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ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

PRISCILA PETRUSCA
PRISCILA PETRUSCA

ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

1.ª EDIÇÃO

RECIFE
FACULDADE SÃO MIGUEL
2018
Copyright © 2018 Faculdade São Miguel. Todos os direitos reservados.

Direção geral
Maria Antonieta Alves Chiappetta

Direção editorial
George Bento Catunda

Capa, projeto gráfico e editoração eletrônica


George Bento Catunda

Revisão
Annara Mariane Perboire da Silva
Priscila Petrusca Messias Gomes da Silva

Editora responsável
Faculdade São Miguel
1.ª Edição – 2018

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISDB

S586a
Silva, Priscila Petrusca Messias Gomes da.
Administração de Materiais: Priscila Petrusca Messias Gomes da Silva. – Recife:
Faculdade São Miguel, 2018.
45 p.: il.

Inclui referências bibliográficas.


Material didático produzido para os cursos EAD da Faculdade São Miguel.

1. Logística Empresarial – Administração. 2. Administração – Material – Logística. 3.


Estoques. I. Título. II. Silva, Priscila Petrusca Messias Gomes da.

CDU 658.7

Elaborado por Hugo Carlos Cavalcanti | CRB-4 2129

Índice para catálogo sistemático:

Logística empresarial – Administração CDU 658.78


Sumário

APRESENTAÇÃO ............................................................................................. 6
1 RECURSOS .................................................................................................. 7
1.1. Administração de Recursos ...................................................................... 7
1.2 Administração de Recursos Materiais ......................................................... 10
2 GERENCIAMENTO DE ESTOQUES ............................................................... 15
2.1 Tipos de Estoques ................................................................................... 15
2.2 Controle de Estoques .............................................................................. 17
2.3 Administração de Estoques ...................................................................... 28
2.4 Classificação ABC ................................................................................... 36
3. RECURSOS PATRIMONAIS ........................................................................ 40
3.1 Classificação e Codificação ....................................................................... 40
3.2 Depreciação ........................................................................................... 41
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 43
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 44
APRESENTAÇÃO

Este manual objetiva contribuir para uma boa gestão dos conteúdos abordados na
visão gerencial de recursos materiais e patrimoniais, tendo como finalidade auxiliar os
acadêmicos no estudo da Disciplina Administração de Recursos Materiais I,
oferecendo informações sobre estudo de estoque, armazenagem, suprimentos,
classificação e codificação, além dos recursos à disposição (máquinas, instalações,
equipamentos) que no qual demandam investimento de capital.

Como veremos a seguir, a área de materiais é extremamente útil e de vital


importância o conhecimento e uma boa administração para garantir uma boa saúde
financeira, além de assegurar o suprimento necessário de materiais ao funcionamento
do empreendimento.

Boa leitura a todos!

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1 RECURSOS

1.1. Administração de Recursos

Uma organização constitui em compatibilizar recursos produtivos que geram alguns


pacotes de valores para seus clientes com intuito de atingir determinados objetivos.
Sendo assim, qualquer empreendimento necessita de recursos variados e disponíveis
para atingir objetivos e realizar tarefas.

Pode-se dizer que esta gestão de recursos ocupa-se da atividade de gerenciamento


ardiloso dos recursos e de sua interação no processo produtivo visando entregar
produtos e serviços de forma eficiente atendendo a necessidade do seu cliente
(interno ou externo).

Recursos são conjuntos de riquezas que podem ser exploradas economicamente pela
empresa. São ativos de propriedade da empresa ou alugados por ela. Na verdade, os
recursos constituem a plataforma que a empresa utiliza para produzir algo ou prestar
um serviço ao cliente.

Podemos dizer que as empresas combinam insumos (tipo de recurso), tais como
capital, mão de obra e matérias-primas, para produzir bens e serviços de consumo de
modo a minimizar os custos e otimizar os recursos.

Tradicionalmente, as decisões empresariais a respeito da produção de bens e serviços


podem ser entendidas a partir de três dimensões:
 Tecnologia de Produção: Como os insumos podem ser transformados
em produção e que uma empresa pode gerar um determinado nível de
produção usando diferentes combinações de insumos. Nesta dimensão
são empregados recursos de operações básicas que possa ser
transformado em algum tipo de vantagem econômica empresarial. À
medida que a tecnologia avança, uma organização pode passar a obter
maior volume de produção dado ao mesmo conjunto de insumos.
 Restrições de Custo: Os gestores precisam levar em conta o preço
(custo) do trabalho, da natureza e do capital levando em consideração

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que irá impactar no custo total de produção seja de bem ou serviço.
Também não esquecer que o dimensionamento dos recursos físicos em
termo financeiros como o preço de máquinas e equipamentos da
organização, o preço da matéria-prima gera custos adicionais que
interferem no incremento empresarial. Ou seja, quando uma empresa
decide quanto vai adquirir de insumo, ela necessita comparar o custo com
o benefício que obterá.
 Escolha de Insumos: A empresa precisará decidir o quanto de cada
insumo usará. Portanto, deve levar em conta o preço de diferentes
insumos a decidir o quanto será usada. As organizações podem obter
determinado volume de produção por meio de uso diversa de
combinações de insumos. Nesta dimensão, é crucial a área de compras da
empresa verificar formas de minimizar seus custos na aquisição de
insumos, pois estão diretamente ligados à participação no custo do
produto ou serviço vendido.

Assim, tomaremos a fim de conceituação que recurso tudo aquilo que tem a
capacidade de gerar riqueza. E nessa concepção a empresa constitui um ponto de
convergência de fatores de produção, ou seja, recursos produtivos. De um modo
genérico, os fatores de produção têm sido apontados como: natureza, capital e
trabalho.
 NATUREZA: Fornece os insumos necessários à produção, como as
matérias-primas, os materiais, a energia etc. É o fator de produção que
proporciona as entradas de insumos para que a produção possa se
realizar.
 CAPITAL: Constitui em um recurso altamente fundamental por seu
atributo de liquidez. Fornece o dinheiro necessário para adquirir os
insumos e pagar o pessoal. Também caracteriza-se por um conjunto de
estruturas que a empresa dispõem para a produção, ou seja, máquinas,
prédios, equipamentos, etc.
 TRABALHO: Representa o fator de produção que atua sobre os demais,
isto é, que aciona e agiliza os outros fatores de produção. Processa e

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transforma os insumos, através de operações manuais ou de máquinas e
ferramentas, em produtos acabados ou serviços prestados.

Podemos então, definir Administração de Recursos como sendo gerenciar da melhor


forma possível os recursos disponíveis sem que ocorra desperdício e empregar os
recursos na coisa certa.

Diante do exposto, a parte essencial da Administração de Recursos é a gestão dos


recursos materiais, patrimoniais, capital, humanos e tecnológicos com o objetivo de
minimizar desperdícios.

Entretanto, neste manual, nosso objetivo será apenas analisar os recursos materiais e
patrimoniais.

Figura 1: Recursos à Disposição das Empresas

RECURSOS

Humanos Tecnológicos
Materiais Patrimoniais Capital

I) Recursos Materiais: são recursos necessários para as operações básicas


da empresa, seja na prestação de serviços ou na produção de bens. São
também denominados recursos físicos e englobam todos os aspectos
materiais e físicos que a empresa utiliza para produzir, como: matérias-
primas, materiais auxiliares etc.

II) Recursos Patrimoniais: elementos primordiais para uma empresa poder


operar. Compreendem instalações, máquinas, equipamentos e veículos

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que fazem possível sua existência, ou seja, sua operação. Além disso,
também são divididos em móveis e imóveis.

Assim, Administração de Recursos Materiais engloba a seqüência de operações que


tem seu início na identificação do fornecedor, ma compra do bem, em seu
recebimento, transporte interno e acondicionamento, em seu transporte durante o
processo produtivo, em sua armazenagem como produto acabado e, finalmente, em
sua distribuição ao consumidor final.

Já Administração de Recursos Patrimoniais trata da seqüência de operações que,


assim como a administração dos recursos materiais, tem início na identificação do
fornecedor, passando pela compra e recebimento do bem, para depois lidar com sua
conservação, manutenção ou, quando for o caso, alienação.

1.2 Administração de Recursos Materiais

A Administração de Materiais é definida como sendo um conjunto de atividades


desenvolvidas dentro de uma empresa, de forma centralizada ou não, destinadas a
suprir as diversas unidades, com os materiais necessários ao desempenho normal das
respectivas atribuições. Tais atividades abrangem desde o circuito de
reaprovisionamento, inclusive compras, o recebimento, a armazenagem dos
materiais, o fornecimento dos mesmos aos órgãos requisitantes, até as operações
gerais de controle de estoques etc. Em outras palavras, a Administração de Materiais
pode incluir a maioria ou a totalidade das atividades realizadas nos seguintes
departamentos: compras, recebimento, planejamento e controle de produção,
expedição, transportes e estoques.

São tarefas da Administração de Materiais:


•Controle da produção;
•Controle de estoque;
•Compras;
•Recepção;
•Inspeção das entradas;

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•Armazenamento;
•Movimentação;
•Inspeção de saída e
•Distribuição.

Portanto, podemos definir Administração de Materiais como: “Atividade que planeja,


executa e controla, nas condições mais eficientes e econômicas, o fluxo de material,
partindo das especificações dos artigos a comprar até a entrega do produto terminado
ao cliente. ”

As empresas dentro de um moderno enfoque de gerenciamento de materiais


estruturam seu sistema de acordo com a Figura 2.

Figura 2: Sistema de Gerenciamento de Materiais

Dentro desse contexto, aqui abordado, mostraremos as atribuições específicas da


função administrativa de materiais e da logística, em caráter introdutório, no qual o
inter-relacionamento das atividades ocorre nos seguintes casos:

Relacionadas com as Compras:

 Execução das rotinas operacionais;


 Seguimento das compras contratadas (follow-up);

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 Desenvolvimento de fornecedores.

Relacionadas com a Armazenagem:

 Recebimento (controle quantitativo e qualitativo);


 Devolução;
 Estocagem;
 Conservação;
 Embalagem.

Relacionadas com a Movimentação:

 Equipamentos de movimentação (empilhadeiras, carrinhos etc);


 Áreas de escoamentos;
 Fornecimento e controle;
 Alienação e venda.

Relacionadas com o Controle:

 Físico (inventários, contagens etc);


 Financeiro;
 Inventário periódico.

Relacionadas com o Planejamento e a Programação:

 Planejamento das necessidades;


 Previsão de estoques e níveis de estoques;
 Estudos e acompanhamentos; métodos gráficos, estatísticos e matemáticos.

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO DO CONTEÚDO

1. Como o domínio da tecnologia pode tornar-se importante no fator de produção?


2. O que são recursos?
3. Quais são os fatores de produção e explique-os?

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4. A tecnologia pode ser determinada como recurso? Cite algum exemplo para
explicar sua resposta?

VAMOS EXERCITAR! (ESTUDO DE CASO)

O Grupo Tramontina investiu cerca de $ 25 milhões na duplicação de seu centro de


distribuição (CD) em São Paulo “para melhorar o atendimento das redes varejistas e
dos grandes compradores nacionais”, segundo o presidente da empresa. O CD
paulista foi mais um reforço na distribuição dos produtos da Tramontina, que somam
14 mil itens diferentes e vêm de 10 fábricas, com 5 mil trabalhadores, localizadas nos
estados do Rio Grande do Sul (oito), Pará e Pernambuco.

A área construída das fábricas ultrapassa os 500 mil m², onde se produzem 42
milhões de peças por mês. “ Por todo esse volume, a logística de distribuição é vital
para o nosso sucesso”, destaca o diretor comercial da unidade de Farroupilha (RS).
No mercado nacional, a Tramontina tem CDs nos Estados do rio Grande do Sul, São
Paulo, Goiás, Bahia, Pernambuco e Pará. Eles atendem suas respectivas regiões e, em
alguns casos, compradores de países sul-americanos.

Os estoques garantem, em média, a demanda de dois meses e meio. “Mantemos


esses estoques para que nossos clientes não tenham estoques”. Boa parte dos
clientes têm a segurança de atendimento de suas necessidades de produtos em, no
máximo, 48 horas.

Os 14 mil itens produzidos dividem-se em linhas de utilidade doméstica, ferramentas,


materiais elétricos, móveis de madeira ou plástico e peças especiais sob encomenda
para os segmentos agrícola, elétrico e industrial.

Ao diversificar tanto a sua produção, o grupo Tramontina cresceu sem um foco


específico de atuação.

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“Isso acabou acontecendo pela nossa política de administração descentralizada, que
valoriza, em primeiro lugar, nossos talentos e suas idéias. Todos os produtos têm a
nossa marca. Por isso, precisam, todos, ter ótima qualidade. Uma idéia, seja de quem
for na empresa, é recebida pela direção de determinada unidade fabril e levada,
depois de passar por uma triagem, para a reunião de conselho de administração, da
qual participam os acionistas do grupo e os executivos de cada fábrica. Se a idéia
receber aprovação, é executada prontamente”.

Os produtos da empresa são negociados no Brasil por cerca de 600 vendedores


especializados em linhas de produtos. Os negócios do grupo vão muito além das
fronteiras brasileiras. A Tramontina também mantém CDs na Colômbia, Chile, México,
Estados Unidos e Alemanha.

A exportação representa $ 30 milhões/mês do faturamento do segmento de cutelaria


da Tramontina.

As vendas externas de panelas, baixelas e colheres em aço inox são responsáveis


por $ 18 milhões/mês do faturamento da divisão.

Fonte: PAZ, V. Grupo Tramontina investe $ 25 milhões. Gazeta Mercantil, São Paulo
19 mar. 2003. Caderno A14. Disponível em: www.gazetamercantil.com.br

1. Qual a importância da administração de materiais para uma empresa como a


Tramontina?
2. Identifiquem no texto dois recursos que são mencionados. Como eles geram
valor para a empresa?
3. A política de novos produtos, ou a criatividade da Tramontina, conforme a
descrição de um funcionário da empresa é um recurso? Explique sua resposta.

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2 GERENCIAMENTO DE ESTOQUES

2.1 Tipos de Estoques

O bom gerenciamento dos estoques passa pela compreensão das diversas formas em
que os estoques existem e como cada uma delas pode ser tratada de forma diferente.
Os estoques geralmente dividem-se em:

 Estoque de matéria-prima;
 Estoque de material em processo;
 Estoque de componentes (itens comprados ou fabricados);
 Estoque de produtos acabados;
 Estoque em trânsito;
 Estoque em consignação;
 Estoque de material em uso.

Os estoques têm a função de funcionar como reguladores do fluxo de negócios.


Portanto, toda gestão de estoques está pautada na previsão do consumo do material
e a razão de manter estoques está relacionada com a previsão de seu uso em um
futuro imediato. Observamos então que os estoques são mantidos para:

 Melhorar o serviço ao cliente: dando suporte a área de marketing, que ao criar


demanda precisa de material disponível;
 Economia de escala: os custos são menores quando o produto é fabricado
continuamente e em volumes constantes;
 Proteção contra mudanças de preços em tempo de inflação alta: alto volume de
compra minimiza o impacto do aumento de preço pelo fornecedor;
 Proteção contra incertezas na demanda e no tempo de entrega: para atender os
clientes são necessários estoques de segurança, pois quando a demanda dos
clientes e o tempo de entrega dos fornecedores são perfeitamente
desconhecidos;
 Proteção contra contingências: proteger a empresa contra greve, incêndios,
instabilidade política, catástrofes naturais que podem gerar problemas.

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Vejamos então as características dos tipos de estoque, anteriormente mencionados:

Estoque de Matéria-prima: são todos aqueles itens ou materiais necessários à


confecção do produto na empresa. Constituem os insumos e materiais básicos que
ingressam no processo produtivo da empresa. São os itens iniciais para a produção
dos produtos/serviços da empresa.

Estoque de Materiais em Processo: são as matérias-primas já em fase de


elaboração. Em outras palavras, não são mais insumos e também, ainda não são
produtos acabados. Ou seja, são materiais que começaram a sofrer alterações sem
estar finalizados. Constituídos de materiais que estão sendo processados ao longo das
diversas seções que compõem o processo produtivo da empresa.

Estoque de Componentes: itens comprados ou fabricados internamente, usados na


montagem final do produto ou de suas partes intermediárias. Referem-se a peças
isoladas ou componentes já acabados e prontos para serem anexados ao produto.
São, na realidade, partes prontas ou montadas que, quando juntadas, constituirão o
PA- Produto Acabado.

Estoque de Produtos Acabados: produtos à disposição da área comercial para


venda ao mercado consumidor, assim são itens que já estão prontos para ser
entregues aos consumidores finais.

Estoque em Trânsito: correspondem a todos os itens que já foram despachados de


uma unidade fabril para outra, normalmente da mesma empresa, e que ainda não
chegaram a seu destino final.

Estoque em Consignação: são materiais que continuam sendo propriedade do


fornecedor até que sejam vendidos. Em caso contrário, são devolvidos sem ônus.

Estoque de Material de Uso Geral: são itens que nada têm a ver com o produto da
empresa ou com o seu processo de fabricação, como materiais de escritório,
materiais de limpeza e conservação, formulários, etc.

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2.2 Controle de Estoques

Consiste em um subsistema responsável pela gestão econômica dos estoques,


através do planejamento e da programação de material, compreendendo a análise, a
previsão, o controle e o ressuprimento de material.

Principais funções num setor de controle de estoques são:

 Determinar o “Que” deve permanecer em estoque – nº de itens;


 Determinar “Quando” se devem reabastecer os estoques – periodicidade;
 Determinar “Quanto” de estoque será necessário para determinado período –
quantidade de compra;
 Acionar o Departamento de Compras para executar aquisição de estoques –
compra;
 Receber, armazenar e aceitar os materiais estocados de acordo com as
necessidades;
 Controlar os estoques em termos de quantidade e valor, e fornecer informações
sobre a posição do estoque;
 Manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e estados dos
materiais estocados;
 Identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados.

O objetivo básico do controle de estoques é evitar a falta de material sem que esta
diligência resulte em estoques excessivos às reais necessidades da empresa. O
controle procura manter os níveis estabelecidos em equilíbrio com as necessidades de
consumo ou das vendas e os custos daí decorrentes.

PREVISÃO PARA OS ESTOQUES:

Existem duas maneiras de se apurar o consumo:

1. Após a entrada do pedido.


2. Através de métodos estatísticos.

Algumas técnicas para calcular a previsão de consumo são:

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- Método da média móvel simples

Esse método baseia-se no princípio de que a estimativa de consumo do próximo


período será a média dos últimos “n” períodos. O termo móvel vem do fato de que
a cada nova previsão os dados do período mais antigo são desprezados e um novo
período, mais recente, é incorporado no cálculo. É um método estritamente
matemático, desconsiderando as causas de picos e quedas ocorridos no passado.

CM = consumo médio
C = consumo nos períodos anteriores
n= número de períodos

CM = C1+C2+C3+...+Cn
n

Exemplo:
O consumo em quatro anos de uma peça foi de:
2011 – 72 2012 – 632013– 60 2014 – 66
Qual deverá ser o consumo previsto para 2015, utilizando-se o método da média
móvel, com um n igual a 3?
(60+63+66) / 3 = 63
R: A previsão para 2015 é de 63 unidades.

- Método da média móvel ponderada

Este método atribui pesos diferentes para os dados históricos, sempre dando maior
peso aos mais recentes e menor peso aos dados mais antigos. Isso possibilita uma
previsão mais aproximada, em termos de sazonalidade.

CM = X .Ci
n
X = peso , onde deve ser de tal ordem que a soma seja 100%
Ci = consumo dos períodos anteriores, onde são decrescentes dos valores mais
recentes para os mais distantes.

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Exemplo:

Determine o consumo previsto para 2015 utilizando o método da média móvel


ponderada com n igual a três períodos a partir dos seguintes dados:

2011 – 50% - 72 2012 – 20% - 63 2013 – 25% - 60 2014– 5% - 66

CM = (60 x 1,25) + (63 x 1,2) + (66 x 1,05)= 73,3


3
R: A previsão para 2015 será de 73 unidades.

- Método da média com ponderação exponencial

Elimina muitas desvantagens dos métodos anteriores, além de dar mais valor aos
dados recentes e apresenta menor manuseio de informações passadas. Esse modelo
procura prever o consumo apenas com a sua tendência geral, eliminando a reação
exagerada a valores aleatórios. Ele atribui parte da diferença entre o consumo atual e
o previsto a uma mudança de tendência e o restante a causas aleatórias.

XT = α. Xt + (1 – α) . Xt-1

α = erro de previsão, os valores mais comumente utilizados estão


compreendidos entre 0 e 1, usando-se normalmente de 0,1 a 0,3.
Xt = previsão do último consumo
Xt-1 = o consumo ocorrido no último período

Exemplo:

O nível de consumo de um item mantém uma oscilação média. A empresa utiliza o


cálculo de média ponderada exponencial. Em 2013, a previsão de consumo era de
230 unidades, tendo o ajustamento um coeficiente de 0,10. Em 2014 o consumo foi
de 210. Qual é a previsão de consumo para 2015?
XT = α. Xt+ (1 – α ) . Xt-1
Xt = 210

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Xt-1 = 230
α = 0,10
XT = 0,10 . 210 + (1 – 0,10) . 230
XT = 21 + 207
XT = 228
R: A previsão para 1995 é de 228 unidades.

Método dos mínimos quadrados (sazonalidade – modelo linear)

Esse modelo é o que melhor nos orienta para fazermos uma previsão, pois é um
processo de ajuste que tende a aproximar-se dos valores existentes, minimizando as
distâncias entre cada consumo realizado.

Yp = a + bx
Yp = valor dos mínimos quadrados
Para acharmos os valores de a e b necessitamos montar um sistema de equação:
∑Y = N .a + b . ∑X
∑XY = a . ∑X + b ∑X²
N = valor nº de pontos
X = é o nº de períodos a partir do ano-base
Precisamos também tabular os dados existentes para preparar as equações do
sistema.

Quantidades N Y X X2 X.Y
de períodos
(...) (...) (...) (...) (...) (...)

Exemplo:

Determinada empresa quer calcular qual seria a previsão de vendas de seu


produto W para o ano de 2015. As vendas dos 5 anos anteriores foram:
2010– 108 2011 – 119 2012 – 110 2013 – 122 2014 – 130

Resposta:

20
Quantidades N Y X X2 X.Y
de períodos
1 2010 108 0 0 0
2 2011 119 1 1 119
3 2012 110 2 4 220
4 2013 122 3 9 366
5 2014 130 4 16 520
∑ 589 10 30 1.225

∑Y = N .a + b . ∑X
∑XY = a .∑X + b ∑X²

589 = 5 a + 10 b
1.225 = 10 a + 30 b

Resolvendo as duas equações, obteremos:


a = 108,4
b = 4,7
Yp = 108,4 + 4,7 . X- onde X = 5
Yp= 132
R:A previsão de vendas para 2015 é de 132 unidades

CUSTOS DE ESTOQUE:

Os custos de estoque implicam em identificar o valor de aquisição de mercadorias,


verificar os custos de armazenagem e os custos de pedido de itens e, averiguar a
movimentaçãodos estoques e o tempo de estocagem.

Existem duas modalidades de análise sobre o custeio de estoque.

1ª- Gerencial - que fornece informações de custo relacionadas às operações da


empresa (serve para tomada de decisão);

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2ª- Contábil - que é utilizada para compor as demonstrações de lucro ou prejuízo da
empresa (serve de referência para a fiscalização da Secretaria da Fazenda).

Custeio Gerencial:

a) Custo de Armazenagem - A estocagem de qualquer material implica em


ocupação de espaços que ficam improdutivos por algum tempo. Conhecer o
custo da área ocupada para evitar que se mantenha um estoque elevado além
do período necessário.

Custo de Armazenagem:
CAm = EM x PMu x T x CAmu
Onde:
CAm = Custo de Armazenagem de um item
EM = Estoque médio de um item no tempo T (qtde)
PMu = Preço médio unitário do item no tempo T (valor)
T = Tempo em estoque
CAmu = Custo de Armazenagem unitário

Como calcular os itens EM, CAmu, PMu


EM = (C1+C2+...+Cn) ÷ n
CAmu = (∑ Custos da área de estoque) ÷ Valor de mercadorias em estoque
PMu = (∑(P1xQ1) + (P2xQ2) + (...) + (PnxQn)) ÷ ∑ Quantidades totais

Onde:
C = consumo (estoque de cada período)
n = Número de período
P = Preço de cada lote adquirido
Q = Quantidades

 Exemplo
Calcular o custo de armazenagem do item “Sonho de Valsa”. Foram fornecidos
os seguintes dados pela empresa:

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PMu = (500 x 10,80) + (300 x 11,00) + (400 x 10,50) = 12.900,00 = 10,75
500 + 300 + 400 1.200
T = 4 meses

EM = 350 + 100 + 250 + 200 = 900 = 225 peças / mês


4 4

CAmu =1.200 + 5.000 + 1.750 + 2.500 + 1.000 + 3.500 + 7.000 + 2.000 = 39.700= 0,22
180.000 180.000

CAm = 225 x 10,75 x 4 x 0,22 = R$ 2.128,50

R: Assim podemos dizer que o custo para armazenar os chocolates durante quatro
meses a partir da quantidade adquirida, dos custos na área de estoque equivalem a
R$ 2.128,50.

b) Custo de Pedido - Referimo-nos a etapa de compras, citando os tempos gastos


com cotação, seleção da melhor oferta, confirmação do pedido, enfim, diversas
rotinas de trabalho do comprador (tempo de reposição).
Para calcularmos o custo de pedido necessitamos conhecer cada variável da equação:
Custo de Pedido:
CP = CPAu + CPVu
Onde:
CP = Custo de Pedido

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CPAu = Custo de Pedido Administrativo unitário
CPVu = Custo de Pedido Variável unitário

Contudo cada variável expressa-se por modelos matemáticos diferentes, vejamos:

CPAu = Custo de Pedido Administrativo unitário

CPAu= (∑ Custos e Despesas da Área de compras no período) ÷ Nº de


pedidos feitos no período

CPVu = Custo de Pedido Variável unitário

CPVu= nº de entregas feitas x (∑ Custos e Despesas Variáveis)

• Exemplo:
Calcular o custo de pedido nº 055, referente ao item “Ouro Branco”. A empresa
solicitou que a quantidade comprada fosse feita em duas entregas e arcará com os
custos de frete e desembaraço alfandegário.

Dados fornecidos pela empresa:

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CPAu = 5.000 + 4.000 + 1.000 + 1.500 + 2.000 = 13.500 = 33,75
400 400

CPVu = 2 x (120 + 50 + 20 + 15) = 410,00

CP = 33,75 + 410,00 = R$ 443,75

R: Nota-se que o custo de pedido do nº 055 irá custar para empresa R$ 443,75 para
fazer a cotação, seleção, confirmação do pedido e outras rotinas do comprador, além
do gasto com desembaraço e recebimento da mercadoria.

 Custeio Contábil:

Podemos realizar uma avaliação dos estoques através de três métodos:

1º Custo Médio;
2º Método PEPS;
3º Método UEPS.

- Método do Custo Médio:

Se considerarmos que uma determinada empresa tenha iniciado o mês com estoque
de 3 peças, tenha utilizado 1 peça e comprado mais 1, quantitativamente irá terminar
o mês com o mesmo saldo inicial. Mas o valor contábil do seu estoque certamente
não será o mesmo. Esse simples exemplo quer esclarecer que a legislação exige que
as empresas contabilizem seus estoques mensais pelo método do custo médio, de
forma que cada nova compra, com preço diferente, influencie na formação de um
novo custo médio do estoque total. Este método tem por base o preço de todas as
retiradas, ao preço médio do suprimento total do item em estoque. Age como
estabilizador, pois equilibra as flutuações de preços; e, a longo prazo, reflete os
custos reais das compras de material.

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É aplicado na maioria das empresas e obrigatoriamente em indústrias de grande
porte com grande variedade de produtos.

Vejamos a fórmula a seguir:

X = ∑ (Y) ÷ N

X = Média aritmética
∑(Y) = somatório em reais
N = quantidade de material

Para esse caso, temos:

∑(Y) = 21.500,00
N = 5.000
X = 21.500 ÷ 5.000 = R$ 4,30 no dia 02/05

Método PEPS:

Primeiro que entra, primeiro a sair. A avaliação deste método é feita por ordem
cronológica das entradas. Sai o material que primeiro integrou o estoque, sendo
substituído pela mesma ordem cronológica em que foi recebido, devendo seu custo
real ser aplicado. Aplicação: Produtos perecíveis cujo estoque não tenha tanta
diversidade (o que facilita o controle) e que precise obedecer a ordem da data de
fabricação para evitar vencimento ou perdas.

26
Observa-se que no dia 01/05 já tínhamos no estoque em saldo 2000 unidades ao
preço unitário de R$ 4,00, totalizando um saldo de R$ 8.000,00. Com entrada no dia
02/05 de 3000 unidades ao preço de R$ 4,50, num total de R$ 13.500,00, o saldo foi
para 5000 unidades em produtos correspondendo um saldo final deste dia em R$
21.500,00. No dia 03/05 ocorreu uma saída de mercadoria de 1.500 unidades, damos
saída a essas mercadorias ao preço de R$ 4,00 do saldo do dia 01/05, totalizando R$
6.000,00. O saldo final deste dia foi para 3.500 unidades, correspondendo a R$
15.500,00. Este procedimento se repete sucessivamente.

Método UEPS:

Último que entra é o primeiro a sair. Esse método de avaliação considera que devem
em primeiro lugar sair as últimas peças que deram entrada no estoque, o que faz
com que o saldo seja avaliado ao preço das últimas entradas. É o método mais
adequado no período inflacionário, pois uniformiza o preço dos produtos em estoque
para venda no mercado consumidor. Aplicação: produtos onde não perecíveis ou que
não percam valor ao longo do tempo. Ex: vinhos – quanto mais antigo, melhor; logo,
tanto faz vender um lote mais recente quanto um mais antigo. Cada um terá o seu
respectivo custo.

27
Vejamos, em 01/05 existe um saldo de 2000 unidades a R$ 4,00 cada uma, que
totalizam R$ 8.000,00. Em 02/05 ocorreu uma entrada de mercadoria de 3.000
unidades a R$ 4,50 cada uma, totalizando R$ 13.500,00.

O saldo final no dia 02/05 foi de 5.000 unidades num total de R$ 21.500,00. Em
03/05 houve uma saída de mercadoria de 1.500 unidades, damos saída a estes
produtos pela última entrada ao preço de R$ 4,50 cada uma, totalizando R$ 6.750,00.
No final do dia 03/05, o estoque ficou da seguinte forma: 2000 unidades a R$ 4,00
cada uma unidade no total de R$ 8.000,00; 1.500 unidades a R$ 4,50 cada num total
de R$ 6.750,00 e; saldo final de 3.500 unidades que totalizam R$ 14.750,00. Este
procedimento se repete sucessivamente.

2.3 Administração de Estoques

A boa administração de materiais significa coordenar a movimentação de suprimentos


com as exigências de produção. O objetivo é prover o material certo, no local de
produção certo, no momento certo e em condição utilizável ao custo mínimo para a
plena satisfação do cliente e dos acionistas.

Portanto, cabe a esta função o controle das disponibilidades e das necessidades totais
do processo produtivo, envolvendo não só os almoxarifados de matérias-primas e
auxiliares, como também os intermediários e os de produtos acabados.

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Na gestão de estoque é necessário utilizar-se da Avaliação de Retorno de Capital, Giro
de Estoque, Nível de Atendimento, Cobertura de Estoque e Inventário Físico.

Avaliação do Retorno de Capital:

A avaliação do retorno de capital investido em estoque (RC) é baseada no lucro das


vendas anuais sobre o capital investido em estoques. O parâmetro de validade do
resultado positivo situar-se acima de um coeficiente 1, e quanto maior for o
coeficiente melhor será o resultado da gestão de estoque.

RC = Lucro ÷ Capital em Estoque

Exemplo 1:
Uma empresa tendo como vendas anuais R$ 1.200.000,00 e seu lucro anual de R$
65.000,00, tem em seus estoques (matéria-prima, auxiliar, manutenção, WIP e
acabados) um investimento de R$ 240.000,00. Qual é seu retorno de capital em
estoques?
RC= L: C

RC = 65.000,00 ÷ 240.000,00 = 0,27

R: o índice de 0,27 indica que é um péssimo retorno de capital.

Exemplo 2:

Avaliando-se um concorrente da empresa mencionada, que tem os mesmos dados,


exceto seu estoque, que é de R$ 35.000,00 (matéria-prima, auxiliar, manutenção,
WIP e acabados), qual será seu retorno de capital em estoques?

RC = 65.000 ÷ 35.000 = 1,86

R: o índice da empresa concorrente em 1,86 indica um bom retorno de capital em


estoques.

29
Giro de Estoque:

O giro de estoques mede quantas vezes, por unidade de tempo, o estoque se renovou
ou girou. É expressa por meio da quantidade que o valor de estoque gira ao ano, ou
seja, o valor investido em estoque ou sua quantidade de peças que atenderá um
determinado período de tempo.

Giro de Estoque (GE) = Valor consumido no período ÷ Valor do estoque


médio no período
Pode ser calculado também pela seguinte fórmula:
Rotatividade (R) = Custo das vendas Anuais ÷ Estoque

Exemplo1: De janeiro a julho, o estoque da empresa StokRápido apresentou a


seguinte movimentação em reais:

Mês Estoque Entradas Saídas Estoque Final


Inicial

JANEIRO 124.237,35 237.985,00 282.756,30 79.466,05


FEVEREIRO 79.466,05 347.123,56 263.675,33 162.914,28
MARÇO 162.914,28 185.543,90 274.653,78 73.804,40
ABRIL 73.804,40 303.457,00 295.902,50 81.358,90
MAIO 81.358,90 265.856,00 301.845,12 45.369,78
JUNHO 45.369,78 345.965,00 248.204,56 143.130,22
TOTAL 1.667.037,59

MÊS (EI + EF)/2 ESTOQUE MÉDIO (R$)

JANEIRO (124.237,35 + 79.466,05)/2 101.851,70


FEVEREIRO (79.466,05 + 162.914,28)/2 121.190,17
MARÇO (162.914,28 + 73.804,40)/2 118.359,34
ABRIL (73.804,40 + 81.358,90)/2 77.581,65
MAIO (81.358,90 + 45.369,78)/2 63.364,34
JUNHO (45.369,78 + 143.130,22)/2 94.250,00
TOTAL 576.597,20

Estoque médio no período:

EM(JAN/JUN) = EM(JAN) + EM(FEV) + EM(MAR) + EM(ABR) + EM(MAIO) + EM(JUN)

30
6
EM(JAN/JUN) = 576.597,20 / 6 = R$ 96.099,53

GE = 1.667.037,59 ÷ 96.099,53 = 17,34 vezes


R: o estoque desta empresa girou (renovou) durante 6 meses 17,34 vezes.

Exemplo 2: Uma empresa tendo vendas anuais de R$ 1.200.000,00 sendo que seu
custo anual das vendas foi de R$ 780.000,00 e seu lucro anual, de R$ 65.000,00, e
tendo em seus estoques um investimento de R$ 240.000,00, qual é a rotatividade de
seus estoques?

R = 780.000,00 ÷ 240.000,00
Onde: custo das vendas anual = R$ 780.000,00
custo dos estoques = R$ 240.000,00
R = 3,25 vezes
R: O estoque desta empresa gira 3,25 vezes ao ano.

Nível de Atendimento:

É o indicador de quão eficaz foi o estoque para atender às solicitações dos usuários.
Assim, quanto mais requisições forem atendidas, nas quantidades e especificações
solicitadas, tanto maior será o nível de serviço.

Nível de serviço ou atendimento = Número de requisições atendidas


Número de requisições efetuadas

Exemplo:
No almoxarifado da empresa VendeTudo, durante um período de 6 meses, foram
apresentadas 3.100 requisições de materiais, com um número médio de 1,45 item
por requisição. Foram entregues 4.400 dos itens solicitados. Qual o nível de
atendimento do almoxarifado?

3.100 x 1,45 = 4.495 = número de requisições efetuadas


Nível de serviço = 4.400 ÷ 4.495 = 97,88%
R: A empresa atende cerca de 97,88% das solicitações.

31
Cobertura de Estoques:

Cobertura indica o número de unidades de tempo; por exemplo, dias que o estoque
médio será suficiente para cobrir a demanda média.

Cobertura em dias = Número de dias do período em estudo ÷ GE

Exemplo: Com base nos dados do exemplo de GE, calcule a cobertura da empresa
StokRápido.

Número de dias = 6 meses x 30 dias/mês = 180 dias


GE = 17,34

Cobertura = 180 ÷ 17,34 = 10,38 dias

R: O estoque desta empresa cobre 10,38 dias da sua demanda média.

Inventário Físico:

Consiste na contagem física dos itens de estoque. Caso haja diferenças entre o
inventário físico e os registros do controle de estoques, devem ser feitos os ajustes
conforme recomendações contábeis e tributárias. O inventário físico é geralmente
efetuado de dois modos: periódico ou rotativo.
Periódico: quando em determinados períodos, normalmente no encerramento dos
exercícios fiscais ou duas vezes por ano, faz-se a contagem física de todos os itens do
estoque.

Rotativo: quando permanentemente se contam os itens em estoque. Nesse caso faz-


se um programa de trabalho se tal forma que todos os itens sejam contados pelo
menos uma vez dentro do período fiscal.

32
Exemplo:
Uma empresa tem em seu estoque aproximadamente 10.000 itens diferentes. No
inventário do ano anterior verificou-se que havia, em média, 15 unidades de cada
item. Supondo que uma pessoa possa contar, em média, 80 itens por minuto,
quantas pessoas serão necessárias para contar todos os itens em dois dias de
trabalho?

1 dia de trabalho = 8 horas


Número de itens a serem contados = 10.000 x 15 = 150.000 itens
Tempo necessário para contados = (150.000 itens) / ( 80 itens/minuto) = 1.875
minutos
Número de pessoas necessárias = N
(2 dias) x (8 horas/dia) x (60 minutos/hora) N = 1.875
960N =1.875
N = 1,95 ou 2 pessoas.
R: A empresa irá precisar de 2 pessoas para fazer o inventário físico.

Para podermos trabalhar e administrar adequadamente o estoque é necessário


calcularmos o ponto de pedido, o estoque máximo e estoque de segurança.

Ponto de Pedido (PP):

É a quantidade de peças que temos em estoque e que garante o processo produtivo


para que não sofra problemas de continuidade, enquanto aguardamos a chegada do
lote adquirido, durante o tempo de reposição. Ou seja, quando um determinado item
de estoque atinge seu ponto de pedido deveremos fazer o ressuprimento de seu
estoque, colocando-se um pedido de compra.

PP = (C x TR) + ES

Onde:
C = consumo normal da peça
TR = Tempo de reposição
ES = Estoque de Segurança

33
Exemplo:
Determinada peça é consumida em 2.500 unidades mensalmente e sabemos que seu
tempo de reposição é de 45 dias. Então, qual é seu ponto de pedido, uma vez que
seu estoque de segurança é de 400 unidades?

C = 2.500 unidades/mês
TR = 45 dias = 1,5 mês
ES = 400 unidades

PP = (2.500 x 1,5) + 400 = 4.150 unidades


R: a empresa deverá fazer seu pedido quando atingir o nível em 4.150 unidades.

Estoque Máximo (EMAX):

É o resultado da soma do estoque de segurança mais o lote de compra. É


normalmente determinado de forma que seu volume ultrapasse a somatória da
quantidade do estoque de segurança com o lote em um valor que seja suficiente para
suportar variações normais de estoque em face de dinâmica de mercado.

EMAX = ES + LC

Exemplo:
Qual é o estoque máximo de uma peça cujo lote de compra é de 1.000 unidades e o
estoque de segurança é igual à metade do lote de compra?

EMAX = (1.000 ÷ 2) + 1.000


R: EMAX = 1.500 unidades

Estoque de Segurança (ES):

Também chamado de estoque mínimo é uma quantidade mínima de peças que tem
que existir no estoque com a função de cobrir as possíveis variações do sistema. Sua
finalidade é não afetar o processo produtivo e não acarretar transtornos aos clientes

34
por falta de material e, por conseqüência, atrasar a entrega de nosso produto ao
mercado.

ES = C x K
Onde: C = consumo médio no período
K = coeficiente de grau de risco

ES = (Cm – Cn) + Cm x Ptr


Onde: Cm = Consumo maior previsto do produto
Cn = Consumo normal do produto
Ptr = Porcentagem de atraso no tempo de reposição

Exemplo 1: Uma empresa necessita definir o estoque de segurança de determinado


produto que tem uma demanda média mensal de 600 unidades e, para tanto, o
gerente de logística definiu um grau de risco de 35%. Nesse caso, qual seria o
estoque de segurança?

ES = 600 x 0,35 = 210 unidades.


R: o estoque de segurança será de 210 unidades.

Exemplo 2: Uma empresa necessita definir o estoque de segurança de determinada


mercadoria que tem uma demanda média mensal de 600 unidades e o gerente de
logística está prevendo um aumento na demanda de 25% e recebeu informações de
seu fornecedor que haverá um atraso de 10 dias na entrega do pedido, cujo prazo
normalmente é de um mês. Qual será o estoque de segurança?

Cm = (600 x 1,25) = 750


TR = 1 mês = 30 dias
Ptr = 10 dias / 30 dias = 33,3%

ES = (750 – 600) + (750 x 0,333)


ES = 150 + 250
R:ES = 400 unidades.

35
2.4 Classificação ABC

Esta técnica constitui-se numa forma especial de analisar um conjunto de itens ou


situações que permita uma estratificação, uma separação em estratos, em camadas,
pelo grau de importância.

Sabemos que os itens diferenciam-se pela sua importância, pelo seu preço, assim
como um produto acabado vende mais que o outro. A classificação ABC organiza
estes dados e facilita a tomada de decisões.

Esta classificação é baseada no valor monetário.


 Itens Classe A: são os que merecem maior atenção, apesar de serem apenas
10% da quantidade total, representam 70% do valor total do estoque;
 Itens Classe B: representam 30% da totalidade dos itens e 25% do valor total
do estoque. São os considerados itens intermediários;
 Itens Classe C: não exigem tanta atenção. Mesmo que sejam 60% da
quantidade dos itens do estoque, representam apenas 5% do valor total.

Para simplificar a construção de uma curva ABC, separamos o processo em 6 etapas a


seguir:

1º) Definir a variável a ser analisada: A análise dos estoques pode ter vários
objetivos e a variável deverá ser adequada para cada um deles. No nosso caso, a
variável a ser considerada é o custo do estoque médio, mas poderia ser: o giro de
vendas, o mark-up, etc.

2º) Coleta de dados: Os dados necessários neste caso são: quantidade de cada item
em estoque e o seu custo unitário. Com esses dados obtemos o custo total de cada
item, multiplicando a quantidade pelo custo unitário.

3º) Ordenar os dados: Calculado o custo total de cada item, é preciso organizá-los
em ordem decrescente de valor, como mostra a tabela a seguir:

36
4º) Calcular os percentuais: Na tabela a seguir, os dados foram organizados pela
coluna “Ordem” e calcula-se o custo total acumulado e os percentuais do custo total
acumulado de cada item em relação ao total.

5º) Construir a curva ABC: Desenha-se um plano cartesiano, onde no eixo “x” são
distribuídos os itens do estoque e no eixo “y”, os percentuais do custo total
acumulado.

37
6º) Análise dos resultados: Os itens em estoque devem ser analisados segundo o
critério ABC.

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO DO CONTEÚDO

1. Calcule o ponto de pedido de um produto, sabendo-se que seu consumo mensal


é de 500 unidades, seu estoque de segurança é 20% do consumo e o TR, de 75
dias.

2. Uma empresa manufatureira implantou um sistema informatizado de controle


de estoque. Após um período de 6 meses de operação, obteve o seguinte
relatório de movimentação financeira, em reais.

MÊS ENTRADAS SAÍDAS


1 125.000,00 112.700,00
2 - 95.580,00
3 245.000,00 98.950,00

38
4 189.000,00 106.450,00
5 - 80.630,00
6 96.500,00 115.560,00

Sabendo-se que o estoque inicial no mês 1 era de R$ 148.580,00, determinar:

a) O giro dos estoques.


b) A cobertura dos estoques.

39
3. RECURSOS PATRIMONIAIS

Os recursos patrimoniais de uma organização compreendem instalações, máquinas,


equipamentos e veículos que fazem possível sua existência, ou seja, sua operação. Os
bens patrimoniais não são adquiridos todos de uma só vez, mas durante sua
existência. São todos os bens necessários para as empresas operar, criar valor e
proporcionar satisfação ao cliente.

A obtenção dos recursos patrimoniais pode ocorrer em duas etapas. A primeira, no


projeto inicial do negócio, quando se está iniciando a empresa. A segunda etapa,
quando se está ampliando ou trocando os recursos.

3.1 Classificação e Codificação

O objetivo da classificação e codificação de materiais e bens é simplificar, especificar


e padronizar com uma numeração todos os bens da empresa, tanto os materiais
como os patrimoniais.

Com a codificação do bem, passamos a ter um registro que nos irá informar todo o
seu histórico, tais como: data de aquisição, preço inicial, localização, vida útil
esperada, valor depreciado, valor residual, manutenção realizada e previsão de sua
substituição. Após o bem-estar codificado, recebe uma plaqueta com sua numeração
e controle.

A codificação dos recursos patrimoniais tem uma numeração composta de conjuntos


de números inteligentes pelos quais facilmente identificamos e conhecemos do que se
trata. Na codificação dos materiais e bens, poderemos utilizar dois sistemas, um o
alfanumérico e o outro o numérico.

No sistema alfanumérico, os materiais e bens são codificados utilizando-se letras e


números, para abranger todas as possibilidades de identificação. O sistema é dividido
em grupos de letras e de números conforme abaixo:

40
A BC- 201 . 010

Dígito de identificação do item


Dígito de identificação do grupo
Dígito de identificação da classe
Dígito de controle

O sistema numérico é o mais utilizado e o melhor método de codificar os materiais e


bens patrimoniais, em razão de sua simplicidade e de sua infinita possibilidade de
informações.

Codificação numérica:

100 .025 .355 . 103

Número sequencial
Subgrupo do bem
Grupo do bem
Classe do bem

3.2 Depreciação

Depreciação de um bem do recurso patrimonial é a perda que ele tem decorrente de


seu uso no tempo, obsolescência ou deteriorização. A depreciação do bem poderá
mudar no transcorrer de operação de uma empresa caso mude a quantidade de uso
diário do equipamento mediante laudo pericial de órgão competente.

A depreciação linear é feita por meio da seguinte fórmula:

onde:
D = Depreciação

41
Vi = Valor inicial do bem
Vr = Valor residual do bem
Pu = Período útil de vida do bem

Exemplo: Calcular a depreciação anual, a depreciação acumulada e o valor contábil


de uma instalação elétrica que custou R$ 680.000,00 e terá vida útil de 5 anos. Seu
valor residual é nulo. Não considerar os efeitos da correção monetária decorrentes do
processo inflacionário.

Vi = R$ 680.000,00
Vr = 0
Pu = 5 anos

D = (680.000 – 0) ÷ 5 = R$ 136.000,00 por ano.

R: o bem será depreciado em 1/5 de seu valor a cada ano, isto é, perderá R$
136.000,00 ao ano.

ANO DEPRECIAÇÃO ANUAL DEPRECIAÇÃO VALOR


ACUMULADA CONTÁBIL

1 136.000,00 136.000,00 544.000,00


2 136.000,00 272.000,00 408.000,00
3 136.000,00 408.000,00 272.000,00
4 136.000,00 544.000,00 136.000,00
5 136.000,00 680.000,00 0

42
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao fim deste manual. Queremos enfatizar que tudo o que foi tratado só
será realmente útil ao acadêmico se este atuar de forma organizada e disciplinar. Um
bom planejamento das horas de estudo poderá auxiliá-lo, e ajudará na aprendizagem
e fixação dos conteúdos. Todos que fazemos parte do corpo docente desejamos
sucesso na utilização desta obra.

43
REFERÊNCIAS

DIAS, Marcos. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo:


Atlas, 2010.

______. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. São Paulo:


Atlas, 2009.

POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma


abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2010.

SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da


Produção. São Paulo: Atlas, 2009.

VIANA, João. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas,


2010.

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