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Refutando o Calvinismo em 1ª Coríntios 2.

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“Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm


do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é
capaz de entendê-las, porque elas são discernidas
espiritualmente.” Esse texto é usado pelos calvinistas
para apoiar a ideia de que os não-regenerados não podem
entender o evangelho ou as verdades espirituais da
Escritura.

Resposta

Essa interpretação, contudo, falha ao observar que o


verbo “aceitar” (gr.: dekomaí) significa “dar as boas-
vindas”. O texto simplesmente afirma que, apesar de
perceber a verdade (Rm 1.20), ele não a aceita. Não há
nenhuma disposição de dar boas-vindas no coração às
coisas que ele conhece em sua mente. Ele tem a verdade,
mas a está detendo ou suprimindo (Rm 1.18). Não faz
sentido algum dizer que o não-salvo não pode entender o
evangelho antes de ser salvo. Ao contrário, o Novo
Testamento inteiro indica que ela não pode ser salva a
menos que entenda e creia no evangelho.

A depravação total deve ser entendida de maneira


extensiva antes de ser vista como intensiva, a saber,
que o pecado se estende à totalidade da pessoa, “o
espírito, a alma e o corpo” (1ª Ts 5.23), não apenas a
uma parte dela. Contudo, se a depravação destruiu a
capacidade do ser humano de distinguir o bem do mal e
de escolher o bem antes que o mal, então teria
destruído a capacidade do ser humano de pecar. Se a
depravação total fosse verdadeira no sentido intensivo
(leia-se: calvinismo), seria a destruição da capacidade
do ser humano de se tornar depravado. Pois um ser sem
faculdades morais e sem capacidades morais não é, de
forma alguma, um ser moral. Em vez disso, é amoral, e
nenhuma postura moral pode ser esperada dele.
Mas isso não é o que a Escritura ensina. Em uma
passagem paralela, Paulo fala dos incrédulos como sendo
“obscurecidos no entendimento e separados da vida de
Deus por causa da ignorância em que estão, devido ao
endurecimento do seu coração”. Isso implica um ato
livre e deliberado pelo qual perderam “toda a
sensibilidade” (Ef 4.18-19). Em outras palavras, sua
condição de caídos e a consequente perda da
sensibilidade não são somente o resultado de serem
nascidos daquele modo, mas também porque escolheram ser
daquele modo.

Norman Geisler

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