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Cuadernillo de Clases

Seminario Idioma Portugués


Docente a cargo: Prfª. Fátima França

Parte 3
2022

https://

historiaafrosuzano.files.wordpress.com/2016/10/1960-quarto-de-despejo-p1.pdf

Nascida no dia 14 de março de 1914, em Minas Gerais, Carolina


Maria de Jesus foi mulher, negra, mãe solteira de três filhos,
catadora de lixo, favelada, marginalizada. Seu livro Quarto de
Despejo foi um sucesso de vendas e de crítica e acabou por ser
traduzido para mais de treze línguas.
Leia a crônica O lugar do negro

Vera, negra, é advogada. Casou-se com Marcos, um economista bem-sucedido,


branco. A condição socioeconômica do casal é das melhores. Marcos pertence a uma
família de "classe média alta" e seus parentes moram em bairros elegantes da cidade de
São Paulo. As relações de Vera com a família do marido são amistosas.
Um dia. Vera foi visitar uma tia de Marcos que mora "nos jardins", bairro de classe
média alta em São Paulo, num edifício luxuoso. Chegando à portaria do edifício, pediu para
comunicar sua presença. O porteiro simplesmente disse que a proprietária do apartamento
estava em casa e que Vera poderia tomar o elevador de serviço.
Vera engoliu seco e falou: "O senhor poderia comunicar a dona Joana (tia de Marcos)
que a sobrinha dela está aqui. Ela está me aguardando".
O porteiro ficou meio sem graça e disse: "Pensei que a senhora fosse parente da
empregada..." (A empregada de dona Joana é negra).
A história ficou por aí. Vera não fez nenhuma queixa a sua tia com receio de o porteiro
perder o emprego. Ele era negro.
ANA LÚCIA E. F. VALENTE Ser negro no Brasil

Verbos Pretérito Imperfeito do Indicativo


Antigamente, na época em que...

Verbos regulares

PESSOA GOSTAR VENDER LER ABRIR IR

Eu gostava vendia lia abria ia

Ele/Ela gostava vendia lia abria ia

Você

Nós gostávamos vendíamos líamos abríamos íamos

Eles/Elas gostavam vendiam liam abriam iam

Vocês

PESSOA SER TER VIR PÔR


Eu era tinha vinha punha

Ele/Ela era tinha vinha punha

Você

Nós éramos tínhamos vínhamos púnhamos

Eles/Elas eram tinham vinham punham

Vocês

Verbos irregulares
TEXTO 1 - NOTÍCIA:

Após 132 anos da abolição, Brasil ainda não fez a devida reparação da escravidão

Para movimentos e pesquisadores, ausência de medidas eficazes sustenta ainda hoje uma
situação de semiabolição no país

Fabiana Reinholz- Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |  13 de Maio de 2020 às 21:09

Data não é motivo de celebração, e sim de lembrete de que essa é uma revolução inacabada -
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Com apenas dois artigos, a Lei Áurea (lei nº 3.353) aboliu, em 13 de maio de 1888, a escravidão no
Brasil, pondo fim a mais de três séculos de trabalho forçado. Cabe salientar que o país foi o último
das Américas a fazê-lo. A ideia de liberdade em suas mais indistintas formas logo se mostraria
utópica. A ausência de medidas eficazes de reparação faz com que essa parcela da população —
56,10% dos brasileiros se declaram negros — ainda continue social e economicamente atrás de
outros grupos. A pandemia causada pelo novo coronavírus acirrou esse quadro. 

:: Artigo | O que a atual pandemia revela sobre o 13 de Maio de 1888? ::

No país, de cada 100 pessoas assassinadas, 71 são negras. Entre 2005 e 2015, a taxa de homicídios
de pessoas negras aumentou 18,2%, enquanto a das pessoas não negras diminuiu 12,2% no
mesmo período. Ao fazer o recorte de gênero, o abismo se torna mais proeminente. Enquanto a
taxa de homicídios de mulheres não negras teve crescimento de 4,5% entre 2007 e 2017, a taxa de
homicídios de mulheres negras cresceu 29,9%. Em números absolutos, entre as não negras o
crescimento foi de 1,7%, já entre mulheres negras foi de 60,5%. Os dados são do Atlas da
Violência publicado em 2017 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública.

Em relação ao mercado de trabalho, a maior parcela de desempregados é da população negra, são


64,2% do total de 13,7 milhões sem ocupação, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto 34,6% dos trabalhadores brancos estavam em ocupações
informais, entre os pretos ou pardos esse percentual era de 47,3%. Mesmo com maior acesso à
educação, eles têm os menores salários.   
Conforme destaca a doutora em História, professora e integrante de Maria Mulher - Organização
de Mulheres Negras, Lúcia Regina Brito Pereira, após a abolição, as pessoas não tinham empregos
decentes, não podiam ir à escola, os trabalhos eram sempre os menos remunerados. De acordo
com ela, isso impediu que se tivesse um crescimento igualitário junto a outros grupos que
contrariamente foram contemplados com terras, trabalho e crédito. “A gente continua buscando a
conclusão dessa abolição que ainda não ocorreu, que pese todas as mudanças, as ações que foram
feitas ao longo desses 132 anos, estamos em outro patamar, mas ainda nos falta muito naquilo
que diz respeito à educação, saúde, a infraestrutura, o trabalho”, observa, avaliando que o que
houve foi uma semiabolição.

Manchete do jornal Gazeta no dia seguinte à declaração do fim da escravidão no Brasil, em 13 de


maio de 1888 / Reprodução

“Formalmente, os negros foram libertos, mas essa ação do então governo naquele momento era,
em tese, para beneficiar os senhores escravizadores, esse era o objetivo.  Por outro lado, para as
pessoas escravizadas foi um momento significativo porque se queria a liberdade, a liberdade de
trabalho, a liberdade de ir e vir, uma liberdade também meio que sonhadora, não é? E foi isso, só
isso, porque a realidade, o dia quatorze começou a ser bastante cruel. Essa liberdade era uma
utopia. E ainda hoje estamos lutando por ela”, frisa. 

De acordo com ela, a falta dessa reparação histórica faz com que essa realidade não tenha mudado
de modo significativo. "A sociedade escravista criou alguns estigmas que esse grupo hegemônico
também reproduz nas suas ações, nos seus olhares, no impedimento de que, mesmo tu sendo uma
pessoa capacitada, tu não pode ocupar determinados cargos. Ainda somos invisíveis politicamente,
nos postos de maior remuneração, e ainda somos tratados e tratadas independentemente da
escolarização, do posicionamento na vida, como seres de segunda categoria”, considera. 

Um outro olhar para o dia 13


Dados da The Trans-Atlantic Slave Trade Database reportam que navios portugueses ou brasileiros
embarcaram escravos em quase 90 portos africanos, contabilizando mais de 11,4 mil viagens
negreiras, tendo 9,2 mil como destino o Brasil. Ainda de acordo com o levantamento, em torno de
4,8 milhões das pessoas que foram escravizadas chegaram ao litoral brasileiro. 

Em torno de 4,8
milhões das pessoas
que foram escravizadas
chegaram ao litoral
brasileiro / Reprodução
Navio Negreiro de
Rugendas

Para o Advogado e integrante da Frente Quilombola do Rio Grande do Sul, Onir Araújo “Esse país
guarda na sua raiz um racismo e uma discriminação muito profunda, mas apesar de tudo isso nós
sobrevivemos. As teorias higienistas lá do século XIX, início do século XX, que previam o nosso
extermínio não conseguiram fazer isso e essa organização econômica do mundo vai ter que dar
conta dessa população, mais especificamente no caso aqui no Brasil, que vive a maior
desigualdade”, ressalta Lúcia. 

Covid-19 e o povo negro

De acordo com matéria publicada pela  Agência Pública, em duas semanas, a quantidade de
pessoas negras que morrem por Covid-19 no Brasil quintuplicou. De 11 a 26 de abril, mortes de
pacientes negros confirmadas pelo Governo Federal foram de pouco mais de 180 para mais de
930. Além disso, a quantidade de brasileiros negros hospitalizados por Síndrome Respiratória
Aguda Grave (SRAG) causada por coronavírus aumentou para 5,5 vezes. Dados do Ministério da
Saúde divulgados no dia 10 de abril apontavam que pretos e pardos representavam 23,1% dos
hospitalizados com SRAG, sendo ainda 32,8% das vítimas de covid-19, uma morte a cada 3
hospitalizados, enquanto entre brancos, há uma morte a cada 4,4 hospitalizações. 

A covid-19 também chegou às comunidades quilombolas, contabilizando 121 mortos e 128 casos
confirmados, de acordo com a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras
Rurais Quilombolas (Conaq). Segundo a entidade os dados revelam uma alta taxa de letalidade da
covid-19 entre os quilombolas e uma grande subnotificação de casos. Situações de dificuldades no
acesso a exames e de negação de exames a pessoas com sintomas têm sido relatadas pelas
pessoas dos quilombos. 

TEXTO 2:

SINCRETISMO E RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS

Postado por Elson Barbosa em 25/03/2019 e atualizado pela última vez em 22/07/2020
O Sincretismo e as Religiões afro-brasileiras estão interligados, afinal as práticas
religiosas originadas no Brasil são junções das doutrinas dos povos africanos,
aliadas às crenças da Igreja Católica. 
História do Sincretismo e Religiões Afro-brasileiras
Tudo começou com a chegada dos portugueses no Brasil. Junto com novos
hábitos e culturas, a colonização brasileira deu espaço para chegada de outros
religiosos. Além disso, com a vinda de povos da África, a variação de crenças e
religiões ficou ainda maior. 
Porém, a Igreja Católica sempre tentou obrigar os escravos a aderirem as
doutrinações cristã, impedindo que eles propagassem e exercessem suas
obrigações religiosas na qual acreditava. Mas, por muitas vezes, alguns escravos
realizam mobilizações ou festividades nos mesmos dias em que aconteciam as
celebrações católicas. 
Outros, mesmo participando das festas católicas, não abandonavam sua fé nos
orixás, voduns, entre outras divindades oriundas da terra natal. Com isso, essa
prática simultânea de diversas religiões resultou no surgimento de outras, que
levavam características africanas, cristãs e indígenas. 
Atualmente, podemos identificar essa diversidade quando no mesmo dia são feitas
celebrações para deuses da igreja católica e para divindades de origem africana. 

Representação de
Iemanjá, que na Igreja
Católica é associada a
imagem de Nossa
Senhora da Conceição.
(Foto: Wikipédia)

A religiosidade da
Cultura Negra
Fonte: Emma Eberlein O. F. Lima (1991). Avenida Brasil : curso básico para estrangeiros,
Vol 1, São Paulo: EPU.

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