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A revista enquanto um objeto de estudo

A revista é um desafio ao tempo (Rocca, 2007). A revista trabalha para a


difusão daquilo que está vinculado ao ela. A revista literária depende dos textos que
ela vincula e vice-versa. A revista briga com o presente, pois é um ato coletivo. Uma
revista seria, então, uma experiência com o descontínuo? No entanto, a revista é
também um diálogo com o tempo:

“Muito pelo contrário: o azar, o acaso, o acidente (histórico, político, cultural,


as rupturas ou as somas internas) cumpre um papel decisivo na experiência
da revista, que é, antes de mais nada, abertura, discussão, sensação alerta,
diálogo no tempo e não tanto contra o tempo.” (Rocca, p. 2)

O sentido da revista se sustenta em sua relação com a vida social atual. Há


um íntimo contato entre as duas esferas. A revista captura o presente, a história.
Pois o seu leitor também está definido pelo tempo e pela cultura. Rocca falar de se
ler “as margens” da revista para compreendê-la adequadamente. A revista nos põe a
pensar também sobre a formação do leitor; quais são as condições para se realizar
a leitura de uma revista? O leitor também é uma construção temporal e cultural.

Maria Lucia de Barros Camargo separou a leitura de revista em três


categorias básicas: revistas institucionais; periódicos independentes e de tiragem
reduzida; periódicos de ampla circulação. (Camargo, 2003). Como entender as
revistas literárias dentro das categorias propostas por Camargo? [Diáspora(s) foi um
periódico anual, o que revela essa periodicidade?]. A revista lograria, na visão de
Rocca, quando a partir dela sobrevivesse valores que ela mobiliza. Outro ponto
interessante, é parte da revista também se constituir em polaridade com outros
periódicos, isto é, ela instiga uma discussão seja pelas margens ou pelo centro. Aqui
também a revista Diáspora(s) pode ser pensada em seu confronto consciente à
Orígenes. Seria necessário também considerar as revistas que ultrapassam a
dicotomia entre uma vanguarda estética contra outra política. Será então que
Diáspora(s) conseguiu esse feito?

A revista cultural geralmente reivindica o caráter marginal de sua publicação.


De um outro modo, ela expressa uma produção descentralizada, isto é, diferente das
revistas institucionais e acadêmica, ela não possui fomento do Estado. Ainda em
relação ao público, o conteúdo da revista também diz que são seus leitores.
Diáspora(s) publica textos de filósofos. Quem eles esperam que leia os textos
acadêmicos?

A célula básica da revista é o grupo. (Rocca, p. 12). Uma revista não é


constituída por uma única pessoa, tão é possível sua criação sem o diálogo com
outros grupos e revistas. O autor de criar uma revista é um ato de liberdade,
inclusive para os leitores. Pois se entrar em uma revista por onde se quiser, não há
um rigidez quanto às suas seções. Uma revista precisa de pública, precisa cria-lo de
alguma forma. E se sua distribuição é gratuita e os textos seletos como se pode
pensar seu financiamento e produção? É necessário pensar também a crise que
pode ocorrer em uma revista literária. Quando Diáspora(s) se torna inviável? Será
que não podemos pensar Diáspora(s) como um projeto que acabaria em algum
momento? A revista foi pensada para ser mantida ou foi uma tentativa
inconsequente de manifestar o desacordo?

Las revistas culturales como documentos de la historia latinoamericana –


(Beigel, 2003).

Beigel irá trazer a noção de “documentos de cultura”, recuperada em


Benjamin, para as revistas, definindo-as em um determinado estado do campo
intelectual. Apesar dessa abordagem, devemos pensar que uma revista literária se
enquadraria na definição de um periódico cultural. Assim, cabe-nos discutir o que
define uma revista literária. Pensar as revistas como documentos da cultura é ir para
uma perspectiva histórica. Para Beigel, é importante considerar as revistas como
elementos fundamentais para a história da cultura;

Vanguardistas o academicistas, de izquierda o de derecha, las


revistas culturales constituyen un documento histórico de peculiar interés
para una historia de la cultura, especialmente porque estos textos colectivos
fueron un vehículo importante para la formación de instancias culturales que
favorecieron la profesionalización de la literatura. (ibidem, p. 3)
Ou seja, é interessante que consideremos Diáspora(s) como documento da
história cubana, que avaliemos que história essa revista reivindica. Outro ponto que
é importante ressaltar e manter em perspectiva é que a Fernanda considera essas
revistas culturais como uma das vias mais predominantes da autonomização do
campo intelectual latino-americano.

O conceito de “editorialismo progmático” é utilizada pela autora para se referir


a periódicos que formulavam programas explicitamente políticos e que se
relacionavam com aspectos da cultura, muitas vezes ligada a um partido ou a um
programa.

El editorialismo programático, nacido durante la gesta vanguardista estuvo


vinculado con aquella suerte de “explosión gutemberguiana” que alcanzó al
anarquismo y al socialismo desde fines del siglo XIX. La proliferación de
imprentas y editoriales permitió a los sindicatos y partidos producir
periódicos, panfletos y revistas que contribuyeron en el plano organizativo
para la concientización política de grandes sectores. Tirajes altos y bajos
precios definía la fórmula de estas empresas de partido que ocuparon un
papel central en la difusión del pensamiento anarquista y socialista en
América Latina. (ibidem, p. 5)

Então, ligar-se à uma ideologia política seria um marco dentro o periodismo


cultural latino-americano. Beigel reitera o papel do editorialimo progmático como
constituinte do processo de autonomização da cultura no continente. Nesse primeiro
bloco do texto fica nítido a tentativa de se discutir a história do continente a partir
desses posicionamentos políticos da revista, no entanto, pergunto-me se no campo
estético seria tão simples fazer essa reconstituição. Isto é, talvez, no mínimo,
rastrear a influência de outras publicações, geralmente estrangeiras, no programa
estético de determinada revista, aí, então, reconhecer o que há de político na
escolha. Falta para Beigel também comentar os periódicos que se opunham ao
discurso nacional, o que ela parece enquadrar numa pergunta genérica quanto a
identidade:

Las revistas y en general, el editorialismo programático, muestran de


manera privilegiada las distintas inflexiones del proceso de autonomización
de lo cultural en nuestro continente. En primer lugar, sus límites difusos y su
particular dependencia con otros campos. En segundo lugar, los alcances
de los proyectos político-culturales que surgen en determinadas brechas
que se producen en el “espacio de posibilidades” que transita en las
relaciones del campo cultural con el campo del poder. Estas condiciones
determinan la existencia de “bisagras culturales” que constituyen territorios
fértiles para la pregunta por la identidad nacional. (ibidem, p. 6)

No segundo bloco, a autora vai discorrer acerca das abordagens


metodológicas para a análise de textos coletivos.

O primeiro pressuposto é de que não haveria uma “relação concêntrica” entre


texto e contexto e a autora se afasta dessa metodologia histórica. Ela prefere
considerar os textos coletivos dentro da discussão intelectual de uma época, mas
também no modo de legitimação de novas práticas políticas e culturais (p. 7). A
autora pareia o surgimento do editorialismo progmática não só como parte do
processo de modernização latino-americano, ele também registra novos projetos e
práticas de sujeitos sociais “nacientes”. No contexto grupo Diáspora(s), os membros
do periódico já haviam se manifestado estética e politicamente no campo cultural
cubano, antes da publicação da revista. Assim, os membros podem ser
considerados atores dessas novas práticas sociais que ganham força principalmente
após a dissolução da União Soviética. Detalhe: a noção de “campo” da autora é
tomada de Bourdieu.

Diáspora(s) pode ser pensada como o efeito de algum outro marco dentro do
campo cultural cubano. Se o surgimento de uma revista pode estar ligada a um
momento de crise ou conjuntura relevante, então, Diáspora(s) revela uma crise no
campo político e cultural de cuba, ela surge como uma resposta a instabilidade do
discurso nacional.

Beigel sugere, citando Sur John King1, que uma forma de abordar as revistas
é considerar o grupo que a forma em sua relação com outros grupos da mesma
esfera cultural e com a sociedade em geral. Outra sugestão da autora é a de
considerar como fundamental o papel do editor, sobretudo, ao se tratar de uma
revista de vanguarda:

1
John King, SUR. Estudio de la revista argentina y de su papel en el desarrollo de una cultura (1931-
1970), Op. cit, p. 14-16.
Una segunda dirección implica una atención mayor a los momentos de
inflexión del recorrido de la publicación. Para desentrañar un hilo conductor
es necesario seleccionar y abordar de manera específica los textos
programáticos que van construyendo los ejes del proyecto, nos referimos a
los artículos-editoriales, manifiestos o secciones que expresan las
actividades y posiciones polémicas de todo el grupo. En el caso de las
revistas de vanguardia, el seguimiento de la trayectoria del director del
emprendimiento se vuelve fundamental, en tanto encarna el proyecto y por
lo general ocupa un lugar social importante, como portavoz del grupo y
agente cultural. La selección y clasificación de los textos se encuentra ligada
indisolublemente a la praxis del grupo cultural que edita la revista. Por esta
razón debe procurar distinguir según su grado de representatividad dentro
del núcleo de redactores y en el campo intelectual. No será lo mismo un
artículo de un colaborador ocasional, expresión del espíritu amplio de la
revista, que una “editorial de presentación”, un artículo firmado por el
director o en nombre del grupo (op cit, p. 10).

Assim, considerar a trajetória de Aguillera em Diáspora(s) se torna essencial,


assim como as cartas escritas por Rolando Sánchez Mejías nos anos anteriores à
publicação.

Las revistas y los límites de lo decible: cartografía de una época (Gilmar, 1999)

Gilmar inicia afirmando que o trabalho focará na tentativa de compreender os


anos 60 e 70 na america latina a partir das revistas culturais. Em uma abordagem
semelhante a de Beigel, há o cuidado de considerar a história política como um dos
aspectos que fomentam um revista. A legitimação do intelectual latino-americano
passa por esse lugar de perguntar-se por si mesmo, sendo os periódicos um lugar
de destaque nos anos 60 e 70. Fragmentos de textos literários foram publicados e
por isso, a revista contribuiu também para a divulgação de obras e autores. Ainda
não entendi onde se enquadra a ideia de cartografia. Texto no geral um pouco
confuso.

Intelectuales y revistas : razones de una práctica (Sarlo, 1992)


Beatriz afirma que publicar uma revista significa fazer uma política cultural,
discurso que demarcam o intelectual latino-americano (p. 2). A forma de revista
enquanto prática de produção e circulação considera o presente como sua época
ativa. Uma revista envelhece quando seus desdobramentos já foram incorporados à
cultura geral, de tal modo, que sua leitura é feito pela historiador e não mais pelo
crítico literário. Essa é uma perspectiva intrigante de Sarlo, pois fica evidente, se o
desejo da pesquisa é reconstituir o período de circulação e produção, a necessidade
de reconhecer o público leitor. Quem lia Diáspora(s)? Quais materiais temos notícias
quanto a sua recepção?

Segundo Sarlo, os textos que parecem mais interessantes - em que há maior


destaque - revela a demanda imediata de um assunto. Ela dá o exemplo da revista
Sur em que o ensaio de Borges sobre a literatura gauchesca teve menos destaque
do que um texto sobre o ser latino-americano de Waldo Frank. Enquanto o primeiro
se manteve como relevante pela crítica, o segundo foi esquecido. (ibidem, p. 10)
Assim, em Diáspora(s) há mais textos teóricos e ensaios críticos sobre política e
cultura do que material estritamente literário. Esse destaque ou não destaque dado
pelos editores ao conteúdo da revista já a própria revista, compondo sua sintaxe.
Sarlo conclui que a revista rende um tributo ao momento do presente porque sua
intenção é modificá-lo. Ela ainda faz um apelo contra “el placer del anacronismo”.

Sarlo aponta também a possibilidade de uma história de leitura encarnada


pelos periódicos;

Y si una historia de la literatura puede ser pensada como historia de


lecturas, las revistas están allí mostrando de manera en ocasiones
demasiado evidente, como fueron leídos los textos, cuáles fueron los limites
ideológicos y estéticos que los hicieron visibles o invisibles, cuáles son los
fundamentos coyunturales (por no decir históricos) del juicio, quiénes se
equivocaron en sus predicciones y quiénes, desde el presente, pudieron
adivinar el futuro (p.11)

Nesta passagem também é possível pensar a relação entre o grupo e sua


proposta de periódico. O grupo Diáspora(s) quis modificar o presente cultural de
Cuba. A revista é um meio para essa transformação. O editorial demonstra o afã de
incidir nos espaços da cultura cubana. No entanto, Sarlo afirma que os editoriais são
espaços pouco confiáveis se o objetivo é reconstruir em perspectiva histórica a
problemática de uma revista. (p. 12). Diáspora(s) coloca os teóricos do pós-
estruturalismo como limites do discurso poético-político. Não são apenas influências.
Há, portanto, dois ambientes/espaços – ou geografias, nas palavras de Sarlo, em
que a sintaxe de uma revista se estrutura. Um composto pelas condições concretas
de sua leitura e circulação e outro por um espaço ideal e teórico;

Las revistas tienen sus geograffas culturales, que son dobles : el espacio
intelectual concreto donde circulan y el espacio-bricolage imaginario donde
se ubican idealmente. Puede suceder que ambos espacios se relacionen
bien, sin tensiones mayores, que la revista repita la geografia de su pûblico,
del campo intelectual, del sentido comûn colectivo. Puede suceder que las
dos geograffas no se superpongan o, ni siquiera, se presupongan : se trata
de las intervenciones fuertemente originales o importadoras de revistas que
se identifican con el pionerismo cultural y, por ello, diagnostican las
carencias de sus medios locales. (p. 12)

O caráter aguerrido de Diáspora(s) talvez seja um reflexo da violência


intrínseca entre a política editorial proposta pelo grupo e a política cultural vivenciada
na cuba dos anos 90.

Reflexiones en torno a un nuevo objeto de estudio: las revistas (Artundo, 2010)

Patricia realiza uma reconstituição histórica da circulação de revistas literárias


na América latina. Em seguida se aprofunda na sucessão de periódicos argentinos
no século XX. Já na parte final da conferência, Patricia inicia sua defesa a respeito
da necessidade de estudar a natureza do objeto revista. Assim, ela indica uma
trajetória possível: “Una tentativa de respuesta a la problemática enunciada, en todo
sentido provisional y sujeta a discusión y análisis, parece indicarnos que existen
determinados elementos que las definen: sus características físicas y materiales, su
visualidad y su contenido.” (op cit, p. 8).

O formato de uma revista pode indicar o tipo de leitor pressuposto como


também os distintos tempos de leitura. Novamente surge a questão de reconsiderar
o público de Diáspora(s); que são os leitores que tem tempo e fluidez para ler
traduções de obras filosóficas? O público leitor se torna uma dimensão importante
para compreender a escrita desses autores. A natureza física da revista também nos
permite questionar o espaço e lugar em que ela pode ser lida, como reitera a altura:
“El formato periódico, por su papel —en general papel obra— admite ser plegado o
doblado, llevado debajo del brazo y no necesariamente obliga a pensar en un lugar
adecuado para realizar la lectura, además de presuponer otro tipo de contenidos."

Quando o grupo cubano criar um periódico nomeando-o de ‘documento’ está


implicando no modo como será lido e possivelmente expressa a intenção do grupo
quanto a sua conservação. No entanto, as edições eram fotocopiadas e uma
qualidade inferior a das revistas institucionais. Foi uma estratégia para sua maior
difusão.

Em seguida a autora aponta para o aspecto visual da revista como uma


estratégia de angariar seu leitor. Sua imagem, identidade, não deve ser pensada
apenas em relação as escolhas visuais mais óbvias, como as contribuições de
artistas plásticos, capa e contracapa. É necessário considerar também o projeto de
diagramação da revista. Um periódico apela para a cultura visual de seu leitor (p.
10). O conceito de cultura também deve ser considerado ao se analisar uma revista:

En todo caso, lo que es importante tener en cuenta es que toda


revista presupone un concepto de cultura y para cualquier análisis que se
haga de ellas es necesario preguntarse acerca de qué entendieron en cada
momento por cultura y, aun por contracultura. Solo así uno puede abordar
revistas como Pinap con la cultura rock en los años sesenta y, en la
actualidad, otras como THC que se dedica exclusivamente a lo que
identifica como cultura Cannabis (p. 11)

Qual o conceito de cultura proposto pela revista Diáspora(s)? Patricia cita o


trabalho de Sarlo quanto a abordagem de revistas e de Annick Louis 2, a qual
contribui com noções valiosas para a nossa pesquisa:

De la lectura de este trabajo se pueden extraer ciertas


conceptualizaciones que son válidas para otro tipo de publicaciones a la
hora de pensarlas como objeto de conocimiento. Por eso me interesa
mencionar otra propuesta que en términos teóricos resulta instrumental para
su estudio. Annick Louis (1997) ha formulado el concepto de contexto
aplicado a una revista, distinguiendo contexto de publicación, contexto de

2
Louis, Annick Louis (1997). Jorge Luis Borges: oeuvre et manoeuvres, Paris, L’Harmattan: 7-
34.
edición, contexto de producción y contexto de lectura. Partiendo de la
noción de paratexto formulada por Gerard Genette, el contexto de
publicación se refiere a los elementos que rodean al texto, es decir, aquellos
que se encuentran en la misma página (otros textos o ilustraciones), o al
conjunto de la publicación donde un texto es editado. Mientras que el
contexto de edición, es la noción ampliada del anterior: la revista en sí
misma, el periódico en el cual una revista es publicada o la red constituida
por el conjunto de revistas publicadas en una época, en una cultura. El
contexto de producción, se refiere a las condiciones materiales, culturales y
sociales de producción de los textos. Y, por último, el contexto de lectura,
esto es, las condiciones de lectura, tal como ellas se inscriben en los
aspectos materiales de las publicaciones. (p. 12)

Por fim, Patricia dá exemplos da metodologia aplicada por Louis. Pensando


nesses diferentes contextos, é possível recriar uma cartografia mínima da
publicação do periódico cubano.

Las revistas literarias como objeto de estudio (Annick Louis, 2014)

Louis propõe uma série de procedimentos para abordar a revista cultural


como um objeto de estudo. Sua primeira distinção é entre uma leitura extensiva e
uma intensiva da revista. A extensiva seria a do leitor comum, o qual se adapta a
periodicidade da publicação e não necessariamente a lê em sua totalidade tão
pouco de forma linear. A intensiva é a leitura feita pelos pesquisadores, que se
esforçam para apreender a coerência interna das seções, a lógica do programa
editorial, o diálogo entre os textos, entre outros.

A segunda concepção é a de contexto. Louis distingue 4 tipos diferentes:


contexto de publicação, contexto de edição, contexto de produção, contexto de
leitura. Entre esses, quero destacar em um primeiro momento o contexto de
produção:

El contexto de producción designa, por lo tanto, todos aquellos


datos y elementos que tienen relación con la fabricación del objeto:
financiación, impresión, reuniones de un grupo, proyecto intelectual detrás
de una publicación, circuitos del papel, polémicas de época, etc.

Ao abordar o periódico cubano se percebe que as informações quanto ao


contexto de produção são escassas. O contexto de leitura é pertinente:
Uno de los métodos para estudiar el contexto de lectura consiste en
considerar la circulación de los textos entre revistas y libros. Otro es tomar
en cuenta el formato de una revista, que implica un lectorado particular y un

modo de leer específico.

Em seguida a autora trabalha com a noção de diretor e a noção de


colaborador. Pensar a categoria de diretor implicar perguntar-se quem toma as
decisões, como também distinguir autoria pessoal de autoria coletiva. ‘Presentación’
é escrita por Rolando Sánchez Mejías, o primeiro editor da revista. Seria
interessante perguntar para Aguilera quem foi o responsável ou como eram feitas as
escolhas dos textos traduzidos pela revista. Outra pergunta pertinente é como foi a
troca dos editores a partir do segundo volume. Louis sugere parâmetros ao se
considerar a função de um diretor em um periódico:

si figura un director y qué nombre

de qué modo aparece el director o la dirección (solo, dentro de un grupo,


con un cargo definido),

estudiar y problematizar el tipo de testimonios así como los discursos


posteriores,

los rastros materiales (el nombre, las correcciones, etc.),

la participación en la revista (presencia y ritmo de publicación),

los modos de la firma dentro de la publicación,

y las secciones en que publica.

Seria interessante perguntar a Aguilera que tipo de mobilização ele exerceu


como diretor/editor em Diáspora(s) e em que essa atividade difere da de
contribuição com textos pessoais ou traduções. Outro dado importante a coletar é a
dos colaboradores da revista; de onde escreviam, a periodicidade, em quais seções,
a relação com outros colaboradores etc.

A autora finaliza o texto com algumas conclusões: a autoria de uma revista é


sempre coletiva; a revistas questionam a noção de gênero e abrem novas
expectativas para o leitor; a uma relação em toda revista entre uma ‘cultura popular’
e uma ‘cultura letrada’; a permanência em uma rede de revistas demarca o perfil de
um periódico e sua relação com a época; o processo que marca a passagem de um
texto em um periódico para um livro (para a autora já seriam textos diferentes); a
relevância da materialidade da revista.

Las revistas literarias de Hispanoamérica (Martinez, 1990)

Martinez realiza uma breve reconstituição histórica das revistas literárias na


américa hispânica. Separando em: a) gacetas y revistas dieciochescas y de
principios del siglo XIX; b) revistas de las primeras generaciones después de la
independencia: 1820-1830; c) nacionalismo, romanticismo y costumbrismo: 1830-
1896; d) modernismo: 1896-1916/1920; e) vanguardias y nueva literatura: 1920-
1950; y f) periodo contemporáneo: 1950 hasta nuestros días.

Entre esses períodos me chamou mais atenção as revistas que ele localiza
como de vanguarda, isto é, entre 1920 e 1950:

Argentina: Prisma (1921-1922); Martin Fierro (1924-1927); Proa


(1922-1923 y 1924-1926); Nosotros (1907-1934 y 1936-1947); Sur (1931-
1981); Verde Memoria (1942-1944).

Colombia: Los Nuevos (1925); Revistas de las Indias (1936-1951).

Costa Rica: El Repertorio Americano (1919-1939).

Cuba: Revista de Avance (1927-1930); Orígenes (1944-1954).

Chile: Atenea (1924-1964); Babel (1939-1951).

Guatemala: Revista de Guatemala (1945-1948,1951-1952 y 1959-


1960).

México: México Moderno (1920-1923); Ulises (1927-1928);


Contemporáneos (1928-1931); Universidad de México (1936- ); Letras de
México (1937-1947); Taller (1938-1941); Romance (1940- 1941); El Hijo
Pródigo (1943-1946).

Nicaragua: Cuadernos del Taller de San Lucas (1942-1951).

Peru\Amauta (1926-1930); Palabra (1936-1937); 3 (1939-1941); Las


Moradas (1947-1949).

Puerto Rico: Asomante (1945-1954).

Uruguay: La Pluma (1927-1931); Número (1949 -1955 y 1963-


1964).
Venezuela: Viernes (1939-1941); y Revista Nacional de Cultura

(1938- )

Em seguida ele propõe um programa para estudar as revistas literárias.


Primeiro, deve-se colecioná-las, criar um índice de conteúdo, grupos e períodos. Por
fim, sem se prolongar muito quando à métodos, aconselha que sejam estimulados
estudos monográficos dedicados às revistas e suplementos.

Revistas de poesía: descripción de un objeto (Battilana, 2015)

En este sentido, lo perdurable, más que una noción percibida como


esencialista, es un síntoma histórico de la dinámica literaria: leemos a través
del tiempo algunos textos que, por múltiples motivos, forman parte del
conjunto de materiales disponibles en el campo cultural, textos que,
podemos decir, la cultura dispone como legibles. (p.26)

Esse trecho tem um alcance maior quando pensando em relação as políticas


de escrita que pode haver em uma revista. As formas com as quais ela cria ou
almeja a “legibilidade” do seu conteúdo dependem de como ela está inserida no
campo cultural da sociedade e quem são seus leitores, suas posições políticas,
formação acadêmica, interesse literário etc. As revistas também têm, segundo o
autor, a tendência de criar uma cartografia ao organizar um conjunto de autores e
obras segundo seu programa editorial. É possível pensar a partir dessa seleção uma
política de leitura e escrita em relação com a linguagem de uma comunidade.

Em diáspora(s), esse leitor “médio” pode ser considerado o artista cubano


com algum nível de formação, mas marginalizado pelo Estado seja por sua posição
política seja pelo caráter estético de sua obra. O recorte do presente que
Diáspora(s) realiza indica o quê?

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