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INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÃO

DEPARTAMENTO DAS CIÊNCIAS BÁSICAS


Ano Lectivo 2024
Aula prática I
Disciplina: Técnicas de Comunicação
Tema: Tomada de Notas
Conteúdo: Técnicas de tomada de notas

Instrução: Tendo em conta os objectivos do conteúdo acima, extraia as palavras-chave


(condutores da ideia central) em cada um dos seguintes excertos textuais: “A linguagem dos
animais”, “Uso do portanto” e “Riscos à saúde dos astronautas em futuras missões a
Marte” e o “O papel dos museus em Portugal”.

A linguagem dos animais

Para comunicar com os seus semelhantes, o homem pode utilizar um código verbal. Pode
utilizar também toda a espécie de outros códigos cujas unidades são, não grupos de sons, mas gestos,
cores, formas (o código de marinheiros, por bandeiras, e o código de estrada, são exemplos
clássicos).

A utilização dos códigos não é só própria do homem (nem das máquinas que ele constrói):
fala-se muitas vezes da linguagem dos animais. Sabe-se que uma abelha, de regresso à colmeia, pode
indicar às outras e com muita precisão o local onde se encontra uma fonte de alimentos, a sua
natureza e quantidade. A natureza é transmitida pelo odor de que a abelha se impregna; a quantidade,
pela frequência dos sons que emite ao dançar, e a localização, por uma dança. A dança é circular,
para uma distância superior: a abelha percorre um círculo que atravessa, em diâmetro, em diâmetro, e
cuja orientação, em relação à vertical, marca a direcção do alimento em relação ao sol. Enquanto
percorre este diâmetro, agita o abdómen: a duração do bater de asas (o ritmo da dança) exprime a
distância. Actualmente, há também um grande interesse pela linguagem dos golfinhos: os golfinhos
emitem sons para comunicarem uns aos outros a destreza, o pedido de ajuda, a alegria, etc. O diálogo
com os golfinhos, que se orientam perfeitamente na obscuridade total e circulam facilmente a
profundidades variadas, poderia fornecer-nos informações de uma utilidade prática evidente.
Procura-se também fazer “falar” os chimpanzés, mandar-lhes construir “frases”, etc.

Em suma, os sistemas de comunicação utilizados pelos animais, e os sistemas não verbais


utilizados pelo homem, podem ser muito elaborados e é, finalmente uma pura questão terminológica
ou de definição, saber se se trata de “linguagem”.
1
In: F. Dubois-Charlier Comment s’intinier à la linguistique, livret1, Larousse, pp9 e 10.

Uso do portanto

Hoje toda a gente diz portanto. Toda a gente é talvez um exagero, uma falta de rigor, mas
toda a gente já reparou que muita gente diz portanto, a torto e a direito. Sobretudo gente culta, ou
tida como tal … Nas cidades: no campo-político, militares, advogados, médicos, engenheiros,
professores, estudantes, jornalistas, escritores, todos dizem portanto, dando a ideia de que se trata de
palavra indispensável, ou pelo menos útil à comunicação.

Uma qualquer gramática da língua portuguesa ensina que, portanto é uma conjunção
coordenativa conclusiva e acrescenta à lista que, noutros tempos era debitada de cor e salteada ao
menor aceno do que professor: logo, pois, portanto, por conseguinte, por consequência. Simples
portanto. As coisas só se complicam (complicam é um modo de dizer...) com a crescente frequência
da palavra utilizada a propósito e a despropósito, mais a despropósito, acrescente-se já a bem da
verdade, inevitável como um tique, irritante como uma espera na paragem de autocarro.

In: PRAÇA, Afonso. Um Movimento de Ternura e Nada Mais, Lisboa, Editorial Notícias, 1995.

Riscos à saúde dos astronautas em futuras missões a Marte

Imagine a calorosa recepção aos primeiros astronautas a fazer a viagem de retorno de Marte, um
grupo de desmemoriados senis. Esse cenário bem poderia acontecer se uma agência espacial
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qualquer decidisse enviar agora, com a tecnologia actual, uma missão tripulada ao planeta
vermelho. Um estudo financiado (mas pouco divulgado) pela NASA, vem de um grupo da
Universidade de Rochester, nos EUA. Eles demonstraram que a radiação cósmica, à qual os
astronautas seriam submetidos durante meses e meses na longa travessia até Marte, pode causar
danos severos ao sistema nervoso central. Em particular, os cientistas observaram que cérebros
irradiados começam a mostrar sintomas de alzheimer. Essa doença neuro degenerativa, marcada
no cérebro pela presença crescente de placas de uma substância chamada beta amilóide, costuma
afectar só os idosos. Entretanto, com a exposição a um certo tipo de radiação, o processo de
degeneração avança mais depressa.

Para sair da Terra e chegar a Marte, usando a rota mais económica, leva-se de oito a dez meses.
Isso só na ida. Durante esse período, os intrépidos viajantes estarão longe da atmosfera e do
campo magnético terrestre, o que os deixa expostos à radiação vinda do Sol e das outras estrelas.
Essa radiação é composta pelas mais variadas partículas. As mais leves podem ser deflectidas
por magnetismo ou bloqueadas pelo casco da espaço-nave. As mais pesadas passam directo. Foi
com essas que os pesquisadores do Laboratório Nacional de Brookhaven fizeram as
experiências, irradiando átomos de ferro sobre o cérebro de camundongos. Segundo Kerry
O'Banion e seus colegas escrevem no periódico científico "PLoS One", a radiação de partículas
de ferro resultou em danos cognitivos e aumento de placas de beta amiloide em doses
cumulativas similares às que os astronautas seriam expostos em missões exploratórias ao espaço
profundo e Marte.

Por: Salvador Nogueira

O papel dos museus de arte em Portugal

É provável que uma parte significativa dos visitantes dos museus em Portugal não procurem
voluntariamente essa instituição cultural. De facto, muitas visitas a museus parecem estar associadas
a trabalhos e obrigações escolares, excursões “protegidas” por professores e funcionários.

É compreensível então que nessas circunstâncias reste pouca simpatia da parte do estudante
para com os museus e isto agravado por um aparato que sugere quais devem ser as atitudes e
comportamentos adequados ao ambiente. Ao visitante dos museus é transmitida a ideia de que nesse
local carregado de responsabilidade o melhor a ser feito é observar “muito respeito”, “pouca
conversa” e lembrar que “esse lugar é um lugar de contemplação.” Atitudes semelhantes à que se

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adoptam numa igreja; só que, nesse caso, esse conjunto de normas vai contribuir decisivamente para
estabelecer preconceitos em relação à obra de arte, que dificilmente serão eliminados.

Com a autoridade institucional de que foi investido, o museu de arte representou, pela sua
condição privilegiada, uma oportunidade única para sacratizar os objectivos selecionados segundo os
sonhos e fantasias de uma classe dominante. O museu, em sua forma tradicional, serviu como
elemento mitificador da criação artística, além do local onde as pessoas vão à procura de obras
“consagradas” feitas por uma elite da qual a maioria da população se sente afastada.

Tornou-se, então, numa tarefa obrigatória dos museus de arte, a luta para desmistificar certos
conceitos que distanciam o trabalho artístico do “homem comum”. É o que vem sendo feito, de
várias formas, pelo museu de Arte Moderna, sita na Quinta de Serralves, no Porto.
In: Fernanda Costa e Rogério de Castro, Revista Movimento nº93, adaptado

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