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INSTITUTO LATINO-AMERICANO DE TECNOLOGIA,

INFRAESTRUTURA E TERRITÓRIO (ILATIT)


ENGENHARIA QUÍMICA - LABORATÓRIO
DE ENGENHARIA QUÍMICA III

EXPERIMENTO Nº 1
DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE DIFUSÃO MÁSSICA

ANA PAULA OLIVO


CAROLINE MACHADO DA SILVA
CRISTIAN ACKER GODOY
JACQUELINE HAHN BERNARDI
LOISE RISSINI KRAMER

Relatório de aula prática, apresentado como requisito


parcial de obtenção de nota para a disciplina de
Laboratório de Engenharia Química III do curso de
Engenharia Química, da Universidade Federal da
Integração Latino-Americana.
Professoras: Andréia Cristina Furtado e Ivana
Helena da Cruz.

Foz do Iguaçu
2018
OLIVO, Ana Paula; da SILVA, Caroline Machado; GODOY, Cristian Acker; BERNARDI,
Jacqueline Hahn; KRAMER, Loise Rissini. Determinação do coeficiente de difusão mássica.
2018. 17 p. Relatório de Aula Prática (Graduação em Engenharia Química) – Universidade
Federal da Integração Latino-Americana, Foz do Iguaçu, 2018.

RESUMO

O fenômeno de transferência de massa está presente em inúmeras operações da indústria, como


secagem e destilação, portanto é importante conhecer o coeficiente de difusão de uma
substância A em uma substância B. O objetivo desse experimento foi determinar o coeficiente
de difusão mássica do éter dietílico no ar, utilizando uma célula de Stefan e comparar com
valores presentes na literatura. O experimento foi realizado em triplicata, medindo por meio de
um papel de escala graduada, como se comportava a altura de 20mL de éter dietílico em tubos
de ensaio. O procedimento foi feito a uma temperatura média de 23,1 ºC e uma pressão de 760
mmHg. Na análise dos dados se pode constatar a boa reprodutibilidade das triplicatas e ajustes
plausíveis, bem como, ótimo coeficiente de determinação, altos valores para o teste t, baixos
para o teste p e pontos aleatórios no gráfico de resíduos. O valor do coeficiente de difusão
mássica médio foi de 0,0741 cm²/s para a temperatura em que o experimento foi realizado, esse
pode ser comparado com os cedidos por literaturas, sendo que, obteve muita similaridade. A
discrepância pode ter ocorrido devido a diferença de temperatura, já que as fontes utilizam uma
temperatura padrão de 25ºC, a real pureza do reagente utilizado e a dificuldade em controlar as
variáveis do ambiente.

Palavras-chave: transferência de massa, éter dietílico, concentração.


LISTA DE SÍMBOLOS

P Pressão [Pa]
L Altura de líquido [m]
PA,0 Pressão de vapor na interface [Pa]
PA,L Pressão de vapor na altura L [Pa]
yA,0 Fração de molar de A na interface [Adimensional]
yA,L Fração de molar de A altura L [Adimensional]
j̅A Fluxo molar de A [kmol/s.m²]
𝜈𝐴𝐵 Velocidade de difusão [m/s]
𝑀𝐴 Concentração molar de A [kmol/m³]
𝑁𝐴̇ Taxa de transferência de massa [kmol/s]
DAB Coeficiente de difusão [m²/s]
𝐶𝐴 Concentração de saturação na interface [kmol/m³]
𝐶𝑇 Concentração total [kmol/m³]
L Distância efetiva de transferência de massa [m]
CB Concentração média logarítmica da fase vapor [kmol/m³]
𝜌𝐴 Massa especifica de A [kg/m³]
MM Massa molar de A [kg/kmol]
dL/dt Variação da altura do fluido com o tempo [m/s]
L0 Altura inicial de A [m]
R Constante universal dos gases [m³Pa/kmol.K]
T Temperatura [K]
PA Pressão que A exerce no sistema [Pa]
𝑃𝐴𝑠𝑎𝑡 Pressão de vapor de A [Pa]
t Tempo [s]
b Coeficiente linear [adimensional]
a Coeficiente angular [adimensional]
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Valores da literatura dos parâmetros necessários para o cálculo do coeficiente de


difusão do éter............................................................................................................................. 9
Tabela 2 - Valores da literatura dos coeficiente de difusão mássica de éter em ar. .................. 9
Tabela 3 – Tempos e diferenças de comprimento ao quadrado determinados
experimentalmente. ................................................................................................................... 11
Tabela 4 – Parâmetros estatísticos obtidos em cada experimento. .......................................... 12
Tabela 5 – Coeficientes de difusão mássica do éter em ar determinados experimentalmente,
à temperatura média de 23,1°C e pressão atmosférica de 1 atm. ............................................. 13
Tabela 6 – Comparação entre os valores da literatura e o valor experimental do coeficiente
de difusão mássica de éter em ar. ............................................................................................. 14
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 5
2 REVISÃO TEÓRICA ........................................................................................................... 6
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 10
3.1 VIDRARIAS, MATERIAIS E REAGENTES ......................................................... 10
3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .................................................................... 10
3.3 ANÁLISE DE DADOS............................................................................................. 10
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 11
5 CONSIDERAÇÕES FINAS E SUGESTÕES ................................................................... 15
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 16
APÊNDICES ........................................................................................................................... 17
APÊNDICE A – DADOS EXPERIMENTAIS ............................................................... 17
APÊNDICE B – MEMÓRIA DE CÁLCULO ................................................................ 17
5

1 INTRODUÇÃO

Diariamente nos deparamos com processos que envolvem a transferência de calor


e de massa, como por exemplo a evaporação da água. Todos os casos em que ocorre mudança
de fase, temos a presença desses dois mecanismos ocorrendo de forma simultânea.
Inúmeros são os tipos de setores industriais que utilizam da transferência de massa
para desenvolver seus processos, por meio de equipamentos essenciais como torres de
destilação, reatores e trocadores de calor. Por esse motivo é essencial o entendimento sobre esse
assunto e todos as variáveis que são necessárias para o procedimento ter a melhor eficiência
possível.
A transferência de massa ocorre quando um sistema se encontra em desequilíbrio,
dessa forma, a natureza tende a estabelecer a igualdade, ou seja, redistribuir a concentração dos
sistemas, ocorrendo no sentido da menor concentração para a maior. Então temos que a força
motriz desse processo é diferença da quantidade da substância por unidade de volume, dita
como concentração (ÇENGEL, 2012).
Para calcular a taxa de transferência de massa, é necessário utilizar uma constante
de proporcionalidade, denominada coeficiente de difusão. Por meio deste, é possível medir o
grau de rapidez com que uma determinada substância é difundida no meio (ÇENGEL, 2012).
O processo de difusão é fortemente influenciado pelas colisões que ocorrem entre
as moléculas na mistura. Como os gases possuem maior espaçamento entre suas moléculas, seu
coeficiente de difusão de massa é maior que para os líquidos e sólidos. A temperatura também
é um fator que influencia no coeficiente, já que aumenta o grau de agitação das moléculas, dessa
forma, quanto maior a temperatura do sistema, maior o coeficiente de difusão (ÇENGEL, 2012).
Assim, a prática tem por objetivo a determinação experimental do coeficiente de
difusão do éter dietílico no ar, por meio do uso da célula de Stefan, e comparar esse valor com
o que é encontrado na literatura.
6

2 REVISÃO TEÓRICA

A teoria cinética para a difusão se baseia em modelos simplificados de


hidrodinâmica e dos estados ativados. A aplicação desses modelos gerou um número
considerável de correlações empíricas, as quais se configuram como o melhor procedimento
para a estimativa de parâmetros relevantes. Essas correlações permitem estimativas da
difusividade, expressas em função de valores de propriedades mais facilmente mensuráveis,
como a viscosidade e o volume molar (BIRD et al., 2004).
Muitas aplicações de engenharia, como tubos de calor e tanques de resfriamento,
envolvem condensação, evaporação e transpiração na presença de um gás não condensável e,
assim, necessita-se de correlações para determinar o coeficiente de difusão entre os fluidos do
processo. Neste trabalho aborda-se o modelo de Winklemann´s, que é válido apenas para
sistemas binários, não reativos, unidirecionais e com densidade e coeficiente de difusão
constants, considerando regime pseudo-estacionário (ÇENGEL, 2012; GEANKOPLIS, 2008).
Toma-se como exemplo a Figura 1, uma camada líquida da espécie A em um tanque
circundado por gás da espécie B, com pressão P e temperatura T constante. Existe equilíbrio
entre as fases líquida e vapor na interface (L=0), e a pressão do vapor na interface deve ser igual
à pressão de saturação da espécie A na temperatura especificada. Considera-se o gás insolúvel
no líquido, e ambos, gás e vapor, se comportam como gases ideais (ÇENGEL, 2012).

Figura 1 - Difusão de vapor A através de gás B em estagnação.


Fonte: Çengel, p. 825, 2012.
7

Se o gás no topo do tanque não está saturado, a pressão do vapor na interface será
maior que a pressão do vapor no topo do tanque (PA,0 > PA,L, portanto, yA,0 > yA,L, segundo a
Lei de Raoult). Essa diferença de pressão é a força motriz para a transferência de massa, que
conduzirá o vapor para cima a partir da interface ar-líquido para o gás em estagnação. O
escoamento ascendente do vapor será sustentado pela evaporação do líquido na interface. Sob
condições permanentes, o fluxo molar do vapor através do gás em estagnação se mantém
constante, conforme a equação 1:
j̅A = 𝜈𝐴𝐵 𝐶𝐴 = constante (1)
onde j̅A é o fluxo molar (kmol/s.m²), 𝜈𝐴𝐵 a velocidade de difusão (m/s) e CA a concentração de
A (kmol/m³). É mais conveniente trabalhar com frações molares ou concentrações molares
nesse caso, em vez das frações de massa ou densidades, que não são constantes (ÇENGEL,
2012).
Para a determinação experimental do coeficiente de difusão, aplicando o método de
Winklemann´s, parte-se da seguinte equação de taxa de transferência de massa
(GEANKOPLIS, 2008):
𝐶𝐴 𝐶𝑇 (2)
𝑁𝐴̇ = 𝐷𝐴𝐵 ( )
𝐿𝐶𝐵
na qual DAB é o coeficiente de difusão (m²/s), CA a concentração de saturação na interface
(kmol/m³), L a distância efetiva de transferência de massa (m), CB a concentração média
logarítmica de fase vapor (kmol/m³) e CT a concentração total (kmol/m³).
Para baixos valores de evaporação, como o caso da célula de Stefan, pode-se utilizar
a seguinte equação de taxa de evaporação (Geankoplis, 2008):
𝜌𝐴 d𝐿 (3)
𝑁𝐴̇ = ( )
𝑀𝑀 d𝑡
onde 𝜌𝐴 é massa específica de A (kg/m³), MM a massa molar de A (kg/kmol), e dL/dt é a
variação da altura do fluido com o tempo (m/s).
Igualando as equações (2) e (3):
𝐶𝐴 𝐶𝑇 𝜌𝐴 d𝐿 (4)
𝐷𝐴𝐵 =( )
𝐿𝐶𝐵 𝑀𝑀 d𝑡
Resolvendo a equação diferencial ordinária pelo método de variáveis separáveis:
𝐿 𝑡
𝐶𝐴 𝐶𝑇 𝑀𝑀 (5)
∫ 𝐿𝑑𝐿 = ∫ 𝐷𝐴𝐵 𝑑𝑡
𝐿0 0 𝐶𝐵 𝜌𝐴
𝐶𝐴 𝐶𝑇 𝑀𝑀 (6)
𝐿2 − 𝐿20 = 2𝐷𝐴𝐵 𝑡
𝐶𝐵 𝜌𝐴
8

Sabe-se que a concentração de um gás ideal pode ser determinada pela lei doas
gases ideais:
𝑃 (7)
𝐶𝑇 =
𝑅𝑇
e pela Lei de Raoult tem-se:
𝑃𝐴 = 𝑦𝐴 𝑃 (8)
Logo CA/C pode ser escrita da seguinte forma:
𝐶𝐴 /𝐶𝑇 = 𝑃𝐴𝑠𝑎𝑡 /𝑃 (9)
A concentração média logarítmica de fase vapor é calculada conforme a equação
(10) (GEANKOPLIS, 2008).
𝐶𝐵1 − 𝐶𝐵2 (10)
𝐶𝐵 =
𝐶
ln(𝐶𝐵1 )
𝐵2

CB1 é a concentração no topo da célula e CB2 na interface, ou seja, CA mais CT,


portanto a equação (10) é reescrita:
𝑃 𝑠𝑎𝑡 (11)
𝐶𝑇 − (1 − 𝐴𝑃 ) 𝐶𝑇
𝐶𝐵 =
1
ln( )
𝑃𝐴𝑠𝑎𝑡
(1 − )
𝑃
Substituindo (7), (8), (9) e (11) em (6):
𝑃 𝑠𝑎𝑡 (12)
𝑃𝑀𝑀𝑙𝑛[1/(1 − 𝐴𝑃 )]
𝐿2 − 𝐿20 = 2𝐷𝐴𝐵 𝑡
𝑅𝑇𝜌𝐴
onde L a altura de A (m), L0 a altura inicial de A (m), P a pressão total do sistema (Pa), R a
constante universal dos gases (m³Pa/K.kmol), T a temperatura do sistema (K) e t o tempo de
evaporação (s).
Com o equacionamento desenvolvido e o auxílio de um software gráfico, plota-se
o gráfico de L2-L02 e função de t, aplica-se a regressão linear e com o coeficientes angular obtido
determina-se DAB por substituição algébrica na equação (13), já que os demais parâmetros são
conhecidos, conforme Tabela 1 e a pressão total do sistema pode ser medida
experimentalmente.
𝑎𝑅𝑇𝜌𝐴 (13)
𝐷𝐴𝐵 =
1
2𝑃𝑀𝑀𝑙𝑛 ( )
𝑃𝐴𝑠𝑎𝑡
1− 𝑃
9

Tabela 1 - Valores da literatura dos parâmetros necessários para o cálculo do coeficiente de difusão do éter.

Parâmetro Valor da Literatura Unidade


R 62,3636 L.mmHg/mol.K
MMéter 74,12 g/mol
𝑷𝒔𝒂𝒕
é𝒕𝒆𝒓 439,536 mmHg
ρéter 710 kg/m³
Fonte: Perry, 2010.

Na Tabela 2 estão relacionados alguns valores disponíveis na literatura para o


coeficiente de difusão do éter e as condições associadas de temperatura e pressão.

Tabela 2 - Valores da literatura dos coeficiente de difusão mássica de éter em ar.

T P Coeficiente de difusão
Literatura consultada
(°C) (atm) mássica éter-ar (cm²/s)
(INCROPERA et al., 2007) 25 1 0,0896
(Wilke and Lee apud LEE & BARROW, 2015) 25 1 0,0879
(Chen and Othmer apud LEE & BARROW, 2015) 25 1 0,0876
(GSI ENVIRONMENTAL) - - 0,074

Além disso, existem outros modelos teóricos para a determinação dos coeficientes
de difusão, para aplicações especificas, como a relação de Gilliland, que é aplicado a sistemas
gasosos binários de hidrocarbonetos, para pressões de até 3,3MPa. Já em sistemas contendo
moléculas apolares, com pressões maiores de 1MPa, aplica-se a relação de Chapman-Enskog.
10

3 MATERIAIS E MÉTODOS

O procedimento experimental seguiu o descrito nas próximas seções.

3.1 VIDRARIAS, MATERIAIS E REAGENTES

• 3 células de Stefan, constituída por um tubo de vidro, fixado a um suporte e


contendo uma escala graduada em mm para leitura de L(t);
• Éter dietílico P.A.;
• Cronômetro;
• Termômetro.

3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

O procedimento foi realizado em triplicata. Primeiramente, fixou-se um papel com


escala graduada em cada um dos três tubos de vidro, então adicionou-se 20 mL de éter dietílico
em cada tubo, coletou-se a altura inicial do fluido, a pressão atmosférica e a temperatura do
fluido. A cada 30 minutos, anotou-se a posição da interface éter-ar e a temperatura do meio em
cada um dos três tubos. Os dados foram coletados nesse intervalo de tempo até o fim da aula.
Nos dois dias consecutivos, seguiu-se coletando os dados de temperatura do meio e posição da
interface, quatro vezes ao dia.

3.3 ANÁLISE DE DADOS

Realizada a coleta de dados, encontrou-se o quadrado das diferenças de alturas da


interface, e plotou-se um gráfico desses valores em função do tempo, para cada replicata de
experimento. Fez-se uma regressão linear, e com o coeficiente angular desse ajuste, obteve-se
o coeficiente de difusão mássica. Em sequência obteve-se o coeficiente de difusão mássica
médio, comparou-se estes valores com os disponíveis na literatura, e calculou-se a discrepância
desses valores por meio do erro relativo.
Para obter a confiabilidade dos resultados, analisou-se a reprodutibilidade da
triplicata de experimento, a linearidade entre as variáveis. Para comprovar a plausibilidade
estatística do ajuste linear, analisou-se os coeficientes de determinação de cada ajuste, os testes
t, os valores p, e os gráficos de resíduos.
11

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao longo de 3 dias foram coletados dados de tempo e altura experimentalmente


(Apêndice A). Os valores obtidos de tempo, em minutos, e L²-L02, em milímetros quadrados,
se encontram na Tabela 3. Com os valores da tabela plotou-se o gráfico do quadrado das
diferenças de alturas em função do tempo, conforme Figura 2.

Tabela 3 – Tempos e diferenças de comprimento ao quadrado determinados experimentalmente.

Tempo (min) L12-L02 (mm2) L22-L02 (mm2) L32-L02 (mm2)


0 0 0 0
31 216 68,75 195
65 336 150 335
100 464 224 483
130 600 306 639
168 819 444 803
190 975 494 975
1223 5304 3876 5439
1372 6264 4956 6435
1496 7119 5544 7320
2412 10824 8774 10920
2954 12399 10764 13200
Fonte: Os autores.

15000

10000
L1²-L0² (mm²)

5000

L1²-L0²
L2²-L0²
L3²-L0²
0

0 1000 2000 3000


Tempo (min)

Figura 2 – Gráfico da diferença dos quadrados de altura versus tempo.


Fonte: Os autores.
12

Na Figura 2, pode-se perceber que o experimento feito em triplicata obteve


reprodutibilidade, visto que seus pontos se encontram similares. Além disso, todos apresentam
uma relação aparentemente linear entre as variáveis. Na Figura 3 estão expostos os gráficos de
cada ajuste.

Figura 3 – Ajuste linear de cada experimento.


Fonte: Os autores.

Pode-se confirmar pela Figura 3 que existe uma relação linear entre o tempo e a
diferença dos quadrados das alturas nos três experimentos. Esse fato é reiterado por valores
estatísticos, observados na Tabela 4.

Tabela 4 – Parâmetros estatísticos obtidos em cada experimento.

Experimento R² Coeficiente angular (mm²/min) valor t valor p


1 0,99943 4,522 ± 0,03109 145,46381 < 0,00001
2 0,99817 3,60558 ± 0,04458 80,8732 < 0,00001
3 0,99897 4,55375 ± 0,04226 107,74649 < 0,00001
Fonte: Os autores.

A Tabela 4 permite perceber que todos os ajustes apresentaram coeficientes de


determinação adequados, indicando que acima de 99% dos valores obtidos podem ser
explicados por esse modelo. Os coeficientes angulares de cada ajuste também podem ser
considerados significantes estatisticamente de acordo com teste t e valor p (todos menores que
o intervalo de confiança de 95%). Além disso, os resíduos apresentaram valores aleatórios, em
torno do zero – fato esse comprovado pela Figura 4.
13

Figura 4 – Gráfico de resíduos (mm²) de cada ajuste.


Fonte: Os autores.

Após comprovada a plausibilidade estatística do ajuste linear, pode-se utilizar o


valor do coeficiente angular (a) de cada ajuste para se obter o coeficiente de difusão mássica,
conforme a equação (13). A pressão total do sistema foi medida experimentalmente, obtendo-
se um valor igual a 760 mmHg.
Com isso, determinou-se o coeficiente de difusão em cada experimento e depois foi
obtido o coeficiente de difusão mássica médio para posterior comparação com os valores da
literatura (memorial de cálculo disponível no Apêndice B). Esses coeficientes podem ser
observados na Tabela 5.

Tabela 5 – Coeficientes de difusão mássica do éter em ar determinados experimentalmente, à temperatura média


de 23,1°C e pressão atmosférica de 1 atm.

Experimento Coeficiente de difusão mássica (cm²/s)


1 0,07926
2 0,06320
3 0,07982
Média (cm²/s) 0,0741
Desvio padrão (cm²/s) 0,0094
Fonte: Os autores.

Pode-se notar na Tabela 5 que os valores obtidos foram similares, com uma ligeira
discrepância no valor obtido no experimento 2. Esse fato pode ser explicado pois o tubo de
ensaio desse experimento se encontrava no meio dos outros dois, o que possivelmente dificultou
sua difusão. Além disso, os tubos 1 e 3 se encontravam nas extremidades do suporte estando
mais expostos as condições do ambiente, como temperatura, pressão e umidade, enquanto que
o tubo 2 não sentia tanto essas variáveis, por estar entre os outros dois.
O coeficiente experimental de difusão mássica do éter dietílico em ar pode ser
14

comparado com a literatura (Tabela 2), obtendo erro relativo conforme se observa na Tabela 6.
Mas antes de realizar as comparações, deve-se levar em conta que o experimento não foi
realizado em um ambiente controlado, comprovado pelas variações na temperatura do éter
(Apêndice A), além de outros fatores como o funcionamento aleatório do ar condicionado, que
por vezes resultava em fluxo de ar frio sobre o experimento e alterações ambientas
consideráveis que ocorreram durante os três dias de experimento.

Tabela 6 – Comparação entre os valores da literatura e o valor experimental do coeficiente de difusão mássica
de éter em ar.

Coeficiente de difusão Erro relativo


mássica éter-ar (cm²/s) (cm²/s)
Experimental 0,0741 -
(INCROPERA et al., 2007) 0,0896 17,31 %
(Wilke and Lee apud LEE & BARROW, 2015) 0,0879 15,71 %
(Chen and Othmer apud LEE & BARROW, 2015) 0,0876 15,42 %
(GSI ENVIRONMENTAL) 0,074 0,13%
Fonte: Os autores.

Apesar dos erros experimentais envolvidos, a Tabela 6 permite notar que o valor
obtido experimentalmente se encontra próximo dos valores disponíveis na literatura, sendo mais
próximo do valor encontrado em catálogo de reagente. Entretanto, no catálogo não estão
descritas as condições nas quais o valor se aplica. Contudo, pelas outras informações
disponíveis no catálogo acredita-se que esse fornecedor considera uma temperatura entre 20°C
e 25°C e pressão de 1 atm, o que compactua com as condições em que o presente experimento
foi executado, com temperaturas variando entre 21,2°C e 23,9°C.
Quanto aos valores que apresentaram maior erro relativo, nas referências talvez não
tenha sido utilizado um éter com a mesma pureza do usado experimentalmente (99,0%). Além
disso, pode ter sido aplicada uma metodologia diferente com outros erros envolvidos, e também
com condições mais controladas de ambiente. Entretanto, cabe ressaltar que a temperatura
considerada para esses valores é de 25°C, enquanto que a temperatura média do experimento
foi de 23,1°C, ou seja, a discrepância entre a literatura e o valor experimental pode ser devido
a diferença de temperatura, pois o coeficiente de difusão mássica aumenta com a temperatura.
15

5 CONSIDERAÇÕES FINAS E SUGESTÕES

Após a análise de dados, pode-se constatar que a triplicata experimental apresenta


boa reprodutibilidade, considerando a similaridade dos pontos amostrais, bem como, uma boa
relação linear entre as variáveis. Quanto aos ajustes realizados, todos apresentam um excelente
coeficiente de determinação, altos valores para o teste t, e valores extremamente próximos de
zero para o valor p, o que garante a significância estatística do ajuste. Por fim, analisou-se os
gráficos de resíduos, onde constatou-se que estes apresentam valores aleatórios e dispersos em
torno de zero, o que comprova a plausibilidade do ajuste.
A partir da análise dos parâmetros estatísticos, utilizando-se do coeficiente angular
do ajuste de cada replicata, obteve-se os coeficientes de difusão mássica, e em comparação entre
os valores, percebeu-se que eram similares, porém o valor da replicata 2 possuía uma leve
discrepância, pois sua difusão foi dificultada por se encontrar no meio das outras duas.
Comparando o coeficiente de difusão obtido com os da literatura e de um catálogo de reagente,
constatou-se que os valores apresentavam boa proximidade com ambos, porém a proximidade
com o catálogo do reagente era maior, o que pode ser entendido pelo fato de que os valores
disponíveis na literatura foram obtidos com uma temperatura maior, e podem ter sido utilizados
reagentes com pureza diferente e condições ambiente mais controladas.
Por fim, para sanar o problema encontrado, tem-se por sugestão, que as replicatas
sejam mantidas a uma distância maior, para que assim, a difusão de uma replicata não interfira
na difusão das demais e que o sistema seja posicionado em local livre de correntes de ar.
16

REFERÊNCIAS

BIRD, R.B., STEWART, W.E., e LIGHTFOOT, E.N. Fenômenos de Transporte. 2ª ed. Rio
de Janeiro: LTC, 2004.

ÇENGEL, Y. A.; GHAJAR, A. J. Transferência de calor e massa: uma abordagem


prática. 4ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.

INCROPERA, F. P.; DEWITT, D. P.; BERGMAN, T. L.; LAVINE, A. S. Fundamentals of


Heat and Mass Transfer. 2007.

GEANKOPLIS, C., J. Processos de Transporte y Operaciones Unitarias. 4ª ed. México:


CECSA 2008.

GSI ENVIRONMENTAL. Ethyl ether. Disponível em: <https://www.gsi-


net.com/en/publications/gsi-chemical-database/single/267-CAS-60297.html>. Acesso em:
23/8/2018.

LEE, B. Y.; BARROW, H. Diffusion Coefficientes of Some Organic and Other Vapors in
Air. , v. I, n. 1960, p. 1–16, 2015.
17

APÊNDICES

APÊNDICE A – DADOS EXPERIMENTAIS

Data Horário Tempo (min) T (°C) T (K) L1 (t) (mm) L2 (t) (mm) L3 (t) (mm)
15/ago 13:50 0 23,8 296,95 25 25 31
15/ago 14:21 31 23,9 297,05 29 27,5 34
15/ago 14:55 65 23,2 296,35 31 30 36
15/ago 15:30 100 23,9 297,05 33 32 38
15/ago 16:00 130 23,8 296,95 35 34 40
15/ago 16:38 168 23,8 296,95 38 37 42
15/ago 17:00 190 23,5 296,65 40 38 44
16/ago 10:13 1223 23,9 297,05 77 76 80
16/ago 14:42 1372 21,2 294,35 83 84 86
16/ago 16:46 1496 22,7 295,85 88 88 91
17/ago 08:02 2412 21,4 294,55 107 107 109
17/ago 17:04 2954 22,2 295,35 118 117 119

APÊNDICE B – MEMÓRIA DE CÁLCULO

Experimento Coeficiente angular (mm²/min) Dab (mm²/min) Dab (cm²/s)


1 4,522 475,5798529 0,07926
2 3,60558 379,1997359 0,06320
3 4,55375 478,9190082 0,07982
Média 0,0741
Desvio padrão 0,0094

Dab tabelado (cm²/s) 0,0896 0,074 0,0879 0,0876


Erro relativo (%) 17,31 -0,13 15,71 15,42

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