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CRISTIANO

09/05/2024 -DALCIN E
10h46min
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MAURÍCIO PAZ

Idoso de 98 anos que enfrentou cheia de 1941 em Porto

Alegre tem que deixar casa pela segunda vez


Ao comparar cheias, Alfredo de Souza Lima diz que agora número de mortos é
bem maior. Temporais no estado já deixaram 100 mortos e 230,4 mil pessoas
fora de casa

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m passou pelas enchentes de 1941 e 2024.Reprodução / TV Globo

O morador de Porto Alegre Alfredo de Souza Lima, de 98 anos, atravessou as duas enchentes

históricas que devastaram a cidade – em 1941 e 2024. Em ambas, o idoso relatou o drama de abandonar

o local onde morava.

— Naquela época encheu lento. Subiu devagar. Não teve essa mortandade que tem como essa de agora. O

que eu me lembro, que eu via falar, morreu uma pessoa eletrocutada que parece que caiu na água — diz o

idoso de 98 anos.

Nesta semana, ele precisou sair de casa com a filha para permanecer, temporariamente, em um abrigo do

bairro Bom Jesus, na Zona Norte da capital.

Foi parecido em 1941. Alfredo relembra que na época, em razão da cheia do Guaíba, precisou ir para a

casa de amigos. Depois, foi para a casa de um irmão no interior do estado onde permaneceu até as águas

baixarem.

Desta vez, Porto Alegre está sem acesso ao interior pelas principais rodovias: BR-290, BR-116, BR-448 e

BR-386. Na década de 1940, o idoso comenta que a água subiu de forma gradual, diferente do que foi

visto em maio.

Fernando Dornelles, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, afirma que, à época,

24 dias de chuva nas bacias que drenam para o Guaíba levaram à

enchente. Neste ano, somente quatro dias de chuva no RS ultrapassaram a


Idoso de 98 anos que enfrentou cheia de 1941 em Porto Alegre tem que deixar casa pela segunda
vez
Ao comparar cheias, Alfredo de Souza Lima diz que agora número de mortos é bem maior.
Temporais no estado já deixaram 100 mortos e 230,4 mil pessoas fora de casa
09/05/2024 - 10h46min
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CRISTIANO DALCIN E
MAURÍCIO PAZ
Reprodução / TV Globo
Homem passou pelas enchentes de 1941 e 2024.
Reprodução / TV Globo
O morador de Porto Alegre Alfredo de Souza Lima, de 98 anos, atravessou as duas enchentes
históricas que devastaram a cidade – em 1941 e 2024. Em ambas, o idoso relatou o drama de
abandonar o local onde morava.

— Naquela época encheu lento. Subiu devagar. Não teve essa mortandade que tem como essa de
agora. O que eu me lembro, que eu via falar, morreu uma pessoa eletrocutada que parece que caiu
na água — diz o idoso de 98 anos.

Nesta semana, ele precisou sair de casa com a filha para permanecer, temporariamente, em um
abrigo do bairro Bom Jesus, na Zona Norte da capital.

Foi parecido em 1941. Alfredo relembra que na época, em razão da cheia do Guaíba, precisou ir
para a casa de amigos. Depois, foi para a casa de um irmão no interior do estado onde permaneceu
até as águas baixarem.

Desta vez, Porto Alegre está sem acesso ao interior pelas principais rodovias: BR-290, BR-116, BR-
448 e BR-386. Na década de 1940, o idoso comenta que a água subiu de forma gradual, diferente do
que foi visto em maio.

Fernando Dornelles, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, afirma que, à


época, 24 dias de chuva nas bacias que drenam para o Guaíba levaram à enchente. Neste ano,
somente quatro dias de chuva no RS ultrapassaram a cota de inundação na Capital.

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recentes das enchentes no RS nesta quinta-feira
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Ao ser questionado se imaginava que iria passar por um evento histórico como o de 1941
novamente, Alfredo comentou que tinha receio, visto que morou durante um período em Canoas, na
Região Metropolitana da Capital, e viu os temporais afetarem também o município.

Na cheia deste mês, ele estava no bairro Navegantes, na Zona Norte, na casa da filha, onde
percebeu a água subir de maneira súbita. Ambos foram resgatados de barco. Outros familiares,
espalhados pela cidade, também passaram por situação semelhante e foram levados a outros
municípios.

— A água começou a subir pela calçada e, de repente, eles foram na frente e a água já estava no
portão. Daí nós saímos. O sobrado era bem alto, mas também não tinha água nem luz — diz
Alfredo.
Enchente de 1941
Assim como neste ano, a cheia do Guaíba de 1941 ocorreu em maio, um mês atípico para
fenômenos como esse, de acordo com o professor Fernando Dornelles. À época, a maior cheia do
Guaíba atingiu a marca de 4m76cm, sendo superada pelos 5m33cm neste ano. Na noite de quarta-
feira (8), a medição do Centro Integrado de Coordenação de Serviços (Ceic) apontou que o nível
estava em 5m03cm.

Casa do Amador / Álbum da Enchente de 1941


Guaíba invadiu a Avenida Borges de Medeiros, entre o Merco Público e o Paço Municipal.
Casa do Amador / Álbum da Enchente de 1941
Uma pesquisa realizada pelo professor com outros especialistas ("A histórica cheia de 1941 na
Bacia Hidrográfica do Guaíba"), detalha que 15 mil pessoas foram atingidas, desabrigando 70 mil,
em um período que a capital tinha cerca de 272 mil habitantes. Um terço das indústrias e do
comércio ficaram inundados.

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enchente de 1941 no Mercado Público de Porto Alegre
Quanto tempo durou a enchente do Guaíba em 1941Quanto tempo durou a enchente do Guaíba em
1941
Naquele período, além do papel da chuva, um vento sudoeste, segundo o estudo, teria represado as
águas da Lagoa dos Patos e as empurrado para o Guaíba, contribuindo para o alagamento. Uma
situação semelhante se repete agora.

Os estragos causados pelo temporal motivaram a construção do Muro da Mauá, no Centro Histórico
de Porto Alegre. A obra foi erguida entre 1971 e 1974, com três metros abaixo do solo e três acima,
além de 2.647 metros de comprimento. A edificação é parte de um sistema anticheias, com diques e
comportas.

Temporais no RS
As chuvas que atingem o estado já deixaram 100 mortos, 130 desaparecidos e 374 feridos, segundo
o último boletim da Defesa Civil divulgado nesta quarta-feira (7). O documenta aponta que outros
dois óbitos são investigados se têm relação com as chuvas.

231,2 mil pessoas estão fora de casa – 67,4 mil em abrigos e 163,7 mil desalojadas (na casa de
familiares ou amigos). Dos 497 municípios do RS, 425 enfrentam transtornos relacionados ao
temporal, com 1,4 milhão de afetados.

As chuvas que castigaram especialmente o Norte, a Serra, o Centro e a Região Metropolitana se


movem agora para o Sul, pela Lagoa dos Patos. Os municípios dessa região têm relatos de
alagamentos e moradores fora de casa tanto pelo deslocamento da água quanto por temporais.

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