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NR10 A DISTÂNCIA

Reciclagem

Curso Básico de Segurança em Instalações


e Serviços em Eletricidade
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Carlos Eduardo Moreira Ferreira


Presidente em Exercício

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI


Conselho Nacional
Carlos Eduardo Moreira Ferreira
Presidente em Exercício

SENAI – Departamento Nacional


José Manuel de Aguiar Martins
Diretor-Geral

Regina Maria de Fátima Torres NR10 A DISTÂNCIA


Diretora de Operações Reciclagem

SENAI-RS – SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL


Departamento Regional do Rio Grande do Sul

Curso Básico de Segurança em Instalações


CONSELHO REGIONAL e Serviços em Eletricidade
Presidente Nato
Paulo Fernandes Tigre – Presidente do Sistema FIERGS
Diretor Regional e Membro Nato do Conselho Regional do SENAI-RS
José Zortea

DIRETORIA SENAI-RS
José Zortea – Diretor Regional
Paulo Fernando Presser – Diretor de Educação e Tecnologia
Carlos Heitor Zuanazzi – Diretor Administrativo e Financeiro

Porto Alegre
2010
© 2010. SENAI – Departamento Regional do Rio Grande do Sul
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
S UMÁRIO
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia
autorização, por escrito, do SENAI – Departamento Regional do Rio Grande do Sul. APRESENTAÇÃO......................................................................................................................................................................................... 9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................................................11
SENAI-DN
Unidade de Educação Profissional – UNIEP UE1 – Prevendo situações de riscos ...................................................13
SENAI-RS 1. ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA................................................................................................................................................15
Unidade Estratégica de Desenvolvimento Educacional – UEDE 2. CHOQUE ELÉTRICO E SEUS RISCOS DE CONTATO...................................................................................................................17
1ª Edição: 100 exemplares 3. ARCO ELÉTRICO...................................................................................................................................................................................23
4. INFLUÊNCIA DO CAMPO ELETROMAGNÉTICO EM CIRCUITOS ELÉTRICOS....................................................................27
5. RISCOS ADICIONAIS...........................................................................................................................................................................29

S 491 Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (RS) 6. EFEITOS DA CORRENTE ELÉTRICA NO CORPO HUMANO....................................................................................................................39
NR10 a Distância Reciclagem: curso básico de segurança em instalações e serviços 7. PATOLOGIAS OCASIONADAS POR CHOQUE ELÉTRICO.........................................................................................................45
em eletricidade/ Alexandre Coutinho da Paz.
[Organizado por Fernando Ricardo Gambetta Schirmbeck e Maria de Fátima
Rodrigues de Lemos]. – Porto Alegre: SENAI-RS, 2010.
UE2 – Medidas de controle de risco.....................................................47
111p.: il. 1. DESENERGIZAÇÃO..............................................................................................................................................................................49
ISBN –xxxxxxxxxxxxxxxx
2. TIPOS DE ATERRAMENTO.................................................................................................................................................................51
1.Proteção contra acidentes 2. Segurança 3.Educação a Distância I. Paz, Alexandre
Coutinho da II. Schirmbeck, Fernando Ricardo Gambetta III. Lemos, Maria de 3. EQUIPOTENCALIZAÇÃO....................................................................................................................................................................59
Fátima Rodrigues de IV. NR10 a Distância Reciclagem. 4. SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO DA ALIMENTAÇÃO.............................................................................................................61
5. DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO À CORRENTE DIFERENCIAL RESIDUAL – DR....................................................................63
CDU – 614.8:37.621.3
6. EMPREGO DE TENSÃO DE SEGURANÇA......................................................................................................................................65
7. PROTEÇÃO POR BARREIRAS, INVÓLUCROS OU POR OBSTÁCULOS E ANTEPAROS.....................................................67
8. PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS..............................................................................................................................69
Na elaboração desta obra foi utilizado como referência o conjunto de quatro livros do Curso
Básico em Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, editado em 2006, composto 9. PROTEÇÃO PARCIAL POR COLOCAÇÃO FORA DO ALCANCE..............................................................................................73
por: 10. PROTEÇÃO POR SEPARAÇÃO ELÉTRICA...................................................................................................................................77
• Prevenção de Riscos ISBN 85-7519-171-3
• Medidas de Controle de Riscos ISBN 85-7519-170-5 UE3 – Equipamentos de proteção.........................................................79
• Equipamentos de Proteção ISBN 85-7519-172-1
• Planejamento das Atividades ISBN 85-7519-173-X 04 1. SELECIONANDO EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO...................................................................................................................81
2. HIGIENIZAÇÃO, GUARDA E TESTE DE EPIs..................................................................................................................................89
Apoio: Distribuição:
UE4 – Planejamento das atividades....................................................91
SENAI-DN SENAI-RS
Serviço Nacional de Aprendizagem Departamento Regional do Rio 1. PLANEJANDO ATIVIDADES DE ACORDO COM AS NORMAS DE SEGURANÇA...............................................................93
Industrial Grande do Sul 2. IDENTIFICAÇÃO E ELABORAÇÃO DE ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS (APR) .............................................................95
Departamento Nacional NEAD –Núcleo de Educação a
3. OUTRAS TÉCNICAS PARA IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS...........................................................................................................99
Sede Distância
Setor Bancário Norte Av. Assis Brasil, 8450 4. PROCEDIMENTOS DE ROTINA NO TRABALHO........................................................................................................................101
Quadra 1 – Bloco C Bairro Sarandi 5. NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRAS...............................................................................................................................................107
Edifício Roberto Simonsen 9140-000 – Porto Alegre – RS
REFERÊNCIAS..........................................................................................................................................................................................111
70040-903 – Brasília – DF tel.: (0xx51) 3347-8441
tel.: (0xx61) 3317-9001 fax: (0xx51) 3364-8605
fax: (0xx61) 3317-9190 http://nead.senairs.org.br
http://www.senai.br e-mail: nead@dr.rs.senai.br
A PRESENTAÇÃO

Você está iniciando o estudo do Curso de Reciclagem NR 10 a Distância para


o Setor Elétrico.

A Norma Regulamentadora de Segurança em Instalações e Serviços em


Eletricidade – NR 10 – estabelece os requisitos e condições mínimas que
objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de
forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que interagem direta ou
indiretamente em instalações elétricas e em serviços de eletricidade.

Conforme a Norma Regulamentadora 10 SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E


SERVIÇOS EM ELETRICIDADE, tem-se:

10.8.8.2 Deve ser realizado um treinamento de reciclagem bienal e sempre que


ocorrer alguma das situações a seguir:

a) troca de função ou mudança de empresa;

b) retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por período superior a três


meses;

c) modificações significativas nas instalações elétricas ou troca de métodos,


processos e organização do trabalho.

O Curso de Reciclagem desta Norma aplica-se a todas as fases de geração,


transmissão, distribuição e consumo, incluindo todas as etapas de projeto,
construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas.

Aliado às exigências legais de capacitação de pessoal para trabalho seguro,


faz-se necessário desenvolver uma maior conscientização em relação à segurança
nos procedimentos de instalações elétricas, por meio de cursos de qualificação
e atualização. Daí a constante necessidade de instrumentalização dos
colaboradores das empresas brasileiras para a aplicação correta dos preceitos de
segurança previstos na NR 10, visando prevenir e minimizar os acidentes pessoais
no trabalho, danos materiais e prejuízos ao meio ambiente, preservando também
a segurança de usuários e de terceiros.

José Zortea
Diretor SENAI/RS

NR10 a distância - Reciclagem 9


I NTRODUÇÃO

Seja bem-vindo ao Curso de Reciclagem na NR 10.

Olá! Eu sou seu guia neste estudo.

É bom ter sua companhia nesta caminhada.


Vamos aprender conteúdos que nos auxiliam, no
dia-a-dia, a agir com cautela e segurança em cada
atividade de nosso trabalho.

Estarei aqui sempre que precisar da minha ajuda


para esclarecer pontos do conteúdo e para ouvir suas
contribuições e críticas.

O Curso está dividido em quatro (4) Unidades de


Estudo, para um melhor aprendizado e organização.
São elas:

Unidade de Estudo 1 – UE1 – Aborda a prevenção das situações onde há risco


de ocorrer choque elétrico.

Unidade de Estudo 2 – UE2 – Aborda as medidas de controle de riscos


elétricos.

Unidade de estudo 3 – UE3 – Aborda os Equipamentos de Proteção


necessários para garantir a segurança e a saúde do trabalhador.

Unidade de Estudo 4 – UE4 – Aborda os procedimentos das atividades de


acordo com as normas de segurança.

Você poderá avançar conforme seus conhecimentos, aprofundando-se nos


objetivos em que tiver maior dificuldade e avançando nos que tiver melhor
conhecimento.

Vamos começar o Curso pela Primeira Unidade de Estudo, que é: Prever


situações de risco elétrico.

Bom estudo! Conte comigo para o que for necessário em sua aprendizagem.
Lembre-se sempre de que, se sentir necessidade, poderá enviar e-mail para
nead@senairs.org.br.

NR10 a distância - Reciclagem 11


Unidade de Estudo 1

UE1 Prevendo situações


de risco

Na Unidade de Estudo 1 - Prevendo Situações de


Risco Elétrico, você poderá analisar situações onde
existe o risco de choque elétrico, identificando locais
de possibilidade de ocorrência de arco elétrico,
identificando também a influência do campo
eletromagnético na rede elétrica, os riscos adicionais
na realização do serviço e conhecerá as possíveis
consequências de um choque para o organismo
humano

NR10 a distância
r e c i c l a g e m
1 ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA

A segurança no trabalho é essencial para garantir a saúde e evitar acidentes,


devendo ser considerada como condição obrigatória para a execução de qualquer
tipo de tarefa. A ocorrência de acidentes de trabalho tem, na maior parte das
vezes, causas relacionadas com fatores humanos e com o ambiente. No entanto,
deve-se levar em conta que, às vezes, os acidentes são provocados pelos dois
fatores ao mesmo tempo.

1.1 ATOS INSEGUROS

Os atos inseguros são causados por fatores humanos, sendo eles:

• Imperícia – pessoa leiga nos conhecimentos de eletricidade ou eletricista sem


o devido conhecimento de determinada tarefa.
• Imprudência – quando o trabalhador identifica o risco e o ignora, insistindo
em efetuar a tarefa sem tomar as devidas medidas de segurança.
• Negligência – o trabalhador identifica o risco, protege-se, porém não toma
atitude alguma para que terceiros não sofram com este risco.
• Descuido – por algum motivo, o trabalhador está desatento as suas atividades.

1.2 CONDIÇÕES INSEGURAS

As condições inseguras são causadas por fatores locais, do ambiente. São


eles:

• Instalações – cabos não seccionados ou com problemas de isolamento,


permitindo fuga de corrente elétrica.
• Ferramentas – utilização de ferramentas inadequadas à tarefa, a exemplo do
uso de alicate para bater, ao invés de um martelo, ou de alicate com isolamento
do cabo quebrado.
• EPI – utilização equivocada de luva classe “0” em uma rede de 15 kV onde,
neste caso, o correto é utilizar luvas classe “2” ou, ainda, usar uma luva furada,
capacete quebrado, botina furada.
• Procedimentos – utilização de procedimentos desatualizados.

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1.3 CAUSAS DIRETAS DE ACIDENTES EM TRABALHOS COM ELETRICIDADE –
PONTO ENERGIZADO
2 CHOQUE ELÉTRICO E SEUS RISCOS DE CONTATO

Ponto energizado é a presença real da energia elétrica no local em que ocorre Para entender melhor este capítulo, você precisa compreender o que é o
o contato. O contato no ponto energizado pode ser direto ou indireto. choque elétrico.

• Contato direto: quando o objeto está energizado, por ser este o princípio Choque elétrico é a passagem de corrente elétrica pelo corpo humano, gerando
funcional, pois sua função é a de conduzir corrente elétrica. Exemplos: a parte perturbações no organismo. Ele provoca diversos efeitos quando a corrente
condutora dos cabos, os barramentos de quadros, as conexões de fusíveis etc. elétrica percorre o corpo humano. Correntes de baixa intensidade, mesmo da
ordem de microampères (mA), podem ser fatais se forem aplicadas diretamente
• Contato indireto: neste caso, o objeto ficou energizado acidentalmente, como
no coração. Se aplicadas externamente, elas também são potencialmente fatais,
a porta da geladeira, o registro de chuveiro, a porta do quadro de comando etc.
dependendo do trajeto.
1.4 CAUSAS INDIRETAS DE ACIDENTES EM TRABALHOS COM ELETRICIDADE O risco de ocorrência de choque elétrico está permanentemente presente
– FATORES EXTRAS em redes de alta e baixa tensão, nas máquinas, ferramentas, aparelhos
Os fatores extras são: eletrodomésticos e até em veículos automotores. Nos locais onde existem redes
aéreas energizadas há risco de choque elétrico por contato acidental nos cabos,
• Indução eletromagnética: um circuito desligado, compartilhando uma curto-circuito, rompimento e queda de cabos.
estrutura física, eletrocalha, por exemplo, com outros circuitos energizados.
• Estática: atrito de peças em movimento, como polias e correias. Atenção: O choque elétrico pode ocorrer por razões distintas,
apresentando-se em duas categorias diferenciadas: choque
• Condições atmosféricas: queda de raios.
eletrostático e choque dinâmico.

Reflexão: Prever atos e condições inseguras é garantia de


evitar acidentes. Para quem lida com eletricidade, um risco 2.1 CHOQUE ELETROSTÁTICO
constante de acidente é o choque elétrico, na maior parte das
vezes com consequências severas, podendo levar o O choque eletrostático ocorre pela descarga
trabalhador à morte. A seguir, você conhecerá em detalhes eletrostática. O atrito entre corpos, ou entre
como ocorre o choque elétrico e que alterações ele é capaz de um corpo em movimento e o ar, é uma
provocar no corpo humano. Também se tratará o arco elétrico e das formas de produção de eletricidade,
da influência do campo eletromagnético, bem como dos riscos adicionais gerando acúmulo de cargas elétricas e
causados por acidentes de origem elétrica. provocando a descarga de um ponto
de maior potencial para outro de
menor potencial elétrico quando esses
pontos são tocados ou interligados.
Em determinados ambientes, como nos
postos de combustíveis e na montagem
de dispositivos eletrônicos, descargas eletrostáticas podem causar explosões e
danos materiais.

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As cargas elétricas ficam acumuladas como em capacitores, cargas positivas 2.2.1 Tensão de toque
de um lado e cargas negativas de outro. Quando a pessoa entra em contato físico
com os dois locais, ocorre a descarga que percorre o corpo humano. Tensão de toque é aquela em que se toca, intencionalmente ou por descuido,
qualquer parte do corpo humano em uma parte da instalação elétrica que está
Um exemplo é o que ocorre com veículos automotores. Com o movimento energizada, oferecendo, assim, um caminho para a passagem da corrente elétrica.
do veículo ocorre o atrito com o ar, gerando cargas elétricas que se acumulam
ao longo da estrutura externa do automóvel, passando a existir diferença de Um fato importante a ser considerado é o percurso (caminho) da corrente
potencial entre ele e o solo. Dependendo do acúmulo das cargas, pode haver elétrica no corpo humano em relação à posição do coração, pois os caminhos
risco de faiscamentos ou choque elétrico no instante em que uma pessoa desce de entrada e saída, passando pelo coração, são os mais perigosos por causa da
e toca no veículo. fibrilação ventricular.

Este é o tipo de choque mais comum, inclusive com o trabalhador. Como


O choque eletrostático é aquele que levamos na maçaneta exemplo: quando um eletricista está trocando um disjuntor e encosta no
metálica de portas, no monitor de computador, na porta do barramento do Centro de Distribuição (CD), ele está com uma parte do corpo
carro quando dele descemos e tocamos na parte metálica. Ou encostada na massa do quadro na parede correspondente.
seja, toda vez que fazemos o papel de “fio terra”.
Se a tensão de toque ocorrer com as partes vivas, o choque
dinâmico se dará por contato direto; se ocorrer com as partes
2.2 CHOQUE DINÂMICO não-vivas, o choque acontecerá por contato indireto.
O choque dinâmico ocorre quando a pessoa faz contato com materiais onde
existe presença de tensão elétrica, e assim o corpo humano passa a fazer parte
do circuito energizado. Este tipo de choque é potencialmente mais perigoso do • Contato direto
que o eletrostático, porque a corrente de choque persiste continuamente, uma
vez que o gerador na usina continua abastecendo as redes 24 horas, até que haja O choque por contato direto é aquele que ocorre
interferência. A persistência da corrente passando pelo corpo acaba ocasionando quando se toca diretamente na parte viva do condutor,
graves consequências nos órgãos internos. onde circula a corrente.

O choque dinâmico ocorre quando se faz contato direto ou indireto com


partes vivas, energizadas.

Choques dinâmicos podem ser causados pela tensão de


toque ou tensão de passo.

Partes vivas dos


condutores: fio de cobre
ou alumínio, contatos,
barramentos, conexões,
bobinas e coletores

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• Contato indireto energia.
O choque por contato indireto é aquele que ocorre A corrente do choque elétrico está diretamente relacionada com o nível de
quando se toca em partes condutoras não-vivas, tensão e a resistência do caminho por ela percorrida. Logo, utilizam-se materiais
energizadas acidentalmente, por problemas na isolação de grande resistência elétrica, tais como borracha, cerâmica, fibra de vidro,
de partes vivas. amianto, madeira, mica e, plástico, entre outros, que impeçam a passagem da
corrente, e então não ocorrerá o choque.
No choque elétrico por contato indireto a pessoa
pode estar tocando ou pisando regiões ou elementos No choque dinâmico por contato indireto, a intensidade também pode se
não-energizados da instalação, mas essas áreas neutras definir em função de alguma falha de isolação e falha no aterramento.
ficam com diferença de potencial, resultando no choque
elétrico, no momento em que ocorre o toque na área
energizada.

Partes condutoras
2.2.2 Tensão de passo
não-vivas: carcaças de
É a tensão elétrica que ocorre entre os dois pés afastados entre si. Em função motores e equipamentos
diversos.
de qualquer tipo de descarga elétrica, que provoque
a ocorrência de potenciais diferentes entre dois
pontos do solo, oferece risco de choque elétrico.

Uma das maneiras mais simples de ocorrer


este tipo de choque é no caso de uma instalação
subterrânea com condutores errados. O cabo
indicado para este tipo de instalação é o NAX
0,6/1kV e, por algum motivo, foi usado o condutor
PVC 70º 750 V. Com o tempo, a capa de PVC vai
perdendo a característica isolante, permitindo a fuga
de energia para o solo, ou qualquer estrutura na qual o
trabalhador esteja pisando, criando níveis diferentes de
tensão.

Outro exemplo é a queda de raios, que provoca o mesmo efeito no solo.

2.3 INTENSIDADE DO CHOQUE


A intensidade do choque dinâmico será determinada pelos seguintes fatores:
• resistência elétrica do corpo humano;
• resistência da terra no local dos pés no solo;
• resistência dos Equipamentos de Proteção Individuais e Coletivos (calçados em
contato com o solo, luvas, isolamento de ferramentas, entre outros);
• resistência do aterramento da instalação elétrica no ponto de alimentação de

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3 ARCO ELÉTRICO

O arco elétrico, também chamado de arco voltaico, é o fenômeno da passagem


de corrente elétrica pelo ar por ou outro meio isolante, como o óleo.

A passagem de corrente elétrica entre dois materiais com pequeno


distanciamento entre si é ocasionada pela grande diferença de potencial existente
entre eles, proporcionando a ruptura dielétrica do meio isolante (rompe-se a
capacidade de isolação) e, consequentemente, a formação do arco elétrico.

A situação do meio isolante (na maioria das vezes o ar) contribui para a
ocorrência de arco elétrico, além de fatores como poluição, umidade e o alto
valor de corrente que aparecem entre os contatos no instante de sua separação,
quando da execução de manobras sob carga de chaves seccionadoras do tipo
sem carga (chaves secas).

O arco elétrico (ou arco voltaico) é uma ocorrência de curtíssima duração


(geralmente menor que ½ segundo), sendo com frequência tão rápido que o olho
humano não chega a perceber. Os arcos elétricos são extremamente quentes. A
temperatura de um arco elétrico pode alcançar 20.000 °C.

Pessoas que estejam no raio de alguns


metros de um arco elétrico podem sofrer severas
queimaduras, pois ele é um evento de múltipla
energia. Forte explosão e energia acústica
acompanham a intensa energia térmica gerada
por um arco voltaico. Em determinadas situações,
também pode se formar uma onda de pressão
capaz de empurrar e derrubar quem estiver próximo
ao local da ocorrência.

3.1 CAUSAS DE ACIDENTES COM ARCO ELÉTRICO

Acidentes com arco elétrico podem ser causados por fatores relacionados a:

• Equipamentos – Em equipamentos elétricos, quando há um fluxo de corrente


não-intencional entre fase e terra ou entre múltiplas fases, provocado por
falhas de isolação. Como exemplo tem-se o curto circuito.
• Fatores ambientais – Contaminação por sujeira, água ou presença de
insetos ou outros animais (gatos ou ratos) que provocam curtos circuitos em
barramentos de painéis ou subestações.

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• Ações de pessoas – Negligência, imperícia ou imprudência de trabalhadores, A severidade da lesão para as pessoas na área onde ocorre a falha depende
que fazem movimentos bruscos ou agem sem cuidado no manejo de não só da energia liberada durante o arco elétrico, mas também da distância que
ferramentas e outros materiais condutivos quando estão trabalhando em as separa do local e do tipo de roupa que utilizam.
partes energizadas da instalação ou próximo a elas.
As mais sérias queimaduras por arco-elétrico envolvem a ignição da roupa da
• Abertura de cargas com equipamentos inadequados – Seccionadora tipo vítima pelo calor do arco. Quanto maior o tempo de duração do arco, maior será
seca sem dispositivo que garanta que o arco fique confinado. o grau e a área da queimadura no corpo. Isso afeta diretamente a gravidade da
lesão e a própria sobrevivência da vítima.
3.2 CONSEQUÊNCIAS DE ARCOS ELÉTRICOS
Os dispositivos e equipamentos capazes de gerar arcos durante sua operação
Arcos elétricos podem ter como consequências: devem ser especificados, selecionados, instalados e mantidos em perfeitas
condições de uso, garantindo a segurança e a saúde das pessoas que trabalham
• Queimaduras – O arco elétrico atinge temperaturas tão altas que destrói nas instalações.
os tecidos do corpo humano. Partículas incandescentes também podem
desprender-se, provocando queimaduras. O arco elétrico gera, também, As vestimentas de proteção devem ser adequadas e devem cobrir todas as
radiação UV que pode cegar. áreas que possam estar expostas à ação das energias oriundas do arco elétrico.
Além da cobertura completa do corpo, elas devem incluir capuzes.
• Quedas – Em trabalhos com altura superior a 2 metros é obrigatória a utilização
de cinto de segurança do tipo paraquedista, para evitar quedas provocadas
3.4 MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA RISCOS DE ARCO ELÉTRICO
pela ocorrência de arco ou choque elétrico.
• Utilização de dispositivos de abertura sob carga.
• Chave de aterramento resistente ao curto-circuito presumido (calculado).
• Sistemas de intertravamento.
• Fechaduras com chaves não-intercambiáveis.
• Sinalização adequada.
• Corredores operacionais tão curtos, altos e largos quanto possível.
• Emprego de dispositivos limitadores de corrente.
• Redução dos tempos de interrupção do arco através de relés instantâneos ou
através de dispositivos sensíveis a pressão, luz ou calor, atuando em dispositivos
Arco em alta tensão Arco em baixa tensão de interrupção rápidos.
• Equipamentos e dispositivos dimensionados para resistir a faltas elétricas.
• Correta operação da instalação: é importante sempre desligar a energia
3.3 PROTEÇÃO CONTRA PERIGOS RESULTANTES DE FALTAS (DEFEITOS, antes de começar a realizar qualquer trabalho em instalações elétricas ou nas
FALHAS) POR ARCO ELÉTRICO proximidades delas.

A quantidade de energia liberada durante um arco elétrico depende da


corrente de curto-circuito e do tempo de atuação dos dispositivos de proteção. Desligue a energia antes de começar a realizar qualquer
Altas correntes de curto-circuito e tempos longos de atuação dos dispositivos de trabalho em instalações elétricas ou próximo a elas.
proteção aumentam o risco do arco elétrico. A proteção contra o arco elétrico
depende da energia que pode ser liberada no caso de um curto-circuito.

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4 INFLUÊNCIA DO CAMPO ELETROMAGNÉTICO EM
CIRCUITOS ELÉTRICOS

O ambiente eletromagnético em sistemas de energia consiste basicamente


de dois componentes: um campo elétrico e um campo magnético. Todo campo
elétrico exerce influência sobre um campo magnético, e vice-versa.

4.1 CAMPO ELETROMAGNÉTICO

A passagem da corrente elétrica provoca, além do aquecimento e efeito


eletrolítico, o aparecimento de linhas magnéticas em torno do condutor,
caracterizado por um campo eletromagnético responsável pelo funcionamento
de motores e transformadores.

Quando um condutor é percorrido pela corrente elétrica ocorre uma


orientação no movimento das partículas em seu interior. Esta orientação do
movimento das partículas tem um efeito semelhante à orientação dos ímãs
moleculares. Como consequência, surge um campo magnético (perpendicular)
ao redor do condutor. Trata-se de um fenômeno de natureza física, que não se
pode evitar.

O inverso também ocorre, ou seja, um condutor submetido a um campo


magnético variável e perpendicular terá como efeito o surgimento de uma tensão
induzida.

Imagine-se uma indústria com grandes extensões de cabos próximos uns dos
outros ou dentro do mesmo duto. Por isso, é fundamental verificar se o circuito
está realmente sem tensão sempre que se o desligar.

A denominação eletromagnético aplica-se a todo fenômeno


magnético que tenha como origem uma corrente elétrica.
Quando um condutor (fio) é percorrido por uma corrente
elétrica, ocorre em seu interior a orientação no movimento
das partículas que compõem este material. Como
conseqüência, surge um campo magnético perpendicular ao
redor dele. Este campo magnético possui as mesmas
características dos conhecidos “ímãs de geladeira” ou os “ímãs de alto-falantes”.

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4.1.1 Campo magnético 5 RISCOS ADICIONAIS
A exposição aos campos eletromagnéticos pode
promover efeitos térmicos e endócrinos no organismo. Riscos adicionais são os grupos ou fatores de risco, além dos elétricos,
Como a radiação eletromagnética promove intenso específicos de cada ambiente ou processo de trabalho que podem afetar, direta
aquecimento nos elementos metálicos, cuidados ou indiretamente a segurança e a saúde dos trabalhadores.
especiais devem ser tomados por portadores de marca-
passo, amplificadores auditivos e dosadores de insulina. 5.1 ALTURA

Nos trabalhos com energia elétrica em altura deve-se seguir as instruções


relativas à segurança descritas abaixo:
4.1.2 Campo elétrico
• É obrigatório o uso do cinturão de segurança e do capacete com jugular em
Campo elétrico é toda a região do espaço em torno de uma carga elétrica que alturas a partir de 2 metros.
assume uma grandeza vetorial (função da posição e do tempo) descrita por sua
intensidade. Normalmente, campos elétricos são medidos ou calculados pela • Em todos os trabalhos acima de 2 metros deve ser designado um ou mais
tensão em função da distância, tendo como unidade de medida volts por metro observadores, a fim de prevenir qualquer risco de acidentes.
(V/m). • O observador deve estar devidamente instruído sobre o serviço a ser
executado e dedicar-se exclusivamente à observação, sendo substituído após
O campo elétrico é representado geometricamente pelas linhas de força determinado espaço de tempo, a critério do responsável pelo serviço.
elétrica.

É importante a noção de campo elétrico, porque os detectores


de tensão indicam a presença de campo elétrico, e não
magnético.

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5.1.1 Utilização de escadas simples e de extensão • Aterrar o andaime.

Ao utilizar as escadas, deve-se tomar algumas precauções: • As tábuas deverão ter o mínimo de uma
polegada de espessura, fechando todo o
• Inspecionar visualmente antes de usá-las a fim de verificar se apresentam vão, estar travadas e nunca ultrapassar o
rachaduras, degraus soltos ou quebrados, cordas desajustadas e montantes andaime.
soltos.
• Ter base com sapatas.
• Trocá-las imediatamente após identificadas as avarias.
• Ter guarda-corpo de no mínimo 90 cm de
• Manusear sempre com luvas.
altura em todo o perímetro e vãos com no
• Limpar sempre a sola da botina antes de subir em uma escada. máximo 30 cm.
• No transporte em veículos, colocá-las e amarrá-las adequadamente nos • Ter tirantes (estais) a partir de 3 m e a cada
suportes, cuidando para não ultrapassar o limite do veículo. 5 m de altura.
• Antes de subir ou descer, exigir que um companheiro, ao pé da escada, a segure
(*ilustração fora de proporção)
firmemente. Somente liberá-lo após amarrar-se ou depois de descer dela.
• Ao subir ou descer, fazê-lo de frente para a escada. 5.2 AMBIENTES CONFINADOS

• Antes de iniciar o trabalho, certificar-se de que o cinto de segurança se encontra Os ambientes confinados apresentam pelo menos uma das seguintes
firmemente instalado e a escada amarrada no topo. características: deficiência ou excesso de oxigênio, presença de gases e vapores
nocivos à saúde ou à integridade física e acesso restrito. Além disso, não são
• Não sendo possível amarrar a escada, manter o colega, no pé da escada,
ambientes projetados para ocupação humana contínua.
segurando-a.
• Ao instalá-la, observar se o afastamento do pé da escada é aproximadamente Medidas preventivas para evitar acidentes em ambientes confinados:
¼ de seu tamanho.
• Treinar e orientar os trabalhadores quanto aos riscos a que estão submetidos,
• Instalar a escada usando o pé como apoio e a mão fechada por cima do degrau, as formas de preveni-los e o procedimento a ser adotado em situação de risco.
verificando o tamanho da extensão.
• Garantir que em cada grupo de 20 trabalhadores dois deles tenham recebido
• Ter cuidado ao atravessar uma via pública, quando a escada deverá ser treinamento para resgate.
conduzida paralelamente ao meio fio.
• Realizar a Análise Preliminar de Riscos (APR) antes de executar cada tarefa e
• Conservá-las com verniz ou óleo de linhaça. seguir os procedimentos padronizados.
• Realizar inspeção prévia e elaborar a ordem de serviço com os procedimentos
a serem adotados.
5.1.2 Utilização de andaimes tubulares
• Sinalizar com informação clara e permanente a realização de trabalhos no
Ao utilizar andaimes deve-se tomar algumas precauções: interior dos espaços confinados.
• Observar as distâncias de segurança, principalmente durante as operações de • Realizar avaliação prévia nos serviços em que se utilizem produtos químicos.
montagem e desmontagem. • Garantir monitoramento permanente de substâncias que causem asfixia,
explosão e intoxicação, realizado por trabalhador qualificado sob supervisão
de responsável técnico.

30 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 31


Algumas atividades industriais são reconhecidamente perigosas quanto aos
riscos de incêndios e explosões:

• indústrias de beneficiamento de produtos agrícolas;


• indústrias fabricantes de rações animais;
• indústrias alimentícias;
• indústrias metalúrgicas;
• indústrias farmacêuticas;
• indústrias plásticas;
• indústrias de beneficiamento de madeira; e
• indústrias do carvão.
Estas áreas são consideradas de alto risco porque existe elevada possibilidade
de ocorrência de explosões, devido a razões diversas, como desgaste ou
deterioração de equipamentos. Estes ambientes são classificados em função
de seu potencial explosivo conforme normas internacionais e, de acordo com a
classificação, exigem a instalação de equipamentos que atendam às exigências
nelas prescritas.

• Proibir o uso de oxigênio para ventilação, utilizando ventilação local exaustora Para diminuir o risco de uma explosão, pode-se adotar diversos métodos. Um
eficaz que elimine os contaminantes, e ventilação geral que garanta a deles é eliminar um dos elementos do quadrado do fogo (reação em cadeia, fonte
renovação contínua do ar. de ignição, material combustível ou comburente). Também pode-se optar por
uma das seguintes alternativas:
• Acondicionar adequadamente as substâncias tóxicas ou inflamáveis utilizadas
na aplicação de laminados, pisos, papéis de parede ou similares. • Contenção da explosão – Este é o único método que permite a explosão,
• Manter ao alcance dos trabalhadores ar mandado e equipamento autônomo garantindo que ela ocorra confinada num ambiente bem definido, sem
para resgate. propagar-se para a atmosfera do entorno.

• Providenciar a desgaseificação prévia antes da execução do trabalho no caso • Segregação – Método que permite separar ou isolar fisicamente as partes
de manutenção de tanque. elétricas ou as superfície quentes da mistura explosiva.

• Utilizar cordas ou cabos de segurança e armaduras para amarração que • Prevenção – Através deste método, limita-se a energia, seja térmica ou elétrica,
possibilitem meios seguros para resgates. a níveis não perigosos. A técnica de segurança intrínseca armazena energia
em circuitos elétricos tornando-os totalmente incapazes de produzir faíscas
5.3 ÁREAS CLASSIFICADAS elétricas, tanto em condições normais de operação quanto em situações de
falha. É a técnica de proteção mais empregada e também a mais efetiva, por
Áreas Classificadas são locais com risco de explosão. Os riscos de explosão impedir a geração de arcos voltaicos que possam causar a explosão.
ocorrem em ambientes com presença de gases, poeiras e fibras. Estas substâncias
são de alto risco quanto a incêndios e explosões.

32 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 33


5.3.1 Instalações elétricas em ambientes explosivos Pode-se afirmar que:

As instalações e os serviços de eletricidade devem ser projetados, executados, • O raio é um fenômeno da natureza absolutamente imprevisível, tanto em
operados, mantidos, reformados e ampliados de forma a permitir a adequada relação a suas características elétricas como em relação aos efeitos destruidores
distribuição de energia e isolamento e a correta proteção contra fugas de corrente, decorrentes de sua incidência sobre as instalações, as pessoas ou os animais.
curtos-circuitos, choques elétricos e outros riscos.
• Nada em termos práticos pode ser feito para impedir a “queda” de uma
descarga em uma determinada região. Assim sendo, as soluções aplicadas
5.3.2 Itens de segurança que devem ser observados nos locais com buscam tão-somente minimizar os efeitos destruidores a partir de instalações
ocorrência de gases inflamáveis e explosivos adequadas de captação e de condução segura da descarga para a terra.
• Tarefas de manutenção elétrica – Devem ser realizadas sob controle de • Normalmente, a nuvem funciona como placa negativa, o solo como placa
um supervisor, mediante permissão formal para o trabalho. A rede deve estar positiva e o ar como um isolante de baixo poder dielétrico, esse conjunto de
desenergizada, com chave de acionamento bloqueada, etiquetada e aterrada. fatores propicia condições favoráveis à ocorrência de raios.
Deve haver constante monitoramento da concentração dos gases.
5.4.1 Sobretensões transitórias
• Material utilizado em instalações elétricas – Peças, dispositivos,
equipamentos e sistemas devem ser certificados pelo Instituto Nacional de As sobretensões são elevações da tensão num curtíssimo período de tempo,
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO. provocadas por descargas atmosféricas ou manobras do sistema elétrico.
• Locais de instalação de transformadores e capacitores, painéis e Podem afetar as instalações elétricas de qualquer unidade consumidora, tendo
respectivos dispositivos de operação – Devem ser construídos e ancorados como efeitos danos diversos. Entre eles, citam-se a queima total ou parcial
de forma segura, que garanta boa ventilação e iluminação, ou projetados de equipamentos elétricos ou danos à própria instalação elétrica interna, às
e construídos com tecnologia adequada para operação em ambientes instalações telefônicas, além da redução da vida útil dos equipamentos.
confinados. Precisam de proteção e sinalização adequadas, indicando zona
As sobrecorrentes transitórias originadas de descargas atmosféricas podem
de perigo para alertar que o acesso é proibido a pessoas não-autorizadas.
ocorrer de dois modos:
Devem possuir extintores portáteis de incêndio adequados à classe de risco,
localizados na entrada ou em suas proximidades. Locais destinados a receber
instalações elétricas não devem ser utilizados para finalidades diversas do
projeto original.
• Aterramento – Devem ser aterradas as instalações, carcaças, invólucros,
blindagens ou peças condutoras que possam armazenar energia estática,
com possibilidade de gerar fagulhas ou centelhas. As malhas, os pontos
de aterramento e os para-raios devem ser revisados periodicamente, e os
resultados, registrados.

5.4 CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS

Deve-se considerar que todo trabalho em


equipamentos energizados só deve ser iniciado com boas
Descarga direta – Ocorre quando o raio atinge diretamente uma rede elétrica
condições meteorológicas. Assim, não é permitido realizar
ou telefônica. Neste caso, o raio tem um efeito devastador, gerando elevados
trabalhos sob chuva, neblina densa ou ventos. A presença de
valores de sobretensões nos diversos circuitos.
umidade reduz a rigidez dielétrica do ar, comprometendo
a capacidade de isolação do equipamento de proteção.

34 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 35


Descarga indireta – Também chamada de sobretensão induzida, ocorre Tem-se como principais componentes de um SPDA os terminais aéreos
quando uma descarga atinge a terra na distância de até um quilômetro da rede (conhecidos como para-raios), condutores de descida, terminais de aterramento,
elétrica e parte da energia do raio é transferida através de um acoplamento condutores de ligação equipotencial e supressores de surto (varistores, para-raios
eletromagnético com a rede. A grande maioria das sobretensões transitórias de de linha e centelha).
origem atmosférica que causam danos aos equipamentos é ocasionada pelas
descargas indiretas.

5.4.2 Medidas preventivas quanto a riscos de descargas atmosféricas

• Nunca procurar abrigo sob árvores ou construções isoladas sem sistemas de


proteção atmosférica adequados.
• Não entrar em rios, lagos ou piscinas, guardando uma distância segura deles. A
água de rios, lagos ou piscinas conduz corrente elétrica, o que não ocorre com
a água pura, mais tecnicamente chamada de água deionizada.
• Procurar abrigo em instalações seguras. Jamais ficar ao relento.
• Evitar tocar em qualquer equipamento ligado à rede elétrica.
• Evitar locais como topos de morros, topos de prédios, proximidade de cercas
de arame, torres, linhas telefônicas e linhas aéreas.

5.4.3 Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) –


NBR-5419

As medidas utilizadas para minimizar as consequências das descargas


atmosféricas têm como princípio a criação de caminhos de baixa resistência a
terra, para escoar as correntes elétricas dos raios.

Toda empresa deve possuir um Sistema de Proteção contra Descargas Elétricas


Atmosféricas (SPDA) que leve em consideração o que determina a NBR-5419,
estando definido em um projeto, conforme especifica o item 10.2.4, alínea “b”, da
NR 10, e assinado por profissional legalmente habilitado, de acordo com o item
10.2.7.

O projeto SPDA, nas empresas, faz parte do Programa de Prevenção e Combate


a Incêndios (PPCI), e deve ser executado e mantido nas condições de projeto, uma
vez que ele é considerado uma proteção coletiva.

A NBR-5419/2005 estipula que o valor da resistência da malha de aterramento


deve ser inferior a 10 Ohms.

36 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 37


6 EFEITOS DA CORRENTE ELÉTRICA NO CORPO HUMANO

O choque elétrico acarreta umconjunto de efeitos patológicos e fisiológicos


que se manifestam no organismo humano pela passagem da corrente elétrica,
tornando o corpo parte de um circuito energizado.

Toda corrente elétrica aplicada diretamente ao coração é fatal, a menos que


esta aplicação seja feita de modo controlado, como no caso do uso de desfibrilador.

Lembramos que correntes alternadas a partir de 0,03 A


(30 mA) e com tempo igual ou superior a 200
milissegundos já podem causar a fibrilação ventricular
do coração.

Fatores que influenciam a intensidade dos efeitos patológicos e fisiológicos do


choque elétrico no corpo humano:

• valor da tensão elétrica;


• área de contato;
• umidade de contato;
• percurso e espraiamento da corrente elétrica pelo corpo humano;
• características da corrente elétrica (valor da intensidade da corrente elétrica,
tempo de duração da corrente elétrica e frequência da corrente elétrica);
• resistência elétrica do corpo humano (condições da pele do indivíduo,
constituição física do indivíduo e estado de saúde do indivíduo);
• sexo – feminino ou masculino.

6.1 EFEITOS DOS CHOQUES ELÉTRICOS EM FUNÇÃO DO PERCURSO E


ESPRAIAMENTO DA CORRENTE ELÉTRICA PELO CORPO HUMANO

O valor da corrente elétrica não depende somente do nível da diferença de


potencial do choque; para uma mesma tensão, a corrente dependerá do estado
da pele.

Os efeitos térmicos são mais intensos nas regiões de alta intensidade de


corrente, podendo produzir queimaduras de alto risco. A concentração de energia
elétrica numa determinada área corporal determina o potencial de risco em
função da densidade de corrente. A densidade da corrente aumenta nas partes
do corpo com menor área, potencializando efeitos térmicos e ampliando riscos de
queimaduras. Nas regiões com maior área a densidade é menor, como no tórax,
onde reduz efeitos de fibrilação no coração.

NR10 a distância - Reciclagem 39


A corrente entra pela pele, invade o corpo e sai novamente pela pele. Ou seja, 6.2 EFEITOS DOS CHOQUES ELÉTRICOS EM FUNÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS
o corpo humano está em toda a sua resistência no percurso da resistência elétrica DA CORRENTE ELÉTRICA
da pele humana. Qualquer pessoa, ao encostar-se em um local energizado ou em
um equipamento elétrico com defeito em sua isolação, estará sujeita ao choque A gravidade do choque elétrico está vinculada às características da corrente.
elétrico.
» Corrente contínua (CC) – A fibrilação ventricular só ocorrerá se a corrente
Os pontos de contato do acidentado quando ocorre o choque elétrico definem contínua for aplicada durante um instante curto específico e vulnerável do ciclo
o percurso da corrente elétrica pelo corpo humano, que influencia na gravidade cardíaco.
dos efeitos do choque elétrico no acidente.
Tecnicamente não é possível prever este instante
6.1.1 Percursos da corrente elétrica no corpo humano vulnerável, pois trata-se de uma característica particular
de cada pessoa.

» Corrente alternada (CA) – Entre 20 e 100 Hertz. Estas correntes são as que
oferecem maior risco, especificamente as de 60 Hertz, normalmente usadas nos
sistemas de fornecimento de energia elétrica, uma vez que elas se situam próximas
à frequência dos batimentos cardíacos, na qual a possibilidade de ocorrência da
fibrilação ventricular é maior. Para correntes alternadas de frequências elevadas,
acima de 2000 Hz, as possibilidades de ocorrência de choque elétrico são
A B C D E pequenas; contudo, ocorrerão queimaduras; devido à corrente tender a circular
pela parte externa do corpo, ao invés da interna.
O quadro apresenta os prováveis locais por onde poderá se dar o contato
elétrico, o percurso da corrente elétrica e a porcentagem de corrente que passa 6.2.1 Reações fisiológicas
pelo coração.
Quadro 2: Reações fisiológicas habituais ao choque elétrico conforme a
Quadro 1: Percursos da corrente elétrica no corpo humano intensidade de corrente estão descritas a seguir:
% da corrente que Faixa de corrente Reações fisiológicas habituais
Local de entrada Percurso Tipo de Contato
passa pelo coração
0,1 a 0,5 mA leve percepção superficial; habitualmente nenhum
Figura A da cabeça para o pé direito 9,7% toque efeito.

Figura B da mão direita para o pé 7,9% toque 0,5 a 10mA ligeira paralisia nos músculos do braço, com início de
esquerdo tetanização; habitualmente nenhum efeito perigoso.
Figura C da mão direita para a mão 1,8% toque 10 a 30mA nenhum efeito perigoso se houver interrupção em, no
esquerda máximo, 5 s;
Figura D da cabeça para a mão 1,8% toque
30 a 500mA paralisia estendida aos músculos do tórax, com sensa-
esquerda
ção de falta de ar e tontura; possibilidade de fibrilação
Figura E do pé direito para o pé Menor que 1,8% passo ventricular se a descarga elétrica se manifestar na fase
esquerdo crítica do ciclo cardíaco e por tempo superior a 200 ms.
Fonte: Kiendermann, 2000, p. 203. Acima de 500mA traumas cardíacos persistentes. nesse caso, o efeito
é letal, salvo intervenção imediata de pessoal
especializado com equipamento adequado.
Fonte: Documento IEC 479.

40 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 41


6.3 EFEITOS DE CHOQUES ELÉTRICOS EM FUNÇÃO DO TEMPO DE CONTATO 6.4 EFEITOS DOS CHOQUES ELÉTRICOS EM FUNÇÃO DA RESISTÊNCIA
E DA INTENSIDADE DE CORRENTE ELÉTRICA DO CORPO HUMANO

A relação entre o tempo de contato e a intensidade de corrente é um agravante A intensidade da corrente elétrica que circula pelo corpo da vítima de um
dos acidentes por choque elétrico. A Norma NBR-6533, da ABNT, define cinco choque depende da resistência elétrica do próprio corpo e de qualquer resistência
zonas de efeitos para correntes alternadas de 15 a 100 Hz (Hertz), admitindo a adicional entre a vítima e dois pontos com diferenças de potencial. A resistência
circulação entre as extremidades do corpo em pessoas com 50 kg de peso. que o corpo humano oferece à passagem da corrente é quase exclusivamente
devida à camada externa da pele.
Embora o Gráfico 1, a seguir, não feche 100% com os dados da Tabela 1
(Percursos da corrente elétrica no corpo humano), deve-se levar em consideração Pode-se entender que a pele funciona como uma cobertura isolante, uma vez
que: que é constituída por células mortas. Se estiver úmida ou com lesões, é possível
fazer uma comparação com um condutor que apresenta rachaduras e avarias na
• A Tabela 1 trata de uma constatação fisiológica, e o Gráfico 1 apresenta um
capa isolante, permitindo a passagem de corrente elétrica. A parte interna do
padrão normalizado.
corpo humano, sangue, artérias e músculos são condutores.
• Na interpretação da Tabela 1 percebe-se que as reações ocorrem, caso a
corrente elétrica não seja desligada, em no máximo 200 milisegundos (ms). No As diferenças da resistência elétrica apresentadas pela pele seca ou molhada
Gráfico 1 é demonstrado o efeito final da corrente, conforme o tempo. à passagem da corrente são grandes, podendo influir significativamente nos
efeitos do choque elétrico. Isso é tecnicamente comprovado pela Lei de Ohm,
• Sendo o Gráfico 1 um padrão normatizado, deve-se levar em consideração
que relaciona Intensidade da corrente elétrica (I), Tensão (U) e Resistência (R).
as interferências externas, tais como: condições da pele, da saúde, condições
atmosféricas e pontos de contato, entre outros.
6.5 DESCRIÇÃO DOS EFEITOS DE UM CHOQUE ELÉTRICO NO CORPO
HUMANO
Gráfico 1: Efeitos de choques elétricos versus Tempo de contato e intensidade
de corrente Os efeitos da passagem de corrente elétrica no corpo humano, provocada por
um choque elétrico, são bastante complexos e envolvem efeitos físicos, químicos
e biológicos. Com bastante frequência os efeitos de um choque elétrico se tornam
fatais. Mesmo quando a vítima sobrevive, ela corre riscos graves em função das
patologias que derivam do acidente.

Efeitos físicos são provocados por energia térmica e força eletromagnética,


tais como:

• elevação da temperatura dos órgãos do corpo humano devido ao aquecimento


produzido pela corrente elétrica do choque (Efeito Joule);
• necrose – resultado de queimaduras profundas produzidas no tecido.
Efeitos químicos são provocados por alterações eletrolíticas causadas
pelo efeito de eletrólise no sangue. Este efeito pode ocasionar mudança da
concentração de sais minerais, produzindo desequilíbrio, e aglutinação de sais,
Zona 1 – habitualmente nenhuma reação.
gerando o mau funcionamento de outros elementos, além de provocar coágulos
Zona 2 – habitualmente nenhum efeito patofisiológico perigoso. no sangue que crescem ou se aglutinam com outros, provocando trombose nas
Zona 3 – habitualmente nenhum risco de fibrilação. artérias, veias e vasos.
Zona 4 – fibrilação possível (probabilidade de até 50%).
Zona 5 – risco de fibrilação (probabilidade superior a 50%).
Fonte: Documento IEC 479.

42 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 43


Efeitos biológicos são provocados por contraturas musculares (incluindo o
músculo cardíaco) e alterações neurológicas, resultando nos eventos que seguem.
7 PATOLOGIAS OCASIONADAS POR CHOQUE ELÉTRICO

• Parada respiratória: inibição dos centros nervosos, inclusive dos que comandam Em geral, os fenômenos patológicos críticos são: tetanização, parada
a respiração. respiratória, queimadura e fibrilação ventricular. Neste material destaca-se:
• Parada cardíaca: é a falta total de funcionamento do coração, quando o sangue
não é mais bombeado, a pressão cai a zero e a pessoa perde os sentidos. Fibrilação ventricular – Se a corrente atingir o músculo cardíaco, poderá
As fibras musculares estão inativas, interrompendo o batimento cardíaco. perturbar seu funcionamento regular, provocando contrações extremamente
Despolarização das fibras cardíacas. rápida das fibrilas, que são pequenas fibras musculares. Os impulsos periódicos,
que em condições normais regulam as contrações (sístole) e as expansões
• Perturbação do sistema nervoso e prolapso: o corpo sofre uma convulsão, os (diástole), são alterados: o coração vibra desordenadamente (em termos técnicos,
músculos contraem-se, o sangue dilata-se e ocorre um distúrbio nos sistemas “perde o passo”). A fibrilação é um fenômeno que se mantém mesmo quando
neurotransmissores capaz de produzir o prolapso de qualquer órgão, com o cessa a corrente, e só pode ser anulada mediante o emprego de um equipamento
deslocamento dos músculos e órgãos internos de sua devida posição. chamado desfibrilador.
• Comprometimento de outros órgãos, como: rins, cérebro, vasos, órgãos
Queimaduras – Quando uma corrente elétrica passa através de uma
genitais e reprodutores.
resistência elétrica, é liberada uma energia calorífica. Este fenômeno é
• Tetanização: rigidez dos músculos do corpo humano. denominado Efeito Joule.
• Descontrole geral, gerado em função da superposição da corrente do choque
O calor liberado provoca diversos efeitos e sintomas:
com as correntes neurotransmissoras que comandam o organismo humano.
• queimaduras de 1º, 2º, 3º ou 4° graus no corpo;
Importante: Muitos órgãos aparentemente sadios só vão
apresentar sintomas decorrentes dos efeitos da corrente de
choque muitos dias ou meses após, apresentando sequelas
que, muitas vezes, não são relacionadas com o choque
devido ao espaço de tempo decorrido desde o acidente.

• aquecimento do sangue, com sua consequente dilatação;


• aquecimento que pode provocar o derretimento dos ossos e cartilagens;
• queima das terminações nervosas e sensoriais da região atingida;
• queima das camadas adiposas ao longo da derme, que se tornam gelatinosas.

44 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 45


As queimaduras também provocam a liberação de uma substância
encontrada nos músculos denominada mioglobulina, que se deposita sobre os
rins ocasionando danos renais.

O choque de alta tensão possui pouco poder de penetração, tendendo a


passar pela superfície do corpo humano.

7.1 PREVENÇÃO CONTRA EFEITOS TÉRMICOS E QUEIMADURAS

Os componentes fixos de uma instalação elétrica, os materiais próximos a ela


e as pessoas devem ser protegidos contra os efeitos prejudiciais do calor ou da
irradiação térmica produzidos pelos equipamentos elétricos. Estes efeitos são:

• riscos de queimaduras;
• prejuízos no funcionamento seguro de componentes da instalação;
• combustão ou deterioração de materiais.
As partes acessíveis de equipamentos elétricos, situadas na zona de alcance
normal, não devem atingir temperaturas que possam causar queimaduras em
pessoas e devem atender aos limites de temperaturas determinados pela NBR
-14039 – Instalações Elétricas de Média Tensão, sendo protegidas de qualquer
contato acidental.

46 NR10 a distância - Reciclagem


Unidade de Estudo 2

UE2 Medidas de controle


de risco

Na Unidade de Estudo 2 - Medidas de Controle de


Risco, você aprenderá sobre a seleção e a utilização
de medidas de controle em função dos riscos. Serão
abordadas diversas possibilidades de proteção contra
choques elétricos, seja no planejamento e execução
de instalações ou nos procedimentos adotados na
manutenção dos sistemas de energia.

NR10 a distância
r e c i c l a g e m
1 DESENERGIZAÇÃO

Trata-se de um procedimento com o objetivo de proporcionar segurança


pessoal aos trabalhadores envolvidos diretamente em sistemas elétricos, bem
como de outras pessoas que estejam nas proximidades destes sistemas.

Não se deve confundir um circuito desligado com um circuito desenergizado.


Conforme o item 10.5.1 da NR10.

Somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas liberadas


para trabalho mediante os procedimentos apropriados, obedecendo a sequência
abaixo:

a) Seccionamento – É a ação de desligar a


alimentação do circuito ou do equipamento.
Sempre que possível tecnicamente, deve-se
promover o corte visível, com afastamentos
adequados dos elementos. Exemplo disso são
os equipamentos que operam com bateria,
desconectados da rede elétrica.

b) Impedimento de reenergização – É a
instalação de travamento mecânico por meio de
cadeado, lacre, extração dos disjuntores etc. Essas ações
impedem o religamento acidental ou intencional por alguém não advertido,
ou seja, que não recebeu as informações adequadas sobre a condição de
impedimento.

c) Constatação da ausência de tensão – É o ato em que se confere, através


de instrumentos apropriados, o efetivo desligamento da energia elétrica.

d) Instalação de aterramento temporário – Consiste em interligar (curto-


circuitar) os condutores e conectá-los a uma ponte de aterramento, que pode ser
uma malha de terra existente ou uma haste provisória. Para esta tarefa, deve-se
utilizar dispositivos (equipamentos) apropriados ao nível de tensão do circuito.

Para a instalação do aterramento temporário, deve-se seguir


um procedimento técnico já existente.

NR10 a distância - Reciclagem 49


e) Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada
– Significa a colocação de barreiras, obstáculos, invólucros nos elementos que
2 TIPOS DE ATERRAMENTO

permanecem energizados dentro da zona controlada. Esta etapa visa proteger o


trabalhador contra possíveis contatos acidentais com estes pontos energizados. A Norma determina cinco modelos de aterramento para baixa tensão e mais
seis tipos para média tensão.
f) Sinalização de impedimento de reenergização – Esta etapa trata da
utilização de placas ou etiquetas com avisos, tais como: “Homens trabalhando no 2.1 Aterramento funcional
equipamento” ou “Não ligue esta chave”. Estas mensagens servem para alertar
para que não manobrem o equipamento. Aterramento funcional é o aterramento que visa ao funcionamento correto,
seguro e confiável da instalação. Consiste na ligação do neutro a terra. Promove
o melhor desempenho das proteções e a devida equalização das tensões nos
Instalações elétricas desligadas, mas com possibilidade circuitos.
de serem energizadas, passam a ser tratadas como
“instalações elétricas energizadas”. Item 10.5.4 da NR10. 2.2 Aterramento de proteção

A prioridade de um aterramento de proteção é proteger o usuário, e em


segundo plano encontra-se a proteção do equipamento, mas é ideal que o
aterramento atue nas duas situações.

O objetivo deste aterramento é proporcionar para a corrente elétrica um


caminho de menor resistência e baixa impedância para o solo, evitando que a
corrente utilize o corpo humano como condutor.

Mesmo estando o equipamento aterrado, isso não elimina o risco de


choque; diminui a probabilidade de sua ocorrência e, caso ocorra, os efeitos e as
consequências são minimizados.

2.3 ESQUEMAS DE ATERRAMENTO

Os esquemas de aterramento e o valor da resistência de aterramento devem


satisfazer os requisitos referentes às prescrições de segurança das pessoas e
da funcionalidade da instalação. Os aterramentos por razões combinadas de
proteção e funcionais para baixa e média tensão são descritos a seguir.

A) Esquema de ligação de aterramento em baixa tensão

A NR10 menciona os tipos de esquemas para baixa tensão, porém não define
qual modelo deve ser usado. Para isso, é necessário que o profissional qualificado
e habilitado o faça. É competência da NBR apresentar informações técnicas para
a escolha do modelo adequado e informar a maneira correta de sua execução e
montagem.

50 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 51


Os modelos de aterramento são: • TN-C – Terra e Neutro combinados – Neste esquema há um único condutor
exercendo a função de Neutro e de Terra ao mesmo tempo, em toda a
• TN-S – Terra e Neutro separados – Neste caso, tem-se em toda a instalação um instalação.
condutor neutro e um condutor terra separados, cada qual com uma função.
L1
L1
L2
L2

L3
L3

PEN
N

PE

Aterramento de Massas Aterramento de Massas


alimentação alimentação

• TN-C-S – Terra e Neutro combinados e depois separados – Neste esquema • TT – Dois ou mais pontos de aterramento – Neste esquema tem-se um ponto de
de aterramento tem-se um único condutor com duas funções, Neutro e Terra Terra para a alimentação e um ou mais pontos de Terra para os equipamentos da
ao mesmo tempo. Após uma determinada parte da instalação, o condutor é instalação, separados. Pode-se citar como exemplo uma condição residencial,
separado em dois, e cada um terá uma função distinta. Uma vez separados, em que há um aterramento na medição e outro junto à edificação (residência),
não há como uni-los novamente. sendo este aterramento no chuveiro elétrico, no computador, na secadora de
roupas etc.
L1
L1
L2
L2
L3
L3
PEN
N

PE

Aterramento de Massas
alimentação Aterramento de Massas
alimentação

52 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 53


• A primeira letra refere-se à condição da alimentação.
• IT – Impedância no Aterramento – Este esquema de aterramento utiliza uma
impedância (Z) no condutor de aterramento da alimentação (Neutro), com o T = um ponto de alimentação (geralmente o neutro) diretamente aterrado.
propósito de isolar parcialmente ou reduzir a corrente presumida no Neutro. É
I = isolação de todas as partes vivas em relação à terra ou aterramento de um
utilizado quando não se deseja a interrupção imediata da alimentação diante
ponto através de uma impedância.
de uma pequena falta.
As massas da instalação devem ter seu próprio aterramento distinto.
L1

L2

L3

Impedância
• A segunda letra refere-se à situação das massas da instalação elétrica.
T = massas diretamente aterradas, independentemente do aterramento
eventual de ponto de alimentação.
PE
N = massas ligadas diretamente ao ponto de alimentação aterrado (em
corrente alternada, o ponto aterrado é normalmente o neutro).
Aterramento de Massas
alimentação

B) Esquema de ligação de aterramento em média tensão

Conforme a NBR-14039/2005, as massas devem ser ligadas a condutores


de proteção para cada esquema de aterramento. A norma destaca, ainda,
que massas simultaneamente acessíveis devem ser ligadas à mesma rede de
aterramento individualmente, por grupo ou coletivamente. Isso significa que, se
equipamentos diferentes podem ser tocados, ao mesmo tempo, por uma única
pessoa, devem estar aterrados ao mesmo ponto, pois deste modo se tem melhor
equipotencialização, minimizando, assim, uma possível diferença de potencial.

Para a média tensão, a NR10 estabelece a obrigatoriedade do sistema de • A terceira letra refere-se à condição de ligações eventuais com as massas da
aterramento mencionando os tipos possíveis. Compete ao profissional habilitado alimentação.
e autorizado definir qual esquema pode ser adotado.

A seguir, observe-se a sequência ilustrativa a cada novo código das letras.

54 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 55


R = as massas do ponto de alimentação estão ligadas simultaneamente ao 2.5 TRATAMENTO QUÍMICO DE SOLO PARA ATERRAMENTO
aterramento do Neutro da instalação e às massas da instalação.
Existem situações em que o solo fica saturado em função de sua resistividade
N = as massas do ponto de alimentação estão ligadas diretamente ao elevada. Sendo assim, a solução para este caso é o tratamento químico do solo.
aterramento do Neutro da instalação, mas não estão ligadas às massas da
instalação. O tratamento indicado é com um gel a base de benzonita, sulfato de cobre e
gesso. Este produto é encontrado no comércio e tem vida longa, retém umidade
S = as massas do ponto de alimentação estão ligadas a um aterramento e não se dissolve, em média, antes dos cinco anos de garantia.
eletricamente separado daquele do Neutro e daquele das massas da instalação.

Lembre-se de que a NR10 exige inspeções no aterramento


conforme prazos estabelecidos pelas NBRs 5410 ou 14039.

situação final: Sistema TNR

situação final: Sistema ITN


2.4 RESISTÊNCIA DE ATERRAMENTO

Para especificar e planejar a forma de aterramento, é importante considerar as


condições ambientais (clima chuvoso ou seco), o tipo de solo, o tipo de condutor
e a resistência de contato.

A resistência de aterramento é verificada através da relação entre a medida


de corrente e a queda de tensão provocada por ela: uma resistência ôhmica de
aterramento de baixo valor adequada às exigências da instalação é fundamental
para garantir a segurança.

A quantidade e o tipo de eletrodos utilizados são determinados a partir de um


cálculo de resistência de aterramento, que considera a resistividade do solo. Para
que se consiga o valor desejado, conforme a ABNT, a NBR 5419:2005 estipula que
o valor da resistência de aterramento deve ser inferior a 10 Ω (Ohm) em qualquer
época do ano.

56 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 57


3 EQUIPOTENCIALIZAÇÃO

É um conjunto de medidas para a interligação de elementos especificados,


que serve para minimizar a diferença de potencial entre partes metálicas de uma
estrutura (edificação) que não pertence ao circuito elétrico.

A ligação equipotencial interliga todas as estruturas com o terminal de


aterramento. Essa interligação das massas e partes condutoras da estrutura entre
si tende a neutralizar o risco de choque. Ela se dá através do barreamento de
equipotencialização principal – BEP.

Para garantir condições adequadas de equipotencialização, devem ser


convenientemente interligadas formando um único aterramento:

• o condutor neutro e o de proteção na origem da instalação;


• o sistema de proteção contra descargas atmosféricas – SPDA;
• a estrutura das antenas de TV;
• todas as massas metálicas de uma edificação: armadura de concreto, ferragens
estruturais, grades, guarda-corpos, corrimões, portões, bases de antenas e
carcaças metálicas dos equipamentos elétricos;
• todas as tubulações metálicas da edificação (rede de hidrantes e eletrodutos,
água, gás, esgoto, ar condicionado, ar comprimido e vapor), blindagens,
armações, coberturas e capas metálicas de cabos das linhas de energia e sinal,
condutores de proteção principal, aterramentos e neutro;
• os quadros e armários: quadro de distribuição principal de energia;
• QGBT, do DG de telefonia e da rede de comunicação de dados.
A falta de equipotencialização em aterramentos da mesma instalação ocorre no
caso de descontinuidade ou rompimento de um condutor de equipotencialização,
que pode gerar uma diferença de potencial das partes metálicas do equipamento
em relação ao aterramento ou em relação a outros equipamentos da instalação.

Os principais problemas decorrentes da falta de equipotencialização são os


riscos de choque elétrico, além das possibilidades de danos em equipamentos
de tecnologia da informação e similares que necessitem de interligações para
intercâmbio de dados e em equipamentos eletrônicos suscetíveis às interferências
e perturbações eletromagnéticas.

NR10 a distância - Reciclagem 59


4 SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO DA ALIMENTAÇÃO

O princípio do seccionamento automático diz que um dispositivo de proteção


deve seccionar (desligar) automaticamente a alimentação do circuito toda vez
que uma falta (falha, defeito) entre partes vivas e massa originar uma tensão de
contato perigosa.

As massas devem ser ligadas a condutores de proteção, compondo uma rede


de aterramento.

Como dispositivos de proteção pode-se citar: disjuntores, fusíveis, Dispositivos


Residuais (DR) etc.

Lembre-se de que na NBR 5410-2004 existem as tabelas com


os “Tempos de Seccionamento Máximos” que devem ser
seguidos na hora da seleção do dispositivo. Esses tempos
levam em consideração o esquema de aterramento adotado.

NR10 a distância - Reciclagem 61


5 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO À CORRENTE
DIFERENCIAL RESIDUAL – DR

O princípio básico de um DR é o de comparar, por soma vetorial, através


de um núcleo toroidal, a(s) corrente(s) que entra(m) em um circuito com a
corrente que dele sai. Enquanto estas correntes estiverem equilibradas, a soma
vetorial será nula e o DR permanecerá ligado; caso ocorra uma fuga de corrente,
independentemente do meio ou motivo, a soma vetorial não será mais nula e o
DR desligará automaticamente.

Conforme esta NR, a função prioritária de um DR é a proteção do usuário, sendo


que para isso é necessário o uso deste equipamento com corrente diferencial
residual de 30 mA com disparo em 200 milisegundos (ms) tornou-se obrigatório.

Prestando atenção, este parâmetro é o ponto de partida


onde existe um risco de ocorrer fibrilação.

A NR10 traz como obrigatório o uso do DR nos seguintes casos:

• circuito de banheiros e chuveiros;


• circuitos que alimentem tomadas situadas na área externa à edificação ou na
área interna, mas que possam ligar equipamentos na área externa, a exemplo
da tomada interna para ligar a máquina de cortar grama ou outro equipamento;
• circuitos de tomadas da cozinha, copas, lavanderias, áreas de serviço, garagem,
no geral todo o local interno molhado em uso normal ou sujeito a lavagens.

Lembre-se da compatibilidade do DR com o esquema de


aterramento adotado, pois o condutor neutro jamais poderá
ser aterrado ou ser utilizado como aterramento após passar
pelo DR. Neste caso, pode haver fuga natural de corrente
neste Neutro e o DR entenderá como defeito e desarmará o
circuito.

Outro detalhe é que o DR atua somente em caso de fuga de corrente, e não em


sobretensões ou curto-circuitos, situações em que se deve utilizar o equipamento
apropriado (disjuntor, por exemplo).

NR10 a distância - Reciclagem 63


Os DRs podem ser classificados por: 6 EMPREGO DE TENSÃO DE SEGURANÇA

Modo de funcionamento
A Tensão de Segurança, também conhecida como Extra Baixa Tensão, é aquela
• Com fonte auxiliar – Sua alimentação será independente; com valor máximo de 50 VCA (Volts em Corrente Alternada) ou 120 VCC (Volts em
Corrente Contínua).
• sem fonte auxiliar – O DR é alimentado pelos próprios condutores a ele
conectados. Muitas ferramentas manuais podem ser encontradas para tensões de 24 V
Número dos polos utilizadas em condições de trabalho desfavoráveis, como trabalho em ambientes
úmidos, espaços confinados. Podem-se citar furadeiras, parafusadeiras, máquinas
• Bipolar – Pode ser utilizado nas instalações ou circuitos com fase/ neutro ou de solda etc.
fase/fase;
Do ponto de vista da segurança, este método é excelente, pois o fator de
• Tetrapolar – Para uso nas condições trifásicas com ou sem neutro, bifásica com segurança é multiplicado por três, ou seja, a isolação funcional, a isolação do
neutro, e até mesmo para situações a dois condutores. É importante consultar sistema, no caso de transformadores, e a redução da tensão.
o fabricante nos casos em que sobram contatos ou sem neutro, para a correta
ligação do DR, pois as maneiras mudam de acordo com o fabricante. Há critérios que devem ser observados quanto ao uso do Emprego de Tensão
de Segurança. São eles:
Alta sensibilidade – Os DRs de 30 mA são destinados à proteção do usuário.
• Não aterrar o circuito de Extra Baixa Tensão.
Baixa sensibilidade – DR com valores entre 100 e 500 mA têm por objetivo • Não fazer ligações condutoras com circuitos de maior tensão.
proteger o equipamento, principalmente quando em ambientes úmidos ou em
• Não dispor os condutores de um circuito de Extra Baixa Tensão em locais que
áreas classificadas.
contenham condutores de tensões mais elevadas.
Na prática, podem-se considerar algumas desvantagens no emprego deste
método de proteção, como a necessidade de instalação elétrica de baixa tensão,
grandes secções transversais para os condutores de fornecimento da baixa tensão
e a exigência frequente de construir equipamentos de dimensões relativamente
grandes, quando comparados com equipamentos que utilizam tensões mais altas
para seu funcionamento.

64 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 65


7 PROTEÇÃO POR BARREIRAS, INVÓLUCROS OU
POR OBSTÁCULOS E ANTEPAROS

A proteção contra o contato com as partes vivas da instalação elétrica pode ser
por meio de barreiras ou invólucros.

• Barreiras – São dispositivos que impedem qualquer tipo de contato, sendo ele
acidental ou intencional, com as partes energizadas das instalações elétricas.
Tem-se o exemplo o espelho interno de um Centro de Distribuição (CD), a
cujos barramentos só ocorre o acesso com sua remoção.
• Invólucros – São envoltórios de partes energizadas destinados a impedir
qualquer tipo de contato com as partes energizadas das instalações elétricas.
Neste caso, pode-se usar como exemplo as calhas de proteção dos Bass-Waes.
• Obstáculos e anteparos – São elementos que impedem o contato acidental,
mas não o contato direto (intencional) por ação deliberada. Citam-se os
exemplos de corrimão e tela de proteção.

Tanto as barreiras quanto os invólucros devem ser fixados de


forma segura, possuir robustez e durabilidade suficiente para
manter os graus de proteção, além de acrescentar separação
apropriada das partes vivas.

NR10 a distância - Reciclagem 67


8 PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS

As medidas de proteção contra choques estão fundamentadas na garantia de


que partes vivas perigosas não sejam acessíveis e que massas ou partes condutivas
acessíveis não ofereçam perigo, tanto em condições normais como em situações
de risco decorrentes de alguma falha. Esta garantia é assegurada por proteção
básica e supletiva, aplicada de forma combinada ou simultânea.

O isolamento elétrico consiste em que as partes vivas da instalação elétrica


seja completamente recobertas por uma isolação que só poderá ser removida
através de sua destruição. Esta condição é destinada a impedir todo e qualquer
contato com as partes vivas (energizadas) de instalação elétrica.

Esta isolação pode ser dupla ou reforçada, tendo como finalidade propiciar
uma dupla linha de defesa contra contatos indiretos.

8.1 Isolação DUPLA

Este método tem como finalidade propiciar uma dupla linha de defesa contra
contatos indiretos. A isolação dupla é constituída por proteção básica, isolação
básica, proteção supletiva, isolação suplementar e dupla isolação.

8.1.1 Proteção básica

Meio destinado a impedir o contato com partes vivas perigosas em condições


normais. A proteção básica pode ser parcial ou completa. Exemplo de proteção
completa é a isolação básica, uso de barreiras ou invólucros e a limitação de
tensão, e exemplo de proteção parcial é o uso de obstáculos ou colocação fora
de alcance.

Para a proteção básica podem ser aplicadas como medidas de proteção:


• isolação básica ou separação básica;
• uso de barreiras ou invólucro; e
• limitação de tensão.

8.1.2 Isolação básica

É a isolação aplicada às partes vivas, destinada a assegurar proteção básica


contra choques. Como exemplo cita-se a capa protetora de um condutor comum
(PVC 70ºC).

NR10 a distância - Reciclagem 69


8.1.3 Proteção supletiva 8.2 Isolação reforçada

Meio destinado a proteger contra choques elétricos quando massas ou partes É um tipo de isolação única para as partes vivas que assegura um grau de
condutoras acessíveis se tornam acidentalmente vivas. proteção contra choques elétricos equivalentes ao da dupla isolação.

A proteção supletiva pode ser exemplificada por equipotencialização e O fato de esta isolação ter o nome de única não quer dizer que há uma única
seccionamento automático da alimentação, onde o seccionamento é feito pelo camada de isolante; pode ser constituída por mais de uma camada, mas elas não
uso de disjuntor ou fusíveis ou uso de dispositivo DR (proteção quando as massas podem ser testadas (ensaiadas) separadamente. Um exemplo desta isolação são
ou partes condutoras acessíveis se tornam acidentalmente vivas). os condutores conhecidos por plasti-chumbo, ou ainda os cabos PP.

Para a proteção supletiva podem ser aplicadas como medidas de proteção:


8.3 Proteção Adicional
• equipotencialização e seccionamento automático da alimentação;
A proteção adicional é constituída pelos meios ou métodos que devem ser
• isolação suplementar; e adotados com a finalidade de garantir proteção contra choques elétricos em
• separação elétrica. situação de maior risco. Isso ocorre quando as isolações anteriormente estudadas
(isolação básica, suplementar, reforçada) não são suficientes para assegurar esta
Um exemplo de medida de proteção que atende os dois tipos de proteção - condição.
básica e supletiva - é a separação elétrica individual, que deve ser assegurada por
três condições:

• separação entre o circuito objeto de medida e qualquer outro circuito;


• isolação básica entre o circuito separado e a terra; e
• limitação de carga alimentada pelo circuito separado a um único equipamento.

8.1.4 Isolação suplementar

É uma isolação independente e adicional usada


sobre a isolação básica com a finalidade de garantir
proteção contra choques elétricos caso ocorra uma falha
de isolação básica, isto é, assegurar proteção supletiva.

8.1.5 Dupla isolação

Alguns eletrodomésticos e ferramentas elétricas


portáteis, tais como furadeiras, lixadeiras e multímetros, entre outros, utilizam
sistema de isolação dupla. Para estes casos, usa-se a identificação do símbolo de
dois quadrados com tamanhos diferentes e um dentro do outro. Esta simbologia
é normalizada internacionalmente.

70 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 71


9 PROTEÇÃO PARCIAL POR COLOCAÇÃO
FORA DO ALCANCE
A proteção parcial por colocação fora de alcance é realizada por intermédio
de afastamento físico ou pelo uso de obstáculo para a prevenção de contatos
involuntários com as partes vivas.

9.1 Distanciamento de Segurança


Distâncias mínimas, definidas como zonas de risco, zona controlada e zona
livre, que garantem a segurança em instalações e serviços de eletricidade.
Todos os trabalhadores que intervêm em instalações elétricas energizadas e
exercem suas atividades dentro dos limites estabelecidos como “zona controlada
e zona de risco”, conforme o Anexo II da NR10, devem conhecer e respeitar os
distanciamentos definidos para preservar sua saúde e segurança.

9.1.1 Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco,


controlada e livre
Faixa de tensão nominal da Rr – raio de delimitação entre Rc – raio de delimitação entre
instalação elétrica em kV zona de risco e controlada em zona controlada e livre em
metros metros
<1 0,20 0,70
≥1e<3 0,22 1,22
≥3e<6 0,25 1,25
≥ 6 e < 10 0,35 1,35
≥ 10 e < 15 0,38 1,38
≥ 15 e < 20 0,40 1,40
≥20 e < 30 0,56 1,56
≥ 30 e < 36 0,58 1,58
≥ 36 e < 45 0,63 1,63
≥ 45 e < 60 0,83 1,83
≥ 60 e < 70 0,90 1,90
≥ 70 e < 110 1,00 2,00
≥ 110 e < 132 1,10 3,10
≥132 e < 150 1,20 3,20
≥ 150 e < 220 1,60 3,60
≥ 220 e < 275 1,80 3,80
≥ 275 e < 380 2,50 4,50
≥ 380 e < 480 3,20 5,20
≥ 480 e < 700 5,20 7,20
Fonte: Anexo II da NR-10 – Zona de Risco, controlada e livre.

NR10 a distância - Reciclagem 73


9.1.2 Distâncias no AR sem separação física
São distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada Considera-se que duas partes são simultaneamente acessíveis
e livre. quando o afastamento entre ambas não ultrapassar 2,5
ZL metros.

Legenda:
Rc ZC Quando há espaçamento, deve ser suficiente para evitar que pessoas circulando
ZL – Zona livre nas proximidades das partes vivas em média tensão entrem em contato com elas,
ZC – Zona controlada, restrita a seja diretamente ou por intermédio de objetos que manipulem ou transportem.
ZR trabalhadores autorizados.
ZR – Zona de risco, restrita a Um exemplo a ser citado é a escolha do poste de entrada de energia
PE trabalhadores autorizados e com residencial, cujo tamanho leva em consideração se a rede da concessionária está
Rr adoção de técnicas, instrumentos
e equipamentos apropriados ao
do mesmo lado ou não da via pública ou, ainda, se a via pública é simples ou
trabalho. se é uma avenida. Isso define a altura final dos cabos de alimentação, para que
PE – Ponto da instalação veículos ou pedestres não os toquem.
energizado.

As tabelas da NBR 14039 são boas fontes de consulta para os


Fonte: Figura 1 do Anexo II – NR-10 distanciamentos.

9.1.3 Distâncias no ar com separação física

ZL
Legenda:

ZL ZL – Zona livre
Rc ZC ZC – Zona controlada, restrita a
trabalhadores autorizados.
ZR – Zona de risco, restrita a
ZR trabalhadores autorizados e com
adoção de técnicas, instrumentos
PE e equipamentos apropriados ao
Rr trabalho.
SI PE – Ponto da instalação
energizado.
SI – Superfície isolante construída
com material resistente e dotada
de todos os dispositivos de
segurança.

Fonte: Figura 2 do Anexo II – NR-10

74 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 75


10 PROTEÇÃO POR SEPARAÇÃO ELÉTRICA

Esta proteção é tratada pela NBR 5410–2004 e separa fisicamente as partes


vivas de um circuito.

Um exemplo a ser citado é o transformador separador, onde existe uma


isolação dupla ou reforçada entre o primário e o secundário. Nesse caso, a
alimentação ocorre somente pela indução eletromagnética, sem conexão ou
contato mecânico.

NR10 a distância - Reciclagem 77


Unidade de Estudo 3

UE3 Equipamentos de
proteção

Na Unidade de Estudo 3 – Equipamentos de Proteção,


você aprenderá a identificar os diversos Equipamentos
de Proteção Coletiva e Individual em função do uso e
das medidas de controle dos riscos necessárias para
garantir sua segurança. Também serão apresentadas
informações para o uso correto de Equipamentos de
Proteção Individual e de Proteção Coletiva, bem como
sobre inspeção, higienização e guarda dos EPI/EPC.

NR10 a distância
r e c i c l a g e m
1 SELECIONANDO EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

Os Equipamentos de Proteção Individual devem ser fornecidos aos


trabalhadores de forma gratuita, com a garantia do Certificado de Aprovação
(CA) emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Esta regulamentação é
estabelecida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Prevenir acidentes requer a identificação e a avaliação


do risco ao qual o trabalhador estará exposto e a seleção
de medidas preventivas, incluindo o uso do equipamento
de proteção indicado.

1.1 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA (EPCs)

O uso de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) em todos os serviços


executados em instalações elétricas deve ser previsto e adotado prioritariamente,
para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores.

1.1.1 Equipamentos utilizados em


sistemas de proteção coletiva nas
instalações elétricas

» Conjunto de aterramento temporário

Equipamento destinado à execução


de aterramento temporário, visando à
equipotencialização e à proteção do
pessoal contra energização indevida do
circuito em intervenção.

» Vara de manobra

Utilizada nos circuitos elétricos com grande facilidade de manobra


em abertura e fechamento de chaves, na operação de aterramento
temporário e afins. A vara de manobra deve ser utilizada completa
com todos os elementos, pois seu tamanho determina uma distância
segura de trabalho.

NR10 a distância - Reciclagem 81


» Bandeiras com bastão e placas de sinalização
» Tapete de borracha isolante PERIGO!
São utilizadas para sinalizar
Acessório utilizado principalmente em subestações, perigos e indicar condições ALTA TENSÃO
para prevenir contra choques diretos. dos equipamentos visando,
assim, à proteção de pessoas
que estiverem trabalhando no
circuito e de pessoas que venham
a manobrar os sistemas elétricos.

1.1.2 Materiais destinados a fazer a isolação de áreas onde ocorrem » Protetores isolantes de borracha para redes
serviços elétricas
» Fita zebrada Confeccionados em borracha isolante, são
anteparos destinados à proteção contra contatos
Fita plástica com listras amarelas e pretas
acidentais em redes aéreas, utilizados na execução
intercaladas, fabricada em poliestileno, utilizada interna
de trabalhos em redes energizadas ou em locais
e externamente na sinalização, interdição, balizamento
e demarcação de áreas de risco, por indústrias próximos.
construtoras, transportadoras, órgãos públicos ou
empresas que realizam trabalhos externos.
1.2 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPIs)

» Cone em PVC Equipamento de Proteção Individual - EPI, segundo a Norma Regulamentadora


6 (NR 6), do Ministério do Trabalho e Emprego, é todo dispositivo de uso
É feito em polietileno / PVC ou borracha, nas cores amarela e individual, de fabricação nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a
preta ou branca e laranja, com altura de 75 cm, é altamente durável integridade física do trabalhador. A Norma determina que as empresas forneçam
e resistente a intempéries e maus-tratos. Utilizado para sinalizar, gratuitamente a seus empregados equipamentos que sejam adequados ao risco
isolar, balizar ou interditar áreas de tráfego ou serviços com rapidez e em perfeito estado de conservação e funcionamento.
e eficiência.
As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades, considerando-
se, também, a condutibilidade, a inflamabilidade e as influências eletromagnéticas.
» Correntes em ABS O uso de adornos pessoais é vedado nos trabalhos com instalações elétricas ou
em suas proximidades, principalmente se forem confeccionados com metal ou
Confeccionadas em plástico ABS de alta durabilidade, as
facilitarem a condução de energia.
correntes de sinalização e isolamento oferecem resistência
mecânica e contra altas temperaturas. Excelentes para
Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) devem
uso externo, são indicadas para uso na construção,
ser usados quando não for possível eliminar o risco por
como decoração ou isolamento e sinalização de
outros meios, quando for necessário complementar a
áreas com características bastante diversificadas,
proteção coletiva ou na execução de trabalhos eventuais
como docas, ancoradouros, estacionamentos,
com exposição de curta duração ao risco.
rodovias, pedágios, bancos, parques, shopping
centers e supermercados.

82 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 83


A utilização de EPI deve considerar as normas legais e administrativas em 1.2.1 Proteção para a cabeça
vigor que impõem algumas obrigações, tanto por parte do empregador como
por parte do empregado. » Capacetes isolantes de segurança

O capacete para uso em serviços com eletricidade deve


Obrigações do empregador: ser da classe B (submetido a testes de rigidez dielétrica a
30 kV) e preferencialmente com aba total. Equipamento
- Adquirir equipamento de proteção individual adequado ao risco de cada
destinado à proteção contra quedas de objetos e contatos
atividade.
acidentais com as partes energizadas da instalação.
- Exigir o uso do EPI por parte do trabalhador.
» Óculos de segurança
- Fornecer ao trabalhador somente equipamentos de proteção individual
aprovados pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde Equipamento destinado à proteção contra elementos
no trabalho. que venham a prejudicar a visão, como partículas volantes
e descargas elétricas.
- Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, a guarda e a
conservação. » Máscaras e respiradores

- Substituir imediatamente quando danificado ou extraviado. Equipamento para utilização em áreas confinadas e
sujeitas a emissão de gases e poeiras.
- Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica do EPI.

- Comunicar ao Ministério do Trabalho e Emprego qualquer irregularidade » Protetores auriculares


observada.
Equipamento destinado a minimizar as consequências de
Obrigações do empregado: ruídos prejudiciais à audição. Para trabalhos com eletricidade,
devem ser utilizados os protetores apropriados, sem elementos
- Utilizar o EPI apenas para a finalidade a que se destina. metálicos.
- Responsabilizar-se pela guarda e conservação.
1.2.2 Proteção para os membros
- Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para
uso. » Luvas

- Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. Luvas confeccionadas em borracha especial, destinadas à proteção contra
qualquer possibilidade de choque na execução de serviços elétricos.

O artigo 158 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT)


dispõe: “Constitui ato faltoso do empregado a recusa do
uso do EPI”.

84 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 85


As luvas isolantes são apresentadas em seis classes distintas, de acordo com o Existe no mercado o cinturão paraquedista, com suporte lateral para a
nível de tensão de trabalho e de teste, identificadas por cores e pelas informações fixação tipo abdominal, facilitando o equilíbrio do trabalhador e com ganchos
gravadas no punho, conforme o quadro: no peito ou costas para o caso de queda. Este é o modelo ideal, pois, em caso de
queda, minimiza o risco de problemas na coluna como o que pode ocorrer mais
facilmente com cinto de modelo abdominal.
As luvas de cobertura devem sempre ser utilizadas por
cima das luvas isolantes, oferecendo, assim, a proteção
mecânica necessária.

Quadro - Classes de luvas isolantes (NBR 10622/89)


Classe Cor Tensão de Uso (V) Tensão de Ensaio Tensão de Perfuração
(v) (v)
00 bege 500 2.500 5.000
0 vermelha 1.000 5.000 6.000
1 branca 7.500 10.000 20.000
2 amarela 17.000 20.000 30.000
3 verde 26.500 30.000 40.000
4 laranja 36.000 40.000 50.000

» Calçados - botinas, sem biqueira de aço

Equipamento utilizado para minimizar as consequências de


contatos com partes energizadas, as botinas são selecionadas
conforme o nível de tensão de isolação e aplicabilidade
(trabalhos em linhas energizadas ou desenergizadas).
Devem ser acondicionadas em local apropriado para não
perderem suas características de isolação.

1.2.3 Proteção para o tronco

» Cinturão de segurança

Equipamento destinado à proteção contra quedas de


pessoas, sendo obrigatória sua utilização em trabalhos acima
de 2 metros de altura. Podem ser basicamente de dois tipos:
os abdominais e os de três pontos (paraquedista). Quando
for utilizado o tipo paraquedista, podem ser instaladas trava-
quedas em cabos de aço ou cabo flexível fixados a estruturas
a serem escaladas.

86 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 87


2 HIGIENIZAÇÃO, GUARDA E TESTE DE EPIs

Os fabricantes indicam como deverá ocorrer a higienização e a guarda de


cada equipamento. Por isso, é importante ler as instruções de cada um dos
Equipamentos de Proteção a serem higienizados e guardados, observando
as disposições legais presentes na Norma Reguladora nº 6 sobre restauração,
lavagem e higienização de Equipamentos de Proteção.

2.1 HIGIENIZAÇÃO E GUARDA DE EPIs

Ao receber os Equipamentos de Proteção Individual da empresa de forma


gratuita, o trabalhador assume as obrigações de utilizá-los exclusivamente
para a finalidade a que se destinam, de acordo com o treinamento recebido,
responsabilizando-se por problemas decorrentes da falta de cuidado, incluindo
danos provocados intencionalmente.

Caso seja caracterizado dolo, o empregador pode efetuar desconto do salário


e qualificar como falta grave, acarretando dispensa por justa causa conforme os
artigos 462 e 482 da Consolidação das Leis Trabalhistas. Se o trabalhador agir
de forma negligente, não limpando nem guardando os EPIs em lugar seguro e
adequado, provocando desgaste ou inutilidade, também será caracterizada falta
grave.

No caso de imperícia no manuseio dos equipamentos, considera-se que este


empregado não teve treinamento adequado para sua utilização, atribuindo-

NR10 a distância - Reciclagem 89


se a responsabilidade à empresa. Danos provocados pelo uso diário não são
considerados, por caracterizarem desgaste natural.

Todas essas disposições devem ser mencionadas nas ordens de serviço sobre
Segurança e Medicina do Trabalho (art. 157, II CLT, 1.7 “B”).

2.2 TESTES DOS EQUIPAMENTOS

Os equipamentos, dispositivos e ferramentas que possuem isolamento elétrico


devem ser testados periodicamente, de acordo com a regulamentação existente
ou com as recomendações dos fabricantes, conforme estabelece o item 10.4.3.1
da NR10, ou aos procedimentos da empresa e, na ausência destes, anualmente
conforme o item 10.7.8 desta mesma Norma.

Estes testes devem ser realizados em laboratórios especializados e


devidamente registrados e reconhecidos junto ao órgão competente – INMETRO.
Os resultados dos testes dos equipamentos (laudos fornecidos pelo laboratório)
devem ser arquivados junto ao “Prontuário de Instalações Elétricas”, conforme
dispõe o item 10.2.4 alínea “E” da NR10.

90 NR10 a distância - Reciclagem


Unidade de Estudo 4

UE4 Planejamento
das atividades

Na Unidade de Estudo 4 – Planejamento das


Atividades, você conhecerá a aplicação de APR –
Análise Preliminar de Riscos, métodos de análise e
prevenção de riscos, fazendo a identificação dos
riscos graves e iminentes, a elaboração e avaliação de
APR e procedimentos de rotina, segundo orientação
das normas técnicas vigentes.

NR10 a distância
r e c i c l a g e m
1 PLANEJANDO ATIVIDADES DE ACORDO COM AS
NORMAS DE SEGURANÇA

Os acidentes são materializações de riscos associados a atividades e


procedimentos, projetos e instalações, máquinas e equipamentos. Para reduzir
sua frequência, é preciso avaliar e controlar os riscos, planejando atividades de
acordo com as normas de segurança.

A NR10 estabelece que toda atividade em instalações elétricas deve ser


precedida por uma inspeção na área, para reconhecimento e identificação
de riscos. Caso seja identificada a possibilidade de risco grave e iminente, o
trabalhador tem o direito de se negar a executar a tarefa.

Para reconhecer e identificar os riscos é necessário entender a diferença entre


perigo e risco.

Perigo é a iminência de um risco. A adoção de medidas de controle elimina o


perigo.

Risco pode ser entendido como uma ou mais condições físicas ou químicas
com possibilidade de causar danos às pessoas, à propriedade, ao ambiente ou
uma combinação de todos.

Perigo, segundo a NR10, é situação ou condição de risco com


probabilidade de causar lesão física ou dano à saúde das
pessoas por ausência de medidas de controle.
Risco, segundo a NR10, é a capacidade de uma grandeza com
potencial para causar lesões ou danos à saúde das pessoas

NR10 a distância - Reciclagem 93


2 IDENTIFICAÇÃO E ELABORAÇÃO DE ANÁLISE
PRELIMINAR DE RISCOS (APR)

A Análise de Riscos consiste na elaboração de um cenário referente à atividade


a ser executada, levantando e quantificando riscos, decidindo se a situação de
risco é tolerável e propondo medidas preventivas de controle, caso necessário.
Esta análise tem caráter qualitativo e quantitativo.

A elaboração da Análise Preliminar de Riscos é a atividade dirigida à elaboração


de uma estimativa qualitativa ou quantitativa dos riscos baseada na engenharia
de avaliação e técnicas estruturadas para promover a combinação das frequências
e consequências de cenários acidentais.

2.1 ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS - APR

A Análise Preliminar de Riscos é uma técnica de análise qualitativa e quantitativa


que consiste na identificação, quantificação e proposição de medidas de controle
de riscos em qualquer atividade, revelando aspectos que poderiam passar
despercebidos durante a execução da tarefa. Como o próprio nome diz, o que se
deve fazer é analisar, primeiramente, os riscos a que o trabalhador está sujeito ou
exposto quando da execução da tarefa. Pode-se abordar este conteúdo sob dois
aspectos:

• Aspecto legal: está definido em sua obrigatoriedade no capítulo 10.11.8 desta


Norma.
• Aspecto da segurança do trabalhador: antes do começo da tarefa, é necessário
fazer o levantamento identificando os riscos correlatos e, como resultado,
elaborar a lista de controles necessários para a neutralização de cada risco
identificado.
A Análise Preliminar de Riscos deve ser elaborada com a participação dos
trabalhadores que executarão a tarefa, com a finalidade de otimizar a prevenção
de acidentes que possam acontecer durante sua realização. Esta etapa é feita
através do preenchimento de uma planilha pré-definida, que pode ser em forma
de relatório, check-list ou outro modelo padronizado pela empresa e que esteja
devidamente registrado nos prontuários.

Para ampliar a precisão de uma APR em nível gerencial, devem ser incluídas
as categorias de frequência e severidade, possibilitando classificar os riscos.
As planilhas devem ser precedidas por um cabeçalho onde constem dados de
identificação, como o nome da empresa, o trabalhador responsável pela tarefa,
local e data, e ainda um campo para observações.

NR10 a distância - Reciclagem 95


4ª coluna = Categoria do Risco: relaciona indicadores de severidade e frequência

Este documento só é válido com a assinatura do 5ª coluna = Classificação do Risco: identifica o nível do risco na matriz que cruza os
dados de severidade e frequência.
profissional autorizado, não sendo necessário, neste
6ª coluna = Medidas de Controle: apresenta as recomendações de medidas
caso, um profissional habilitado. redutoras de riscos identificados.

Quanto à elaboração das planilhas de APR, neste caso é necessário que o Exemplo de planilha preenchida no formato do modelo apresentado
profissional seja legalmente habilitado, conforme dispõe a Norma no item 10.2.7.
Atividade Risco Causa Efeito Categoria do Risco Medidas
Corretivas
Atividade:
Etapas Risco Consequências Categoria do Risco Classificação Medidas de Critério Crité- Classifi-
do risco controle de Severi- rio de cação do
dade Frequên- Risco
Severidade Frequência cia
Substituição choque proximidade queimadura catastró- frequente sério Desenergi-
de transfor- elétrico da rede de alta fibrilação fica zar toda a
2.2 METODOLOGIA DA APR mador de 45 tensão ou de parada rede.
kVA baixa tensão cardiorres- Maiores
energizada. piratória cuidados na
A metodologia adotada na Análise Preliminar de Riscos compreende a execução da
execução das seguintes tarefas: tarefa.
queda escada em ferimentos crítica frequente sério Revisar o
1. Inspeção prévia no local. posição fratura posiciona-
inadequada mento da
2. Definição dos objetivos e do escopo da análise. escada
inadequada
escada.
Colocação
3. Coleta de informações sobre as instalações, as substâncias perigosas envolvidas escada em más
condições
adequada
da escada.
e os processos. poste podre

4. Preenchimento da planilha. falta de EPI ferimentos crítica frequente sério Utilização


5. Elaboração das estatísticas dos cenários identificados por categorias de – cinto de
segurança.
fratura do EPI –
Cinto de
frequência e de severidade. segurança.

6. Análise dos resultados, elaboração de recomendações e preparação do poste


podre
vida útil; fadiga. ferimentos
fratura.
crítica frequente sério Verificação
do estado
relatório. danos ma- do poste;
teriais. Substituição
do poste.
2.3 PLANILHAS DE APR
queda fixação do TR; ferimentos crítica frequente sério Revisar
do estropos inad- fratura. risco fixação do
A efetivação da APR se dá através do preenchimento de uma planilha transfor- equados. fatal danos TR; Analizar
organizada em colunas, que deve ser preenchida conforme a descrição: mador materiais compati-
bilidades do
estropo.
1ª coluna = Etapas: descreve sucintamente as diversas etapas da atividade.
2ª coluna = Risco: relaciona os riscos identificados.
3ª coluna = Consequências: lista os possíveis efeitos provocados por cada risco
identificado.

96 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 97


3 OUTRAS TÉCNICAS PARA
IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS

3.1 ANÁLISE DE FALHA HUMANA

Método que identifica as causas e os efeitos dos erros humanos observados


em potencial. O método também identifica as condições dos equipamentos e dos
processos que possam contribuir para provocar esses erros.

3.2 MÉTODO DE ANÁLISE DE FALHAS E DE EFEITOS

Método específico de análise de riscos concebido para ser utilizado em


equipamentos mecânicos com o objetivo de identificar as falhas potenciais que
possam provocar acontecimentos ou eventos adversos e também os efeitos
desfavoráveis desses eventos.

É um método de análise de riscos tecnológicos que consiste na:

• tabulação de todos os sistemas e equipamentos existentes numa instituição


ou planta industrial;
• identificação das modalidades de falhas possíveis em cada um deles;
• especificação dos efeitos desfavoráveis destas falhas sobre o sistema e sobre o
conjunto das instalações.

3.3 ANÁLISE DE SEGURANÇA DE SISTEMAS

É a técnica que tem por finalidade avaliar e aumentar o grau de confiabilidade


e o nível de segurança intrínseca de um sistema determinado para os riscos
previsíveis. Como a segurança intrínseca é o inverso da insegurança ou nível de
vulnerabilidade, todos os projetos de redução de riscos e de preparação para
desastres concorrem para incrementar o nível de segurança.

NR10 a distância - Reciclagem 99


4 PROCEDIMENTOS DE ROTINA NO TRABALHO

Todos os serviços em instalações elétricas devem ser planejados e realizados


em conformidade com procedimentos de trabalho específicos, padronizados,
com a descrição detalhada de cada tarefa e assinados por profissional autorizado.

4.1 ATIVIDADES PRELIMINARES À EXECUÇÃO DO TRABALHO

Para melhor conhecimento do sistema elétrico e maior domínio da tarefa, deve


ser realizada a inspeção da área (considerando, inclusive, condições ambientais
como a presença de animais, ventilação e fatores que possam provocar riscos
adicionais), além da análise da documentação técnica e da identificação dos
procedimentos técnicos mais adequados para cada tipo de tarefa, garantindo sua
eficiência.

Para minimizar e manter sob controle o potencial de risco de acidentes em


serviço, devem-se seguir os procedimentos operacionais da empresa ou,
quando a tarefa não estiver prevista no Manual de Procedimentos, deve-se
realizar uma análise de riscos específica para esta tarefa.

Os procedimentos operacionais da empresa são documentos


registrados que definem passo a passo a realização da tarefa
levando em conta as medidas de controle previamente
definidas na Análise Preliminar de Risco.

4.1.1 Outras atividades preliminares recomendadas

• Verificar os EPIs e EPCs necessários para evitar acidentes.


• Inspecionar o ferramental e o instrumental necessários, minimizando riscos.
• Escolher trabalhadores autorizados para executar a tarefa (os funcionários
devem estar habilitados também em relação a suas condições de saúde,
portando avaliação de médico do trabalho, com Atestado de Saúde
Ocupacional – ASO), de modo que os serviços sejam executados de forma
padronizada.
• Manter todos os trabalhadores informados sobre os riscos da tarefa, discutindo
com a equipe as peculiaridades e todos os aspectos de segurança relativos ao
serviço.
• Seguir a sequência de atividades passo a passo, para liberar de forma segura os
serviços, reduzindo os riscos de acidentes.

NR10 a distância - Reciclagem 101


4.2 PROCEDIMENTOS PRELIMINARES PARA OBTER ORDEM DE SERVIÇO Após a conclusão dos serviços e com a autorização para reenergização do
(OS) E PERMISSÃO DE TRABALHO (PT) sistema, devem ser adotados os seguintes procedimentos:

Os serviços em instalações elétricas devem ser precedidos de Ordens de • Retirada de todas as ferramentas, utensílios e equipamentos.
Serviço específicas, aprovadas por trabalhador autorizado, contendo, no mínimo, • Retirada de todos os trabalhadores não envolvidos no processo de
o tipo, a data, o local e as referências aos procedimentos de trabalho a serem reenergização da zona controlada.
adotados. Para eliminar ou minimizar a possibilidade de acidente ou incidente, o
responsável pela OS ou PT (que deve ser credenciado para liberação do serviço) • Remoção do aterramento temporário da equipotencialização e das proteções
deve: adicionais.
• Remoção da sinalização de impedimento de energização.
• Analisar em conjunto com o operador os riscos do serviço, verificar a análise de
risco da tarefa e certificar-se da abrangência da OS ou PT. • Destravamento (se houver).
• Acompanhar ou executar as manobras de desenergização e liberação dos • Fechamento dos dispositivos de seccionamento.
serviços, em conformidade com o roteiro previamente elaborado, usando EPI
e EPC apropriados. 4.6 RESPONSABILIDADES ATRIBUÍDAS AOS TRABALHADORES ENVOLVIDOS
COM A EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS
4.3 LIBERAÇÃO DE SERVIÇOS
4.6.1 Gerência imediata
Antes de começar o serviço é necessário obter a Permissão para o Trabalho –
PT. Esta permissão só pode ser emitida após a conclusão da Análise Preliminar de • Instruir e esclarecer seus funcionários sobre as normas de segurança do
Riscos – APR. Isso significa estar corretamente preenchida e com as medidas de trabalho e precauções relativas às peculiaridades dos serviços executados.
controle por ela definidas adotadas, além das atividades preliminares descritas
• Fazer cumprir as normas de segurança do trabalho a que estão obrigados
anteriormente.
todos os empregados, sem exceção.
A liberação dos serviços será emitida pelo responsável pelos trabalhos ou da • Designar somente pessoal devidamente autorizado para a execução de cada
área ou, ainda, o responsável pelo equipamento. Este responsável deve ser no tarefa.
mínimo um profissional qualificado e autorizado pela empresa.
• Manter-se a par das alterações introduzidas nas normas de segurança do
trabalho, transmitindo-as a seus funcionários.
4.4. SINALIZAÇÃO DA ÁREA DE TRABALHO
• Estudar as causas dos acidentes e incidentes ocorridos e fazer cumprir as
Antes de iniciar qualquer tarefa, faz-se a sinalização da área de trabalho para medidas que possam evitar sua repetição.
evitar que terceiros sejam expostos a riscos ou venham a atrapalhar a execução
• Proibir a entrada de menores aprendizes em estações ou em áreas de risco.
da tarefa.
4.6.2 Supervisores e Encarregados
4.5 CONCLUSÃO DOS SERVIÇOS
• Instruir adequadamente os funcionários com relação às normas de segurança
Visando manter a área limpa e em ordem, o responsável deve acompanhar do trabalho.
ou executar as manobras de normalização do sistema elétrico, conforme roteiro
• Certificar-se da colocação dos equipamentos de sinalização adequados antes
previamente elaborado, e dar baixa na OS (Ordem de Serviço) ou PT (Permissão
do início de execução dos serviços.
de Trabalho).
• Orientar os integrantes de sua equipe quanto às características dos serviços
a serem executados e quanto às precauções a serem observadas em seu
desenvolvimento.

102 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 103


• Comunicar à gerência imediata irregularidades observadas em relação qualquer acidente, por mais insignificante que seja, ocorrido consigo próprio,
ao cumprimento das normas de segurança do trabalho, inclusive quando com colegas ou terceiros, para que sejam tomadas as providências cabíveis.
ocorrerem fora de sua área de serviço.
• Avisar seu superior imediato quando não estiver em condições de executar o
• Advertir pronta e adequadamente os funcionários sob sua responsabilidade serviço para o qual tenha sido designado por motivo de saúde.
quando deixarem de cumprir as normas de segurança de trabalho.
• Observar a proibição da realização de procedimentos que possam gerar riscos
• Zelar pela conservação das ferramentas e dos equipamentos de segurança, de segurança.
assim como por sua correta utilização.
• Evitar a ingestão de bebidas alcoólicas ou uso de drogas antes do início, nos
• Proibir que os integrantes de sua equipe utilizem ferramentas e equipamentos intervalos ou durante a jornada de trabalho.
inadequados ou defeituosos.
• Evitar brincadeiras em serviço.
• Usar e exigir o uso de roupa adequada ao serviço.
• Não usar adornos pessoais nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas
• Manter-se a par das inovações introduzidas nas normas de segurança do proximidades.
trabalho, transmitindo-as aos integrantes de sua equipe.
• Não portar armas, excluindo-se os trabalhadores autorizados pela
• Providenciar prontamente os primeiros socorros para os funcionários administração da empresa em razão das funções que desempenharem.
acidentados e comunicar o acidente à gerência imediata, logo após sua
• Não usar aparelhos sonoros.
ocorrência.
• Estudar as causas dos acidentes e incidentes ocorridos e fazer cumprir as 4.6.4 Acompanhantes
medidas que possam evitar sua repetição.
O funcionário encarregado de conduzir os visitantes pelas instalações da
• Conservar o local de trabalho organizado e limpo. empresa deverá:
• Cooperar com as Comissões Interna de Prevenção de Acidentes – CIPAs,
• Dar-lhes conhecimento das normas de segurança.
sugerindo medidas que garantam a segurança no trabalho.
• Fazer com que se mantenham próximos de quem os conduz.
• Atribuir serviços somente a funcionários que estejam física e emocionalmente
capacitados a executá-los e distribuir as tarefas de acordo com a capacidade • Alertá-los para que mantenham a distância adequada dos equipamentos, sem
técnica de cada um. tocá-los.
• Quando houver a interrupção dos serviços em execução, garantir que antes de • Fornecer-lhes EPIs aplicáveis (capacetes, protetores auriculares e outros que se
seu reinício sejam tomadas precauções para a verificação da segurança geral, façam necessários conforme as circunstâncias).
do modo como foi realizada antes do início do trabalho.
As responsabilidades são solidárias, isto é, todos os
4.6.3 Funcionários envolvidos podem responder juridicamente pelo não-
cumprimento dos artigos desta Norma. Os trabalhadores
• Observar normas e preceitos relativos à segurança do trabalho e ao uso correto não devem iniciar uma tarefa, ou, caso ela já esteja em
dos equipamentos de segurança. andamento, devem interrompê-la exercendo o “direito
de recusa” sempre que forem constatadas evidências de
• Utilizar os Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva. riscos. Esta situação está descrita no item 10.14.1 da NR10.
• Alertar os companheiros de trabalho quando estes executarem os serviços de Após o controle deste risco, conforme os procedimentos estabelecidos, o
maneira incorreta ou praticarem atos que possam gerar acidentes. trabalhador pode, então, retornar à atividade.

• Comunicar imediatamente ao superior imediato e aos companheiros de equipe

104 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 105


5 NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRAS

No Brasil, as normas técnicas oficiais são aquelas desenvolvidas pela


Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Essas normas são o resultado
de uma ampla discussão de profissionais e instituições, organizados em grupos
de estudos, comissões e comitês.

As normas são referência obrigatória para projeto e operação


de sistemas e serviços em eletricidade.

5.1 NORMAS DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT

A ABNT é a representante brasileira no sistema internacional de normalização,


composto de entidades nacionais, regionais e internacionais. A sigla NBR que
antecede o número de muitas normas significa Norma Brasileira Registrada. Para
atividades com eletricidade há diversas normas, abrangendo quase todos os tipos
de instalações e produtos.

NBR 5410 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão

NBR 14039 - Instalações Elétricas de Média Tensão, de 1,0 kV a 36,2 kV

NBR 5419 - Proteção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas

NBR 5418 - Instalações Elétricas em Atmosferas Explosivas

NBR 6151 - Classificação dos Equipamentos Elétricos e Eletrônicos quanto à


proteção contra os choques elétricos

NBR 6533 - Estabelecimento de Segurança aos efeitos da corrente elétrica


percorrendo o corpo humano

NBR 13534 - Instalações Elétricas em Ambientes Assistenciais de Saúde –


requisitos para a segurança

NBR 13570 - Instalações Elétricas em locais de afluência de público – requisitos


específicos

NR10 a distância - Reciclagem 107


5.2 REGULAMENTAÇÕES DO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO - MTE

Os instrumentos jurídicos de proteção ao trabalhador têm sua origem na


Constituição Federal que, ao relacionar os direitos dos trabalhadores, incluiu
entre eles a proteção da saúde e segurança por meio de normas específicas.
Coube ao Ministério do Trabalho estabelecer essas regulamentações (Normas
Regulamentadoras – NR) por intermédio da Portaria nº 3.214/78. A partir de
então, uma série de outras portarias foi editada pelo Ministério do Trabalho com
o propósito de modificar ou acrescentar normas regulamentadoras de proteção
ao trabalhador, conhecidas pelas iniciais NR.

Sobre a segurança em instalações e serviços em eletricidade, a referência é a


NR10, que estabelece as condições mínimas exigíveis para garantir a segurança
de quem trabalha em instalações elétricas, incluindo a elaboração de projetos,
Todo profissional autorizado deve portar identificação visível e permanente
execução, operação, manutenção, reforma e ampliação, em quaisquer das fases
contendo as limitações e a abrangências de sua autorização. Os profissionais
de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica.
autorizados a trabalhar em instalações elétricas devem:
A NR10 exige também que sejam observadas as normas técnicas oficiais
• ter essa condição consignada no sistema de registro de empregado da
vigentes e, na falta destas, as normas técnicas internacionais. A fundamentação
empresa;
legal que dá o embasamento jurídico à existência desta NR está nos artigos 179 a
181 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. • apresentar estado de saúde compatível com as atividades a serem
desenvolvidas;
5.3 HABILITAÇÃO, QUALIFICAÇÃO, CAPACITAÇÃO E AUTORIZAÇÃO DOS • possuir treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego
PROFISSIONAIS da energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em
instalações elétricas.
Entre as prescrições da NR10 encontram-se os critérios que devem atender os
profissionais que atuam em instalações elétricas: Deve ser realizado um treinamento de reciclagem bienal e sempre que ocorrer
alguma das situações a seguir:
Profissional qualificado – Aquele que comprovar conclusão de curso
específico na área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino. • troca de função ou mudança de empresa;
• retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade por período superior a três
Profissional legalmente habilitado – Aquele previamente qualificado e com meses;
registro no conselho de classe competente, neste caso, no Conselho Regional de
• modificações significativas nas instalações elétricas ou trocas de métodos ou
Engenharia e Arquitetura – CREA.
processos de trabalhos.
Profissional capacitado – É considerado trabalhador capacitado aquele que O trabalho em áreas classificadas deve ser precedido de treinamento específico
atende simultaneamente às seguintes condições: de acordo com o risco envolvido.

• ser treinado por profissional habilitado e autorizado; Os trabalhadores com atividades em proximidades de instalações elétricas
devem ser informados e possuir conhecimentos que permitam identificá-las,
• trabalhar sob a responsabilidade de um profissional habilitado e autorizado.
avaliar seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis.
Profissional autorizado – São considerados autorizados os trabalhadores
habilitados, qualificados ou capacitados, com anuência formal da empresa.

108 NR10 a distância - Reciclagem NR10 a distância - Reciclagem 109


R EFERÊNCIAS

• BRASIL, Ministério do Trabalho e Emprego. NR 6 – EQUIPAMENTO DE


PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/
legislacao/normas_regulamentaDORAS/nr_06.pdf> Acesso em: 03 maio 2010.
• CASANOVA R. Mudanças da nova NR-6 – Norma Regulamentadora de
Equipamentos de Proteção Individual. Disponível em: <http://www.jseg.net/>
Acesso em: 03 maio 2010.
• Equipamentos de Segurança. Disponível em: <http://www.racconet.com.
br/> Acesso em: 03 maio 2010.
• INMETRO. Consumidor. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/
consumidor/unidLegaisMed.asp> Acesso em: 25 maio 2010.
• KINDERMANN, Geraldo. Choque elétrico. 2ªed. Porto Alegre: Sagra DC
Luzzato, 2000.
• SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Departamento Nacional.
Curso Básico de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.
Prevenção de Riscos. Porto Alegre, RS 2006. (Coleção NR10 EAD).
• SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Departamento Nacional.
Curso Básico de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade –
NR10 a Distância: Prevenção e Combate a Incêndios. Porto Alegre, SENAI-DN,
2006.

NR10 a distância - Reciclagem 111


SENAI-DN
Unidade de Educação Profissional – UNIEP

Gerente Executivo Paulo Rech


Gestora da Rede SENAI de Paula Martini
Educação a Distância

SENAI-RS - SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL


DEPARTAMENTO REGIONAL DO RIO GRANDE DO SUL

Presidente do Sistema FIERGS Paulo Gilberto Fernandes Tigre


Presidente Nato do Conselho
Regional
Diretor Regional José Zortea
Dir. de Educação e Tecnologia Paulo Fernando Presser
Ger. da Unidade Estratégica de Claiton Costa
Desenvolvimento Educacional
Organizadores Fernando Ricardo Gambetta Schirmbeck
Maria de Fátima Rodrigues de Lemos
Maximira Carlota da Silva André
Projeto Grágico e Ilustração Aurélio Athayde Rauber
Rafael Andrade
Normalização Isabel Cristina Del ponte
Produção Gráfica CEP SENAI de Artes Gráficas
Henrique d’Ávila Bertaso

Elaboração do texto e Alexandre Coutinho da Paz


Revisão técnica
Revisão gramatical e Regina Maria Recktenwald
linguística

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