Você está na página 1de 55

4 • Introdução

5-8 • Escritores do Rei


Orientações para
9 • Leitura

10-11 • Nosso Calendário


12-54 • Devocionários
55 • Referências
A Páscoa é o evento mais importante do calendário cristão: celebramos
Jesus Cristo, Aquele que nos salvou, vencendo a morte e revelando-nos o amor
do Pai. Em um tempo de tantas incertezas e aflições, desejamos manter nossos
olhos e corações focados e firmados nas Escrituras, aproveitando este período
que antecede a Páscoa para mergulharmos mais fundo nas verdades eternas.

A Quaresma é o período do calendário litúrgico que compreende


aproximadamente os 40 dias que antecedem a Páscoa, como um tempo de
reflexão e penitência. Para além de um simples rito, desejamos que este material
ajude a Igreja a se aprofundar nas Escrituras, tendo como base para esta edição
o Evangelho de João, um dos discípulos mais próximos de Jesus, assim como
esperamos ser do nosso Senhor.

Alguns membros da Comunidade do Rei escreveram a maior parte dos 40


textos que compõem o material. Durante a leitura de cada um deles, expressamos
um pouco do que vivemos em nossa rotina comunitária de discípulos de Jesus,
comendo e bebendo do Cristo que há em cada um.

Contamos também com textos já publicados por grandes homens de


Deus que abençoam a Igreja no Brasil e nas nações. Cremos na importância do
compartilhar da Palavra entre os irmãos, sejam da mesma congregação ou não,
assim como o sangue que corre pelo corpo o sustenta por inteiro. Da mesma
forma que escrevemos e produzimos estes devocionais, contando com diferentes
membros do Corpo, esperamos que este material alcance muitos irmãos e irmãs
de diferentes regiões, nutrindo e fortalecendo a Igreja do Senhor.

Nossa intenção é convocar a Igreja para um tempo de devoção e preparação


para a Páscoa, desejosos por uma Revelação ainda mais profunda da pessoa de
Jesus.

Com carinho,
Comunidade Do Rei.
Conheça os autores da maioria dos textos
encontrados neste devocionário.

Ana Cristina Pina é casada com Luciano Motta, mãe da


Luana e Samuel, professora de canto, atua na música e na
liderança da Comunidade do Rei, ama apontar pessoas
para o seu destino em Jesus.

Antonio Freire é casado com Isabella Freire, pai do Pedro.


Administrador, bancário e líder da Lancheria do Rei.

Cristiane Moraes é neuropsicopedagoga, mestre em


Diversidade e Inclusão. Líder do Turno Kids junto com
seu esposo Lauro Moraes, além de intercessora, é mãe de
Estevão Moraes. Ama música, artes e educação.

Danielly F. Bravo é pedagoga, cantora e compositora.


Atua na liderança da Comunidade do Rei juntamente com
seu marido Fábio Bravo. Ama escrever e cantar.

Davy M. Albuquerque é controller financeiro, estudan-


te de contábeis. Gosta de ler, comungar e tocar violão. É
intercessor da Comunidade do Rei, serve no Turno Kids,
apoio e evangelismo.
Icaro Santos é casado com Karen Santos, pai do Asafe,
presbítero da Comunidade do Rei. Diretor da Sala de
Oração da CRei e da Escola Bíblica CRei.

Isabelle Medeiros é pedagoga com especialização


em Educação Inclusiva e, juntamente com seu esposo
Vinícius, fazem parte da liderança da Comunidade do Rei.
Fundadora do Turno Kids, mãe da linda Marina, ama arte,
música e é amadora na escrita poética.

Izabelly F. Proença é estudante de história e serve na


equipe de mídia da CREI.

Levi Santos é casado com Patrícia, pai de Esther e Isabel.


Graduado em história, trabalha como tradutor e lidera o
evangelismo da Comunidade do Rei.

Lorena S. Q. Martins é casada com Lennon Martins,


advogada, coordena uma equipe de advogados e ama
cantar e escrever. Serve com música no Turno Kids e na
Equipe de Apoio da CREI.

Luan Oliveira é designer e analista de atendimento, ama


arte, poesia e canto. Intercessor, serve no Evangelismo e
um dos membros responsáveis pelos materiais gráficos da
equipe de mídia da CRei.

Luciano Motta é casado com Ana Cristina, pai de Luana e


Samuel, pastor e presbítero da Comunidade do Rei, líder
de louvor, escritor, professor e doutor em Literatura.
Lucymara Souza é estudante de Pedagogia e trabalha
na Rede de Saúde Mental de São Gonçalo. Ama poesia e
se aventura com a escrita. Serve na lancheria e apoio da
Comunidade do Rei.

Luzia Gavina é casada com Bruno e mãe do Calebe e


do Estevão. Pedagoga e professora há mais de 10 anos,
é também apaixonada pela escrita e produz conteúdo
bíblico para Redes sociais. Junto com seu esposo, lidera
os Jovens da Comunidade do Rei.

Ramon Martins é casado com Carina, pai do Joaquim


e Joana e membro da Comunidade do Rei. Atua como
executivo no setor de tecnologia, dirigndo o e-commerce
de uma grande multinacional de moda. É um amante
da teologia e dedica-se as disciplinas de escatologia e
apologética.

Rosana Santos é professora aposentada do Município


de SG. Faz parte da equipe de intercessão da CREI -
apaixonada por instruir e mobilizar a igreja em oração
por Israel e unidade do Corpo de Yeshua, preparando os
santos para Sua volta.

Stefane Mercês é casada com Gabriel Oliveira, é


estudante de psicologia e serve na lancheira da
comunidade do Rei.
Talita Luiz é estudante de pedagogia. Faz parte da equipe
da Lancheria do Rei, montagem das cestas básicas e
intercessão da Comunidade do Rei. Tem apreço por
antiguidades e estilo retrô, ama fazer crochês e bordados.

Tarcio Santiago é bancário e líder do apoio da


comunidade do rei.

Vinícius Medeiros é professor, mestre em História


pela UFF, diretor escolar e, juntamente com sua esposa
Isabelle, fazem parte da liderança da Comunidade do Rei.
Pai da linda Marina. Ama filmes, séries e livros.
Orientações
para leitura
De acordo com o calendário litúrgico oficial, a Quares-
ma em 2022 termina no dia 14 de abril, mas como deseja-
mos gastar exatos 40 dias em nossa meditação, começare-
mos a jornada no dia 02 de março e terminaremos no dia
16 de abril.

A leitura deve ser feita todos os dias, exceto aos domin-


gos.

O período da manhã é uma sugestão excelente para


quem deseja começar o dia sendo cheio da grandeza e do
poder das Escrituras.

A grande maioria dos textos segue a leitura do Evange-


lho de João, a partir do capítulo 12. Por isso, antes de ler o
texto do dia, leia em sua Bíblia a passagem indicada para,
dessa maneira, compreender melhor o sentido do texto.

Ao fim de cada leitura, há alguns pontos de oração


para te auxiliar em seu devocional.

Além disso, durante a sua leitura, você pode ouvir a


nossa playlist apertando aqui.

Que Deus te abençoe e te guie nessa jornada!


Dia 1 • quarta-feira, 2 de março
Páscoa: Porque Lembrar é Ser
texto de Guilherme de Carvalho

O ser humano é aquele que se lembra. É porque temos memória que temos identidade.
O animal pode ser algo diferente a cada momento em que acorda de novo sem nem mesmo
saber a razão da mudança, pois ele não carrega o seu passado consigo. Ele não pensa sobre o
seu passado, sobre o que foi, e a relação disso com o que ele é, e com o que ele será amanhã.
Mas o ser humano não é assim.
O ser humano é feito de uma fusão, em sua consciência presente, do passado que ele
foi e do futuro que ele quer ser. O ser humano tem consciência de sua temporalidade. É por
isso que temos tradições e temos história pessoal, e nos lembramos de “quando eu tinha dez
anos…”. É por isso também que a gente muda – é porque decidimos ser diferentes do que
fomos antes, em muitos aspectos.
Mas há coisas que desejamos esquecer; às vezes legitimamente, às vezes não. E há
uma coisa que o mundo contemporâneo gostaria de esquecer a qualquer custo: a morte e a
ressurreição de Jesus Cristo, o Filho de Deus. A Cruz é o testemunho fincado bem no meio
da estrada da história de que o homem tomou a direção errada e de que Deus apareceu para
corrigi-la. Na maior parte do tempo as pessoas se desligam do fato, mas precisamos lembrá-
las, e precisamos lembrar a nós mesmos de que o sentido e o fim da história já foram revelados,
de que a nossa vida já foi iluminada, explicada e avaliada pela Cruz.
Doravante é inautêntico e falso tentar viver como se nada tivesse acontecido. Seria
como continuar dançando alegremente no salão de festas do Titanic enquanto o navio afunda.
A verdade sobre quem nós somos e sobre o julgamento do mundo já foi desvelada, assim como
a verdade sobre a presença de Deus e a redenção em Jesus.
Isso significa que precisamos nos lembrar sempre desse grande evento: diariamente,
semanalmente e anualmente. Não para relembrar um fato externo a nós, apenas, mas também
para relembrar a verdade sobre a nossa condição interna, sobre quem nós realmente somos.
Ter um período do ano totalmente dedicado à celebração e à reflexão sobre a última
ceia, o sofrimento, a morte e a ressurreição de Jesus nos ajuda a lembrar porque é que somos
cristãos, ao invés de ser outra coisa. Nos ajuda a entender que enfim não podemos ser outra
coisa, e que nenhum ser humano jamais poderá ser autenticamente outra coisa, e que se
algum ser humano decide ser outra coisa, está deixando de ser o que é.
Então, enquanto o mundo se lembra de coelhos e ovos, vamos aproveitar o momento
para voltar à realidade e para chamar o mundo à realidade, para se lembrar da Cruz de Jesus
Cristo. Vamos cultivar a tradição de lembrar o que não pode ser esquecido, pois deixar de
lembrar é deixar de ser.
E assim, relembrando o que Deus fez por nós ontem, saberemos quem somos hoje, e o
futuro glorioso que nos aguarda no amanhã.¹

Ore:
•Para nos reconhecermos como parte do Plano de
Deus expressando a grandeza desse propósito através
da nossa vida ordinária . Agradeça por fazer parte da
história que o criador está escrevendo.
Dia 2 • quinta-feira, 3 de março
A extrema devoção de Maria
texto de Cris Moraes baseado em João 12:1-11

Uma cena inesperada está acontecendo. É possível perceber o desconforto nas


pessoas que estavam ali. Faltavam exatos seis dias para a Páscoa e, como bem sabemos, para a
crucificação de Jesus. Uma mulher se aproxima da mesa, quebra seu vaso caro e seu perfume
valioso e o derrama aos pés de Jesus, que ficam encharcados de óleo. Com seus cabelos, ela
começa a secar os pés do Senhor.
Além da coragem de se aproximar e fazer algo novo, é preciso considerar outros
aprendizados com a atitude de Maria: 1- Uma extrema devoção, que lhe custou tudo. Ela
não apenas adorou a Jesus, ela entregou tudo o que tinha; 2- O perfume no vaso de alabastro
representava o serviço. É estimado que o valor desse presente equivale a quase um ano de
trabalho. Alguém trabalhou para obter esta preciosidade; 3- Ela honrou Jesus; 4- Maria foi
profética e intencional. Ela ouvia Jesus todas as vezes que tinha chance de ouvi-lo ensinando.
Portanto, ela guardou o perfume para aquela ocasião (João 12:7); 5- Maria soube discernir os
tempos.
Uma extrema devoção é marcada por atitudes que liberam sobre nós, através da paixão
por Jesus, o ato de darmos tudo o que temos, inclusive nosso serviço. Somos comissionados,
seja na nossa profissão, seja na nossa vida em comunidade de fé. Não existe dicotomia na
extrema devoção. Tudo pertence a Cristo e faz parte da missão e propósito. Assim, o honramos,
nos aproximamos Dele, ouvimos coisas Dele, temos revelação Dele, aprendemos a discernir
os tempos e conhecer como Ele está se movendo na história. No fim de tudo, só nos resta
entendermos que é tudo sobre Ele. Estar aos pés Dele é render nossa vontade a Ele, porque
tudo que somos ou o que seremos é para Ele. É para anunciarmos ao mundo que há um novo
Rei (Apocalipse 11:15).
De posse da compreensão dessa verdade, caminhamos em direção à cruz, prontos
para morrermos para nós mesmos e nos entregarmos completamente.
A Páscoa nos lembra do sacrifício de Cristo, mas também nos lembra que ainda há uma
cruz; nos lembra que se morrermos com Ele, também com Ele viveremos (2 Timóteo 2:11).
Como afirma Madame Guyon (no livro Um método de oração curto e simples), cabe ao cristão
“ser diligente e chamar de volta os sentidos dispersos”. É hora de nos voltarmos totalmente
para o Amado de nossas almas e termos um relacionamento com Ele que nos permita agir
porque vemos o Pai agindo, falar do que ouvimos o Pai falar, assim como Jesus fazia, assim
como Maria fez. É impossível ver o que o Pai faz sem estar aos seus pés e entregar-lhe tudo.

Ore:
• Por uma consciência que entende que podemos viver
nesse lugar, aos pés de Jesus;
• Por uma Igreja que libera uma adoração genuína atra-
vés de um testemunho vivo.
Dia 3 • sexta-feira, 4 de março
Conto de devoção: um lugar de descanso
texto de Cris Moraes baseado em João 12:1-11

Estou sentado à mesa.


Os leões rugem ferozes, algozes, escancaram suas bocas.
Eu me derramo como água, meu coração está derretido dentro de mim.
Como posso estar em agonia e ninguém perceber?
Como assim tanto lhes falei sobre esse dia e eles nem sequer estão pensando nisso?
Posso sentir a fúria dos que querem me matar.
Sentir o cheiro da traição, ganância da humanidade que se esqueceu que nenhum dinheiro,
posse ou recompensa, vale mais do que nossa intimidade no jardim.
Como te amo, Pai! Seguirei até o fim!
O que é isso?
Quando ele olhou para trás, seus olhos encheram-se de amor e compaixão,
Seu coração não cabia no peito ao perceber tamanha devoção!
É Maria, eu sabia que ela estava me ouvindo!
Que cheiro bom, que alívio para o meu coração!
Este cheiro é como as danças, as caminhadas de alegria nas ruas de Jerusalém.
Ah, Jerusalém! Que saudades sentirei!
Mas em breve eu voltarei e novamente estaremos juntos.
De Sião surgirá um novo Reino e nunca mais estaremos separados!
O que estes estão murmurando?
Deixem-na!
Eu morri, antes da fundação do mundo, fui imolado pelos vossos pecados, Maria guardou
cada uma de minhas palavras e ensinamentos até aqui, encontrou o momento e me honrou.
Vocês não percebem que não me verão mais?!
Como podem? Estão perto, mas ainda não me ouvem!
Maria, seu bom perfume me acalma, sua devoção é um lugar de descanso para mim.
Não pare!
Mesmo nessa multidão barulhenta e ensurdecida,
Nesse momento nós estamos de volta ao Jardim!

Ore:
• Enquanto descansamos no Senhor, Ele nos ajuda a
preparar um lugar em nosso interior para Ele descan-
sar. Ore para que esse lugar de intimidade cresça em
sua vida.
• Por uma profunda devoção da Igreja Brasileira que
chama e apressa o Dia do Senhor.
Dia 4 • sábado, 5 de março
A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém
texto de Levi Santos baseado em João 12:19

Aquele era um dia com outro qualquer. Ele se levantou, orou, se aprontou e saiu para o
trabalho. No ônibus, nas ruas, ele viu... todo mundo indo atrás da sobrevivência, como se só
houvesse o hoje.
Chegou no trabalho, deu o seu melhor, olhou e viu... todo mundo indo atrás da vaidade,
da ambição, do dinheiro, da posição.
Na pausa do café, puxou o celular, abriu o Instagram e viu... todo mundo indo atrás da
imagem, da ostentação. Rolou o feed e viu... todo o mundo indo atrás da ideologia. Mudou pro
Tweeter e viu, todo o mundo indo atrás do governante, indo atrás do candidato.
No almoço, pagou a conta de um colega e, nas conversas da mesa, ele viu... todo mundo
indo atrás de si mesmo, da vontade, do império dos desejos.
Chegou em casa, beijou esposa e filhos, olhou a TV e, no noticiário, ele viu... todo
mundo indo atrás da guerra, da espada, da violência.
Colocou as crianças na cama, ouviu como foi o dia da amada. Então, ele jantou, saboreou
a sobremesa e relaxou. Depois, tomou uma ducha, se secou, escovou os dentes, fez a barba e
abrandou.
Foi ao quarto e fechou a porta atrás de si. Abriu as Escrituras, fechou os olhos e olhou.
E ele viu...
O amanhã com aparência de hoje, o futuro como se já fosse, e ele então esperançou,
exultou. Porque ele viu Jerusalém e o Rei que nela entrava em sua montaria, e ouviu o que foi
dito naquele dia... à vaidade, à ideologia, aos desejos, à ambição, ao dinheiro, ao governante,
ao candidato e a todos os opressores desta era... Vocês não conseguiram nada. Vejam o Rei. O
mundo todo vai atrás dele!

Ore:
• Para que a circunstâncias e agitação da vida não nos
distraiam ao ponto de esquecermos que há um Rei
assentado no trono e que domina sobre tudo.
• Por uma vida de intimidade com o Senhor mais cons-
tante e profunda.
Dia 5 • segunda-feira, 7 de março
Alguns gregos desejam ver Jesus
texto de Davy Albuquerque baseado em João 12:20-26
Essa passagem é muito interessante. É o início da mensagem que aponta a morte de
Jesus. A resposta do Mestre à busca dos gregos que pediram para vê-lo foi: “siga-me”. Mas
não apenas isso. Em sua resposta, Ele começou falando sobre a Sua glorificação e trouxe uma
analogia sobre o grão de trigo, mostrando que uma semente não produz a menos que seja
sepultada.
A passagem é clara: fala sobre perder a vida e servir a Jesus; nos impulsiona a seguir o
Cordeiro; nos fere ao se contrapor totalmente à nossa antiga forma de viver. É como se Cristo
dissesse: se você quer me servir, se quer me ver, siga o meu exemplo, não ame a sua vida, mas
a entregue assim como estou prestes a fazer na cruz; quem é meu discípulo me segue e deve
estar onde Eu estiver.
Que mensagem essencial e poderosa para o nosso tempo! Muitas vezes, as canções sobre
querer ver e seguir a Jesus estão em nossos lábios, mas Cristo nos ensina, nessa passagem,
com o exemplo da sua morte, que a obediência e o amor devem ser a nossa resposta. Ele nos
diz hoje: “SE ENTREGUEM E SIGAM MEU EXEMPLO”. Logo, se queremos vê-Lo, devemos
segui-Lo, devemos ser Seus servos e entregarmos a Ele toda nossa vida, 100%, sem reservas.
Sigamos o exemplo Daquele que foi o servo obediente até a morte. Precisamos entender
a analogia da semente: é perdendo que eu ganho; é quando eu morro que encontro a Vida.

Ore:
• Para vê-Lo precisamos segui-Lo. Que o chamado para
segui-Lo ecoe em nosso ser com força novamente e
assim respondamos em obediência e amor.
• Por uma Igreja que é verdadeiramente discípula de
Jesus, seguindo-O por onde Ele for.
Dia 6 • terça-feira, 8 de março
Jesus fala de sua morte e glorificação
texto de Rosana Santos baseado em João 12:27-43
Esta é a era do Ego. Vidas egocêntricas sofrem suas dores, suas amarguras e suas
frustrações. Em contrapartida, muitos esbanjam demonstrações de uma “existência
glamourosa”, feliz e “surrealmente” sem problemas. É o egocentrismo e seus paradoxos.
Será que se Jesus vivesse hoje, Ele teria likes e engajamento? Ah, com certeza não!
Porque, Ele saiu de um lugar desacreditado das pessoas (Nazaré), não era bonito, não atraía
muito os importantes da época (Isaías 53). Ele também não ficou lutando por Sua vida,
conforto e vontades. Mas, Deus O glorificou.
Tenho pensado muito nisto: morrer para minhas vontades, desapegar. Todos os dias,
temos que morrer para nossas vontades, vaidades, egoísmo, intenções da nossa carne e nossos
“achismos”. Temos que morrer para uma sociedade corrompida que nega Deus e glorificar,
através da nossa vida ordinária e simples, Aquele que morreu por você e por mim: Jesus.

Ore:
• Que o Senhor nos livre do egocentrismo e de uma vida
de futilidades focada em questões meramente terrenas.
• Em que áreas da vida temos sido movidos por reco-
nhecimento terreno? Em quais questões a Igreja do
Senhor tem sido vaidosa e egoísta ? Coloque isso diante
do Senhor e ore por arrependimento;
• Por uma Igreja de discípulos que olham para Jesus e
são intencionais em viver para a glória Dele.
Dia 7 • quarta-feira, 9 de março
Jesus, a Luz do mundo
texto de Stefane Mercês baseado em João 12:44-50
Jesus nos deu o maior exemplo do esvaziar de si mesmo. Ele já não se pertencia: “quem
me vê a mim, vê aquele que me enviou”. Ele apontava para a glória de Deus, o senso de missão
Dele era refletir quem Deus é.
Após o Pai ter sido revelado através do Filho, recebemos o mesmo encargo de Jesus:
não vivo mais eu, mas Cristo em mim. Agora, nos tornamos responsáveis diante de Deus na
história que Ele tem construído. E essa história é totalmente sobre quem Ele é — conhecê-Lo
para fazê-Lo conhecido. Mas, no meio do caminho, muitas vezes desejamos estar no papel
principal, em busca de um controle que não dispomos. Isso tem contribuído para a angústia
e a ansiedade que vivemos atualmente, pois queremos estar em um papel que não é nosso.
O luterano e filósofo Kierkegaard afirma que um dos aspectos mais difíceis da vida é
o fato de não sermos aquilo que determinamos pela nossa própria vontade. Para além das
nossas escolhas, já existe aquilo que já foi determinado por Deus. Eis a nossa angústia: saber
que o homem não é o centro de todas as coisas.
Quando cremos na verdade revelada de Deus, não permanecemos nas trevas do nosso
eu, pois somos como pecadores que foram iluminados pela verdade eterna. Ele é o Deus
que ilumina as nossas trevas mais profundas, nos tira do desequilíbrio e nos dá a paz em
meio à nossa vulnerabilidade. A vida, estimada em si mesma, não tem descanso, é cheia de
problemas; de inúmeras maneiras, é miserável. Tudo que buscamos aqui não passa de luta,
cansaço e vaidade. Mas quando pensamos na eternidade com Deus, elevamos nossos olhos
aos céus. Assim, reconhecemos que Ele é o Senhor, não nós.
Humilhemo-nos diante do Autor da vida, entendendo que não somos o que queremos
ou o que fazemos. Somos imagem e semelhança de Deus. Ele é a Luz que ilumina nosso
caminho.

Ore:
- Pelo fim de toda ansiedade e medo do que não pode-
mos controlar, reconhecendo que Deus está no contro-
le de tudo;
- Pelas questões da vida que hoje geram em você angús-
tia e ansiedade. Pense nelas, coloque-as diante de Deus
e reconheça o controle Dele sobre todas as coisas;
- Por uma igreja que não é ansiosa, nem influenciada
pelas circunstâncias, mas que tem os olhos fixos em
Jesus; que confia Nele e está compromissada em cum-
prir a Sua vontade.
Dia 8 • quinta-feira, 10 de março
Jesus lavou muito mais do que pés naquele dia
texto de Talita Luiz baseado em João 13:1-20

Jesus amava muito os discípulos e por isso decidiu lavar os pés deles, mostrando toda
Sua humildade e amor leal, até mesmo para com aquele que haveria de traí-Lo. Foi muito
mais do que lavar a sujeira dos pés. Naquele cenário, Cristo deu o exemplo do que é servir e se
sujeitar ao outro. Aquele que viera de Deus e que, em breve, voltaria para Deus, pegou todos
os itens necessários para executar a função e assim fez o trabalho do servo mais inferior de
uma casa. Após a Sua ação, notou a confusão nos olhares ao redor e, principalmente, nas
suas falas. Porém, os doze deveriam confiar, fixar aquela cena em suas memórias e em seus
corações.
Podemos nos perguntar: “Ele não poderia simplesmente só ter celebrado a Páscoa?”
Mas Jesus quis demonstrar o motivo pelo qual era e é o modelo seguro a seguir. Como Paulo
depois instruiu: “Sede meus imitadores, como também sou de Cristo” (1Cor 11.1). Não é apenas
sobre lavar pés; é sobre arregaçar as mangas e seguir pelo mesmo caminho de Cristo, em
obediência e amor por Ele e pelos santos.
O Filho nos deu o maior exemplo de serviço e submissão. Sejamos intencionais ao nos
dobrarmos em serviço ao Corpo, no auxílio a uma mãe que recentemente deu à luz, na hora
de fazer uma mudança, ao dar uma oferta, ao orar por alguém. Cristo serviu, lavou os pés,
partiu o pão. Ele se partiu por inteiro para que todos nós pudéssemos ver quem Ele é e, assim,
entendermos verdadeiramente a identidade do Mestre a quem servimos.
Olhando para Jesus, os discípulos tiveram o maior exemplo de amor sacrificial. Nós
também.

Ore:
- Por arrependimento, pelas muitas vezes que deseja-
mos mais ser servidos do que servir;
- Por oportunidades para servir de forma mais inten-
cional e com mais excelência. Peça ajuda ao Senhor
para ser mais parecido com Ele;
- Por uma igreja que deseja servir mais do que ser servi-
da. Não por ativismo, mas porque conhece, vê e segue o
exemplo de Jesus.
Dia 9 • sexta-feira, 11 de março
O traidor é revelado
texto de Danielly Bravo baseado em João 13:21-30
Jesus tinha doze discípulos próximos a Ele. Esses homens presenciaram seus sermões,
seus milagres e principalmente a sua forma santa de viver. Ainda assim, havia um que não
fora afetado suficientemente a ponto de segui-Lo em fidelidade. No momento da ceia, Judas
finalmente estava para revelar-se o traidor. Na mesa da comunhão, no partir do pão, nossos
destinos são apontados; nossas identidades, afirmadas.
À mesa, haviam três tipos de discípulos: os mais próximos, como João, aquele a quem
Jesus revelou que o pão molhado seria entregue ao traidor; os fiéis, aqueles que estavam
à mesa e o amavam de coração; e o traidor, aquele que andou como um discípulo, mas na
verdade, amava mais a si.
Assim como Jesus, nós, em nossa jornada cristã, teremos de lidar com esses perfis
de pessoas. Busquemos sabedoria e um coração íntegro, para que o Espírito Santo nos dê o
prazer de sermos discípulos próximos a Jesus e de andarmos com pessoas que também sejam
assim. Contudo, quando aqueles que amam mais a si mesmos aparecerem, que o Espírito nos
guie em discernimento e que nosso coração não se ofenda. Lidar com decepções e traições
são parte da jornada. Esses percalços fazem parte do enredo de toda boa história. O próprio
Cristo enfrentou essa realidade e, assim como Ele, nós venceremos para a Sua glória.

Ore:
- Para que as decepções da vida não determinem a sua
jornada; para que o rancor não enrijeça seu coração;
- Por um coração manso, perdoador e cheio de sabedo-
ria;
- Para que nosso coração seja guardado e livre do dese-
jo de amarmos mais a nós mesmos. Que nunca tro-
quemos a mesa da comunhão com o Senhor e com os
irmãos pela superficialidade e ilusão do mundo;
- Por uma Igreja que tem discernimento, que guarda a
verdade e que protege o rebanho dos lobos que tentam
atacar.
Dia 10 • sábado, 12 de março
O amor de Cristo
texto de Ana Cristina Pina baseado em João 13:31-38
Jesus veio revelar e dar glória ao Pai, e o Pai glorificou o Filho. Sempre foi um relacio-
namento de honra e amor um ao outro. Nosso Deus quer nos ensinar sobre esse amor sacrifi-
cial, um amor que dá a própria vida. Ele deixou esse mandamento para que o mundo conhe-
cesse seus discípulos. Um amor não só de palavras, mas de profundas atitudes intencionais e
obedientes.
Quando olhamos fixamente para Jesus, nos parecemos mais com Ele e amamos como
Ele ama. Já parou para pensar em como Jesus ama? Nos dias atuais, psicólogos, coachings e
até pastores falam que você precisa se amar para ser feliz. Mas Jesus, o Mestre dos mestres, o
Criador, o maior e melhor Pastor, ensina algo diferente. Será que Ele ensinou errado? Então,
o que vamos decidir viver?
Pedro tinha um amor que negou a Jesus por causa das provações, mas Jesus demons-
trou um amor que resiste às pressões e nega a si mesmo pelo outro. Pedro entendeu com a
mente que Jesus estava falando de um amor sacrificial, mas ele não tinha recebido revelação
desse amor em seu coração. Só quando viu Jesus morrer e ressuscitar é que ele entendeu em
seu coração. Mais tarde, Deus o usou para edificar Sua igreja.
Podemos caminhar com segurança no amor de Cristo, amar o outro como a nós mes-
mos, tirar os olhos de nós e colocarmos em Jesus, nosso amor maior. É um amor paciente,
bondoso, sem inveja; um amor que não se vangloria, não se orgulha, não maltrata, não procu-
ra seus próprios interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor; é um amor que não se
alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade, e tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta. Esse é o amor perfeito de Deus descrito em 1 Coríntios 13. É o que precisamos em
nossas vidas. Esse amor está disponível agora para mim e para você.

Ore:
•Para que possamos olhar todos os dias para a cruz e
ver o amor do Filho que foi liberado a nós;
•Por mais revelação desse amor, a ponto de tomarmos a
cruz e seguirmos os passos de Jesus;
• Para que a presença de Cristo invada nosso lugar
secreto, transformando todo nosso ser e nos levando a
viver a realidade do amor sacrificial e doador de Jesus;
• Para que sejamos testemunhas do amor de Cristo aqui
na terra até que Ele venha.
Dia 11 • sábado, 14 de março
Conto: Muitos aposentos
texto de Isabelle de Medeiros baseado em João 14:1-15
Há cinco horas ininterruptas, Ávila, uma mochileira, caminhava na madrugada pelas
estradas de Bariloche à espera de um abrigo. Foi quando avistou uma placa que dizia: “Há
muitos aposentos”. Uma seta logo abaixo do dizer apontava para um tapete escarlate que se
desenrolava até um casarão em construção. Apesar de inacabado, o lugar era imponente. Sua
fachada era repleta de ouro tão reluzente que, mesmo diante da neblina, era possível ficar
admirada com sua luz.
Expiando pela janela, a andarilha conseguiu vislumbrar um corredor com muitos
quartos. Um deles estava aberto. Dava para perceber uma cama luxuosa e uma decoração
encantadora. De repente, alguém do serviço de quarto quase a percebeu pela janela. Assustada,
a jovem se abaixou e sentiu o cheiro maravilhoso do prato que havia na bandeja em direção ao
aposento aberto. Já sonhando com o conforto dos lençóis e o sabor da refeição, Ávila enfiou
as mãos nos bolsos de sua calça, dos quais apenas moedas saíram. Por um momento, ela caiu
em si. Teve a lucidez de que não poderia pagar aquele lugar.
Cabisbaixa, ela deu meia volta para continuar sua jornada. Foi então que a porta da
frente se abriu. A aventureira ouviu uma voz forte: “Se você tem fome, sede e está cansada,
pode entrar. Não é preciso dinheiro”. Atordoada, antes mesmo de virar para ver quem falava, a
mochileira se perguntou interiormente como aquela pessoa soubera que ela estava ali e, mais
ainda, sem dinheiro. E, outra vez, ouviu a voz: “Está tudo bem, eu mesmo construí e continuo
construindo este lugar. Eu mesmo abri o caminho da estrada até aqui. É seguro e te garanto:
é o que você precisa”.
Mal sabia Ávila que aqueles segundos antes de volver seriam os mais decisivos da sua
vida. O impulso atrativo daquela voz que provocava um temor e, ao mesmo tempo, um certo
tipo de reconhecimento — como se fosse alguém que ela já conhecesse e que estava com
muitas saudades de rever — seria a sua companhia sempre presente daquele dia em diante.
Aquelas palavras, tão certeiras e tão gentis, iriam transformar a pequena aventureira
sem rumo em uma peregrina que entenderia muito bem seu destino; seus pés cansados
saberiam muito bem onde encontrar descanso. De uma jovem que ansiava conhecer o mundo
inteiro, seria transformada em alguém que passaria a convidar muitas pessoas a conhecerem
um só lugar... o lugar de muitos aposentos. “Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em
Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim,
eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei
para mim, para que vocês estejam onde eu estiver” (João 14:1-3).

Ore:
• Agradecendo porque Deus preparou um lugar para
habitarmos perpetuamente;
• Liberando palavras de elogio ao Senhor e expressando
o quanto Ele é suficiente e te satisfaz plenamente.
Dia 12 • terça-feira, 15 de março
Dê atenção à voz do Espírito Santo!
texto de Antonio Freire baseado em João 14:16-31
Ao escrever este texto, pensei em falar sobre o Espírito Santo de forma teórica. Mas
sei que nossa Comunidade sabe que Ele é Deus e é uma Pessoa que habita em nós (1 Coríntios
6:19) com o propósito de se relacionar conosco e nos guiar até a volta de Jesus.
É através desse relacionamento que vamos aprender a obedecer a Deus da forma
correta, pois quem ama ao Senhor, obedece seus mandamentos.
O Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Romanos 8:26) e corrige
nossa oração ao Pai quando não sabemos nos expressar ou falar da forma certa.
Através Dele, produzimos Seu fruto (Gálatas 5:19-23), aperfeiçoando nosso caráter até
ficarmos parecidos com Cristo.
Pelo mesmo Espírito, vemos a evidência dos dons (1 Coríntios 12), que representam a
presença de Deus nos usando de forma sobrenatural para servirmos aos irmãos em amor.
Portanto, é fundamental entendermos que diariamente Ele quer se relacionar conosco,
desde o nosso acordar, e nos dar direção para algo novo em nossa rotina sufocante. Ele deseja
nos moldar e nos aperfeiçoar à imagem de Jesus. Se todos os dias ouvíssemos a Sua voz,
obedecendo as Suas ordens e ensinamentos nas Escrituras, o quanto não iríamos crescer a
cada ano?

Ore:
Santo Espírito, perdoe-me por desprezar sua presença
por distrações e por não perceber que você está aqui
dentro de mim, querendo me guiar em todo momento.
Que nessa quaresma eu possa olhar para cruz e valorizar
esse grande sacrifício. Que através de Você, eu seja
guiado todos os dias para agir da forma e direção certa,
como Você guiou a tantos, para que eu possa completar
a minha vocação e realizar o meu chamado principal:
ser amigo de Deus, alguém que sabe ouvir a Sua voz e
entender o Seu coração.
Dia 13 • quarta-feira, 16 de março
Ensaio sobre a Videira
texto de Luan Oliveira baseado em João 15:1-17
Raia o dia e resplandece sua face sobre nós.
Ainda na cama posso escolher: obedecer ou estacionar um pouco.
Meu tempo perder no Instagram ou a leitura em comunhão.

Escolho entre mim e permanecer quando perguntam sobre algo que falhei;
Quando é hora de trabalhar, mas a vontade é de assistir série;
Quando é tempo de economizar e a vontade é de sair;
Ainda escolho se posso amar quando é preciso juntar, mas prefiro estar só.

Quando olho para o sol, ele fortifica;


Meus olhos se abrem para viver um novo dia, uma nova vida.
Isso não é sobre qualquer planta, sou um ramo da verdadeira videira.
E ela diferencia o meu mover, meu amar: meu obedecer.

Nada consigo fazer sem ele.


É pela sua força e provisão que sou sustentado.
É para ele, e por meio dele, que cachos e cachos nascem em mim.
É por amar o sol (o agricultor) e permanecer em seu amor.
É sobre ver e conhecer seus desígnios sobre as próximas safras.
E ainda é muito mais que fazer ou escolher, é ser amigo de Deus.

Pois faz parte da vida morrer, para que ele venha a crescer em todo interior.
Este sou eu, um ramo a permanecer.

Ore:
• Contra tudo que te atrapalha para estar em Cristo. An-
tes de começar a orar, liste as maiores distrações que
te atrapalham na jornada. Para cada uma delas, escreva
uma ação necessária para superá-la;
• Peça ajuda ao Espírito Santo para vencer nas áreas
listadas. Coloque tudo diante do Senhor.
Dia 14 • quinta-feira, 17 de março
Crescimento
texto de Charles Spurgeon
É uma parte necessária da vinha remover os brotos supérfluos. Demasiada produção
de madeira que não leva à produção de frutos, nada é senão uma perda de força. E assim é
na Igreja, há aqueles que não produzem frutos e, por um tempo, eles parecem ser frescos
e verdes, e eles estão sob os lavradores que não ousam lança-los fora. Mas o Pai faz isso, às
vezes, removendo-os pela morte, em outras vezes, permitindo-lhes abertamente expor seu
próprio caráter, até que sejam passíveis de disciplina da Igreja e sejam removidos.
Que significa isso? “Ele as limpa (poda-as) para que produza mais fruto”. “Eu não
consigo entender”, disse alguém a mim no outro dia: “Por que eu estou muito atormentado.
Fui examinar a mim mesmo para descobrir que pecado pode ter sido a causa disso”. Ora,
amados, se essa for sua pergunta, esta noite, pode haver um pecado sendo posto de lado e,
em caso afirmativo, Deus me livre que eu deveria evitar seu exame! Mas lembre-se, por outro
lado, aflição não é evidência de pecado, mas muitas vezes do próprio contrário! É o ramo
frutífero que recebe a poda. Você é um tão bom ramo que Deus quer que você melhore. Você
tem tais capacidades para dar frutos que Ele quer ver essas capacidades desenvolvidas. O
lapidador não coloca em cima da roda a pedra que não é preciosa, mas a que é, e assim a sua
aflição não é nenhuma marca, portanto, de sua falta de graça, mas de tê-la! “toda aquela que
dá fruto, para que dê mais fruto”.
(...) Enquanto Cristo estava com Seus discípulos, Ele manteve a Sua vinha continuamente
podada pela palavra que Ele falou. Essa palavra cortou os ramos infrutíferos, pois lemos que
depois Ele diz que havia alguns que voltaram para trás e já não andavam com Ele, pois disse:
“duro é este discurso. Quem pode suportar?”. Essa foi a palavra de Deus, a poda dos ramos
inúteis! E havia outros que estavam aflitos por Suas palavras. Eram pessoas boas, e ele fez-
lhes bem. Foi uma tristeza segundo Deus que trouxe os frutos dignos de arrependimento.
Aqui está o grande cânone da vida Cristã! Apegar-se a Cristo. Não só viver com Ele,
mas viver Nele. “Estai em Mim”. E, não apenas deixe Jesus ser seu companheiro de vez em
quando, em ocasiões sagradas, mas deixe que Ele permaneça em ti! Faça de seu coração um
templo, deixe que Ele encontre Seu descanso mais doce, Sua casa, em você!

Ore:
- Para que nos lancemos nos processos de Deus com
confiança, mesmo em períodos de poda; sabendo que
o Espírito Santo é aquele que cultiva nossa vida e a faz
florescer.
- Reflita na sua vida agora. Que tempo você tem vivi-
do? Um tempo de poda ou um tempo de formação dos
frutos? Quem tipo de ramo você tem sido? Frutífero ou
infrutífero? Seja sincero com o Senhor e peça direção
e sabedoria para compreender e passar pelo momento
presente, confiando no bom agricultor que Ele é.
Dia 15 • sexta-feira, 18 de março
O mundo rejeita os discípulos
texto de Luzia Gavina baseado em João 15:18-27
Nesta passagem, observamos dois pontos centrais: a certeza de que os discípulos
também seriam perseguidos e a promessa do Consolador. Dois aspectos profundamente
relacionados e direcionados para a Igreja na Nova Aliança.
Jesus não nos prometeu uma vida sem aflições, muito pelo contrário. Nesta e em
outras passagens, o Messias deixa clara a perseguição como um aspecto presente na vida
daqueles que o seguiam. Recebemos da glória do Senhor pelo poder da ressurreição, mas
também podemos comungar dos seus sofrimentos.
Em contrapartida, o mundo gira em torno da busca por uma vida sem sofrimento,
focando a existência do ser humano em si mesmo, tendo o prazer como objeto de desejo e
fundamento para a vida. Mas Jesus alerta os seus discípulos sobre o lugar a que pertencem.
Não somos deste mundo e não pertencemos à lógica deste século.
Contudo, como poderíamos viver em um lugar sem pertencer a ele e sem nos deixarmos
moldar por ele? Como viver os sofrimentos dessa vida sem perder a fé? Como ser afligido e
permanecer, assim como Jesus? A resposta está no versículo 26: o Espírito da Verdade nos
capacita.
Os doze escolhidos de Jesus foram testemunhas oculares do Messias: O conheceram,
o tocaram, andaram e comeram com Ele. Mas quando o Consolador veio em Atos 2, uma
nova dimensão de testemunha foi possibilitada a nós. O Espírito da Verdade revelou o Cristo
que subiu aos céus e caminhou com os discípulos para aqueles que, como nós, viemos após
Ele; mesmo sem tê-lo visto fisicamente com nossos olhos, podemos conhecê-Lo, pois o
Consolador dá testemunho de Jesus. Assim podemos ser também testemunhas fiéis, assim
como os doze.
Se o Espírito Santo que habita em nós dá testemunho de Jesus, os sofrimentos e as
perseguições que sofreremos nesta terra fazem parte do testemunho que daremos ao mundo
de quem Jesus é.
O Espírito Santo nos ajudará todos os dias a vivermos as aflições e as perseguições desse
tempo, nos lembrando de que não pertencemos ao mundo, mas sim Àquele que dele nos tirou
e nos tomou para si. Descansemos nesse lugar que nos pertence, sendo fiéis, plenamente
satisfeitos e felizes pelo presente Consolador que recebemos e que nos auxilia em todos os
momentos.

Ore:
• Para que reconheçamos e valorizemos o Espírito San-
to em nossa vida;
• Exponha ao Senhor as aflições que você tem passado
nos últimos tempos. Peça ajuda ao Espírito Santo para
passar por todas elas, gerando um testemunho podero-
so e encontrando paz mesmo em meio as dificuldades
da vida. Temos um bom amigo nos acompanhando
nesta jornada!
Dia 16 • sábado, 19 de março
Não estamos sós
texto de Izabelly Fagundes baseado em João 16
Frequentemente, somos levados a crer que conseguimos administrar as demandas
diárias sem o auxílio do Espírito Santo. Passamos dias, semanas e meses sobrecarregados e
exaustos na tentativa de equilibrarmos todos os pratos. Vez ou outra, declaramos frases como:
“Ah, que bom seria se Deus me dissesse o que devo fazer!” ou ainda: “O que Jesus faria em
meu lugar?” Na tentativa de obtermos ajuda e conselho, recorremos a tudo e a todos, menos
Àquele que de fato está destinado a esse encargo.
Ao refletirmos sobre as palavras de Jesus em João 16, percebemos tamanha estima e
apreço pela obra do Espírito. A partir da ida do Filho, teríamos o próprio Consolador morando
em nós. Cristo queria que isso fosse uma injeção de ânimo. Algo nunca antes visto na história
da humanidade iria tornar-se possível e real. Foi-nos dado um Guia responsável por conduzir-
nos a toda Verdade.
Por essa razão, não precisamos mais andar como cegos e desamparados. Temos um
Deus amigo que frequentemente sussurra em nossos ouvidos a Sua vontade. Ele nos guia em
todas as decisões e nos ajuda a andar como Jesus andou. Ele abranda nossos temores e nos
enche de esperança. Ele nos ensina todas as coisas e nos convence regularmente do pecado.
O Espírito Santo está te fazendo um convite: DEIXE-ME AJUDÁ-LO AO LONGO DESTE
DIA! Gostaria de te encorajar a andar ao Seu lado com passos confiantes, reconhecendo que
você não precisa lidar com tudo sozinho. Desfrute do seu dia na presença do Seu amigo.
Enquanto dirige, lê a Bíblia, cozinha… lembre-se: Ele está perto.

Ore:
• Por mais sensibilidade à presença do Espírito Santo
em sua vida. Seja intencional. Fale com o Espírito Santo
hoje como nunca antes, nas situações mais corriquei-
ras. Fique atento ao agir Dele ao longo deste dia;
• Em línguas hoje, mais do que você faz habitualmente.
Gaste tempo nessa prática hoje. Se você não ora em
línguas, peça ao Espírito Santo esse dom maravilhoso.
Dia 17 • segunda-feira, 21 de março
A oração intercessória de Jesus
texto de Rosana Santos baseado em João 17:1-21
Fecho os olhos e imagino Jesus falando com o Pai. Ele já sabia que O deixariam, que
seu próprio povo não O receberia. Ele sabia! Imagino Jesus com os olhos fixos no Pai, Seu
Espírito de oração e súplica. Ele clama: Pai, guarda-os. Eu vou embora e eles vão ficar nesse
mundo caído, corrompido. Mas, Pai, eles são meus. Eu os amo!
Imagine Jesus falando com o Pai sobre você, sobre nós. Sim, Ele sabia que seríamos
enxertados no Seu povo. Mas Ele também sabia que iríamos nos separar, perseguiríamos e
rejeitaríamos o Seu povo e uns aos outros. Ainda assim, Ele falou ao Pai: Guarda-os, eles são
meus. Eu os amo! Jesus, olhando fixamente para Seu Pai, tinha certeza de que esses dois
povos rebeldes, através Dele, por causa do Seu sacrifício, um dia serão UM SÓ novamente e
irão tocar as Nações. Que amor escandaloso!
O tempo é de clamor, choro e súplica pela UNIDADE da igreja, que está tão dividida.
Tempo de orarmos e chorarmos por nossos irmãos mais velhos, os judeus; tempo de sermos
UM com nossos irmãos judeus messiânicos. É tempo de sermos a resposta da oração de Jesus
e juntos darmos testemunho de quem Ele é.
Fecho os olhos e vejo um casamento, UMA NOIVA GLORIOSA, refletindo A LUZ
DO MUNDO: JESUS. Uma ÚNICA NOIVA, levando A GLÓRIA PARA AS NAÇÕES, salvação,
restauração. EM UNIDADE, somos a expressão do amor de Yeshua!

Ore:
• Por arrependimento: por todas as vezes que contribu-
ímos mesmo que de forma simples para a desunião da
igreja através de discursos maledicentes.
• Pela unidade da Igreja focada na revelação de Jesus
Cristo. Para que as diferenças denominacionais não
sejam maiores que a revelação do cordeiro ressurreto.
Dia 18 • terça-feira, 22 de março
O engano da unidade pela tolerância
texto de Luciano Motta baseado em João 17:22-26
Refletindo sobre a oração de Jesus em João 17, vale a pena relembrarmos a história
da torre de Babel, em Gênesis 11. Naquele tempo, a terra tinha uma só maneira de falar. Os
homens decidiram ir para o oriente e então acharam um vale na terra de Sinar (que significa
"país de dois rios", ou seja, uma terra de duas fontes, um claro indício de divisão). Eles não
queriam construir apenas uma torre, mas uma cidade e um nome que seriam conhecidos
no mundo inteiro, para que não fossem espalhados pela face da terra (o que afronta a ordem
de Deus de multiplicar e encher a terra, algo que implica movimento, não compatível com
permanecer em um só lugar). O Senhor veio sobre eles, confundiu-lhes a linguagem e os
espalhou, e pararam de edificar a cidade.
Enquanto edificavam a cidade em Sinar, diz a Bíblia que o povo de Babel preferiu
tijolos a pedras, o que representa o desejo humano de unidade pela tolerância. Tijolos são
moldáveis e podem assumir a forma que seus construtores quiserem. Trata-se do mesmo
espírito de conformidade e tolerância que se enraíza cada vez mais em nossa sociedade, uma
mentalidade que promove aceitação de diferenças, consentimento quanto à conduta dos
outros, mesmo que fira os padrões bíblicos de santidade e temor a Deus. E que cada um faça
o que é reto a seus próprios olhos, como nos tempos dos Juízes, em que não havia rei sobre
Israel (Juízes 17:6).
Um exemplo de como esse espírito ganha espaço até mesmo na igreja é a forma como
tratamos a falta de unidade entre nós. Na verdade, nós toleramos a desunião e a falta de
comunhão por causa de nossas "construções particulares", como estava fazendo o povo de
Babel. Edificamos com tijolos quando usamos uma expressão bonita (e deslocada de seu real
significado) para justificarmos as divisões e as separações entre nós: “a multiforme graça
de Deus”. Embora seja verdade a existência de diferentes expressões no Corpo de Cristo, o
problema reside no fato de diversas igrejas e denominações estarem sendo seduzidas pelo
espírito da cidade ao edificarem algo para si mesmas — cada um buscando o que é seu, não
o que é de Cristo (Filipenses 2.21). Temos considerado isso algo “normal”. Mas seria possível
sermos divididos na terra e unidos no céu?
No Reino de Deus, a unidade se fundamenta na Rocha: Cristo. Ele é a Pedra Angular, a
Pedra Viva rejeitada pelos homens, mas eleita e preciosa para Deus. Edificados Nele, somos
pedras vivas, uma casa espiritual, um sacerdócio santo que oferece sacrifícios espirituais
aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo (1 Pedro 2.4-9).
Enquanto tijolos são moldáveis, pedras são difíceis de serem encaixadas como um bloco
consistente e conjunto. Nós somos essas pedras: temos vontades próprias, personalidades,
temperamentos. Pedras são lapidadas, polidas: somos colocados uns sobre os outros (Corpo
de Cristo). Às vezes dói se encaixar com determinado irmão, ou “estar debaixo”. O espírito da
cidade não se submete, pois quer estar sempre “por cima”. Mas nós não somos assim. Nossa
postura não deve ser de tolerância, mas de submissão em amor, de suportar uns aos outros
em amor, de considerarmos os outros superiores a nós mesmos. Não podemos mais abrir
mão da sã doutrina, dos pilares da nossa fé, em nome de uma suposta "unidade cristã" ou
"evangélica" só porque temos valores cristãos, e, por causa disso, deixarmos de combater os
desvios, as misturas, os sofismas que estão invadindo as igrejas, gerando confusão e mais
divisões, pela falta de conhecimento de Deus.
Um instrumento poderoso para que haja unidade entre nós é a oração. O altar é feito
de pedras. É urgente, portanto, repararmos o altar coletivo da oração e o sacerdócio de todos
os santos. Para termos uma só linguagem e um só modo de falar, precisamos nos unir em
oração uns pelos outros, pelas cidades e nações. Não podemos mais tolerar as divisões no
Corpo de Cristo – O mundo conhece e crê em Jesus pela unidade da igreja. Se Jesus orou para
que fôssemos "perfeitos em unidade" (João), também precisamos orar intensamente por isso
até ser uma realidade entre nós. Caia a sedução de Babel de nos unirmos sem o Senhor! Que
venha o Reino de Deus, o Reino edificado em Cristo, formado de pedras que vivem para Ele e
pela causa Dele!

Ore:
• Por uma Igreja que ora;
• Que o ambiente de oração coletiva cresça no Brasil
trazendo alinhamento ao coração da Igreja.
Dia 19 • quarta-feira, 23 de março
Religiosidade abalada
texto de Luzia Gavina baseado em João 18:1-14
Malco, servo do sacerdote Caifás, foi até Jesus para prendê-lo. O Evangelho de João é o
único que dá nome àquele que teve sua orelha cortada por Pedro.
Esse breve, mas tocante, episódio da narrativa bíblica aponta uma reflexão muito atual.
Malco é referência de uma religiosidade engessada, que não reconheceu, mas perseguiu o
Messias. Teve sua história marcada por Jesus, vivenciando o último milagre realizado por ele
antes da crucificação.
Adiante, nesse mesmo capítulo, antes de negar a Jesus, Pedro foi reconhecido por
um parente de Malco (João 18:26) como sendo discípulo do Senhor. O conflito narrado na
passagem abre caminho para um milagre, que traz o reconhecimento de quem Pedro era,
apontando para o verdadeiro Senhor e Salvador Jesus.
Um sistema religioso que não enxerga o Messias muitas vezes precisa vivenciar um
choque de realidade para então experimentar um milagre. Nossas estruturas e fortalezas, que
não centralizam Cristo em nossas vidas, precisam ser cortadas e, de alguma forma, abaladas,
para que só depois disso sejam restauradas, assim como a orelha de Malco.
Não se sabe o que aconteceu com esse personagem da história bíblica. Mas, assim
como Ele, nós também éramos inimigos de Deus. No lugar da punição, Ele nos curou; em vez
de uma orelha cortada, recebemos cura.
Que em dias de tantos abalos, experimentemos também tempos de restauração, cura
e milagres, pois quando nossa religiosidade é abalada, ganhamos a oportunidade de sermos
transformados.

Ore:
• Para que o Senhor exponha áreas da vida enrijecidas
pela religiosidade; coloque-as diante de Deus em arre-
pendimento.
• Para que o Senhor abale o nosso interior e remova
tudo aquilo que não o reconhece como Senhor e Salva-
dor da nossa vida.
Dia 20 • quinta-feira, 24 de março
Pedro nega Jesus
texto de Icaro Santos baseado em João 18:15-27
Os Evangelhos descrevem um relato progressivo das negações de Pedro em relação
a Jesus. Até então, Pedro é aquele que se postura como o mais valente de todos. Seu
temperamento impetuoso o colocou muitas vezes em apuros. Ele afundou no mar (Mt 14:28-
30), repreendeu Jesus e foi severamente corrigido (Mt 16:22-23), cortou a orelha de Malco
(João 18:10-11) e se gabou em dizer na frente dos seus amigos que nunca negaria Cristo (Mt
26:33). Ironicamente, o que trouxe risco a Pedro foi exatamente o seu relacionamento com
Cristo. Ele fazia parte dos três mais próximos a Jesus. E de uma forma majestosa, Cristo o
preparava para se tornar um pilar da igreja.
Pedro é a imagem exata de muitos de nós. Às vezes, somos tomados de forte emoção
e fazemos declarações amorosas ao Senhor. Pedro, de fato, foi aquele que não abandonou
o Senhor, junto de outro discípulo não mencionado. Mas não resistiu ao risco iminente da
morte ao ser reconhecido várias vezes. Nós também tentamos nos mover pela força das
nossas declarações. Falamos que “dessa vez será diferente”. Fazemos muitas resoluções de
fim de ano. Contudo, o que fica claro para nós é que a nossa força vem do Senhor.
Pedro não só negou, mas fez isso por juramento e depois blasfemou o nome de Jesus
com injúrias. Ele foi tomado pelo medo. Mas Cristo já tinha este discípulo em seus planos.
Ele sabia que aquele jovem impetuoso, no fundo, era alguém que o amava, mas precisava
aprender a se mover pela força de Deus Pai. Em nossa caminhada cristã, somos impetuosos
como Pedro. Dizemos que não vamos negar Jesus e que o seguiremos até o fim. Mas diante da
primeira adversidade, nós desistimos de tudo.
Existe algo importante que mudou a história de Pedro e a nossa: Cristo revelou a
identidade dele: “E eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja,
e as portas do Hades não poderão vencê-la”. O que nós somos — e o que vamos fazer a partir
disso — não está na força do nosso braço, no nosso conhecimento geral ou algo do tipo, mas,
sim, na revelação da nossa identidade dada por Deus. De um homem covarde, Pedro se tornou
um dos grandes protagonistas do avanço da igreja. Portanto, confiem no Senhor e não em sua
própria força.

Ore:
• Para que o Senhor livre de nós toda arrogância e
soberba, nos dando um coração humilde que reconhe-
ce nossa fraqueza, mas caminha baseado na força do
Senhor;
• Que o Senhor guarde nossa identidade Nele e nos
ensine a não parar mesmo quando há medo.
Dia 21 • sexta, 25 de março
Testemunhas da Verdade na cultura do fake
texto de Vinícius Medeiros baseado em João 18:28-40
“Que é a verdade?”
O questionamento de Pilatos para Jesus chega até nós com uma atualidade
impressionante. Pois a dúvida do governador romano não deixa de ser comum à nossa própria
época, o que torna o tema da verdade um dos mais importantes do momento presente — ou
chamaríamos de “a era da pós-verdade”, como querem alguns teóricos da comunicação?
Olhe ao redor e tente perceber o espírito do nosso próprio tempo. A verdade tem sido
jogada constantemente na lata do lixo da história, em ações individuais e coletivas, através
de falseamentos, mentiras, ocultações e omissões. A falta de compromisso com a verdade é
demonstrada nas mídias sociais, nas plataformas de notícias, nas empresas, nos governos, nas
ONGs e em diversas instituições tomadas pela mania do fake. Notícias falsas são diariamente
veiculadas em nossos grupos de WhatsApp, cuja fonte de produção são grupos de interesse
que se beneficiam com a disseminação da cultura do engano.
“Que é a verdade?”
Neste momento crucial do calendário cristão, em que somos chamados a compreender
o significado da Páscoa, a igreja é também alertada sobre a necessidade de testemunhar ao
mundo sobre o Reino de Deus, cujo Rei se autoproclama como a própria Verdade. O desafio
é grande, afinal, paira sobre a cultura contemporânea um ceticismo quanto à existência
da verdade, o que exige dos cristãos um zelo espiritual ardente e uma devoção extrema a
Jesus, a testemunha fiel e verdadeira. Por meio do Espírito Santo, o acessamos e o tornamos
conhecido a um mundo que jaz no fake.
Por isso, com todo nosso ser, oramos: “vem sobre nós, Espírito da verdade, e capacita-
nos para testemunhar de Jesus na cultura do fake. Em nome de Jesus. Amém!”

Ore:
• Por zelo pelas Escrituras e devoção ao Senhor;
• Por maior revelação da Verdade, que é uma pessoa,
Cristo;
Dia 22 • sábado, 26 de março
A condenação de Jesus
texto de Max Lucado baseado em João 19:1-16
Pilatos anda por trás da cadeira dele, senta, e olha fixamente para Jesus. “Até mesmo
os deuses estão de seu lado?” Ele declara sem explicação. (...)
Quantas vezes ele já sentou aqui? Quantas histórias já ouviu? Quantos argumentos
ele já recebeu? Quantos olhos largos o encararam, rogando por clemência, mendigando uma
absolvição?
Mas os olhos deste Nazareno estão tranquilos, silenciosos. Eles não gritam. Eles não
correm. Pilatos os examina, procurando ansiedade... procurando raiva. Ele não encontra. O
que ele descobre o faz mexer novamente.
Ele não está bravo comigo. Ele não tem nenhum medo... Ele parece entender.
Pilatos está certo na observação dele. Jesus não tem medo. Ele não está bravo. Ele
não está à beira de pânico. Porque ele não está surpreso. Jesus conhece a hora dele e a hora
chegou. (...)
Talvez você, como Pilatos, está curioso sobre este homem chamado Jesus. Você,
como Pilatos, está confuso com suas declarações e mexido com suas paixões. Você ouviu as
histórias: Deus descendo as estrelas, encarnando, colocando uma estaca de verdade no globo.
Você, como Pilatos, ouviu os outros falarem; agora você gostaria que ele falasse.
O que você faz com um homem que declara ser Deus, mas que odeia religião? O que você faz
com um homem que se chama o Salvador, mas que condena sistemas? O que você faz com
um homem que conhece o lugar e hora da sua morte, contudo vai lá de qualquer maneira?
A pergunta de Pilatos é sua. "O que farei eu com este homem, Jesus?" Você tem duas
escolhas: Você pode rejeitá-lo. Isso é uma opção. Você pode, como muitos têm feito, decidir
que a ideia de Deus se tornar um carpinteiro é estranha demais — e cair fora. Ou você pode
aceitá-lo. Você pode viajar com ele. Você pode escutar a voz dele entre centenas de outras vozes
e segui-lo. Pilatos poderia ter feito isso. Ele ouviu muitas vozes naquele dia — ele poderia ter
ouvido a Cristo. Se Pilatos escolhido tivesse escolhido responder ao Messias machucado, a
história dele teria sido diferente. (...)
Tantas vozes. A voz do acordo. A voz da conveniência. A voz da política. A voz da
consciência. E a voz firme e branda de Cristo. "O único poder que você tem sobre mim é o
poder dado a você por Deus". (João 18:34)
A voz de Jesus é distinta. Sem igual. Ele não bajula, nem implora. Ele só declara o caso.
Pilatos pensou que ele poderia evitar fazer uma escolha. Ele lavou as mãos dele em
relação a Jesus. Ele subiu na cerca e se sentou. Mas, ao não fazer uma escolha, Pilatos fez uma
escolha. Em lugar de pedir a graça de Deus, ele pediu um uivo. Em lugar de convidar Jesus a
ficar, ele o despachou. Em lugar de ouvir a voz de Cristo, ele ouviu a voz das pessoas.

Ore:
•Liste pensamentos e discursos quem tem falado ao seu
coração mais alto do que a voz do Senhor. Confesse-as;
- Ore para que a voz de Jesus sobressaia diante de todas
as outras vozes desse tempo que por vezes tentam nos
ensurdecer.
Dia 23 • segunda, 28 de março
Jesus e Pilatos
texto de Luciano Motta
Em determinado momento do julgamento de Jesus, Pilatos disse ter autoridade tanto
para libertá-Lo como para crucificá-Lo. Acabou ouvindo uma resposta desconcertante (numa
das raras vezes em que Cristo dirigiu palavras a seus algozes): “Nenhuma autoridade terias
sobre mim, se do alto não te fosse dada” (João 19.11).
Aquele era o ápice do maior embate entre poderes espirituais e humanos da história, e
Jesus sequer esboçou hesitação, dúvida ou medo. O Filho sabia que o Pai estava no controle de
tudo. Pilatos, por sua vez, ficou em situação difícil: até cogitou a soltura de Jesus, mas acabou
cedendo ao pior da política, consentindo com a injustiça. Os judeus gritavam: “Se soltares
este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se declara rei é contra César” (v.12). Os
sacerdotes declaravam: “Não temos rei, a não ser César” (v.15).
Ora, não ficaria Pilatos com sua imagem e lealdade arranhadas junto ao Imperador por
causa de “picuinhas” do povo judeu (inclusive arriscando a própria vida). Horas depois, Cristo
seria crucificado, tendo sobre a cabeça os dizeres: “Jesus Nazareno, Rei dos judeus” (v.19) —
uma óbvia provocação à “suposta” autoridade do Filho do Homem e um sonoro recado: todos
que ousassem se levantar contra César teriam o mesmo fim.
Frustrando as expectativas daquelas figuras políticas e religiosas, a cruz tornou-
se o grande símbolo da vitória de Cristo sobre os poderes deste mundo, sobre a atuação de
principados e potestades em homens como Pilatos e César, como afirma N. T. Wright:

"ao morrer na cruz, Jesus obteve vitória sobre ‘poderes e autoridades’ que
esculpiram este mundo de acordo com seu próprio caminho violento e
destrutivo. O estabelecimento do reino de Deus significa o destronar dos
reinos do mundo, não para substituí-los com outro, basicamente do mesmo
tipo (um que estabelece sua vontade pela força de armas superiores), mas por
um reino cujo poder é o poder do servo, e cuja força é a força do amor"
(WRIGHT, N. T. Como Deus se tornou Rei. Rio de Janeiro: Thomas Nelson,
2019, p.219).

O Cordeiro de Deus levou sobre si nossas dores e pecados: “apagando a escrita de dívida,
que nos era contrária e constava contra nós em seus mandamentos, removeu-a do nosso
meio, cravando-a na cruz; e, tendo despojado os principados e poderes, os expôs em público
e na mesma cruz triunfou sobre eles” (Colossenses 2.14-15). A condenação foi removida para
aqueles que estão em Cristo; o poder das trevas, subjugado; a morte, definitivamente vencida.
Cada cristão vive hoje sob nova jurisdição, guiado pelos sublimes valores dos céus: “Justiça
e retidão são os alicerces do teu trono, amor e verdade vão à tua frente” (Salmo 89.14 NVT).
“Pois o Reino de Deus não diz respeito ao que comemos ou bebemos, mas a uma vida de
justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14.17 NVT).
Todo olho verá o Rei como o Leão da tribo de Judá, pisando os inimigos, reinando para
sempre. Até lá, a exemplo de Jesus, resplandecemos em toda parte as virtudes Daquele que
nos chamou e nos salvou.

Ore:
• Para que haja em nós a mesma certeza que havia em
Cristo, que sabia que todo o poder pertencia ao pai e
Nele podia confiar mesmo diante da injustiça e morte.
Dia 24 • terça, 29 de março
A crucificação
texto de Danielly Bravo baseado em João 19:17-37
De forma geral, o senso de justiça humano é muito seletivo. Contudo, quando vemos um
inocente passar anos na prisão por um crime que não cometeu, nosso coração se compadece.
Em 2019, a Netflix lançou a série “Olhos que Condenam”, que abordava justamente esta
temática. A trama gira em torno de meninos negros acusados de agredirem e estuprarem
uma mulher branca no Central Park. Baseada em fatos reais, a série gera em nós o sentimento
de revolta contra tamanha injustiça.
Sob esta perspectiva, a crucificação provoca em mim sentimentos contraditórios. O
primeiro é de tristeza por tamanha injustiça. O próprio Deus se tornou um homem para sofrer
no lugar de outrem. Na cruz, cada espinho, cada ato de violência direcionava-se a alguém que
não merecia. Entretanto, apenas o filho de Deus santo e puro poderia aplacar a ira do Deus
que tudo vê. Cada estupro, pedofilia, roubo, assassinato acende a ira do Deus que nos criou
para a beleza e pureza. Sendo assim, o único justo se fez maldição por nós. A traição de judas,
o espancamento e o julgamento do povo exclamando “crucifica-o” tiveram seu ápice na cruz.
Ele realmente nos ama e foi na terra, um servo sofredor.
Isso nos leva ao segundo sentimento: o de profundo alívio e gratidão por tamanha
compaixão e graça do nosso Senhor. Fomos justificados pela fé em sua obra, para que um
dia toda injustiça seja erradicada; para que um dia este sentimento de tristeza pelas coisas
erradas no mundo não nos acometa mais. Todos seguirão a Sua luz.

Ore:
• Agradecendo por tamanho favor imerecido recebe-
mos através do sofrimento de Jesus;
• Para que a expectativa pelo dia da volta do Senhor gere
esperança em consolo em nossos corações em tempos
de tantas injustiças.
Dia 25 • quarta, 30 de março
Mais do que você esperava
texto de Timothy Keller
Às vezes, quando vou a Jesus, Ele deixa que aconteçam coisas que não entendo. Ele não
faz as coisas conforme meu plano, ou de uma maneira que faça sentido para mim. Mas Jesus,
sendo Deus, então Ele é grande o suficiente para ter alguns motivos para deixar você passar
por coisas que não entende. Seu poder é ilimitado, e assim também são sua sabedoria e seu
amor. A natureza é indiferente para você, mas Jesus é cheio de amor indomável por você. Se
os discípulos realmente soubessem que Jesus os amava, se eles tivessem realmente entendido
que ele é tanto poderoso quanto amoroso, eles não teriam ficado com medo. A premissa, que
se Jesus os amava ele não deixaria que coisas ruins acontecessem com eles, estava errada.
Ele pode amar alguém e ainda assim deixar que coisas ruins aconteçam, porque ele é Deus —
porque Ele sabe o que é melhor.
Se você tem um Deus grande e poderoso o suficiente para você ficar louco com Ele
porque Ele não suspende o seu sofrimento, você também tem um Deus que é grande e
poderoso o suficiente para ter motivos que você não consegue entender. Você não pode ter
as duas coisas. Minha professora Elisabeth Elliot colocou isso perfeitamente em duas breves
sentenças: “Deus é Deus, e desde que Ele é Deus, é merecedor do meu louvor e do meu
serviço. Não encontrarei descanso em lugar algum, apenas na vontade dele, e essa vontade
é necessariamente infinitamente, imensuravelmente, indescritivelmente além das minhas
melhores noções do que ele quer fazer”. Se você está à mercê da tempestade, o poder dela é
incontrolável e ela não te ama. O único lugar em que você está a salvo é na vontade de Deus.
Mas porque Ele é Deus e você não é, a vontade Dele está necessariamente, imensuravelmente,
indescritivelmente além das suas melhores noções do que ele quer fazer. Perigoso? “Claro
que é, perigosíssimo. Quem foi que disse que Ele não é perigoso? Mas Ele é bom. Ele é o Rei”.
Como podemos ter paz em Cristo durante circunstâncias que são propensas a criar
ansiedade e/ou desespero? Onde em sua vida você está esperando que Jesus providencie
ajuda?²

Ore:
• Por revelação da bondade, amor e poder do Senhor;
• Para que toda ansiedade e medo sejam silenciados
diante da revelação de quem Ele é.
Dia 26 • quinta, 31 de março
O Sofredor que nos corrige
texto de Lucymara Souza baseado em João 19:38-42
Lançada foi a semente
Recebida foi a mensagem
Mas não a colocaram em exposição
Um rico que aguardava com expectativa o Reino
Um fariseu que testemunhou a Salvação
Corações secretamente tocados

A vergonha do meu Deus na cruz


Exposto como criminoso, me constrangeu
Tua fraqueza, que mais tarde teve apenas sombra de derrota, me impulsionou à coragem
Sim, Mestre, tua morte discipulou o meu coração

Expus a minha opinião e recolhi o Forte em sua vergonha


Reconheci o teu valor e o cobri de perfume
Fui um amigo na hora de tua morte, pelo teu corpo zelei.
Sim, Mestre, tua mensagem germinou em nós, os omissos

Rendo a minha covardia como palco para tua dignidade


Reconheço teu nome mais que o peso do umbigo
No ordinário, nos ensine a ungir o teu corpo
E a assumir tua justiça diante da iniquidade
Iguale nossos passos aos teus

O humilde humilhado
Exaltado à mais alta posição
Como prometido, repousou em cova de rico
Embalsamado de nobreza, envolto de aroma
Tu és digno de honra
O Cordeiro mudo que bradou obediência
E discipulou em fraqueza
A injustiça com o Justo me corrigiu.
Iguale nossos passos aos teus.

Ore:
• Para que tenhamos um estilo de vida de renúncia em
meio aos sofrimentos e lutas da vida.
• Para desenvolvermos uma jornada de vida que honre
o Senhor em todo tempo, como bons amigos que cami-
nham com Jesus e testemunham de quem Ele é através
de uma amizade profunda.
Dia 27 • sexta, 1 de abril
A ressurreição de Jesus
texto de Ramon Maia baseado em João 20:1-10
E chegamos ao ponto central de toda história, em que a eternidade invade o temporal e
céus e terra se entrelaçam, provocando um abalo cósmico que descortina um plano até então
secreto, contudo, que neste momento se revela como a força motriz que impulsiona o univer-
so e viabiliza a existência de todo ser e substância. Não estamos falando de algo intangível,
muito menos de um conto de ficção científica. Estamos falando de um acontecimento, um
fato, que fundamenta e circunscreve todo sentido de uma viva esperança. Estamos falando
de um ser eterno, um único Deus, que assumiu a forma e a fragilidade humana, que morreu,
mesmo sendo imortal, e que ressurgiu da morte, virando a mesa da história. Estamos falando
da ressurreição de Jesus.
Em nossos dias, como consequência de filosofias humanas que tendem a separar o
físico do espiritual, trançando um pensamento cartesiano, temos reduzido o Cristianismo
a um conjunto de crenças que se relacionam a uma visão de espiritualidade. Mas quando
entendemos a doutrina da ressurreição sob a luz da Palavra, nossos olhos saltam e se expan-
dem diante da magnitude que é o Evangelho. Todo significado e dignidade da vida só existem
porque Jesus ressuscitou. Todo cosmo é sustentado em seu devido lugar porque Jesus res-
suscitou. Toda criação, apesar dos gemidos e dos sofrimentos presentes, pode vislumbrar um
futuro de glória graças à ressurreição de Jesus.
Ao transcorremos a Escritura, veremos que graças à Sua vitória sobre a morte, Ele
comprou para si povos de toda tribo, raça, língua e nação. Por meio da Sua vitória, Ele nos
elegeu como filhos, nos justificou e nos redimiu de nossos pecados, imputando em nós a Sua
justiça e nos transportando para o Seu Reino. Por meio da Sua vitória, céus e terra se inter-
sectam e convergem para o mesmo ponto, o centro de toda existência: o próprio Jesus.
Diante de tal realidade, começamos a entender o efeito que as boas novas causaram
nos cristãos do primeiro século. Durante séculos, o medo da morte foi a principal ferramenta
de subjugação e domínio dos impérios. Contudo, com a ressurreição de Jesus, a morte perdeu
todo seu poder, pois Ele ressuscitou, vencendo-a, abrindo o caminho para uma viva espe-
rança. Ao serem iluminados por tal revelação, alguns estudiosos relatam que é como se os
primeiros cristãos sofressem uma disrupção cognitiva — uma espécie de revolução do pen-
samento e da ótica com a qual se enxerga e se entende toda realidade a sua volta. O medo da
morte, que até então dominava os povos, já não tinha mais seu efeito sobre aqueles que foram
alcançados pela revelação das boas novas. E as boas novas eram: o Cordeiro de Deus ressusci-
tou! Muito mais que um sistema de crenças, isso representava uma transição de poder, pois
agora todo domínio do universo pertence Àquele que ressurgiu da morte. A mesa da história
tinha sido virada, uma vez que um Reino invadiu toda realidade criada, gerando a maior tran-
sição de poder e governo da história.
Há um convite de Deus para nós nesses dias em que meditamos sobre a Sua vitória: a
ressurreição do seu Filho. Ele nos convida a experimentarmos essa mesma disrupção cogni-
tiva de nossos irmãos no primeiro século. Ele nos convida a celebrarmos, pois há um gover-
nante com as rédeas da história em suas mãos. Ele nos convida a desfrutarmos desse Reino
eterno que invadiu o temporal e que antecipa os poderes da era por vir, pois Ele ressuscitou!

Ore:
- Para que a revelação da ressurreição de Jesus funda-
mente nossa forma de olhar a vida; sob a ótica da res-
surreição aprendemos a viver confiantes no Reino que
virá, mas que em parte já está;
- Para que o medo da morte não seja o fator que de-
termina nossas ações; para que se levante uma Igreja
corajosa e pronta para o martírio, pois zomba da morte
entendendo que ela já foi vencida por nosso Senhor.
Dia 28 • sábado, 2 de abril
Uma semente de esperança
texto de Karla Ribeiro baseado em João 20:11-18
Em tempos difíceis como os nossos, é lugar comum abater-se pelas circunstâncias.
As crises econômicas e sanitárias acentuam a sensação de medo e insegurança em nós. De
forma semelhante, Maria e os discípulos também passaram por uma situação sombria de
desesperança após a morte de Jesus. Imagine a cena: todos estavam contra eles — o governo
romano, os líderes e o povo judeu haviam condenado Cristo à Cruz, subjugaram o Senhor,
em quem aquelas pessoas haviam crido, e o condenaram a uma morte cruel, humilhante e
dolorosa.
Aos olhos humanos, os motivos para acreditar que as promessas do Senhor se
cumpririam eram inexistentes. Quando Maria foi ao túmulo no domingo pela manhã, suas
lágrimas expressaram seu luto. Ela não esperava encontrar nada além de um defunto.
No entanto, o nosso Deus é poderoso e surpreendente. Com toda Sua gentileza, Jesus
ouviu as palavras de Maria antes de despertá-la da frieza com o som de sua doce voz:
— Maria!
Essa cena quebranta o meu coração. A voz do Senhor é irresistível!
A expressão daquela mulher mudou de luto para extrema surpresa e alegria em
segundos. Novamente, havia esperança! Cristo havia ressuscitado! Ele não apenas a libertara
dos sete demônios que a perturbavam no passado, mas agora derramava sobre ela de Sua
graça abundante e VIDA ETERNA!
Por isso, meu irmão, lembre-se desse Jesus poderoso e misericordioso no dia de
hoje. Permita que o Jardineiro de toda criação te chame para perto e plante em seu coração
uma semente de esperança, que não se baseia nas atuais dificuldades que você venha estar
enfrentando, mas, sim, no Reino vindouro e na pessoa do Messias.

Ore:
• Para que a voz do Senhor ecoe em nosso interior nos
libertando de todo medo e insegurança gerados nesses
tempos de crise;
• Por uma Igreja que se alegra, pois ouve a voz do Se-
nhor que a chama.
Dia 29 • segunda, 4 de abril
A esperança do cristão diante da morte
texto de Timothy Keller
Uma das grandes expressões de esperança da literatura cristã vem de George Herbert,
poeta cristão do século 17. Ele escreveu um poema chamado Um hino diálogo. De modo
elegante e potente, imagina um diálogo entre a morte e o cristão com base em 1 Coríntios 15.
Um hino diálogo (George Herbert)
Cristão: Ai, pobre Morte! Onde está tua glória? Onde está tua afamada força, teu antigo
aguilhão?
Morte: Ai, pobre mortal, ignorante da história! Vai e lê como matei teu Rei.
Cristão: Pobre morte! E quem com isso foi ferido? Tua maldição, lançada sobre ele,
torna-te amaldiçoada.
Morte: Os vencidos podem falar, mas um dia tu morrerás; estes braços te esmagarão.
Cristão: Não me poupes; faze o pior que puderes. Um dia, serei melhor que antes; e tu,
muito pior, deixarás de existir.
Cristão olha para a Morte e diz: Venha, não me poupe. Faça o pior que puder. Atinja-me
com teu golpe mais potente. Quanto mais me humilhar, mais alto me elevará. Com quanto
mais força me acertar, mais radiante e glorioso serei.
Em outro texto, George Herbert diz: “A morte costumava ser carrasco, mas o evangelho
a transformou em jardineiro”. A morte podia nos esmagar, mas agora a única coisa que pode
fazer é nos plantar no solo de Deus para que nos tornemos algo extraordinário.³

Ore:
- Desperta-nos agora no poder de teu Espírito para que
te sigamos com esperança e confiança;
- Concede-nos teu bondoso poder para nos proteger,
teu sábio poder para nos sustentar, tua beleza para nos
extasiar, tua paz para nos satisfazer;
- Eleva nosso coração na luz e no amor da tua Presença.
Pedimos em nome de Jesus Cristo, aquele que é a Res-
surreição e a Vida. Amém.
Dia 30 • terça, 5 de abril
Jesus aparece aos discípulos
texto de Tarcio Santiago baseado em João 20:19-23
Nesta passagem, temos momentos que podemos considerar muito importantes para
uma mudança na vida dos discípulos. Eles estavam escondidos com medo por causa dos
judeus, já que as autoridades tinham executado seu líder e, com razão, os discípulos temiam
que a mesma coisa pudesse acontecer com eles. Então, Jesus entrou em cena, aparecendo
com a paz Dele, tranquilizando-os. Mostrou as marcas da crucificação em suas mãos. Naquele
momento, veio uma grande felicidade sobre os discípulos ao verem que seu Mestre cumprira
aquilo que dissera.
Mais uma vez, Cristo reafirmou a Sua paz sobre os discípulos, mas agora com uma
designação: eles estavam sendo enviados pelo Pai, assim como Ele havia sido enviado. E então
soprou o Espírito Santo sobre eles, para que pudessem cumprir o envio.
O que podemos trazer de forma prática para nossas vidas sobre essa passagem?
Podemos estar muitas vezes em um lugar de incertezas e temores, mas Jesus hoje nos
concede a paz que excede todo entendimento, para que possamos nos alegrar mais uma vez
com a obra da salvação que nos trouxe até aqui. Com a lembrança de como Jesus fora enviado
para cumprir Seu propósito, nós também somos enviados hoje para vivermos as marcas e as
obras de Cristo. Temos o Espírito Santo selado em nós. Então, que não possamos mais ser
moldados pelos medos e pelas aflições que o mundo lança sobre nós, mas pelo que temos
visto de Cristo. Que a paz Dele esteja conosco!

Ore:
• Quais têm sido as circunstâncias da vida que tentam
tirar a sua paz. Coloque-as diante do Senhor e relembre
das palavras que Ele já liberou sobre você;
• Por mais sensibilidade para ver o Senhor e confian-
ça para seguir suas palavras diante de circunstâncias
adversas.
Dia 31 • quarta, 6 de abril
Deus fala por meio dos irmãos
texto de Lorena Martins baseado em João 20:24-29
São Tomé, um dos doze apóstolos de Jesus, é universalmente conhecido pela famosa
máxima do “ver para crer” e, com isso, muitos utilizam sua figura para fazer comparações
relacionadas à incredulidade ou à falta de fé. Mas há outros aspectos na aparição de Jesus e
na dúvida de São Tomé, que merecem ser trazidos à reflexão, pois, por muitas vezes, agimos
como este homem.
Quem nunca se perguntou por que São Tomé pôde ter agido daquela forma, já que
não faltavam evidências de que ele estava diante da materialização da própria esperança da
ressurreição? Como ele pode ter duvidado depois de tanto ouvir que aquilo aconteceria?
E quantas vezes nós, mesmo após recebermos palavras diretivas da parte de Deus,
insistimos no apego daquilo que é passageiro, porém, tangível, e não nos lançamos no que é
concreto, porém, invisível?
Além disso, a aparição de Jesus e a euforia dos demais discípulos, em contraste com
a dúvida de São Tomé, fala sobre muitas coisas. Uma delas é a comunhão. A atitude dele é
parecida com a nossa quando, apesar de termos irmãos ao nosso redor, testificando da
verdade, somos obstinados em nossas crenças e nos fechamos para a edificação, na teimosia
e na arrogância de acreditarmos que somente um sinal vindo do próprio Deus seria capaz de
nos convencer.
Nesse tempo de quaresma, rogo que você olhe fixamente para os olhos Daquele que é a
nossa razão. Contudo, perceba atentamente quais as verdades são testificadas pelo Corpo de
Cristo, do qual você faz parte. Boa parte das respostas que você procura nos sinais sobrenaturais
estão reservadas para serem encontradas através da simplicidade da comunhão.

Ore:
• Ensina-nos a ver e ouvir o Senhor através da vida dos
irmãos. A igreja é um poderoso instrumento de Deus
para expressar e comunicar sua vontade;
• Converse com um irmão de confiança, exponha sua
vida, ouça e seja edificado.
Dia 32 • quinta, 7 de abril
Para que você creia
texto de John Piper
Sinto, muito intensamente, que aqueles entre nós que cresceram na igreja, que podem
recitar as grandes doutrinas de nossa fé durante o sono e que bocejam em meio ao Credo dos
Apóstolos — entre nós, algo deve ser feito para nos ajudar a sentir novamente a reverência,
o temor, o assombro, a maravilha do Filho de Deus, gerado pelo Pai desde toda a eternidade,
refletindo toda a glória de Deus, sendo a exata imagem da sua pessoa, por quem todas as
coisas foram criadas, sustentando o universo pela palavra de seu poder.
Você pode ler cada conto de fadas que já foi escrito, cada livro de suspense, cada história
de fantasma e nunca encontrará nada tão chocante, incomum, misterioso e fascinante como
a história da encarnação do Filho de Deus.
Quão mortos estamos! Quão indiferentes e insensíveis à sua glória e à sua história!
Quantas vezes precisei me arrepender e dizer: “Deus, eu lamento o fato de que as histórias
que os homens têm inventado comovam mais as minhas emoções, o meu temor, a minha
admiração e minha alegria do que a tua própria história real”.
Talvez os filmes espaciais de nossos dias possam fazer pelo menos este bem por nós:
podem nos humilhar e nos levar ao arrependimento, por nos mostrarem que somos realmente
capazes de sentir alguma admiração, temor e reverência que raramente sentimos quando
contemplamos o Deus eterno e a glória cósmica de Cristo e um verdadeiro e vívido contato
entre eles e nós em Jesus de Nazaré.
Quando Jesus disse, “Para isso vim ao mundo”, ele disse algo tão fora do normal,
incomum, inusitado e misterioso quanto qualquer afirmação de ficção científica que você leu
(Jo 18.37).
Oh! como eu oro por um derramamento do Espírito de Deus sobre mim e sobre você;
oro que o Espírito Santo penetre em minha experiência de uma maneira que cause temor, a
fim de me despertar para a inimaginável realidade de Deus.
Qualquer dia desses, um relâmpago encherá o céu desde o nascente do sol até ao seu
poente; e aparecerá nas nuvens o Filho do Homem, com seus anjos poderosos, em chama
de fogo. E nós o veremos claramente. E, quer seja de terror, quer de pura empolgação,
tremeremos e nos maravilharemos de como vivemos por tanto tempo com um Cristo tão
manso e inofensivo.
Estas coisas foram escritas — toda a Bíblia foi escrita — para que nós creiamos, para
que fiquemos chocados e sejamos despertados para a maravilha: que Jesus Cristo é o Filho de
Deus que veio ao mundo.

Ore:
• Para que não caiamos no pecado da familiaridade que
banaliza a grandeza de Deus;
• Por um derramar do Espírito que nos chacoalhe e
libere a presença manifesta de Deus nesses dias.
Dia 33 • sexta, 8 de abril
A pesca maravilhosa no mar de Tiberíades
texto de Isabelle Medeiros baseado em João 21:1-14
É a terceira vez Na praia o cheirinho
Meus amigos sem esperança Peixe
Desacreditados da pescaria de homens que Pão
eu os convidei Brasas sendo aquecidas
Voltam ao mar. Ou reaquecidas?

Madrugada adentro Meus discípulos


A noite escura de dentro Provedores de alimento também
É possível amanhecer? Compartilhando comigo
Em breve, compartilhando de mim.
153 peixes Alvoreceu!
Em breve se tornariam 3 mil homens
Pra começar.

Pedro se lança às aguas novamente


Não é mais na tempestade
Eu o relembrei que sua fome só eu posso
saciar.

Ore:
• Para que, assim como os discípulos foram tomados de
alegria e entusiasmo ao reconhecer Jesus, nós também
sejamos iluminados por uma nova porção da revelação
de quem Ele é. Sua grandeza imanente está disponível
para nós. Podemos tocá-lo. Aleluia!
- Por sensibilidade para ouvir e seguir a orientação do
mestre. Só Ele sabe onde devemos lançar a rede.
Dia 34 • sábado, 9 de abril
A restauração de Pedro
texto de Luciano Motta baseado em João 21:15-25
Essa passagem relata o reencontro de Pedro com Jesus, após Sua morte e ressurreição.
Pedro tinha ouvido a respeito do amor doador e sacrificial de Deus, e um novo mandamento
havia sido dado aos discípulos alguns dias antes de tudo acontecer (João 13:34-35). Pedro fora
advertido sobre sua declaração tão corajosa: “Por ti, darei a própria vida” (v.37), que acabou
se tornando um ato de traição e covardia: sabemos como Pedro negou, por três vezes, que
conhecia o Senhor. Quantas vezes não fazemos declaração semelhante para Jesus — dizemos
que o amamos e que daremos a vida por Ele —, mas falhamos miseravelmente quando
pressionados por tentações e desejos maus ou quando perseguidos por causa da justiça e da
fé que carregamos!
Jesus se aproximou de Pedro a fim de restaurar a Sua aliança com ele. As perguntas
foram muito diretas: “TU ME AMAS mais do que esses outros?” “TU ME AMAS, Pedro?” “TU
ME AMAS, filho de João?” Cristo tocava de propósito uma ferida aberta no coração de Pedro,
que ainda latejava condenação, desilusão, desorientação. É claro que não havia no Senhor
Jesus um sentimento vingativo, pelo contrário: suas palavras tão objetivas eram como o toque
de um médico que trata uma terrível chaga com diligência e cuidado, pois sabe que não tem
tempo a perder com rodeios ou indiretas. Quando estamos envergonhados ou perdidos em
nossos próprios pecados e dores, Jesus rapidamente se aproxima de nós cheio de amor e
misericórdia, em resgate do nosso coração.
As respostas de Pedro não corresponderam tanto assim ao amor sobre o qual Jesus
estava falando. Mesmo assim, Cristo disse: “CUIDA dos meus cordeiros”, “PASTOREIA as
minhas ovelhas”. É como se Ele dissesse: Apascente, alimente, promova o bem-estar espiritual
dos discípulos quando eu partir. Administre, supervisione, sirva e delegue tarefas. Seja um
exemplo para a igreja que estou edificando. Jesus confia em nós, apesar de muitas vezes
não correspondermos às Suas Palavras. Ele está trabalhando em nós, nos aperfeiçoando, até
alcançarmos a Sua imagem e semelhança e compreendermos claramente as Suas instruções
e o Seu amor incondicional por nós. Ele está edificando a Sua Igreja, e nesse processo o
Espírito Santo nos consola e nos guia em cada passo.
Por último, Jesus disse: “SEGUE-ME”. Com essa ordem, Cristo estava relembrando
Pedro do seu primeiro chamado, no episódio da pesca maravilhosa: “Não temas; de agora
em diante serás pescador de homens. E, depois de levar os barcos para a terra, eles deixaram
tudo e o seguiram” (Lucas 5.10,11). O verbo “seguir” nessa passagem significa literalmente
“mesmo caminho”. Era hora de Pedro voltar a andar no mesmo caminho do Senhor. Perdão
e reconciliação estão disponíveis àqueles que se arrependem de seus próprios caminhos,
julgamentos, conhecimentos e experiências e se voltam para Jesus. Ele é O CAMINHO, A
VERDADE E A VIDA.

Ore:
• Agradecendo por Deus nos usar como instrumento de
benção apesar de nós. Ele se faz forte em nossa fraque-
za. Aleluia!
• Para que o Senhor nos lembre de quem somos e para o
que fomos chamados; Que suas palavras sejam o Norte
que nos direciona a prosseguir, mesmo sabendo das
nossas fragilidades.
Dia 35 • segunda, 11 de abril
Com que tipo de morte você glorificará a Deus?
texto de John Piper
Quando João escreveu seu evangelho, talvez Pedro já houvesse sido morto por Nero,
o imperador romano. Portanto, quando João registrou as palavras de Jesus sobre a morte
vindoura de Pedro, João pôde olhar para trás e interpretar o simbolismo que Jesus usou. Eis
o que Jesus disse a Pedro, com a interpretação de João:
Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e
andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá
e te levará para onde não queres. Disse isto para significar com que gênero de morte Pedro
havia de glorificar a Deus. Depois de assim falar, acrescentou-lhe: Segue-me (Jo 21.18,19).
Ouvir de seu Senhor e Amigo que você morrerá no serviço dEle é algo que nos torna
sérios. Foi uma mensagem indireta, mas Pedro compreendeu o significado. E quem sabe que
feição havia no rosto de Jesus, quando Ele disse estas palavras? Todavia, este é o preço de
seguir a Jesus. Isto não difere do que Ele prediz para cada um de nós. “Se alguém vem a mim
e não aborrece… a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14.26). “Quem ama a sua
vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna”
(Jo 12.25). “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”
(Mt 16.24). “Matarão alguns dentre vós. De todos sereis odiados por causa do meu nome” (Lc
21.16,17).
A tradição nos diz que Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, em Roma, durante
uma das perseguições de Nero, nos anos 60 d.C. Eusébio, o historiador da igreja primitiva,
escreveu: “Parece que Pedro pregou no Ponto, Galácia, Bitínia, Capadócia e Ásia aos judeus
da Dispersão. Quando, por fim, veio a Roma, foi ali crucificado de cabeça para baixo, pois ele
mesmo havia pedido para sofrer deste modo”.1
Jesus predisse o martírio de Pedro. Jesus sabia o tipo de morte e o tempo específico.
Este conhecimento específico poderia desanimar Pedro. Ou poderia servir para lembrar-
lhe que, não importando o que tivesse de lhe acontecer, o Senhor Jesus nunca é tomado
de surpresa. E não somente isso, Jesus falou estas palavras a Pedro depois de ressuscitar
triunfantemente dentre os mortos. Isto significava que, “havendo Cristo ressuscitado dentre
os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele” (Rm 6.9). Portanto, Jesus
estaria vivo e reinando quando Pedro fosse morto. Ele estaria lá para ajudá-lo. “Eis que estou
convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28.20). E não somente para ajudá-lo
a enfrentar a morte, mas também para ressuscitá-lo: “Se habita em vós o Espírito daquele que
ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os
mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita”
(Rm 8.11).
Jesus sabia que uma parte da vontade de Pedro não quereria esta morte. “Quando,
porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres”
(Jo 21.18). O próprio Jesus clamou: “Se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja
como eu quero, e sim como tu queres” (Mt 26.39). Isto também acontece com todo que segue
os passos de Jesus. Sofrimento é sofrimento, e não prazer. Somente um amor mais sublime
leva você a aceitar a morte, quando poderia evitá-la negando a Cristo.
João afirmou que a morte de Pedro glorificaria a Cristo: “Disse isto para significar
com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus” (Jo 21.19). A maneira como João
disse estas palavras parece mostrar que ele considerava todas as mortes de crentes como
designadas para a glória de Deus. A diferença é esta: com que tipo de morte glorificaremos a
Deus?
Você está pronto para isto? Você demonstrará que Deus é grande na maneira como
morrerá? Você dirá: “O viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp 1.21). Você dará nomes agradáveis
a este inimigo horrendo, torturante e derrotado? A perda de todos os queridos de sua família
terrena, dos amigos e de seus bens desvanece ante à perspectiva de ver e estar com Cristo?
Depois de haver predito a morte horrível de Pedro, Jesus disse-lhe: “Segue-me”.
Saiamos, pois, a ele, fora do arraial (Hb 13.13).

Ore:
• Por amadurecimento da Igreja; que através dos sofri-
mentos sejamos fortalecidos para não temer a morte.
• Para que sejamos uma igreja pronta para o martírio;
Não apenas através da morte física, mas primeiramen-
te por um estilo de vida de renúncia que entende que
quando perdemos a vida, aí sim a ganhamos.
Dia 36 • terça, 12 de abril
A inversão de todos os valores na cruz de Cristo
texto de Pedro Dulci
É do filósofo alemão Friedrich Nietzsche o projeto da transvaloração de todos os valores.
Para ele, na fé cristã estão estampados tudo o que há de fraco, doente e decadente. A vitalidade
pagã foi trocada no Ocidente pela doença cristã. Diante disso, resta-nos transvalorar.
Não posso concordar que as virtudes cristãs são decadentes. Nietzsche não conhecia
a verdade e a vida. Entretanto, precisamos concordar com Nietzsche que a cruz de Cristo é a
maior inversão de todos os valores humanamente construídos.
Nos relatos bíblicos da crucificação, vemos a total inversão daquilo que é buscado
perenemente pelos seres humanos.
A cruz foi a escolha de Deus pelo caminho mais difícil. Em vez de um lugar santo e
puro, Jesus foi crucificado na Caveira, lugar de morte e impureza. Optou por não beber vinho
com fel para amenizar suas dores. E o fim da narrativa é a sua morte.
A cruz também foi uma grande inversão. O rei não estava em um trono, mas pendurado
em um madeiro. Em vez de uma coroa, ele tinha espinhos na cabeça. O rei de toda a terra
foi acusado pelos romanos, a multidão maneava a cabeça para ele, e até um dos ladrões
crucificados ao seu lado lhe acusou.
Do ponto de vista do que nos agrada e enche os nossos olhos, não existe nada mais
invertido do que o caminho da cruz. Entretanto, é exatamente esse caminho que Jesus nos
convida para trilhar também.
Foi a justiça de Deus sendo executada. O cumprimento do pacto das obras que nenhum
ser humano jamais conseguiria cumprir, mas Jesus fez por nós para que hoje pudéssemos ter
vida verdadeira — tolo, Nietzsche!
O véu do templo se rasgou do alto a baixo. Os santos que haviam morrido antes da
crucificação ressuscitaram. Os romanos pagãos confessaram que Jesus era o Senhor. E a
igreja, a pobre comunidade dos discípulos de Jesus permanecia ali, mesmo que de longe,
estava se arriscando ao acompanhar até o fim.
É nessa inversão de todos os valores humanos, demasiado humanos, que rompemos
com o ciclo de morte incontornável a todos nós. Hoje, podemos celebrar a maior libertação
que a aliança com Deus proporciona.
É o Evangelho na Páscoa, a vida na morte da morte!4

Ore:
• Que tenhamos paz enquanto construímos um estilo
de vida contrário a lógica desse mundo;
• Por uma Igreja com um testemunho poderoso que,
seguindo um estilo de vida contrário ao desse século,
revela Cristo liberando um mover de conversões. Que
todo ceticismo seja abalado pela fé em Jesus!
Dia 37 • quarta, 13 de abril
Pão da vida
letra de Claudio Claro
Cristo levou sobre si Jesus, Pão da Vida
As nossas dores Jesus, Luz do Mundo
Ele levou sobre si Príncipe da Paz
As nossas transgressões Maravilhoso Conselheiro
Fonte de Eternidade e Amor
O castigo que nos traz a paz
Estava sobre ele Jesus, Deus Emanuel
E por suas chagas fomos sarados Jesus, Santo dos Santos
Árvore da vida
Ele tomou sobre si Rio que brota do Trono de Deus
As nossas maldições Alegria profunda no meu coração
Ele sofreu para que
Tivéssemos perdão Recebe a adoração

O seu sangue derramou Jesus, és digno de louvor


Para nos resgatar das trevas Jesus, recebe a adoração
E nos lavar de toda a iniquidade

“Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou sobre si as nossas


dores; e nós o consideramos aflito, ferido por Deus e oprimido. Mas ele foi ferido por causa
das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas maldades; o castigo que nos traz
a paz estava sobre ele, e por seus ferimentos fomos sarados” (Isaías 53.4-5).

“E Jesus lhes declarou: Eu sou o pão da vida; quem vem a mim jamais terá fome, e quem crê
em mim jamais terá sede” (João 6.35).

Ouça esta canção em nossa playlist enquanto medita nos textos em destaque.

• Ouça esta canção em nossa playlist enquanto medita


nos textos em destaque;
• Registre por escrito aquilo que o Senhor falar com
você.
Dia 38 • quinta, 14 de abril
O Triunfo do Cordeiro Pascal
texto de Igor Miguel
Muitas pessoas alegam que nós nos gloriamos de um evento repugnante: a
crucificação. Como aquilo poderia ser considerado um triunfo senão uma derrota radical?
Vaias, cusparadas, chicotadas, nudez, coroa de espinhos e cravos na mão. O Filho de Davi não
está no trono, está na cruz. Como diria o hino clássico: “um emblema de vergonha e dor”.
Mas o enigma pascal foi anunciado por João Batista quando viu Jesus e bradou: “Eis o
Cordeiro de Deus!” (Jo 1.35). O apóstolo se maravilha e celebra: “Cristo, nosso cordeiro pascal,
foi imolado.” (I Co 5.7). Na cruz e no esvaziamento (Fp 2.7), Deus estava anunciando que Ele,
mesmo em sua fraqueza, é mais forte do que todos os poderosos deste século. A páscoa mal
em Cristo e um golpe inesperado nos poderes temporais, na força do pecado, no reencontro e
na força do pecado. Como dito no clássico de John Stott:

“O que parece (e deveras foi) a derrota do bem pelo mal, também é, e mais
certamente, a derrota do mal pelo bem. Vencido, ele estava vencendo.
Esmagado pelo poder inflexível de Roma, ele mesmo estava esmagando
a cabeça da serpente (Gênesis 3.15). A vítima era o vencedor, ea cruz
ainda é o trono do qual ele governa o mundo.” (A Cruz de Cristo)

Cristo triunfou sobre o mal absoluto. Por mais que fiquemos perplexos diante do
'problema do mal' e do 'sofrimento no mundo', não há mal que possa ser comparado à violência
contra o inocente Jesus na cruz. Ele é a fonte de toda inocência e aquele que pode inocentar
a muitos. Além de homem, era o Filho de Deus, gerou seu amor desde a eternidade. Agora,
estava tudo impecável, o mais, puro e impecável dentre todos os vítimas de nosso universo,
o único, exposto como vítima de nosso universo e maldade. Ele amava o que lhe repudiava.
Como foi dito pelo sacerdote Caifás em uma frase ambígua, que acabou se tornando uma
profecia: “Vos convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer toda a
nação” (Jo 11.50).
Como na páscoa equipa, na cruz, julgamento e eventos simultaneamente. A crucificação
pode ser repugnante para muitos, mas misteriosamente para outros ela é magnética,
irresistível, como pelo próprio Jesus: “Eu quando for levantado da terra, criou-se todos a mim
mesmo aqui.” (Jo 12.32).
A história de início da pressão de Deus será uma celebração da superação e um ato
de salvamento que iniciará o mês do povo, o principal dos meses; será o primeiro mês do
ano.” (Ex 12.2). A própria noção hebraica de história não é cíclica como na imagem pagã de
ouroboros — a serpente comendo a própria cauda — mas é uma história com início e fim,
Alfa e Ômega. A morte do cordeiro não foi um fim em si mesmo, como o sacrifício de Jesus na
cruz era um final trágico de um projeto messiânico destruído. A cruz é o início de uma nova
história, que em conjunto com a ressurreição de Cristo, inaugura um novo povo e um novo
mundo.
Finalmente, o povo que agora anda no deserto em direção à terra prometida aponta
para a peregrinação do povo ressurreto que caminha em direção a um novo céu e uma nova
onde as ameaças da finitude e da morte serão superadas. Gente de esperança e que tem sua
fé ancorada (Hb 6.19 na estabilidade da eternidade que os esperando naquela bendita cidade
iluminada) Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada”. (Ap 21.23) 5

Ore:
• Que nessa páscoa sejamos lembrados e tenhamos
uma revelação ampliada do poder da Cruz na história;
• Por uma fé ancorada da “estabilidade da eternidade”.
Dia 39 • sexta, 15 de abril
Cristianismo Equilibrado
texto de John Stott
Não há nada que aquece o coração como a verdade.
A verdade não é fria ou seca, mas quente e apaixonada. Quando novas perspectivas
sobre a verdade de Deus se abrem, não podemos apenas contemplá-las.
Somos estimulados a reagir, seja com arrependimento, raiva, amor ou adoração.
Pense nos dois discípulos caminhando para Emaús na tarde da primeira Páscoa,
quando o Senhor ressurreto falou com eles. Assim que ele desapareceu, disseram um ao
outro: “Não estava queimando o nosso coração, enquanto ele nos falava no caminho e nos
expunha as Escrituras?” (Lc 24.32).
Eles tiveram, sim, uma experiência emocionante naquela tarde, descreveram a
sensação como a de um coração em chamas. Qual era a causa daquele calor espiritual? Era
Cristo abrindo-lhes as Escrituras!
Deveria ser assim hoje. Sempre que lemos as Escrituras e que Cristo as abre para que, a
partir delas, compreendamos a revigorante verdade, nossos corações deveriam arder dentro
de nós.
Como F. W. Faber disse, “Teologia profunda é o melhor combustível para a devoção;
quando pega fogo e é bem alimentado, queima longamente”. 6

Ore:
• Para que sejamos cheios do fogo de Deus ao ler as Es-
crituras: livra-nos da teologia fria e meramente conte-
údista. Leva-nos mais profundo em conhecer o Cristo
ressurreto que se releva através da sua palavra!
Dia 40 • sábado, 16 de abril
Sete estrofes sobre a Páscoa
texto de John Updike
Não se engane: se Ele ressuscitou mesmo A pedra foi rolada, não papel-machê,
foi com Seu corpo; não uma pedra de contos de fadas,
se a dissolução das células não foi revertida, mas a vasta rocha da materialidade que no
as moléculas lento
reconectadas, os aminoácidos reanimados moer do tempo vai eclipsar para cada um de
a Igreja cairá nós
a vasta luz do dia.
Não foi como as flores
que ressurgem em cada suave primavera E se vamos ter um anjo na tumba,
não foi com Seu Espírito nas bocas e olhos que seja um anjo real,
aturdidos dos onze apóstolos; pesado com os quanta de Max Planck, vívido
foi com Sua Carne: nossa. com cabelos,
opaco na luz do amanhecer, vestido com
Os mesmos dedos articulados linho de verdade
o mesmo coração e suas válvulas feito em um tear definido.
que – perfurado – morreu, murchou, parou,
e então Não busquemos deixar a coisa menos
reconquistou de permanente Poder monstruosa,
novas forças para sustentar. para nossa conveniência, nosso senso de
beleza,
Não debochemos de Deus com metáforas, para que, despertos naquela hora
analogias, esquivando-nos da impensável, nós
transcendência; não sejamos envergonhados pelo milagre,
fazendo do evento uma parábola, um e esmagados pelo julgamento. 7
símbolo pintado na
apagada credulidade de eras antigas:
entremos pela porta.

Ore:
• Que sejamos afetados todos pela mensagem redentora
do Evangelho; Sempre haverá algo novo para se maravi-
lhar e se render enquanto contemplamos Jesus.
• Por ousadia para proclamar a Verdade libertadora ao
mundo;
• Por um renovo da nossa fé em Jesus Cristo. Que não
sejamos abalados, mas permaneçamos firmes enquan-
to contemplamos e aguardamos o consumador da
nossa fé.
Referências
¹: :[https://ultimato.com.br/sites/guilhermedecarvalho/2012/04/06/pascoa-por-
que-lembrar-e-ser]

²: Trecho do livro: JESUS O REI (2011), de Timothy Keller.

³: KELLER, Timothy. Nascimento, casamento e morte: como encontrar Deus nos


eventos mais significativos da vida. São Paulo: Vida Nova, 2020, p.157-159.

4
: http://www.teopraxis.com.br/a-inversao-de-todos-os-valores-na-cruz-de-cris-
to

5
: Extraído de: https://lecionario.com/agnus-dei-o-triunfo-do-cordeiro-pascal-
-9a8c3754611f

6
: Extraído do livro Cristianismo Equilibrado de John Stott.

7
: Extraído de: https://pequenascatequeses.wordpress.com/2019/04/22/sete-es-
trofes-sobre-a-pascoa-seven-stanzas-at-easter-1960/

Você também pode gostar