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Equipe Realizadora: Alécia Vach, Adrine Prestes, Gabriel Paschoal, Jessica Ribas,

Juan Pablo, Luan Felipe e Renata Terezinha.


Professora Responsável: Mônica Metz.

Título original
FRAGMENTOS DE AURORA

Primeira publicação em
Guarapuava, Paraná, Brasil.
2023

1ª Edição

Todos os direitos da obra


FRAGMENTOS DE AURORA
Reservados aos Autores
Copyright© do texto dos autores, 2023
Edição: Juan Pablo

M744 Metz, Mônica Cristina (Org.) – 1987


Fragmentos de Aurora / Mônica Cristina. Metz.
– 1.ed. – Guarapuava, PR: Ed dos Autores, 2023.

ISBN: 978-65-00-70020-6
1. Conto 2. Poesia 3. Fábula
I.Tiítulo II. Metz, Monica Cristina
CDD - B869
CRISTIANO ROMEU

DANILO RAFAEL BRAGA

ELISÂNGELA

MURILO

MARIA ALICE

FRAGMENTOS
DE AURORA
Projeto CEU das Artes

Resumo

Projeto ofertado pela Universidade Estadual do Centro-


Oeste (Unicentro) em parceria com o CEU das Artes
para promover e registrar a produção textual dos alunos
participantes das oficinas de conto, fábula e poesia.

Equipe Integrante do Projeto


Como não poderia ser diferente, este livro é dedicado aos alunos que
abraçaram o nosso projeto e colocaram no papel a linda imaginação
da aurora em cada pedacinho destas páginas. Dos pequenos a dedica-
ção fica aos seus familiares e amigos.

Uma dedicatória especial à professora Gláucia que tive a imensa


alegria de reencontrar neste projeto.
Agradecemos à Unicentro e à equipe do CEU das Artes pela
parceria. Gostaríamos de agradecer à professora Mônica que
conferiu a confecção do projeto, à coordenadora Ana Paula e à
professora Gláucia. Por fim, aos alunos:

Cristiano Romeu
Danilo Rafael Braga
Elisângela de Paula
Murilo Padilha
Maria Alice
!!!!!!!
A lâmpada da leitura acesa...................................................... 11

Nota de edição ......................................................................... 18

Elisângela 6ºA - Poesias.......................................................... 21

Murilo 6ºA .............................................................................. 25

Cristiano Romeu 6º A ............................................................. 29

Danilo 6º - Céu das Artes ........................................................ 37

Fábulas .................................................................................... 43

O caracol e a lagarta ................................................................ 43

Coisas Estranhas ..................................................................... 45

Uma História de Terror ........................................................... 47

O gato e o cachorro ................................................................. 48

Conto ....................................................................................... 49

Quem Tem Medo .................................................................... 49

A Casa Mal Assombrada......................................................... 51

O Gato Branco ........................................................................ 52

Morto Vivo.............................................................................. 53

O Carro Monstro ..................................................................... 54


Originais .................................................................................. 55

O Projeto de Extensão ............................................................. 72

Lídia ........................................................................................ 78

Um crime chamado consciência ............................................. 79

O Fruto de Um Guerreiro ........................................................ 81

Sem Memória, Sem Culpa ...................................................... 90

Leannán Sídhe ......................................................................... 97

Asa de Folha.......................................................................... 103

Os Monstros .......................................................................... 108

O pavão e o corvo ................................................................. 110


Por Juan Pablo

É comum no ambiente escolar a dispersão dos alunos,


que estão cada vez mais engajados com as mídias sociais, inte-
rativas, com brilho, fonte e orientação da tela ajustáveis, isto é,
a mídia adapta-se facilmente ao leitor. O mesmo não acontece
com o contato à literatura, em que nada nas páginas impressas
pode ser ajustado, o plano de expressão é estático. Torna-se um
desafio para o professor engendrar novos leitores. Cabe ressaltar
que leitor não se emprega apenas ao correr de olhos pelas letras
no texto, é fundamental sempre lembrar das etapas de leitura:
decodificar, interpretar e compreender. Essas etapas não são in-
terativas e os alunos sem orientação dificilmente procurarão por
conta. É da missão do professor reorientar a ótica de atenção dos
alunos ladeados pelo aparato tecnológico e difusor de foco; ofe-
recer ao aluno uma pequena trilha do espaço amplo e caótico,
embora convidativo e dinâmico, das mídias à leitura concentrada
do texto. Confere-se o termo “estático” à leitura concentrada do
texto, geralmente no papel a fim de garantir um melhor manu-
seio da leitura, empregar anotações, comentário e grifos num
plano que não se transportará facilmente a outro conteúdo, como
fechar o texto e abrir uma mídia social em questão de segundos.
É bem verdade que a leitura no papel não responde como uma
leitura de kindle é capaz, vasculhar o resultado lexical de um
vocábulo apenas pressionando sobre a palavra para que o dicio-
nário digital instantaneamente forneça a tradução pelo viés da
metalinguagem. No entanto, não é possível garantir o foco pelo
instrumento da mídia, por mais que este seja poderoso e indis-
pensável nos dias atuais. Não há aqui a intenção de desestimular
o uso midiático, essa discussão serve apenas para vislumbrar que
o interesse pela leitura e produção de textos nas escolas, por
parte dos alunos, vem se apagando paulatinamente, em que o
adversário dessa atenção sempre sai na frente pela dispensa de
estímulo. Mesmo os adultos que se aventuram em trabalhar com
o celular por perto acabam por fragmentar a atenção; acontece
mesmo com leitores dedicados. É importante ressaltar também
que o tempo hábil na grade escolar que abarca o currículo prático
dos alunos é diminuto em relação à leitura e produção textual.
Muitos dos esforços escolares recaem sobre a gramaticalidade
da língua, numa herança estruturalista que pouco observa a prag-
mática sincrônica do conteúdo. Pensando nisso, o presente tra-
balho almeja incutir inspiração nas crianças buscando provocar
o interesse desde pequenos no vasto mundo literário, mais pre-
cisamente segmentado neste trabalho pelos recortes: conto,
fábula e poesia. Vigotsky (2000, p.133), no livro A Formação
Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos
superiores, observa que o ensino deve se estabelecer de tal ma-
neira que a leitura e a escrita se tornem necessárias às crianças.
Se o ensino permitir que a criança tenha condições de produzir
interesse e consagrar-se leitor (a), poderá argumentar e aplicar
dinamicidade no que leu, além de provocar nos que a cercam o
mesmo efeito que pode se propagar; leitura e produção textual
também podem mostra-se dinâmicos a quem se permite abrir as
cortinas desse universo. A dificuldade com leitura e produção,
muitas vezes demonstrada pelos alunos, é explicada pela falta de
bagagem textual. Se mais projetos como este pudessem levantar
a palavra dos livros e soprar nos alunos com o devido carinho
pela área, não seria difícil competir pela atenção com as mídias
atuais. É possível detectar o dinamismo no trabalho literário
também; páginas brancas marcadas com as letras distribuídas no
papel podem até ser estáticas, mas a leitura e o livro nunca serão.
Epígrafe:

A Lógica de Einstein!

Conta certa lenda, que estavam duas crianças patinando num


lago congelado. Era uma tarde nublada e fria, e as crianças brin-
cavam despreocupadas. De repente, o gelo quebrou e uma delas
caiu, ficando presa na fenda que se formou. A outra, vendo seu
amiguinho preso, e se congelando, tirou um dos patins e come-
çou a golpear o gelo com todas as suas forças, conseguindo por
fim, quebrá-lo e libertar o amigo. Quando os bombeiros chega-
ram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao menino:

- Como você conseguiu fazer isso? É impossível que tenha


conseguido quebrar o gelo, sendo tão pequeno e com mãos tão
frágeis!
Nesse instante, um ancião que passava pelo local, comentou:
- Eu sei como ele conseguiu.
Todos perguntaram:
- Pode nos dizer como?
- É simples: - respondeu o velho.
- Não havia ninguém ao seu redor para lhe dizer que não seria
capaz.

Albert Einstein
Este livro é o resultado do trabalho dos acadêmicos do pri-
meiro ano do curso de Letras Português – período da manhã. Reali-
zado com o apoio da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicen-
tro) e da equipe do Céu das Artes no município de Guarapuava – PR.
O objetivo principal do trabalho centra-se no acordar da inspiração das
crianças, seja para a leitura ou a produção textual, para isso escolhe-
mos três categorias textuais que pudessem acolher a interação dos pe-
quenos alunos: fábula, poesia e conto. Cada categoria foi supervisio-
nada por uma equipe de acadêmicos e todas supervisionadas e organi-
zadas pela professora Drª. Monica Metz.
Fábula: Alécia Vach, e Renata Terezinha;
Poesia: Juan Pablo, Luan Felipe
Conto: Adrine Prestes, Gabriel Paschoal e Jessica Ribas.
Manuseando a superfície teórica de cada categoria, mostramos
como o gênero se comporta em sua estrutura para pertencer a seu gê-
nero, construindo um elo entre estrutura o que se entende de dada es-
trutura. Apresentadas as noções e feitas as leituras que servem de
exemplo e estímulo, os alunos foram convidados, por meio de ativida-
des de produção, a construir o seu próprio texto. O compilado dos tex-
tos apresenta-se aqui. As crianças possuem uma gama potente de ima-
ginação, o que se deita perfeitamente sobre a literatura. Esperamos
que, a materialização dessas ideias, possam crescer por muitos anos,
como uma longa árvore, e este volume seja sempre capaz de lembrar
que o sonho é matéria de embarque. O livro é constituído de duas par-
tes, a primeira dos alunos que participaram das oficinas e a segunda
pelos textos autorais de alguns dos ministrantes.
Era uma vez, lá na casa da lagarta, o caracol estava fa-
zendo um café, e a lagarta estava no sofá. E aí a lagarta falou:
— Caracol, deixa que eu faço.
— Não precisa! — Respondeu o caracol.
— Tem certeza? — Disse a lagarta.
E então o caracol acabou fazendo o café errado, mas a lagarta o
ajudou para que tudo desse certo.
Moral: Empatia: colocar-se no lugar do outro.

Escritor Murilo
Júlio era um homem muito preguiçoso, não fazia nada.
Sua mãe tinha cuidados com ele como se fosse um bebê, no en-
tanto, Júlio já tinha trinta e quatro anos. A mãe dele compra rou-
pas, comidas, presentes, TUDO. Ele não trabalhava e possuía
tudo na hora; quando quisesse. Até que um dia, o universo viu
que ele tinha tudo e não trabalhava, com trinta e quatro anos; não
conquistava as coisas. Para tudo dependia da mãe. O universo,
então, deu três vidas animais para ele ter o que merece.
Começando como um passarinho, quando Júlio passari-
nho era criança, já estava aprendendo a andar, seus pais morre-
ram, teve que aprender a andar sozinho; a procurar alimento so-
zinho, sem a sua mãe. Isso foi muito desafiador para quem pos-
suía tudo na mão: não aguentava; não sabia o que fazer. Teve
que aprender com a vida.
Ele chorava todos os dias pedindo que pudesse voltar à
sua vida fácil. Então, o universo disse que lhe daria mais uma
chance, apenas mais vinte e quatro horas. Nessas vinte e quatro
horas, ele não fizera nada, brigou com a mãe e não limpou nem
o chão. O universo decidiu dar uma vida mais sofrida, agora ele
seria um rato, com uma família rato.
Quando o Júlio – ratinho – nascera na casa dele, sua mãe
já estava sendo ameaçada de morte e lhe deu apenas duas opções
ao dizer:
— Filho, filho! Você me ajuda; ajuda-me, filho. Vai lá e
paga aquela água senão vamos morrer queimados, filho.
Depois ele notou que a água estava muito longe e, então,
Júlio – o ratinho – ficou com preguiça e disse para o seu pai ir
em seu lugar. O pai não pôde ir. Júlio percebeu seus pais mor-
rendo diante de seus olhos; seus pais morreram porque tinham
um filho preguiçoso... Depois que percebeu o que havia feito
nessa vida de rato: ele lutou! O universo resolveu dar-lhe outra
chance ao vê-lo lutando pela vida. Então, o universo o devolvera
para a vida original. Júlio então começou a trabalhar, mas como
sempre fora ingrato, sua mãe morreu.
Moral: Não seja ingrato, porque não afeta somente a
você, mas a quem você ama também.

Maria Alice Borges


Olá! Meu nome é Elisângela, tenho 10 anos e vou contar
uma história de terror para vocês sobre um mistério; sobre um
homem que estava amaldiçoado e que ressuscitou na noite pas-
sada. E também vou falar de um homem que estava morto e vol-
tou à vida.
Eu estava na casa das minhas amigas que gostavam de
terror pesado. Não gostava, tinha medo dessas coisas de terror
pesado. Então saí da casa das minhas amigas eu fui para a minha
casa, mas vi uma coisa lá em na outra casa. Não gostava de coi-
sas de terror pesado, gostara antes, mas descobri que não é men-
tira: existem mesmo! Terror na vida real... Quando fui a uma
casa assustadora e entrei, não fiquei mais com medo.

Final da história: Não tenha medo de nada.

Elisângela de Paula
Era uma vez, em um dia ensolarado, um gato estava an-
dando pela cidade até que ele acabou se esbarrando com um ca-
chorro. Quando o gato virou para pedir desculpas, o cachorro
olhou para cima. Ao notar que era um cachorro, o gatinho não
pensou duas vezes, já saiu correndo. E então, o cachorro saiu
correndo atrás dele, que foi e virou no primeiro beco; seus ami-
gos estavam lá. O gatinho disse:
— Amigos, me ajudem, por favor! Tem um cachorro enorme
atrás de mim. Me ajudem!
Logo, os amigos do gatinho começaram a apontar para trás dele,
quando o gato percebe, olha para trás e o cachorro está vindo. O
cachorro diz:
— Ah, então você está aí. — Afirma!
Depois disso, o gato tenta se esconder, mas seus amigos
não deixam e o empurram para cima do cachorro. O cachorro
pega o gatinho e o joga no chão, deixando-o muito machucado
e sai andando sem nem olhar para trás.
Moral: Nem todo mundo é seu amigo.

Danilo Rafael Braga


Começando: Bom, a Julia estava tendo problemas com
sua vizinha. Toda noite, exatamente às 00:00 da noite sua vizi-
nha. A casa dela fazia um barulho estranho; a Julia não conse-
guia dormir. Era um barulho insuportável.
Então Julia tomou uma decisão: foi à casa da sua vizinha
e decidiu. Bateu nem uma, nem duas, nem três, mas dez palmas,
porém, ninguém atendeu. Julia então entrou na casa.
Enfim, eram só fantasmas dançando. Julia ficou muito assus-
tada, mas pegou um aspirador de pó e sugou todos aqueles fan-
tasmas, tacou fogo no aspirador de pó. E, assim, ela foi feliz,
conseguiu dormir.

Maria Alice
Desde a escola, eu já gostava de casas mal-assombradas.
Eu e meus amigos gostávamos, e achávamos legal muitas coisas,
principalmente de histórias de terror. Teve um dia que a gente se
envolveu em uma situação muito assustadora: entramos em uma
casa toda bagunçada, com paredes muito sujas que pareciam ter
sangue. Éramos eu e meus amigos: Cristiano, Luiz, Gabriel,
Davi e Enzo. Nós moramos na casa assombrada.

Elisângela de Paula
O Gato Branco estava na neve, coberto de neve. Um
menino chamado Juão Juão estava andando pela neve. Ele co-
meçou a ficar pequeno e começou a virar um gato branco. Era
adorável. Então pum! O gato sumiu.
Fim.

Cristiano Romeu
No cemitério existia um túmulo estranho. Um dia eu vi
lá uma caveira macabra. Outro dia eu passei lá e estava dife-
rente. Tinha um corvo também. Começou a chover bem forte.
Apareceu um gato preto. Ele estava bem em cima do túmulo.
Era do gato do homem ali enterrado.

Murilo Padilha
Certa manhã, Thiago acordou, tomou um banho e depois
desceu para sua cozinha comer. Depois, mais ou menos trinta
minutos tomando seu café, assim, ligou para seu amigo Rodrigo
para que ele fosse à sua casa.
— Rodrigo, poderia vir aqui?
— Posso sim, já chego aí.
Portanto, quando Rodrigo chegou, foram ao ferro velho
comprar um carro para renovarem. Comprado o carro, foram
para casa e descansaram naquela noite. Certo tempo da noite, o
carro virou um monstro! Só de manhã Rodrigo e Thiago viram
o ocorrido. Ambos e seu carro monstro viraram amigos.

Danilo Braga
*

*Apesar da baixa visibilidade de alguns dos originais, consideramos importante trazê-los à edi-
ção.
Este projeto é uma parceria entre a Universidade-Esta-
dual do Centro-Oeste (Unicentro) e a equipe do Céu das Artes
em Guarapuava – PR. Desenvolvido pelos acadêmicos do pri-
meiro ano de Letras Português e Literaturas de Língua Portu-
guesa – período da manhã. Foram escolhidos três gêneros literá-
rios para abordagem em oficinas, sendo cada oficina ministrada
por um grupo de acadêmicos: Fábula, Poesia e Conto. Cada ofi-
cina contou com a explicação estrutural do gênero e aplicação
do conteúdo em atividades que visam a produção textual dos
alunos. Todo o desenvolvimento e aplicação do projeto foi su-
pervisionado pela Profª. Drª. Mônica Metz. As explicações es-
truturais dos gêneros e aplicação das atividades foram ministra-
das às quartas-feiras com duração de duas horas cada, no período
da manhã. Uma ideia inicial foi pensar em atividades que pro-
porcionasse aos alunos: palavras, ideias, inspirações que pudes-
sem utilizar, considerando que não possuem uma bagagem de
leitura em seus primeiros anos e tampouco um vocabulário que
os deixem à vontade para a desenvoltura da escrita. Desenvolve-
mos uma nuvem de palavras com alguns tópicos e objetivos que
os impulsionaram. Dentro da nuvem há palavras ligadas à
alegria, euforia, êxtase e dentro do tópico objetivo pedimos que
escrevessem sobre familiaridades de sua vida a se enquadrar
com determinadas palavras.
Nas idades iniciais da vida há uma pluralidade florida da
imaginação, no entanto, em muitos lares não há uma canalização
que aproveite esse estágio da criança. Ao visar o objetivo deste
projeto, buscamos exatamente fazer uso do que a criança tem em
demasia. Apresentamos os gêneros literários como um ponto de
partida para que eles mesmos possam fazer parte, além da lei-
tura, como autores. É muito relevante escutar a imaginação dos
pequenos; a profissão pedagógica funde um aprendizado recí-
proco, ensinamos às crianças e fornecemos mecanismos neces-
sários para que cresçam e se estabeleçam no mercado de traba-
lho, em contrapartida, eles nos ensinam com uma devolutiva em
formato de reminiscência da nossa própria infância. Ter manu-
seio da linguagem significa possibilitar a materialização do so-
nho. A arte da linguagem tem esse poder.
A grande área da presente pesquisa, de acordo com a ta-
bela no CNPQ, é Linguística, Letras e Artes, sendo então, sua
área a de Letras. Como subárea temos uma mescla de duas: “Lín-
gua Portuguesa”, a partir de elementos como sintaxe e figuras de
linguagem a serem trabalhados na oficina durante a produção
textual e “Literatura Brasileira”, pois o enfoque é mostrar aos
alunos os gêneros literários: fábula, poemas e contos.
O projeto foi aplicado na cidade de Guarapuava, no es-
tado do Paraná, no Brasil. O lugar escolhido para a aplicação do
projeto é o Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU), mais
conhecido como “CEU das Artes”, localizado no bairro Jardim
das Américas. Os CEU’s são um projeto do governo federal, mas
mantidos com recursos municipais. A sua estrutura tem como
objetivo integrar, em um mesmo espaço “programas e ações cul-
turais, práticas esportivas e de lazer, formação e qualificação
para o mercado de trabalho, serviços socioassistenciais, políticas
de prevenção à violência e de inclusão digital, para promover a
cidadania em territórios de alta vulnerabilidade social das cida-
des brasileiras.” (BRASIL, 2021), objetivo esse que se relaciona
com o propósito do projeto de extensão “Fragmentos de Au-
rora”, de trabalhar literatura com os alunos.
O público-alvo da oficina são crianças da escola básica,
que possuem cadastro ativo no CEU das Artes e na faixa etária
de 10 a 11 anos, visto ser a idade em que os alunos estão desco-
brindo os gêneros literários com uma maior profundidade, além
de ser uma época importante para o aumento do vocabulário
(uma das propostas da oficina).
Ademais, para existir um atendimento personalizado
com os alunos, há um planejamento de, no máximo, 10 partici-
pantes na oficina. Foram ministradas atividades de produção
textual em cada gênero que ofertamos uma pequena base teórica,
que pudesse inspirar o desenvolvimento da escrita por parte dos
alunos. No conjunto de poesia, também adicionamos à atividade
uma nuvem de palavras que pudesse oferecer uma bagagem do
léxico para quem está apenas iniciando uma construção de baga-
gem literária.
O produto final do projeto busca registrar a produção dos
alunos neste livro independente. O intuito se debruça no valor
de inspiração que cada aluno pode levar para a vida toda; uma
experiência que possa os engajar de uma forma potente e con-
cretude; desejamos mostrar que a escrita literária se nutre da
imaginação, e as crianças são amplamente férteis nesse aspecto,
basta que se registre a ideia que voa em cada um.

Equipe Realizadora
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Turismo. Secretaria Nacional do De-


senvolvimento Cultural - Programa CEU. Brasília: Ministério
do Turismo, 26 abr. 2021. Disponível em:
https://www.gov.br/turismo/pt-br/secretaria-especial-da-cul-
tura/acesso-a-informacao/acoes-e-programas-1/secretaria-naci-
onal-de-desenvolvimento-cultural. Acesso em 05 abr. 2023.

FREIRE, Clarice. Pó de Lua.1ªed. Rio de Janeiro: Intrínseca,


2014.

KOCH, Ingedore Villaça. Ler e Compreender. 2ªed. São Paulo:


Contexto, 2008.

KOCH, Ingedore Villaça. Ler e Escrever. 2ªed. São Paulo: Con-


texto, 2015.

MORAES. Vinicius de. A Arca de Noé. 2ªed. São Paulo: Com-


panhia das Letrinhas, 2013.

VIGOTSKY, Lev Semenovich, 1896-1934. A formação social


da mente:
O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores / L.S.
Os ministrantes das oficinas também trouxeram alguns
trabalhos autorais para esta edição. Todos são acadêmicos de Le-
tras Português e Literatura do período da manhã. Agradecemos
ao professor Wellington Stefaniu pelo impulso literário.
Ar denso; me falta calma.
A tristeza me serve e me toma a alma.
Suspirou acalmando o coração,
E as lembranças nunca irão
Nós sábados de manhã eu adorava
sua bajulação, do café quente e doce,
doce.
Ao toque gentil e da sutileza de ser
E de todo o carinho que ela amava receber.

Renata Terezinha

78
Era uma vez uma pequena cidade no meio do nada, onde
todos se conheciam. Havia uma senhora idosa, chamada Dona
Maria, que vivia sozinha em sua casa simples e humilde. Ela era
querida por todos na cidade, mas havia um jovem chamado Pe-
dro que sempre a via com desconfiança e inveja.
Pedro era um homem ambicioso e sem escrúpulos, sem-
pre procurando uma maneira de subir na vida. Ele notou que
Dona Maria tinha uma grande quantia de dinheiro guardada em
sua casa, e começou a manipulá-la com gentileza e falsa preocu-
pação. Ele se ofereceu para ajudá-la com compras e tarefas, e
ela, grata pela ajuda, começou a confiar nele cada vez mais.
Pedro começou a visitar Dona Maria com mais frequência, ga-
nhando sua confiança e se tornando parte de sua rotina diária.
Um dia, quando ela estava distraída, ele roubou todo o dinheiro
que estava guardado em sua casa. Dona Maria ficou arrasada,
sem entender como alguém poderia fazer algo tão cruel com ela.
A cidade inteira se mobilizou para encontrar o culpado
pelo roubo, mas Pedro conseguiu se esconder e evitar qualquer
suspeita. No entanto, as coisas começaram a mudar para ele. Ele

79
começou a ser assombrado pela culpa e pelo medo de ser desco-
berto. Ele também começou a sentir o peso da punição que sua
consciência lhe impunha, e a arrepender-se de seu ato.
Eventualmente, Pedro decidiu se entregar à polícia, con-
fessando o roubo e pedindo perdão pelo que fez. Dona Maria,
ainda magoada, nunca mais confiou em ninguém da mesma
forma, e a cidade ficou dividida sobre o que pensar de Pedro: ele
foi um ladrão astuto que escapou da justiça ou um homem arre-
pendido que merecia uma segunda chance?
Ninguém nunca descobriu a verdadeira história por trás
do roubo, mas havia pistas suficientes para deixar as pessoas se
perguntando sobre a verdadeira natureza de Pedro e sobre a na-
tureza humana em geral. Afinal, todos nós somos capazes de
manipular e ser manipulados, e todos temos um senso de justiça
e punição que nos guia. A verdadeira questão é se somos capazes
de reconhecer nossos erros e fazer as pazes com nossas próprias
consciências.

Gabriel Paschoal de Senna

80
Entre as montanhas do norte do Japão, um senhor bem
idoso colhia ervas de sua horta. Até que ele avista uma pessoa
vindo ao longe. Quando o indivíduo se aproximou mais, via-se
um jovem alto, esguio, com duas espadas em sua cintura. Tinha
um rosto cheio de cicatrizes e expressões fortes e carregadas.
Quando esse jovem chega até o senhor, ele diz:
— Você é o senhor Madeko?
— Sim, em que posso ajudar?
— Meu nome é Takehiro Yukimura, ouvi falar muito do senhor.
Dizem que você já foi um grande samurai. Isso é verdade?
— É o que dizem.
— Mas é verdade? Ouvi dizer que também liderou um exército.
— Sim, de fato, mas o que você quer com isso, jovem?
— Hum, quero tirar a prova.
O garoto Takehiro pega uma de suas espadas e a finca no chão.
O velho Madeko o questiona:
— O que você está querendo fazer com isso?
— Não é óbvio? Quero testar você, para ver se é tudo verdade.
— Testar um velho?

81
— Não venha com desculpas, se você já foi o que dizem, ainda
deve ter seus reflexos.
O monge pega sua cesta e se dirige a seu velho casebre.
Takehiro não entende e grita com ele.
— Ei, o que pensa que está fazendo?
— Não vou fazer isso.
— Não venha com essa, seu velho!
— O que faz você achar que sou obrigado a fazer isso?
— Eu quero me tornar um guerreiro mais forte, ser o mais forte
de todos, para isso tenho que aprender com aqueles que já foram
grandes homens no passado. Por isso quero que me ensine, deixe
eu ver suas habilidades! Me mostre!
O garoto avança em direção a Madeko, empunhando sua
katana para atacá-lo. Ele espera que o senhor faça algo que prove
sua história. Mas o garoto para, pois o senhor se agachou para
pegar algo em um vaso.
— O que está fazendo?
O velho pega uma muda de alguma planta e a oferece ao garoto.
— Pegue — diz Madeko — Plante ela próxima à ponte ao oeste.
— Han? Por quê?

82
— Plante-a e cuide dela, essa planta no futuro se tornará uma
árvore. No dia em que ela der frutos, te ensinarei o verdadeiro
caminho de um guerreiro.
— Mas não, por que eu tenho que fazer isso?
— Ué? Não quer que eu te ensine?
— Mas quanto tempo ela vai levar para dar frutos?
— Hum, uns três anos.
— O quê?! Não me faça de bobo, seu velho desgraçado!
— Está bem. O velho coloca a muda de volta no vaso e entra em
sua casa.
— Olha só! Me ensine de verdade! — Grita o garoto.
O velho nada responde. Minutos se passam, Takehiro
está parado em frente ao casebre. Até que ele olha para a muda.
E pensa:
— Hum, três anos é?
Sete meses se passaram. O velho monge está carpindo
um pedaço de terra. Novamente, o velho olha para o longe. A
figura está vindo de novo.
— Hum, lá vamos nós de novo — resmunga o ancião.
Takehiro chega já reclamando:
— A árvore morreu.

83
— Não cuidou dela então.
Eu cuidei! Acontece que um grupo de vagabundos veio me en-
cher o saco. Tive que lidar com eles.
— Deixa eu adivinhar, deu uma surra neles?
— Isso, apesar de estarem em maior número, consegui me virar.
Acontece que hoje, quando eu estava indo me deitar ao lado da
muda, ela estava toda destruída. Aqueles desgraçados devem ter
percebido que eu estava cuidando dela.
— Você agiu de forma imprudente, óbvio que o resultado não
seria bom.
— Imprudente? O que queria que eu fizesse?
— Tivesse agido como adulto. Uma pessoa inteligente nunca usa
a violência em primeiro lugar.
— Tá, já chega.
O garoto pega sua katana.
— Eu vou te matar, velho desgraçado. Só perdi tempo com essa
besteira.
— É melhor não tocar nele! — Avisa uma voz atrás de Takehiro.
O garoto olha para trás e vê um rapaz grande e forte com um
machado de cortar lenha na mão.
— Quem é você? — Pergunta Takehiro.

84
— Sou filho dele, e se você fizer mais algum movimento inde-
vido, vou fazer você comer terra, garoto desgraçado.
Takehiro se enfurece ao ouvir isso — Então venh- — O garoto
é interrompido com um toque de Madeko em seu ombro. O ve-
lho lhe oferece outra muda de árvore.
— É sério isso? — o garoto responde rispidamente.
— Você é quem decide, Takehiro.
Ao ouvir isso, Takehiro fica paralisado. Ele está olhando
fixamente nos olhos do ancião. Até que ele guarda sua espada e
pega a muda.
— Algum problema? — Pergunta Madeko.
— Nada — Takehiro responde com uma voz suave. Depois
disso, ele vai embora sem dizer mais nenhuma palavra.
— Que garoto estranho, era esse que você tinha me falado, pai?
— Sim — Madeko observa o jovem sumindo no horizonte —
Acho que foi a primeira vez em anos que ele ouviu alguém o
chamar pelo nome.
— Não duvido, pela cara dele, deve ser um garoto que só arran-
jou problemas a vida inteira.
— Provavelmente — diz o velho senhor.

85
Três anos se passaram. O rapaz filho de Madeko está com
dois de seus filhos indo em direção à ponte do oeste, onde ele
esperava encontrar Takehiro.
Chegando na ponte, ele avista, do outro lado dela, uma belíssima
árvore, e, embaixo dela, uma figura deitada tranquilamente.
Quando o rapaz chega em frente à árvore, por um momento, ele
não acredita no que vê.
— Caramba, é você mesmo.
— O que a gente já se viu por acaso? — responde um Takehiro
mais velho, com um rosto que esboça um sentimento diferente
de anos atrás. — Espera, acho que você é filho do velhão lá, né?
— Sim, sou eu mesmo. Me chamo Gatzu, e esses são meus filhos
— ele aponta para os dois garotos curiosos olhando para Take-
hiro.
— Hum, então ele tem netos também. — Takehiro se levanta.
Ele, junto com Gatzu, olham para a árvore. Nisso, Takehiro per-
gunta: — Pois então, três anos se passaram e, bem, ali estão os
frutos. Acho que está na hora de seu velho me ensinar o que ele
prometeu.
Gatzu olha para o rapaz desleixado e diz:
— É, na verdade, ele faleceu no início deste ano.

86
Takehiro olha para Gatzu surpreso, ele fica alguns segundos sem
reação. Até que ele olha para o chão e murmura:
— Então... ele não vai me ensinar mais.
— Ensinar? O que ele te prometeu?
— Ué, ele não te contou? Ele me ensinaria a ser um verdadeiro
guerreiro.
— Ele não me disse nada disso, apenas que você era só um ga-
roto problemático que fica no pé dele. Mas espera aí, verdadeiro
guerreiro como assim?
— Ele me prometeu me ensinar o verdadeiro caminho de um
guerreiro. Foi por isso que eu o procurei. Ele era um grande sa-
murai, queria aprender com ele.
Gatzu fica surpreso e, de repente, começa a rir.
— Ai, caramba, você caiu nessa. Essa coisa de ele ser um grande
samurai era balela, era só uma lenda que ele mesmo espalhou
para todos ficarem com medo de invadir a fazenda dele. Aquele
velho sempre foi assim. Caramba, cara, desculpa, mas ele men-
tiu para você.
Takehiro fica embasbacado com a descoberta, sua mente fica to-
talmente confusa. Ele não sabe qual sentimento sentir.

87
— Papai! — fala um dos garotos de Gatzu. — Podemos pegar
algumas daquelas frutas?
— É bem...
Gatzu olha para Takehiro, que ainda está confuso. O rapaz per-
cebe.
— Ah, sim, fiquem à vontade, garotos — responde Takehiro.
Os garotos sobem na árvore enquanto Gatzu fica olhando com
pena do rapaz.
— Olha, desculpa, não sabia que ele tinha prometido isso. Eu
realmente achei estranho. Principalmente quando ele me disse
para eu verificar se você ainda estava aqui — Gatzu faz uma
pausa, refletindo sobre os últimos momentos do seu pai. — Fo-
ram as últimas palavras dele.
Surpreso, Takehiro diz a Gatzu:
— Então, ele ainda lembrou de mim. Pelo menos ele não esque-
ceu que me fez ficar aqui esse tempo todo, tendo que lidar com
vagabundos que queriam me bater. E adivinha? Tive que ficar
fugindo ou sendo surrado para que aqueles desgraçados não vi-
essem destruir essa árvore. Caramba, que velho desgraçado.
— Você aguentou tudo isso? — pergunta Gatzu surpreso.

88
— Sim, mas sabe de uma coisa? O seu velho não mentiu para
mim — diz Takehiro, contemplando os garotinhos pegando as
frutas e as comendo, os dois alegres por estarem brincando na
árvore — No fim, acho que entendi o caminho de um verdadeiro
guerreiro.

Luan Felipe

89
Imagine você conseguir prever quando alguém vai mor-
rer? inclusive as pessoas que você mais ama. Então, seria difícil,
não é? Eu vivo isso todos os dias, não acontece com todo mundo,
não entendo a causa ou porque, mas são com algumas específi-
cas. Olhar para alguém e saber quantos dias lhes restam é cruel
em certo ponto.
Suspirei e continuei a caminhar pela praça.
Já estava anoitecendo em Nova York, o céu ganhou uma
cor alaranjada e o clima estava mais frio. Olhei para uma garota
sentada no banco lendo um livro, ela parecia se incomodar com
os seus óculos e fazia umas caretas que me fez sorrir de canto.
3 meses – Venho à minha mente.
Não é muito tempo considerando que ela não deve ter mais de
20 anos.
Passei por ela e logo achei a pessoa que vim encontrar.
— Parecia concentrado na garota. – Gabriel disse assim que me
sentei ao seu lado me fazendo a olhar de novo.
— Ela parece ser interessante. – Dei de ombros.

90
— Você sempre diz isso. – Ele suspirou. – Mas nunca chega
nelas. – Quanto tempo?
— Três meses. – Suspirei.
— Uau… – Gabriel é o único que sabe dos meus dons além dos
meus pais. - Ah, ia te perguntar, como andam os lapsos de me-
mória?
— Ainda esquecendo muitas coisas. - Me chamou aqui só pra
isso?
— Está um dia bonito, apenas isso.
— Brigou com Alissa?
— Não. – Ele deu de ombros. – Tá olha, você passa muito tempo
sozinho e... – Me levantei não o deixando terminar.
— Estou sozinho por escolha minha, vocês não entendem, não
tentem me fazer mudar de ideia. – Falei irritado caminhando e
acabei esbarrando em alguém.
— Desculpe. – Disse pegando seu livro no chão a entregando.
— Tudo bem. – Ela sorriu e continuou andando.
Olhei para trás e vi que Gabriel me encarava e virei em
direção ao meu apartamento.
Troquei de roupa ficando apenas de calça de moletom e me sen-
tei no sofá ligando no noticiário.

91
Uma mulher que havia avistado a uma semana foi assassinada.
Precisa parar de ver essas coisas ... – Murmurei para mim
mesmo me levantando.
Fui em direção ao meu quarto e me sentei na escrivani-
nha vendo que ainda tinha trabalho a fazer. Sou auxiliar de ne-
cropsia, trabalho ao lado de médicos legistas já faz 10 anos.
Muitas das pessoas que cuido eu já sabia que seus tempos esta-
vam acabando. Isso infelizmente é algo que nasceu comigo, não
tenho como escapar, apenas me acostumar. Fiz o que tinha que
fazer e me deitei pegando meu celular.
3 ligações perdidas de Gabriel.
A morte de Gabriel estava chegando, e o único jeito que
eu conheço de me acostumar com a dor de sua perda era me
afastar. Deixei o celular de lado e fechei os olhos tentando dor-
mir.
***
Já faz um mês que venho nesse mesmo parque, e a garota
está sempre no mesmo lugar. Eu sempre me sento longe do
banco onde ela está e fico a observando, mas hoje, mesmo sa-
bendo que isso pode acabar mal, vou falar com ela. Respirei pro-
fundamente e fui em sua direção me sentando ao seu lado.

92
— Olá garoto estranho. – Ela diz tirando sua atenção do livro me
olhando.
— O... Olá... – Gaguejei sem querer e ela sorri.
— Lucas, não é?
— Como sabe?
— Um dia eu ouvi seu amigo gritar seu nome enquanto você ia
embora.
— Ah. – Disse passando a mão na nuca olhando para a frente. –
Bom, e qual o seu?
— Lily. – Ela diz me encarando. – Quer dar uma volta? tem um
lugar aqui perto que vende um chá muito bom.
— Claro, vamos. – Sorri.
Quando chegamos nos sentamos em uma mesa do lado de fora e
fizemos nossos pedidos.
— Porque você briga tanto com aquele seu amigo?
— Ele é… dramático.
— E você parece ser sensível, também sou. – Ela disse olhando
para umas crianças tomando café na calçada do outro lado da
rua. Suspirei e a encarei, ela virou o rosto e nossos olhares se
encontraram.
— Gosto dos seus olhos. – Ela sorri de canto.

93
Eu convivo com a morte todos os dias e aqui estou eu, com uma
pessoa cheia de vida me olhando.
— Ei Lucas, eu sei que tem me observando a muito tempo, então
não fique envergonhado, vamos nos considerar velhos amigos
certo?
— Certo. – Sorri tomando um pouco do meu chá.
Ela pegou seu celular e o apontou em minha direção.
— Ficou boa. – Ela disse olhando para a foto na tela de seu ce-
lular. – Vamos nos lembrar desse momento, você é tão fofo, sa-
bia? – Ela ri guardando seu celular. – Já está ficando muito es-
curo...
— Posso te acompanhar até em casa, se quiser.
— Ótimo. – Ela se levanta colocando a sua mochila novamente
e segura seu copo. – Vamos.
— Com o que trabalha? – Perguntei enquanto andávamos lado a
lado
— Sou designer. – Ela sorri, parecia orgulhosa de si mesma. – E
você?
— Sou auxiliar de necropsia.
— Sério?! – Ela me olha surpresa. – Uau. deve ser interessante.
— É sim, às vezes.

94
— Está frio não está? – Ela disse indo até uma lixeira na rua
jogando o copo fora. Continuamos andando em silêncio por mais
um momento até que chegamos em um prédio alto com uma ar-
quitetura antiga.
— Obrigada, nos vemos de novo?
— Claro! - Concordo colocando meu número em seu celular -
Amanhã no parque na mesma hora.
Ela sorri e entra no prédio.
Nos dias seguintes tudo correu bem, nos conhecemos
melhor e nossa ligação ficou cada vez mais forte e depois de dois
meses fomos fazer um piquenique em uma praça perto de seu
trabalho, arrumamos as coisas na grama e depois de um tempo
rindo e conversando ela ficou séria me encarando.
— Vamos à sua casa? Pelo jeito vai começar a chover.
Concordei com a cabeça e quando chegamos ela trancou a porta
e parecia um pouco transtornada e me puxou me fazendo sentar
no sofá. Ela encostou na parede no outro lado da sala e respirou
fundo ainda me encarando.
— Porque a matou?
— O que? Do que está falando?
— Minha irmã! Você a matou!

95
— Lily…
— Por favor… admita que matou a Lucy…
Eu conheço esse nome… Encaro Lily por um momento
e notei a semelhança, não sei o que aconteceu, mas agora ela está
deitada no chão em cima de uma poça de sangue. O que eu fiz?
Essas são as causas das perdas de memória? Eu matei todo
mundo que meu subconsciente me falava quanto tempo lhe res-
tava? Eu estava manipulando eu mesmo?
Me olho no espelho e logo… 20 segundos, eu tenho 20 segun-
dos.
Vou até a janela que fica no oitavo andar e me jogo, Gabriel vai
ficar vivo já que não deu tempo de eu acabar com seu prazo de
vida, esse é meu último pensamento.

Jessica Ribas

96
Elias era um jovem aspirante a escritor, andava aqui e
acolá com as costas sempre arqueadas e com o rosto colado em
um livro, suas roupas eram surradas e gastas, seu maior sonho
era ser um grande escritor com vários best sellers no currículo.
Quando não estava lendo ou tentando escrever seu próprio livro,
gostava de ir à praça alimentar os peixes no lago e admirar a vida
das pessoas que por ali passavam. Fazia rabiscos em seu caderno
de bolso, criando personagens e cenários, imaginando todas as
possibilidades que ele teria ao concluir o trabalho, no entanto,
não obtinha bons resultados. era um homem formoso, completa-
mente apaixonado pelas artes e estava na flor da idade.
Certo dia, saiu saltitando com seu manuscrito em mãos,
confiante de que finalmente havia conseguido seu primeiro livro
que seria o estopim para sua brilhante carreira. Infelizmente não
teve sucesso, as palavras do editor foram duras e ecoavam em
sua cabeça, caminhava aos tropeços, cabisbaixo e desolado, sen-
tiam-se frágil e ao mesmo tempo enraivecido os olhares de canto
nas ruas pareciam zombar de seu fracasso e tudo ali o irritava.
Resolveu apertar o passo, caminhava sem rumo, seu sonho

97
estava perdido para sempre, não sabia o que fazer ou o que es-
crever, não tinha ideias, apenas frustração.
Parou em um bar no final do beco e pediu a bebida mais
forte ao atendente, o homem do outro lado do balcão abriu um
largo sorriso na boca cheia de dentes tortos, era corpulento e
possuía algumas cicatrizes nos braços parrudos, pegou no topo
da estante uma garrafa vermelha sinistra, sem rótulo e serviu ao
rapaz em um pequeno copo, ele bebeu um, dois, três copos, be-
beu até que o sol da tarde desapareceu no crepúsculo.
Saindo do estabelecimento sem nenhuma lembrança caminhou
pela umbra desengonçado e sem se dar conta esbarrou em algo
que não reconheceu inicialmente, perdeu o equilíbrio e camba-
leou até cair no chão, praguejou baixinho. Uma figura veio em
sua direção e ao ir se aproximando ia ganhando a forma de uma
linda mulher, diferente de tudo o que Elias já havia visto, parecia
um ser de outro mundo com seus cabelos ondulados, mais ne-
gros que a noite sem lua, e seus olhos pareciam faiscar na escu-
ridão como brasas ardentes. Ela sorriu para ele, o cheiro que exa-
lava da mulher era embriagante, uma brisa primaveril que o acal-
mava e fazia-o sentir intensamente inspirado, podia ser quem
quisesse e fazer qualquer coisa e por um breve segundo foi como

98
se nada mais existisse, apenas ele a dama misteriosa. Um movi-
mento sutil ela tocou sua face com os dedos finos e depositou
delicadamente um beijo nos lábios de Elias, acariciou seus cabe-
los e sussurrou baixinho em seu ouvido "Escreva para mim", ou-
tro beijo e ele caiu em um mar de sonhos.
Quando acordou na manhã seguinte estava em casa, dei-
tado na cama, o sol entrava timidamente pelas frestas na cortina
e todo o ar exalava perfume de flores silvestres, não tinha ne-
nhuma lembrança da noite passada nem mesmo do que aconte-
cera nos últimos dias, seu manuscrito estava na mesa ao lado da
cama e tinha uma fina camada de poeira sobre ele, o moço con-
fuso esticou o braço e para ler as páginas e notou que não esta-
vam revisadas, franziu a testa, ele não havia levado a editora?
Esfregou os olhos e leu freneticamente, ao findar o texto chocou-
se, como aquilo era possível? A história estava impecável! Com
certeza ele mesmo tinha a escrito, tudo ali era dele, os persona-
gens, os cenários, os diálogos tudo que ele imaginou, mas
quando ele tinha escrito aquilo? Com um novo vigor, se pós de
pé num salto, vestiu sua melhor roupa e caminhou confiante a
largas passadas rumo a editora.

99
Chegando lá, viu o senhor Benvólio cochilando com os
braços cruzados atrás de mesa, soltou o manuscrito com força na
mesa o estrondo fez com que o velho de barbas brancas e boche-
chas rosadas acordasse num susto, esfregou os olhos preguiço-
sos e encarou o jovem irritado.
"Você aqui de novo?"
"Apenas leia!"
O homem levantou uma sobrancelha, pegou as folhas a
contragosto e começou a folhear as páginas, a cada página virada
sua expressão mudava, Elias sorria vitorioso.
"Como é possível que você tenha escrito uma história tão mag-
nífica?"
"Vai publicar?"
"Sim, o mais breve possível."
Ao ouvir isso Elias saiu contente, desceu as escadas can-
tarolando e quando estava chegando novamente em casa sentiu
um cansaço enorme tomar conta de todo seu corpo, caiu sobre
os joelhos agarrando o peito, não conseguia respirar, sua visão
escureceu, mas ele conseguiu ver a silhueta de uma dama, piscou
fortemente as pálpebras na intenção de clarear a imagem, fraco
demais desmaiou.

100
Despertou mais uma vez em sua cama, atônito! Sabia que
alguma coisa não estava certa e que isso tudo tinha a ver com a
dama misteriosa. Pouco tempo se passou até o sucesso de seu
livro estourar, o jovem não podia estar mais realizando com as
notícias, todos conheciam as incríveis aventura de seus persona-
gens, várias editoras famosas queriam ter o trabalho dele. Con-
tudo, depois de publicar três livros, algo muito estranho aconte-
ceu ao nobre escritor. Saia toda manhã como de costume, porém
com outro propósito em mente, desejava incontrolavelmente en-
contrar aquela mulher, já não se alimentava direito nem se cui-
dava mais, escrevia incansável contos e histórias sobre uma fada
atraente e sedutora, jurava a todos que ela era real e que ele
mesmo já havia visto a fada uma ou duas vezes. As pessoas o
olhavam assustadas, ele estava louco, fora de si, já não era mais
o mesmo jovem de sempre, era anêmico e paranoico, e aos pou-
cos ele foi ficando esquecido.
Uma noite após tomar todas no bar, ele encontrou a fada,
ela sentou-se ao seu lado, Elias que apesar de estar na casa dos
trinta anos parecia muito mais velho, tinha os olhos cinzentos e
uma aura melancólica. Já passaram alguns anos desde o sucesso
de seus livros e ninguém se recordava dele como autor, mas

101
como o bêbado louco. Elias não conteve a excitação de estar
perto dela outra vez, intoxicado pela sua doce fragrância. A fada
se apresentou a ele como Ada. Eles conversaram, o homem ges-
ticulava entusiasmado sobre como as aparições dela o inspira-
ram a realizar seu sonho, mas tudo o que os outros viam era mais
um bêbado qualquer falando sozinho.
Ada o seduz com suas palavras gentis e provocantes, o
homem gargalha de emoção, um copo e outro de bebida e os dois
saem do bar, Ada o leva para um lugar que Elias não conhece e
logo toda a vivacidade dele parece se esvair de seu corpo, ele
olha para a fada, mas ela não está radiante e alegre, um arrepio
lhe corre a espinha o ar todo se enche com o cheiro de morte.
Ela o abraçou tão forte que Elias sentiu seus ossos se partindo,
mas ele não conseguia reagir, não queria, ela o beijou uma última
vez e tomou toda a vida do pobre escritor, sobrou apenas seu
corpo moribundo desfalecido no chão frio.

Marciéle Cristina Loures

102
No vale do infinito moravam criaturas intrigantes. Havia
um grilo caolho e manco cuja tarefa diária, mais apreciada por
ele, era dançar para o passarinho azul, e demais voadores que
conseguisse prender a atenção. Já o passarinho não era apenas
azul, era azul-infinito como o próprio vale; e o cachorro possuía
olhos de nuvem, que adorava vigiar a movimentação ligeira das
aves, sempre carregava um pedaço do céu adornando-lhe a re-
tina. A cada vez que uma criatura de asas protuberantes lançava
seu peso simbólico no vento, ele sentia vontade de emergir den-
tre as nuvens também; mas o pobre cão vivia amiúdo no solo
recoberto de folhas, pedaços dos galhos e restos de frutos. O ma-
caco parecia ter um olho de vidro cintilante, namorava com as
cores, principalmente o vermelho que se instalava de tempo em
tempo entre os galhos. Havia também o gavião turbulento, que
apesar do lento subjacente no adjetivo do nome, era sempre o
mais rápido quando o assunto era se lançar no vento. Mas estava
velho, resmungava que a natureza desaprendera de como lidar
com o feroz animal que se movia celeremente para todos os can-
tos, e então, decidiu castiga-lo impondo-lhe o cansaço absoluto,

103
seu cardápio flertava com as formigas, mas elas também se mo-
viam tão rápido; ele nutria-se então do que elas, descuidadas,
derrubavam no caminho.
O cachorro de olhos de nuvem estava farto e decidido.
Era hora de mostrar àquelas aves assanhadas que ele também
poderia instalar-se naquele tapete azul. De tanto observar o bai-
lar eterno de suas asas, percebeu o que as fazia levitar tão graci-
osamente. Como por natureza, mesmo que mágica, não possuía
asas, e estava um pouco reforçado no peso, começou a buscar no
chão frondoso um bocado exagerado de folhas e gravetos. Sua
ideia objetivava construir asas enormes e rechonchudas. Passa-
dos alguns dias, os animais começaram a notar seu empenho, e
o instinto primeiro de todos fora a curiosidade incólume. O pas-
sarinho azul-infinito fora o primeiro a ceder e procurar perguntar
ao cachorro o que estava matutando. Depois de narrar seu plano
ao passarinho, que não se demorou em bater suas asas exibidas,
logo todos no vale já sabiam e riam no tom mais zombeteiro dos
anseios do pobre cachorro. Mas dia após dia, as folhas iam se
unindo aos galhos novamente e tomando a forma desejada pelo
cachorro, que fizera tudo sozinho do começo ao fim; sua pri-
meira tentativa de voo falhou, a segunda também, o mesmo na

104
vigésima primeira. Após alguma reflexão, concluiu que deveria
deixar o orgulho de lado e pedir amparo aos demais do vale, mas
como? Ninguém haveria de lhe demonstrar interesse, e o que
poderia oferecer para que aceitassem? As árvores sempre conta-
vam com muitos frutos, os macacos e as aves fartavam-se rapi-
damente, o descuido geral alimentava os demais. Mas havia uma
árvore baixinha que gerava o fruto mais doce de todo o vale,
entretanto, ninguém sabia como encontrá-la. O cachorro anun-
ciou a todos que sabia o rumo da árvore baixinha, e prometeu
que daria em recompensa o fruto mais doce para o trabalhador
mais ágil que pudesse contar em seu projeto de asa. Na manhã
seguinte, o vale todo estava disposto ao anseio do cachorro, com
tamanha ajuda, não demorou muito para que a viabilidade do
processo pudesse ser vista; alguns sugeriram que o cachorro dre-
nasse um pouco do peso, assim como subtraíram boa parte do
peso das asas, era necessário leveza para que o plano pudesse ter
mais chance de funcionar. Os galhos foram raspados pelos den-
tes ágeis dos ajudantes enquanto um cachorro atônito corria para
todos os lados.
Finalmente estava tudo pronto e era hora de botar em prá-
tica todo o esforço empenhado. Contudo, antes, todos queriam

105
saber quem foi mais ágil no trabalho e teria a recompensa tão
desejada. O cachorro encontrava-se em apuros, pois também não
sabia como encontrar a árvore. Declarou que precisava testar de
antemão o resultado para não se frustrar pela vigésima segunda
vez, o que era uma maneira de ganhar um pouco mais de tempo
para pensar. Mesmo longinquamente, era possível perceber que
o tão aguardado projeto havia funcionado; os pelos estavam es-
voaçantes e mais exibidos que qualquer outra coisa inserida lá
em cima. Seu controle, porém, não era dos melhores, depois de
algum tempo sobrevoando, estatelou-se no chão. Todos ficaram
preocupados, e num som uníssono ouviu-se estridentemente
cada ser consternado:
— Quem ganhou a recompensa?
O cachorro estava atônito e desesperado, mas precisava
contar a todos a verdade de uma vez por todas. Revelou não sa-
ber do paradeiro da árvore baixinha. O grilo caolho fora o único
dos zombeteiros a não ajudar na empreitada e o primeiro a rir
incessantemente. Bradou do alto de uma folha: “eu que não iria
jamais dançar para você!”. O gavião que estava farto de comer
as sobras das formigas deu a ideia de matar o cachorro para que
todos pudessem se alimentar e também puni-lo pela peça que

106
pregara, e rapidamente, todos concordaram. Escutando a todos
em posse de seu destino, os olhos de nuvem murcharam, eram
olhos de chuva, precisamente, de chuva, torrencial, sem fim.
Amiudou-se todo no pé da árvore. Seu algoz escolhido: as for-
migas compenetraram em seu organismo fazendo com que o co-
ração parasse depois de alguns instantes de beliscadas sem alma.
Do vale do infinito para algum lugar dentre as nuvens, o ca-
chorro não era um ser ruim, apenas acreditava que poderia
mesmo ascender do solo; fazer da vida mais do que um mastigar
constante. A natureza do vale o instalou no dorso das nuvens.
Uma borboletra de asa eterna circundava o bêbado suplantado
pelas doses desmedidas. E assim, finalizou a história que estava
há horas narrando. O dono do bar encontrava-se com lágrimas
perlustradas por todo o semblante sisudo, mas, mesmo assim,
expulsou o bêbado que o fizera passar do horário pela centésima
vez com as suas lorotas adejantes.

Juan Pablo

107
O povo Etano saiu da sua morada a procura de algum
planeta que lhes procurassem matéria prima para o desenvolvi-
mento de sua sociedade já que no seu planeta isso estava em es-
cassez.
Muitos deles iam pela ciência e acordos, mas a maioria
ia atras de escravos e ganância. Já se passava 14 levas, a equipe
toda estava dividida, muitos querendo soltar e outros prosseguir,
a saudade de casa já era enorme. Em uma tempestade de pedra a
nave foi atingida, até naquela situação o chefe deu a ordem de
encontrarem a primeira planta que aparece no viador e aterrizar.
Aterrizaram de maneira brusca e perigosa, mas ninguém se feriu.
Ao saírem da nave se deploraram com um verdadeiro pa-
raíso, lugar lindo. Porem os habitantes eram monstros, feios,
horripilantes e medonhos. Já no primeiro contato se viu que era
gente e queriam ajudar, a comunicação foi se estabelecendo aos
poucos com muitas dificuldades.
Com o tempo um com os outros estabeleceram uma di-
plomacia amigável e verdadeira, mas a metade dos Etanos que-
riam matar os monstros pois não confiavam naqueles seres sem

108
beleza alguma. Tentaram envenenar os pensamentos dos chefes,
mas ele era muito leal ao que se propunha fazer, no acordo com
os monstros.
Numa noite o chefe foi vítima do seu próprio povo sendo
golpeado mortalmente, os monstros o salvaram e mataram seus
colegas gananciosos, o chefe sobreviveu graças a um remédio
poderosíssimo que foi dado a ele pelos monstros, um remédio
que só fazia efeito se o doente tivesse a alma pura e verdadeira.
Ele foi salvo pela sua lealdade. E que nem tudo é aparência e a
ganância pode destruir o que mais a de importante, nesse caso
uma civilização.

Escrito por: Alécia, Paola e Renata

109
No fim do inverno com a chegada da primavera, um
Corvo que morava na cidade se mudou para uma fazenda estava
muito feliz iria trocar de profissão e começar uma nova fase da
sua vida, chegando no lugar novo percebeu que teria um colega
de trabalho e logo foi se apresentando.
- Olá, eu sou o senhor Corvo e irei trabalhar com você
espero que nosso trabalho seja produtivo e a gente se dê bem.
O colega ficou surpreso e respondeu ao Senhor Corvo.
- Prazer eu me chamo senhor pavão…
E travou não disse mais nada o corvo continuou o serviço
rastelando a grama e as folhas do chão, porém o pavão ficou in-
comodado com aquela situação no seu coração aquele Corvo não
devia estar ali porque segundo o seu pensamento.
Ele era mais estudado e logo roubaria seu cargo em seus
pensamentos o mal e ia se desenvolvendo e ele tratou logo de
fazer algo que prejudicasse. O Corvo dia se passaram e os dois
continuaram trabalhando por favor ligou para o patrão e falou
que sua casa foi roubada e só poderia ser o corpo pois só os dois
viviam naquele lugar, era distante de tudo o senhor Leitão não

110
pensou duas vezes e demitiu o senhor o senhor corvo, o coitado
nem teve tempo de se explicar e entender o porquê foi demitido,
mas ao sair da fazenda falou para o pavão.
- Você irá se arrepender a mentira e a falsidade corrói a alma.
O pavão nem se importou com as palavras do corpo ele
tinha ficado no cargo, continuaria sozinho no serviço sem nin-
guém incomodando, mas, com o passar dos dias foi se arrepen-
dendo e se amargurando sua consciência pesou acabou mor-
rendo de ataque cardíaco, porém o corvo quando saiu achou um
lugar melhor ele pagava mais e os colegas eram grandes amigos
seguiu sua vida sendo uma pessoa honesta e feliz.
MORAL: não seja mal não seja falso não fale mentiras pois se
um dia você se arrepender poderá ser tarde d demais.

Paola de Ramos

111
Parte de mim é sujo

Outra parte é nulo

Parte de mim é formoso

E outra parte abstrato

Se uma metade está em outra


parte

Tudo está em tudo como nada


está
em tudo

Parte de mim é calmaria

outra parte caos

Parte de mim é feliz

E a outra parte inverte-se

Que minha parte em tudo


seja
considerada

112
Que tudo onde houver poesia
esteja
também o amor

Por que o amor é poesia

Poesie-se

Kauã Luidi*

*Participação especial: Kauã é irmão do acadêmico Juan Pablo

113
Este livro foi impresso por Uiclap Editora e Distribuidora Ltda
Rua dos Ingleses, 524, CONJ 5 São Paulo - SP

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