
ir para o camarote onde era mais calmo, onde eu tinha menos
chances de um ataque de pânico.

Avistei Devon quase que imediatamente. Ele era difícil


de não notar: alto, de cabelos escuros, vestindo um terno
negro que se encaixava como uma luva. Ele estava com
Olivia, que era uma dessas mulheres silenciosas,
incrivelmente linda, talvez não o tipo de mulher que
conseguisse um contrato de modelo de cara, mas do tipo que
você poderia olhar por dias sem ficar cansado. Ela era magra,
mais baixa que Devon, seu lindo corpo envolto em um vestido
preto simples e elegante, seus cachos escuros soltos sobre os
ombros e no meio das costas. Devon disse alguma coisa e ela
olhou para ele, sorrindo com humor irônico.

De pé ao lado dela estava Gwen.

Eu a notei e parei de andar assim que Devon desviou o


olhar de Olivia e se virou.

— Max.

Olivia se virou, mas eu mal notei. Foi Gwen que eu vi,


usando um vestido vermelho escuro, que mal mostrava seus
ombros e terminava nos joelhos. Um vestido elegante que,
apesar de tudo, a fazia parecer mais sexy do que qualquer
outra mulher na sala. Ela havia amarrado os cabelos loiros
de lado, prendendo-os por trás, de modo que os fios caíssem
sobre suas costas e seu pescoço. Ela se virou e olhou para
mim, e sua expressão mudou. Não havia outra maneira de
descrever.

Agora que as duas mulheres estavam lado a lado, eu


podia ver. Não era algo que você normalmente notaria, já que
Olivia era morena e Gwen era loira. Mas quando elas estavam
juntas, você podia ver a semelhança em suas maçãs do rosto,
no conjunto de seus queixos. Elas eram da mesma
altura. Elas tinham as mesmas pernas perfeitas e
esbeltas. Elas eram irmãs.

Gwen era a irmã de Olivia.

Eu rapidamente assimilei isso no meu cérebro,


calculando como diabos eu poderia saber disso. Eu fiquei
mudo. Eu podia ver na expressão de Gwen que ela também
ficou.

Mas não. Não havia como a irmã de Olivia e o melhor


amigo de Devon se conhecerem quando ela bateu na minha
porta.

Eu dei um passo para frente. Devon dizia alguma coisa,


nos apresentando, talvez mas, como de costume, minhas
palavras não funcionaram do jeito que eu queria. Olhei para
Gwen e disse.

— Seu sobrenome é Maplethorpe?

Porque sim. Tínhamos feito sexo três vezes, além de


parte de um boquete, e eu não sabia o sobrenome dela. Eu
nunca perguntei.
Gentil, Max. Muito gentil. Você realmente sabe como
chegar nas mulheres.

Gwen ficou igualmente chocada.

— Você é o cara barbudo quente? — Ela perguntou para


mim.

Isso me deu um estalo.

— Que cara barbudo quente?

— Aquele que vive do outro lado do apartamento da


Olivia.

Eu ainda tentava entender.

— Eu não moro em frente a Olivia. Ela se mudou.

— Mas ela costumava viver à sua frente. No 2D.

— Hum. — Olivia disse isso em voz alta, ficando entre


nós, com o rosto vermelho.

— Olá, vocês dois. Eu não sabia que vocês se


conheciam.

Eu olhei para ela.

— Nós nos conhecemos. — Expliquei.

E então Gwen disse as palavras que colocaram tudo em


perspectiva para mim.

— Por engano. — Falou bruscamente.

Certo. Eu entendi. Ela não queria me conhecer, não em


público. Ela não queria que ninguém soubesse o que tinha
acontecido. Porque para ela, eu era um constrangimento.
Não seu tipo usual.

Então eu desliguei. Devagar e deliberado. Resfriei meus


sentimentos, empurrei-os para baixo, fiz com que
parassem. Desviei meu olhar de Gwen e me voltei para Devon
e Olivia.

— Foi casual. — Falei, encolhendo os ombros.

— Nós nos encontramos em Shady Oaks.

Devon olhava para mim com aquele olhar inabalável


dele, que parecia que podia ver tudo. Ele provavelmente
podia, mas isso não importava. Coloquei minhas mãos nos
bolsos e olhei para ele.

Ele me deu uma folga e se virou para Olivia.

— Você acha que ele é um cara barbudo e quente? —


Ele disse, sua voz enganosamente calma.

Ela gemeu de vergonha.

— Muito obrigada, Gwen. — Agradeceu à irmã e depois


a Devon.

— Ele é. Foi apenas uma observação objetiva. Isso


não significa nada.

Eu consegui sorrir para ela. Eu gostava da Olivia. Ela


tinha inteligência e tanta coragem que Devon nunca a
intimidou.

— Obrigado. — Falei para ela.

— Pelo elogio. Vamos encontrar este camarote ou o quê?



Eu olhei para Gwen enquanto dizia isso. Suas
bochechas estavam levemente coradas, sua postura
rígida. Ela estava nervosa. E de repente tudo ficou claro para
mim.

Ela estava assustada. Ela pensou que poderia fingir que


isso não acontecia entre nós. Ela pensou que eu realmente
acreditaria que éramos um erro. Que estávamos
acabados. Que ela poderia usar seu medo para me fazer ir
embora.

Ela realmente pensou que eu iria embora.

Ela estava errada.


GWEN
Eu ainda estava em choque
enquanto caminhávamos para ampla escadaria do teatro e
começamos a subir em direção ao nosso camarote. Max era
amigo de Devon? Seu melhor amigo? Isso foi o que Olivia
tinha dito, que Devon estava trazendo seu melhor amigo. Eu
senti como se tudo estivesse se movendo em frente aos meus
olhos, coisas que eu achava que sabia, como voltar para casa
em seu apartamento e ver a mobília arrumada.

Max disse que era de Los Angeles. Devon, eu sabia,


tinha uma carreira longa e instável, a maioria criminosa,
tanto em Los Angeles quanto em São Francisco, antes de
herdar seu dinheiro. Se eles eram melhores amigos, deveria
haver um lado de Max que eu não vi. Um lado que talvez
tivesse feito algumas das coisas que Devon fez. Vivido a vida
que Devon viveu. O Max que eu conhecia era recluso, quieto,
sem encontros, lendo seus livros e principalmente se
escondendo do mundo.

Havia obviamente mais sobre o Max do que eu pensava.

Os homens adiantaram-se subindo as escadas,


caminhando lentamente ao lado da multidão que se movia
conosco, Max com seu andar distinto enquanto subia as
escadas. Vi quando a cabeça de Devon se inclinou perto da
de Max. Eles eram da mesma altura, embora Max fosse maior
que Devon, mais forte em músculos devido ao tempo na
academia. Devon era poderoso, rápido e letal. Max era o cara
que você contrataria como segurança por seus ombros e
braços de lenhador.

Max disse algo de volta a Devon, apenas uma palavra ou


duas, e Devon se inclinou mais perto, falando de novo,
gesticulando brevemente com uma das mãos. Eu podia ver
naquele momento a intimidade deles, amigos que se
conheciam há muito tempo. Nenhum dos dois dizia muito em
número de palavras, mas era óbvio que a conversa deles era
objetiva, o foco de Devon estava totalmente em Max. Como
benefício secundário, os dois eram basicamente um
sanduíche sexual, e metade das mulheres que os via estavam
praticamente caindo pelas escadas enquanto esticavam o
pescoço.

Minha irmã agarrou meu pulso e se inclinou mais perto


de mim, imitando a postura de Devon à nossa frente.

— O que diabos está acontecendo? — Ela assobiou.

Respirei fundo, tirando meus olhos de Max, porra, ele


estava lindo de calça social e camisa, e ele tinha feito algo
ridiculamente sexy em sua barba, olhei para ela, encolhendo
os ombros.

— Foi apenas uma coincidência maluca. Eu fiz um show


em Shady Oaks um dia, e nos conhecemos.

Seus grandes olhos escuros estavam arregalados.


— E? — Ela solicitou.

Essa era a pergunta de um milhão de dólares, não era?

— É complicado. Não é nada, ou talvez nada. É apenas


uma coisa, mais ou menos. Eu acho. —Eu me virei para ver
que ela estava me encarando como se eu tivesse duas
cabeças; eu nunca tinha falado sobre um homem assim
antes, balbuciando frases vazias para preencher o silêncio.

— Não importa. — Acrescentei, aparentemente incapaz


de calar a boca.

— Vamos falar sobre isso mais tarde. Ou grande


parte. Mais tarde. Agora não.

— Puta merda. — Olivia falou calmamente.

Suspirei.

— Esqueça isso, ok?

— Tenha cuidado, Gwen. — Falou em um quase


sussurro quando chegamos ao topo das escadas.

— Devon o adora. Apenas ...tente ser legal, ok?

Isso doeu. Minha primeira reação foi raiva. O que você


quer dizer com ser legal? E então me lembrei de como as
palavras por engano haviam saído da minha boca e eu sabia
que merecia. O que diabos havia de errado comigo? Eu
sempre pensei em mim mesma como forte, independente,
opinativa. Eu nunca igualei essas coisas a ser uma vadia. Eu
nunca cruzei essa linha a menos que a situação exigisse
isso. Mas, mais uma vez, acabei por me mostrar uma idiota
insegura quando Max Reilly estava por perto.
— Há sangue e morte nisso, certo? — Devon perguntou
quando entramos no camarote do teatro. Era lindo, elegante,
confortável, completamente privado, com uma visão
incomparável do palco. Abaixo de nós, a multidão tomava
seus lugares, o zumbido da conversa elegante e
animada. Fazia anos desde que eu tinha ido ao teatro, desde
quando fiz faculdade. Tinha me esquecido de como era
divertido, especialmente logo antes da cortina abrir.

— Muito sangue e morte. — Prometeu Max. Havia uma


fileira de quatro assentos. Olivia pegou a última. Devon
sentou ao lado dela. Sentei-me ao lado de Devon, uma vez
que toda a noite deveria ser sobre ele e eu nos conhecendo
melhor, e Max se sentou ao meu lado.

Ele cheirava bem. Seu braço grande roçou o meu. As


luzes se apagaram, embora a cortina não tivesse subido
ainda. Era um momento de total silêncio, de antecipação
quase insuportável.

Devon e Olivia estavam conversando em voz baixa,


então falei a Max.

— Eu não quis insultar você. Fiquei só chocada.

Ele se mexeu em seu assento e seu braço roçou o meu


novamente. Isso fez meus mamilos endurecerem sob o
vestido.

— Está tudo bem. Eu pareço ter esse efeito em você.

— Aquele em que me comporto como uma vadia?


— Aquele em que você tenta se livrar de mim. — Ele me
corrigiu.

— Não funcionará.

Virei-me para olhá-lo, mas as luzes se apagaram e a


cortina se ergueu, todos aplaudiram e a peça começou.

No intervalo, eu estava uma pilha de nervos. Não era


apenas a peça, que era intensa, bonita, sombria e
perfeitamente executada. Era o fato de eu ter passado mais
de uma hora sentada na tensão do camarote do teatro,
dolorosamente ciente de que Max estava sentado ao meu
lado, observando extasiado. Devon, do meu outro lado,
mexia-se com mais frequência, e cada vez Olivia passava a
mão levemente em seu joelho.

Quando as luzes do intervalo se acenderam, Max deixou


o camarote sem uma palavra, presumivelmente em busca do
banheiro masculino. Olivia percebeu e se levantou
abruptamente, dizendo que voltaria logo. Levei um segundo
para perceber que ela me deixou sozinha com Devon.

Como se ele estivesse lendo minha mente, peguei Devon


olhando para mim com um olhar divertido em seus olhos
verdes.

— Ela quer que nos fiquemos bem. — Explicou ele.

Eu fiz uma careta para ele.

— Eu pensei que já nos déssemos bem. — Ele encolheu


os ombros.
— É importante para ela. — Como se essa fosse toda a
razão que ele precisava. Ele acenou com a cabeça em direção
ao palco.

— Você entende essa peça?

— Eu não li, mas conheço a história. Nós tivemos um


curso de Shakespeare na escola de teatro. — Eu pisquei para
ele, percebendo o que ele estava sugerindo.

— Você ainda não conhecia a história?

Ele olhou para o palco, parecendo estar em profundo


pensamento.

— Eu não acho que acabará bem. — Comentou ele.

— Eu acho que dará ruim para ele. Não me diga se


estou certo ou não.

Olhei para ele por mais um segundo, percebendo


exatamente por que minha irmã estava um pouco obcecada
por Devon Wilder. Ele vestia um terno, que parecia muito
bem nele, tinha que admitir, e assistiu a uma peça de
Shakespeare que ele nunca ouviu ou leu uma palavra
antes. Shakespeare. E ele estava entendendo, da mesma
forma que qualquer outro cara entenderia o último filme
de Velozes e Furiosos. Qualquer um que olhasse o passado de
Devon Wilder com seu histórico criminal e seus dois anos na
prisão por dirigir a van após o roubo de uma loja de TV e
pensasse que eles estavam lidando com um idiota, teriam um
grande problema.
Muitos traficantes de drogas de San Francisco tinham
aprendido essa lição quando ele os derrubou depois que
tentaram chantageá-lo e ferir Olivia. Não havia um deles para
ameaçá-lo agora. Eles foram todos pegos em uma grande
busca que ele arquitetou com os policiais.

Complicado nem sequer tocava a superfície de


Devon. Como Max Reilly, seu melhor amigo.

Percebi que seu olhar verde havia pousado em mim e


uma de suas sobrancelhas subiu.

— O quê? — Ele me perguntou.

As palavras saíram da minha boca.

— Qual de vocês é mais esperto, você ou Max?

— Max. — Ele respondeu imediatamente.

— Fácil. Eu geralmente estou alcançando ele. Você sabe


que ele me emprestou livros enquanto eu estava na prisão,
certo?

— Não. Eu não sabia. — Poderia imaginar, no entanto, e


gostei do que vi.

— Daquela grande coleção que ele tem em seu


apartamento?

Ele olhou para mim de novo, e percebi que tinha


acabado de admitir que vi o interior do apartamento de Max.

— Normalmente, histórias de caras que se deram mal e


pagaram o preço.

Eu desviei o olhar, tentando não rir.


— Eu não tinha muito o que fazer na prisão. Ele era a
única pessoa que vinha me ver regularmente enquanto eu
estava lá. Ele se inclinou para frente, colocando os cotovelos
sobre os joelhos, uma pose que fez o tecido fino de seu terno
fazer coisas interessantes em seu torso.

— Eu devo a ele muitas coisas. Isso é apenas uma delas.

Eu não pude evitar; minha curiosidade estava me


matando.

— Vocês dois cresceram juntos em Los Angeles?

Devon assentiu, ainda olhando para o palco.

— Eu não sei o quanto Olivia disse a você. Meu irmão e


eu praticamente não tínhamos pais. Nosso pai nos deixou e
nossa mãe mal estava por perto. A mãe de Max trabalhava
em turnos e seu pai era um bêbado. Nós três, eu, meu irmão
Cavan e Max, ficamos juntos praticamente o tempo todo.

Eu fiquei quieta, tentando imaginar isso. O irmão de


Devon foi embora há dez anos, eu sabia pela minha irmã, e
não fora visto desde então. Devon tentou encontrá-lo para
poder reivindicar sua parte da herança.

— Meu irmão Cavan era o encrenqueiro, eu era o


executor, o cara com quem você não brincava. Mas Max era o
sensato. O inteligente. Aquele para quem você sempre ia
quando entrava em problemas, porque ele podia descobrir a
saída. Ele fez uma pausa.

— Eu nunca pensei que tivesse um futuro, e nem


Cavan. Mas Max era aquele que deveria ter uma boa vida.
Eu olhei para o meu colo, pensando na perna de Max,
suas cicatrizes. Um caso de transtorno de stress pós-
traumático que quase me matou.

— Alistar-se deveria ser para isso. — Continuou Devon.

— Era para tirá-lo de seus pais tóxicos, longe de LA e de


nós, mandá-lo para uma vida melhor. Quando ele foi embora,
tinha uma boa namorada e um bom futuro. Ele se foi por
quatro anos. E então voltou para casa.

— Eu vi a perna dele. — Disse, tentando não deixar as


palavras que ele tinha uma boa namorada queimarem meu
estômago.

— Onde você está querendo chegar, Devon? Você quer


que eu fique longe do Max? É isso?

Ele olhou para mim, diversão em seus olhos novamente,


já que eu acabei de admitir que vi Max sem calça.

— O oposto, na verdade. Ele precisa de alguém para


sacudi-lo. O verdadeiro Max que eu conheço está enterrado
desde que voltou para casa, mas sei que ele está lá. Eu acho
que você já está trazendo ele para fora.

— Como você pode dizer isso? Você nos viu juntos por
trinta segundos.

Ele na verdade riu disso, o efeito foi meio que


fascinante.

— Trinta segundos é tudo que eu preciso, Gwen.

— Olivia acha que eu posso machucá-lo.


— Olivia não conhece Max como eu. — Devon disse
facilmente.

— Ele é duro pra caralho. Ele te surpreenderá. Estou


apostando nisso.

— Ele já me surpreende. — Eu admiti.

— Mas você ouviu o que falei no andar de baixo. Eu nem


sempre sou uma pessoa legal, especialmente quando se trata
dele.

— Max não precisa de uma pessoa boa. Talvez algum


dia, mas não agora. Ele precisa de alguém para moer suas
engrenagens e irritá-lo. Eu sei disso há um tempo. Eu tentei
balançá-lo por mim mesmo. Foi por isso que dei a ele cinco
milhões de dólares.

Abri a boca, mas havia uma voz profunda familiar no


corredor, a porta se abriu, e Max e Olivia entraram. Olivia
estava rindo, e Max estava balançando a cabeça, eu sabia
que ele havia dito algo que fez minha irmã rir. Em uma
explosão de inveja, eu queria saber o que era.

Max contornou as cadeiras e se sentou ao meu lado.

— Sangue e morte parte dois, irmão. — Falou a Devon.

— Você está entendendo ou quer a versão do livro de


figuras?

— Esse cara é carne morta.

— Essa parte eu peguei. Não consigo ler a versão do


livro ilustrado.

— Você é um constrangimento. — Max resmungou.


— Não podemos levá-lo a lugar algum.

— Sangue e morte. — Pegando a mão de Olivia


gentilmente e acomodando em sua cadeira.

— Eu gosto disso.

— Eu também. — Max concordou, e as luzes se


apagaram novamente.
GWEN
Macbeth terminou em sua
sinfonia de tragédia, mas eu mal dei atenção. Eu estava
muito atordoada com a bomba que Devon havia lançado
sobre mim.

Cinco milhões de dólares.

Depois que a cortina se fechou, houve alguma conversa


sobre limusines, sobre quem estava entrando em qual, que
eu mal prestei atenção. Por isso que não sabia como acabei
dividindo uma limusine para casa com Max, já que tínhamos
pegado limusines separadas para o teatro. Tudo o que eu
sabia era que me despedi, fui levada para o banco traseiro de
uma limusine, e Max entrou do outro lado e sentou-se à
minha frente.

A primeira coisa que ele fez foi desfazer o botão da sua


camisa, como se estivesse desconfortável.

— Tudo bem. — Falou para mim.

— O que a fez ficar toda irritada?

A limusine moveu-se lentamente no tráfego, que estava


presa porque todos estavam saindo do teatro, e parou. O
motorista estava à nossa frente, atrás do vidro. As janelas
eram escuras. Eu imaginei que agora era um bom momento
para deitar nele como qualquer outro.

— Cinco milhões de dólares?

Ele caiu de volta em seu assento.

— Ah, merda. — Ele reclamou.

— Devon disse a você.

Eu fiquei de boca aberta para ele.

— Você me disse que largaria seu emprego. Eu acredito


que você disse, eu posso me dar ao luxo de tirar um
tempo. Só isso. Você não disse nada sobre cinco milhões de
dólares.

— Eu não queria parecer um idiota. — Falou, passando


a mão pelo cabelo.

— Isso é o que caras dizem para loiras quando entram


em um bar, não é? Olhe para mim, querida, eu tenho cinco
milhões de dólares.

— Mas você tem. Nós fizemos sexo três vezes. Nós


dormimos juntos. Você nunca trouxe isso a tona?

Suas bochechas coraram um pouco, como se eu o


tivesse envergonhado, e me lembrei do quanto eu gostava do
constrangido Max.

— Não houve um bom momento para trazê-lo.

Ele não estava totalmente errado. Nós não tínhamos tido


muitas conversas, a menos que você contasse ele
dizendo goze no meu pau enquanto ele estremecia o meu
mundo no balcão da cozinha. Porra, agora eu estava corando
também.

— Ok. Mas você disse que sua academia cheira como


uma meia fedorenta de suor, e você ainda vai para aquele bar
de merda.

— Eu gosto daquele bar.

— E você ainda mora em Shady Oaks.

— Eu gosto de Shady Oaks. — Disse ele, mas então ele


franziu a testa.

— Ok, não realmente. Eu acho que posso me mudar.

— Você pode se mudar? É isso? Cinco milhões no banco


e você pode se mudar?

— Então eu deveria apenas gastar, certo? — Ele falou,


seus olhos em mim.

— Comprar um carro esportivo caro, uma grande


mansão vazia e uma namorada de vinte anos com silicone no
peito? É isso o que eu devo fazer?

Eu cruzei meus braços e olhei para ele de cima a baixo,


uma tarefa que precisava admitir, não era
desagradável. Porra, o homem podia usar calças sociais e
uma camisa de botão tão bem quanto um jeans
desgastado. E seu bíceps pressionavam contra o tecido da
camisa. Eu não podia imaginá-lo fazendo nenhuma dessas
coisas, e se qualquer jovem de vinte anos com silicone no
peito chegasse perto dele agora, eu chutaria a bunda dela.

— Max. Você é um milionário.


— Tecnicamente verdade. — Ele concordou.

— Eu estou tentado colocar minha cabeça nisso,


Gwen. Eu estou. Mas tinha coisas para lidar primeiro.

Minhas sobrancelhas se levantaram.

— Como o quê?

— Dívidas do hospital, por exemplo. Eu estava pagando


o melhor que podia, mas nunca faria isso sozinho. Devon
estava certo sobre isso. Então paguei todas com o
dinheiro. Eu abandonei todas as minhas terapias também,
por causa do custo, e arrumei isso. Também havia dívidas de
quando meu pai morreu há dois anos. — Ele desviou o olhar
de mim para fora da janela.

— Ele era um bêbado e jogador, e deixou as coisas


bagunçadas. Demorei algum tempo para resolver tudo e
pagar, já que minha mãe morreu há muito tempo. Depois,
houve os custos e honorários de advogado da herança de meu
pai, que foram um desastre. Então me perdoe se, enquanto
eu estava lidando com toda essa merda, eu ainda vivia no
mesmo apartamento de merda e ia para o mesmo bar de
merda.

Meu peito estava apertado.

— Jesus, Max.

Ele encolheu os ombros.

— Está feito. — Ele pareceu pensar sobre isso.

— Eu acho que poderia cortar o cabelo.


Tentei pensar em um único homem que já namorei que
reagiria a cinco milhões de dólares dessa maneira. Senti
como se estivesse namorando homens de outro planeta.

— O que há com você? — Perguntei a ele.

— Toda vez que eu te encontro, descubro algo que não


sabia. Mesmo que eu descubra por Devon.

Max sacudiu a cabeça.

— Ele fez isso de propósito. Te falando sobre o dinheiro,


e o que mais ele te disse. Eu acho que ele está fodendo com
nós dois, mas principalmente comigo.

— Ele está preocupado com você, eu acho. —

— Estou acostumado com isso. — Ele passou a mão


pelo cabelo novamente, agora estava tão bagunçado que eu
não aguentava mais. Enquanto a limusine avançava pelo
tráfego deixando a cidade, eu tirei meus sapatos e me movi
pelo banco de trás, acomodando-me em seu colo.

— Oh, inferno. — Mas foi em um meio suspiro, e senti


seus músculos relaxarem.

Eu tive que puxar meu vestido quase até meus quadris


para liberar minhas pernas, e assim que senti suas coxas
grandes e duras debaixo de mim eu fiz o que eu estava louca
para fazer: inclinei-me para frente e o beijei.

Ele tinha um gosto tão bom, como malte e algo doce, e


senti a agitação por todo o meu corpo. Em minutos,
estávamos nos beijando como adolescentes, sua língua
roçando a minha, uma das mãos dele na parte de trás do
meu pescoço, a outra deslizando por baixo do meu vestido e
sobre o meu quadril. Enterrei meus dedos em seu cabelo
macio e mordi seu lábio quando interrompemos o beijo.

— Você sentiu minha falta? — Eu ofeguei em sua boca.

— Não.

— Bom. Eu também não. — Falei, e o beijei novamente.

Como sempre acontecia, tudo se dissipava quando eu


estava com Max. Toda a minha agitação, minha incerteza, os
nós que me prendiam. Tudo. Eu estava embriagada por dele,
lânguida e feliz quando uma de suas grandes mãos segurou
meu peito através do meu vestido. Isso ia ficar muito sujo,
muito rápido. Parte de mim queria. Quem saberia, afinal de
contas? As pessoas provavelmente fodiam em limusines o
tempo todo. E eu queria que Max me fodesse em uma. Eu
queria que Max me fodesse em qualquer lugar.

Mas eu também queria controlar desta vez, então


coloquei minha mão entre nós, abri o zíper da calça dele e
passei a palma da minha mão sobre o seu pênis.

— Porra. — Ele rosnou contra o meu pescoço.

— O que você está fazendo?

— Apenas fique quieto. — Falei para ele enquanto


puxava seu pau de sua cueca boxer.

— Eu tenho um presente para você. — Eu deslizei


minha mão sobre ele, esfregando a cabeça e depois para
baixo novamente.
— Gwen. — Ele disse, pulando debaixo de mim como se
eu tivesse lhe dado um choque elétrico. Deus, adorei quando
recebi essa reação.

Suavemente chupei seu lábio inferior, sentindo a


aspereza de sua barba, quando fiz de novo.

— Você não gosta? — Eu provoquei.

Ele gemeu contra mim.

— Porra, mulher.

Eu o acariciei novamente, sentindo cada movimento de


seu grande corpo sob o meu, e eu tive um pensamento louco
e possessivo: Meu. Esse homem quente e complicado era todo
meu e eu queria ouvir.

— O que você disse sobre não ter uma mulher desde o


Afeganistão?

Seus dentes roçaram o lado do meu pescoço.

— Eu digo coisas estúpidas para você quando


brigamos. Caralho. Faça isso mais forte.

Eu fiz, mas diminuí a velocidade,


saboreando. Saboreando ele. Não apenas a tortura que eu
estava lhe dando, mas o prazer. Eu nunca gostei de agradar a
um homem antes de conhecer Max. Sempre senti como se
tivesse perdido algo que o homem havia ganhado. Mas
agradar o Max não era nada disso, era quente e incrivelmente
recompensador.

Havia pré gozo nele agora, e isso deixou minha mão


escorregadia. Como se lesse minha mente, ele estendeu a
mão e segurou a lateral da minha cabeça, olhando nos meus
olhos enquanto eu o masturbava.

— Você ainda acha que somos um erro? — Ele rosnou.

Eu não podia fazer nada além de contar a verdade.

— Não. — Eu admiti.

— Eu nunca pensei isso.

Eu o acariciei novamente e observei o puro prazer


escurecer seus olhos.

— Pare de ser uma stripper.

— Eu não posso. — Eu ofeguei.

— Gwen. — Sua voz em pura escuridão.

— Largue seu maldito trabalho.

Deus, ele estava me matando.

— Eu explicarei mais tarde. — Falei.

— Apenas goze primeiro.

Ele se inclinou para frente e roçou a boca sobre a


minha, sua língua me tocando enquanto eu o acariciava. Ele
estava perto, eu podia sentir, seus músculos estavam tensos,
sua respiração curta.

— Você conseguirá o que quer. Você sempre consegue.

Eu estava sem fôlego. Eu nunca tinha estado tão


excitada enquanto um homem nem sequer estava me
tocando. Eu não tinha nada além da pura verdade que
restava em mim.
— Eu quero vê-lo. — Confessei.

E sua voz, mais uma vez, me fez tremer.

— Não. — Falou sombriamente.

— Você quer engoli-lo.

E eu fiz. De repente, eu queria isso mais que tudo. Eu


deslizei de seu colo e fiquei de joelhos no chão, e enquanto a
limusine tomava a estrada para o Sul de São Francisco, eu
engoli até última gota.

Foi maravilhoso.

Enquanto eu estava reajustando meu vestido e sentando


no banco como uma pessoa normal, Max fechou as calças e
abriu a janela que se comunicava com o motorista.

— Só uma parada. — Falou brevemente.

— A casa da senhorita Maplethorpe. — Ele fechou a


janela novamente, sentou-se e olhou para mim.

— Nós não terminamos.

Eu não respondi, mas meu coração bateu como louco no


meu peito e meu pescoço ficou quente.

Não era apenas sexo de que ele falava. Max Reilly tinha
planos. E eu estava prestes a descobrir quais eram eles.
GWEN
Max parecia enorme em meu
pequeno apartamento, ocupando todo o espaço no meio da
sala. Ele olhou em volta, absorvendo tudo em um relance,
sua expressão ilegível. Liguei a lâmpada ao lado do meu
minúsculo sofá, não pronta para o escrutínio das luzes do
teto.

Eu estava tremendo. Quente. Excitada, capaz de sentir o


quão lisa e molhada eu estava entre as minhas pernas. E eu
estava nervosa. Tinha a sensação de que o poder que eu
peguei na limusine havia escorregado das minhas mãos para
as dele, e que eu desisti de bom grado, o que eu não
entendia.

Eu fiquei no meio da sala, observando-o. Ele era alto e


lindo, musculoso sob suas roupas bonitas. Seu estômago era
perfeitamente plano sob sua camisa, as linhas intactas onde
estava escondido em suas calças. Ele conseguiu se endireitar
melhor do que eu. Eu podia sentir que meu vestido estava
enrugado, minha calcinha úmida, minha pele manchada de
calor.

Ele se virou para mim, seus olhos escuros e ilegíveis, e


caminhou em minha direção. Não tenho ideia do que ele
fará, pensei, e a ideia era emocionante. Talvez ele falasse
comigo; talvez ele me fodesse; talvez ele não fizesse
nada. Talvez ele simplesmente passasse por mim e fosse
embora. Eu sempre fui capaz de prever o que um homem
faria, especialmente quando eu o tinha sozinho no meu
apartamento. Eu podia dizer quando ele viria com conversa
fiada, quando ele decidia fazer um movimento. Eu podia dizer
antecipadamente que eu já tinha decidido qual seria a minha
reação quando ele chegasse lá.

Max rodeou as minhas costas e tirou meu cabelo da


nuca, expondo o zíper do meu vestido. Então, sem uma
palavra, ele abriu o zíper.

Ele não falou. Eu me segurei, sentindo o zíper abaixar


por minhas costas. Eu tinha a sensação de que isso não era
sobre sexo, embora meu corpo estivesse zumbindo em
esperançosa antecipação. Nas poucas vezes em que fizemos
sexo, Max não fora assim; ele fora quente, mal contido, como
se uma porta que ele mantivesse trancada fosse aberta. Agora
ele estava calmo, todo concentrado.

Então eu esperei. Ele abriu o zíper todo, em seguida,


tirou o vestido dos meus ombros. Ele o segurou,
decorosamente, enquanto eu tomava minha decisão e saía
dele. Então ele colocou-o calmamente na parte de trás da
minha cadeira da cozinha.

— Seus sapatos. — Eu empurrei meus saltos. Agora


estava em pé descalça, usando apenas o sutiã e
calcinha. Max se afastou para o lado, olhando para mim. Ele
coçou a barba.

— Há algo que eu tenho tentado descobrir sobre você. —

Eu lutei contra o desejo de ficar constrangida. Quantos


vezes eu fiquei nua na frente de homens antes, vestindo nada
além de minúsculas roupas íntimas? Centenas,
provavelmente, na minha carreira. Mas eu já sabia que estar
nua na frente de Max não era como estar nua na frente de
mais ninguém. Eu não sabia o que era esse jogo, mas sabia
que queria jogar.

— O que é? — Eu perguntei.

Ele estava parado, me observando.

— Eu estive pensando sobre o que você quer. — Ele se


aproximou, olhando para mim mais de perto, como se eu
fosse uma estátua em um museu.

— Eu me perguntei sobre isso. Não apenas o que você


quer nos próximos minutos. Eu quero dizer o que
você realmente quer.

Por alguma razão, minha boca ficou seca. Ninguém


nunca me perguntou isso.

— Não é complicado. — Eu consegui dizer.

— Eu acho que é. — Seu dedo tocou a alça do meu


sutiã, e meus mamilos endureceram. Se notou, ele não
demonstrou.

— Acho que você conta a todos uma história sobre você


mesma, mas não é verdade. E acho que você conta essa
história até para si mesma e diz a si mesma que acredita
nela. Isso é o que torna difícil para eu ver.

— E você? — Eu fui na defensiva, porque o escrutínio


era demais.

— Você acha que pode me analisar, mas o que você


quer?

— Um monte de coisas. — Disse, enroscando o dedo


suavemente sob a alça do meu sutiã e puxando-o pelo braço.

— Principalmente você. Toda para mim. Sem


compartilhar.

Meu estômago revirou.

— Você decidiu isso a pouco tempo.

— Não. Eu decidi isso no minuto em que abri o seu


vestido pela primeira vez, enquanto você estava sentada no
meu colo. Isso é o que você não vê em mim. Eu nunca fodo
uma mulher que não quero.

— Então você não quis uma mulher em quatro anos?

Ele suspirou e moveu-se para a outra alça do sutiã.

— Eu quis muitas mulheres, acredite em mim. Mas a


maioria das mulheres não quer uma bagunça mutilada com
uma cabeça fodida. Até você.

— Pare com isso. Você não é nenhuma dessas coisas.

— Eu sou. — Falou calmamente.


— Eu reconheço. É por isso que não estamos falando de
mim. Estamos falando de você. — Ele deslizou a outra alça
para baixo, e sua voz suavizou.

— Eu acho que você quis alguma coisa uma vez e não


conseguiu. Então você decidiu que não queria mais nada.

Suas palavras me cortaram como uma lâmina


afiada. Elas doeram, e minha primeira reação foi machucá-lo
de volta.

— Foda-se, Max.

— O que era? — Ele perguntou, não se importando com


a minha hostilidade. As alças do meu sutiã estavam caídas
agora, mas ele não fez nenhum movimento para removê-lo.

— O que você queria tanto? Me diga o que era.

— Deus, você é tão sem noção. — As palavras saíram


sem pensar. Eu precisava machucá-lo antes que a mágoa
viesse a mim, eu sempre tinha que fazer isso.

— Você acha que é tão inteligente, mas você não me


conhece. — Eu olhei para ele.

— Foram apenas algumas fodas, Max. Isso é tudo que


foi. Talvez parecesse mais para você, porque fazia muito
tempo. Mas eu posso te dizer que não foi algo a mais para
mim. Há uma fila de homens que me querem. Eu poderia
escolher qualquer um.

Ele me observou com seus olhos escuros, e então ele


desabotoou um punho, rolando a manga sobre seu braço
musculoso.
— É assim que você lidará com isso, não é? — Ele disse,
sua voz enganosamente casual.

— Isso é o que você dirá?

— Sim. Eu sou stripper porque gosto disso. — Essas


palavras saíram com força, elas eram uma mentira que eu
mal conseguia tirar da minha garganta.

— Eu gosto quando os homens me assistem e não


podem me ter. Eu gosto de deixá-los duros. Eu gosto de saber
que eles pensam em mim quando se masturbam à noite. Que
eu sou a única que eles nunca terão. — Engasguei-me com
outra mentira.

— Assim como eu sou o que você nunca terá.

Ele apenas balançou a cabeça, levantando a outra


manga.

— Você engoliu o meu gozo na limusine quinze minutos


atrás. — Ele apontou.

— Você adorou. Você espera que eu acredite nisso?

A lembrança disso ainda estava tão fresca, tão ardente,


que não consegui falar por um segundo. Então falei.

— Eu estava brincando com você.

— Você nunca esteve brincando comigo. — Agora havia


uma corrente de raiva em sua voz, controlada, mas
inconfundível.

— Você apenas pensou que estava. Agora vá para a


cama.
Eu fiquei de boca aberta para ele.

— Você realmente acha que vai me foder?

Ele balançou a cabeça novamente.

— Eu não vou remotamente foder você, Gwen. Isso seria


muito fácil. Agora vá para a cama.

Eu fui. Isso mostrava o quanto eu estava maluca, o


quanto eu queria saber o que viria a seguir. Fui até a cama,
fingindo que meus joelhos não estavam tremendo. Essa era a
coisa mais estranha que já fiz, mas dizer aquelas palavras,
ouvi-lo, deixando a verdade sair era tão excitante que era
quase insuportável.

— Certo, agora o que? — Eu rebati.

Ele me seguiu. Ele colocou a mão no meu ombro e me


virou, então eu encarei o lado da cama. Ele enroscou os
dedos na minha calcinha nos quadris, empurrando-as para o
chão. Me perguntei se ele podia ver o quão molhada eu
estava, se ele notou. Então ele colocou uma das mãos grande
e quente em minhas costas e me empurrou suavemente até
que eu estava inclinada, minhas palmas apoiadas na cama.

O que era isso? Não era sexo. Eu queria que fosse sexo,
apesar das minhas palavras corajosas, se ele tivesse me
fodido eu teria cedido, e eu teria gozado em minutos. Mas ele
nem mesmo tirou a roupa. Ele passou a mão pelas minhas
costas, soltou meu sutiã, deixando-o cair na cama. Então ele
passou a mão em volta da minha cintura, sobre o meu
quadril, segurando-me no lugar.
— O que você está fazendo? — Minha voz estava
trêmula. Seu toque me deixava louca.

Ele se inclinou para frente e sua barba roçou minha


pele quando ele falou.

— Eu estou mostrando a você quem está brincando com


quem.

A primeira palmada veio na minha bunda do nada, e eu


pulei. Ele me segurou no lugar para que eu não perdesse
meu equilíbrio.

— Ow! — Eu gritei.

Ele me espancou de novo, e foi um choque de dor. Sua


mão era grande, seu braço poderoso e a ardência era afiada
na minha pele.

— Max! O que você está...

— Fique quieta. — E então ele acrescentou a instrução


mais curiosa.

— Apenas sinta.

Eu fechei meus olhos. Ele estava me apoiando com um


braço sobre meus quadris curvados; seu aperto não era
muito. Eu poderia empurrá-lo, fugir. Eu poderia até mesmo
ter chutado ou lhe dado um soco, uma joelhada nas
bolas. Em vez disso, parei e esperei com uma espécie de
curiosidade maluca.

A terceira palmada me fez ofegar. A dor foi imensa,


repentina, passando pela minha pele antes de evaporar-se
novamente. A raiva inundou-me, repentina e poderosa, como
veneno em minhas veias, não raiva de Max, mas raiva
de tudo. Era como se a dor a tivesse libertado de onde eu a
mantinha trancada. Eu senti vontade de gritar.

Ele me espancou novamente, e a tristeza surgiu. A auto


piedade. Eu não solucei, mas senti lágrimas em minhas
bochechas, como se tudo que precisasse sair estivesse
finalmente sendo libertado. E com a próxima surra veio a
luxúria, a dor desabrochando entre minhas pernas, pela
minha bunda e a parte posterior das minhas coxas. A luxúria
só aumentou com o próximo golpe, meu corpo se contraindo
e vazio. Eu o queria dentro de mim. Eu não poderia ser feliz
até que ele estivesse lá. Eu queria transar com ele por horas.

Ele fez uma pausa, esfregando a palma da mão sobre a


minha bunda dolorida, parecendo avaliar-me. Isso fez minha
pele formigar. Eu estava ofegando tão forte como se tivesse
corrido um quilômetro e meio.

— Nós terminamos? — Ele me perguntou.

— Sim.

— Você se comportará?

Eu deveria me sentir insultada, mas sabia o que ele


estava fazendo. Foi deliberado. Ele queria que eu me
libertasse, me fazendo deixar ir.

— Sim.

Então ele se foi, eu respirei e me endireitei. Em um


segundo ele estava de volta com o meu roupão de banho, que
ele deve ter encontrado no gancho dentro da porta do meu
armário. Eu nem sequer o ouvi procurar.

Ele colocou o roupão sobre meus ombros e me ajudou a


entrar nas mangas. Quando amarrei o cinto, ele disse.

— Fale.

Sentei-me na cama gentilmente, com minha bunda


dolorida, e olhei para o meu colo. As palavras vieram com
pressa, da mesma forma que as emoções.

— Quando eu tinha dezoito anos, engravidei. — Falei a


ele.

— Não foi de propósito, mas quando soube o que


acontecia… eu queria. Eu queria ficar com o bebê. Eu pensei
que amava meu namorado. Eu pensei que ele concordaria.

A cama balançou quando Max se sentou ao meu lado,


escutando.

Eu balancei a cabeça, lembrando.

— Eu fui estúpida. Eu tinha dezoito anos e não fazia


ideia do que era amor, mas achei que sim. Pensei que meu
namorado ficaria tão feliz quanto eu, que faríamos uma vida.
Foi uma fantasia boba. Ele ficou horrorizado quando
descobriu. Brigamos. Ele queria que eu me livrasse do bebê.
Quando não quis, falou que precisava de espaço, tempo para
pensar nas coisas. Basicamente, ele me largou. — Eu
arrisquei um olhar para Max. Ele estava me observando, seus
olhos escuros firmes em mim, escutando. Eu olhei para meu
colo novamente.
— Ele tinha dezoito anos também, e nós tínhamos
cuidado, então ele estava apavorado. Eu vejo isso agora,
embora eu não tenha visto naquela época. Não importava, de
qualquer maneira. Três semanas depois eu sofri um aborto.
Eu estava com menos de três meses. — Respirei fundo,
deixando o ar entrar profundamente em meus pulmões.

— Isso foi há oito anos e eu nunca fui capaz de falar


sobre isso até agora.

Ele não fez nenhum comentário.

— Sua mãe sabe?

— Sim. — Normalmente, eu sentia uma dor insuportável


mesmo pensando nisso, mas agora eu apenas me sentia leve,
como se pudesse flutuar.

— Olivia também. Ela é um ano mais velha que eu e não


havia como esconder o que acontecia. Ambas sabem o que
aconteceu. Mas eu deixei quieto, depois nunca mais falei
sobre isso com nenhuma delas. Ambas pensam que eu lidei
com isso e segui em frente. Ambas acham que eu sou tão
forte, que nada me deixa para baixo, que eu apenas me
levantei e continuei. Minha mãe se preocupa com Olivia, se
ela está feliz, mas nunca se preocupa comigo. Ela sempre diz
que é porque não precisa.

— Elas estão erradas. — Max disse simplesmente.

As palavras pareciam invadir meu peito e apertá-lo. Eu


olhei para ele novamente. Ele estava me observando, aquele
familiar franzido entre as sobrancelhas.
— Eu fiz um ótimo show. — Falei.

— Mas a minha vida desde então ... — Olhei ao redor


do meu apartamento, passei a mão pelo meu cabelo.

— Eu nunca admiti isso para mim mesma, mas eu faço


o que faço porque me faz sentir como se nunca mais irão me
machucar. Como se nada pudesse me ferir e me
derrubar. Não um homem, nem um emprego, nem nada.

— Eu entendo. — Ele se levantou e cruzou meu


minúsculo apartamento até minha geladeira, onde encontrou
uma garrafa de vinho branco pela metade.

— Agora me fale sobre esse problema que você tem com


o seu trabalho. — Sua voz em um rosnado, quando ele
encontrou dois copos e tirou a rolha da garrafa.

Considerando que eu tinha acabado de dizer a ele a pior


coisa que já havia acontecido comigo, a coisa que arruinou a
minha vida, não era uma cena emocional. Mas percebi que
era o que eu queria. Eu nem senti vontade de chorar; senti-
me calma, capaz de lidar com isso pela primeira vez, como se,
depois de todos esses anos, pudesse finalmente lidar. Parecia
que, mesmo quando ele estava batendo na minha bunda,
Max estava matando meus demônios. Ele me deu uma taça
de vinho e eu contei a ele sobre Trent, e como ele segurava
dinheiro do meu salário, me ameaçando. Como ele queria que
eu trabalhasse em sua festa exclusiva, supostamente para
recuperar meu dinheiro. Uma festa que ele mesmo iria
participar.
E Max também escutou isso, ficando a poucos metros
de mim, até que todas as palavras foram ditas. Então ele
bebeu seu copo de vinho em um gole e colocou o copo na
minha mesa pequena. A carranca entre as sobrancelhas se
transformou em uma carranca no rosto todo.

— Tudo bem. Eu lidarei com isso. Você descansará um


pouco.

Meu queixo caiu.

— O que você quer dizer com você lidará com isso?

— Exatamente o que falei. Beba o seu vinho. Vá


dormir. Faça o que quiser. Apenas não se preocupe mais com
isso. Ah, e não faça mais apresentações.

— Mas amanhã é sábado. — Protestei.

— Noites de sábado são minhas noites mais lucrativas.

— Gwen. — Falou exasperado.

— Esqueça a porra do dinheiro. Isso é uma ordem.

Eu me levantei, porque ele estava se virando e


caminhando para a porta.

— Onde você vai?

— Vou lidar com umas merdas. — Respondeu.

— Falo com você mais tarde.

— Espere! — Ele parou e se virou para olhar para


mim. Sua expressão estava apenas composta, mas eu podia
ver, ele estava furioso, embora não por minha causa.
Eu não queria que ele fosse embora. Eu queria falar com
ele. Eu queria agradecer a ele. Eu queria fazer sexo com
ele. Eu queria dormir. Eu queria todas essas coisas ao
mesmo tempo, então tudo que consegui dizer foi.

— Você baterá nele?

Por um segundo, os olhos de Max brilharam, e percebi


que era uma ideia muito, muito ruim cruzar com um homem
que já viu muito e feito mais do que a maioria das pessoas fez
na vida.

— Isso seria divertido pra caralho. — Disse com sua voz


gelada.

— Eu admito. Mas não. — Seus olhos brilharam


novamente.

— Ele não vai se curar do que tenho em mente.

Ele se virou, e então partiu, deixando a porta se fechar


suavemente atrás dele.

Eu era uma mulher diferente do que fora há uma hora


atrás. Fora isso, era como se ele nunca tivesse estado ali.
Max
— Eu realmente não sinto
falta de Shady Oaks. —

Eu puxei uma cadeira de jardim esfarrapada e sentei


nela. Estávamos no pátio central de Shady Oaks, sentados
em volta da piscina seca, cheia de folhas e velhas pontas de
cigarro em vez de água. Eram onze horas da noite de sábado
e deixei cair um pacote de seis cervejas no concreto entre
nós.

— Dê-me uma dessas. — Ben Hanratty, o advogado de


Devon, puxou sua cadeira semidestruída para perto e pegou
uma cerveja. Desde que ele herdou uma propriedade no valor
de um bilhão de dólares, Devon era agora o tipo de cara que
tinha um advogado, mas, sendo Devon, ele não tinha o tipo
usual. Ben tinha trinta e poucos anos, cabelos loiros escuros
e barba rala. Naquela noite, ele vestia um moletom preto com
capuz, jeans sujos e botas de motociclista. Ele parecia o
presidente do MC local em sua noite de folga, mas na verdade
ele era um advogado inteligente que não levava desaforo. Ele
havia trabalhado para Devon antes da herança, defendeu-o
em seu caso de prisão e sua lealdade ao seu cliente era
inquestionável.
— Existe uma razão pela qual tivemos que nos
encontrar aqui? —Devon me perguntou, abrindo sua própria
cerveja. Ele estava vestido como Ben, com jeans velhos e um
Henley verde-escuro por baixo de uma jaqueta de couro
surrada. Juntos, eles pareciam prestes a assaltar alguém ou
pegar a bolsa de uma velha senhora.

— Eu pensei que quando eu saísse do meu apartamento


e desse a você, eu nunca teria que ver este lugar novamente.

— Especialmente depois que Olivia se mudou. — Ben


concordou. Olivia morou no apartamento do outro lado até se
mudar para a casa de Devon, em Diablo, no mês passado.

— Eu vejo que o lugar não melhorou desde que eu vi


pela última vez.

Eu peguei minha própria cerveja.

— O lugar não melhorou desde que foi construído nos


anos sessenta. O que você esperava?

— Que nos encontraríamos em algum lugar com


cadeiras de verdade. — Contorcendo-se em sua cadeira de
jardim.

— E talvez um telhado.

— Você ficou fresco. — Eu o provoquei.

— Shady Oaks costumava ser bom o suficiente para


você.

Em um dos corredores acima de nós, uma nuvem de


fumaça de maconha flutuava de um apartamento. Alguém
riu. Duas mulheres entraram no complexo e atravessaram o
pátio, acenando e rindo. Uma delas nos chamou em voz
alta. Devon olhou por cima do ombro para elas e se virou
para mim, encolhendo os ombros.

— É um lixo. — Observou ele.

— Então, para que você nos quer aqui?

— Gwen tem um problema. Com o pedaço de merda


para quem ela trabalha.

As sobrancelhas de Devon se ergueram.

— Gwen?

— A stripper? — Ben perguntou.

— Escutem. — Expus a situação para eles. Senti-me


com raiva mesmo enquanto falava sobre isso, mas me
mantive sob controle. Esta reunião era sobre resolver a
situação, não ceder às minhas emoções.

Mesmo que fosse muito, muito bom fazer esse cara


Trent se arrepender.

Quando terminei de falar, Devon agarrou sua cerveja.

— Ela não contou a Olivia sobre nada disso. Ela não


sabe de nada.

— Gwen é orgulhosa. — Eu conseguia me identificar


com isso.

— Ela está envergonhada por ter entrado nisso. Ela


queria lidar com isso sozinha. Mas não pode.

— O que ela admitiu para você. — Devon observou


bruscamente.
— Quando exatamente?

Depois que eu espanquei sua bunda até ficar vermelha,


eu pensei, mas falei.

— Isso não importa. O ponto é que algo precisa ser feito


sobre essa situação. Gwen poderia processá-lo por atrasar o
seu pagamento, mas ela não pode pagar um advogado.

A voz de Devon era baixa e seca, do jeito que ficava


quando ele estava começando a ficar com raiva
ardentemente.

— Ela pode agora.

— Esse seria eu. — Ben interrompeu. Ele abaixou sua


cerveja e esfregou as mãos juntas em antecipação.

— Ele não pode confiscar o pagamento dela assim. É tão


ilegal que me dá tesão. Eu o processaria de graça, só para
colocar um gancho em suas bolas, mas Devon não me
deixaria.

— Não.

Ben encolheu os ombros.

— Eu pegarei seu dinheiro se você insistir. Mas algo me


diz que não é isso o que faremos.

— Correto. Então nós o processamos, e aí? Demora


meses antes de ir ao tribunal e, nesse intervalo, ele declara
falência ou deixa o estado. Gwen nunca recebe seu dinheiro,
e ele começa em outro lugar. Precisamos de um plano
melhor.
— O qual você já pensou. — Seus olhos verdes
brilhando no escuro. Ele bebeu sua cerveja.

— Diga logo, Max. Nós o colocamos fora do negócio?

— Eu também pensei nisso. Ainda não é bom o


suficiente. Ele acaba inventando um novo nome e aparece em
outro lugar, aproveitando-se de uma nova lista de
mulheres. Não, eu quero esse cara acabado. Completamente
acabado.

— Eu gosto do som disso.

— Eu contratei um investigador. Um colega


veterano. Eu o conheço do bar onde vou. Levou apenas
algumas horas de hoje para encontrar algumas coisas que
podemos usar.

— Tais como?

Tomei um longo gole da minha cerveja.

— Primeiro, ele está com o aluguel do escritório


atrasado. Ele está prestes a ser despejado. O prédio em si
está afogado e o senhorio está desesperado para vender.

A voz de Devon ainda estava zangada.

— Quanto?

— Ele se livrará do lugar inteiro por noventa mil. — Isso


era trocado no bolso de Devon e para mim agora. Nós
trocamos um olhar.

— Mas isso não é tudo. Eu comecei a pensar, se ele está


juntando todos os salários dessas mulheres, para o que ele
está usando o dinheiro? Não é para seu aluguel, obviamente,
ele também não está pagando. Então, onde diabos está indo o
dinheiro? — Eu olhei para eles.

— Então eu fiz meu investigador se aprofundar nisso.


Esse cara Trent mora em um apartamento barato que herdou
de seus pais. Ele não paga pensão alimentícia nem ajuda de
custo para nenhuma criança. Ele não tem grandes dívidas
nas declarações. Ele não aposta, pelo o que pudemos
verificar, ou viaja, e ele não está financiando uma namorada
rica. Não conseguimos descobrir para onde o dinheiro ia, mas
descobrimos todos os lugares que não está indo. Então, o que
isso diz a vocês?

Devon assentiu, seguindo para onde eu ia


imediatamente.

— Drogas.

— Tem que ser. — Eu concordei.

Na escuridão, Devon riu baixinho.

— Não há nada que eu ame mais do que colocar um


traficante de drogas fora do negócio.

Depois que ele herdou seu dinheiro, alguns traficantes


do passado de Devon tentaram chantageá-lo, ameaçando
Olivia. Devon respondeu se livrando da maioria deles em uma
das maiores apreensões da cidade. Não era permanente, é
claro, esses caras eram como ratos, mas, ainda assim, era
um traficante de baixa qualidade que cruzou o caminho de
Devon Wilder.
Ben terminou sua cerveja e jogou a garrafa vazia na
piscina cheia de lixo.

— Eu estou dentro, eu vivo para essa merda.

— Vamos dividir o prédio. — Olhando para mim.

— Dê-me um dia e eu posso fazer isso. Eu quero fazer


isso por Olivia. Ela ficará chateada quando ouvir o que sua
irmã tem passado. E depois cuidaremos do resto.

Esvaziei minha própria cerveja e joguei a garrafa,


ouvindo-a quebrar na piscina vazia. Eu não queria ir para a
cama ainda, sozinho no meu apartamento, me perguntando
se Gwen tinha seguido minhas instruções esta noite e
recusado qualquer show de strip-tease.

— Tudo bem.

Devon estava me observando.

— Você está se metendo em muitos problemas por


alguém que acabou de conhecer por acidente e se recusa a
falar sobre isso.

Eu decidi que lhe devia pelo menos um pouco de


verdade.

— Nós temos uma coisa.

Isso o fez rir.

— Você acha? Vocês dois pareciam chocados pra


caralho na outra noite. Vocês têm uma coisa e você nem
sabia o sobrenome dela?

— Sem sobrenome? — Ben assobiou.


— Legal.

— Não veio a mente. — Falei, e estremeci, olhando para


a expressão de Devon.

— Não é como eu sou, eu sei. Apenas aconteceu. — E


continua acontecendo, pensei. A menos que ela tenha
terminado comigo.

— Bem, eu gosto disso. Gwen não precisa de um cara


covarde, que de acordo com Olivia é o tipo de cara que ela
costuma namorar. Ela os faz saltar pelos aros para chegar
perto dela. Parece que você já passou nesse teste.

— Não tenha tanta certeza. Eu praticamente a irrito.

— Tudo bem comigo. — Levantando-se.

— Só me dê um aviso para que eu possa me esconder


quando os fogos começarem.
Gwen
Na segunda-feira, eu estava
me sentido ótima de um jeito que não estive em muito
tempo. Talvez nunca.

Eu passei o fim de semana fazendo algo maluco: quase


nada. Eu dormi, assisti Netflix e comi o que quis. Tomei
longos banhos e fiz minhas unhas e pensei em sair para fazer
compras e depois fui dormir de novo.

E eu fiquei vestida. Eu usei o que eu quis, o que acabou


sendo a mesma calça de yoga e camiseta para os dois
dias. Eu deixei minhas calcinhas, saltos altos e vestidos
colados em uma pilha no canto, e não olhei para eles.

Max estava certo. Eu odiava o meu maldito


trabalho. Era hora de sair. Eu não queria fazer isso de
novo. Tinha que haver um caminho.

Eu pensei sobre isso enquanto eu estava na frente do


espelho do banheiro depois do meu banho na manhã de
segunda-feira. Eu olhei para o meu corpo através da névoa
por um longo tempo, absorvendo a ideia de não ser mais
stripper. Do meu corpo como só meu, em vez de um jeito de
ganhar a vida. Eu poderia usar roupas íntimas que cobriam
toda a minha bunda e ficar sem sutiã. Eu poderia parar de
depilar entre as minhas pernas, deixar os pelos crescerem.
Eu poderia comer pizza e ganhar dois quilos. Cinco. Contanto
que eu gostasse do meu corpo, o que diabos isso importaria?

Eu gostei da ideia, tanto, que isso me assustou.

Acabou, pensei, olhando para o meu corpo, passando as


mãos pelos meus quadris. Ninguém nunca mais tem que olhar
para o meu corpo novamente, exceto eu.

E então, o inevitável próximo pensamento: E Max.

Max não se importava com o que eu usava, nem se


importaria se eu ganhasse cinco quilos. Minha bunda ficou
vermelha até o domingo de manhã. Um homem com tanta
paixão não se importaria se eu subisse um tamanho de
vestido. Na verdade, ele provavelmente iria me foder mais
forte.

Isso, pensei, sentindo meu sangue esquentar sob a


minha pele. Eu quero isso. Foi emocionante e
aterrorizante. Eu não queria nada há muito tempo, porque da
última vez que eu quis, foi tirada de mim.

Coloquei jeans e uma camiseta, e liguei para Olivia.

— Hey. — Falei quando ela respondeu.

— Você está no trabalho? Quer almoçar? Nós podemos


incluir vinho. Não, esqueça isso, vamos apenas tomar o
vinho.

— Eu trabalhei em uma exposição na noite de sábado,


então estou de folga hoje. — Informou, referindo-se à galeria
de arte em que trabalhava.
— E você está de bom humor.

— Estou. — Eu olhei para fora da janela do meu


condomínio minúsculo, tentando obter um vislumbre do
tempo, já que eu não tinha deixado o lugar em dois dias.

— Eu estou deixando de ser stripper.

— Bem, aleluia. Eu esperava que você fizesse isso há


anos. Mas, hum, há algo acontecendo.

Eu me endireitei para longe da janela.

— O que você quer dizer?

— Devon ficou ocupado durante todo o fim de semana.


Ele não me disse o que é, mas quando ele é cauteloso assim,
eu sei que é algo grande. Ele teve reuniões sem parar ontem,
e ele já tinha saído quando eu acordei esta manhã. Eu acabei
de mandar uma mensagem para ele e perguntei o que diabos
ele fazia, e falou que ele e Max vão pegar seu pagamento que
está atrasado.

Ah Merda.

— Devon e Max vão pegar o meu pagamento atrasado?

— O que isso significa? Aquele Trent cretino deve


dinheiro a você?

— Mais ou menos. — Falei, e depois lembrei que isso


não importava mais.

— Sim. Ele me deve muito dinheiro.

— E você não me contou? —Ela parecia magoada.


— Eu sei. Eu sou uma idiota. Eu o confrontei na
semana passada e ele me disse para conseguir um advogado.

— Bem, você tem algo melhor. Você tem Devon, Max e


provavelmente Ben. Isso eu tenho que ver.

Nós fomos aos escritórios da Candy Cane juntas. A


primeira coisa que vimos quando entramos no
estacionamento foi a recepcionista, despejando suas coisas
em seu carro e entrando.

— Foda-se ele. — Falou quando me viu enquanto pegava


as chaves.

— Eu não preciso dessa merda.

— O que aconteceu? — Perguntei a ela.

— Ele foi despejado! —Ela gritou e foi embora.

Olivia e eu trocamos um olhar. Meu estômago


afundou. Devon e Max estavam atrasados? Se Trent fosse
despejado, eu nunca veria meu dinheiro.

Mas quando entramos no prédio e chegamos ao


escritório, encontramos a porta totalmente aberta, o vestíbulo
dianteiro vazio e o escritório de Trent ocupado por dois
homens: Devon Wilder e Max Reilly.

Max estava sentado atrás da mesa de Trent, franzindo a


testa para a tela do computador. Devon estava descansando
em uma cadeira no canto, olhando através de um maço de
papéis, mas ele olhou para cima quando chegamos à porta,
seus olhos verdes divertidos.
— Nós fomos pegos. — Falou para Max.

Eu encarei os dois em choque, mas meu olhar parou


inevitavelmente em Max. Ele vestia um moletom preto com
capuz, e seus olhos estavam fixos em mim.

— O que vocês fizeram? — Eu perguntei a ele.

— Nós o despejamos.

— Como?

Ele encolheu os ombros.

— Devon e eu compramos o prédio.

— Nós somos os proprietários agora. — Dando a Olivia


um sorriso malicioso e retornando aos seus papéis.

— Esse homem deve aluguel atrasado de seis meses, o


que significa que as instalações agora são nossas. Assim
como tudo dentro dela.

Eu cruzei meus braços sobre o peito.

— Isso é legal?

— Vamos perguntar a Ben, meu advogado. — Indicando


seu telefone, que estava na mesa, obviamente no viva-voz.

— Ben, isso é legal?

A voz de Ben entrou no quarto.

— Você realmente quer saber?

— Apenas mantenha Devon fora da cadeia novamente.


—Disse Max para Ben.

— Ele não transou por dois anos.


— Farei isso.

Olhei em volta, processando a ideia de que Candy Cane,


Incorporações não existia mais. Ao meu lado, minha irmã
cruzou os braços, sua postura imitando a minha, e olhou
para Devon.

— Vocês dois compraram o prédio inteiro? — Falou.

— Foi barato. — Devon apontou para ela.

— Embora eu não saiba o que faremos agora, porque a


maioria dos inquilinos se foi e a localização é péssima.

— Vamos pegar um dispensário de maconha para um


inquilino. — Max disse, tocando o teclado na frente dele.

— Eles são legais agora. Nós ganharemos mais dinheiro


do que sabemos o que fazer.

— Jesus, Max. Você é um maldito gênio.

Max apertou uma tecla e o computador tocou.

— Sim, bem, a senha desse homem era senha, então ao


lado dele eu definitivamente tenho um alto QI.

— Isso tudo é muito ... gratificante. — Eu admiti.

— Mas como exatamente isso traz o salário que ele me


deve? E, eu suponho, para todas as outras garotas? Se ele
está quebrado e foi despejado, ele provavelmente está
deixando a cidade. O que significa adeus dinheiro.

Max desviou os olhos do computador para mim. Ele


parecia quente esta manhã, seu cabelo despenteado, sua
barba aparada por fazer.
— O dinheiro já se foi, Gwen. — Sua voz áspera.

— Ele está gastando isso em alguma coisa. A questão é,


o que?

— Não me ajuda se o dinheiro foi gasto. — Argumentei.

A voz de Devon estava calma e não indelicada.

— Não se preocupe com o dinheiro. — Ele disse, e eu o


vi trocar um olhar com Olivia.

— Você é a irmã de Olivia. Vai ser cuidada.

Abri a boca para protestar e depois vi o rosto de


Olivia. Ela estava me encarando, e eu sabia que ela ia me
fazer pegar o dinheiro, querendo ou não. Merda. Não havia
como negar que eu estava em um buraco e que o dinheiro
ajudaria. Mas foi difícil de engolir. Isso me fez sentir como
uma perdedora, uma fracassada. Agora eu entendi porque
Max nunca falou sobre seus cinco milhões de dólares.

Olhei de volta para Max e descobri que ele olhava para


mim como se estivesse lendo minha mente.

— Tudo isso é sobre... — Apontando para o escritório ao


seu redor, alheio à tempestade de minhas emoções.

— Acabar com esse homem para sempre. Se apenas


processá-lo ou pressioná-lo, ele se esconde e recomeça em
outro lugar.

Houve um suspiro alto e ofegante do computador,


seguido por um gemido orgástico. Todos nós olhamos quando
Max estremeceu e clicou o mouse.

— Jesus, esse cara assiste muito pornô.


— Estou perdendo as coisas boas. — Ben reclamou ao
telefone.

— Max, me envie registros bancários, registros de


funcionários, o que você encontrar. E a pornografia, mas
apenas as melhores.

— Consiga seu próprio pornô. — Disse Max, fechando a


pornografia presumivelmente, e clicando ao redor.

— Encontrei a lista de todas as meninas que trabalham


para ele, com contatos. Eu também encontrei registros de
folha de pagamento. Precisamos entrar em contato com todas
as mulheres da lista. Ele andou pegando dinheiro de todas
elas.

— O que temos aqui? —Devon disse, puxando um


envelope lacrado da pilha de papéis que ele segurava e o
abriu.

— Oh, olhe. Uma chave.

— Compartimento secreto. — Disse Max. Ele puxou


uma das gavetas da escrivaninha, que não abriu.

— Caramba, esse cara é um verdadeiro gênio do crime.

Devon colocou a chave na gaveta e abriu-a. Eu não pude


evitar, eu me aproximei, fiquei trás dele e olhei para dentro,
Olivia se inclinando sobre o meu ombro. Na gaveta havia dois
tijolos brancos, embrulhados em plástico transparente.

Ficamos em silêncio por um minuto.

— Aqui está o seu dinheiro.

— Oh, meu Deus. — Olivia gemeu.


— O que é? — Ben disse ao telefone.

— São drogas, não são? Porra, eu sabia disso. Eu


deveria ter apostado dinheiro.

Minha cabeça estava girando.

— Isso não está acontecendo. — Falei.

— Trent estava comprando drogas?

Max pegou uma caneta da escrivaninha e cutucou um


dos tijolos sem tocá-lo. Ele deslizou pelo fundo da gaveta,
avaliando de onde estava sentado em sua cadeira.

— O que você diz, Max? — A voz de Devon estava


quieta.

— Sem cortes, cada um vale quinze mil, talvez vinte. —

Devon tirou as chaves do bolso e as girou ao redor do


dedo, seus olhos verdes profundos em cálculos.

— Meu palpite é sem cortes. — Falou depois de um


minuto.

— Estou pensando que ele conseguiu uma boa conexão,


mas precisava do dinheiro para começar. Isso, bem aí, é uma
merda boa.

— Pornografia e drogas? — Ben disse sobre o alto-


falante.

— Esse cara é uma festa ambulante.

Max olhou para mim, sua expressão ilegível, e então ele


chutou a gaveta com a ponta do pé.
— Ele sabe que isso está aqui, Ele provavelmente está
correndo nesse momento.

— Ele está. — Verificando seu telefone.

— Ele está a caminho do aeroporto de Los Angeles,


baseado no GPS que eu coloquei em seu carro na noite
passada. Farei algumas ligações. — Ele colocou as chaves de
volta no bolso e respirou profundamente, depois sorriu.

— Adoro o cheiro de traficante de drogas assado. Este


foi um dia produtivo.

— Devon. — Falei.

— Obrigada. E me lembre de nunca te chatear.

Ele riu.

— Você nunca conheceu Cavan, eu sou o irmão Wilder


bom.

Ele saiu, e Olivia saiu com ele, me dando um sinal de


me ligue mais tarde por cima do ombro. Ben desligou e Devon
levou o celular com ele. E isso deixou só Max e eu.

Ele ainda estava sentado atrás da mesa. Ele recostou-se


na cadeira de Trent, cruzando as mãos presunçosamente
sobre seu estômago tenso e liso.

— Suponho que você se acha muito esperto.

Ele sorriu para mim e, em seguida, a cadeira rangeu


quando ele se levantou. Ele deu a volta na mesa e me
pressionou no batente da porta.

— Sente-se melhor? — Ele perguntou.


Eu podia sentir seu calor através de nossas roupas em
todos os lugares que ele pressionou. Eu podia sentir o cheiro
do banho que ele tomou esta manhã. Mas eu não o via desde
a noite em que ele me espancou, e eu não estava disposta a
ceder tão facilmente.

— Eu ainda estou chateada. — Eu indiquei.

— Não por muito tempo.

— Eu não tenho emprego.

— Você pensará em algo.

Dei de ombros, o movimento criando atrito entre nós.

— Eu suponho que há alguma ... satisfação em saber


que Trent vai para a cadeia. — Eu admiti.

Max sorriu. Era um sorriso de lobo, quase arrogante,


como eu nunca vi antes nele, e era insuportavelmente
quente. Este não era o Max que eu conhecia. Esse Max era
mais ousado, mais arrogante, pronto para pegar o que queria.

— De nada. — Então ele me beijou, longo e profundo,


seu toque possessivo e inconfundível.

Ele parou devagar e seus dedos roçaram meu queixo.

— Ninguém mexe com você. Nunca.

Eu olhei para ele, meus joelhos derretendo em geleia.

— Eu estarei em casa por volta das seis. Vou cozinhar o


jantar. Haverá comida suficiente para dois. Junte-se a mim
se quiser.

— Eu não sei. Minha bunda ainda dói.


Seus olhos ficaram escuros e intensos.

— Você pode gritar comigo sobre isso, grite comigo sobre


o que você quiser. Você decide.

— Vou pensar sobre isso. Você descobrirá o que eu


decidi às seis.

— Certo, até mais, Gwen.


Max
O Dr. Weldman ouviu em seu
habitual silêncio, mas quando terminei ele realmente parecia
impressionado.

— Max. Pode não ser ortodoxo, mas você está


progredindo.

Eu olhei para a parede, como sempre fazia.

— Talvez. — Eu admiti.

— Eu me sinto diferente.

— Interessante. Como?

Demorou um minuto para eu colocar o dedo sobre isso,


mas finalmente eu fiz.

— O medo. — Falei.

— Não parece tão ruim.

Ele rabiscou em seu bloco de anotações. Eu sempre me


perguntei o que ele escrevia naquilo.

— Isso é encorajador. Percebo que você não disse que o


medo foi embora.
— O medo nunca irá embora. — Eu já sabia disso. Vivo
com isso desde o segundo em que vi a parede de fogo explodir
sobre o para-brisa do nosso SUV fora de Kandahar.

— Você não pode matar o medo. Pelo menos, eu não


posso. Mas estou cansado disso. Eu deixei isso me controlar
por quatro anos. Estou farto finalmente.

O Dr. Weldman fez outra anotação.

— Então você ajudou sua namorada com a situação do


trabalho.

Eu vacilei. Eu me senti tão bem, fazendo isso por Gwen,


fazendo com que seu problema desaparecesse. Eu quase a
devorei no local, exceto que seria estranho e meio assustador
fodê-la no escritório de seu ex-chefe. Mas isso não nos deixou
mais à frente do que antes. Ela ainda era ela. Eu ainda era
eu.

— Ela não é minha namorada. — Respondi. Não que eu


soubesse, de qualquer maneira.

— Perdoe-me. A mulher que você está vendo.

Eu me virei e olhei para ele. Terapeutas nunca diziam


nada por engano, nunca.

— Você é um idiota, você sabe disso?

Ele me deu um olhar agradável e encolheu os ombros.

— Parece uma coisa séria para se fazer por alguém,


comprar um prédio para prender seu chefe pelas drogas que
ele está traficando.
— Eu suponho. — Eu não contei ao Dr. Weldman sobre
a surra. Eu finalmente decidi que havia algo que até o cara
que regularmente olhava dentro da minha cabeça não deveria
saber.

— Não é que eu não esteja sério com ela. Estou falando


sério sobre tudo. É que não sei se ela está séria sobre mim.

— Isso pode levar tempo. — Ele opinou.

— Estou bem com isso. Eu não vou a lugar


nenhum. Mas eu estou nisso agora. Totalmente. Se ela não
está, se ela realmente não está, então eu perdi. Isso é algo
que eu continuo voltando.

— Você fez muito trabalho duro, Max. Sua força tem que
vir de dentro, não de outra pessoa.

— Isso é verdade. — Eu me virei e olhei para a parede


novamente.

— Mas às vezes outra pessoa faz você querer ser melhor.

— É isso que está acontecendo? — Ele perguntou.

Eu pensei sobre isso. Pensei no resto dos cinco milhões


de dólares que ainda tinha no banco. E de repente tive o
começo de uma ideia do que fazer com isso.

E o pensamento não me assustou.

— Sim. Eu acho que é.

O dinheiro em que eu estava sentado, fingindo que não


existia, a mudança que parecia tão grande que eu não
conseguia suportar tudo de uma vez. Eu podia ver agora. Eu
poderia lidar com isso. Eu poderia até fazer o melhor disso,
fazer algo que não fiz antes. E de uma maneira estranha e
maluca, isso tinha tudo a ver com Gwen.

Eu queria fazer coisas para ela, mas não era só isso. Eu


queria fazer coisas para mim mesmo, para me tornar melhor,
então eu a merecia. Ela me desafiou, virou meu mundo de
cabeça para baixo, me fez repensar tudo. Ela nunca me
tratou com pena ou medo. Ela me fez lembrar de todas as
coisas boas que eu tinha pensado antes da bomba acontecer,
todas as coisas que eu queria fazer. Eu queria fazê-las agora,
exceto que agora eu tinha um motivo. E agora eu tinha um
plano.

Talvez não funcionasse. Talvez eu falhasse. Era


possível. E isso não importava.

Porque eu não ia desistir.


GWEN
Quem eu estava
enganando? Eu apareci para o jantar.

Ele fez macarrão com frango grelhado e legumes. Fiquei


surpresa com o quão bom foi, e então eu não estava. Max
tinha o melhor corpo de homem que eu já vi. Ele obviamente
não era um cara que comia muita pizza.

Eu pensei muito sobre o que vestir, e acabei em um


vestido de jérsei e botas até os tornozelos, minhas pernas
nuas, meu cabelo solto. Um cara me paquerou quando saí do
meu carro em Shady Oaks, e nem me importei. Eu me senti
sexy. Havia uma diferença entre a sensação sexy de usar
uma minúscula roupa de vaqueira e a sensação sexy de estar
em seu caminho para esperançosamente transar com um
cara grande, corpulento e barbado, com habilidade em
orgasmos e uma séria falta de educação. Aos vinte e seis
anos, eu estava aprendendo isso pela primeira vez. E eu
estava gostando muito mais do segundo tipo de sexy.

O dia ainda estava girando na minha cabeça. Tudo


havia mudado tão completamente em poucas horas. Candy
Cane tinha ido embora, minha carreira como stripper
acabara e eu estava desempregada, mas não precisava me
preocupar com dinheiro, pelo menos a curto prazo. E a maior
parte disso era por causa de Max Reilly.

Max. O que diabos estávamos fazendo? O que eu queria


que estivéssemos fazendo? O que ele queria? Ele tinha uma
vida de solteiro convicta, morando sozinho em seu
apartamento e indo para sua academia e seu bar. Eu tinha a
vida de uma garota solteira, trabalhando, namorando e
nunca ficando séria. O fato é que, quando nos conhecemos,
nenhum de nós estava procurando por algo sério. Nenhum de
nós estava procurando por nada. E desde aquela explosiva
primeira hora que estivemos juntos, eu não tinha ideia de
onde eu queria que isso fosse.

Talvez ele também não tivesse. Talvez ele apenas


gostasse de sexo quente depois de quatro longos anos.

Mas ele comprou um prédio. Como um gesto, isso


superou comprar flores. No entanto, Devon também comprou
o prédio. Talvez ambos tivessem feito isso por uma questão de
dever para com a irmã de Olivia, além de indignação com o
que Trent fizera e com a necessidade que ambos pareciam ter
de causar problema, especialmente para criminosos como
Trent. Ambos pareciam ter tido um bom tempo o derrubando.

Talvez, para Max, não tivesse realmente a ver comigo.

Ele era tão ridiculamente difícil de ler. Eu poderia olhar


naqueles olhos escuros, naquele rosto sombrio e carrancudo
por trás de sua barba sexy, e não teria ideia se ele estava com
raiva de mim, prestes a me foder, ou pensando em outra
coisa completamente diferente. E palavras, bem, ele também
não tinha muitas delas. Eu sempre namorei homens que
podiam conversar a noite toda, geralmente sobre si
mesmos. Eu nunca tinha saído com um homem que usava
palavras com moderação. Mas eu gostei disso. Isso significava
que sempre que Max dizia algo, ele queria dizer isso.

Ninguém mexe com você. Nunca.

Ai sim. Ele quis dizer isso.

— Seu chefe foi preso. — Ele me disse, continuando o


padrão Max enquanto colocava uma garrafa de vinho entre
nós e sentava-se à minha frente em sua pequena mesa.

— Está feito.

— Então é isso? — Eu perguntei.

— Trent está ferrado?

Ele encolheu os ombros.

— Bastante.

Mantive o sorriso e peguei a garrafa de vinho, servindo


uma taça para cada um de nós.

— Uma coisa engraçada aconteceu comigo esta tarde.


Um mensageiro apareceu com um envelope. Era um cheque
para todo o pagamento atrasado que eu merecia, mais cinco
mil dólares extras.

Max pôs o garfo na massa e mexeu.

— Eu acho que é um pagamento de indenização. Devon


falava sobre isso. Ele pagou todas as outras garotas que
foram roubadas também, a propósito. Não apenas você. Com
uma indenização para cada uma delas.

Bebi meu vinho e olhei para ele. Ele vestia seu jeans
habitual e uma camiseta branca com uma camisa de flanela
azul escura abotoada sobre ela. Ele não estava bem vestido
como estivera na outra noite no teatro, mas ainda parecia
que tinha feito ... um esforço. Um esforço do tipo Max. Seu
cabelo estava limpo, não despenteado como na primeira
vez. Ele trocou seu moletom preto com zíper por algo com
botões. Era possível que a camisa fosse nova.

Alguns caras ricos impressionavam as mulheres por


levá-las em jatos particulares; Max fazia isso mudando sua
camisa. E eu ainda me senti tocada, porque eu entendi. Eu
entendi. Eu queria desabotoar aquela camisa, tirar suas
roupas e explorar cada centímetro de seu corpo até que ele
estivesse trocando sua camisa cem vezes por dia, só por mim.

Em vez disso, dei uma mordida na massa, que estava


deliciosa.

— Bem, aqui está a coisa interessante. Eu peguei meu


cheque, e então fui ao escritório do meu senhorio pagar o
aluguel atrasado que eu devia. E eu descobri que não só já
estava pago, mas o aluguel dos meus próximos seis meses foi
pago antecipadamente também. — Eu engoli outra mordida e
levantei minhas sobrancelhas para ele.

— Ou talvez você já soubesse dessa parte da história?

Max pegou sua taça de vinho e franziu a testa para


mim.
— Aquele edifício não é muito seguro. — Ele
resmungou.

— Eu fui lá e disse que queria pagar o seu aluguel, e ele


nem perguntou quem diabos eu era. Eu poderia ser qualquer
um.

Eu lambi uma gota de vinho do meu lábio.

— Meu velhote rico. — Eu provoquei.

Isso o fez reclamar com mais força.

— Você sabe que não é isso. Você só precisa de alguns


meses para descobrir o que vem a seguir, isso é tudo.

— E eu não tenho que dormir com você? —Bati meus


cílios para ele. Eu não o provocaria tanto se ele não tornasse
isso tão fácil.

Ele tomou um gole de seu vinho.

— Eu te disse antes, me foda ou não me foda. Você


decide.

Eu pressionei meus joelhos sob a mesa, quando um


pulso de excitação subia pelo meu corpo.

— Eu escolho a opção A. — Falei.

Ele me encarou por um longo momento, e então ele riu


suavemente.

— Nós podemos fazer isso se você quiser. Você quer que


eu espanque você de novo?

Jesus. Tentei ficar despreocupada e não olhar fixamente


para a porta do quarto, a poucos metros de distância.
— Isso foi rude. — Falei a ele.

— Me espancar daquele jeito.

Max abaixou o garfo.

— Você achou?

— Grosseiro. — Falei, mexendo os últimos macarrões no


meu prato.

— Mal-educado.

Sua voz estava áspera.

— Sim?

— Brutal. — Falei, as palavras fazendo o pulso de


excitação percorrer o meu corpo novamente. Eu abaixei meu
próprio garfo.

— Forte. Poderoso. — Eu levantei meu olhar para o dele.

— Áspero.

Seus olhos estavam escuros nos meus. Ele empurrou a


cadeira para trás e se levantou.

— Venha aqui.

Eu estava fora da minha cadeira antes que pudesse


pensar. Ele pegou meu pulso, um pouco áspero, como eu
queria e me levou para o quarto, que estava escuro, exceto
pela luz que entrava da sala principal. Eu tinha chutado
meus sapatos antes mesmo de passar pela porta, e quando
ele me puxou para o quarto, eu ansiosamente me deitei na
cama.
Nenhuma negociação. Sem sutileza. Sem sedução. Eu
estava bêbada de antecipação, molhada e pronta. Senti-me
livre e totalmente selvagem, meu vestido deslizando pelas
minhas coxas nuas enquanto me inclinava para trás em
meus cotovelos e olhava para ele. Ele me observou na
penumbra, e me senti a mulher mais sexy do mundo.

— Tire sua camisa. — Falei a ele.

Ele levantou a mão e agarrou meu tornozelo, segurando


meu pé no ar.

— Você acha que apenas farei o que você quer?

Eu puxei meu pé, mas ele não soltou. Seus grandes


dedos estavam em volta do meu tornozelo, seu braço
musculoso me segurando com facilidade. Era um jogo que fez
minha respiração ficar ofegante.

— Faça isso.

Ele agarrou meu outro tornozelo, então agora ele


segurava os dois, minhas pernas ligeiramente abertas e
suspensas no ar.

— Talvez eu não faça. Você é mandona, mesmo depois


de eu espancar você. Talvez eu só vá te foder com as minhas
roupas.

Oh, eu poderia jogar este jogo.

— Tire-as ou você não vai me foder de jeito nenhum. —


Retruquei. Eu levantei minha saia, mostrando-lhe a minha
calcinha entre as minhas pernas abertas.
— Eu sairei daqui e levarei isso. — Eu deslizei minha
mão para dentro da minha calcinha, sobre a minha boceta.

— Comigo.

Seus olhos seguiram meus dedos, quase como se ele


não pudesse se conter, enquanto meus dedos se moviam sob
o tecido. Então ele soltou meus tornozelos e desabotoou a
camisa azul, puxando-a. A camiseta saiu em seguida.

Eu mantive minha mão em movimento.

— Agora suas calças. — Ele soltou o cinto e os largou,


como fizera em sua sala naquele dia. Ele usava cueca boxer
preta. Eu não podia ver sua perna ferida do meu ângulo, mas
não esqueci disso, que falou que preferia não a usar na
cama.

— Sua perna.

Ele hesitou por uma fração de segundo, mas quando eu


assenti, ele se sentou na beira da cama e a tirou. Ele fez isso
rapidamente. Eu não vi exatamente como a perna entrava e
saía, mas não parecia ser complicado. Eu ouvi o barulho da
perna no chão.

Então ele se virou e se arrastou até a cama em minha


direção, seus ombros e braços grandes tremendo. Seu olhar
estava decidido.

— Sua cueca.

— Não. — Ele respondeu, chegando entre meus


joelhos. Ele os separou, prendeu os dedos nos lados da
minha calcinha e a arrancou, puxando-a para baixo e para
longe em um movimento suave. Eu fui deixada nua debaixo
da minha saia, minha mão sobre minha boceta. Ele levantou
minha mão e colocou meus dedos em sua boca, provando-os.

— Oh. — Falei.

Ele terminou e deixou cair a minha mão novamente,


pressionando-se mais alto entre as minhas coxas.

— Eu te devo uma. — Ele rosnou.

— Agora fique deitada até você gozar.

Ele baixou a cabeça, colocando a boca em mim. Foi tão


bom que eu fechei meus olhos e me estiquei para trás,
minhas mãos sobre a minha cabeça, meus quadris
levantando. Sua barba arranhou minha pele nua, fazendo
cócegas no interior das minhas coxas. Ele provou cada
centímetro, explorando, lambendo e chupando direito, e o
mundo se desintegrou. Eu gozei rápido e forte, como se meu
corpo estivesse com pressa, minhas costas arqueando contra
o colchão. Eu nunca gozei tão rápido, ou tão frequentemente,
com qualquer outro homem ou mesmo sozinha. Isso era o
que ele fazia comigo.

Ele empurrou meu vestido para cima, e eu o ajudei a


puxá-lo pela minha cabeça, jogando-o para longe. Eu tirei
meu sutiã e o joguei também. Ele beijou meu pescoço
enquanto eu enganchei meus dedos na cintura de sua cueca
boxer e tentei desajeitadamente empurrá-los para baixo.

— Você quer isso? — Falou contra a minha pele.

Eu não tinha nada além de honestidade.


— Sim.

Ele me virou e eu apoiei meus cotovelos nos lençóis. Eu


o ouvi empurrar a cueca boxer para baixo. Sua mão grande
posicionou meu quadril e ele deslizou dentro de mim por trás.

Eu deixei cair minha testa e fechei meus olhos. Por que


isso parecia tão bom com ele, e só com ele? Isto era um pouco
como a nossa primeira vez em seu sofá, mas o ângulo era
diferente, mais profundo, seu toque mais suave. Ele moveu a
mão do meu quadril e segurou minha boceta pela frente, sua
palma pressionando em mim enquanto ele se movia.

— Oh, meu Deus.

Eu senti seus dentes roçarem meu ombro.

— Tão barulhenta quando eu te fodo. Abra suas pernas


para mim, Gwen. Mais afastadas.

Eu fiz, e ele se inclinou mais fundo, se movendo no


ritmo comigo. Eu me entreguei a isso, a sensação na frente,
por trás, de seu corpo se movendo sobre o meu, sua boca
contra o meu ombro, meus seios roçando nos lençóis frios.

Era selvagem e suave ao mesmo tempo, doce e duro.

— Você me deixa louco, você sabe disso? — Max roçou


contra o meu pescoço enquanto nos movíamos.

— Estou perdendo a porra da minha cabeça.

Eu não pude responder, porque eu estava gozando de


novo, desta vez em uma espiral lenta que se prolongou
enquanto ele continuava se movendo dentro de mim,
enquanto sua mão ainda me segurava. E então ele ficou
imóvel e eu senti sua liberação, o suspiro duro contra a
minha pele.

Meus olhos arderam de repente, e eu pressionei meu


rosto nos lençóis, lutando contra um desejo louco e irracional
de chorar. Eu não sabia o que acontecia comigo. Eu não
sabia qual pessoa eu seria amanhã ou em uma hora. Eu não
sabia o que fazia.

Tudo o que eu sabia era que não queria que isso


acabasse.
MAX
Gwen parecia inquieta. Ela se
limpou no banheiro por um longo tempo, espirrando água,
enquanto eu cochilava na minha névoa pós-orgasmo. Eu
deveria estar pensando em algo coerente, mas não estava. Eu
era apenas uma massa de testosterona satisfeita.

O colchão se moveu quando ela voltou para a cama


novamente, mas ela não se deitou. Eu saí da minha
divagação quando a mão dela tocou meu joelho machucado.

— Eu quero ver a sua perna. — Pediu.

Meus olhos se abriram e senti meu corpo tenso. Ela


estava sentada perto do pé da cama, nua, seu olhar na minha
perna fodida, estudando-a na semiescuridão. Seus dedos já
estavam correndo sobre a minha pele, explorando
gentilmente. Senti meu maxilar ficar tenso, meus dentes
apertarem, mas era tarde demais e eu não estava prestes a
empurrá-la. Eu fiquei parado.

— Tantas cicatrizes. — Falou, tocando o lado da minha


coxa, onde a carne fora rasgada.

Eu me forcei a olhar para ela. Seu corpo era


absolutamente lindo, seus seios redondos e cheios, sua pele
impecável, sua cintura uma curva perfeita. Seus cílios
estavam abaixados sobre seus olhos azuis enquanto ela
olhava para mim, e sua adorável boca estava em uma linha
de concentração.

— A maioria das cicatrizes são da explosão. —


Expliquei.

— Algumas delas são das cirurgias.

Ela explorou mais acima da minha coxa, o que


naturalmente interessou meu pau, apesar de termos acabado
de transar e eu estava surtando em silêncio. Então ela
explorou novamente para baixo, abaixo do meu joelho para
onde minha perna terminava.

— Dói? — Ela perguntou.

— Não muito mais. Eu fico com dor fantasma às


vezes. Perdi parte da audição no ouvido direito na explosão,
os médicos dizem trinta por cento ou mais. E eu tenho que
alongar a minha perna regularmente ou os músculos
atrofiam.

— Eles atrofiam? Onde? — Ela agarrou o músculo


espesso logo acima do meu joelho e apertou-o, massageando.

— Aqui? Ele parece tenso.

Fiquei em silêncio por um longo minuto, completamente


incapaz de falar.

— O quê? — Gwen perguntou, levantando a mão.

— Isso doeu? Meu Deus, sinto muito.

— Faça isso de novo. — Eu ordenei.


Ela baixou a mão para o mesmo lugar e pressionou o
músculo, sua mão surpreendentemente forte.

— Aqui?

Eu fiz um barulho. Explosões de prazer estouraram na


minha perna, viajando para o resto do meu corpo.

— Puta merda.

Ela riu.

— Eu acho que isso significa que eu estou fazendo certo.


— Ela continuou, usando as duas mãos agora, apertando o
músculo grande e descendo para o que restava da minha
panturrilha.

— Nossa, Max, estes são duros como ferro. Você poderia


fazer uma massagem, você sabe.

— De jeito nenhum. — Eu me engasguei, a resposta


automática. Eu não queria que ninguém, exceto os médicos,
visse minha perna, e certamente não a tocasse. Eu fazia os
alongamentos e massageava algumas vezes. Mas se Gwen
fizesse isso por mim, ela poderia tocar minha perna a
qualquer hora que ela quisesse, o desconforto seria
esquecido.

Nenhuma mulher, nenhuma amante, tinha me visto


como eu estava desde que a explosão aconteceu. Até Gwen.

E foi fantástico.

— Eu comprarei outro prédio para você. — Eu gemi


quando ela moveu para o interior do meu joelho, e para cima
novamente.
— Eu comprarei um maldito quarteirão da cidade para
você.

— É o que todos dizem. — Falou. Ela se mexeu no


colchão, obtendo um ângulo melhor.

— Devon disse que você tinha uma namorada. Antes de


você se machucar.

O quê? Entre o sexo e a massagem, eu estava muito


extasiado no início para acompanhar a mudança na
conversa. Franzi a testa.

— Por que diabos Devon lhe disse isso?

— É verdade? — Ela perguntou, ainda me


apertando. Eu não consegui ler a voz dela.

— Acho que sim. — Merda, eu não tinha pensado em


Jackie há anos.

— Ela estava na escola de enfermagem.

— Foi sério?

Levantei a cabeça e olhei para ela, mas o cabelo dela


estava caindo em seu rosto enquanto ela olhava para baixo, e
ela não olhava para mim.

— Que diabos é isso?

— Estou apenas curiosa. — Ela olhou para mim, sua


expressão cuidadosamente em branco. Ela encolheu os
ombros e voltou a apertar os meus músculos.

Eu tentei responder à pergunta através dos meus


pensamentos difusos.
— Para ser honesto, não nos vimos tanto assim. Ela
estava na escola de enfermagem, e eu geralmente estava
implantado.

— Então era principalmente sexo.

— O que? Na verdade, não. — Então eu percebi.

— Espere um minuto. Você está com ciúmes?

— Eu não disse isso.

— Você está. — Eu observei a linha tensa de seus


ombros.

— Você realmente está.

Ela levantou a cabeça e olhou para mim, empurrando o


cabelo para fora de seus olhos com uma das mãos. Seu olhar
era ardente.

— Eu não gosto da ideia de mais alguém tocando em


você.

Eu ri.

— Gwen, eu realmente não quero nenhum detalhe, mas


você dificilmente é uma freira.

Ela fez um barulho de desprezo e virou a mão.

— Amadores, todos eles. Chatos.

Jesus, ela era cheia de si mesma. Ainda assim, isso era


lisonjeiro.

— Bem, pare de se preocupar. Jackie e eu terminamos


durante a minha última licença. Ela não me enganou, mas
ela conheceu outro cara com quem queria estar, e eu não
conseguia nem me importar. Nós nos separamos e eu voltei
para o Afeganistão. Eu não a vejo desde então. — Isso fora
apenas quatro anos atrás? Parecia um século, algo que
parecia ter acontecido com outro homem. Se eu visse o Max
Reilly daquela última licença na rua, provavelmente nem o
reconheceria.

— Tudo bem. — Falou, aparentemente satisfeita. Ela


parou sua massagem e se posicionou de joelhos, olhando
para mim.

— Bem. — Sua voz caindo para um som sexy quando


viu o que acontecia entre as minhas pernas.

— Você está acordado.

— Você está na minha cama. — Coloquei minhas mãos


em seus quadris a movendo para cima.

— Confie em mim, eu estou acordado.

Ela se acomodou sobre mim e esfregou preguiçosamente


sobre o meu pau, inclinando-se para frente e apoiando os
braços na cama.

— Hum. — Ouvi um ronronar de prazer enquanto se


movia novamente.

— Oh Deus, isso é bom.

— Você está molhada. — Falei, pressionando-a para


baixo.

— Mm. — Gemeu novamente. Seu gemido era um


preguiçoso arrastar agora, e eu conhecia o sentimento. Eu
não tinha ideia de como essa mulher me fazia sentir melhor
do que com qualquer outra pessoa, como ela fazia isso tão
fácil. Como meu corpo conhecia o dela tão bem. Eu só sabia
que não gostava da ideia de mais ninguém a tocando
também. Ninguém além de mim.

Eu beijei o lado do seu pescoço e a movi para que ela


estivesse no meu pau, abaixando-a. Ela fez um pequeno e
doce barulho quando fez isso, e então se moveu em um
círculo lento.

Isto. Estar conectado com outra pessoa. Estar perto


assim. Eu nunca pensei que sentiria isso, nunca. Eu pensei
que estava acabado.

Eu movi minhas mãos para cima e segurei seus seios,


tocando-os suavemente. Nós estávamos indo mais devagar
desta vez, mais fácil. O jogo de antes acabou.

Eu movi uma das mãos para sua espinha e acariciei


para baixo, em direção ao delicioso contorno do seus quadris
e sua bunda.

— Amadores, hein?

Sua voz estava confusa, perdida no que fazia.

— O quê?

— Amadores. — Falei novamente, minha mão deslizando


para baixo, mais baixo.

— É uma vergonha. Mas acho que você finalmente


conseguiu montar um homem que sabe o que está fazendo.
Quando meu dedo foi mais para baixo, ela ficou tensa
por um segundo, depois encostou nele, curiosa. Ela se
inclinou para que sua respiração provocasse meus lábios.

— Eu gosto disso — afirmou.

— Você acha que pode me fazer gozar?

— Eu farei o meu melhor. — Respondi.

— Espere e verá.
GWEN
— Eu me sinto diferente.

Olivia levantou as sobrancelhas para mim. Estávamos


em um pequeno restaurante chileno na esquina da pequena
galeria de arte na Market Street, onde ela trabalhava como
designer gráfica, criando todos os folhetos, mapas e guias da
galeria.

— Você parece a mesma, exceto que você não está


usando maquiagem, e eu nunca vi você comer tantas
empanadas antes.

— Puta merda, estas são boas. — Falei, pegando


outra. Marque um ponto para mim: eu não tinha que me
preocupar com o inchaço do meu estômago, porque eu não
tinha nenhum show mais tarde. Ou nunca mais. Era um
pouco difícil fazer um ato convincente e sexy com um
estômago cheio de massa frita.

— Eu me sinto diferente, no entanto. — Eu insisti.

— Você se sentiu diferente depois de conhecer Devon?

Seus olhos se arregalaram e então ela encolheu os


ombros.
— Bem, você sabe que eu tinha uma queda por ele
meses antes de conhecê-lo.

— Verdade. — Devon tinha vivido do outro lado do


apartamento de Olivia em Shady Oaks, e ela costumava
observá-lo de sua janela, totalmente doente de luxúria.

— Mas e depois que você o conheceu.

Ela mordeu uma empanada e mastigou


pensativamente.

— A resposta curta é que tudo mudou quando conheci


Devon. Tipo, literalmente tudo. Começando com o sexo.

Isso me fez pensar em Max e eu em sua cama há cinco


dias. E então eu e Max quando ele veio dois dias atrás e nós
tínhamos feito isso na minha mesa. E na minha cama. E no
meu chuveiro. E no meu andar duas vezes. Puta merda.

— Você se lembra das bonecas que brincamos quando


éramos crianças? — Perguntei a Olivia.

— Claro.

— Nós tínhamos Barbies, mas nós tínhamos aquela


boneca imitadora que deveria ser uma Barbie, mas não era.

— Eu me lembro dela. Ela continuava caindo aos


pedaços.

— As pernas dela caíram e costumávamos colocá-las de


volta ao contrário. — Falei.

— Ela tinha essas pernas desajeitadas para trás. Eu fiz


tanto sexo na semana passada que me sinto como aquela
boneca, sabe? Como se alguém tivesse tirado minhas pernas
e colocou-as de volta do jeito errado.

Ela teve que largar o almoço, ela estava rindo tanto, com
a mão sobre a boca enquanto se inclinava sobre a mesa.

— Eu não quero dizer que eu sei como é isso, porque


não quero te deixar desconfortável — Explicou.

— Mas eu totalmente sei como é isso.

Eu revirei meus olhos.

— Querida, eu imaginei. —Dificilmente pensei que uma


fera como Devon Wilder fosse tímido na cama. Ele
provavelmente mantinha minha irmã colada aos lençóis na
metade do tempo.

— Parece que estamos fazendo um bom sexo agora,


né? Embora tenha acontecido de maneiras diferentes.

— Quão sérios vocês dois estão? — Ela perguntou,


tomando um gole de água.

— Quero dizer, Max parece ser um cara muito sério.

— Você está me avisando para não partir o coração


dele?

— Você é meio que conhecida por isso, Gwen. — Ela


olhou para mim com uma expressão pensativa e conhecedora
de irmã.

— Mas acho que Max é diferente.


— Ele é. — Eu soltei a empanada que eu segurava e
limpei meus dedos no meu guardanapo, abaixando meu
olhar.

— Falei com ele sobre o que aconteceu quando eu tinha


dezoito anos.

Ela estava quieta, e eu olhei para cima para ver que todo
o humor havia desaparecido de sua expressão.

— Você está falando sério?

— Sim. — Eu respirei fundo.

— Eu sinto que o que aconteceu talvez esteja me


segurando por todos esses anos.

Olivia abaixou o copo.

— Oh, Gwen.

— Eu sei que você acha que eu superei isso. — Eu


expliquei.

— A gravidez, o aborto, tudo isso. Eu sei que eu dei a


mamãe e a você essa ideia. Mas eu não superei. Eu realmente
não superei.

— Eu sei.

Eu olhei para ela.

— Eu acreditei em você no início. Tinha acabado e você


parecia ter seguido em frente. Você tentou a escola de atriz, e
você foi reprovada, mas você ignorou. Eu não achei que isso
significasse nada, porque eu fui reprovada da escola de arte
ao mesmo tempo.
Eu mordi meu lábio. Nossa mãe, uma atriz que estrelou
uma comédia bem-sucedida no final dos anos 80 e começo
dos 90, juntou algumas das suas economias e nos mandou
para a escola, eu para de atriz, Olivia para a de arte. Nós
duas falhamos. Agora, depois de anos como designer gráfica,
Olivia encontrou seu caminho de volta à arte, trabalhando em
uma galeria e fazendo sua própria arte em seu tempo livre.
Mas atuar não era minha paixão. Eu pensei que seria boa
nisso, porque eu era bonita e extrovertida, e parecia algo para
fazer. Nenhum dos dois foi motivo suficiente para seguir uma
carreira tão difícil.

— Quando você conseguiu o emprego de stripper. —


Continuou Olivia.

— Comecei a me perguntar. Você parecia ...


dura. Difícil. Mas nós nos separamos por alguns anos até
então. Eu pensei que talvez fosse assim que você estava. A
gravidez foi a tanto tempo, e você nunca mencionou isso,
nunca mencionou o pai novamente. Você não parecia estar
com o coração partido por ele.

— Não por ele. Eu nunca estive com o coração partido


por ele.

Ela olhou para mim.

— Mas a experiência foi dolorosa.

Olhei para o restaurante movimentado e lotado atrás de


seu ombro por um minuto, e então falei.

— Tirar a roupa foi à minha maneira de garantir que


nada me machucasse novamente.
— Oh. — Ela parecia chateada.

— Eu te decepcionei como irmã, não é? Você poderia ter


falado comigo a qualquer momento. Eu teria escutado.

Eu estendi a mão e coloquei minha mão na dela.

— Você não me decepcionou. Eu não queria


conversar. Eu não podia nem mesmo admitir para mim
mesma que havia algo sobre o que conversar.

Ficamos caladas por um minuto, ambas absorvendo


isso. Então ela falou.

— E agora?

— Eu me sinto melhor. Max me fez perceber o que eu


tenho feito. — Ele teve que bater em mim, mas ainda era
verdade.

— Eu não sei como ele me conhecia melhor do que eu


mesma, mas ele sabia.

— E ele ajudou você a sair do negócio, mesmo ele tendo


que comprar um prédio para fazer isso. Você não respondeu
minha pergunta. Você acha que vocês dois estão
comprometidos?

Eu abri minha boca para responder, depois fechei de


novo. Abri e fechei como uma idiota. Eu não sabia a
resposta. Não estávamos juntos a muito tempo. Eu nunca
fiquei sério com ninguém antes. Eu não sabia como ele se
sentia sobre mim, não realmente. Mas, ao mesmo tempo, eu
não estava mentindo quando lhe disse que não gostava da
ideia de outra mulher tocando-o. Se qualquer mulher sequer
olhasse para Max de lado, eu provavelmente iria cair em cima
dela. Mas isso significava que eu estava comprometida ou era
apenas uma cadela possessiva?

Porque eu podia me ver totalmente como uma vadia


possessiva.

— Você está pensando sobre isso. Admita.

Isso estava ficando sério demais, então falei.

— Estou pensando em foder ele. Isso é diferente.

Mas minha irmã, maldita ela, não foi enganada. Ela


apenas sorriu e pegou uma empanada.

— Você é tão cheia de merda. Coma seu almoço.

Mandei uma mensagem para Max quando saí do


restaurante.

— O que você está fazendo?

— Conversando com o meu terapeuta. Ele mandou uma


mensagem de volta.

Jesus. Max estava mandando mensagens durante uma


sessão de terapia? Eu nunca estive na terapia, mas eu tinha
que adivinhar que isso era desaprovado.

— Pare com isso. — Eu escrevi.

— Falo com você mais tarde.

Houve uma pausa.

— Nós não estamos em uma sessão. — Escreveu Max.

— Apenas conversando.
Isso me fez franzir a testa quando entrei no meu
carro. Ele estava apenas ... saindo com seu psiquiatra? Isso
também não parecia normal. Seu psiquiatra era um homem,
eu me lembrava disso, daquelas conversas que tivemos
durante os ataques de exaustão em nossa maratona
sexual. Mas Max não havia mencionado que eles tinham um
relacionamento social.

Eu decidi perguntar a ele sobre isso mais tarde, já que


ele estava no meio da conversa, o que quer que fosse.

Eu dirigi para casa, minha mente vagando enquanto


dirigia, pensando em jogar fora algumas das minhas roupas
de stripper e abrir espaço no meu armário. Pensando em ligar
para minha mãe. Pensando em fazer cursos universitários,
que tipo de cursos eu poderia fazer? A variedade de escolhas
era esmagadora. Eu não queria nada com atuação ou
performance, mas eu gostava de estar com pessoas. Talvez
vendas, marketing ou relações públicas. Ou planejamento de
eventos. Eles tinham cursos para isso, certo?

Eu ainda estava imersa em pensamentos quando entrei


no estacionamento subterrâneo debaixo do meu prédio. Era
tarde em um dia de semana, e estacionamento estava
deserto, cheio de carros, mas sem pessoas. Eu estacionei na
minha vaga e saí, com as chaves na mão, quando eu peguei
algo pelo canto do meu olho. Vi alguém caminhando na
minha direção a pé.

Eu me virei para ver quem era.

E foi aí que tudo caiu aos pedaços.


MAX
Foi necessário convencer o Dr.
Weldman a me encontrar fora de nossas sessões habituais,
mas ele finalmente concordou. Ora, eu não fazia ideia, já que
provavelmente era completamente contra as regras dele. Mas
eu perguntei, e ele concordou, contanto que a conversa não
fosse sobre minha saúde mental. Eu prometi a ele que não
era.

Nós nos encontramos em uma pequena lanchonete


perto de seu escritório, onde um velho polonês estava atrás
do balcão, fazendo sanduíches com as mãos nuas. Eu não
tinha ideia do que era, só sabia que era picante, tinha vinagre
e tinha algum tipo de carne, mas não me importei. Estar
nervoso me deixou com fome.

— Tudo bem. — Disse Dr. Weldman.

— Diga-me o que quer que esteja em sua mente. Antes


que eu perca minha licença para clinicar.

Eu abaixei meu sanduíche. Eu era terrível nessa merda,


então falei as primeiras palavras que saíram.

— Eu tenho cinco milhões de dólares.

Ele não largou o almoço.


— Isso é bom, Max. Mas você já me disse isso. O que
isso tem a ver comigo?

— Eu não estou dizendo direito. Meu amigo Devon


herdou muito dinheiro. Eu te falei isso. Ele herdou um bilhão
de dólares. E ele sabia que eu tinha contas do hospital e as
dívidas do meu pai, então ele me deu algum dinheiro. Mais do
que eu preciso.

O Dr. Weldman me observou pensativo, sem me


impedir, embora tivéssemos passado por isso em uma de
nossas sessões.

— Continue.

— Falei a ele que não queria todo esse dinheiro. Que eu


não preciso disso. Ele falou algo que mexeu comigo. Ele me
disse que, se eu não quisesse todo esse dinheiro, deveria dar
a outro veterano para pagar suas contas.

— Um gesto legal, disse Weldman.

— Foi apenas algo que Devon disse. — Expliquei.

— Mas ultimamente tenho pensado nessa ideia. Que eu


poderia pagar as contas de outros caras para ver você, por
exemplo. Um homem que precisa de ajuda, mas que não pode
pagar, como eu há algumas semanas. Eu poderia usar meu
dinheiro e conseguir ajuda para ele.

Finalmente ele largou o sanduíche.

— É uma coisa muito gentil de se fazer. — Falou,


escolhendo suas palavras gentilmente.
— Mas não vejo como poderíamos fazê-lo. As
informações dos meus pacientes são estritamente
confidenciais, como você pode imaginar. Não posso
simplesmente mandar as contas de outras pessoas para você.

— Eu sei. É por isso que quero criar algo oficial através


da clínica. Como uma instituição de caridade oficial. —
Afastei meu prato e peguei o saleiro.

— Então, diremos que isso é um veterano. Ele tem TEPT


e precisa de ajuda, mas não pode pagar. Ele faz uma
aplicação. — Eu coloquei o saleiro e peguei o pimenteiro.

— Este é um médico, como você. Não apenas você, no


entanto. Idealmente, teríamos uma rede de médicos
interessados e qualificados. Começaríamos na The Bay Area7
e, se der certo, expandiríamos. — Larguei o pimenteiro alguns
centímetros do sal.

— Esta é a minha organização. — Falei, pegando uma


colher.

— Ela conecta o cara desta metade. — Eu coloquei o


cabo ao lado do saleiro.

— Ao homem dessa metade. — Eu coloquei a outra


ponta da colher ao lado do pimenteiro.

— Encontramos o homem certo para o paciente certo.


Ele consegue ajuda. E nós pagamos a conta.

7
A área da baía de São Francisco, comumente conhecida como The Bay Area ou The Bay é uma região
metropolitana que circunda as baías de São Francisco e São Paulo no norte da Califórnia, Estados
Unidos.
Dr. Weldman olhou para o meu esboço de colher, saleiro
e pimenteiro por um minuto, pensando.

— É aparentemente simples, mas na realidade não


é. Você está certo, o gerenciamento da clínica teria que estar
envolvido. Eles teriam que ser entusiastas, na
verdade. Teríamos que equilibrar a transparência com a
confidencialidade do paciente. E quando você traz benefícios
de companhias de seguros e veteranos, tudo se torna
complicado.

— Mas vale a pena. — Falei.

— Certo?

Ele olhou para o meu esboço um pouco mais.

— É, certamente vale a pena fazer. Há muitos veteranos


que poderiam se beneficiar de um serviço como esse. Mas
minha influência não vai tão longe. Você teria que subir na
cadeia alimentar, Max.

— É por isso que estou começando com você. Consiga-


me uma reunião com seu chefe. Ou melhor ainda, o chefe
deles.

O Dr. Weldman suspirou.

— Eu posso tentar. Eu nunca conheci um paciente que


propusesse algo assim antes. Eu não tenho ideia do que eles
farão, se levarão você a sério.

— Eu estou sempre falando sério.

Ele sorriu um pouco.


— Eu sei que você está. Na verdade, eu te conheço
muito bem. Quando você propõe algo, sempre diz isso com
tudo que você tem. É por isso que eu concordei em me
encontrar com você em primeiro lugar.

— Porque você sabia que eu não perderia seu tempo?

— Porque eu sabia que o que você tinha a dizer seria


interessante. Então eu queria ouvir. Eu farei alguns
telefonemas. Mas você terá que vender isso, Max. As pessoas
que podem colocar isso em ação estão em ternos, não são
apenas médicos. Você terá que montar uma apresentação
mais formal do que essa. —Ele apontou para o saleiro e
pimenteiro.

— Eles vão querer ver as propostas


financeiras. Projeções e apesar de cinco milhões de dólares
ser muito dinheiro, é finito. Se você der tudo, eventualmente
este projeto acaba.

Eu podia sentir minha frustração crescendo. Ele estava


certo, mas não tornava mais fácil de ouvir.

— Eu sei que meu dinheiro acabará. Nós levantamos


doações. Talvez consiga doadores corporativos.

Ele assentiu.

— É um plano válido. Só estou dizendo que as pessoas


com quem você precisa conversar precisarão ver isso. Eles
precisarão ser convencidos. — Sua voz suavizou.

— Você tem que estar pronto.


Eu olhei para o meu diagrama de colher, saleiro e
pimenteiro. Eu sabia o que ele dizia, eu passei quatro anos
lutando contra o TEPT e a ansiedade, e aqui estava eu,
propondo algo que provavelmente me causaria o máximo de
ansiedade possível. Reuniões, ternos, propostas. Ter que
conversar. Vender.

Eu senti isso. Cada merda, aterrorizante disso. Mas eu


olhei para o saleiro, a colher e o pimenteiro, e me perguntei:
se eu não fizesse isso, que porra eu fazia da minha
vida? James, David e Keishon haviam morrido naquele
ataque de IED, eu tinha seus nomes tatuados no meu
braço. Eles morreram e eu voltei para casa. Qual foi o maldito
ponto?

Eu olhei para o Dr. Weldman.

— Estou pronto. Mas eu não vestirei uma porra de


terno. Se eles não conseguem lidar com um cara com uma
camiseta, então foda-se. Eu encontrarei outro jeito.

.................

Eu estava me sentindo muito bem quando saí da


lanchonete e entrei no meu carro. Como se eu pudesse fazer
isso. E a primeira pessoa com quem eu queria falar era
Gwen.

Eu não tinha dito a ela sobre meus planos ainda. Falei a


mim mesmo que era porque eu não tinha certeza se ia fazer
isso, mas não era verdade. Eu só queria que soasse... bom no
momento em que contasse a ela sobre isso. Real. Como algo
que poderia ser um sucesso.
Porque sua opinião importava. Ela importava. Para mim,
ela importava mais do que tudo. Sem ela, eu estava acabado.

Eu estava andando para o meu carro, minha perna se


sentindo bem, quando meu telefone tocou no meu
bolso. Peguei e vi que era Ben, o advogado de Devon.

— Ei. — Falei quando respondi.

— O que está acontecendo?

Sua voz era tensa, urgente.

— Max, nós temos um problema.

Imediatamente meu estômago revirou.

— Que problema?

— Aquele cara, o Trent Wallace. Ele pagou fiança há


apenas meia hora.

Eu parei ao lado da porta do motorista do meu carro.

— O que você quer dizer com ele pagou fiança?

— Alguém deve ter pagado para ele. Porra, eu não


sei. Eu pensei que ele não tinha dinheiro. O fato é que ele
pagou sua fiança. Ele está livre.

Algo quente e frio subia pela minha espinha. Algo estava


errado. Muito errado.

— OK. Então qual é o problema?

— Você sabe o GPS que eu tinha instalado em seu


carro? Ainda está lá. Ele nunca encontrou. Então estou
acompanhando ele agora. E o primeiro lugar que ele foi
quando saiu foi o prédio de Gwen.
Minha visão ficou vermelha por um segundo, depois se
apagou novamente. Eu estava no modo de guerra, como se
estivesse há quatro anos no Afeganistão.

— Se ele a tocar, ele está morto. Estou a caminho.

— Espere. Ele já está em movimento novamente. É por


isso que estou ligando, para lhe contar.

— O que diabos você quer dizer?

—Quero dizer que ele foi ao prédio de Gwen e foi embora


de novo. E Gwen não está atendendo seu telefone.

Eu abri minha porta e entrei, posicionando minha


perna.

— Diga-me para onde vou. — Falei, colocando o telefone


no viva voz e soltando-o no banco ao meu lado.

— Ele está em movimento. Ele acabou de entrar na


estrada. — Ele me deu as coordenadas, e então disse.

— Eu já liguei para Devon. Ele pode ligar para os


policiais.

— Eu não dou a mínima para policiais. Eles podem vir,


ou não. Apenas siga-o e continue falando. — Então eu liguei
meu carro e dirigi.
GWEN
Trent parecia terrível. Seus
cabelos negros tingidos estavam arrepiados e crespos, e seu
rosto estava oleoso, com bolsas escuras sob os olhos. Ele
vestia uma camisa de mangas compridas de grandes
dimensões com as mangas dobradas e uma enorme mancha
marrom-escuro na frente. Eu estava muito enjoada e
apavorada para querer saber o que era.

Ele me agarrou no estacionamento, me jogou no banco


do passageiro, colocou a mão na minha garganta e me disse
que, se eu fizesse um som, ele me mataria. Eu tentei gritar e
lutar contra ele, mas ele me deu um soco no estômago, um
golpe que foi tão forte que eu quase vomitei. Quando pude
respirar de novo e ver através das lágrimas escorrendo pelo
meu rosto, ele tinha ligado o carro e dirigia.

Eu tinha algum plano no fundo da minha mente,


poderia começar a gritar e chamar a polícia, mas a primeira
coisa que Trent fez foi pegar meu telefone e largá-lo no chão
do banco do motorista, batendo o calcanhar nele, de novo e
de novo.

— Cale a boca, pelo amor de Deus! — Ele gritou para


mim, sua voz embargada.
Minhas mãos estavam tremendo. Não era o Trent
presunçoso e arrogante que eu sempre conheci como o dono
do Candy Cane. Este homem estava pálido, desesperado e
com uma cara má. Para piorar as coisas, começou a chover
enquanto dirigíamos, a chuva batendo no teto do carro.

— Escute. — Ele falou enquanto entrava na estrada, os


limpadores se movendo freneticamente.

— Apenas cale a boca e escute, tudo bem? Eu não te


machucarei. Não se você fizer o que eu digo.

Envolvi minhas mãos sobre meu estômago dolorido e


observei a estrada passar. Deus, eu não poderia nem sair do
carro. Eu respirei fundo e tentei não entrar em pânico. Talvez
se eu pudesse mantê-lo falando, eu poderia descobrir uma
maneira de escapar. Ele não podia ficar na estrada para
sempre.

— O que você quer?

— Foi uma jogada de merda o que seu namorado fez. —


Cuspiu Trent.

— Deixando-me assim. Eu estava no meio de um


acordo. Um grande. Eu só precisava de algum dinheiro para
conseguir. Agora está tudo acabado.

— Vá se foder, Trent. — Eu não deveria dizer isso, eu


sabia. Eu não deveria provocá-lo. Mas foda-se ele, só foda-se
ele.

— Você quer que eu tenha simpatia porque você usava o


meu dinheiro para o seu negócio de drogas?
— Cale a boca. Jesus, você sempre foi uma cadela
linguaruda. Você acha que é melhor que todos os
outros. Bem, você não é. Você não poderia ficar quieta até
que eu fizesse o acordo, não é? E a festa você não podia
simplesmente trabalhar sem fazer merda? Era importante.

— Espere um minuto. Aquela festa era para seus amigos


do tráfico de drogas? Você queria que eu fizesse um show
para eles?

— Eu queria que você ficasse com eles. — Falou sem


rodeios.

— Isso seria útil, Gwen. Eu lhes devia dinheiro. Agora


eu lhes devo ainda mais.

— Eu acho que vou vomitar

— É melhor você não vomitar. — Ele avisou.

— Foi o movimento do seu namorado que te trouxe aqui,


e agora você pagará.

Tentei não deixar transparecer como essas palavras me


aterrorizavam. Trent provavelmente poderia sentir o medo,
como um cachorro.

— O que você quer? — Falei novamente.

— É simples. — Disse Trent, como se houvesse algo


simples sobre essa situação.

— Eu preciso de dinheiro. Muito dinheiro, para devolver


as pessoas que eu devo por este negócio falido, ou eu serei
morto. Eu tenho uma boa informação que seu namorado tem
muito dinheiro, mesmo que você não saiba. Então, já que ele
é quem me meteu nessa merda, ele pode pagar para me tirar
daqui. Ou é você quem vai se machucar.

Ah não. Isso não ia funcionar. Trent não sabia com


quem estava lidando.

— É você quem se machucará. Ele matará você.

— Você acha que eu tenho medo de um cara com uma


perna falsa?

Isso me deixou com raiva e gritei.

— Ele ganhou aquela perna falsa no Afeganistão, seu


pedaço de merda, servindo seu país. Você acha que um cara
assim pensará duas vezes antes de causar sérios danos?

— Você não está ouvindo. Ele terá que pensar duas


vezes, ou será ruim para você.

— Então ele só te machucará mais, seu idiota.

— Ninguém precisa se machucar se ele me pagar! —


Trent gritou, sua voz ressoando no carro.

— Então cale-se! Apenas cale a boca! Isso


funcionará! Tem que funcionar!

Eu estava com medo que ele me batesse de novo, então


fiquei quieta depois disso. Nós estávamos cruzando a ponte
de San Mateo na chuva. Eu tinha que pensar em uma
maneira de sair disso. Ele tinha que parar o carro em algum
momento, e quando ele fizesse eu tinha que encontrar uma
maneira de gritar, chamar a atenção, pedir para chamar a
polícia. Pelo que eu podia ver, Trent não estava armado. Eu
olhei para as sapatilhas que eu usava com meu jeans. Eu era
forte e em forma, diferente dele. Se eu o pegasse de surpresa,
quão longe e quão rápido eu poderia correr?

Ele pegou uma saída e entrou em um complexo


industrial, algum lugar ao sul de Oakland, uma área enorme
que parecia pertencer a uma empresa
farmacêutica. Estacionou na parte de trás do imenso
estacionamento, que estava quase vazio, cercado por nada
além de outros estacionamentos e prédios distantes, com a
via expressa à distância, envolta pela chuva. Eu estava
apenas tentando calcular o quão longe eu tinha que correr
para conseguir ajuda quando Trent pegou seu telefone.

— Tudo bem. Você ligará para o seu namorado. Vai


dizer a ele que eu tenho você e que, se ele não trouxer cem
mil dólares para o local que eu lhe der, começarei a socar o
seu lindo rosto.

Eu olhei para ele e perguntei

— O que diabos aconteceu com você?

— Eu tive a oportunidade de fazer uma grande compra.


Uma conexão real no negócio. Mas eu precisava de
dinheiro. Quem se importa se um grupo de strippers não for
pago? Sério? Todo mundo sabe que vocês são um bando de
vadias. Como uma de vocês poderia pagar um advogado? —
Ele parecia enojado.

— Se pudessem pagar um advogado, não estariam se


despindo em primeiro lugar. É assim que funciona.

— Então você pegou o nosso dinheiro.


— Eu tive que fazer. — Ele deu de ombros.

— Eles me deram a mercadoria, mas eu não consegui


vendê-la imediatamente. Eu pensei que tinha um comprador,
mas ele ficou com medo e recuou. Mas eu ainda precisava
pagar os caras que me deram o produto. — Ele olhou para
mim, seus olhos vermelhos e frios.

— Então seu namorado veio e afundou a coisa toda, e os


policiais pegaram o produto. Os caras que eu devo dizem que
não é problema deles. Dizem que é meu. — Meu olhar passou
por ele, pela janela e ele balançou a cabeça.

— Não pense sobre isso, Gwen. Eu te pegarei nem que


seja a última coisa que faça. Eu te atropelarei se for preciso.
Estou prestes a ser morto aqui. Você não entende como estou
desesperado.

O telefone. Essa era a minha única chance. Ele queria


que eu ligasse para o Max e pedisse para encontrá-lo. Eu não
tinha dúvidas de que, se eu fizesse essa ligação, Max
viria. Exceto que ele traria um tipo diferente do acordo que
Trent achava que fazia.

— Tudo bem. — Disse estendendo minha mão.

— Eu ligarei para o Max. Eu direi a ele o que você


quiser.

Ainda segurava o telefone, seu rosto pálido olhando para


o meu.

— Você faz isso, ou te darei outro soco no estômago. E


este quebrará uma costela.
Eu cerrei meus dentes, estava ficando cansada de suas
ameaças. Eu queria ouvir a voz de Max mais do que qualquer
coisa naquele momento, queria saber se ele estava vindo
atrás de mim.

— Dê-me o telefone.

Mas ainda assim ele o segurou, como se não tivesse


pensado completamente nisso. Como se ele estivesse apenas
percebendo que eu poderia pegar o telefone e discar 911 tão
facilmente quanto eu poderia discar para Max. Esse cara é
um verdadeiro criminoso, Max havia dito. Ele definitivamente
tinha mais desespero do que cérebro ao seu lado.

— Ok, escute. — Falou tentando ganhar tempo.

— Há um local onde ele tem que me encontrar com o


dinheiro. É um armazém em Oakland. Ele tem que vir
sozinho e trazer cem mil dólares. Sem segurança, sem
policiais. Você entendeu?

— Apenas me diga o endereço e me dê o telefone.

Trent abriu a boca, mas então algo aconteceu.

Um carro parou ao lado do nosso. Trent se virou no


banco do motorista, de frente para mim, e mal teve tempo de
se virar antes que um enorme braço musculoso rasgasse a
porta e o arrastasse para o concreto.

Trent deu um grito estridente, como se ele estivesse em


uma montanha-russa particularmente dolorosa. Ele caiu
para trás, impulsionado por um braço que tinha uma
tatuagem familiar sobre ele.
— Max! — Eu gritei, saindo pela porta do passageiro e
correndo ao redor do carro. Max tinha Trent de costas no
chão, pairando sobre ele, suas grandes mãos em punhos na
jaqueta de Trent. Os dois estavam ficando encharcados, e eu
também, enquanto a chuva fria caía sobre mim. Eu podia ver
os músculos das costas de Max como granito sob o algodão
de sua camiseta. Ele estava cara a cara com Trent, e eu
nunca vi o rosto de Max tão frio, tão zangado, completamente
assassino.

— Você a machucou? — Ele rugiu.

Trent engasgou com algo ininteligível, e Max o ergueu e


bateu de volta contra o chão, uma vez, com força.

— Você a machucou? — Ele rugiu novamente.

— Max! — Eu gritei, mas ele não me ouviu. Eu não


queria tocá-lo, eu não tinha certeza se ele sabia que eu estava
lá. Ele estava tão focado em Trent, que eu não tinha certeza
se ele viu qualquer outra coisa.

— Foda-se, Reilly! — Trent finalmente conseguiu


gritar. Ele estava se contorcendo agora, chutando,
provavelmente tentando chutar a perna ruim de Max.

— Você me fodeu! Eu ia pagá-los de volta...

Max o ergueu de novo e o derrubou, e dessa vez ouvi a


cabeça de Trent bater na calçada. Ao longe, as sirenes da
polícia se aproximavam.

— Você a machucou?
Max gritou pela terceira vez, a chuva pingando de seu
rosto, seu cabelo.

— Jesus! — Trent disse, afundando no aperto de Max.

— Foi apenas um susto! Não foi nada! Você é doido, seu


pedaço de merda!

Max ficou muito quieto. Eu assisti sua expressão


mudar. Era um pouco como assistir a uma brasa ficar
incandescente, pode não estar visivelmente queimando, mas
você sabe que é mortal tocar. A testa dele clareava e seus
olhos brilhavam. Em sua posição, agachado sobre Trent,
pude ver as veias salientes em seus braços flexionados, a
perfeita tensão em seu grande corpo. Ele foi fundo dentro de
si mesmo, bem diante dos meus olhos, foi fundo dentro de
sua cabeça e viu algo que ninguém mais podia ver. Ele
colocou uma das mãos ao redor da garganta de Trent,
prendendo-o no chão e pressionou. Trent se contorceu e
emitiu um som estrangulado. O momento segurado na
lâmina de uma faca.

— Max. — Falei.

Desta vez ele me ouviu. Ele piscou, e eu o observei


lentamente sair de transe, embora ele não tenha tirado a mão
do pescoço de Trent. As sirenes da polícia estavam se
aproximando.

— Gwen. — Apenas uma palavra em um grunhido


baixo, mas eu sabia que não era uma maldição. Foi um
pedido.
Eu fui na direção dele e coloquei a mão em seu
ombro. Os músculos estavam duros como pedras.

— Você deveria soltá-lo. Os policiais estão


chegando. Estou bem.

Ele inclinou a cabeça ligeiramente para mim, mas ele


não se virou.

— É verdade que ele bateu em você?

Não olhei para Trent, que estava começando a lutar para


respirar. Meu estômago estava dolorido e não consegui
respirar fundo. Mas falei.

— Estou bem.

Max sabia que era um sim e, por um segundo, sua


grande mão apertou com mais força. Sua voz, quando ele
falou, era baixa e perigosa.

— Eu deveria te matar.

Os carros da polícia entraram no estacionamento, as


luzes piscando. Eles pararam e uma porta bateu.

— Max. — Falei novamente, apertando seu ombro.

— Levante-se, senhor. – Ouvi um dos policiais dizer.

— Agora mesmo.

— Acabou. — Falei suavemente, no entanto, apenas


Max podia ouvir.

— Solte-o.

Ele fez. Ele relaxou a mão da garganta de Trent e


levantou-a. Ele se levantou. Ele me olhou de cima a baixo,
seus olhos escuros ilegíveis. E então, sem dizer uma palavra,
ele desviou o olhar.
Max
Eles não me prenderam. Eles
me levaram para a delegacia e me questionaram, mas não me
prenderam. Parecia que depois de tudo, Trent Wallace não
queria dar queixa de agressão.

Gwen, no entanto, pressionou cada acusação contra


Trent que ela pudesse colocar as
mãos. Rapto. Assalto. Ameaça. Ela foi ao hospital, onde fez
um relatório sobre a lesão no estômago, e os policiais tiraram
fotos. Eu queria dizer a ela que ela era minha super-heroína
naquelas poucas horas, mas não consegui. Porque eu estava
preso em uma sala de interrogatório.

Qual é o seu relacionamento com a senhorita


Maplethorpe? Qual é o seu relacionamento com o Sr.
Wallace? Você diz que nunca o conheceu. Como é que você é o
novo coproprietário do prédio onde ele aluga um escritório, e
você o expulsou há uma semana?

Pelo amor de Deus, apenas me deixe ir. Apenas me deixe


voltar para ela

Devon mandou Ben participar do interrogatório comigo,


por via das dúvidas, e o próprio Devon estava esperando na
delegacia quando me deixaram sair. Ele estava sentado em
uma cadeira dura, vestindo jeans e uma velha camiseta cinza
sob um moletom de zíper, um par de botas de motociclista
nos pés. Apesar de ser um bilionário, ele parecia com os
traficantes de drogas, cafetões e prostitutas indo e vindo pela
delegacia, e nenhum deles olhou para ele duas vezes.

— Você terminou? — Ele perguntou quando eu fiquei na


frente dele, colocando meu próprio moletom.

Dei de ombros. Ben já tinha ido para casa, decolando


em seu Civic, o trabalho do dia terminado.

Devon se levantou.

— Eu o levarei de volta para o seu carro.

Eu não queria voltar para aquele estacionamento, onde


tive um dos momentos mais desastrosos da minha vida, mas
não tive escolha. Meu carro ainda estava lá. Eu vim aqui na
parte de trás de uma viatura policial.

Fiquei tentado a sentir vergonha disso. Eu cresci nas


ruas de Los Angeles, e foi somente através da determinação e
força de vontade que eu evitei ser pego na vida criminosa. Era
tentador e tão fácil de fazer. Mas eu sempre mantive meu
nariz limpo, e me alistei para me afastar desse tipo de
tentação. O fato de que minha vida acabaria pior do que se
eu tivesse ficado em casa não era algo que eu previsse. E
agora, aos vinte e nove anos, eu tive meu primeiro passeio na
traseira de um carro de polícia.

Mas eu não podia sentir vergonha. Devon era meu


melhor amigo depois de tudo, e ele tinha cumprido o tempo
que merecia pelo crime que fez. Como ele, eu não conseguia
ver o que mais poderia ter acontecido. Se eu tivesse que fazer
tudo de novo, eu ainda tiraria Trent Wallace da porra daquele
carro, policiais ou não, e eu ainda colocaria minhas mãos em
torno de sua garganta. De fato, se eu tivesse que fazer isso de
novo, provavelmente apertaria mais.

Então não, eu não senti vergonha. Mas culpa isso era


diferente. Culpa era algo que eu tinha muito.

Olivia estava com Gwen, Devon explicou para mim,


ficando com ela enquanto lidava com policiais e médicos e
certificando-se que ela chegasse em casa bem. Como o
telefone de Gwen fora destruído por Trent, ela estava fora de
contato, exceto por Olivia.

— Você deveria ir vê-la. — Devon me disse quando


voltamos para o sul de Oakland e nos dirigimos para o meu
carro.

— Olivia diz que está em casa. Ela está abalada, mas


calma.

Eu olhei para fora da janela.

— Eu não acho que seja uma boa ideia.

— Talvez você devesse deixar Gwen decidir isso.

Eu olhei para ele. Eu não estava com humor para um


sermão, mesmo do meu melhor amigo.

— Você sabe que isso é minha culpa, certo?

Devon sacudiu a cabeça.

— Eu sabia que você ia dizer isso.


— Eu ia dizer isso porque é verdade. Se eu tivesse ficado
fora dos negócios de Gwen, se nunca tivéssemos comprado
aquele prédio e empurrado Trent Wallace para um canto,
nada disso teria acontecido.

— Então o que você deveria fazer? — Devon perguntou.

— Deixar ele continuar roubando da sua garota?

Fiz uma pausa com as palavras da sua garota,


percebendo que nunca havia pensado em Gwen assim, mas
parecia certo mesmo assim. Ela provavelmente teve uma ideia
diferente.

— Havia outras maneiras que eu poderia ter lidado com


isso.

— Claro. Deixando ele fora da cadeia. Deixando-o andar


de skate. Deixando ele livre para roubar e coagir outras
mulheres. Você poderia ter feito isso.

— Gwen não teria se machucado. — Argumentei.

— Ou ela teria. — Calmo e implacável. Devon estava


sempre calmo, exceto quando se tratava de Olivia.

— Talvez, quando ele soubesse do seu dinheiro, ele a


tivesse machucado de qualquer maneira em uma jogada para
chantageá-lo, e seria o mesmo. Você já pensou nisso?

Eu olhei para ele, inutilmente desde que ele olhava para


a estrada.

— Porra, você é um filósofo agora?

— Eu fiquei sábio. Eu tive que ser. Ouça, Max, você é


esperto e sempre teve coragem. Nós dois sabemos disso. Mas
ter dinheiro significa apenas que suas bolas precisam ficar
maiores e que sua inteligência precisa ficar mais apurada. Foi
o que aprendi desde que herdei. Você faz uma ligação, segue
e lida com as consequências, sejam elas quais forem. É assim
que você tem que viver.

Eu cocei a barba lentamente.

— Eu vou doar o meu dinheiro.

— Oh sim? — Ele nem sequer parecia zangado.

— Para quem?

— Outros veteranos. Isso conta como tendo bolas?

— Sim. E o que acontece quando o dinheiro acabar?

Eu pensei que não sabia a resposta, mas eu sabia. Veio


direto do meu ser.

— Então eu levantarei outros cinco milhões e irei doá-


lo. E outros. E outros. Eu não dou a mínima para quanto
tempo demora. Eu farei até que eu esteja morto.

Devon ficou em silêncio por um segundo.

— Você disse a Gwen sobre isso?

— Não. — Eu olhei pela janela novamente.

— Pense nisso.

Eu olhei para fora da janela. Fiz-me dizer as palavras,


embora no final fosse fácil.

— Eu a amo muito.

Ele deixou as palavras pairarem ali.


— Eu percebi essa parte. Eu conheço você há muito
tempo. Mas é melhor se você contar a ela.

— Eu sou uma merda para ela.

Nós estávamos no estacionamento, parando ao lado do


meu carro.

— Sim, pode ser. Como falei, talvez você devesse deixá-


la decidir isso.

Eu saí, puxando minhas chaves do bolso. Porra, minha


perna doía. Tinha sido um longo dia.

— Obrigado pelo passeio.

Ele abaixou a janela enquanto eu circulava meu carro.

— Vá vê-la. — E partiu.

Abri a porta do carro, entrei no banco do motorista e


parei. Com a porta ainda aberta e uma perna no chão. Passei
a mão pelo cabelo e olhei para o estacionamento molhado,
para o nada.

Estava escuro agora. Era tarde. Ela provavelmente


estava dormindo.

Ela não quereria me ver.

Eu tinha duas escolhas. Vá para casa com Shady Oaks


ou arrisque com a Gwen.

Eu sentei no escuro por um longo tempo, me


perguntando qual deles eu faria.
Gwen
Olivia ficou comigo o tempo
todo. Durante minha declaração para polícia, exame no
hospital, da outra declaração da polícia e da revisão da
declaração da polícia. Trent foi preso, sem chance de fiança
desta vez, já que seu ataque contra mim havia violado sua
fiança em primeiro lugar.

Enquanto esperávamos em um corredor do hospital,


usamos o telefone de Olivia para avisar nossa mãe. Quando
Olivia passou o telefone para mim, minha mãe estava
chorando.

— Oh, querida. — Falou, com a voz embargada de


lágrimas.

— Diga-me que você está bem. Por favor, me diga que


você está bem.

Eu não tinha chorado até aquele momento, mas, de


repente, me perdi. Era o som familiar da voz da minha mãe,
distorcida pelo pânico e amor por mim. Lágrimas correram
pelo meu rosto. Por que eu pensava que minha mãe não se
importava?

— Eu estou bem, mãe. — Eu me engasguei.


— Esse trabalho horrível. Eu o odeio tanto. Eu me
preocupo com você todos os dias. Eu vou ver você. Estou
entrando no carro agora mesmo.

Eu enxuguei as lágrimas do meu rosto. Mamãe morava


em Los Angeles. Ela era o oposto do clichê de Hollywood, ela
era uma boa mãe, gentil e amorosa, com a cabeça no
lugar. Mas ainda assim, todos aqueles anos em Hollywood a
deixaram em uma bolha gentil, um lugar onde muita
realidade a atingiu mais do que as outras pessoas. Ela
provavelmente iria apenas pairar ao meu redor, indefesa e
mais angustiada do que eu.

— Não venha, mãe. Olivia está aqui. Eu estou apenas


machucada, isso é tudo.

— Os médicos examinaram você?

— Sim. Eu ficarei bem em alguns dias, prometo.

— Não tire mais a roupa. Quero dizer. Encontre outra


coisa para fazer, qualquer coisa. Eu te ajudarei se você
precisar. Mas não mais.

Eu suspirei, fungando. Eu não sabia que meu trabalho


a tinha preocupado tanto.

— Eu já estava desistindo. E eu encontrarei outra coisa


para fazer. — Tentei dizer para ela gentilmente.

— Não atuarei mãe. Desculpa.

— Oh, meu Deus, querida, você não tem que ser uma
atriz! —- Eu a chateei de novo.
— Eu acabei mandando você para a faculdade de
atuação porque foi o que você disse que queria. E você é tão
linda. Mas atuar é uma carreira terrível. Está cheio de
miséria. Vá encontrar algo que te faça feliz.

Olivia me entregou um lenço de papel e limpei meu


rosto.

— Eu te amo, mamãe.

— Eu também te amo, Gwennie.

Estranhamente, considerando que estávamos sentadas


em um corredor do hospital depois que meu chefe traficante
de drogas me sequestrou e me agrediu, desliguei me sentindo
melhor do que em meses, talvez anos. Mamãe não me
chamava de Gwennie desde que eu era criança, ela era a
única pessoa que me chamava assim. Ouvi-la dizer fez meu
coração se abrir. Eu entreguei o telefone de volta para Liv, e
ela colocou o braço em volta dos meus ombros, abraçando-
me contra ela. Ficamos sentadas assim, contentes e quietas,
até que o médico disse que eu poderia ir.

Agora, horas depois, eu estava no meu apartamento. Eu


tomei um banho evitando delicadamente meu estômago
machucado e fiz algo para comer. Eu coloquei um shorts e
uma camiseta. Fiquei deitada na cama por um tempo,
pensando que dormiria e não dormi. Finalmente, levantei-me,
envolvi-me num roupão e sentei inquieta no sofá, imaginando
o que fazer. Eu não tinha telefone, então não podia ligar para
ninguém. Eu estava prestes a recorrer a navegar sem rumo
através dos canais de TV quando ouvi uma batida suave na
minha porta.

Eu me levantei, mas não abri a porta.

— Quem é? — Perguntei.

— É Max. — Uma voz familiar.

Meu coração deu um pulo louco no meu peito e percebi


que queria vê-lo. Que eu queria vê-lo por horas. Eu abri a
porta e nos entreolhamos. Ele usava o mesmo jeans e
moletom com capuz preto que usava horas atrás, quando
puxou Trent para fora do carro.

Seu cabelo estava desgrenhado. Ele parecia


cansado. Seus olhos seguraram os meus, e pela primeira vez
ele não estava franzindo a testa. Ele apenas parecia
preocupado e silenciosamente vulnerável.

Ele encostou um ombro no batente da porta, já que eu


não tinha me afastado para deixá-lo entrar.

— Desculpe. Eu não podia ligar.

Engoli. Ainda podia vê-lo abrindo a porta e puxando


Trent para trás, para a calçada. Ainda podia vê-lo agachado
sobre Trent, sacudindo-o, gritando, as mãos no pescoço de
Trent. Eu ainda podia ver o rosto de Max, tão diferente do
Max que eu conhecia.

Aquele Max foi embora. Em seu lugar estava esse


homem, que simplesmente olhou para mim como se me
quisesse. Eu sabia, assim como eu sabia o meu próprio
nome, o que lhe custara vir aqui. O que ainda estava
custando a ele.

Talvez eu devesse estar com raiva dele. Ou com


medo. Mas olhei para ele e percebi que em vez disso o amava.

— Entre. — Disse dando um passo para o lado.

Ele fechou a porta atrás dele suavemente.

— Como você está? — Ele perguntou, sua voz áspera.

Dei de ombros e dei-lhe a verdade, cansada de usar a


palavra bem.

— Meu estômago dói. Vai ficar roxo, e então vai


curar. Eu chorei uma vez, quando minha mãe me ligou. Eu
não vomitei. Eu não consigo dormir.

Ele passou a mão pelo cabelo, desarrumando-o ainda


mais e suspirou.

— Porra, Gwen, me desculpe.

— Você sente muito? — Cruzei meus braços sobre o


peito e olhei para ele.

— Por quê, Max? Por chutar o traseiro de Trent quando


ele me sequestrou? Ou por me tirar da situação estúpida em
que me meti em primeiro lugar?

— Gwen. — Ele balançou a cabeça.

— Isso foi culpa minha, e você sabe disso.

— É culpa do Trent. — Apenas o pensamento do rosto


pálido de Trent me fez desejar que eu pudesse atingi-lo,
mesmo sabendo que ele estava na merda agora.
— Ele fez suas escolhas. Eu também, quando decidi
trabalhar para ele, continuar trabalhando para ele. Porque eu
estava muito cega para ver o que o trabalho fazia comigo.

Isso o fez franzir a testa pela primeira vez.

— Talvez. Mas isso não muda o fato de que desde que


você me conheceu, eu consegui estragar tudo para você.

— O que você está dizendo, Max? Você está dizendo que


nunca deveríamos ter nos conhecido? É isso?

Ele olhou para o teto, como fez quando estava


escolhendo suas palavras.

— No esquema geral das coisas, provavelmente seria


melhor. Mas não há nada que possa ser feito agora. Eu já
estraguei a sua vida.

Deus, eu era louca por ele. Eu queria bater e gritar com


ele e beijá-lo e escalá-lo como uma árvore. Ninguém me
deixou louca como Max deixou.

— Então, por que você está aqui? — Eu consegui dizer.

— Se não deveríamos estar juntos?

— Porque eu não me importo. — Ele respondeu. Ele veio


em minha direção e eu pude ver que ele estava com a perna
incomodando. Eu não estava prestes a rebaixar o que acabei
de passar, mas ele viveu uma merda de explosão. Este
homem foi a definição de coragem.

Ele colocou as mãos suavemente no meu rosto e olhou


para mim, seus polegares nas minhas bochechas.

— Eu não me importo. — Falou novamente.


— Estou confuso e irritado a metade do tempo e nem
mesmo estou completo. Eu sou ruim para você. Eu sou o
pior. E eu ainda não vou embora.

— Bom. — Eu respondi lutando contra a emoção na


minha voz.

— Não se atreva.

Seu rosto estava cheio de dor e desejo.

— Estou destruindo sua vida.

Eu coloquei minhas mãos sobre as dele.

— Precisava destruir, seu bobo.

— E você meio que destruiu a minha.

— Eu acho que você viverá.

Ele me beijou, lento, doce e terno, e era exatamente o


que eu queria. Era sexy, mas não havia pressa; pela primeira
vez, tomamos nosso tempo.

Ainda assim, larguei meu robe e o puxei para a


cama. Eu joguei meu top enquanto ele tirou meu short. Ele
arrastou os dedos levemente sobre o meu estômago tenro, o
toque leve como plumas, enquanto ele olhava de perto. Então
ele desceu, levantou uma das minhas pernas e beijou a pele
do lado de dentro do meu joelho, sua barba me
arranhando. Sua mão massageava minha perna enquanto
trilhava beijos até o interior da minha coxa, parando apenas
o suficiente, e então ele mudou para a outra perna e fez o
mesmo.
Eu relaxei nos travesseiros. Eu o queria, sempre o
queria, mas também queria ser tocada. Depois do dia que
tive, queria que ele me tocasse com bondade, com ternura,
com cuidado. E de alguma forma, como ele sempre fazia, ele
sabia exatamente o que eu queria.

Ele fez uma pausa para abrir o zíper de seu moletom e o


jogou, então ele pegou minha perna novamente, seus
músculos se movendo sob sua camiseta.

— Max? — Falei, observando-o.

Ele fez um barulho contra a minha pele.

— O que você fez hoje foi foda.

Ele parou de me beijar para balançar a cabeça.

— Você é sanguinária.

— Talvez eu seja.

— O que você teria feito se eu não aparecesse?

— Eu estava planejando chutá-lo nas bolas, então usar


o telefone dele para ligar para o 911.

Ele sorriu.

— Essa é a minha mulher. — E se inclinou para beijar o


interior da minha coxa.

Minha mulher. Eu gostei disso. Ele terminou com


minhas coxas, sem tocar entre elas, e subiu para os meus
seios, segurando um e acariciando o outro, em seguida,
inclinando-se para colocar a boca sobre ele.
De repente, eu estava focada nisso. Eu puxei sua
camisa, fazendo-o parar para tirá-la antes que ele se
inclinasse para o meu outro seio. Eu deslizei minha mão pelo
seu estômago até o cinto, desfazendo-o. Ele deixou meu peito
e se apoiou em mim, beijando-me profundamente enquanto
eu desabotoava sua calça jeans e esfregava minha mão sobre
ele. Nós ficamos assim por um momento, beijando, minha
mão movendo-se lentamente sobre ele.

Finalmente ele se afastou, fazendo um pequeno barulho


de frustração.

— Tudo bem. Esta parte leva um minuto. Acostume-se


com isso. Você tem que esperar.

Então eu esperei enquanto ele lidava com seus sapatos,


então seus jeans e boxers, e finalmente sua perna. Quando
ele voltou para mim, ele estava gloriosamente nu, assim como
eu gostava dele.

Ele se preparou para mim e me beijou novamente, e


então ele disse.

— Eu não quero te machucar.

Eu mordi meu lábio. Ele não podia ficar sobre meu


corpo, ele era muito pesado, mas eu também não sentia
vontade de estar no topo.

— Nós teremos que ser criativos.

Então resolvemos isso. Colocamos um travesseiro


debaixo da minha bunda, que levantou meus quadris no
ângulo certo, e ele se apoiou em mim sobre os cotovelos, nós
dois nos movendo para obter a posição correta. Valeu a
pena. Quando ele empurrou dentro de mim, grande e pesado,
eu gemi contra a pele de seu pescoço.

— Porra. — Falou suavemente, e começou a se mover.

Ainda assim, fomos devagar. Eu envolvi minhas pernas


ao redor de seus quadris e tranquei meus tornozelos atrás
das costas, o que o fez gemer. Ele foi mais profundo assim, e
eu me deliciava com o sentimento dele, tomando seu tempo.

Eu estava sentindo aquela deliciosa queimadura dentro


de mim quando ele se inclinou para trás e se retirou.

— Max. — Eu reclamei.

Ele riu baixinho.

— Eu gosto de ver você. — E ele me tocou, movendo os


dedos, o polegar, no caminho certo. Eu pressionei sua mão e
a sensação subiu, e assim que a sensação me atingiu ele se
inclinou para frente novamente e empurrou para dentro de
mim, sentindo-me apertá-lo. Ele me fodeu durante o meu
orgasmo, enquanto continuava sem parar, seus quadris
pressionando-o profundamente e com força em mim
enquanto eu me contorcia abaixo dele. Eu ouvi sua
respiração acelerar e ele gozou, seus braços musculosos
tremiam com a tensão enquanto tentava não desabar sobre
mim.

Depois nós nos deitamos enrolados juntos na minha


cama. Quando ele rolou de costas, eu me movi para o lado,
jogando um braço possessivo sobre seu peito e enterrando
meu rosto no lado do pescoço, onde mordi sua pele.
— Ai. Eu acho que eu deveria te dizer uma coisa.

— Você tem uma lista de mulheres com quem faz isso.


— Eu imaginei, mordendo-o novamente.

— Não. Eu provavelmente não ficarei rico por muito


tempo. Eu darei meu dinheiro para outros veteranos.

Eu me apoiei em um cotovelo e olhei para ele.

— Você o que?

— Eu criarei uma instituição de caridade onde os


veteranos com PTSD recebem aconselhamento, e eu pago a
conta. — Ele coçou a barba.

— Se der certo, gastarei todo o meu dinheiro nisso e


depois levantarei mais.

Eu olhei para ele, surpresa.

— Quando isto aconteceu?

— Ainda não aconteceu. Meu médico marcará uma


reunião com os figurões da clínica para que possamos montar
algo oficial. Vou ter que vender eles a ideia.

Ele parecia um pouco tenso e eu sabia exatamente por


quê.

— Você quer dizer que terá que conversar. Para vender a


eles sua ideia?

— Se eu conseguir a reunião. Mas sim. Vou ter que


vender a eles... algo assim.

Uma ideia começou a se formar na minha cabeça. Fiquei


quieta por tanto tempo que Max finalmente disse.
— O quê?

— Eu não me importo se você não é rico. Faça sua


reunião. Eu acho que sei como podemos usar o seu dinheiro.
Max
Fiel à minha palavra, eu usava
jeans para a reunião. Eu simplesmente não conseguia fazer a
coisa do terno. Mas eu combinei o jeans com uma camisa
branca de botão e uma jaqueta que comprei quando Gwen me
levou para fazer compras. Eu também cortei meu cabelo e
aparei minha barba novamente, com Gwen na assistência,
dando as instruções ao barbeiro. Ela olhou para o resultado
final e disse que parecia bom.

A reunião foi com o Dr. George Tiernan, que era o chefe


da rede de clínicas da qual fazia parte o Dr. Weldman, que
obviamente tinha mais influência do que ele pensava. Seu
escritório ficava no centro da cidade, ao lado de North Beach,
com a Coit Tower nos observando do topo da Telegraph
Hill. Eu me senti completamente fora do lugar, mas era
apenas uma reunião. Eu poderia passar por isso. Eu tinha
um plano.

Gwen caminhou ao meu lado quando entrei no prédio,


batendo meu ombro com o dela.

— Pronto? — Ela perguntou.

— Claro. — Eu até tinha uma pasta executiva de


couro. Dentro da pasta estavam as páginas descrevendo
como minha instituição beneficente funcionaria, incluindo o
comprovante da minha administração e a papelada sem fins
lucrativos do IRS. Três semanas de trabalho em uma
pequena pasta.

Gwen usava uma saia lápis escura que ia até os joelhos,


sapato com saltos, uma camisa e um suéter justo. Seu cabelo
loiro estava elegante, ela havia feito uma coisa ou outra com
um modelador de cachos, e usava maquiagem. Ela parecia
inteligente e profissional, mas também conseguia parecer
uma fantasia suja ao mesmo tempo. Ou talvez isso fosse só
para mim.

George Tiernan tinha quarenta e tantos anos, era um


homem magro e em forma, com aquele cabelo grisalho que as
mulheres adoram. Ele não usava aliança de casamento e
seus olhos se iluminaram com agradável surpresa quando
Gwen apertou sua mão. Ela não deu atenção.

— É tão bom conhecê-lo. Eu sou Gwen Maplethorpe,


chefe de captação de recursos e relações públicas da Real
Heroes. Este é Max Reilly, fundador e presidente da Real
Heroes.

O sorriso que ele deu a ela e, por extensão, a mim foi


genuíno, e apertou minha mão calorosamente.

— É um prazer conhecer vocês dois. Por favor, sentem-


se.

Chefe de Captação de Recursos e Relações


Públicas. Essa foi a ideia de Gwen.
— Mas isso não é um trabalho real. — Falei. Sua
resposta foi: — Como ele sabe que não é um trabalho? Vou
imprimi-lo em um cartão de visita. O cartão que ela entregou a
George Tiernan agora. Ele pegou e assentiu sem uma única
pergunta.

Funcionou. Peguei os papéis da minha pasta e os


colocamos sobre a mesa, passando por tudo. Tiernan fez
perguntas às vezes a mim e às vezes a Gwen. Eu respondi
muito bem, mas quando fiquei em silêncio ou fiquei preso,
Gwen simplesmente entrou em cena. Ela sorriu para ele. Ela
fez piadas leves e riu das dele. Ela falou sobre a ideia. Em
suma, ela vendeu a ideia.

Ela era natural. Tiernan achava que estava conversando


com um experiente profissional de relações-públicas que fazia
o trabalho há anos, não uma ex-stripper que acabara de
começar um curso noturno. Ela fez com que parecesse que
aquela ideia meio ingênua que eu comecei a falar com meu
terapeuta de PTSD com uma colher e alguns galheteiros, foi
detalhada e bem pensada. A ideia era minha, mas ela deu um
polimento que eu nunca poderia ter dado em cem anos.

Não doeu que ela era linda pra caralho. Não passou
despercebido por Tiernan, de jeito nenhum. Ele não tinha
ideia de que Gwen era mais do que uma funcionária para
mim, e ele estava praticamente a secando enquanto tentava
se manter profissional. Ele estava sob o feitiço dela. Ele era
distinto, elegante e rico, provavelmente o tipo de cara com
quem Gwen deveria estar. Mas eu não dei a mínima. Ela era
minha.
— Eu certamente reverei tudo isso. — Falou no final da
reunião, quando nós saímos com ele.

— Mas eu gostaria de saber algo de você, Sr. Reilly. —


Ele se virou para mim.

— O que motiva você a fazer isso?

Eu fiz uma careta para ele.

— O que você quer dizer?

— Quero dizer, eu sei que você é um veterano. Mas isso


é um grande compromisso e muito dinheiro. Francamente, se
der certo, provavelmente tomará conta de sua vida. — Ele me
olhou mais de perto do que durante toda a reunião.

— Por que isso? Por que agora? Por que tudo isso?

Parecia uma das besteiras do Dr. Weldman, e lembrei


que esse cara era médico provavelmente um terapeuta. Eu
pensei sobre isso, e então eu olhei nos olhos dele.

— Na marinha. — Falei.

— Eles nos ensinaram que, se você está em uma


situação perigosa, digamos, um prédio em chamas você cai
fora. Mas eles também nos ensinaram que se você é capaz de
sair de uma situação como essa, se você não está machucado
e é capaz de correr, então você é capaz de voltar e resgatar o
cara atrás de você. E o cara atrás dele. E o cara atrás dele. Se
você puder se salvar, as chances são de que você possa salvar
outra pessoa. Talvez mais que uma.

A sala estava quieta. Tiernan escutou com seus olhos


em mim.
— Eles não nos ensinam o que fazer depois que
chegamos em casa. — Completei.

— Eles te deixam descobrir sozinho. Mas ainda sou um


fuzileiro naval na minha cabeça. Eu passei os quatro anos
desde que eu estou em casa me retirando do meu próprio
prédio em chamas. E agora estou bem o suficiente para poder
começar a resgatar os outros caras. Os caras que ainda estão
lá. — Dei de ombros.

— Essa é a razão, eu acho.

Ninguém disse nada a princípio. Tiernan sentou-se em


sua cadeira. Eu arrisquei um olhar para Gwen. Ela olhava
para mim, lábios entreabertos, olhos arregalados. Ela parecia
sem palavras.

— Bem. — Tiernan disse finalmente.

— Essa é uma resposta sincera. Vou ter que repassar a


logística com alguns dos outros departamentos, como
Finanças e Jurídico, mas espero que possamos resolver algo.

Com isso, ele me dispensou e voltou para Gwen,


sorrindo de novo. Ela pareceu sair do seu estado de estupor e
conversou enquanto eles encerravam a reunião. Ela nem
sequer reagiu quando ele lhe deu seu cartão com seu celular
pessoal escrito no verso.

— Caso você tenha alguma dúvida, qualquer uma. —


Ela apenas colocou o cartão em sua bolsa enquanto nos
levantamos para ir.
Ficamos em silêncio quando saímos do prédio e
caminhamos para o pequeno estacionamento. De repente eu
estava exausto. Cheguei primeiro ao carro e joguei a maleta
no banco de trás, depois tirei o casaco e joguei-o
também. Gwen ainda não tinha falado.

Eu me virei e olhei para ela. Ela estava parada ali, me


observando, a brisa levantando o cabelo de seus ombros. Ela
olhava para mim como se tivesse algo a dizer.

— Apenas diga. — Minha voz estava cansada.

— Você pode ir em frente. Ele é um cara legal. Boa


aparência. Um médico. Fácil de conversar. Tem um bom
trabalho. Ele até usa um terno, e ele provavelmente não fez
ninguém escolher nada para ele. Ele sempre sabe a coisa
certa a dizer e lhe deu o número dele.

— Eu te amo.

Eu olhei para ela, atordoado.

— Eu te amo. — Falou de novo.

— E eu quero tudo. Eu quero casamento, bebês e uma


casa. Uma vida. E eu quero isso. — Ela gesticulou para o
prédio que acabamos de deixar.

— Quero que o Real Heroes sejam reais e quero fazer


parte. Eu não quero uma descrição de emprego falsa para
uma única reunião. Eu quero te ajudar a construir isso. Eu
quero que seja verdade. — Eu abri minha boca para dizer
algo, mas ela continuou falando.
— Se você não quer essas coisas, tem que me dizer
agora, porque não sei o que farei. Eu passei oito anos sem
querer nada. Dizendo a mim mesma que era muito
arriscado. E agora, depois de todo esse tempo,
quero tudo. Com você.

Meu coração parou. Eu podia sentir o cheiro do mar na


brisa que soprava pelo estacionamento.

— Eu também te amo. — Ela fez um pequeno som,


rapidamente sufocada, os nós dos dedos brancos onde ela
agarrou sua bolsa. Jesus. Ela queria filhos? Eu daria a ela
quantos ela me pedisse.

— Eu quero todas essas coisas. — Confessei.

— Eu quero. Você é a única mulher que eu quero. Não


consigo imaginar isso com mais ninguém.

— Você quer dizer isso mesmo?

— Eu realmente quero dizer isso. — Disse a ela, dando


um passo à frente. Ela veio em meus braços e eu a puxei
para perto, sentindo-a respirar contra mim. Ela largou a
bolsa e colocou os braços em volta da minha cintura,
agarrando-me com força enquanto eu inalava o delicioso
cheiro de seu cabelo.

— Eu não quero o seu número estúpido. — Falou contra


o meu ombro.

— Ok. — Concordei, inclinando-me e beijando o lado do


seu pescoço.

— Vamos jogar fora. — Eu a beijei novamente.


— Você foi incrível lá dentro.

— Obrigada. — Ela fungou levemente.

— Você também. Você é sempre incrível, Max.

— Se você diz. — Eu levantei seu queixo e beijei sua


boca doce lentamente. Ela separou os lábios e o beijo se
aprofundou. Porra, eu adorava beijar a Gwen. Eu fiz isso por
tanto tempo que alguém passando na rua nos viu e gritou.

— Consigam um quarto!

Eu interrompi o beijo e toquei meus lábios na linha


macia de sua mandíbula.

— Essa é uma boa ideia.

— O quê? – Falou, sua um pouco tremula.

— Eu ainda sou rico por mais algum tempo. —


Comentei.

— Vamos para o melhor hotel de São Francisco e pegar


a melhor suíte. Encomendar serviço de quarto. Tirar o resto
do dia na sua cama mais confortável.

Ela suspirou. Então se inclinou e me beijou mais uma


vez. Minha Gwen.

— Você é o chefe, vamos.


MAX
Três meses depois
Nós dois estávamos dormindo quando o telefone
tocou. Gwen estava esparramada sobre mim em nossa grande
cama, o braço dela sobre meu peito, uma longa perna
enganchada sobre a minha. Isso não me incomodava. Eu
durmo como uma pedra quando estou com Gwen.

Mas eu acordei primeiro e rolei, pegando meu celular na


mesa de cabeceira. Eu finalmente havia deixado Shady Oaks,
e Gwen havia deixado seu minúsculo apartamento, e este era
nosso lugar agora, um condomínio modesto em um prédio
baixo à beira do Parque Golden Gate. Não era grande, mas
não precisávamos muito. Nós dois gostávamos da cidade, e
eu não era fã de escadas de qualquer maneira. Estava em
casa.

— Hum. — Disse Gwen quando peguei o telefone. Não


reconheci o número e já passava da meia-noite, mas respondi
mesmo assim.

— Alô?

— Max?

A voz era familiar. Muito familiar.


— Sim.

— Sou eu.

Porra. Eu não tinha ouvido essa voz em mais de uma


década, mas era definitivamente familiar.

— Cavan?

Atrás de mim, Gwen acordou completamente, seu corpo


ficando tenso de surpresa.

— Sim. — Disse Cavan Wilder.

— Sou eu.

Irmão de Devon. Jesus. A última vez que o vi foi logo


depois que sua mãe foi assassinada por seu namorado
abusivo. Nós três morávamos em Los Angeles na época, onde
todos crescemos juntos. O pai de Devon e Cavan havia se
separado anos antes, e a mãe deles namorou até encontrar o
cara errado, que a assassinou uma noite quando eles
brigaram. O cara foi preso imediatamente e ainda estava no
corredor da morte, mas deixou Devon e Cavan sem pais.

Cavan tinha dezoito anos na época, Devon


dezesseis. Em vez de ficar por perto para cuidar de seu irmão,
Cavan deixara a cidade, e nem Devon nem eu o víamos desde
então. Nós nem sabíamos onde ele estava. Fui eu quem
ajudou Devon nos anos seguintes a evitar o sistema de
adoção e a sobreviver.

E agora aqui estava Cavan me ligando no meio da noite,


do nada.

Eu me sentei na cama.
— Cavan. De onde diabos você está ligando?

Ele parou por um segundo, e eu pensei que podia ouvir


o tráfego ou o vento no fundo.

— Estou no Arizona. – Falou finalmente.

— Eu não tenho certeza exatamente onde. É uma


parada de caminhões na estrada.

— Você está bem?

— Claro. — Ele parecia o mesmo cara que eu conhecia


anos atrás, mas sua voz era mais madura, mais
sábia. Provavelmente como a minha.

— Estou bem. As coisas estão esquisitas agora. Eu li


alguma coisa louca sobre uma herança.

A herança de bilhões de dólares de Devon era em parte


de Cavan, supondo que Cavan saísse do esconderijo. Devon
havia contratado investigadores particulares para procurá-lo,
sem resultados ainda.

— Sim. É verdade. Você deveria ligar para Devon sobre


isso.

— Eu não ligarei para Devon. Agora não.

— Por que não? Ele quer saber de você. — Devon ficaria


louco em saber que seu irmão estava vivo.

— Eu não vou. Eu liguei para você, Max. Você está


dizendo que o dinheiro é de verdade?

Porra, ele precisava de dinheiro? Para quê?

— Sim, é de verdade. Mas você tem que reivindicá-lo.


— Você quer dizer ir para a Califórnia.

— Sim, quero dizer, venha para a Califórnia. — Eu


mantive minha voz calma.

— Você deveria vir aqui de qualquer maneira, cara. Seu


irmão quer ver você.

— Eu realmente duvido disso. — Cavan parecia amargo.

— Merda. Isso pode ser complicado. Verei o que posso


fazer.

— Por que é complicado? — Perguntei. Atrás de mim,


Gwen se sentou e estava ouvindo. Ela sabia por Olivia o
quanto Devon queria encontrar seu irmão.

— Há uma mulher. — Cavan tentou explicar.

— Ela está em apuros. Estou tentando ajudar.

— Você tem uma namorada? Uma esposa?

— Não. Ela não é minha namorada. Ela é... eu não sei o


que ela é. Como falei, é complicado. Nós não podemos ir para
a Califórnia ainda. Eu tenho que tirá-la de problemas
primeiro.

— Cavan, eu não entendi. Você não está fazendo


sentido.

— Não demorará muito. É apenas uma parada rápida. E


então talvez iremos. Ou talvez eu vá sozinho. Eu realmente
não sei. Apenas diga isso a Devon, ok? Diga a ele que eu vou
quando puder.

— Cavan...
— Diga a ele. — E desligou.

Eu olhei para o telefone. O número que ele ligou estava


lá, mas era um telefone público, se ainda existiam, ou um
descartável. Eu já sabia disso.

Gwen colocou a mão no meu ombro.

— Oh, meu Deus.

— Eu tenho que ligar para Devon. Cavan Wilder está


vivo depois de todos esses anos. E ele vem para a Califórnia.

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