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MÉTODO MAGNÉTICO

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS:
O Campo de força magnética é um campo de força Newtoniano

P1 r P2 F  m1m2/r2; F = 1/ (P1P2/r2)

Onde P1 e P2 são as massas magnéticas e  a permeabilidade do meio

Polo magnético

Intensidade do campo magnético: (H)

É definida como a força por unidade de intensidade do polo, que se exerceria


quando um polo de força P1 fosse colocado em dito ponto.

H = F/P1 = P/r2

Onde H é a intensidade do campo magnético. É uma quantidade vetorial, com


grandeza e direção definida. Às vezes pode também ser expressa por densidade de
linhas de força, a unidade neste caso é linhas de força/cm2.

Momento magnético (M) - l +

M = Pl

Intensidade de magnetização ou polarização (I)


É o momento magnético por unidade de volume. Pode ser considerado como o
grau de orientação de dipolos magnéticos elementares. É uma grandeza vetorial cuja
direção é paralela ao campo indutor

I = P/A I = PL/AL I = M/V

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Onde P intensidade do polo, A área perpendicular à direção de P, L distância entre os


dois pólos e V o volume do material.
Susceptibilidade magnética (k)

I  H; I = kH cos

onde k é a susceptibilidade magnética e  a inclinação de H

Indução magnética (B)

A intensidade do campo dentro do corpo magnetizado H’

H’ = 4I

B = H + H´ B = H + 4kH B = (1 + 4k)H B = H
H

Onde  é a permeabilidade do meio e vale:  = 1 + 4k


no vácuo  = 1 e k = 0

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Propriedades magnéticas das substâncias

A magnetização de um cristal esta relacionada a sua quantidade de elétrons, sua


distribuição na estrutura cristalina e os seus movimentos de “spin”.

Substâncias diamagnéticas k < 0

Os elétrons possuem variações no raio e na velocidade de rotação, opondo-se ao


campo magnético externo. O Momento magnético é nulo. Ex. prata, ouro, bismuto,
sal etc. Independe da temperatura.

K decresce com o aumento do campo H e independe da temperatura;

São fracamentes repelidos por um imã.

Substâncias paramagnéticas k > 0

A assimetria eletrônica produz um momento magnético diferente de zero para o


átomo. O movimento caótico de spins da lugar a uma orientação mais ou menos
ordenadas no sentido do campo magnético externo.

Com o aumento da temperatura diminui o valor da susceptibilidade magnética


(k). Ex. Ilmenita, hematita, cromita biotita etc.

Ferromagnéticas; Antiferromagnéticas e Ferrimagnéticas k>>0:


Magnetizam-se facilmente, mesmo na presença de fraco campo magnético
externo. O aumento da temperatura produz um desordenanamento no movimento de
spin transformando-os em paramagnéticos.

Ferromagnéticos:

Contem íons de elementos de transição com os spins não emparelhados, uma


vez retirado o campo magnético externo os spins voltam a sua desordem inicial. Ex.
Ferro nativo, ouro ferrífero etc.

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Ferromagnético

Antiferromagnéticos:

Os spins dos íons magnéticos vizinhos adquirem uma orientação antiparalela.


Ex. pirita, calcopirita, esfeno etc.

Ferromagnético

Ferrimagnéticos:

Assemelham-se aos antiferromagnéticos, porem os spins antiparalelos


produzem uma compensação incompleta, resultando um alto grau de magnetização. Na
ausência de campo externo possuem alto grau de magnetização expontânea. Ex.
magnetita, pirrotita, titanomagnetita.

Ferrimagnético

UNIDADES:

H – No sistema (SI) ampère por metro, é o campo produzido no centro de uma espiral
circular de raio de 1m, percorrido por uma corrente de 1 ampère. (a/m). No sistema
CGS é o oersted (Oe).
1 Oe = 1/4 x 10-3 a/m
I – No sistema (SI) a/m
B – no sistema (SI) a unidade de fluxo é (v.s), ou ainda Weber (Wb) e a unidade de
densidade de fluxo v.s/m2 ou Wb/m2 ou tesla. No sistema CGS em gama ou em Gauss.

1 Tesla = 1Wb/m2 = 104 Gauss = 109 gama ()

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Na prospecção geofísica é usado o nanotesla que é igual a 1gama

No sistema (SI) 0 = 4 x10-7 s/m


 e k são sem dimensão.
M – se exprime a/m2 (I = M/V)
Magnetismo residual, induzido e permanente.

Na Equação B = H na realidade é uma aproximação para os materiais


ferromagnéticos e altamente magnéticos. Na figura abaixo representamos o
comportamento real de uma substancia magnética, que experimenta magnetizações e
desmagnetizações cíclicas.

Ciclo de Histereses

Para uma amostra desmagnetizada de um material magnético, colocada entre os pólos


de um eletroimã que da origem a um campo H, onde podemos modificar sua direção e
intensidade e inverter o sentido de corrente.

1- Aumentando-se o campo H de zero até um determinado valor observa-se que B


aumenta quase linearmente com H (B =  H), até atingir um grau de saturação
onde a curva tende a se horizontalizar.

2- Se reduzirmos o campo H até zero B não retorna ao valor zero, retém um valor r
que é denominado magnetismo residual.

3- Se invertermos o sentido do campo e aumentarmos a sua intensidade, B diminui até


atingir o valor mínimo, onde tende a saturação na direção negativa.

4- Uma nova redução do campo até zero, B apresentara um valor residual negativo.

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5- Numa nova inversão no campo, a magnetização voltara a inverter mais uma vez na
direção de B até uma fase de saturação positiva.

Campo Geomagnético:

a) Elementos do Campo

Ht – componente total do campo geomagnético


Hh – componente horizontal do campo geomagnético
Hz – componente vertical do campo geomagnético
I – inclinação do campo magnético
D – declinação magnética

HT =

Hh =

Hh = HT cos i

Hx = Hh cos D = HT cos i cos D

Hy = Hh sen D = HT cos i sen D

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Hz = HT sen i

i = arctg (Hz/Hh)

D = arctg (Hy/Hx)
B) Origem do Campo Geomagnético

A teoria mais moderna para a origem do campo geomagnético interno, é


baseada no funcionamento de um dínamo.

O campo interno magnético terrestre pode ser aproximado pelo campo


produzido por um momento de dipolo localizado em seu centro. Esse momento aponta
para o pólo sul geográfico e se localiza sobre um eixo que forma aproximadamente
11,50 com o eixo de rotação da terra.

O campo interno é responsável por mais de 90% da intensidade do campo e


apresenta variações seculares.

O campo externo apresenta variações diurnas. Variações solares e lunares ou


variações aleatórias (tempestades magnéticas)

O campo dipolar terrestre

Considerando o campo magnético como dipolar, com os dados medidos de


intensidade magnética terrestre é possível estabelecer em um determinado ponto da
superfície terrestre suas componentes em função de sua posição φ e λ latitude e
longitude respectivamente.

Como sabemos o potencial magnético de uma esfera é idêntico ao potencial


provocado por um dipolo, podemos então determinar com boa aproximação a variação
da intensidade do campo magnético sobre a superfície terrestre.

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A partir do primeiro membro da expressão do potencial magnético de uma


esfera teremos:

fazendo → dz = dr e dh = rdθ

Hz = -Hr = dU/dr

Hz = 2Mcosθ/r3

Hh = -dU/rdθ

Hh = Msenθ/r3

HT = (M/r3).(1 + 3cos2θ)1/2

Definindo a direção do campo magnético pelo ângulo de inclinação (i), temos:

tg(i) = Hz/Hh = 2ctgθ = 2tgφ

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Assim obtemos a expressão geral da variação do campo magnético em função da


latitude magnética φ = 900 – θ

No pólo sul θ = 00, no equador θ = 900 e no pólo norte θ = 1800

Hz = 2Mcosθ/r3

Hh = Msenθ/r3

HT = (M/r3).(1 + 3cos2θ)1/2

Hz Hh HT
Pólos 2M/r3 0 2M/r3
Equador 0 M/r3 M/r3

HT varia de M/r3 no equador a 2M/r3 nos pólos

Considerando para terra M = 8,3.1025 cgs e o raio da terra de 6378km

HTmáximo ≈ 0,66 Oe e Hz = 66000 nT


HTmínimo ≈ 0,33 Oe e Hh = 33000 nT
Gradiente horizontal – (Internacional Geomagnetic Reference Field – IGRF)

Gradiente vertical – é a variação de Hz e Hh em “r”. O gradiente vertical teórico


pode ser calculado por:

dHz/dr = (6M/r4).cosθ = 3Hz/r

dHz/dr = (3M/r4).senθ = 3Hh/r

Magnetização de Minerais e rochas

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A susceptibilidade de rochas e minerais depende da quantidade, tamanho e


modo de distribuição dos minerais ferromagnéticos (magnetita, pirrotita e
ilmenita); Temperatura e Campo Indutor.

Rochas Sedimentares: inferiores a 50 X 10-6 CGS


Rochas Vulcânicas: 100 a 10.000 X 10-6 CGS
Rochas Plutônicas: 10 a 5.000 X 10-6 CGS
Rochas Metamórficas: 10 a 500 X 10-6 CGS
Estimativa da susceptibilidade magnética das rochas a partir do conteúdo
de magnetita.

Balsey & Buddington 1958 K = 0,033V1,33 em rochas metamórficas;

Jahren 1963 K = 0,0145V1,39 em rochas metamórficas

Mooney e BleiFuss 1953;

Basaltos, Gabros, Granitos, Diabásios, ardósias e riolitos


K = 0,00289V1,01 0,2 < V < 3,5

Rochas Ígneas e metamórficas


K = 0,0026V1,11 0,1 < V < 10
Formações ferríferas
K = 0,00116V1,39
Onde V é o volume de magnetita na rocha.

ANOMALIAS MAGNÉTICAS:

ORIGEM - Rasa e Profunda

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TIPOS E FORMAS DE ANOMALIAS

INTERPRETAÇÃO QUALITATIVA
Descrição das feições magnéticas: Eixos, alinhamentos, anomalias isoladas;

Padrões magnéticos (zonas de poucas anomalias etc), amplitudes, direção geral


das anomalias;

Muito importante é a verificação da relação entre as estações, direção dos perfis


e os alinhamentos magnéticos;

Mapas Transformados - igualmente como já visto na gravimetria.


(continuações, derivadas 2a, gradiente vertical etc);

Redução ao pólo - nos pólos as anomalias ocorrem diretamente sobre o


corpo devido ter o campo magnético direção vertical;

O mapa fica mais simplificado;

As formas das anomalias passam a ter relações mais diretas com os corpos
causadores;
A comparação com a interpretação gravimétrica é mais simples;

Limite a aproximadamente inclinação de 150. Inclinações menores podem


causar distorções aparecendo anomalias falsas e\ou aumento das anomalias e os
coeficientes a serem determinados passam a ter valores muito elevados.

INTERPRETAÇÃO QUANTITATIVA

Análise bidimensional

Hipóteses e considerações
A magnetização é constante em grandeza e direção para um determinado
volume de rocha;

A magnetização é induzida;

A magnetização remanente ou remanescente é desprezível;

Os corpos são de geometria simples (faces planas, verticais e/ou horizontais);

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Quando a direção do corpo faz um ângulo com a magnetização os valores


devem ser multiplicados pelo coseno do ângulo;

ESTIMATIVA DOS PARÂMETROS DO CORPO

Profundidade do topo, largura e intensidade de imantação. Calcula-se a


partir da intensidade das anomalias observadas;

Comprimento, posição, extensão em profundidade se determinam baseando-


se no desenho das anomalias.

A rigor, largura e imantação devem ser consideradas conjuntamente já que as


medidas magnéticas só medem o produto entre elas (bI)

Profundidade do topo - A partir de um perfil transversal a estrutura, a


profundidade será igual a x1/2 (distância horizontal entre Hzmáx e Hz1/2máx). Em geral o
valor de x1/2 é multiplicado por um fator entre 1,0 e 2,0.

Profundidades de corpos laminares

Comprimento Extensão em profundidade


Grande pequeno
grande 1,0-1,1x1/2 1,4-1,7x1/2
pequeno 1,2-1,3x1/2 1,4-1,7x1/2

Largura e imantação - para corpos com grande largura e grande extensão


em profundidade, temos:

sistema MKSA (SI)

Onde a e b são dados em metros e Hz em gama.

a = profundidade do topo do corpo,

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b = largura do corpo;
Hz = anomalia campo vertical.

Quando o corpo é estreito e a extensão em profundidade é reduzida o fator 0.5


se aproxima de 1,0;

Comprimento - aproximadamente 2y1/2 (perfil na direção do corpo anômalo


passando pelo seu centro. y1/2 = distância horizontal entre Hzmáx e Hz1/2máx na direção
longitudinal).
Inclinação do corpo - analisando-se a assimetria do perfil magnético, a
inclinação será no sentido onde a anomalia decresce mais lentamente.
ANOMALIAS ISOLADAS

Pólo unitário

V = -p/r

HT = dV/dr = p/r2

Hz = dV/dz = pz/(z2 + x2)3/2

Hh = dV/dx = px/(z2 + x2)3/2

Para: x = 0

Hz = p/z2

p =kH e Hh = 0
r = (z2 + x2)1/2
Hzmáx = 2 Hz1/2máx

p/z2 = 2pz/(z2 +x2)3/2

z = 1.3x1/2

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Dique infinito
A anomalia é semelhante ao pólo unitário, se fizermos a representação em mapa
notaremos a diferença. O dique apresenta linhas de pólos.

= 2plogr

HT = dV/dr = 2p/r

Hz = dV/dz = 2pz/(z2 + x2)

para x = 0

Hz = 2pz/z2 = 2p/z e é máximo

p = I.A; A = b.1 donde p = I.b

onde
r = (z2 + x2)1/2
I = kH

Hzmáx = 2Ib/z

Hzmáx = 2Hz1/2máx z = x1/2

Dique finito

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O efeito do pólo inferior se faz sentir

Hz = 2Ib {[z1/z12 + x2] - [z2/z22 + x2]}

Dipolo horizontal: (para baixas latitudes funciona como uma esfera)

V = -Mcosφ/r2 = -Mx/(z2 + x2)3/2

Hz = dV/dz = 3Mzx / (z2 + x2)5/2

Hh = dV/dx

Hh=[3Mx2z/(z2 + x2)5/2]-[M/(z2 + x2)3/2]

para x = 0 Hz = 0 e Hh = -M/z3 (máx.)

Hhmáx = 2Hh1/2máx z = 2.7x1/2

Hzmáx/min  M/2z3 z = 2x1/2

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Sendo x1/2 a distância horizontal entre

Hzmax e a origem e Hzmin e a origem

Hz = 0.43 Hhmáx

1 - Calcule a profundidade do topo considerando a anomalia de pólo unitário?

2 – Considerando para o corpo o modelo de dique infinito calcule:


a) Profundidade do topo do corpo;
b) largura do corpo;
c) Caso o perfil fosse feito a 30m acima do solo qual seria o valor de Hz
máximo?
Considere que o corpo tem 30% de conteúdo em magnetita e que toda anomalia
é devida exclusivamente a este conteúdo.
K da magnetita é igual a 0,4 CGS e H = 0,15 OE.

SOLUÇÃO:

1 – Para o modelo pólo unitário:

Z = 1,3X1/2
2 – para modelo de dique infinito:

a)Z = X1/2
b) b = HzZ/2I onde I = kH

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Em uma sondagem detectou-se a presença de rocha máfica a 100m de


profundidade. Num perfil magnético campo vertical, observou-se uma anomalia Hzmaz
de 1200 γ a uma distância de 500m sul da sondagem, e a 400m norte a menor leitura
de Hz igual a -200 γ. Calcule as dimensões e percentagem de magnetita para este
corpo. O campo total: HT = 0,30 OE

Solução:

Hz = 0.43 Hhmáx Hzmáx/min  M/2z3 z = 2x1/2

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