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Contextos Clínicos, 10(1):110-129, janeiro-junho 2017

Unisinos - doi: 10.4013/ctc.2017.101.09

Revisão sistemática sobre programas de intervenção para


redução de comportamentos agressivos infantis

Systematic review of intervention programs


to reduce children’s aggressive behavior

Ilana Landim, Juliane Callegaro Borsa


Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rua Marquês de São Vicente, 225,
Gávea, 22430-060, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
ilanaclandim@gmail.com, juliborsa@gmail.com

Resumo. Os comportamentos agressivos infantis tornam-se preocupantes


na medida em que sinalizam possíveis ocorrências de outros transtornos
disruptivos, dificuldades em relacionamentos com pares, escola e pais, além
de baixo repertório de habilidades sociais. Em decorrência disso, as inter-
venções preventivas podem ser realizadas com fins de redução de danos e
ampliação do repertório de comportamentos pró-sociais. Este estudo teve
como objetivo identificar na literatura intervenções em grupo para minimi-
zar e prevenir comportamentos agressivos em crianças entre 6 e 12 anos,
nos anos de 2006 a 2016, nas bases de dados eletrônicas PsycINFO, PubMed
e LILACS. Após a busca nas bases de dados, bem como a aplicação dos cri-
térios de inclusão e exclusão, foram selecionados 22 artigos, os quais foram
analisados a partir das seguintes categorias: aspectos gerais do estudo, es-
tratégias e técnicas interventivas e avaliação de efetividade dos programas.
Os resultados indicaram que foram realizados poucos estudos com foco ex-
clusivo na redução e prevenção de comportamentos agressivos no cenário
internacional e brasileiro. Os programas também apresentaram amostras
pouco representativas, falta de evidências de efetividade, baixo rigor me-
todológico nas avaliações, uso de instrumentos pouco precisos e dificulda-
des quanto à generalização de resultados. Essa revisão sistemática apontou,
então, a necessidade de maior esforço científico para buscar empiricamen-
te a efetividade de intervenções com foco na redução dos comportamentos
agressivos em crianças.

Palavras-chave: comportamentos agressivos, criança, intervenção.

Abstract. Children’s aggressive behaviors become worrisome to the extent


that indicate possible instances of other disruptive disorders, difficulty in
relationships with peers, school and parents, and low social skills. As a re-
sult, preventive interventions can be performed with damage reduction pur-
poses and expanding repertoire of prosocial behavior. This study aimed to
identify in the literature group interventions aimed to minimize and prevent
aggressive behavior in children between 6 and 12 years, in the years 2006-
2016, in electronic databases PsycINFO, PubMed and LILACS. After search-
ing the databases, and the application of inclusion and exclusion criteria, 22
articles were selected, which were analyzed from the following categories:
general aspects of the study, strategies and interventional techniques and
evaluation of the effectiveness of programs. The results indicated that few

Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo
permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.
Ilana Landim, Juliane Callegaro Borsa

studies that have focused exclusively on the reduction and prevention of ag-
gressive behavior were performed in the international and Brazilian scene.
The programs also showed unrepresentative samples, lack of evidence of
effectiveness, low methodological rigor in the assessments, use of inaccu-
rate instruments and difficulties regarding the generalization of results. This
systematic review pointed out, then, the need for more scientific effort to
empirically seek the effectiveness of interventions focused on reduction of
child aggressive behavior.

Keywords: aggressive behavior, child, intervention.

Introdução les as crianças experimentam e externalizam


sentimentos de raiva, rejeição de pares e frus-
Os comportamentos agressivos são defini- tração (Tremblay, 2000). Entretanto, em casos
dos como comportamentos intencionais que acentuados, tais comportamentos podem si-
visam promover danos ou prejuízos ao outro nalizar a ocorrência de transtornos disrupti-
(Berkowitz, 1993; Coie e Dodge, 1998). Por vos na infância (e.g., transtorno de conduta e
isso, os alvos da agressão agem de maneira transtorno desafiador opositivo) (Bongers et
a evitar, reduzir ou escapar da presença dos al., 2004; Scott et al., 2001). Segundo a quinta
agressores (Bushman e Huesmann, 2010). Tais edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de
comportamentos podem ser caracterizados Transtornos Mentais (DSM-V), os comporta-
como proativos, quando a ação é deliberada, mentos agressivos são critérios para o diag-
com finalidade de atingir um determinado nóstico de transtorno de conduta, o qual se
objetivo, ou reativos, quando se manifestam refere a um padrão repetitivo de ausência de
como respostas ofensivas diante de provoca- seguimento de regras sociais, de maneira que
ções ou frustrações (Crick e Dodge, 1996; Coie a criança se comporte provocando, ameaçando
e Dodge, 1998; Dodge e Coie, 1987). e/ou intimidando fisicamente outras pessoas.
A incidência de comportamentos agressi- Também é critério para o diagnóstico de trans-
vos na infância acontece mediante influência torno desafiador opositivo, explosões de tem-
de múltiplas variáveis biológicas e psicosso- peramento, irritabilidade e desobediência. As
ciais (Borsa e Bandeira, 2014). Por exemplo, há crianças comportam-se na intenção de desafiar
estudos que garantem que a exposição aos con- a autoridade de adultos, agredindo para atin-
teúdos violentos da mídia pode proporcionar gir determinado fim (APA, 2014).
um aumento nos comportamentos agressivos A persistência e a intensidade dos compor-
de crianças (Bushman e Huesmann, 2006, 2010; tamentos agressivos podem estar associadas,
Carnagey et al., 2007; Gomide, 2000; Lanz et al., ainda, a possíveis dificuldades nos relaciona-
2010; Perez-Olmos et al., 2005). Outros estudos, mentos sociais e afetivos em geral (Baron et al.,
como os de Lansford et al. (2011) e Patterson e 2007), fracasso acadêmico, comportamento de-
Yoerger (2002), afirmam que o baixo suporte linquente e abuso de substâncias (Campbell,
emocional familiar, baixo nível socioeconômi- 2006; Tremblay, 2000), entre outros. As comor-
co assim como as práticas educativas parentais bidades e os impactos dos comportamentos
com foco em disciplina física punitiva contri- agressivos ao longo do desenvolvimento re-
buem para a manifestação de comportamentos forçam a importância da realização de inter-
agressivos na infância. Ainda que não se colo- venções psicológicas que busquem minimizar
que em cheque os comportamentos agressivos danos e intensificar o quadro de saúde mental
como produtos do complexo processo intera- e física de crianças agressivas (Domitrovich
cional entre variáveis individuais e contextu- e Greenberg, 2010; Nangle et al., 2002). Essas
ais, as quais perpassam o desenvolvimento intervenções podem auxiliar no aprendizado
da criança, não se pode concluir qual aspecto de novos comportamentos em vez de apenas
possui maior impacto para o surgimento e a ensinar a criança a desaprender os comporta-
manutenção desses comportamentos (Borsa e mentos agressivos (Nitkowski et al., 2009).
Bandeira, 2014). É esperado que as intervenções possam
Os comportamentos agressivos são consti- ser efetivas quando fornecem apoio e auxi-
tuintes do indivíduo e podem ser necessários liam no desenvolvimento de habilidades psi-
para a adaptação humana, pois, por meio de- cossociais de pais e filhos (e.g., comunicação

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Revisão sistemática sobre programas de intervenção para redução de comportamentos agressivos infantis

positiva, desenvolvimento de repertório de rican Psychological Association (PsycINFO), US


solução de problemas, gestão de comporta- Nacional Library of Medicine National Institute of
mento e raiva, entre outros), diminuindo a Healt (PubMed) e Literatura Latino-America-
predominância de comportamentos agressi- na e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs).
vos (Bierman et al., 2013). A efetividade de As bases de dados foram definidas devido ao
uma intervenção pode ser constatada por enfoque teórico e metodológico das interven-
meio de delineamentos metodológicos expe- ções, alvo desta pesquisa.
rimentais. Dentre as estratégias necessárias,
é requerida a aplicação de instrumentos vá- Procedimento de coleta e
lidos (i.e., que avaliam o que se propõem a
avaliar), aplicados em tempos distintos (an-
seleção dos estudos
tes, durante e depois) da intervenção (Sam-
pieri et al., 2013). Considerando a relevância A busca aconteceu por meio dos seguin-
da avaliação da efetividade dos programas de tes descritores e operadores booleanos: (1)
intervenção, esse critério representou um dos “aggress*” AND (2) “child” AND (3) “inter-
aspectos analisados neste estudo. Além dis- vention” nos resumos. O recurso do asterisco
so, as características gerais dos estudos, bem (*), após a palavra aggress, permitiu recupe-
como as estratégias e técnicas utilizadas nas rar artigos que tratassem de categorias, como
intervenções foram analisadas a fim de facili- aggressive behavior, aggressive, aggression, entre
tar uma discussão teórica e metodológica que outras. Da mesma maneira, o descritor inter-
contemplasse uma maior gama de descrições vention foi escolhido na intenção de contem-
e análises comparativas entre as intervenções. plar um leque amplo de variáveis: interven-
O presente estudo teve como objetivo re- tion program, group intervention, psychological
alizar uma revisão sistemática da literatura intervention, entre outras.
sobre programas de intervenção em compor- Os critérios de inclusão dos artigos foram:
tamentos agressivos infantis, direcionados (1) apresentar intervenções com objetivo de
às crianças entre 6 e 12 anos, publicados nos minimizar ou prevenir os comportamentos
últimos dez anos, em bases de dados nacio- agressivos na infância (2) destinadas às crian-
nais e internacionais. Nesta revisão, as auto- ças entre 6 e 12 anos, (3) artigos disponíveis
ras privilegiaram intervenções psicológicas entre 2006 e 2016 e (4) publicados em idiomas
realizadas em grupo. Acredita-se que essa português, inglês e espanhol. Assim, ao reali-
modalidade de intervenção é considerada zar a busca e tendo os referidos critérios como
um formato mais econômico que o individu- análise, foram recuperados 122 artigos na Psyc-
al, além de diminuir fatores de risco, como INFO, 138 artigos no PubMed e 30 artigos na
o isolamento, tanto para crianças como para Lilacs, totalizando o número de 290 artigos.
os adultos (Webster-Stratton e Reid, 2010). Todos esses artigos (N= 290) foram exportados
Outro ponto de destaque é que os comporta- para uma planilha Excel. Foram excluídos 58
mentos agressivos são, por definição, direcio- artigos duplicados, os quais apareceram nos
nados intencionalmente ao outro (Bushman e resultados em mais de uma base de dado.
Huesmann, 2010), enaltecendo a importância O restante dos artigos (N=232) tiveram seus
da sua dimensão social e relacional. resumos lidos, avaliados e submetidos a um
novo filtro de seleção, considerando os seguin-
Método tes critérios de exclusão: (i) não ter como foco
intervenções em grupo com/para crianças, (ii)
Material apresentar intervenções que não tenham como
objetivo principal reduzir comportamentos
O material selecionado para o presente agressivos (i.e., que tem como proposta traba-
estudo consiste em artigos que tiveram como lhar outras características afetivas, emocionais
objetivo desenvolver, adaptar, aplicar e inves- ou comportamentais, como autismo, TDAH,
tigar a efetividade de programas de interven- entre outros) e, (iii) não apresentar, descrever
ção em grupo para redução de comportamen- e/ou avaliar a efetividade de programa de in-
tos agressivos em crianças entre 6 e 12 anos. tervenção em grupo com objetivo de reduzir
Como fonte de análise, foram utilizados os os comportamentos agressivos em crianças.
artigos empíricos publicados na íntegra em Dessa maneira, foram excluídos 210 artigos,
português, inglês ou espanhol nos últimos 10 como aqueles que indicavam intervenções far-
anos (2006 a 2016), nas bases de dados Ame- macológicas, fisiológicas e/ou médicas e con-

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290 argos idenficados


PsycINFO = 122; PubMed = 138; Lilacs = 30
Idenficação

58 duplicados e removidos

232 resumos lidos


Triagem

210 removidos pelos critérios de exclusão

32 estudos lidos na íntegra


Elegibilidade

10 removidos por critérios de exclusão que não ficaram claros nos resumos
Inclusão

22 argos finais para análise

Figura 1. Fluxograma de estudo.


Figure 1. Flow of study.

templavam os critérios de exclusão menciona- Resultados e discussão


dos. Os artigos selecionados (N = 22) foram,
então, lidos na íntegra. O fluxograma (Figura Aspectos gerais dos estudos
1) mostra o número de estudos selecionados e
eliminados em cada um dos estágios da busca Conforme referido, a busca nas bases de
na literatura. dados PsycINFO, PubMed e Lilacs apresentou
o número final de 22 artigos, dentre os quais,
Procedimento de análise quatro citaram o Coping Power Program (Ellis et
al., 2013; Lochman et al., 2012, 2014; Muratori et
Atendendo aos objetivos do estudo e vi- al., 2015) e três artigos descreveram o progra-
sando à identificação e sistematização dos ma Fast Track (Bierman et al., 2010, 2013; Knox
dados obtidos, foram propostas as seguintes et al., 2011). O Coping Power Program (CP) ba-
categorias de análise: (i) Aspectos gerais do seia-se no modelo sociocognitivo contextual,
estudo; (ii) Estratégias e técnicas interventi- sendo composto por 34 sessões com crianças
vas utilizadas e; (iii) Avaliação de efetividade e 16 sessões com pais na versão original (Lo-
dos programas de intervenção. A primeira chman et al., 2012; Muratori et al., 2015) e 24
categoria auxiliará na identificação das ca- sessões com crianças e 10 sessões com pais na
racterísticas gerais das intervenções, como a versão abreviada (Ellis et al., 2013; Lochman et
quantidade de sessões, público a que se desti- al., 2014). A motivação para a construção dessa
na, abordagem teórica utilizada, contexto ge- intervenção (Lochman e Wells, 1996) foi rea-
ográfico e local de aplicação dos programas lizar um trabalho interventivo com crianças
de intervenção. Na segunda categoria, serão em contextos escolares, principalmente aque-
analisados a duração, os objetivos e as técni- las que se encontravam nos últimos anos do
cas aplicadas nas intervenções direcionadas ensino fundamental e que apresentavam diag-
às crianças e aos pais. Por fim, na terceira nósticos de transtorno desafiador opositivo e
categoria será realizada uma discussão sobre transtorno de conduta. O módulo do progra-
os critérios de avaliação da efetividade das ma destinado às crianças inclui objetivos de
intervenções, incluindo os instrumentos uti- curto e longo prazo referentes às competên-
lizados nas avaliações pré e pós-intervenção, cias acadêmicas, identificação de emoções e
presença ou ausência de follow-up, impactos e aspectos fisiológicos, com ênfase na raiva, le-
limites mencionados pelos autores durante e vantamento de possibilidades de como lidar
depois da aplicação das intervenções. melhor com pares e resolver problemas. Já o

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módulo destinado aos pais baseou-se na teoria crianças (Elias et al., 2012) e a maior por 2.937
da aprendizagem social (Patterson et al., 1992), crianças (Bierman et al., 2010). Em relação ao
ao intensificar o foco e a gratificação dos pais sexo, os estudos contaram com amostras mis-
aos comportamentos adequados da criança, e, tas (meninos e meninas). Por fim, quanto à fai-
por outro lado, ensinar a ignorar comporta- xa etária, a maior prevalência foi de crianças
mentos disruptivos e enfatizar regras e limites com 10 anos (14 estudos), seguido de interven-
consistentes. Os autores acreditam que esse ções que privilegiaram crianças de 7 a 9 anos
seria o caminho para melhorar a comunicação (13 estudos).
familiar e o próprio nível de estresse dos pais Quanto ao contexto geográfico, nove es-
(Muratori et al., 2015). tudos foram realizados nos Estados Unidos
Já o Fast Track (FAST; Greenberg e Kusche, (Bierman et al., 2010, 2013; Cross et al., 2015;
1993) é uma intervenção preventiva baseada Ellis et al., 2013; Knox et al., 2011; Linares et al.,
na teoria de sistemas familiares, com propos- 2012; Lochman et al., 2014; Petras et al., 2011).
ta de auxiliar no desenvolvimento infantil e Também apresentaram intervenções os se-
melhorar o ajustamento familiar e as habili- guintes países: Canadá (n= 3; Hoglund et al.,
dades interpessoais de crianças, pais e pro- 2012; Lipman et al., 2006; Lochman et al., 2012),
fessores. Os professores são capacitados com Alemanha (n= 2; Nitkowski et al., 2009; Stad-
aulas intensivas de leitura, técnicas sobre ges- ler et al., 2008), Brasil (n= 2; Elias et al., 2012;
tão comportamental e de apoio à lição de casa Souza, 2007), Itália (n= 1; Muratori et al., 2015),
para que, em seguida, ofereçam às crianças México (n= 1; Murrieta et al., 2014), Holanda
intervenções com ênfase no desenvolvimento (n= 1; Visser et al., 2010), Argentina (n= 1; Oros,
da leitura (22 sessões). As crianças também 2008), Portugal (n= 1; Mendes, 2011) e Inglater-
participam de grupos de pares e jogos super- ra (n= 1; Bonell et al., 2015). Dentre os estudos
visionados (nove sessões). A intenção de in- brasileiros, o de Elias et al. (2012) fez referência
cluir os pais é melhorar a comunicação e a re- à adaptação do programa Eu Posso Resolver
lação familiar, desenvolvendo estratégias de Problemas (EPRP, Shure e Spivack, 1982), de-
apoio positivo, limite consistente e não puni- senvolvido nos Estados Unidos. Criado para
tivo e práticas de monitoramento. Realizam, a população-alvo de crianças americanas ne-
inclusive, visitas domiciliares para desenvol- gras, seu objetivo principal é desenvolver a
ver intervenções que atinjam mais facilmente habilidade cognitiva de solução de proble-
o ambiente natural da criança (Bierman et al., mas. Essa habilidade é ensinada de maneira
2010, 2013; Greenberg e Kusche, 1993). interativa por meio de brincadeiras, histórias,
Outros programas foram citados uma úni- dramatizações, desenhos, discussões e desen-
ca vez, o que sinaliza a possibilidade de que as volvimento de papéis. O programa visa de-
duas intervenções destacadas possam ser mais senvolver cinco categorias de habilidades: (i)
difundidas, estudadas e replicadas internacio- criar planos para atingir meta estabelecida,
nalmente. São exemplos desses programas: (ii) criar soluções alternativas, (iii) antecipar
Training for the Reduction of Aggression (TRAffic; o que pode acontecer depois, (iv) tomada de
Visser et al., 2010), Child Welfare Program (Nitko- consciência ou sensibilização em relação aos
wski et al., 2009), Community-Based Aggression sentimentos, (v) habilidade de entender o que
Management Program (Lipman et al., 2006), Pro- precipitou o ato (Elias et al., 2012). Apesar de
moting Sibling Bands (PSB; Linares et al., 2015). tratar-se de uma adaptação, o artigo não expôs
A abordagem comportamental aparece os resultados das análises estatísticas referen-
como base teórica na maioria (n= 18) dos pro- tes à efetividade intervenção.
gramas (Bonnel et al., 2015; Cross et al., 2015; O estudo brasileiro de Souza (2007) tam-
Elias et al., 2012, Ellis et al., 2013; Hoglund et bém assumiu a mesma proposta de realizar
al., 2012; Linares et al., 2012, 2015; Lochman et um programa de treinamento com objetivos
al., 2012, 2014; Mendes, 2011; Muratori et al., de solucionar conflitos e prevenir violências.
2015; Murrieta et al., 2014; Nitkowski et al., Os estudos aconteceram em São Paulo, vin-
2009; Oros, 2008; Petras et al., 2011; Stlader et culados ao Programa de Pós-Graduação em
al., 2008; Visser et al., 2010). Também foram Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade
referidas a terapia ecológica (Souza, 2007) e a Católica de São Paulo (PUC-SP). A intervenção
terapia dos sistemas familiares (Bierman et al., consistiu em realizar leituras sociométricas
2010, 2013; Knox et al., 2011). em cada classe, desenhos, atividades lúdicas
No que se refere ao número de partici- ou artísticas e jogos entre times. Esse estudo,
pantes, a menor amostra foi composta por 21 assim como o anterior, não faz referência às

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Tabela 1. Aspectos gerais dos programas.
Table 1. General aspects of programs.

Contexto de Crianças
Programa Autores Informantes¹ Participantes² Duração
aplicação (nº)
Muratori et al. Pais, professores e
Coping Power Program (CP) Hospital Mães e crianças 5 12 meses
(2015) crianças
Cross et al.
Rochester Resilience Project Escola Professores Pais e crianças NI 14 semanas
(2015)
Lochman et al.
Coping Power Program (CP) Escola Professores Pais e crianças 4a6 24 meses
Ilana Landim, Juliane Callegaro Borsa

(2014)
Comunidades amigas de la Murrieta et al.
Escola Pais Crianças NI 10 semanas

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infancia (2014)
Coping Power Program (CP) Ellis et al. (2013) Escola Pais Pais e crianças 5a6 12 meses
Promoting Alternative Thinking Bierman et al. Pais, professores e
Escola Pais e professores NI 12 meses
Strategies (FAST TRACK) (2013) crianças
Linares et al.
Incredible Years Clínica Pais Crianças 6a9 6 semanas
(2012)
Hoglund et al.
WITS Primary Program (WITS) Escola Pais e professores Crianças 5 a 20 36 meses
(2012)
Promoting Alternative Thinking Knox et al. Pais, professores e
Escola Pais e professores NI NI
Strategies (FAST TRACK) (2011) crianças
Latent Transition Growth Petras et al. Sala de
Escola Professores Pais e crianças 48 meses
Mixture Modeling (2011) aula
Training for the Reduction of Visser et al.
Escola Pais e professores Crianças 6 18 meses
Aggression (TRAffic) (2010)
Nitkowski et al. Pais, professores e
Child Welfare Program Comunidade Pais e crianças 2a3 5 meses
(2009) crianças

115
Tabela 1. Continuação.

116
Table 1. Continuation.

Contexto de Crianças
Programa Autores Informantes¹ Participantes² Duração
aplicação (nº)
Promoviendo la serenidad Sala de
Oros (2008) Escola Pais e professores Crianças 6 semanas
infantil aula
Linares et al.
Promoting Sibling Bands (PSB) Comunidade Pais e crianças Pais e crianças 6 10 semanas
(2015)
Promoting Alternative Thinking Bierman et al. Pais, professores e Sala de
Escola Pais e professores 24 meses
Strategies (FAST TRACK) (2010) crianças aula
Eu Posso Resolver Problemas Elias et al.
Escola e clínica Pais Pais e crianças NI 20 semanas
(EPRP) (2012)
Pais, professores e Sala de
Prevenção de Violência Escolar Mendes (2011) Escola Professores 18 semanas
crianças aula
Programa de Competência Professores e funcionários
Souza (2007) Escola Crianças 29 10 semanas
Social da escola
Lochman et al.
Coping Power Program (CP) Escola NI Pais e crianças 5a7 24 meses
(2012)
Community-Based Aggression Lipman et al.
Comunidade Pais e crianças Pais e crianças 6 a 10 10 semanas
Management Program (2006)
Initiating Change Locally
In Bullying and Aggression Bonell et al. Pais, professores e
Escola Crianças 39 4 meses
Through the School (2015) crianças
Environment (Inclusive)
Multimodal Behavioral Stadler et al.
Hospital Pais Crianças 6 2 semanas
Treatment Program (Impuls) (2008)

Notas: (¹) Denomina-se como informantes os indivíduos que foram fontes de informações, participando das avaliações dos comportamentos agressivos das crianças. (²) Os participantes foram
alvos de intervenção, a quem foram aplicadas técnicas e estratégias interventivas. NI = não informa.

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Revisão sistemática sobre programas de intervenção para redução de comportamentos agressivos infantis
Ilana Landim, Juliane Callegaro Borsa

avaliações e uso de medidas padronizadas, especificar o número exato de participantes


optando pelo uso de entrevistas informais com (Bierman et al., 2010; Mendes, 2011; Oros, 2008;
profissionais da escola (professores e corpo Petras et al., 2011).
administrativo) para levantar aspectos positi- Os objetivos variaram conforme o progra-
vos da intervenção. ma (Tabela 2). Entretanto, há repetição de es-
Das intervenções selecionadas para esta tratégias de resolução de problemas (n= 12),
revisão, 16 foram realizadas em escolas, três reconhecimento de sentimentos (n= 9), desen-
em espaços comunitários, dois em hospitais volvimento de habilidades sociais (n= 7), ges-
e uma na clínica (Tabela 1). A hipótese que tão de raiva (n= 4), gestão de comportamento
pode justificar a escola como o local de maior (n= 2) e empatia (n= 2).
ocorrência de programas é a maior concentra- Dentre as técnicas utilizadas nos programas
ção de crianças, o que pode indicar facilidade encontram-se o role-playing (n= 8), jogos (n= 7),
na coleta de dados e o contato com demandas reforço social (n= 4), relaxamento (n= 3), conta-
de intervenção para alunos, pais e/ou escola. ção de histórias (n= 3), dramatização (n= 3), mo-
Um dos estudos realizados no Brasil (Souza, delagem (n= 2), regras (n= 2), aplicação de ges-
2007) teve como proposta inicial trabalhar com tão de raiva (n= 2), desenhos (n= 1), discussão
alunos do 4º ano do Ensino Fundamental, en- (n= 1), extinção (n= 1), reforço diferencial (n= 1),
tretanto, a escola relatou dificuldades em lidar técnicas de autocontrole (n= 1), aconselhamento
com comportamentos agressivos das crianças (n= 1), leitura sociométrica (n= 1), psicoeduca-
do 1º ano, justificando a mudança da faixa etá- ção (n= 1), circo (n= 1), visita domiciliar (n= 1),
ria do público-alvo da intervenção. fantoches (n= 1), filmes (n= 1), escrita criativa
Os estudos de Bierman et al. (2010, 2013), (n= 1), coaching (n= 1), técnicas de autoregulação
Mendes (2011) e Petras et al. (2011), também (n= 1) e de assertividade (n= 1).
privilegiaram a participação dos professores A busca nos estudos indicou que 14 pro-
como informantes e participantes nas inter- gramas incluíram a participação dos pais.
venções. Um dos objetivos citados para a in- Nesses estudos, o número de sessões variou
clusão dos professores é ajudar a estabelecer de um único encontro (Bierman et al., 2013) a
modelos de gestão de comportamento em sala 16 encontros (Lochman et al., 2012; Muratori
de aula e atribuir feedback de atividades que as et al., 2015). Em comparação às intervenções
crianças apresentam dificuldade de realizar com crianças, o número de sessões com pais
(Petras et al., 2011). O programa de Bierman é reduzido, considerando que as interven-
et al. (2010, 2013), por exemplo, ao adicionar ções com pais têm, mais frequentemente, a
novos currículos e metodologias de ensino psicoeducação ou orientação como estratégia
para matemática e linguagem, afirmaram interventiva. Entende-se que o trabalho com
estar contribuindo para o desenvolvimento crianças pode incluir os pais em busca de
do pensamento crítico, habilidade de escuta uma maior generalização de comportamentos
aprendidos em grupo, haja vista que os pais
e comportamentos positivos infantis. Dessa
participam ativamente do ambiente no qual a
forma, podem ser divulgadas estratégias de
criança está inserida e aparecem como mode-
como os professores podem atuar de modo a
los de condutas para crianças (Bolsoni-Silva e
promover resultados positivos, minimizar os
Marturano, 2002; Cross et al., 2015; Muratori et
comportamentos agressivos e/ou inadequados
al., 2015; Olivares et al., 2005). Entende-se por
e ampliar os comportamentos pró-sociais.
generalização quando o indivíduo se encontra
noutro espaço, ainda que não tenha a mesma
Estratégias e técnicas frequência e formas, emitirão respostas seme-
interventivas utilizadas lhantes ao do ambiente anterior. Por exemplo,
se os comportamentos pró-sociais aparecem
Quanto à duração das intervenções, as que em casa, na presença dos pais, podem se ex-
foram realizadas com crianças apresentaram pandir para a escola, para a relação entre pares
mínimo de seis sessões (Nitkowski et al., 2009; e vice-versa (Serio, 2010; Skinner, 1965).
Oros, 2008) e máximo de 158 sessões (Bierman A generalização aparece em seis estudos
et al., 2010). Entretanto, três estudos não identi- como principal estratégia mencionada com os
ficaram a quantidade de sessões. O número de adultos. Além disso, com igual importância,
participantes em cada grupo variou de dois a aparecem estratégias de psicoeducação (n= 6),
três crianças (Nitkowski et al., 2009) a interven- incluindo aconselhamento, sugestão, orienta-
ções que contemplavam a classe inteira, sem ção de pais e sensibilização ao tema. Em segui-

Contextos Clínicos, vol. 10, n. 1, Janeiro-Junho 2017 117


Tabela 2. Objetivos e técnicas de intervenção infantil para crianças.

118
Table 2. Goals and child intervention techniques.

Programa Objetivos Técnicas utilizadas


Muratori et al.
Interagir com pai e comunidade adequadamente. Relaxamento, distração.
(2015)
Cross et al. Reconhecer sentimentos; generalização de habilidades;
Role-playing
(2015) desenvolver empatia, comunicação e flexibilidade.
Lochman et al.
Resolução de problemas. Reforço social
(2014)
Reconhecer sentimentos, pensamentos e comportamentos;
Murrieta et al.
desenvolver habilidades sociais, emocionais, comportamentais; Reforço social
(2014)
gestão de comportamento; resolução de problemas.
Ellis et al. Reconhecer sentimentos; realizar organização de estudo;
Relaxamento, distração.
(2013) desenvolver habilidades sociais; resolução de problemas.
Bierman et al.
Ensinar habilidades de leitura e sociais, autorregulação. Jogos supervisionados, visitas domiciliares.
(2013)
Linares et al. Reconhecer sentimentos; resolução de problemas; desenvolver Role-playing, uso de fantoches, vinhetas filmadas, dramatização,
(2012) pertencimento ao lar. pequenas atividades recreativas e tarefas de casa.
Hoglund et al.
Resolução de problemas. Role-playing, livros de história sobre bullying, escrita criativa.
(2012)
Knox et al.
Interagir com pai e comunidade adequadamente. Jogo especial com pais
(2011)
Petras et al.
Ensinar comportamento direto e indireto. Jogo do bom comportamento
(2011)
Visser et al.
Desenvolver habilidades sociais. NI
(2010)
Nitkowski et Gestão de raiva, empatia e outros padrões de comportamento Praticar controle de raiva e empatia, além de outros padrões de
al. (2009) socialmente desejável. comportamento socialmente desejável.
Desenvolver análise de custo e benefício; resolução de Modelagem; reforço de técnicas mentais positivas; relaxamento;
Oros (2008) problemas; substituição de comportamentos violentos por contação de histórias; planejamento de solução por jogos; técnicas
adequados. de autoregulação.

Contextos Clínicos, vol. 10, n. 1, Janeiro-Junho 2017


Revisão sistemática sobre programas de intervenção para redução de comportamentos agressivos infantis
Tabela 2. Continuação.
Table 2. Continuation.

Programa Objetivos Técnicas utilizadas


Fornecer instruções; demonstração ao vivo; jogo do papel;
Linaes et al.
Gestão de comportamento; ensinar regras. coaching; feedback positivo; uso de jogos; premiação por
(2015)
comportamentos adequados.
Reconhecer sentimentos; desenvolver comportamento social
Bierman et al. positivo (participação social, comportamento pró-social e
Role-playing e discussão
(2010) habilidade de comunicação); autocontrole; resolução de
problemas.
Ilana Landim, Juliane Callegaro Borsa

Elias et al. Reconhecer sentimentos; desenvolver habiilidades sociais; Brincadeiras; histórias; dramatizações; desenhos; discussões;
(2012) resolução de problemas; associar ação à solução. desempenho de papéis.

Contextos Clínicos, vol. 10, n. 1, Janeiro-Junho 2017


Treino de assertividade, comportamental; uso de técnicas
Melhorar autocontrole e relações interpessoais; resolução de de reforço positivo e social; modelagem; extinção; reforço
Mendes (2011) problemas; ampliar repertório de tomada de decisão; partilhar diferencial; técnicas de autocontrole; role-playing; jogo
da preocupação. dirigido em relação às estratégias para agressão; técnicas de
aconselhamento.
Realização de combinados; leitura sociométrica; desenho da
Souza (2007) Desenvolver habilidades sociais; resolução de problemas. figura humana, livre da escola; jogos; dramatização; atividades
lúdicas.
Desenvolver habilidade de estudo; reconhecimento da
Lochman et al.
sentimentos; gestão da raiva; tomada de decisão; resolução de Role-playing e ensaio comportamental.
(2012)
problemas; fixação de metas.
Lipman et al. Reconhecer sentimentos; resolução de problemas; gestão da
Role-playing; tarefa de casa para aplicar gestão da raiva.
(2006) raiva.
Bonell et al. Restaurar relações e habilidades sócio-emocionais; reconhecer Role-playing; adaptação de currículo escolar focando em relações
(2015) sentimentos; gestão de relações. sociais.
Desenvolver habilidades sociais; gestão e controle de impulso; Estratégias de enfrentamento; psicoeducação; práticas de teatro
Stadler et al.
tomada de decisão; resolução de problemas; aumento da e circo; dirigir filme curto; relaxamento com músicas, histórias e
(2008)
autoestima. imagens; atividades recreativas.
Nota: NI = não. informa.

119
Revisão sistemática sobre programas de intervenção para redução de comportamentos agressivos infantis

da, aparece a necessidade de investimento em dronizado e administrada por um membro


melhor comunicação familiar (n= 4), resolução treinado para a avaliação. São avaliados pe-
de problemas (n= 4), gestão de comportamen- los professores os comportamentos de cada
to (n= 2), apoio parental (n= 2), limites consis- criança utilizando uma escala tipo Likert
tentes/regras (n= 2), uso de técnicas não coer- de seis pontos, variando de “quase nunca”
citivas (n= 2), uso de reforço positivo (n= 2) e a “quase sempre”. São coletadas indicações
monitorização (n= 2). sociométricas para avaliar a agressão entre
Outras estratégias mencionadas são a ob- pares, comportamentos hiperativos e pró-
servação de comportamentos positivos (n= 1), -sociais. Em uma única entrevista, profes-
ignorar comportamentos disruptivos (n= 1), sores conseguem concluir a avaliação de to-
minimizar o estresse dos pais (n= 1), ajudar dos os alunos da turma. Alguns fatores da
na atividade de casa da criança (n= 1), jogar TOCA-R são utilizados como critérios de
com crianças (n= 1), envolver-se com a escola análise, como a subescala de autoridade e
(n= 1) e participar de visitas domiciliares com aceitação (10 itens, α = 0,93), capaz de avaliar
aplicadores (n= 1). comportamentos de oposição e conduta de
problemas, quebra de regras e desobediên-
Avaliação de efetividade cia e a subescala de concentração cognitiva
(12 itens, α = 0,97) que avalia atenção, con-
dos programas centração e conclusão de trabalho (Cross et
al., 2015; Werthamer-Larsson et al., 1991).
O instrumento mais utilizado para avaliar O Child Behavior Checklist (CBCL; Achenba-
a efetividade da intervenção foi a entrevista ch, 1991), apareceu em sete estudos. Trata-se
realizada com adultos (pais biológicos e/ou de um inventário pertencente ao sistema
adotivos, cuidadores, professores e funcioná- Achenbach System of Empirical Based Assessment
rios da escola) ou com crianças, por telefone (ASEBA). O instrumento é composto por 138
ou presencial (n = 10). O estudo de Muratori itens divididos em 118 itens para avaliação
et al. (2015) trabalhou com a técnica de entre- de problemas emocionais e comportamentais
vista baseada no DSM-V, intitulada Structured e 20 itens para avaliação das competências
Clinical Interview (K-SADS PL; Kaufman et al., sociais (Achenbach e Rescorla, 2001; Borsa e
1997). O intuito foi realizar um diagnóstico Nunes, 2008; Santos e Silvares, 2006). Os itens
que considere desordens afetivas e esquizo- do CBCL são agrupados em duas escalas: pro-
frenia em crianças escolares, de maneira que blemas do tipo internalizante (caracterizados
sejam levantados dados sistemáticos sobre a pelos sintomas de ansiedade, isolamento, de-
história clínica com pais e pacientes. Por outro pressão e problemas psicossomáticos) e pro-
lado, no estudo de Souza (2007), consta uma blemas do tipo externalizante (caracterizados
entrevista criada especialmente para o estudo por comportamento agressivos, de oposição
realizado na escola em que se situou a inter- ou violação das regras) (Achenbach e Rescorla,
venção. Trata-se de uma entrevista aberta com 2001; Bordin et al., 2013).
professores e pessoas da administração com O The Strengths and Difficulties Questionnai-
finalidade de avaliar aspectos positivos rela- re (SDQ; Goodman, 1997) foi citado duas ve-
cionados à escola, de maneira que favoreça zes, nos estudos de Bonell et al. (2015) e Nitko-
um diagnóstico institucional, e não individual, wski et al. (2009). Trata-se de um questionário
como no instrumento utilizado por Muratori breve para crianças e adolescentes entre 3 e 16
et al. (2015). anos, utilizada por pesquisadores, médicos e
O instrumento Teacher Observation of educadores. O questionário é composto por 25
Child Adjustment-Revised (TOCA-R; Wer- itens, sendo, respectivamente, cinco itens de
thamer-Larsson et al., 1991) foi citado qua- sintomas emocionais, problema de conduta,
tro vezes, respectivamente nos estudos de hiperatividade/déficit de atenção, problemas
Bierman et al. (2010, 2013), Cross et al. (2015) de relacionamento com colegas e comporta-
e Petras et al. (2011). O TOCA-R é indicado mento pró-social. As versões de acompanha-
para avaliar a adequação do desempenho de mento do SDQ incluem não apenas os 25 itens
cada criança nas tarefas essenciais na sala descritos acima, mas duas perguntas de acom-
de aula pelos professores, sendo um instru- panhamento adicional para uso após a inter-
mento com foco na observação em sala de venção: “A intervenção reduziu problemas?”,
aula. Trata-se de uma entrevista estruturada “A intervenção ajudou de outras maneiras,
destinada aos professores, com rapport pa- por exemplo, fazendo com que os problemas

120 Contextos Clínicos, vol. 10, n. 1, Janeiro-Junho 2017


Ilana Landim, Juliane Callegaro Borsa

Tabela 3. Objetivos e técnicas de intervenção para pais.


Table 3. Goals and intervention techniques for parents.

Programa Objetivos e técnicas utilizadas


Aumentar observação de comportamentos positivos; gratificação;
ignorar comportamentos disruptivos; realizar instruções eficazes e
Muratori et al. (2015)
apropriadas à idade; melhorar comunicação familiar; reduzir nível
do próprio estresse.
Ensinar habilidades de automonitoramento emocional, estratégias
Cross et al. (2015) comportamentais e cognitivas; ajudar a criança a usar as
habilidades em casa e escola.
Ensinar a gerenciar comportamento; investir na melhoria da família;
Lochman et al. (2014)
ensinar habilidade de resolução de problemas, comunicação e coesão.
Murrieta et al. (2014) Não inclui cuidadores.
Ellis et al. (2013) Ensinar gerência de comportamento.
Melhorar relação entre pais e filhos; desenvolver estratégias
Bierman et al. (2013) de apoio positivo, como limites consistentes e não punitivo;
monitorização e comunicação.
Generalização de habilidades para lar adotivo; auxiliar atividades
Linares et al. (2012)
do programa em casa.
Hoglund et al. (2012) Não inclui cuidadores.
Buscar ampliação do funcionamento da família; ampliar
Knox et al. (2011) envolvimento dos pais e escola; realizar jogos especiais com
crianças.
Psicoeducação do modelo de desenvolvimento de comportamento
Petras et al. (2011)
antissocial experimentado por Patterson et al. (1992).
Visser et al. (2010) Não inclui cuidadores.
Fornecer aconselhamento; psicoeducação sobre desordens
Nitkawski et al. (2009)
disruptivas e comportamentos agressivos.
Oros (2008) Não inclui cuidadores.
Implementar barreira e reforçador positivo; favorecer generaliza-
ção de comportamentos adequados (cooperar, participar, ensinar
Linares et al. (2015)
autorregras da emoção, apoiar o irmão); ajudar criança a engajar-se
noutras respostas opostas à agressividade; resolução de problemas.
Fornecer aulas de apoio parental; visita domiciliar; sugestão de
Bierman et al. (2010)
como pais podem colaborar com currículo.
Elias et al. (2012) Fornecer orientação de pais.
Mendes (2011) Sensibilizar quanto ao bullying.
Souza (2007) Não inclui cuidadores.
Melhorar comportamentos parentais positivos, coesão e comunica-
ção da família; ensinar resolução de problemas na família; incentivar
Lochman et al. (2012)
envolvimento de programa acadêmico de filhos e gestão de compor-
tamentos; reforçar habilidades que crianças aprendem em grupo.
Lipman et al. (2006) Fornecer psicoeducação.
Bonell et al. (2015) Não inclui cuidadores.
Fornecer psicoeducação; reduzir comportamentos coercitivos entre
Stadler et al. (2008) pais e filhos; treinar estratégias educativas eficazes e como generalizar
mudanças de comportamento da criança em diferentes ambientes.

Contextos Clínicos, vol. 10, n. 1, Janeiro-Junho 2017 121


Revisão sistemática sobre programas de intervenção para redução de comportamentos agressivos infantis

sejam mais suportáveis?”. Tais perguntas refe- criadas para os estudos em questão, como o
rem-se ao último mês em oposição aos últimos de Mendes (2011), Oros (2008) e Souza (2007).
seis meses ou ano anteriores (Goodman, 1997). Os estudos foram realizados, respectivamen-
Os programas encontrados na presente re- te, na Argentina, Portugal e Brasil. Esses ins-
visão oscilaram no que se refere ao tempo de trumentos não apresentam estudos de evi-
duração. A intervenção mais curta, de duas dências de validade e, por isso, não é possível
semanas (Stadler et al., 2008), foi programada afirmar sua adequação no que se refere à ava-
para pacientes cardíacos em um hospital da liação dos construtos (Sampieri et al., 2013).
Alemanha, principalmente para os que apre- Os programas de Lipman et al. (2006) e Vis-
sentassem transtorno de impulso, oposição, ser et al. (2010) citaram que não houve redução
agressivo grave e/ou TDAH. O resultado indi- nos comportamentos agressivos infantis após
cou que crianças com maior frequência cardía- a intervenção. O último estudo justificou que
ca apresentaram melhor resposta ao programa, não houve fidedignidade na mensuração dos
ou seja, após a intervenção, mostraram meno- comportamentos agressivos, pois usaram ape-
res níveis de comportamentos agressivos em nas medidas observacionais, no caso, o TOCA-
relação às crianças com menor frequência car- -R (Cross et al., 2015). Já o estudo de Visser et
díaca. A intervenção mais extensa (Petras et al., al. (2010) informou que o programa com foco
2011), foi realizada ao longo de quatro anos do no treino de habilidades sociais não foi capaz
ensino fundamental, para fins de prevenção de de reduzir os comportamentos agressivos.
comportamentos agressivos no ensino médio. Segundo os autores, a intervenção não contem-
As evidências de efetividade encontradas fo- plou os comportamentos agressivos proativos
ram apenas momentâneas, já que a redução no que, quando associados ao contexto de lide-
comportamento agressivo foi restrita às crian- rança, não representam necessariamente um
ças com maiores níveis desses comportamentos baixo repertório de habilidades sociais. O es-
no início do ensino fundamental. O estudo não tudo enfatizou que as mudanças aconteceram
encontrou efeitos significativos para meninas, o apenas quando alunos com comportamentos
que pode estar associado a uma menor quanti- agressivos migraram da educação especial
dade de meninas com níveis elevados de com- para a regular, tratando-se de uma modifica-
portamentos agressivos na amostra. Os autores ção devido ao ‘ambiente’, e não decorrente da
concluem que foram apresentados indicadores aplicação da intervenção.
de redução de comportamentos agressivos in- O estudo de Hoglund et al. (2012) afirmou
dependentemente da duração do programa, que o resultado de redução foi lento e sem sig-
ainda que a intervenção não tenha demonstra- nificância, principalmente fora do contexto es-
do efeitos conclusivos em seus resultados. colar. Os autores hipotetizaram que não houve
O follow-up dos programas foi de no mínimo um alto investimento na intervenção realizada
três meses (Linares et al., 2012) e de no máximo com os pais, de duas horas, em comparação à
de três anos (Lochman et al., 2014). Entretanto, realizada com os professores, de 40 horas.
dentre os 24 programas, apenas oito menciona- Linares et al. (2015) consideraram que a re-
ram a realização de follow-up. Isso pode repre- dução de conflito entre irmãos e a maior me-
sentar um problema do ponto de vista metodo- diação parental pode estar associada à redu-
lógico, pois, embora tenha se mostrado eficaz ção do comportamento agressivo, a qual não
logo após a conclusão da intervenção, não se foi medida com precisão nesse estudo. Trata-
constatou, a longo prazo, a permanência de -se de um resultado inconclusivo, pois não
mudanças nos comportamentos agressivos. foram apresentados estudos de mensuração
Quanto ao impacto das intervenções, 13 do comportamento agressivo. No estudo de
programas garantiram que houve redução Souza (2007), por sua vez, é citada uma redu-
de comportamentos agressivos infantis. A ção insuficiente de comportamentos agressi-
confirmação da sustentação de modificações vos. Segundo a autora, o trabalho em grupo é
comportamentais ocorreu, principalmente, mais indicado para promover saúde, facilitar
por meio de estudos estatísticos inferenciais a transmissão e desenvolvimento comporta-
(e.g. ANOVA, teste t, qui-quadrado, regres- mental, enquanto os comportamentos agressi-
são, correlação, entre outros), na medida em vos são mais específicos, requerendo um tra-
que foram aplicados instrumentos padroniza- balho individual.
dos, como escalas e testes psicométricos antes Os dados expostos corroboram o trabalho
e/ou depois da intervenção. Por outro lado, de Lipman et al. (2006), pois os autores afirma-
alguns estudos utilizaram apenas entrevistas ram não ter encontrado um tamanho de efeito

122 Contextos Clínicos, vol. 10, n. 1, Janeiro-Junho 2017


Ilana Landim, Juliane Callegaro Borsa

significativo na redução dos comportamentos tristeza e ansiedade). Ou seja, as intervenções


agressivos mediante o trabalho de gestão de atuam nos comportamentos agressivos, mas
raiva, correspondendo também a uma inter- nem sempre podem efetuar modificações
venção com foco em habilidade social. Entre- noutros aspectos, como os de personalidade
tanto, segundo os autores, não houve diferen- (Lochman et al., 2014).
ça em participar de um grupo específico para A intervenção rápida, por sua vez, pode
gestão de raiva ou de um grupo com foco ex- não representar tempo hábil para trabalhar
clusivo em comportamentos agressivos. Suge- profundamente as demandas específicas da
re-se que ambas as intervenções possam mini- criança. Na intervenção de Knox et al. (2011),
mizar o comportamento agressivo, ainda que cuja estratégia principal é inserir crianças em
os resultados do programa em questão não jogos com seus pais e cuidadores, não foi ofe-
tenham sido plenamente favoráveis. recido tempo suficiente para que crianças pu-
Dentre os limites apontados nos programas dessem interagir sem comandos específicos
de intervenção coincide a crítica à amostra re- com os genitores. Tal impossibilidade pode
duzida. Um número reduzido de participantes corroborar para o cumprimento apenas das
prejudica a análise das inferências quanto à di- instruções externas sem ensinar outras manei-
minuição de comportamentos agressivos (Mu- ras naturais de comportar-se na ausência de
ratori et al., 2015). Os resultados obtidos em regras (Nitkowski et al., 2009).
uma amostra pequena, em um local limitado, A dificuldade na generalização de resul-
podem não ser replicáveis em outros contextos tados (Cross et al., 2015; Linares et al., 2011)
e com outros participantes (Cross et al., 2015). tem relação, conforme a literatura (Lansford
Ainda no que se refere ao número de parti- et al., 2011; Patterson et al., 1992; Patterson e
cipantes, o estudo de Souza (2007) considerou Yoerger, 2002), com o fato do programa não
que não é uma amostra grandiosa que sinali- envolver adultos ou envolver apenas um dos
zará resultados esperados. Pelo contrário, o genitores (Linares et al., 2012; Muratori et al.,
grupo maior pode não ser capaz de contem- 2015) e manter uma baixa interação entre
plar as necessidades individuais dos partici- escola e família (Hoglund et al., 2012; Oros,
pantes inseridos. Além disso, o baixo enga- 2008). Conforme referido, para que uma in-
jamento tanto de adultos como de crianças, tervenção seja efetiva, é requerida a genera-
incluindo participação, frequência e interação, lização de resultados nos ambientes externos
também são fatores que diminuem as chances à intervenção (Cross et al., 2015; Linares et al.,
de bons resultados (Ellis et al., 2013; Lochman 2015). Apesar das intervenções serem realiza-
et al., 2012). das por adultos, que servem como modelos
O segundo aspecto refere-se à importân- de conduta que podem ser utilizados fora do
cia do ambiente em que a criança está inseri- grupo, o ambiente da intervenção é artificial
da, fora do contexto da intervenção (Cross et quando não inclui relações que fazem parte
al., 2015; Ellis et al., 2013; Murrieta et al., 2014; do contexto do indivíduo (Webster-Stratton
Visser et al., 2010). A justificativa relacionou-se e Reid, 2010). As intervenções em escolas e
com a dificuldade em modificar o comporta- comunidades podem ser enaltecidas quando
mento da criança durante a intervenção quan- proporcionam interações entre crianças esco-
do não alcança a mudança em seu ambiente lares e/ou com seus pares, pais e professores
natural. Cross et al. (2015) consideraram que (Borges e Marturano, 2012; Del Prette e Del
a intervenção pode não ter força suficiente se Prette, 2005; Domitrovich e Greenberg, 2010;
não houver esforço contínuo para reformular e Hoglund et al., 2012).
manter as mudanças no ambiente familiar em Apenas o estudo de Bierman et al. (2013)
torno deles. teve como técnica interventiva acessar os espa-
Em três estudos foram citados como limita- ços familiares por meio de visitas domiciliares.
ções dos programas de intervenção, o efeito de Ainda assim, realizar visitas domiciliares, se-
curto prazo (Hoglund et al., 2012; Visser et al., gundo os autores, não funciona como garantia
2010; Murrieta et al., 2014) e/ou rapidez das in- de que os comportamentos se mantenham na
tervenções (Knox et al., 2011). O efeito de curto ausência dos aplicadores. Isso reforça a impor-
prazo foi citado na medida em que os resulta- tância da participação de adultos nas estraté-
dos da intervenção não se mantêm por tempo gias interventivas em grupo, principalmente
contínuo, haja vista que há outros fatores am- quando investem numa maior solidificação da
bientais associados, assim como outros proble- interação escola-família-criança (Knox et al.,
mas emocionais, como os internalizantes (e.g., 2011). A participação de adultos torna-se um

Contextos Clínicos, vol. 10, n. 1, Janeiro-Junho 2017 123


Tabela 4. Quadro de avaliação dos programas.

124
Table 4. Assessment framework programs.

Testes de análise Avaliação pré


Programa Instrumentos Follow-up
de dados e pós
Structured clinical interview (K-SADS PL); Wechsler-Intelligence Scale
Muratori et al.
for Children III (WISC-III); Children Global Assessment Scale (C-GAS); NI ANOVA Sim
(2015)
Alabama Parenting Questionnaire (APQ); Child Behavior Checklist (CBCL)
Cross et al.
Teacher Observation of Classroom Adaptation–Revised (TOCA-R) Sim (6 meses) Análise Fatorial Sim
(2015)
Lochman et al. Behavior Assessment System for Children – Teacher Rating Scale (BASC-
Sim (3 anos) Correlação Sim
(2014) TRS); Antisocial Process Screening Device – Teacher Form (APSD-T)
Murrieta et al. Escala reducida de agresión y victimización; Escala de conductas positivas;
NI Teste t Sim
(2014) Escala de apoyo parental para la agresión (Orpinas, 2009); Entrevista
The Family Relations Scale (FRS); OSLC Family Activities Questionnaire e 2
Testes de
Ellis et al. (2013) subescalas de Parenting Practices Questionnaire (i.e., positive parenting and NI Não
regressão
parental involvement)
Child Behavior Checklist (CBCL), Teacher's Report Form of the Child
Bierman et al. Behavior Checklist (TRF), Wechsler-Intelligence Scale for Children III Teste t + Testes de
NI Sim
(2013) (WISC-III), Subteste Carta-Word, Teacher Observation of Classroom regressão
Adaptation–Revised (TOCA-R)
Linares et al. Child Behavior Checklist (CBCL); Comportamento Sutter-Eyberg Student Testes de
Sim (3 meses) Sim
(2012) Revised-Inventory (SESBI-R) regressão
Parents: demographic questionnaire; Teachers: questionnaires rating the
Hoglund et al.
social competence, aggressive behaviors, and internalizing problems; Sim (18 meses) Correlação Sim
(2012)
Children: questionnaires on victimization
Knox et al. Social Support Scale (MOS); Social Competence and Behavior Evaluation Testes de
Sim (12 meses) Sim
(2011) Scale. regressão
Petras et al. Teacher Observation of Classroom Adaptation-Revised (TOCA-R); Teacher
NI Qui-quadrado Sim
(2011) Report of Classroom Behavior-Checklist Form (TRCB-CF)
Visser et al. Agressievragenlijst (Aggressive Behavior Checklist); Child Behavior Permutação
NI Sim
(2010) Checklist (CBCL) aleatória

Contextos Clínicos, vol. 10, n. 1, Janeiro-Junho 2017


Revisão sistemática sobre programas de intervenção para redução de comportamentos agressivos infantis
Tabela 4. Continuação.
Table 4. Continuation.

Testes de análise Avaliação pré


Programa Instrumentos Follow-up
de dados e pós
Entrevista (Kinder-DIPS), Child Behavior Checklist (CBCL), The Strengths and Wilcoxon e
Nitkowski et al. Difficulties Questionnaire (SDQ), Teacher's Report Form of the Child Behavior Mann-Whitney
Sim (6 meses) Sim
(2009) Checklist (TRF), Aggressive Behavior in Concrete Situations, Wechsler- U test (testes não
Intelligence Scale for Children III (WISC-III), Culture Fair Test 20 (CFT-20) paramétricos)
Entrevista (contextualização e histórico de evento estressor e descrição de
Oros (2008) NI Não Sim
respostas)
Ilana Landim, Juliane Callegaro Borsa

Entrevista com pais adotivos e criança; videotape de 15-20 minutos recolhidos


Generalized
de interação do conflito, entrevista com criança; Parent Conflict Mediation
Linares et al. linear equation
The Conflict Checklist (CC), Conflict Tatics Scale-2; Child Behavior Checklist NI Sim

Contextos Clínicos, vol. 10, n. 1, Janeiro-Junho 2017


(2015) procedure
(CBCL); Sibling Interaction Quality The Sibling Interaction Quality (SIB);
(GENLIN)
Sibling Aggression The Sibling Aggression Scale (SAS)
Bierman et al. Avaliação de pais e professores, entrevista individual com professores, Teacher Testes de
NI Sim
(2010) Observation of Classroom Adaptation— Revised (TOCA–R), SPH (CPPRG) regressão
Social Skills Rating System (SSRS-BR); Child Behavior Checklist (CBCL);
Elias et al. (2012) NI Não Sim
observações sistemáticas
Mendes (2011) Questionário elaborado pela pesquisa NI Não Não
Entrevistas abertas com professor e pessoal administrativo da escola e
Souza (2007) observação livre nas aulas de alfabetização, aritmética, educação física, artes, NI Não Não
brinquedoteca, entrada, recreio e saída
Lochman et al.
NI Sim (12 meses) NI NI
(2012)
Entrevista por telefone (BCFPI); Inventário Children's of Anger (criança)
Lipman et al.
e Children Behavior Questionnaire; Children's Hostility Index; Parenting NI Teste T e ANOVA Sim
(2006)
Stress Index-Short Form; Center for Epidemiologic Studies Depression Scale
Questionário sociodemográfico; School Misbehaviour Subscale; Gatehouse
Bonell et al. Testes de
Bullying Scale (GBS); The Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ); Sim (9 meses) Sim
(2015) regressão
Short Warwick–Edinburgh Mental Well-Being Scale (SWEMWBS)

125
Revisão sistemática sobre programas de intervenção para redução de comportamentos agressivos infantis

fator preponderante para o sucesso da inter- último fator é que, na intervenção de Visser et
venção na medida em que adultos fortalecem al. (2010), apenas a mudança de uma educação
as mesmas habilidades necessárias para a boa especial para regular foi capaz de reduzir tais
comunicação (i.e., reconhecimento de senti- comportamentos num determinado grupo.
mentos, resolução de problemas, empatia) e Um aspecto citado em Lochman et al. (2014)
fornecem consequências consistentes aos com- merecedor de destaque é que, apesar da rele-
portamentos da criança (reforço social, regras, vância da intervenção para redução do com-
limites claros, entre outros) (Borges e Martura- portamento agressivo infantil, conforme o
no, 2012; Del Prette e Del Prette, 2005; Monjas programa for estruturado, a presença de um
e Caballo, 2002). profissional para trabalhar com tais aspectos
Outro ponto de destaque foi a gravidade do pode favorecer uma dependência, e não um
problema da criança, indicando que o compor- processo de desenvolvimento de autonomia
tamento agressivo possa ser apenas um aspec- para a criança. Isso pode acontecer quando os
to dentro de um quadro maior e mais grave de resultados apenas são mantidos na presença
sintomas. Por isso, uma intervenção com foco do aplicador e/ou são mantidos para atender
no comportamento pode ser apenas o começo, à demanda externa do mesmo, como crianças
mas não o fim, haja vista que tal comportamen- que se comportam bem na presença do adulto
to pode ser apenas a dimensão do problema com intenção de atender à expectativa dele e
que emerge externamente (Lipman et al., 2006). ser beneficiado de alguma maneira (com elo-
Já o estudo de Bonell et al. (2015) afirmou que a gios, atenção, sorrisos, entre outros). O cuida-
maior dificuldade é incluir várias crianças com do para não criar uma dependência deve ser
diagnósticos heterogêneos em um mesmo gru- uma atitude dos profissionais, na medida em
po sem fornecer a devida atenção às peculiari- que o interesse é que a intervenção proporcio-
dades de cada quadro funcional. ne mudanças eficazes e duradouras com ou-
Quanto aos instrumentos, houve críticas re- tras pessoas e em ambientes naturais.
lacionadas à ausência de gravação das sessões
e quanto ao uso de ferramentas meramente Considerações finais
observacionais (Cross et al., 2015). O estudo de
Murrieta et al. (2014) apontou que, para uma O presente estudo teve como objetivo re-
maior eficácia, necessita-se a realização de no- alizar uma revisão sistemática da literatura
vos estudos com maior rigor metodológico. Os sobre programas de intervenção em compor-
autores fazem referência ao contexto do México, tamentos agressivos infantis, direcionados às
em que há uma grande dificuldade em aceitar crianças entre 6 e 12 anos, publicados nos úl-
avaliações experimentais em escolas públicas, timos dez anos, em bases de dados nacionais
o que dificultou a realização de grupos contro- e internacionais. Os resultados indicaram que
les nesse estudo. Em decorrência disso, não foi foram realizados poucos estudos de interven-
possível, para os autores, comparar os resulta- ções com foco exclusivo na redução e preven-
dos do grupo que recebeu a intervenção (grupo ção de comportamentos agressivos, principal-
experimental) com amostra do grupo controle. mente no contexto brasileiro. As limitações e
A concepção de maior rigor na realização dificuldades das intervenções foram discutidas
da pesquisa corrobora o estudo de Elias et al. em quase a totalidade dos estudos analisados,
(2010), que mencionou a relevância do pre- o que demonstra a transparência e o cuidado
paro adequado do aplicador. Por outro lado, ético dos autores, permitindo que, em estudos
em alguns programas, como os dos próprios posteriores, os mesmos desafios possam ser
autores, é referenciada a flexibilidade para in- contornados. Entretanto, verificou-se limita-
tervir diferentemente dos manuais originais ções metodológicas importantes, como o uso
dos programas interventivos, o que pode não de instrumentos pouco precisos, critérios de
corresponder ao rigor e padronização mencio- avaliação de efetividade nem sempre mencio-
nado anteriormente (Elias et al., 2010). nados, dados estatísticos por vezes ausente ou
O trabalho de Ellis et al. (2013) citou que não insuficiente, amostras restritas ou pouco repre-
se pode dizer com precisão que a intervenção sentativas, dificuldade na generalização de re-
foi capaz de reduzir os comportamentos agres- sultados para ambientes externos, entre outros.
sivos quando outros fatores estão em vigência, Esta revisão evidenciou, principalmente, a
como aliança terapêutica, acessibilidade ao tra- necessidade de maior esforço para buscar em-
tamento, influência de outros ambientes, entre piricamente a efetividade de intervenções com
outros. Um exemplo que vai ao encontro do foco na redução dos comportamentos agres-

126 Contextos Clínicos, vol. 10, n. 1, Janeiro-Junho 2017


Ilana Landim, Juliane Callegaro Borsa

sivos. Espera-se, com esse estudo de revisão, BORDIN, I.A.; ROCHA, M.M.; PAULA, C.S.; TEIX-
salientar a importância das práticas interven- EIRA, M.C.T.V.; ACHENBACH, T.M.; RESCOR-
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