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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

ALDENOR DA SILVA PIMENTEL

LITERATURA DE RORAIMA EM FORMAÇÃO: uma proposta de estudo histórico

BOA VISTA, RR
2023
ALDENOR DA SILVA PIMENTEL

LITERATURA DE RORAIMA EM FORMAÇÃO: uma proposta de estudo histórico

Dissertação submetida ao Programa de Pós-


Graduação em Letras, para obtenção do grau
de Mestre em Letras pela Universidade
Federal de Roraima. Área de concentração:
Estudos de Linguagem e Cultura Regional.
Linha de Pesquisa: Literatura, Artes e Cultura
Regional.

Orientador: Prof. Dr. Roberto Mibielli.

BOA VISTA – RR
2023
Dados Internacionais de Catalogação na publicação (CIP)
Biblioteca Central da Universidade Federal de Roraima
P644l Pimentel, Aldenor da Silva.
Literatura de Roraima em formação: uma proposta de estudo
histórico / Aldenor da Silva Pimentel. – Boa Vista, 2023.
138 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Roberto Mibielli.

Dissertação (Mestrado em Letras) - Universidade Federal de


Roraima. Programa de Pós-Graduação em Letras.

1. Estudos literários. 2. História da literatura. 3. Literatura de


Roraima. I. Título. II. Mibielli, Roberto (orientador).

CDU - 869.0(811.4)

Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária/Documentalista:


Maria de Fátima Andrade Costa - CRB-11/453-AM
ALDENOR DA SILVA PIMENTEL

LITERATURA DE RORAIMA EM FORMAÇÃO: uma proposta de estudo histórico

Dissertação submetida ao Programa de Pós-


Graduação em Letras, para obtenção do grau
de Mestre em Letras pela Universidade
Federal de Roraima. Área de concentração:
Estudos de Linguagem e Cultura Regional.
Linha de Pesquisa: Literatura, Artes e Cultura
Regional. Defendida em 5 de dezembro de
2023 e avaliada pela seguinte banca
examinadora:

___________________________________
Prof. Dr. Roberto Mibielli
Orientador – PPGL/UFRR

___________________________________
Prof. Dr. Fábio Almeida de Carvalho
PPGL – UFRR

___________________________________
Prof. Dr. Roberto Acízelo Quelha de Souza
PPGL – UERJ

___________________________________
Prof.ª Dr.ª Sheila Praxedes Pereira Campos
PPGL – UFRR (suplente)
Aos que verão.
Aos que são de fazer história com as próprias mãos.
AGRADECIMENTOS

A Thiago Pinheiro, pelas contribuições na fase de formulação do projeto de pesquisa.


Ao meu orientador, Roberto Mibielli.
Aos membros das bancas de seleção, qualificação e de defesa, Francisco Alves
Gomes, Fábio Carvalho, Roberto Acízelo.
A Irmânio Sarmento, pelas indicações de leitura na área da Arqueologia.
A André Fonseca, Angela Silva, Gustavo Frosi Benetti, Ananda Machado, Sony
Ferseck, Francy, Eliakin Rufino, Neuber Uchôa, Zanny Adairalba, Ronilson Lopes, Lindomar
Neves Bach, Edgar Borges e demais sujeitos e organizações que me propiciaram acesso às
fontes da pesquisa.
A Luís Augusto Fischer.
só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar, meu olhar
(Renato Teixeira)

falo pouco mas não falo sozinho


(George Farias e Ciro Campos)
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta de leitura sobre a história da
literatura de Roraima. Para tanto, tendo como referência o modelo formação, de Antonio
Candido, adotou-se pesquisa descritiva, com método de procedimento histórico e os
procedimentos técnicos pesquisa bibliográfica e documental. Fazem parte do presente corpus
os textos literários pertencentes ao sistema literário de Roraima, escritos e orais, publicados
em livros, folhetos e periódicos, impressos e digitais, bem como em CDs e sites, assim como
textos, em quaisquer suportes (impresso, digital, sonoro, audiovisual etc.), com informações
sobre autores e obras roraimenses. A partir da análise do corpus, segundo os elementos do
sistema literário (obra, autor, público), proposto por Candido, dividiram-se os autores e obras
em formações e tendências. Foram propostas duas formações: Parente (indígena) e Karaiwa
(não indígena). A primeira subdivide-se nas tendências Encanto, Coleta, Restauração e
Criação. A segunda, em Relatos de Viajantes, Literatura de Inspiração Clássica, Composição
de Roraima e Glocal.

Palavras-chave: estudos literários, história da literatura, literatura de Roraima.


ABSTRACT

This work aims to present a reading proposal about the history of the literature of Roraima. To
this end, using Antonio Candido's “formation” model as a reference, descriptive research was
conducted using a historical procedure method, and bibliographic and documentary research
were used as technical procedures. The present corpus includes literary texts, both written and
oral, belonging to the literary system of Roraima, published in books, leaflets and periodicals,
printed and digital, and on CDs and websites, as well as texts, in any type of media (printed,
digital, sound, audiovisual, etc.), with information about authors and works from Roraima.
Based on the analysis of the corpus, according to the elements of the literary system (work,
author, audience) proposed by Candido, the authors and works were divided into formations
and trends. Two formations were proposed: “Parente” (indigenous) and “Karaiwa” (non-
indigenous). The first is subdivided into the following trends: charm, collection, restoration,
and creation. The second was distributed into travellers' reports, classically inspired literature,
Roraima composition, and glocal.

Words-key: Literary Studies, History of Literature, Literature of Roraima.


LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SIGLAS

Abepec Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais


ABL Academia Brasileira de Letras
AEILIJ Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil
Alaca Academia de Literatura, Arte e Cultura da Amazônia
ALB Academia de Letras do Brasil
AM Amazonas
ALP Academia de Letras dos Professores
ARL Academia Roraimense de Letras
Assart Associação dos Artistas de Roraima
Capes Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CDI Centro de Documentação Indígena
Conpofai Concurso de Poesia Falada de Itacoatiara
CNPC Conselho Nacional de Política Cultural
DPTC Divisão de Produção, Terra e Colonização
FNLIJ Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil
Fegamo Festival Gaúcho da Amazônia Ocidental
Femur Festival de Música Popular de Roraima
Funai Fundação Nacional do Índio
Gellnorte Grupo de Estudos Linguísticos e Literários da Região Norte
HQ Histórias em Quadrinhos
IFRR Instituto Federal de Roraima
MIRR Museu Integrado de Roraima
Pibid Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
PPGL Programa de Pós-Graduação em Letras
PPP Projeto Político-Pedagógico
Recurpem Referencial Curricular da Rede Pública Estadual para o Ensino Médio
PCN Parâmetros Curriculares Nacionais
Pecali Programa Estadual Caminhada Literária
OCNEM Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
DCNEM Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio
RN Rio Grande do Norte
RR Roraima
RS Rio Grande do Sul
SC Santa Catarina
Sesc Serviço Social do Comércio
SID/Minc Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura
SP São Paulo
STF Supremo Tribunal Federal
SPI Serviço de Proteção ao Índio
UBE União Brasileira dos Escritores
UERR Universidade Estadual de Roraima
UFPA Universidade Federal do Pará
UFPR Universidade Federal do Paraná
UFRR Universidade Federal de Roraima
Unesp Universidade Estadual Paulista
Yamix Mostra Acadêmica de Expressões Artísticas do Meio Universitário de
Roraima
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12
2 HISTÓRIA DA LITERATURA, A DISCIPLINA ................................................. 14
2.1 HISTÓRIA DA HISTÓRIA DA LITERATURA NO BRASIL .............................. 15
2.1.1 Nacionalismo e formação da literatura brasileira ............................................ 17
2.1.2 Nacionalismo e regionalismo, nacionalismo x regionalismo ............................ 20
2.2 HISTÓRIA DA HISTÓRIA DA LITERATURA DE/EM RORAIMA ................... 29
2.2.1 História da Literatura de Roraima: proposta de metodologia........................ 40
3 FORMAÇÃO LITERÁRIA PARENTE ................................................................. 45
3.1 FORMAÇÃO PARENTE: TENDÊNCIA ENCANTO ........................................... 46
3.2 FORMAÇÃO PARENTE: TENDÊNCIA COLETA ............................................... 53
3.3 FORMAÇÃO PARENTE: TENDÊNCIA RESTAURAÇÃO ................................. 56
3.4 FORMAÇÃO PARENTE: TENDÊNCIA CRIAÇÃO............................................. 63
4 FORMAÇÃO LITERÁRIA KARAIWA ................................................................ 67
4.1 FORMAÇÃO KARAIWA: TENDÊNCIA RELATOS DE VIAJANTES .............. 67
4.2 FORMAÇÃO KARAIWA: TENDÊNCIA LITERATURA DE
INSPIRAÇÃO CLÁSSICA ...................................................................................... 71
4.3 FORMAÇÃO KARAIWA: TENDÊNCIA COMPOSIÇÃO DE RORAIMA ......... 79
4.4 FORMAÇÃO KARAIWA: TENDÊNCIA GLOCAL ............................................. 89
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 104
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 109
12

1 INTRODUÇÃO

O que teria a dizer, em uma dissertação de Mestrado em Letras, sobre a história da


literatura de Roraima, quem não é da área? Por que alguém com Graduação, Mestrado e
Doutorado em Comunicação, faria Mestrado em Letras (ou, de modo mais direto, o que você
está fazendo aqui)?
As perguntas acima, proferidas por vozes da cabeça deste autor ou por terceiros, em
muitos momentos, geraram outra: estou preparado?
Na tentativa de responder a tais questões, formavam-se na mente deste mestrando
imagens invisíveis aos olhos: da criança que ouvia poemas de Eliakin Rufino em fita K7, na
casa da vizinha, e lia os livros da coleção Ajuri, de Cecy Lya Brasil, na biblioteca da escola, e
do adulto que, entre outras ações, fundou e compôs coletivos de escritores, criou um blog para
difundir informações sobre literatura de Roraima e militou, em diversas esferas, por políticas
públicas de literatura, livro, leitura e bibliotecas.
Ao fim desse percurso mental, a resposta: eu me preparei a vida toda para este
momento. E cá estamos, neste trabalho: com o intuito de propor uma leitura sobre a história e
o processo de formação da literatura de Roraima.
No capítulo HISTÓRIA DA LITERATURA, A DISCIPLINA, expor-se-á sobre como a
disciplina História da Literatura nasceu atrelada à ideia de nacionalidade, alinhando-se a
projetos políticos nacionalistas e, por vezes, sentimentos ‘abertamente’ patrióticos.
No Brasil, tal projeto, que busca forjar a nação pelo literário, ora acolhe o
regionalismo, ora o rechaça. A partir dessa explanação e do estado da arte sobre história da
literatura de Roraima, na referida seção, explicar-se-á os passos metodológicos do presente
trabalho.
Tendo como referência o modelo formação, de Antonio Candido, tem-se aqui
investigação descritiva, cujo método de procedimento histórico se alia aos procedimentos
técnicos pesquisa bibliográfica e documental.
Os textos literários encontrados para esta investigação, escritos e orais, impressos e
digitais, foram classificados em formações e tendências, a partir da análise de três elementos
do sistema literário (Candido, 2000a): obra, autor, público.
O recorte temporal deste trabalho advém do próprio material localizado para análise.
Ou seja, todos os textos enquadrados na proposta desta pesquisa foram considerados, sendo os
registros impressos mais antigos datados do século XVI.
13

A adoção das ideias de Candido como referência para este trabalho deu-se pelo
alinhamento com a presente proposta, menos preocupada com a gênese e o estabelecimento
de marcos históricos definitivos e mais com o processo de formação da literatura de Roraima.
Com base em tal proposta metodológica, expor-se-ão os resultados da análise nos
capítulos FORMAÇÃO LITERÁRIA PARENTE e FORMAÇÃO LITERÁRIA KARAIWA. A
divisão das tendências em formações inspira-se em proposta semelhante de Fischer (2021),
seguidor de Candido.
A formação Parente refere-se à literatura indígena, dividida nas tendências: Encanto,
Coleta, Restauração e Criação. A formação Karaiwa refere-se à literatura não indígena e é
dividida nas tendências: Relatos de Viajantes, Literatura de Inspiração Clássica, Composição
de Roraima e Glocal.
Destacam-se obstáculos à realização desta pesquisa, relacionados à dificuldade de
acesso a documentos históricos sobre a literatura de Roraima. Os motivos vão do fato de boa
parte desse material compor acervos privados, até a falta de uma política de digitalização e
disponibilização de tal acervo ao público em geral e à comunidade acadêmica.
Também limitaram esta investigação a incipiência de estudos acadêmicos sobre
história da literatura de Roraima. Ainda assim, este trabalho localizou e sistematizou
importantes informações produzidas por estudos sobre literatura do estado que não tinham
foco na abordagem histórica.
14

2 HISTÓRIA DA LITERATURA, A DISCIPLINA

Como disciplina, a História da Literatura nasceu atrelada à ideia de nacionalidade.


Conforme Roberto Acízelo Souza (2020b, p. 107-108), “Criada na passagem do iluminismo
para o romantismo, os primeiros tratados de história da literatura tinham por objeto culturas
literárias nacionais específicas”.
De acordo com R. Souza (1992), entre os séculos XVIII e XIX, com a emergência e
a consolidação do Romantismo, predomina a ideia de obra literária como resultado,
sobretudo, da criatividade individual, “o que se contrapõe ao princípio de que a composição
deve conformar-se a regras e permanecer atenta a modelos, princípio comum à retórica e à
poética” (Souza, 1992, p. 373), disciplinas dominantes nos estudos discursivos até então.
R. Souza (2015a) assinala quatro atributos inovadores da História da Literatura em
relação às suas congêneres clássicas: forma narrativa, reivindicação a se inscrever no campo
científico, distanciamento da crítica e afastamento do universalismo.
Constituído em explicar os produtos poéticos à luz de uma periodização, o próprio
historicismo, segundo R. Souza (2011), é uma ‘novidade radical’ quando da sua proposição.
Consoante o autor (Souza, 2011), por se querer História, a nova disciplina adotou a
forma narrativa, afastando-se de técnicas de exposição adotadas por gêneros pré-historicistas
consagrados a disponibilizar informações sobre a cultura literária. Como exemplo de obras
pré-historicistas, R. Souza (2015a) cita a Biblioteca lusitana.

Este monumento barroco, produzido pelo abade Diogo Barbosa Machado e


publicado em quatro volumes de 1741 a 1759, organizava-se à maneira das
enciclopédias, apresentando verbetes em ordem alfabética sobre os diversos
autores, preenchidos com dados biobibliográficos, no que difere, por
conseguinte, da integralidade narrativa que caracteriza as histórias literárias
(Souza, 2015a, p. 212).

Além disso, enquanto as disciplinas antigas se concebiam como Artes, a História da


Literatura reivindicou inscrever-se no campo científico. Conforme R. Souza (2015a), por falta
de método próprio, a disciplina recorreu ao apoio conceitual e metodológico de outras
ciências sociais emergentes no século XIX e acabou por assimilar, para seu próprio uso, as
teorias e os operadores da História positivista, da Sociologia, da Psicologia e da Filologia
cientificista do Oitocentos.
Com o acolhimento dos princípios da Filosofia positivista, “que, como se sabe,
formulou certa concepção de ciência entendida como estágio supremo do conhecimento”
15

(Souza, 1992, p. 377), observa-se na disciplina a pretensão de objetividade e o alheamento aos


valores estéticos.
Pelo menos em teoria, a História da Literatura tentou guardar distância da crítica,
eximindo-se da emissão de juízos de valor, na tentativa de concentrar-se exclusivamente na
análise e na exposição dos ‘fatos’ de sua eleição: a sequência das eras, épocas, fases ou
períodos da literatura nacional em causa; a vida e a obra dos autores; a reconstituição dos
contextos em que se desenvolveu a atividade literária, considerando aspectos étnicos, socio-
históricos e físico-geográficos (Souza, 2015a).
R. Souza (1992) explica que a História da Literatura concebe o fato literário como
efeito de causas que lhe são exteriores, a subjetividade dos autores e/ou os processos sociais,
cabendo ao analista “transcender os textos a fim de identificar-lhes as motivações primeiras,
das quais eles seriam reflexos secundários” (Souza, 1992, p. 377).
Ainda de acordo com o autor (Souza, 2015a), a História da Literatura afastou-se do
universalismo das disciplinas clássicas dos discursos, ocupando-se somente com a cultura
literária de cada Estado-nação, resultando no alinhamento com projetos políticos
nacionalistas, “quando não com sentimentos abertamente patrióticos” (Souza, 2011, p. 20).

2.1 HISTÓRIA DA HISTÓRIA DA LITERATURA NO BRASIL

No Brasil, a partir da transferência da sede da Monarquia portuguesa para o Rio de


Janeiro, em 1808, e da Proclamação da Independência do Brasil, em 1822, a produção
literária nacional cresceu em quantidade e qualidade, tendência acompanhada pelos estudos
literários (Souza, 2020a), dando “sinais de refluxo” apenas por volta dos anos de 1980 (Souza,
2011, p. 24).
Se, por um lado, a expansão de tais pesquisas se deu como resposta à demanda
daquela produção literária, que precisava ser estudada e avaliada, de modo inverso esses
estudos induziram essa produção literária, à medida que elegeram como critério de valor o
alinhamento da ficção, da poesia e da dramaturgia com a agenda nacionalista (Souza, 2020a).
Para R. Souza (2011, p. 32), a História da Literatura nacional experimentou seu
“derradeiro florescimento verdadeiramente criativo” nos anos de 1950, auge do nacional-
desenvolvimentismo, época em que Antonio Candido (2000a; 2000b) publicou Formação da
Literatura Brasileira, que, “embora limitado a tratar de apenas duas épocas históricas – o
arcadismo e o romantismo” (Souza, 2020a, p. 277) –, é tomado como uma história integral da
cultura literária do país.
16

Jobim (2020, p. 44) destaca a atitude crítica de Antonio Candido a determinado


nacionalismo que, principalmente, em suas versões do século XIX, desejava “ardentemente”
autonomia e originalidade absolutas e apresentava “tendência a querer apagar os vestígios de
laços culturais ainda presentes, sonhando com viveiros artísticos estanques, de onde
supostamente sairiam obras livres de contatos e influências considerados ‘externos’ ou
‘estrangeiros’”.
De modo semelhante, R. Souza (2011, p. 21), ao comparar Antonio Candido a
Januário da Cunha Barbosa, esse publicado há cerca de um século e meio antes daquele,
avalia que, em contraste com o ufanismo de Barbosa, Candido fez um registro sóbrio e
autocrítico, “mas nem por isso menos imbuído de espírito nacional”.
Além da ascensão da Teoria da Literatura, R. Souza (2015a) aponta como fatores
para a decadência da disciplina História da Literatura no Brasil e nos demais países de cultura
ocidental: a recessão do pensamento nacionalista, observável, em especial, na segunda metade
do século XX; e o próprio formato estrutural da História da Literatura, construída de forma
teleológica, com começo, meio e fim, como a evoluir para um ideal de plenitude, modelo
romântico-realista de romance que perdeu prestígio no Modernismo, em favor de tramas
fragmentárias e não lineares (Souza, 2015a).
O autor (Souza, 2015a) aponta, ainda, como fator para a decadência da História da
Literatura a constatação de que a disciplina, ao estabelecer um cânone dos clássicos de um
país, projeta uma imagem homogênea e unitária da nação, dita identidade nacional, o que
apaga diferenças e conflitos de interesse entre classes e grupos diversos.
Dessa forma, o que parecia ter alcance universal mostrou-se comprometido com a
expressão de uma única história: “As letras e a literatura, assim, constituiriam uma imensa e
opressiva reiteração do mesmo, inviabilizando desse modo nosso acesso a mundos
alternativos” (Souza, 2011, p. 34).
Dado isso, surgiu o interesse por experiências outras que não aquelas até então
julgadas como gerais e comuns, monumentalizadas na produção literária: “sobretudo pelas
diferenças de gênero, etnia, classe social, achando que a vida seria mais plena, caso
concedêssemos voz a cada diferença para contar a sua própria história” (Souza, 2011, p. 34).
Fischer (2021) destaca que está “bem vivo” na universidade, não a produção da, mas
o debate sobre a história da literatura. Segundo o autor (Fischer, 2021, p. 87), “Grupos de
estudo em eventos nacionais e internacionais, projetos de pesquisa, encontros, muito esforço
se faz em torno do problema com resultados de interesse”.
17

Nesse sentido, em vez de se dedicarem ao traçado de vastos panoramas das


literaturas nacionais, passaram a circunscrever seu interesse à problematização da própria
historicidade da literatura ou ao estudo de questões pontuais, como determinado gênero ou
espécie literária, certo tema recorrente em literatura, as diversas interpretações a que se tem
prestado um autor, um texto, um período etc. (Fischer, 2021; Souza, 1992).
Em relação ao contexto português, mas que também pode ser útil para se
compreender a situação brasileira, R. Souza (2015b) assinala que, na passagem do século XX
para o XXI, não obstante o pouco interesse pela história literária de modelo romântico-realista
nesses tempos pós-nacionalistas, observam-se projetos de reciclagem dessa tradição,
concretizados em trabalhos produzidos por equipes, no lugar dos clássicos panoramas
literários nacionais escritos por autor único.

Assim, num ambiente acadêmico refratário à história literária, com


pronunciada tendência, por conseguinte, a rejeitar os elementos iden-
tificadores dessa disciplina — tais como a assunção de um conceito simplista
de literatura, a linearidade evolucionista, o nacionalismo isolacionista e
acrítico, a magnificação da importância das condições contextuais (étnicas,
históricas, culturais, sociais, econômicas) —, todas se propõem não
reduplicar o historicismo à maneira do Oitocentos, mas introduzir
diferenciais capazes de revitalizar a pesquisa historiográfica (Souza, 2015b,
p. 17-18).

O autor (Souza, 1992) ressalva: ainda que não praticada com a ‘veleidade’ de
contribuição original, atualmente a História da Literatura continua atuante e sendo abordada
em publicações para fins didáticos.

2.1.1 Nacionalismo e formação da literatura brasileira

Marco dos estudos literários nacionais, Formação da Literatura Brasileira, de


Candido (2000a; 2000b), deslocou a questão sobre o objeto de tais estudos, da sua gênese
para a sua formação, isto é, passou a perguntar:

quando e como ela [a literatura] se mostrava um processo que combinava,


num mesmo sistema de forças, a internalização dos mecanismos de
concepção e produção de literatura, em oposição à mera cópia de modelos já
assentes, e a criação de uma tradição interna, em que autores, obras e público
leitor circulassem continuadamente no país (Fischer, 2021, p. 109-110).

Para Candido (1999, p. 13), a história da literatura brasileira é “em grande parte a
história de uma imposição cultural que foi aos poucos gerando expressão literária diferente,
embora em correlação estreita com os centros civilizadores da Europa”.
18

Assim, Candido (1999) defende a necessidade de considerar como produções da


literatura brasileira tanto as obras feitas pela transposição pura e simples dos modelos
ocidentais, quanto as que diferiam deles no temário, na tonalidade espiritual, nas modificações
do instrumento expressivo.
Para o autor (Candido, 1999, p. 14), ambas as tendências exprimem “o processo
formativo de uma literatura derivada, que acabou por criar o seu timbre próprio, à medida que
a Colônia se transformava em Nação e esta desenvolvia cada vez mais a sua personalidade”.
No prefácio da segunda edição de Formação da Literatura Brasileira, Antonio
Candido (2000a) alega “jamais” ter afirmado a inexistência de literatura no Brasil antes dos
períodos estudados, Arcadismo e Romantismo, portanto, para o autor (Candido, 2000a, p. 15),
“No sentido amplo, houve literatura entre nós desde o século XVI; ralas e esparsas
manifestações sem ressonância, mas que estabelecem um começo e marcam posições para o
futuro”.
Em sentido estrito, para Candido (2000a), literatura é um sistema de obras ligadas
por denominadores comuns, que permitem reconhecer as notas dominantes de uma fase. Ou
seja, “Estes denominadores são, além das características internas, (língua, temas, imagens),
certos elementos de natureza social e psíquica, embora literariamente organizados que se
manifestem historicamente e fazem da literatura aspecto orgânico da civilização” (Candido,
2000a, p. 23).
Em outras palavras, esse sistema dependeria da existência do triângulo “autor-obra-
público”, em interação dinâmica, e de certa continuidade da tradição. Conforme o autor
(Candido, 2000a, p. 16), a literatura brasileira, entendida como sistema, “não nasce, é claro,
mas se configura no decorrer do século XVIII, encorpando o processo formativo, que vinha
de antes e continuou depois”.
Para Candido (1999, p. 14), o processo de formação da literatura brasileira pode ser
esquematizado em três etapas:

1) a era das manifestações literárias, que vai do século XVI ao meio do


século XVIII;
2) a era da configuração do sistema literário, do meio do século XVIII à
segunda metade do século XIX;
3) a era do sistema literário consolidado, da segunda metade do século XIX
aos nossos dias.

Para Fischer (2021, p. 112), a noção de formação depende de uma perspectiva de


conjunto, que pensa o país como unidade, “um certo otimismo reformista, um certo
reformismo otimista, em uma conjuntura favorável ao pensamento crítico” e uma visão
19

prospectiva, que “relê o passado orientada por um problema como vivo, no presente e no
futuro”.
Para Waizbort (2007, p. 96), em Candido, busca-se a história como totalidade, e não
como completude; a história orientada por um problema, e não “a perspectiva classificatória
dos manuais e das histórias literárias”; “uma história da literatura brasileira pensada não mais
como a busca de um essencial nacional ou nacionalista, [...] mas como a construção de uma
interpretação autoconsciente” (Fischer, 2021, p. 116).
Em contrapartida, Fischer (2021) aponta limites do modelo formação: o unitarismo, o
modernismo-centrismo, o comparatismo impreciso e a completude na formação.
No unitarismo, é apresentada a ideia de um Brasil unitário, com uma trajetória única,
designável por uma sucessão também única, de caráter urbanófilo, ou urbanocêntrico, ao
tender a “reduzir a literatura dedicada ao tema rural a papel secundário no conjunto da
literatura brasileira” (Fischer, 2021, p. 119).
Para o autor (Fischer, 2021), Candido toma como “praticamente iguais” o sistema
literário brasileiro, a nação brasileira, o país chamado Brasil, o território conhecido por esse
nome e mesmo a sociedade brasileira.
Em contraposição, Fischer (2021, p. 122) defende que:

existe uma série de outras possibilidades para pensar e descrever a literatura,


não apenas a do presente, que mantém evidentes laços supranacionais, mas
também do passado, composta e fluída, não poucas vezes, em circuitos
(talvez sistemas) não nacionais.

Quanto à crítica de modernismo-centrismo, Fischer (2021) alega que, ao lado do


Arcadismo e do Romantismo, há outro momento decisivo, não declarado por Candido (2000a;
2000b), mas que teria sido a âncora da perspectiva deste em Formação da Literatura
Brasileira: o Modernismo paulistano, dessa maneira, visto como o ápice, ponto de chegada do
processo de formação da literatura nacional, “exclusiva espinha dorsal historiográfica”,
“paradigma único de validação” daquela literatura (Fischer, 2021, p. 129).
Para o autor (Fischer, 2021, p. 270), a visada modernisto-cêntrica paulistana celebra
o referido movimento como o advento da suprema liberdade, “construção esta que rebaixa
tudo o mais a uma condição necessariamente secundária, ou de mera preliminar da grande
revelação, ou de mera reduplicação dela, em qualquer caso nunca superior a ela”.
“Militante assumido” do Modernismo, “em seus desdobramentos críticos,
pedagógicos e historiográficos”, Candido “parece empenhar-se profundamente” na validação
da referida tendência literária, principalmente até a virada dos anos 1950 para 1960, “seja
20

saudando as obras renovadoras oriundas daquele âmbito, seja interpretando e reinterpretando


o passado da literatura e da cultura do Brasil pela lente polida dos anos 20” (Fischer, 2021, p.
124-125).
Outra crítica de Fischer (2021, p. 135) é a de que Candido faz uma comparação
“desequilibrada e imprecisa” entre a jovem literatura brasileira com “amplos domínios
definidos por línguas de história larga e nem sempre definida em contornos nacionais”, como
as literaturas francesa, italiana, inglesa, alemã, russa, espanhola, e não em relação a outros
países de história aparentada à do Brasil, como Estados Unidos, Argentina e México.
Fischer (2021) destaca que a maioria das literaturas citadas de forma imprecisa por
Candido é europeia ocidental, com acréscimo da russa, mencionada pela língua.

A “inglesa”, por exemplo, pode significar autores ingleses e também não


ingleses, como será o caso dos irlandeses ou estadunidenses [...]. Isso sem
falar que nomes como Itália e Alemanha, e mesmo Rússia e Inglaterra, não
designam o mesmo território ao longo dos séculos (Fischer, 2021, p. 134).

O quarto e último limite apontado por Fischer (2021) ao modelo formação se refere
ao ponto em que o sistema literário brasileiro está maduro, ou está formado. Segundo o autor
(Fischer, 2021), para os seguidores de Candido, marca a completude da formação a tomada de
consciência, ao mesmo tempo brasileira e ocidental, expressa por Machado de Assis, “talvez
[...] o primeiro escritor que teve noção exata do processo literário brasileiro” (Candido, 1999,
p. 55), no famoso ensaio Notícia da atual literatura brasileira: instinto de nacionalidade
(Assis, 1873).
Para Candido (2000b, p. 327), o referido ensaio exprime o “ponto de maturidade da
crítica romântica”, e é “um certificado de maioridade da literatura brasileira através da
consciência crítica” (Candido, 1999, p. 55).
Tendo em vista que ‘público’ é um dos elementos do triângulo ‘autor-obra-público’,
essenciais para a formação do sistema, em conformidade com a proposição de Candido
(2000a), ressalva-se: ainda que seja apontado como momento de completude da formação, o
período contemporâneo ao referido ensaio de Machado de Assis (1873) é marcado pela
inexistência de leitores em massa, com o alto número de escravos e do analfabetismo.

2.1.2 Nacionalismo e regionalismo, nacionalismo x regionalismo


21

Após exposição sobre o nacionalismo na literatura brasileira, vê-se importante


discutir como a literatura feita em âmbito regional, e/ou que tematiza o regional, relaciona-se
com esse nacionalismo.
Segundo R. Souza (2017), as primeiras explicitações de um conceito de regionalismo
no âmbito da cultura literária brasileira advêm do romantismo e constituem resultantes tardias
daquele movimento.
Em face ao dilema filosófico entre o universal e o particular, a estética romântica
fazia opção programática por esse (Souza, 2018). Contudo, por conta de sua extensão e suas
diversidades internas, o Brasil impôs ao seu romantismo um novo dilema:

o seu particular, se poderia ser a generalidade nacional, tomada como


diferença em relação aos demais estados nacionais, também poderia
representar-se por particularidades regionais, isto é, por especificidades
infranacionais que não faltavam ao País (Souza, 2018, p. 207).

Assim, no processo de construção da consciência literária brasileira, as vertentes


nacionalistas e regionalistas ora se reforçam mutuamente, ora mantêm entre si uma relação de
competição ou de conflito, regimes de “intercomplementaridade pacífica, num caso; tensão e
contradição, no outro” (Souza, 2018, p. 212).
Para Souza (2017; 2018), os projetos de José Alencar e Franklin Távora são
exemplos de expressões dessas duas atitudes: enquanto o primeiro escritor se consagra à
harmonização entre nacionalismo e regionalismo, o segundo se dedica à apologia da literatura
setentrional.
Na concepção de Távora (1876), a literatura setentrional constitui-se em contraste
com a literatura austral. Nesse sentido, “Para Franklin Távora, [...] o nacional parece reduzir-
se apenas a alguma coisa vaga que lhe pulsa no ‘coração brasileiro’; em matéria de literatura,
porém, se não também de política, para ele só haveria mesmo o regional” (Souza, 2018, p.
212).
De modo diferente, para Alencar, na literatura, o nacional subsome o regional. Um
indicativo é o fato de obras suas, de fisionomia regionalista, terem como subtítulo: ‘romance
brasileiro’ (Souza, 2018).
Tal qual Távora, Viana Moog (1983) também se posiciona contra a ideia de uma
literatura brasileira unitária. Para Moog (1983, p. 19), enquanto as “velhas literaturas”
formadoras do patrimônio comum da cultura do ocidente – francesa, alemã, espanhola,
inglesa e portuguesa, espanhola – são “mais ou menos homogêneas”, a literatura brasileira
está condenada a uma “estonteante diversidade”.
22

Desse modo, Moog (1983) defende o abandono ao processo cronológico tradicional.


Todavia, no lugar de duas literaturas (setentrional e austral), como delineia Távora, aquele
propõe sete, “mais ou menos autônomas e diferenciadas” (Moog, 1983, p. 20).
Para o autor (Moog, 1983, p. 19-20), cada uma dessas literaturas corresponde a uma
ilha cultural diferente, “núcleos culturais cuja soma forma o complexo heterogêneo da
chamada literatura brasileira [...], [...] um arquipélago cultural”.

Assim, a literatura amazônica seria assinalada pelo elemento telúrico; a


nordestina, pela preocupação social; a baiana, pela tendência à erudição; a
mineira, pelo pendor humanístico; a paulista, pelo ímpeto bandeirante e
proselitista; a gaúcha, pelo contraponto entre regionalismo e universalismo;
e a metropolitana (ou seja, a carioca), pela propensão para a pintura de
costumes e por certo desencanto cético e irônico (Souza, 2018, p. 215).

Moog (1983) acrescenta que talvez haja outros núcleos, mas nenhum que não possa
ser incluído nos sete principais. Um exemplo seria o Maranhão, que, para o autor (Moog,
1983), oscila entre a Bahia e o Nordeste.
A proposta de Moog (1983) é interessante por pensar especificidades, ainda que,
contraditoriamente, percebam-se reducionismos quanto ao infranacional, visto que atribui
uma só característica a toda a literatura de um estado ou uma região.
Soma-se a isso o fato de Moog (1983) perceber especificidades nas literaturas do
Sudeste (mineira, paulista e metropolitana/carioca), mas não enxergar o mesmo em outras
regiões como o Nordeste, de cuja única ilha autônoma é a baiana, na visão do autor (Moog,
1983).
Também pode ser apontado o fato de a proposta de Moog (1983) não abranger
alguns estados brasileiros, como Santa Catarina e Paraná, todos os estados do Centro-Oeste e
o Espírito Santo. Na concepção do autor, estariam os dois primeiros estados (Santa Catarina e
Paraná) na ilha gaúcha e o último (Espírito Santo) na metropolitana? Ou tais territórios não
teriam literatura?
Para R. Souza (2007, p. 138-139), apesar de “encanto literário e poder persuasivo”, a
tese de Moog “é conceitualmente frágil, baseando-se mais em sínteses imaginosas do que em
análises demonstráveis”. Assim, destaca o autor (Souza, 2018) que a referida tese não teve
“qualquer influência” nos grandes projetos posteriores de historiografia literária do Brasil,
com exceção de Coutinho, como se verá mais à frente.
Fischer (2021) sustenta que Viana Moog e Mário de Andrade dramatizaram, não ‘ao
vivo’, mas na forma de uma tensão intelectual, duas tendências historiográficas opostas e
23

excludentes sobre literatura brasileira, a qual teve como vitoriosa, ‘sem contraste’, a proposta
andradiana, modernista-centrista,

unitarista, subordinada a uma certa perspectiva de vanguarda (claramente


nacionalista), fundamentada numa eterna reinvindicação de liberdade [...],
[...] uma visão restritiva, muito limitada historicamente, [...] com feição
claramente neorromântica (Fischer, 2021, p. 79-80).

Os textos de Moog e Andrade nasceram de conferência proferida pelos autores no


Rio de Janeiro em 1942, a pedido da União Nacional dos Estudantes (Fischer, 2021).
Ocorrido no meio acadêmico, nas escolas, nos manuais, nos vestibulares, segundo
Fischer (2021, p. 79), no “modo como todo mundo pensa na literatura brasileira”, esse triunfo
da proposta andradiana não se deu pela força do indivíduo Mário, mas “pelo que ele
representava naquele contexto, a irresistível ascensão de São Paulo (a economia paulista, mas
também a USP, a visão de Brasil aí construída), que pelo plano intelectual passou a dar as
cartas num país fortemente centralizado, sob Vargas”.
Para Fischer (2021, p. 79-80), a visão de Moog era “menos fechada, mais pluralista,
no sentido de acolher as variantes regionais como válidas, sem nada que obrigasse tudo a
convergir, portanto como uma possibilidade de tipo federalista”. Todavia, tal proposta teórica
“restou como uma curiosidade de museu, uma ideia vencida” (Fischer, 2021, p. 80).
Embora alinhado a uma concepção unitária de literatura brasileira, Afrânio Coutinho
concede um ‘largo’ espaço à questão do regionalismo (Souza, 2018) em A Literatura no
Brasil: a seção O regionalismo na ficção, integrante da citada obra de autoria coletiva dirigida
por Coutinho.
Na referida seção, o autor (Coutinho, 2004) propõe a divisão do regionalismo
literário brasileiro em ciclos: nortista, nordestino, baiano, central (mineiro e goiano), paulista,
gaúcho, além de “uma espécie de subciclo” (Coutinho, 2004, p. 240) constituído por Rio de
Janeiro e zona suburbana, “não se sabe em relação a que ‘ciclo’” (Souza, 2018, p. 217).
Ressalva-se que Coutinho (2004) distribuiu as obras pelos ciclos segundo o lugar
nelas retratado, independentemente se o respectivo autor ali nasceu ou morou. Dessa forma,
têm-se, por exemplo, uma obra considerada amazônica cujo autor, em harmonia com o
próprio Coutinho, não conheceu a região: Paroara, de Rodolfo Teófilo.
Além disso, Coutinho (2004, p. 249) cita como obra de “raízes amazônicas” o
romance Macunaíma, do escritor paulista Mário de Andrade, que, antes de publicar o livro,
viajou pelo Amazonas, mas não morou na região.
24

Quanto ao ciclo nortista, Coutinho (2004) sustenta que quatro foram os ‘surtos’
regionalistas na Amazônia e que, aparentemente, para o autor, se referem à toda a literatura da
região até aquele momento: a fase dos homens da terra; a de influência de Euclides da Cunha;
a de sentido ufanista; e, por fim, a fase modernista.
Marcada pela influência do Naturalismo e representada por Inglês de Sousa e José
Veríssimo, na primeira fase, vê-se “mais fidelidade ao real, mais autenticidade, um comovido
amor à gente e aos seus costumes” (Coutinho, 2004, p. 243).
Na segunda, representada por Alberto Rangel e seus ‘epígonos’, o que se vê é “o
deslumbramento da Natureza e a embriaguez verbal. É a fase ‘Inferno Verde’: estilo
torturado, descrição da terra e do homem num certo tom grave e triste de espanto, de
exaltação, de perplexidade” (Coutinho, 2004, p. 243).
Representada por Raimundo Morais, Alfredo Ladislau, Jorge Henrique Hurly, a
terceira é uma fase novamente pertencente aos homens da Terra Verde. Reação nativista
contra a noção de ‘Inferno Verde’, tem-se aí a literatura ‘Paraíso Verde’. Em concordância
com Coutinho (2004), trata-se de fase nitidamente barroca, de bairrismo exasperado, lirismo
fácil e falso, mas, informação copiosa, original e segura.
De acordo com Coutinho (2004, p. 243), “Contudo, as marcas fortes de Euclides –
contra o qual, ao fim de contas eles reagem – está paradoxalmente viva e presente no estilo
castigado, retorcido e enfático dos autores”.
Datada do Modernismo ao Pós-modernismo, a quarta fase é representada por Abguar
Bastos, Dalcídio Jurandir, Araújo Lima, Gastão Cruls, Viana Moog. Para Afrânio Coutinho
(2004, p. 243), é uma fase mais orgânica, direta e objetiva, isenta, comedida e realista. “Nem
‘paraíso’ nem ‘inferno’... Nem tanto à terra, nem tanto o mar”.
Nesse seguimento, Souza (2018, p. 217) avalia como inadequado o termo ‘ciclo’
usado por Coutinho, “na medida em que remete a tempo e à história, quando o que pretende
definir diz respeito a território e à geografia”.
Para o autor (Souza, 2018), os ‘ciclos’ de Coutinho ‘coincidem por inteiro’ com as
‘ilhas’ de Vianna Moog, como já dito, amazônica, nordestina, baiana, mineira, paulista,
gaúcha e metropolitana.
Para Wankler e Nascimento (2013, p. 76), A Literatura no Brasil foi uma obra
inovadora, “sobretudo pelo modo como foi concebida”; “Dirigida por Afrânio Coutinho, foi a
primeira História da Literatura do Brasil escrita de forma coletiva com a colaboração de cerca
de 50 especialistas”.
25

Wankler (2013b, p. 3) reconhece a importância da obra, em especial, pelo


pioneirismo de considerar o regionalismo como uma variante na produção literária brasileira,
que “não havia sido sistematicamente tratada até então”.

Contudo, percebe-se que, do ponto de vista do autor, há uma hierarquização


entre estes ciclos, tendo em vista que alguns, sobretudo o nortista, são
tratados com certo desdém, ao passo que outros, principalmente o paulista,
são apontados, sub-repticiamente, como parâmetro qualitativo para os
demais (Wankler, 2013b, p. 3).

Considerando o ponto de vista de Coutinho como ‘inadequado’ aos estudos literários


contemporâneos, para pensar o regionalismo, Wankler e Nascimento (2013) partem do
conceito de topofilia, do geógrafo sino-americano Yi-Fu Tuan, que inclui “todos os laços
afetivos dos seres humanos com o meio ambiente material” (Tuan, 2012, p. 135).
Nesse sentido, conforme Wankler (2013b, p. 5):

Graças ao trabalho com o conceito de topofilia, podemos colocar em


diálogo, por exemplo, textos poéticos e autores que, sob o ponto de vista do
regionalismo, não se encontrariam, como, por exemplo, Fernando
Pessoa/Alberto Caeiro e Zeca Preto, tendo em vista que poderia ser
considerado um sacrilégio colocar o poeta português, mesmo como Alberto
Caeiro, no escopo da literatura regional.

Mais recentemente, Luís Augusto Fischer (2021, p. 341) fala em não uma formação,
como Candido, mas duas: a plantation e o sertão, cada uma com “alta realização literária de
qualidade alta”; “pontos de chegada de longos processos de elaboração literária”; e com uma
“potente” teoria forjada por gerações de pensadores.
Segundo Luís Augusto Fischer, a plantation está ligada às ‘ideias fora do lugar’,
expressão que o autor empresta de Roberto Schwarz (2014) e que se refere ao contexto da
convivência paradoxal no Brasil entre escravidão e liberalismo, ou entre liberalismo e Estado
Antigo Regime, na releitura daquele (Fischer, 2021).
Por esse ângulo, o autor reforça que, de forma incompatível com a moderna
perspectiva da igualdade fundamental entre todos os homens, essência do liberalismo, tinha-se
no Brasil um Estado independente moldado em enorme medida como um Estado Antigo
Regime:

com o absolutismo do monarca (o Quarto Poder); com a concessão de


privilégios, monopólios, mercês e isenções, tudo muito distante do estado
moderno burguês; com o desprestígio da ciência e da racionalidade, com o
impedimento da secularização do pensamento (na forma de sonegar a
extensão da educação para a generalidade das crianças e jovens e com o
bloqueio à criação de escolas superiores, assim como na manutenção da
26

estreita aliança entre poder de Estado e igreja), assim como com o


desprestígio objetivo das atividades manuais e de trabalho mecânico, em
sentido amplo; tudo isso arranjado nos marcos de uma visão corporativista
do Estado, que estabiliza e naturaliza as desigualdades [...] (Fischer, 2021, p.
222).

Em vista disso, Fischer (2021, p. 349) entende que a plantation “poderia ser nomeada
como ‘litoral’, não fosse esta uma simplificação enganosa que restringe à geografia a
distinção”.
Para o autor (2021, p. 359), tal formação literária vem desde a Carta de Caminha até
o momento atual, “cuja representação mais significativa [na contemporaneidade] talvez seja
Paulo Lins (e Fausto Fawcett)”, tendo como ponto alto Machado de Assis.

O lado litorâneo da equação nem precisa muita descrição ou nomeação, por


ser aquele que de regra se conhece como literatura brasileira e que tem sido
assimilado positivamente como parte da formação da literatura brasileira tida
como tal. Nessa perspectiva que aqui se propõe, eles são apenas a mais
visível do continuum da literatura feita no país [...] (Fischer, 2021, p. 352).

Portanto, o sertão é aquele ambiente formativo “em regra abordado nas histórias da
literatura e na crítica comum como ‘regionalismo’” (Fischer, 2021, p. 342) e está ligado ao
‘perspectivismo ameríndio’, expressão que o autor empresta de Viveiros de Castro (2015) e
que expõe um estilo de vida e um modo de sentir e pensar dos ‘ameríndios’.
Para Fischer (2021, 357), a formação sertão começa na tradição oral, “de
permanência ancestral e origem inencontrável”, e chega aos dias atuais por meio de escritores
como Alberto Mussa, Luiz Sergio Metz, Wilson Bueno e Paulo Scott, tendo como “ponto
altíssimo” Guimarães Rosa.
O autor (Fischer, 2021, p. 353) ressalta que ambas as formações “eventualmente
convergem”, mas o “processo de incorporação literária dessas empirias não tem feito parte da
história cultural e literária do país, a não ser como exceção, como ‘regionalismo’, como coisa
rebaixada – pela perspectiva modernisto-cêntrica”.
Nesse ponto de vista, Luís Augusto Fischer (2021, p. 360) dá como exemplos do
resultado “dos choques e dos encontrões” entre sertão e plantation obras e autores que vão dos
relatos de viajantes e missionários e da obra de Anchieta, no século XVI, ao Tropicalismo, na
virada dos anos 1960 para 1970, “o mais recente e talvez derradeiro” (Fischer, 2021, p. 364)
choque entre as duas formações.
Nesse entremeio, Fischer (2021) cita: Vieira, no século XVII, O Uraguai, de Basílio
da Gama, no século XVIII, o Romantismo, no processo de Independência, Alfredo Taunay e
27

Alencar, O Guesa e o Modernismo, com Macunaíma, Raul Bopp, Oswald de Andrade e


Graciliano Ramos.
Nessa direção, esses choques se localizam nos “momentos talvez os mais vistosos da
história da literatura, pelo tanto de problemas que impõe ao observador crítico” (Fischer,
2021, p. 360). Em concordância com o autor, no primeiro plano, estariam três momentos
decisivos: o Romantismo, o Modernismo e o Tropicalismo. No segundo plano, estariam
outros dois: um no século XVIII, com Uraguai; outro na virada do século XIX com Euclides
da Cunha.
Quanto ao Romantismo, o autor (Fischer, 2021, p. 361) se refere como a “primeira
grande pororoca visível de corpo inteiro do indianismo literário, óbvia mediação entre os dois
mundos”: sertão e plantation.
Sales e Souza (2013) assinalam que, a partir de dado momento, com base na
distinção filosófica entre os conceitos de universal e particular, interpretada em chave
axiológica, os estudos literários passaram a evitar a classificação como regionalistas de obras
e autores criticamente valorizados.
Tal posicionamento, sustentam os autores (Sales; Souza, 2013), tem como
pressuposto o entendimento de que o termo, “por seu conteúdo semântico, à medida que
exaltaria o particular em detrimento do universal, implicaria incontornável depreciação dos
objetos a que viesse a aplicar-se” (Sales; Souza, 2013, p. 8).
De modo complementar, muitos autores de obras com “nítida extração regional – o
que de modo algum necessariamente lhes compromete a qualidade” – assimilaram esse ponto
de vista e se puseram a repelir de forma enérgica o rótulo de regionalistas, “tomado como
estigma de que pretendem livrar-se a todo custo” (Sales; Souza, 2013, p. 8).
Soma-se a isso, uma “crescente redução do mundo a padrões cada vez mais
uniformes, sobretudo nos planos econômico, político e social (não obstante, é claro, as
persistentes assimetrias entre os países), mas também com decisivas repercussões no campo
da cultura” (Sales; Souza, 2013, p. 9) e que apontam como inevitável inserir, no debate sobre
o regionalismo literário brasileiro, um terceiro, ao lado dos termos região e nação:
globalização.
Além do mais, Souza (2017, p. 20) chama atenção ao fato de, por vezes, o
regionalismo ser valorizado como “simples signo de identidade”, substituindo o empenho
reflexivo pela “mera militância culturalista, [...] mais uma frente consagrada à promoção
política de diversidades e identidades”.
28

Desse modo, Souza (2017) defende que, para que haja a possibilidade de uma
retomada ‘verdadeiramente crítica’ da noção de regionalismo, de modo a criar as pré-
condições para explorar teórica e analiticamente as virtualidades do regionalismo como valor
propriamente estético, seria necessário remover as duas barreiras citadas acima: o desprezo
filosófico pelo particular e a fixação culturalista nas identidades.
Como exemplo de tal fixação, Souza (2017, p. 16) faz referência a uma “questão
conexa à do regionalismo, porém relativamente dele distinta”: as literaturas estaduais. Nesse
sentido, o autor diz considerar estranho o interesse pelas literaturas estaduais observável
atualmente nas universidades brasileiras sem uma problematização do conceito, tendência
que, na estimativa daquele, começou nos anos de 1980.
O autor (Souza, 2017) refere-se a diferentes universidades pelo país cujos cursos de
Graduação e Pós-Graduação em Letras têm em sua grade curricular disciplina sobre a
literatura do respectivo estado e em cujo vestibular autores locais integram a lista de leituras
obrigatórias, entre outras iniciativas.
Para Souza (2017), esse interesse parte “comodamente” de uma suposta evidência
natural: a de que, assim como há literatura brasileira, haveria também literaturas estaduais.

Ora, se a própria noção de literatura nacional é problemática, não menos o é


a de literatura estadual, e, sem se começar por uma séria discussão
conceitual do tópico, qualquer empenho no sentido de estudar-se uma
literatura estadual não tem a menor condição de sustentar-se, tendo antes
tudo para degenerar em pura exaltação de supostas identidades (Souza, 2017,
p. 16-17).

Nessa direção, o complexo ‘militâncias identitárias/exaltação de diversidades’ são


impulsos em princípio solidários, mas potencialmente contraditórios. Por esse ângulo,
“Assim, por exemplo, no caso que nos ocupa, uma identidade literária infranacional, para
afirmar-se, pode ser conduzida a negar outra identidade, a nacional, enfraquecendo, assim, a
própria diversidade literária” (Souza, 2018, p. 218).
Em artigo com o intuito de traçar um panorama histórico da literatura no município
de São Paulo, Candido (2006, p. 147) defende não haver literatura paulista, gaúcha ou
pernambucana, mas “sem dúvida uma literatura brasileira manifestando-se de modo diferente
nos diferentes Estados”.
Em contraponto, Fischer (2021) argumenta que o posicionamento de Candido se
sustenta em um pressuposto nacional.

[...] o que está longe disso, ou não se encaixa nessa premissa, está fora de
discussão. No entanto, do ponto de vista de quem reconhece uma relativa
29

autonomia na literatura brasileira e também na literatura gaúcha (talvez


igualmente na pernambucana), como eu, nada há de óbvio em decretar que
não haja literaturas infranacionais (ou supranacionais) no sentido de
processos históricos reais em que autores, obras e público leitor se reiterem e
realimentem significativamente (Fischer, 2021, p. 121).

Da mesma forma que Candido estuda literatura em um município, na época, inferior


em importância cultural, de forma contraditória à visada nacional-unitarista adotada por
aquele autor, acrescenta Fischer (2021, p. 121), é “claro” que se pode operar com outros
recortes, “todos eles coexistindo dentro da unidade chamada Brasil, no caso de se localizarem
em terras brasileiras, mas sendo visíveis não apenas nessa unidade”.

2.2 HISTÓRIA DA HISTÓRIA DA LITERATURA DE/EM RORAIMA

Após discussão sobre as aproximações e distanciamentos entre o nacionalismo e a


literatura regional, tal debate será trazido para âmbito mais específico, o local, no caso, o que
hoje se conhece como estado de Roraima.
Pode-se estabelecer como marco inicial dos estudos da literatura de/em Roraima o
protejo de pesquisa Introdução aos Estudos de Literatura de Roraima, realizado de 2004 a
2009 e coordenado por Cátia Monteiro Wankler, vinculado à linha Literaturas de Roraima,
do grupo de pesquisa Estudos Literários, registrado no CNPq (Wankler, 2021).
Aprovado e subsidiado pela Petrobrás, o projeto teve como desdobramento a
publicação do artigo Estudos de literatura de Roraima: uma abordagem multidisciplinar e
pluricultural (Wankler; Souza, 2007).
O projeto objetivou sistematizar informações existentes sobre literatura roraimense,
bem como levantar novas informações sobre o tema, por meio da coleta de material
bibliográfico, da organização de um banco de dados e “para a observação das marcas
identitárias que se apresentem nos textos coletados” (Wankler; Souza, 2007, p. 5).
Para Wankler e Souza (2007), uma das contribuições possíveis do projeto era
contribuir para o estabelecimento de um cânone literário roraimense. Trabalhos posteriores da
pesquisadora (Wankler, 2013b; Wankler; Nascimento, 2013), em coautoria ou não, indicam
que, para Wankler, mesmo na década seguinte, Roraima continuava sem cânone literário: tais
artigos referem-se ao movimento Roraimeira e a Zeca Preto, um de seus integrantes, como
não canônicos.
30

Em trabalho de 2007, Mibielli (2007) avalia como incipiente o cânone literário


difundido em Roraima, a partir do curso de Letras da UFRR, em qualquer das disciplinas do
campo literário.
O autor (Mibielli, 2007, p. 268) complementa que boa parte do que havia de cânone
no estado fora introduzido por meio de “retalhos, excertos e livros didáticos de qualidade
duvidosa em termos de estudos literários em nível de graduação em Letras”.
Em artigo de 2013, Wankler e Souza (2013, p. 210) sustentam que a Literatura de
Roraima “é um tema de estudos novo, cujo corpus ainda está se delineando”. As autoras
(Wankler; Souza, 2013, p. 210-211) complementam que, naquele período, verificava-se um
“significativo crescimento na quantidade e na qualidade editorial das obras literárias
publicadas e um crescente interesse por elas como temas de pesquisa”.
Anos antes, pesquisa de Wankler e Souza (2007) não localizou estudo algum sobre
literatura local. Por sua vez, em texto recente, Spotti (2021) avalia que ainda é ‘escasso’ o
estudo em Roraima sobre os escritores roraimenses.
Destaca-se que em 2006 foi criado o curso de Licenciatura em Letras da UERR, com
a disciplina Literatura Regional, tendo como ementa: estudo das manifestações literárias da
Região Norte e particularmente de Roraima, característica, autores e obras. Dois anos depois,
foi aprovado o Projeto Político-Pedagógico (PPP) do curso de Licenciatura em Letras da
UERR, com a disciplina Literatura em Roraima.
Mibielli (2007) cita a disciplina Literatura Regional como uma daquelas optativas da
grade curricular do curso de Licenciatura em Letras da UFRR, em vigor em 2007, as quais
nunca foram implementadas.
O autor (Mibielli, 2007) atribui tal situação à novidade da criação da UFRR na
década de 1990, à falta de professores pesquisadores no seu corpo docente, à inexistência de
mão de obra local qualificada que pudesse ter especial interesse em preservar aspectos
culturais locais e ao modelo de grade curricular, bem como ao tempo para sua conclusão que
não permitiu incluir mais carga horária nesse sentido.
Em 2009, foi criada a disciplina Literatura em Roraima no curso de Licenciatura em
Letras-Português da UFRR, ministrada por Eliakin Rufino a partir do ano seguinte
(CARREIRO, 2014). O nome da disciplina foi modificado para Literaturas amazônicas, pelo
projeto pedagógico de 2018.
De modo parcialmente concomitante, a disciplina eletiva do PPGL/UFRR A
Literatura no Contexto Roraimense, da linha de pesquisa Literatura, Artes e Cultura
Regional, existia pelo menos desde 2011 e ficou em vigor até 2018.
31

Mibielli (2007, p. 64) defende que no caso de Roraima, bem como de outras
periferias, “ditas regionais”, criar um cânone local/regionalista,

além de garantir a preservação de determinados valores da localidade,


pretende ‘rivalizar’ a título de ‘justiça’ com o cânone mais central (o qual,
por sua vez, reflete a literatura dos grandes centros, neste caso, da região
sudeste do país).

Ao constatar que, diferente dos ‘grandes centros cosmopolitas’, esses ‘rincões’,


‘quase sempre’, organizam sua produção local, nos cursos de Letras, em disciplinas
intituladas Literatura Local, ou Regional, Mibielli (2007, p. 64) infere ser tal circunstância
um “modo de resistência institucional e reafirmação dos valores locais frente a valores
estranhos à cultura local”.
Mibielli (2007, p. 66) enfatiza que mesmo entre os professores “não houve, em
momento nenhum, uma mínima homogeneidade de práticas e conhecimento, típica de
sistemas locais, que fosse capaz de gerar um norte, um paradigma para a educação literária e
Roraima”. Segundo o autor, ao contrário, o que se tentou ao longo da existência do curso de
Letras da UFRR foi adequá-lo ao modelo nacional.
O autor (Mibielli, 2007) lembra que as primeiras seleções para o curso de Letras da
UFRR foram por análise curricular, já que os ‘fundadores’ da universidade não viam
possibilidade de haver um mínimo de aprovação necessário para se formar uma turma, dada a
qualidade de conhecimento apresentada pelo público existente, servidores sem graduação
lotados nas escolas do estado.
O autor (Mibielli, 2007, p. 89) avalia que esses acadêmicos “liam mal, tinha uma
cultura literária abaixo do ‘sofrível’, escreviam muito mal e não tinham (a maioria, não todos)
interesse real nenhum em ampliar horizontes”.
Em 1990, quando da criação da UFRR e do curso de Letras, o número de docentes
estaduais sem graduação era superior a 95% dos contratados (Mibielli, 2007). O autor
(Mibielli, 2007, p. 81) complementa que a grande maioria ignorava até mesmo a necessidade
de uma universidade:

Os filhos da elite agrária local [...] estudavam fora do Estado [...].


Provavelmente por verem na criação da universidade a certeza de
concorrência pelas poucas oportunidades de trabalho e clientela, no
acanhado mercado existente. Talvez daí tenha advindo o discurso que gerou
o sentimento de que a instrução e nível superior não fosse um bem de
primeira necessidade em Roraima.
32

Nesse sentido, o autor (Mibielli, 2007, p. 268) avalia que Roraima avançou em
qualificação dos profissionais de ensino com a instalação da UFRR. “Mesmo sob precárias
condições de qualificação, houve ganho considerável se compararmos o que há hoje, com o
que houve no início da década de 1990”.
Uma pesquisa deste século aponta que o cenário mudou: dos 15 professores de
Língua Portuguesa/Literatura em escolas estaduais de Boa Vista a responder ao questionário,
12 tinham pós-graduação lato sensu (Santos, 2012).
Mibielli (2007, p. 71) questiona se o fato de ter sido criada para suprir carência
profissional imediata na área de Licenciatura no estado, “tendo que reunir e concursar um
corpo docente às pressas, numa região em que havia poucos pós-graduados na área de
Letras”, justifica a ausência de grupos de pesquisa e de material de pesquisa próprio da
UFRR. E formula a hipótese de que, pelo mesmo motivo citado acima, o curso tenha tido a
preocupação com pesquisas só despertada havia pouco mais de dois anos da publicação
daquele trabalho (Mibielli, 2007).
Em acréscimo, o autor (Mibielli, 2007, p. 79) cita número significativo de
professores do Departamento de Língua Vernácula da UFRR que, nos últimos 15 anos, por
perseguições políticas, foram desligados da universidade, por pedido de transferência e/ou
demissão “pura e simples”, um dos motivos para que o curso tenha tido ao longo de sua
existência “tão pouca efetividade no que diz respeito à pesquisa própria e índices tão baixos
nas avaliações das condições de oferta do MEC”.
Mibielli (2007, p. 90) cita, ainda, a ausência de livros literários disponíveis nos
primeiros anos de funcionamento da biblioteca da UFRR, bem como o fato de a Biblioteca
Central da instituição “nunca ter oferecido condições reais de consulta, por não haver sequer
um parco acervo catalogado e organizado em estantes temáticas”.
O autor (Mibielli, 2007) formula como hipótese a existência de ligação entre a falta
de acesso de livros literários pelos acadêmicos de Letras da UFRR e a não indicação dessas
obras em algumas disciplinas pelos professores.
Segundo Mibielli (2007, p. 70), “cada vez mais”, na área de Literatura e Teoria
Literária, representadas por disciplinas firmemente ancoradas na História da Literatura, “tem
se sentido (entre os professores) um constante desejo de transformação destas, em disciplinas
temáticas, de análise literária e com a exigência de trabalhos monográficos, ou artigos
científicos para sua conclusão (respeitando-se o nível concernente)”.
Spotti (2017; 2021) cita estudo, sob sua tutela, acerca de 14 escritores que criaram
suas obras em Roraima, realizado com o curso de Especialização em Língua Portuguesa e
33

Literatura da UERR/Campus Boa Vista, na disciplina Literatura em Roraima: Poesia e


Memória. Consoante a autora (Spotti, 2017), esse material, juntamente com o que foi
produzido pelos acadêmicos do curso de Letras/Campus Rorainópolis, com 26 escritores, fará
parte de um livro ainda no prelo.
A disciplina A literatura em Roraima: Poesia e Memória compunha projeto de
Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, aprovado em 2016 pelo Conselho
Universitário da UERR. Em 2018, a disciplina foi reformulada para Literatura em Roraima.
Em tese de 2017, Spotti (2017) destaca a existência de trabalhos de conclusão de
curso sobre literatura de Roraima, em nível de Graduação, na Universidade Estadual de
Roraima e na Universidade Federal de Roraima, e de Pós-Graduação stricto sensu nessa
última, com a produção de ‘muitas dissertações’, além de grupos de pesquisa da UFRR com
estudos de questões culturais de Roraima, na área da Língua e Literatura.
Spotti (2017) acrescenta que a UFRR tem incluído autores locais em suas provas de
vestibular, tais como Nenê Macaggi, Devair Fiorotti, elimacuxi1, Neuber Uchôa, Zeca Preto,
Eliakin Rufino e Roberto Mibielli, presentes nas provas de 2015.
A pesquisa de Spotti (2017) apontou ainda que 65% dos 20 professores de Língua
Portuguesa e Literatura no Ensino Médio da Rede Estadual de Roraima, que participaram do
estudo2, afirmaram conhecer autores regionalistas3, mas somente 30% citaram autores de
Roraima e 10% elencaram obras de autores locais com as quais trabalhavam em sala de aula.
Spotti (2017) classifica como justificável esse desconhecimento dos docentes sobre
os escritores regionalistas, visto que apenas 3 dos 20 professores são roraimenses, ainda que
11 estivessem no estado há mais de 16 anos.
Nessa perspectiva, a investigadora (Spotti, 2017) não localizou no Plano de Curso4
das escolas indicativos sobre o trabalho com Literatura Regionalista, o que “comprova a falta
de articulação entre os saberes dos professores e sua prática” (Spotti, 2017, p. 156).

O Plano de Curso das escolas pesquisadas é muito sucinto e dá margens para


diversas interpretações sobre como deve ser conduzido o planejamento

1
O nome artístico da escritora pode ser encontrado com diferentes grafias: Elimacuxi, Eli Macuxi e elimacuxi.
Decidiu-se por essa última, em respeito à forma como a própria poeta, informalmente, a este autor, disse
preferir.
2
Foram 11 professores de Boa Vista, 2 de Bonfim, 3 de Caracaraí, 2 de Pacaraima e 2 de Rorainópolis (Spotti,
2017).
3
Spotti (2017, p. 95) entende como autores regionalistas “os que escrevem sobre a cultura local, identificando
questões essencialmente do contexto regionalista”.
4
Documento que serve como “um amplo instrumento de trabalho que será realizado durante o ano letivo e
direcionará a elaboração dos planos de unidade e o de aula” (Spotti, 2017, p. 148). Das oito escolas
pesquisadas, somente duas disponibilizaram os planos dos três anos do Ensino Médio. As demais liberaram
apenas um ou outro plano dos três anos do Ensino Médio (Spotti, 2017).
34

diário em sala de aula. Um exemplo claro está relacionado ao ensino da


Literatura Regionalista que é tratado subjetivamente, pois reporta a questão
cultural sem especificar se é local, se [...] mundial, nacional ou regional
(Spotti, 2017, p. 170).

Quanto à mesma questão acima feita aos professores, sobre autores regionalistas
trabalhados em sala de aula, apenas 13% de 365 alunos5 lembraram escritores de Roraima ou
do Amazonas (Nenê Macaggi, José Vilela, Eliakin Rufino, Milton Hatoum).

Desta forma, constatamos o desconhecimento dos alunos em relação a quem


são os autores regionalistas embora a Universidade Federal de Roraima –
UFRR, que possui um dos vestibulares mais procurados por ser instituição
pública, esteja incluindo nas provas informações sobre escritores
regionalistas (Spotti, 2017, p. 156).

Como dificuldade para trabalhar a literatura regionalista em sala de aula, os


professores citaram a indisponibilidade de material didático específico (55%), a desmotivação
dos alunos (30%), a existência de poucos exemplares (15%), a falta de cursos nessa temática
(10%) e a falta de recursos para a aquisição de materiais/livros (5%).
Nesse sentido, “Durante as conversas com os professores, eles informaram que as
escolas não possuem ou, se possuem, são um ou dois volumes de livros escritos pelos
escritores regionalistas” (Spotti, 2017, p. 124). A autora avalia que as escolas continuam
desatualizadas, sendo que alguns alunos somente conseguem acesso a conhecimentos
atualizados em cursos pré-vestibulares. H. Santos (2012) complementa que as escolas de Boa
Vista, que atendem os jovens leitores, apresentam, em alguns casos, bibliotecas com o acervo
desatualizado.
Além disso, 60% dos professores a responder ao questionário de Spotti (2017)
declararam desconhecer a proposta de trabalho com a literatura regionalista do Referencial
Curricular da Rede Pública Estadual para o Ensino Médio (Recurpem)6.
Criado em 2012 pela Secretaria de Estado da Educação, o Recurpem orienta sobre o
trabalho com as questões culturais locais e com a Literatura Regionalista, inclusive,
especificando o que deveria ser estudado em cada ano do Ensino Médio, na disciplina de
Língua Portuguesa.
Em sintonia com os referenciais dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs),
Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (OCNEM) e Diretrizes Curriculares

5
Foi aplicado questionário com alunos de turmas do terceiro ano do Ensino Médio das oito escolas pesquisadas
por Spotti (2017).
6
Documento criado pela portaria n.º 1.794/12/SECD/GAB/RR, publicado no Diário Oficial do Estado de
Roraima em 3 de julho de 2012 (Spotti, 2017).
35

Nacionais do Ensino Médio (DCNEM), o Recurpem “contém os conteúdos das três séries do
ensino médio e os procedimentos didático-pedagógicos que contemplam as especificidades de
cada disciplina do currículo” (Spotti, 2017, p. 65), o que inclui orientações para o trabalho
com questões culturais locais e literatura de Roraima.
Nessa direção, Spotti (2017, p. 118) ressalva que “[...] o Recurpem é um documento
oficial que foi concluído em 2012 e elaborado com a participação de profissionais da
educação que ainda estão atuando nas escolas”. E complementa que, além de redigido com a
participação dos professores, o Recurpem está disponível nas unidades escolares.
Conforme a autora (Spotti, 2017), um dos entrevistados declarou que o Recurpem
não está sendo discutido nem trabalhado na sua escola, mesmo que a unidade tenha um
profissional que conheça o documento e tenha participado de sua elaboração.
Quanto ao acesso a material literário em pesquisas, para C. Wankler e G. Souza a
produção literária roraimense segue uma trajetória contínua e ininterrupta, com vários textos
“dignos de nota, embora não muitos tenham sido publicados”, mas, segundo as autoras,
“Grande parte das obras dos escritores de Roraima está precariamente impressa, sem
catalogação ou indexação ou, o que é mais preocupante, permanece em manuscritos, correndo
o risco de se perder” (Wankler; Souza, 2007, p. 3).
Desse modo, alegam Wankler e Souza (2007, p. 4), “é difícil aferir dados sobre as
potencialidades dos textos mais antigos, tendo em vista o desconhecimento que paira sobre
grande parte deles”.
Noronha, Ferreira e Wankler (2009) apontam como fatores para a dificuldade de
localizar essas publicações a falta de acessibilidade das obras para a comunidade, a falta de
incentivo aos acadêmicos em estudar a literatura local, a falta de apoio aos escritores que
estejam interessados em editar suas obras e a não utilização dessas obras nas escolas do
estado, onde pouco se sabe sobre a literatura da região.
Sobre a literatura indígena, Wankler e Souza (2007) registram que há circulação de
textos orais e pouco registro escrito.

Mais do que a não-indígena, a produção indígena acaba sendo a mais


ameaçada de desaparecer, tendo em vista que o registro oral tem sido
prejudicado pela progressiva supressão das tradições próprias em função do
intenso contato com outras culturas e, sobretudo, de uma história de
dominação e violência (Wankler; Souza, 2007, p. 3).
36

Em contrapartida, as autoras (Wankler; Souza, 2007) fazem referência a projetos de


revalorização da cultura e das tradições dos povos indígenas de Roraima, em especial, com o
objetivo de registrar a história oral desses povos.
Em trabalho anterior (Pimentel, 2022a), verificou-se, de modo geral, um volume
relativamente pequeno de pesquisas científicas sobre literatura produzida por autores naturais
ou moradores de Roraima e, menor ainda, de investigações com o objetivo de mapear essa
produção literária ao longo dos tempos.
O referido trabalho (Pimentel, 2022a) identificou um único estudo acadêmico que fez
levantamento de publicações literárias de autores de Roraima: o Relatório final de pesquisa –
PIBIC/CNPQ 2005 - 2006: estudos de literatura de Roraima, de Wankler e Souza (2006).
Ressalva-se, contudo: o trabalho (Pimentel, 2022a) localizou também pesquisas
acadêmicas que, mesmo sem o objetivo de fazer levantamento da produção literária
roraimense, registram importantes informações nesse sentido.
O trabalho (Pimentel, 2022a, p. 48) identificou ainda uma “significativa
concentração de estudos em obras literárias de uma mesma autora: Nenê Macaggi”, cujas
publicações foram objeto de pesquisa exclusivo de pouco mais de 40% do total da produção
acadêmica ali analisada, o equivalente a 8 dos 19 trabalhos estudados.
É interessante destacar como esse volume de pesquisas é relativamente recente,
conforme já havia sido constatado por Artemiza Silva (2019). Em dissertação de 2015,
Almada (2015) avaliara que, à época, eram ‘bastante escassos’ os estudos sobre a produção
intelectual e literária de Nenê Macaggi no meio acadêmico. Para Monteiro (2019), a ‘pouca
fortuna crítica’ sobre a escritora tem transitado em grande parte por aspectos dos
regionalismos.
Ao passar décadas sem uma segunda edição, o que se daria em 2012, o romance A
mulher do garimpo, de Nenê Macaggi, chegou a ser considerado uma raridade, uma vez
esgotado nas livrarias e sem exemplares disponíveis em bibliotecas públicas, restrito ao
acervo pessoal de colecionadores amigos da escritora (Almada, 2015; Silva, 2016).
Como resultado, Almada (2015) e Silva (2016) relatam casos específicos de
desconhecimento da obra de Nenê Macaggi entre alunos e professores de curso de Graduação
em Letras e da Educação Básica, um termômetro a partir do qual se pode inferir a falta de
leitura da produção da referida autora pelo restante da população do estado.
Conforme Monteiro (2019, p. 21), Nenê Macaggi começou a sair dessa “condição de
invisibilidade” em 2002, quando a exposição Força, Graça e Magia de Mulher, realizada pela
Casa da Cultura Madre Leotávia Zoller, ligada à Secretaria de Estado da Educação, Cultura e
37

Desportos, e pelo Museu Integrado de Roraima (MIRR), evidenciou a presença da autora no


meio artístico da época.
Anos depois, a biografia da escritora foi destaque no audiovisual: o projeto de
documentário Nenê Macaggi: Roraima Entrelinhas, de Elena Fioretti, foi selecionado em
2004 pelo programa DOCTV II7, como representante de Roraima (Sai, 2004), e estreou em
2005 (Rede, 2005). O videodocumentário trata da cultura regional e as relações entre os
pecuaristas, garimpeiros e indígenas, por meio da obra e vida de Nenê Macaggi (Acervo
Educacional TV Cultura, 2009).
Adotado como obra de leitura obrigatória para os candidatos ao vestibular de 2009 da
UFRR, o romance A Mulher do Garimpo foi logo em seguida retirado da lista devido à
ausência de exemplares em livrarias e bibliotecas (Mello, 2022), voltando a integrar o
conteúdo programático do certame entre os anos de 2014 e 2015.
Em pesquisa realizada por Feitosa (2014), Nenê Macaggi e seu romance A Mulher do
Garimpo figuraram entre os mais citados por alunos de Ensino Médio, mas, ainda assim, não
chegaram a ser mencionados por mais de 5 estudantes em cada escola: a autora foi
mencionada por 0,28% de 1.787 estudantes de uma 1ª escola e, desses, 0,06% citaram o
referido romance; 0,30% de 670 alunos de uma 2ª escola; 0,45% de 672 de alunos de uma 3ª
escola e, desses, também 0,45% citaram o romance.
Considerando-se o exposto acima, aliado ao fato de o único curso de Pós-Graduação
stricto sensu em Letras de Roraima, o da Universidade Federal, ser ainda recente, tem-se, por
ora, um debate em fase inicial sobre a literatura produzida no estado.
Criado em 2008, o PPGL/UFRR oferta curso de Mestrado desde 2010 (Universidade
Federal de Roraima, 2013), cuja nota subiu de 3 para 4 na avaliação quadrienal 2017-2021 da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC).

Em contrapartida, principalmente nos últimos anos, a publicação de


trabalhos acadêmicos por novos pesquisadores, em especial, oriundos do
Mestrado em Letras da UFRR, tem aumentado o volume da produção
científica sobre títulos literários publicados por autores de Roraima, bem
como intensificado a pluralidade dos objetos desse tipo de estudo (Pimentel,
2022a, p. 48).

Ainda que pouco referida em trabalhos acadêmicos, a ideia de que não exista uma
literatura de Roraima pode ser encontrada tanto no senso comum, quanto nos bastidores

7
Desenvolvido pelas Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, Fundação Padre Anchieta/TV Cultura
e Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (Abepec), o programa financiou a
realização de documentários em diferentes estados do país (Pereira, 2009).
38

acadêmicos, como registram Roberto Mibielli (2017b) e Cátia Wankler e Glaciele Souza
(2007).

Esse bordão [“Roraima é uma terra sem cultura”], repetido inúmeras vezes
até mesmo por pessoas que defendem uma imagem específica da cultura
local, tem servido tanto ao propósito de tentativas de intelectuais, poetas e
escritores de emprestar uma imagem para a cultura local, como para o
descaso de dirigentes e órgãos públicos no fomento à cultura e artesanatos
locais. E é aí que a permanência de escritores e obras tem sido fundamental
para que o quadro de crença no vazio, na inexistência, se modifique
(Mibielli; Campos; Jobim, 2019, p. 34).

Em trabalho de 2007, Mibielli (2007, p. 268) avaliou que a ausência, na época, de


um curso de Pós-Graduação em Letras na UFRR, com uma linha específica de investigação e
estudo da cultura e literatura local, também ajudava a “manter vivo o mito de que no Estado
de Roraima não há produção literária”. Nessa perspectiva, Wankler e G. Souza (2007)
refutam a ideia de inexistência de literatura de Roraima, com a justificativa de que há
produção e circulação de obras literárias.
Mibielli (2017b) também é um autor importante para se pensar a literatura de/em
Roraima. Em trabalho produzido em coautoria (Mibielli; Campos; Jobim, 2019, p. 33), lê-se
que a literatura do estado, “longe de ser um sistema constituído (a modos de Antonio
Candido), vive ainda hoje seus dias de manifestações literárias”.

O grande problema, passa a ser quando não há nesses lugares periférico-


fronteiriços um sistema literário já instituído, ou seja, quando a literatura
destes lugares conta apenas com manifestações bissextas e esparsas de
poetas (em saraus da província?), cantadores e compositores (em saraus da
província?), romancistas e teatrólogos, sem mercado (apenas em saraus da
província?), sem livrarias e com uma realidade na qual há feiras de livros,
propostas por organizações não governamentais como as do sistema “S”, das
quais não participam as poucas livrarias existentes nestes estados/cidades.
Ou mesmo quando estes lugares ainda têm um sistema crítico incipiente, ou,
do ponto de vista de alguns dos membros da academia (leia-se cursos de
Letras, que são os que ajudam a determinar e perpetuar o cânone), que
ignora a existência do pouco que há de forma sistemática (Mibielli, 2017b, p.
89-90).

Para Suênia Feitosa (2014, p. 46), “devido à imaturidade da produção de Roraima,


especificamente do movimento Roraimeira, podemos pensar que estamos diante de uma
manifestação literária”. A autora (Feitosa, 2014, p. 14) refere-se ao sistema literário do estado
como “incipiente” ou “inexistente” e empreende pesquisa de recepção daquele movimento
com o intuito de “saber se os primeiros passos para a formação de um sistema no Estado estão
sendo dados”.
39

Como se percebe, tanto Mibielli (2017b) quanto Feitosa (2014), para discutirem a
literatura roraimense, apoiam-se no debate feito por Candido (1999) sobre o processo de
formação da literatura brasileira.
Considerando as classificações ‘sistema inexistente’ e ‘sistema incipiente’, usadas
por Feitosa (2014), como equivalentes a ‘era das manifestações literárias’ e ‘era da
configuração do sistema literário’, de Candido (1999), evidencia-se que aquelas duas
primeiras classificações se distanciam uma da outra, tanto em significado, quanto do ponto de
vista cronológico.
Segundo Candido (1999), em nível nacional, as duas eras acima citadas pelo autor
duram pelo menos um século cada, sendo que a era das manifestações literárias vai do século
XVI ao meio do século XVIII e a da configuração do sistema literário começa no meio do
século XVIII e termina na segunda metade do século XIX.
Se tomado como referência esse processo nacional, pode-se dizer que, no âmbito
estadual, a formação da literatura se dá de modo semelhante, ainda que em menores
proporções e não exatamente de modo simultâneo às etapas nacionais.
Mibielli (2017a) destaca a necessidade de considerar o descompasso existente entre
os tempos/períodos de formação do cânone central da tradição literária brasileira e um
possível cânone regional amazônico, incluso o de Roraima.
Para dar conta da pluralidade de olhares sobre a existência ou não da literatura do
estado, diferentes autores adotam designações como ‘literatura de/em Roraima’ (Mibielli,
2017b; Silva, 2016) e ‘literatura de/em/para Roraima’ (Mibielli, 2019; Ortiz, 2016).
Esse impasse sobre a existência ou não de uma literatura estadual, ou mesmo
regional, pode ser encontrado em outros lugares do Brasil, evidenciado pela escolha por uma
ou outra preposição, ‘de’ e ‘em’, ou pela convivência de ambas, quando se faz referência à
produção literária relativa a uma unidade federativa ou região, ou ainda por outra solução
discursiva.
Em seu inventário sobre literaturas estaduais no Brasil, “certamente incompleto” e
com possíveis “imprecisões”, sem “qualquer pretensão de levantamento sistemático” (Souza,
2017, p. 18-20), R. Souza pontua que na Universidade Federal do Paraná (UFPR) havia no
currículo a disciplina literatura no Paraná, a partir do pressuposto de que “não haveria uma
literatura paranaense, diferentemente do que ocorreria nos demais estados da região Sul,
onde existiriam respectivamente uma literatura gaúcha e uma literatura catarinense” (Souza,
2017, p. 19, grifos do autor).
40

Por sua vez, na Universidade Federal do Pará (UFPA), ensinam-se literatura


amazônica e literatura de expressão amazônica, como disciplinas optativas de pós-graduação
(Souza, 2017).
Mais importante que a nomenclatura, acredita-se ser fundamental sublinhar o esforço
nesta pesquisa na tentativa de compreender esse estado de coisas de ordem literária que se dá
no território atualmente conhecido como Roraima, independentemente se se trata de algo
próprio do estado ou não.
Tal como Fischer (2021, p. 25) faz em relação ao Brasil, nesta investigação, Roraima
não será tomado como uma “essência atemporal”, apoiada naquilo que Candido (2000b)
chama de patriotismo regional, mas como um “processo histórico que pode ser considerado a
partir do conjunto da literatura que nele se manifesta” (Fischer, 2021, p. 25); “uma construção
real, uma experiência histórica concreta, dentro da qual está inscrita uma literatura” (Fischer,
2021, p. 51).
Como se vê, a discussão não está encerrada. Do mesmo modo como são
relativamente recentes a produção literária escrita local e o próprio estado, o debate
acadêmico sobre literatura de Roraima ainda tem muito a se desenvolver.

2.2.1 História da Literatura de Roraima: proposta de metodologia

A partir do exposto acima, pode-se apontar como desafio desta pesquisa evitar: a
adoção de conceito simplista de literatura, o cronologismo tradicional, a aplicação acrítica de
categorias exógenas, o unitarismo, o modernismo-centrismo, a linearidade teleológica
evolucionista, o isolacionismo e a militância culturalista.
De modo diferente, pretende-se esboçar, de forma crítica, uma História da Literatura
de Roraima em sua complexidade e diversidade, sem adotar como critério único de validação
dos demais uma tendência, um movimento, autor ou obra, bem como considerando os
diálogos com outros sistemas literários, brasileiros ou não.
Esta investigação tem como referências pesquisas semelhantes como Formação da
Literatura Brasileira (Candido, 2000a; 2000b) e Literatura Gaúcha (Fischer, 2004).
Quantos aos objetivos da investigação, trata-se de pesquisa descritiva (Gil, 2002),
uma vez que busca descrever as caraterísticas de determinado fenômeno, no caso a produção
literária de autores de Roraima ao longo da história.
41

O método de procedimento aqui adotado será o histórico, que “consiste em investigar


acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar a sua influência na
sociedade de hoje” (Marconi; Lakatos, 2003, p. 107).
Sustentam as autoras (Marconi; Lakatos, 2003, p. 107): “o método histórico preenche
os vazios dos fatos e acontecimentos, apoiando-se em um tempo, mesmo que artificialmente
reconstruído, que assegura a percepção da continuidade e do entrelaçamento dos fenômenos”.
Quanto aos procedimentos técnicos, aqui far-se-á pesquisa bibliográfica e
documental. Para Gil (2002), a primeira é desenvolvida com base em material já elaborado,
constituído de livros e artigos científicos e se diferencia da segunda por conta da natureza das
fontes.

Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das


contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa
documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento
analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da
pesquisa (Gil, 2002, p. 45).

Para Gil (2002), nem sempre fica clara a distinção entre a pesquisa bibliográfica e a
documental, visto que as fontes bibliográficas nada mais são que documentos impressos para
determinado público, além de boa parte de as fontes usualmente consultadas nas pesquisas
documentais poder ser tratada como fonte bibliográfica.
Levantamentos realizados por este autor (Pimentel, 2018c; 2021b; 2021c; 2023)8
relativos a obras literárias de escritores de Roraima publicadas entre 1975 e 2023 serão
considerados procedimentos de coleta não sistematizados para esta pesquisa.
O levantamento denominado Cordel de Roraima: levantamento (Pimentel, 2021b)
localizou 119 folhetos de cordel de autores do estado publicados desde 1975, cujos dados
sobre obras e seus respectivos autores foram organizados por ano.
O levantamento Histórias em Quadrinhos de Roraima: levantamento (2014-2021)
(Pimentel, 2021c) identificou 19 obras de Histórias em Quadrinhos (HQ) roraimenses, avulsas
ou seriadas, publicadas no período mencionado, nos suportes impresso e digital, organizadas
por autor e ano.
O levantamento Peças de teatro de Roraima publicadas em livro: levantamento
(2001-2022) (Pimentel, 2023) encontrou cinco livros com uma ou mais peças de teatro de
Roraima, publicados nos suportes físico e digital, organizados por ano.

8
Os levantamentos mencionados foram atualizados até 2021, 2022 ou 2023.
42

Atualizado até 2023, o levantamento Obras Literárias de Roraima (1976-2023)


(Pimentel, 2018c) localizou mais de 350 livros e folhetos do período citado, em prosa e
poesia, e foi feito em duas etapas: na primeira, foram identificadas as obras, e seus respectivos
autores, organizadas por ano de publicação da primeira edição.
Na segunda etapa, foram coletadas as seguintes informações de cada obra: autor
(a)/organizador (a), título, cidade, editora e ano de publicação, sinopse e informações
complementares, além de imagem da capa da obra. Ressalva-se que a segunda etapa não foi
realizada com a totalidade dos livros localizados na etapa anterior.
Foram fontes desse levantamento preliminar acervos públicos e privados dos
municípios de Boa Vista e Rorainópolis. Os acervos públicos consultados foram os da
Biblioteca Pública Estadual e das bibliotecas da UFRR e do IFRR, bem como das salas de
leitura das escolas estaduais Lobo D'Almada, Gonçalves Dias, Penha Brasil, Monteiro
Lobato, Ulysses Guimarães, Euclides da Cunha e Francisca Élzika e do Colégio de Aplicação
da UFRR.
Quanto aos acervos privados, foram consultados as bibliotecas do Serviço Social do
Comércio (Sesc) e do Serviço Social da Indústria (Sesi) e o Centro de Documentação
Indígena (CDI) dos Missionários da Consolata, ligado à Diocese de Roraima, assim como as
livrarias Nobel, Boa Vista e Clube dos Livros, a Banca Playboy e o acervo pessoal dos
escritores Lindomar Neves Bach e Edgar Borges. Foram ainda consultados no levantamento
preliminar trabalhos acadêmicos e sites na internet.
O passo seguinte a ser desenvolvido por esta pesquisa será a organização preliminar
das obras em formações e tendências literárias, tendo como base o conhecimento prévio deste
investigador a respeito das publicações.
Nessa etapa, com base em Fischer (2021), será considerada a mais ampla gama de
textos literários possível, independentemente do idioma, gênero e público ao qual se destina,
incluindo a literatura indígena, o gênero ‘canção’, bem como peças de teatro e roteiros para
cinema e teledramaturgia, ópera e samba-enredo, HQ, cartum e graphic novel.
Fischer (2021, p. 376) parte do pressuposto de que as modalidades artísticas letradas
mencionadas “pertencem ao grande reino da literatura”, porque são centradas na palavra, em
algum grau, e, portanto, merecem “de algum modo o direito de existência numa nova história
literária”.
Dessa forma, não serão considerados literários nesta pesquisa textos oriundos do que
o autor (Fischer, 2021) chama de Ofícios da Palavra, em contraposição às Artes da Palavra: a
História e as Ciências Sociais, o Direito e a Filosofia, a Psicologia e o Jornalismo, as Ciências
43

da Natureza e suas aplicações tecnológicas, as áreas de Administração, a Crítica Literária,


entre outras.
Em um segundo momento, considerando-se as limitações de tempo do Mestrado,
serão escolhidas obras por este autor consideradas significativas para uma leitura mais
aprofundada, a fim de perceber características não identificadas até ali e que possam ser
importantes para um melhor entendimento a respeito daquela formação ou tendência literária.
Serão critérios para escolha dessas obras a receberem nova leitura: o reconhecimento
público de cada autor, o nível de conhecimento produzido sobre o autor ou a obra e ainda a
existência de indício de que uma obra pouco conhecida possa trazer luz sobre aspectos
importantes, mas ainda não identificados ou carentes de mais desenvolvimento em pesquisas
sobre literatura de Roraima.
Assinala-se que essa leitura em profundidade pode resultar na realocação de um ou
mais autores e obras para formação e/ou tendência literária diferente do enquadramento
promovido em momento anterior da pesquisa.
Tal procedimento analítico será empreendido a partir de três elementos do sistema
literário (Candido, 2000a): obra, autor, público. Desse modo, será discutido como, em cada
tendência literária proposta, tais elementos se constituem e interagem entre si, de modo a
permitirem certa continuidade da tradição.
Sobre o elemento ‘obra’, será questionado: quais são elas? Quais são suas
características representativas?
Sobre o elemento ‘autor’, será questionado: quem são eles? Quais os aspectos
significativos da biografia de cada autor para a sua produção literária? Como esses autores se
relacionam com outros?
Sobre o elemento ‘público’, será questionado: que públicos são esses? Quais são suas
características significativas, do ponto de vista literário? Onde e como as obras circulam?
Compõem o corpus desta investigação textos literários escritos e orais, publicados
em livros, folhetos (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2002) e periódicos, impressos
e digitais, bem como em CDs e sites. De forma complementar, serão inclusos nesta pesquisa
textos, em quaisquer suportes (impresso, digital, sonoro, audiovisual etc.), com informações
sobre autores e obras roraimenses.
Tal como Fischer (2021, p. 327), acredita-se que “de algum modo é possível
conceber uma história da literatura envolvendo alguma modalidade de ‘literatura oral’”.
Acrescenta-se que autores como Joaquim Norberto (Silva, 2001) e Sílvio Romero (1902)
também pleitearam a inclusão de textos orais na História da Literatura brasileira.
44

Destaca-se que esta investigação não coletará os textos orais diretamente dos
narradores, cantores, curadores9. Serão considerados unicamente os textos orais registrados,
seja por meio de transcrição ou gravação em áudio e/ou vídeo.
Para esta pesquisa, serão considerados autores do sistema literário de Roraima
aqueles nascidos e os que moram ou moraram no território hoje denominado estado de
Roraima, da mesma forma como os pertencentes a grupos étnicos indígenas atualmente
presentes no estado.

9
Tais categorias serão pormenorizadas no capítulo de análise.
45

3 FORMAÇÃO LITERÁRIA PARENTE

De modo geral, a literatura de Roraima pode ser dividida em duas tradições ou


formações: Parente10 (indígena) e Karaiwa11 (não indígena). Para fins didáticos, este trabalho
dividiu a formação Parente nas quatro tendências mencionadas mais abaixo. E a formação
Karaiwa em outras quatro tendências: Relatos de Viajantes, Literatura de Inspiração Clássica,
Composição de Roraima e Glocal, pormenorizadas no próximo capítulo.
Já que não se trata de fases cronologicamente sucessivas, tais formações e tendências
literárias podem coincidir temporalmente, ainda que de modo parcial. Candido (2000b, p.
316) chama esse viés classificatório, de “tipológico, não histórico”, uma vez que esses tipos
“sucedem-se cronologicamente mas não se excluem”.
A formação Parente caracteriza-se por ter como base a cultura dos povos originários,
pelos textos, em prosa e poesia, predominantemente orais ou com a oralidade como
referência. Entende-se aqui os textos indígenas como literários, tal como o fazem Fiorotti
(2019a; 2020) e Fonseca (2015).
Atribuída incialmente a uma coletividade, mais recentemente a autoria de textos
dessa formação tem sido conferida a escritores individuais. Tendo como base a noção de
efeito de autoria (Gallo, 2012) e autoria indígena (Graúna, 2013; Behr, 201712 apud Dorrico,
2018; Romero, [2010]; Goldemberg, 2009; Souza, 2006; Dorrico, 2015; 2018; Carvalho,
2021), essa formação pode ser dividida em quatro tendências:
1) Encanto;
2) Coleta;
3) Restauração;
4) Criação.
Para Gallo (2012, p. 55), efeito de autoria é:

o efeito de um texto que se alinha a um lugar discursivo legitimado,


reconhecível, sem que haja, para sua interpretação, necessidade do contexto
imediato, porque o que está dito se alinha a uma discursividade recorrente,
que faz com que ao lermos, re-conheçamos os sentidos.

10
Termo utilizado por pessoas indígenas em referência a outro indígena, independente de laços sanguíneos.
11
Termo utilizado pelos indígenas de Roraima e de outros estados em referência aos não indígenas.
12
BEHR, Héloïse. A emergência de novas vozes brasileiras: uma introdução à literatura indígena no Brasil. In:
MELLO, Ana Maria Lisboa de; PENJON, Jacqueline; BOAVENTURA, Maria Eugenia. Momentos da
ficção brasileira. Porto Alegre, EDIPUCRS, 2017. p. 259-279.
46

Efeito de autoria é aqui entendido como o resultado do procedimento em que o status


de criador de um texto literário é socialmente atribuído a um ou mais sujeitos individuais ou
coletivos.
Assim, o fato de uma das tendências acima elencadas ser denominada ‘criação’ não
significa que, para este autor, não há criação ou criadores nas demais tendências. Trabalha-se
aqui com o conceito de efeito de autoria. Logo, mais importante para esta pesquisa é como o
indivíduo é socialmente visto, e menos o que ele ‘realmente é’.
Devair Fiorotti (2018a) cita três gêneros textuais como principais representantes das
artes orais macuxi (Fiorotti, 2018b): canto (eren), palavra encantada de cura (taren) e
narrativa (panton).
Ressalva-se que a referida classificação, feita por Fiorotti (2018a) em referência a
artes verbais Makuxi, aqui é estendida às manifestações literárias indígenas de Roraima, de
modo geral. Aponta-se que, neste trabalho, preferiu-se a expressão ‘palavra encantada’ à
‘palavra encantada de cura’, o que será justificado mais à frente.
A partir de Viriato (2020) e Gimenes (2020), percebe-se que os textos indígenas
podem transitar entre os gêneros acima citados. Segundo Viriato (2020, p. 77), nas culturas
Makuxi e Wapichana, “Algumas histórias não são apenas uma história, são utilizados para
reza, em alguns casos”. O autor (Viriato, 2020, p. 77) usa como exemplo a história do
jacamim, utilizada para acalmar o tempo:

quando a pimenta é jogada em lago perigoso, quando começa o temporal na


beira do igarapé que se forma rapidamente, o ancião que sabe a reza pode
fazer para conter o perigo existente naquele lago ou igarapé. O rezador
utiliza a história do jacamim que usa todos os seus rituais para acalmar o
bicho zangado.

De acordo com Gimenes (2020), em relação aos Ye’kwana, rituais acompanham os


cantos e servem como remédio e proteção para pessoas e animais. E acrescenta: “Todas as
histórias estão relacionadas com um canto e com algum tipo de ação e servem para
purificação e bênção, para apaziguar a morte e varrer os maus espíritos” (Gimenes, 2020, p.
13).

3.1 FORMAÇÃO PARENTE: TENDÊNCIA ENCANTO


47

A tendência Encanto13 é marcada pela oralidade. A autoria é atribuída a um ou mais


povos indígenas. Alguns textos somente chegaram ao público não indígena por meio dos
registros concernentes às tendências coleta ou restauração, descritas mais à frente. Outros
circulam até hoje exclusivamente pela oralidade.
De modo geral, a escuta dos textos dessa tendência se dá em meio à prática cotidiana
das populações indígenas, conforme a sua cultura, em que não há uma separação da arte em
relação a outros aspectos da vida, como há nas culturas não originárias, ainda que se veja
também este tipo de prática cada vez mais frequente entre artistas indígenas,
proporcionalmente ao nível de contato com a cultura ocidental.
Um aspecto interessante em relação aos textos literários orais indígenas é que, se de
um lado esses estão limitados à copresença ouvinte-intérprete, a formação de público é
potencialmente menos excludente que nos textos escritos, já que aqueles não exigem
alfabetização, tampouco o sentido da visão.
Ou seja, pode ter acesso ao texto literário indígena oral qualquer indivíduo presente
no momento da interpretação (canto, proferição de palavra encantada, narração), desde que
compreenda o idioma, o que inclui crianças, idosos, pessoas com deficiência visual etc.
Cantos e narrativas indígenas tematizam não apenas a realidade mítico-histórica
ancestral dos povos originários, mas também o contato com o universo não indígena, bem
como as consequências desse contato.
Entre as histórias coletadas por Koch-Grünberg (2022) na década de 10 do século
XX, uma delas narra transação em que um homem engana outro, fazendo esse trocar rede por
uma mucura que suspostamente defecaria pratas e deixaria seu novo dono rico.
Mais adiante, na história, o mesmo homem engana outro, que havia trabalhado na
‘terra dos ingleses’ (então Guiana Inglesa), carregava mercadorias e aceitou trocar uma
espingarda, uma calça e uma camisa por uma árvore onde supostamente nasceriam moedas de
prata (Koch-Grünberg, 2022, p. 130).
Por sua vez, Diniz (1971, p. 96) registra história em que um tatu-bola, por meio de
um buraco por baixo da terra, levava um pescador até o Japão, mas, depois da morte desse,
garimpeiros “entupiram a entrada do caminho cavando e virando a terra”.
Além disso, entre os registrados por Fiorotti (2019a; 2019c) estão cantos de
homologação, em referência à homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, como

13
Optou-se pelo termo ‘Encanto’ pelo conjunto de leituras que esse proporciona: se de um lado remete ao
imaginário indígena, do qual fazem parte seres encantados, e ao estado de maravilhamento de quem se
submete à experiência estética com tais textos, também pode ser entendido como referência, direta ou indireta,
aos tipos de textos que compõem a respectiva tendência: canto, palavra encantada e conto (narração).
48

será aprofundado mais à frente, bem como areruias e simiidins, com referências expressas ao
Natal e a Jesus Cristo.
Como se pode notar, são textos da tendência Encanto com referências a elementos da
cultura não indígena: a ideia de riqueza como resultado de acúmulo financeiro, a existência
dos europeus e asiáticos, armas de fogo, a concepção da Terra como redonda,
garimpo/garimpeiros, regularização fundiária, Cristianismo etc.
É difícil precisar o marco inicial dessa tendência exatamente por sua característica
estritamente oral, pelo fato de os registros escritos desses textos não serem abrangentes o
suficiente e os estudos, não conclusivos a respeito.
Para se ter uma ideia, a datação arqueológica obtida no sítio Arara Vermelha/Pedra
do Sol, em São Luiz (RR), data de 9.400 anos (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, 2021). É plausível estimar a presença de cantos, palavras encantadas e narrativas
entre esses grupos humanos de modo contemporâneo àquele processo de ocupação.
Por conta dos registros da tendência Coleta, sabe-se da identidade de alguns cantores,
emissores de palavras encantadas e narradores. O mais famoso talvez seja Mayuluaipu, que,
mais que informante de Koch-Grünberg, atuou na década de 1910 como ‘explicador’ de
detalhes culturais relativos às narrativas proferidas por ele e por Akúli, também informante do
etnólogo alemão.
Akúli também merece destaque: na peça de teatro publicada no fim da década de
2010 no livro Makunaimã: o mito através do tempo (Taurepang et al., 2019)14, o personagem
Akuli-pa, neto daquele informante de Koch-Grünberg, conversa com Mário de Andrade.
Um destaque mais recente é para aqueles informantes de pesquisas acadêmicas que
foram a posteriori creditados como autores de livros literários resultado de transcrição dos
relatos que fizeram, tais como Clemente Flores, Bernaldina José Pedro, Terêncio Luiz Silva e
Caetano Raposo (Fiorotti; Flores, 2019a; 2019b; Fiorotti; Pedro, 2019; Fiorotti; Silva, 2019;
Raposo, 2022).
Destaca-se o projeto Panton Pia’, iniciado em 2007, sob a coordenação de Devair
Fiorotti (2019a), que registrou 39 narradores, além de cantos, ‘rezas’ e ‘superstições’, nas
terras indígenas São Marcos e Raposa Serra do Sol.
São poucos os estudos literários acerca de cantos indígenas e, menos ainda, sobre
palavras encantadas de etnias de Roraima, sendo mais comuns aqueles destinados à análise de

14
A autoria do livro Makunaimã: o mito através do tempo, é creditada aos povos Taurepang, Makuxi,
Wapichana, bem como a Marcelo Ariel, Mário de Andrade, Deborah Goldemberg, Theodor Koch-Grünberg e
Iara Rennó (2019).
49

narrativas dos povos originários. Sobre cantos indígenas, citam-se: J. Santos (2018), Emilio
Martins (2019), J. Oliveira (2019), Gimenes (2020) e Fiorotti (2018a; 2018b; 2019a; 2020).
Sobre palavras encantadas, cita-se novamente esse último autor (Fiorotti, 2018a; 2018b).
Em relação ao termo taren, encontram-se em Fiorotti diferentes traduções: reza e
superstição, palavra encantada de cura e/ou palavra mágica de cura (Fiorotti, 2018a; 2018b;
2020).
Ao se confrontar entrevista de Fiorotti (2017), em que esse diz não adotar a palavra
‘reza’, com pesquisas posteriores com o referido termo, infere-se que, em algum momento de
sua trajetória, o pesquisador decidiu pelo uso das expressões ‘palavra encantada de cura’ e
‘palavra mágica de cura’, em detrimento dos vocábulos ‘reza’ e ‘superstição’.
Todavia, tais vocábulos voltam a aparecer em textos de Fiorotti (2018a; 2018b;
2020), supostamente, pelas seguintes razões ou nestas situações: em textos os quais, ainda que
publicados posteriormente, estavam no prelo e, por algum motivo, não puderam ser
atualizados; em referência a projeto de pesquisa anterior à decisão acima citada; e em citações
a falas de terceiros.
Fiorotti (2018b) explica que o ‘rezador’ (tarenpokon) tem papel ‘bem’ definido na
comunidade: curar casos relacionados, especialmente, ao corpo, como diarreia e dor de
cabeça, e, durante as plantações, fazer com que a produção seja boa. O autor (Fiorotti, 2018b)
relata queixa proferida por interlocutora, de uma comunidade da Terra Indígena Raposa Serra
do Sol, de que teria ficado doente por causa de uma pussanga (‘reza’), lançada por uma
vizinha.
Segundo Fiorotti (2018b, p. 109):

a princípio, há uma relação direta do taren apresentado com a vida da


comunidade, a origem do povo macuxi, ao mesmo tempo essa poética não se
apresenta como tal, mas, sim, possui uma função clara na comunidade, como
palavras encantadas de cura, auxiliadas pelos conhecimentos curativos do
tarenpokon.

Apoiado no autor (Fiorotti, 2017; 2018a; 2018b), neste trabalho, decidiu-se pela
expressão ‘palavra encantada’ como equivalente a taren, entretanto, sem menção à cura,
considerando que os tarenkon15 podem ser usados tanto para a melhoria quanto para a piora
do quadro de saúde de alguém.

15
Plural de taren.
50

Reforça-se que esta pesquisa considera literário o canto indígena, tal como o faz com
o gênero ‘canção’. Fiorotti (2019a) frisa que, em grego, as artes poéticas estão relacionadas à
música, sendo o nome do subgênero literário lírico referência à lira.
Esclarece-se que a lira era um dos instrumentos musicais com que se acompanhavam
os poemas na Grécia Antiga, compostos exatamente para serem cantados ao som daqueles
(Rocha, 2012). Conforme R. Rocha, a lírica grega arcaica desenvolveu-se do século VII a. C.
até a primeira metade do século V a. C.
R. Rocha (2012, p. 86) frisa que, em vez de lírica, os poetas anteriores ao período
helenístico designavam aquilo que produziam como poesia “mélica”, “termo derivado de
mélos, ou seja, ‘canção’, ou mesmo mousiké, ōidé ou áisma, todas palavras que remetem à
ideia do ‘canto’”.
Para Fiorotti (2019a, p. 27-28), é impossível restituir a autoria nos poemas
relacionados aos cantos, “principalmente porque eles originam-se de autores diversos
desconhecidos e pertencem à memória de mais de um povo, os indígenas do chamado circum-
Roraima”.
Coautor do livro Panton pia’: eremukon do circum-Roraima (Fiorotti; Silva, 2019),
Terêncio Luiz Silva (Manaaka) teria aprendido os cantos transcritos na obra com quatro
homens diferentes, entre eles, o pai e os avôs.
Segundo Fiorotti (2019c), Bernaldina José Pedro, nome de registro de Meriná, com
quem o pesquisador divide a autoria do livro Cantos e encantos: Meriná eremu (Fiorotti;
Pedro, 2019) não é autora dos cantos publicados na obra: eles pertencem a uma produção
coletiva ou que “se tornaram de uso coletivo dos povos do circum-Roraima” (Fiorotti, 2019c,
p. 9).
Em ambos os casos, os cantos foram criados em tempos “impossíveis de definir”
(Fiorotti, 2019c, p. 11) e apresentam vocabulário antigo e com muitas palavras em desuso
(Fiorotti, 2019a), o que os torna incompreensíveis para maioria dos indígenas
contemporâneos.
São cantos em makuxi, “mas também é possível ouvi-los em outras línguas e/ou em
outros povos, como o taurepang” (Fiorotti, 2019c, p. 9). O autor (Fiorotti, 2019c) identificou
diferentes tipos de canto: tukui, parixara, more’ erenkato, areruia, simiidin e cantos de
homologação.
Fiorotti (2020) refere-se ainda a estilos de música citados por Koch-Grünberg, mas
“que, aparentemente, não mais há quem cante, pelo menos até o momento ninguém se propôs
51

a fazê-lo ou disse saber cantá-los durante as interlocuções com o projeto Panton Pia” (Fiorotti,
2020, p. 16): maruá, arebá, mauarí e kesekeyelemu.
Segundo Fiorotti (2020), o responsável pela interlocução na pesquisa, Terêncio Luiz
Silva, citou dois ritmos musicais não registrados até aquele momento e que o próprio
interlocutor desconhecia: ware’pan e manau’ã.
Tukui é um canto de temática variada, em geral, relacionado à sabedoria dos pajés,
para se fazer intervenções na natureza, como chamar chuva, acalmar trovões (Fiorotti, 219a;
2019c). Pode falar de animais, plantas, “mas principalmente apresenta um caráter mais íntimo
em relação ao seu domínio e execução: nem todos o dominam” (Fiorotti, 2019c, p. 9).
Parixara relaciona-se, em geral, à fartura das colheitas, chegada da caça ou pesca
com fartura e a datas comemorativas (Fiorotti, 2019a). De acordo com Devair Fiorotti (2019a,
p. 29), o parixara “é hoje o ritmo indígena mais difundido em Roraima, principalmente por
causa do movimento cultural Roraimeira [...], em que se divulgou a dança, bem como esse
movimento cita o nome parixara em várias músicas”.
More’ erenkato são cantigas de ninar: falam de animais, mas trazem aspecto trágico,
“como quando o pai do veado aconselha os filhos para se divertirem, pois o futuro deles é ser
tuma, damorida, comida para os indígenas pemóns” (Fiorotti, 2019c).
Resultado dos primeiros contatos entre as religiões cristãs e a realidade indígena, o
areruia é um canto relacionado ao culto.

De forma geral, os conteúdos dos areruias trazem termos cristãos como


temática principal, mas [...] outros termos do dia a dia dos indígenas também
ocupam lugar de destaque neles, constatando a provável influência do
parixara sobre o canto religioso (Santos, 2018, p. 116-117).

O simiidin é um canto em relação ao qual Fiorotti (2019c), sem dar mais detalhes,
descreve como religioso, tal como o areruia. De modo semelhante, o autor (Fiorotti, 2019a)
cita o marapá, mas não características desse, para além de registrar ter encontrado somente
um informante sobre o referido estilo de música.
Contemporâneos, cantos de homologação foram produzidos quando da homologação
da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, de Roraima, em 2005, pelo Governo Federal e cuja
constitucionalidade foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2009.

Um dos cantos diz da terra dos peixes, que agora vai se poder pescar. Ele diz
bem de quanto os indígenas sofreram sem liberdade de ir e vir, por causa dos
fazendeiros, que impediram trânsito livre para caça e pesca dentro,
ironicamente, das próprias terras indígenas (Fiorotti, 2019c, p. 10).
52

Registra-se que, dos dois cantos de homologação publicados na obra Cantos e


encantos: Meriná eremu (Fiorotti; Pedro, 2019), somente um tem a autoria individual
identificada no livro, enquadrando-se, portanto, como da tendência Criação, a ser
pormenorizada mais à frente.
Fiorotti (2019a) relata, ainda, no processo de tradução dos cantos da obra Panton
pia’: eremukon do circum-Roraima (Fiorotti; Silva, 2019), ter presenciado a inclusão de
palavras por Terêncio Luiz Silva, cantor e coautor do livro, porque, segundo este, “ficava
melhor” (Fiorotti, 2019a, p. 39).
Para Fiorotti (2019a, p. 39), há nesse processo de inclusão “uma presença individual
e não somente de reprodução, e uma memória coletiva”. Pode-se dizer, uma intervenção
autoral.
Ainda conforme Fiorotti (2019a, p. 39), quando dançado nas comunidades, o
parixara, além de repetições, é passível de improvisações na letra. Vê-se aí mais uma
possibilidade de atualização do texto e intervenção autoral. Conforme o autor (Fiorotti, 2020,
p. 17-18), “Parixaras são compostos ainda hoje, estão, por exemplo, sendo hibridizados em
areruais desde o contato com o branco e sua religião no século XVIII”.
Fiorotti (2019a, p. 39) faz um paralelo entre a frase geradora de cantos indígenas e o
mote usado por poetas contemporâneos, sobretudo, repentistas. Nos cantos analisados pelo
autor (Fiorotti, 2019a), a estrutura repete-se, sendo modificadas somente as primeiras
palavras. Nessa direção, J. Santos (2018, p. 28) registra que “Em um passado recente, as
repetições eram vistas comumente de maneira negativa”.
Fiorotti (2019a) vê ainda semelhanças no conteúdo e na extensão textual entre a frase
geradora dos cantos indígenas e o haicai. Na ‘quase totalidade’, as frases geradoras dos cantos
analisados pelo pesquisador (Fiorotti, 2019a) são breves e contêm uma imagem poética
condensada, tal como naqueles poemas orientais. Da mesma forma, a imagem poética de
ambos captura “o instante, a temática de coisas da natureza, hodiernas, sem arroubos”
(Fiorotti, 2019a, p. 46).
Para os Ye’kwana, o Wätunnä é o conjunto de cantos e narrativas que dão forma e
sentido à vida daqueles. Gimenes (2020) apresenta dois tipos de cantos: Acchudi e Ädeemi.
Enquanto o Acchudi é um canto de proteção contra tudo aquilo que faz mal para as
pessoas, usado em ‘quase todos’ os momentos do ciclo de vida do povo Ye’kwana, o Ädeemi
é executado em ocasiões de reuniões e festas (Gimenes, 2020).
Quanto às narrativas indígenas, tal como Fiorotti (2019a), preferiu-se neste trabalho
o termo história a mito ou lenda. Nessa perspectiva, em conformidade com o autor (Fiorotti,
53

2019a, p. 29), “Dada à dificuldade de separar mito de lenda bem como a problemática do
conceito mito quando aplicado às culturas ameríndias, uso somente o termo história quando
me refiro a mito e mesmo lenda, como tido por alguns”.
Fiorotti (2019a, p. 43) relata que, quando ainda estava conseguindo autorização para
iniciar pesquisas, uma liderança indígena o alertou: “isso que você chama de mito, fábula, é a
nossa história”.
Segundo Fiorotti (2019a), a relação cultura (homem) e natureza percebida nas
histórias indígenas por ele coletadas se diferencia “muito” da forma como nos relacionamos
com a natureza, principalmente, a priori, porque não há uma hierarquização do homem sobre
ela, sobre os animais na realidade mítico-histórica ancestral dos indígenas pesquisados. “No
tempo mítico-histórico das narrativas coletadas e dos cantos aqui apresentados, animais falam,
se casam, têm filhos com humanos. Vivem uns com os outros num mesmo patamar de
igualdade” (Fiorotti, 2019a, p. 41).

3.2 FORMAÇÃO PARENTE: TENDÊNCIA COLETA

A tendência Coleta é marcada pelo registro, escrito, em áudio e/ou vídeo, dos textos
relativos à tendência Encanto. Inicialmente, a coleta era feita por sujeitos externos às
comunidades indígenas: missionários, viajantes estrangeiros, etnógrafos, linguistas, literatos.
Destacam-se na referida tendência: Richard Schomburgk, João Barbosa Rodrigues,
Theodor Koch-Grünberg, Dom Alcuíno Meyer, Edson Soares Diniz, Julieta Souza Silva,
Diocese de Roraima, Carlos Alberto Maciel Pinheiro, Devair Fiorotti, Jucicleide Pereira
Mendonça dos Santos e Fernando Yekuana Gimenes.
Tal tendência literária coincide parcialmente com a tendência Karaiwa Relatos de
Viajantes, a ser descrita mais à frente, o que tem como consequência o fato das características
do público de ambas serem semelhantes.
Por ora, adianta-se que, publicados em livros e revistas científicas, esses textos
tiveram sua leitura restrita a um público específico, o que é confirmado em referência de
Medeiros (2002b, p. 11) a Theodor Koch-Grünberg: “poucos leram a versão original [...], tal
como a recolheu Koch-Grünberg”.
Um marco inicial dessa tendência é a publicação em 1847 da obra Reisen in Britisch-
Guiana, de Richard Schomburgk (1847). Consoante Sá (2012), Schomburgk coletou cantos
karib sobre o monte Roraima e narrativas acerca de Makunaima.
54

Por ser publicação brasileira ainda do século XIX, merece destaque o livro
Poranduba amazonense, ou kochiyma-uara porandub, 1872-1887, de João Barbosa
Rodrigues (1890), com histórias e cantigas makuxi, entre outras etnias, nas versões na língua
indígena com as traduções interlinear e literal em português.
Outro marco importante é a publicação da obra Vom Roroima zum Orinoco, de
Koch-Grünberg, publicada em cinco tomos16, em alemão, entre 1916 e 1928 (Baldus, 1953).
Desses, destacam-se os tomos dois e três.
Publicado em 1917, além de narrativas indígenas em alemão, língua do etnólogo, o
tomo dois traz, na seção Textos, narrativas na versão taurepang:

abaixo de cada linha do texto em língua indígena, Koch-Grünberg fornece


uma curiosa tradução termo a termo, tecnicamente designada de “tradução
interlinear”; ao lado, acompanha uma “tradução livre”, que busca garantir
alguma unidade de sentido para os que estão pouco acostumados à sintaxe
elíptica das línguas indígenas [...] (Carvalho, 2021, p. 176).

Medeiros (2002a, 2002b) explica que a publicação reúne resumos das narrativas
feitas a Koch-Grünberg, e não as narrativas na íntegra, e, ao fazer análise comparativa
daqueles com resumos de histórias de outros povos, o etnógrafo “antecipa de certa maneira as
análises intertextuais empreendidas pelo estruturalismo” (Medeiros, 2002b, p. 25).
De modo semelhante, publicado em 1923, o tomo três contém palavras encantadas
em alemão e no original taurepang, com tradução interlinear (Medeiros, 2002a).
Do mesmo modo que na tendência Encanto, na tendência Coleta, a autoria é atribuída
a um ou mais povos indígenas, sendo o coletor considerado o organizador, em caso de
publicação, ainda que, na prática, esse intervenha no texto. No entanto, tem-se aí o efeito de
neutralidade, transcrição pura sem alteração de sentidos.
Em análise sobre a obra Vom Roroima zum Orinoco, este autor (Pimentel, 2022b)
sustenta que Akúli e Mayuluaípu não são considerados autores das histórias, mas contadores.
Como afirma o autor (Pimentel, 2022b, p. 77), “Todavia, ainda que a autoria da obra
acadêmica e do texto analítico nela presente seja atribuída a Koch-Grünberg, tal lugar não se
confunde com o de autor das narrativas”.
Reforça-se que a autoria das histórias em Vom Roroima zum Orinoco é atribuída aos
povos indígenas pesquisados, mesmo que, na prática, tais grupos étnicos não recebam

16
A edição venezuelana da obra, Del Roraima al Orinoco, foi publicada em três volumes entre 1979 e 1982
(Centro de Informação - Diocese de Roraima, [1989]). O mesmo se deu na edição da Unesp, Do Roraima ao
Orinoco, em português, em 2022. Antes, o tomo dois integrou edição da Revista do Museu Paulista (Koch-
Grünberg, 1953) e do livro Makunaíma e Jurupari, cosmogonias ameríndias, organizado por Sérgio Medeiros
(2002c).
55

vantagem financeira relativa ao direito autoral pela comercialização da obra (Pimentel,


2022b).
Mais recentemente, observa-se a coleta dos textos por membros das próprias
comunidades, tais como educadores e/ou pesquisadores (Carvalho, 2021; Fiorotti, 2019a),
como J. Santos (2018), Viriato (2020), Gimenes (2020), J. Pereira (2021), Matilde Silva
(2021). Fiorotti (2019a) cita que Terêncio Luiz Silva, liderança indígena, registrou pajelanças
e cantos em fita K7 na década de 1970, bem como guardava letras de cantos transcritos em
folhas de papel.
Em 2019, a dissertação de Mestrado da UFRR Do parixara ao areruia, de Jucicleide
Pereira Mendonça dos Santos (2018), foi premiada no concurso Dirce Côrtes Riedel, do XVI
Congresso Internacional da Associação Brasileira de Literatura Comparada (2019), feito
repetido dois anos depois pela dissertação de Mestrado da mesma universidade Os cantos
tradicionais Ye’kwana, de Fernando Yekuana Gimenes (2020; 2022).
Nas últimas décadas, ressalta-se também nessa tendência a produção coletiva de
material didático, usado em escolas indígenas como forma de ensino e valorização dessas
línguas e culturas (Carvalho, 2021; Dorrico, 2018).
Ressalva-se que aqui não se trabalha com a problemática concepção de originalidade
dos textos indígenas, a partir do entendimento que ela está baseada em um ideal inalcançável
de pureza. Para se ter alguma dimensão do exposto, em um dos mais antigos registros escritos
de narrativas indígenas do circum-Roraima, Koch-Grünberg (2022, p. 18) alerta sobre uma
“lenda repleta” de conceitos cristãos.
O etnólogo refere-se aos eventos que se sucederam após o dilúvio da história A
Árvore do Mundo e a Grande Enchente, presentes na “lenda indianizada de Noé” (Koch-
Grünberg, 2022, p. 258) a ele narrada por um cacique Makuxi e em que, retirando-se os
componentes bíblicos, sobram os elementos “puramente indígenas” (Koch-Grünberg, 2022, p.
260).
Nessa tendência, constata-se a presença de textos diversionais, educativos e de
encantamento. Nos diversionais são enfatizados os aspectos cômicos, em geral, da narrativa.
Os educativos têm caráter pedagógico e enfatizam os valores e tabus do texto. Os de
encantamento têm a função de, para o ‘bem’ ou para o ‘mal’, alterar um estado de coisas,
relacionadas à natureza, o que inclui a saúde humana.
Entre os textos educativos, estão contos etiológicos e de ensinamento moral. Aqueles
explicam como “o mundo atual e seus habitantes adquiriram, num tempo remoto, sua
56

fisionomia definitiva” (Medeiros, 2002a, p. 17). Esses, as normas que regem a vida na
atualidade da enunciação.
Medeiros (2002b, p. 44) refuta a analogia feita por Koch-Grünberg entre a
personificação dos animais nas narrativas karib e o fato de as crianças darem aos brinquedos,
“conscientemente, outra significação, segundo o jogo do momento”, transformação de noções
que, para o etnólogo alemão, “pode estar embasada numa concepção infantil”.
Enquanto para Koch-Grünberg a ambiguidade das imagens míticas se apresenta
como uma “confusão desordenada”, para Medeiros (2002b, p. 45) trata-se de um
procedimento retórico ou poético, abundância de sentido ou riqueza poética.
Evidencia-se que, além do registro escrito e em fotografia publicado em Vom
Roroima zum Orinoco, Koch-Grünberg produziu fonogramas de cantos e filmes de danças
dos povos com os quais conviveu, sendo pioneiro no uso de gravações sonoras na Região
Norte do Brasil (Campos, 2012).
Em alusão aos 100 anos da expedição de Koch-Grünberg pela região, o projeto A
música das Cachoeiras, de Agenor Cavalcanti de Vasconcelos Neto (2013), gravou em áudio
e vídeo, músicas, principalmente, indígenas, mas também de artistas não indígenas de
Roraima, do Amazonas e da Venezuela.
Ressalta-se também nesta tendência o lançamento de CDs com cantos nas línguas
indígenas, tais como os seguintes álbuns: Reahu He à - cantos da festa yanomami, gravado
em 2005 (Instituto Moreira Salles, 2019; Villena, 2016), Macuxi Serenkato, Uyeseru’kon ta
komanto’: yamî’ mernti’kon taxinpîsa (Vivendo a cultura na língua makuxi: alegria e força
dos avós), e Filhos de Makunaimî, os três de 2005, e Parichara Wapichana, de 2006
(Fernandes, 2015).
Um registro importante pertencente à tendência Coleta referente aos Yanomami é o
livro Mitopoemas Yãnomam (Chamie, 1979), de 1979, em que foram publicados poemas e
ilustrações de Koromani Waica, Mamokè Rorowè e Kreptip Wakatautheri. Os poemas são
resultado das descrições orais do trio em relação aos seus desenhos. Tais descrições,
registradas pelo missionário católico italiano Carlo Zacquini, receberam tradução literal para
o português, a partir da qual foram realizadas ‘transcrições literárias’ apresentadas na obra em
português, italiano e inglês.

3.3 FORMAÇÃO PARENTE: TENDÊNCIA RESTAURAÇÃO


57

A tendência Restauração é marcada pela socialmente reconhecida reelaboração


artística dos textos indígenas e pela publicação, predominantemente, em suporte impresso.
Realça-se que aqui, diferentemente da tendência Coleta, se reconhece a autoria do escritor,
indígena ou não, de versão baseada em texto relacionado à tendência Encanto e,
consequentemente, se concede a ele o status de artista, e, aos textos, o de arte.
Conforme o exposto acima, os textos narrativos dessa tendência podem ser
enquadrados como adaptação ou reconto, categorias adotadas pelo mercado editorial. Por
exemplo, os prêmios literários da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e da
Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (AEILIJ) têm
categorias destinadas a obras adaptadas, recontadas.
O prêmio FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, 2023) tem as
categorias Reconto e Tradução/adaptação (criança/jovem/informativo/reconto). No
regulamento desse, bem como do Prêmio AEILIJ (Associação de Escritores e Ilustradores de
Literatura Infantil e Juvenil, 2023), não há conceituação das referidas categorias.
Por sua vez, o Prêmio AEILIJ tem a categoria Adaptação ou Reconto, que, segundo
seu blog (Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil, 2023, p. 2),
destina-se a “autores de obras adaptadas ou recontadas de clássicos, mitos, contos populares
etc. para crianças ou jovens”.
Realçam-se nessa tendência: Cecy Lya Brasil, Cristino Wapichana, José Vilela e Ely
Macuxi17. Citam-se as seguintes obras: de Cristino Wapichana (2009; 2014; 2019b; 2021a),
os livros A onça e o fogo, Sapatos trocados, Ceuci, a mãe do pranto e Tomoromu, a árvore do
mundo; de José Vilela (1999; 2013; 2016; 2020), os livros infantojuvenis Macaco velho não
pula em galho seco, O guru da floresta, Rapadura é doce, mas não é mole e Dom Chicote.
Todas as obras literárias de Cecy Lya Brasil e Ely Macuxi pertencem à tendência
Restauração.
O marco inicial dessa tendência é a coleção infantil O ajuri, de Cecy Lya Brasil
(1987), publicado pelo Ministério da Educação e o Governo do então Território Federal de
Roraima.
Na época, quatro mil coleções foram distribuídas gratuitamente à rede pública
escolar do Território, destinadas às salas de alfabetização e de primeira série do primeiro grau,
atual segundo ano do Ensino Fundamental (Governo de Roraima; Fundação de Assistência ao

17
Ely Macuxi nasceu na área indígena Maturuca, em Roraima, e morou em Manaus (AM) até o seu falecimento,
em 2021 (Xapuri Ambiental, 2021). É autor do livro Ipaty: o curumim da selva (Macuxi, 2010). Pelo nome
semelhante, é, com frequência, confundido com a poeta elimacuxi, paulistana radicada em Roraima (Dupla
Comunicação, 2021), autora do livro Amor para quem odeia (Elimacuxi, 2013).
58

Estudante, [1987]). Parte da memória afetiva de diferentes gerações de leitores roraimenses,


ainda hoje é possível encontrar exemplares da coleção em algumas bibliotecas escolares e
salas de leitura e na Biblioteca Pública Estadual, em relativas condições de leitura, embora as
marcas de uso e do tempo.
Destaca-se que o livro infantojuvenil O guru da floresta, de José Vilela (2013), foi
referência nos vestibulares UFRR 2015 e 2016 (Pimentel, 2018b).
Cristino Wapichana publicou ainda, em 2019, o conto Wató, a pedra do fogo, de
origem Taurepang, no livro Nós: uma antologia de literatura indígena, organizado por
Maurício Negro (2019). O conto ganhou versão em áudio em 2021 no programa Deixa que eu
Conto, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Wapichana, 2021c). A antologia Nós:
uma antologia de literatura indígena ganhou em 2023 versão série em áudio na plataforma de
streaming Globoplay (Wapichana, 2023). O conto é adaptado de história recolhida por Koch-
Grünberg (2022).
Com as obras acima citadas de Cristino Wapichana, a literatura de Roraima viveu um
momento de significativa projeção externa. O texto A onça e o fogo venceu em 2007 o 4º
Concurso FNLIJ Tamoios de Textos de Escritores Indígenas, da Fundação Nacional do Livro
Infantil e Juvenil (Wapichana, 2019b), sendo publicado em forma de livro dois anos depois.
Da mesma instituição, o livro Sapatos trocados recebeu o selo FNLIJ Altamente
Recomendável 2015 (Wapichana, 2018), além de ter participado da Feira do Livro Infantil e
Juvenil de Bolonha em 2015 (Infelizmente, 2020).
Cristino Wapichana e Truduá Dorrico, nome social posteriormente adotado por Julie
Dorrico, participaram de outras antologias como autores e/ou organizadores, tais como Os
meninos maluquinhos (Yabu, 2021), De repente adolescente: antologia de contos (Fremder et
al., 2021) e Originárias: uma antologia feminina de literatura indígena (Dorrico; Negro,
2023).
Nessa tendência, enfatizam-se autores indígenas que migraram para outros estados:
Ely Macuxi viveu em Manaus e Cristino Wapichana mora atualmente em São Paulo, após
temporada no Rio de Janeiro.
Recentemente, percebem-se dois movimentos na publicação de livros resultado de
restauração de narrativas indígenas roraimenses: a escolha pela maior presença de marcas da
oralidade e o crédito oficial do narrador como autor do livro.
A seguir, citam-se trechos de obras cujo texto tem maior presença de marcas de
oralidade. Na ordem, A história do Makunaima e A história do Timbó, ambos de Devair
59

Fiorotti e Clemente Flores (2019a; 2019b), e História do Xibobo, de Matilde Makuxi e Lacy
Mariano (2021).

“Um dia o pai do Makunaima disse pro filho, pra mulher dele, mas veja bem, tá o
inimigo aí no meio, não somente Makunaima. Aí disse: ‘Meu filho, mulher, eu vou na
frente.’, como nosso costume também” (Fiorotti; Flores, 2019a, p. 5).

“Até de noite ele chorava. Aí a mãe dele, o que é que ela faz? Aí ela saiu com esse
filhinho chorão: ‘Não quero filho chorão, não! Ah, raposa, leva esse menino pra ti...’ Aí
deixou lá fora. [...] Destar que a raposa tava andando, dona Raposa. Aí: ‘Umbora, meu
filho?’” (Fiorotti; Flores, 2019b, p. 4).

“Um menino estava andando por aí, no campo, no lavrado e encontrou um Xibobo,
aí, ele jogou flecha nele” (Makuxi; Mariano, 2021, p. 1).

Nos exemplos acima, ficam evidentes marcas de oralidade, tais como o termo “aí”,
para indicar ações em sequência. De modo geral, em escritos, tais marcas são suprimidas em
nome da fluidez do texto, uma vez que sua ausência não altera o sentido da frase.
Uma segunda marca de oralidade presente nesses exemplos é a repetição de palavras:
“ele... nele”, “ele... dele”, “chorava... chorão... chorão”. Uma terceira são as corruptelas, como
“destar” (deixe estar), “tava” (estava), “pro” (para o) e “umbora” (vamos embora). Nos dois
casos (repetição de palavras e uso de corruptelas), de modo geral, a tendência em outros
textos é reformular a oração, a fim de evitar a repetição de vocábulos e o desvio da norma
culta, respectivamente.
Sobre essa busca pela intervenção mínima possível em relação ao texto oral, Devair
Fiorotti (2019b, Orelha do livro) explica, no livro A história do Makunaima, sobre a
transcrição daquilo que ouviu do narrador:

A ideia é que possamos ter acesso, dentro do possível, à sua forma de narrar
e à sua linguagem. Retirei todas as minhas intervenções, comentários feitos
durante a entrevista. Não modifiquei expressões, como “destar”, “umbora”
ou mesmo concordâncias. Devemos ouvi-lo, penso eu, na sua linguagem não
formal, no seu jeito de se expressar e de ser no mundo da língua portuguesa.

Realça-se que as três obras acima foram publicadas pela mesma editora, a Wei,
criada em 2021 pela escritora e pesquisadora de literatura indígena Sonyellen Fonseca
60

Ferreira/Sony Ferseck, viúva de Devair Fiorotti. Por todo o exposto, conclui-se que, mais que
um estilo autoral, manter o máximo de marcas de oralidade em livros com transcrições de
histórias indígenas, como nesse caso específico, trata-se de uma decisão editorial, visto que
não se encontram em outras publicações iniciativas semelhantes, nem mesmo pontuais.
Quanto ao reconhecimento oficial da autoria do narrador e cantor indígena em livros,
trata-se de prática predominantemente observada na contemporaneidade. Exceto a obra
Ritorno alla maloca: autobiografia di un indio makuxi, de Gabriel Viriato Raposo (1972),
todos os livros até o século XX com transcrições de textos indígenas têm autoria atribuída aos
seus coletores. Os narradores e cantores, quando creditados, o são na condição específica de
informantes.
Frisa-se que o primeiro livro do século XXI em que se percebe a atribuição de
autoria ao intérprete indígena é a obra Panton pia’: eremukon do circum-Roraima, de Devair
Fiorotti e Terêncio Luiz Silva (2019), sendo esse um dos cantores das músicas ali transcritas.
Acresce-se que a referida obra acadêmica se enquadra na tendência Coleta.
Em relação ao livro História do Xibobo, faz-se uma observação interessante quanto à
sua autoria: enquanto na capa e folha de rosto da obra consta o nome, nesta ordem, de Matilde
Makuxi e Lacy Mariano (2021), respectivamente, escritora e narradora da história, na ficha
catalográfica, o nome de ambas está na ordem inversa.

“Pokowa Pantoni = A história do Xibobo / Lacy Mariano da Silva, Matilde Silva


[...]” (Makuxi; Mariano, 2021, Ficha catalográfica).

Desse modo, na capa e na folha de rosto, a escritora é apresentada como autora


principal e, na ficha catalográfica, é a narradora quem consta nessa posição.
Ressalta-se o livro A história do Urubu-Rei, de Caetano Raposo (2022), também
publicado pela Wei Editora, em que o narrador consta na capa como único autor, ainda que,
na ficha técnica, esteja o nome de Devair Fiorotti como detentor dos direitos autorais
(copyright), ao lado daquele narrador.
Enfatiza-se ainda que a coordenação editorial da obra é creditada também a Devair
Fiorotti, da mesma forma como em obras em que esse consta como um dos autores: A história
do Timbó e A história do Makunaima (Fiorotti; Flores, 2019a; 2019b), por exemplo.
Abaixo, transcreve-se trecho da ficha catalográfica da obra A história do Urubu-Rei
(Raposo, 2022, Ficha catalográfica), em que, diferentemente de como consta na capa, Fiorotti
aparece como autor secundário:
61

“Panton Pia’: a história do Urubu-Rei/Caetano Raposo, Devair Fiorotti [...].”

Ainda que se trate de equívoco, a referida contradição no registro da autoria, permite


o questionamento diante desse e de casos semelhantes: o narrador é autor da narrativa? E
mais: o narrador é o único autor da narrativa?
Mais do que possíveis inconsistências, os exemplos acima são indicativo de que, de
modo geral, não estão estabelecidos os critérios para a definição de autoria de obras literárias
com histórias restauradas a partir da narração oral. O que há é um processo de tentativa de
construção de parâmetros para tanto.
Além dos livros bilíngues, em português e uma língua indígena (Diocese de
Roraima, 1983; Macdonell, 2011; Fiorotti; Flores, 2019a; Wapichana, 2019), mais comuns na
história da literatura de Roraima, destacam-se recentes publicações exclusivamente em idioma
dos povos originários, tais como as obras Yanomami Ɨnaha ipa pata thëpë kuama 1 a 3
(Yanomama; Yanomama; Ferreira, 2017; 2018; Yanomama; Ferreira; Yanomama;
Yanomama; Machado, [2017]) e a peça de teatro Wapichana Kuxi na’ik Kupay - o porco e o
peixe (Turma, 2022).
Ressalta-se que, em 2014, Bonfim (RR) adotou o makuxi e o wapichana como
línguas oficiais do município, mediante aprovação pela Câmara Municipal e sanção da
Prefeitura, tornando-se o terceiro município brasileiro a adotar línguas indígenas como
idiomas oficiais. Medida semelhante foi tomada no mesmo ano, em relação às línguas makuxi
e wapichana pelo Cantá (RR) e, em 2018, por Uiramutã (RR), quanto aos idiomas makuxi e
ingaricó (Santos, 2019).
A lei de Bonfim prevê, entre outras medidas, o financiamento da publicação de livros
nas línguas makuxi e wapichana para o ensino em todas as escolas públicas do município
(Santos, 2019).
Citam-se obras não pertencentes ao sistema literário de Roraima equivalentes àquelas
da tendência Restauração, uma vez que reelaboram textos indígenas orais ou escritos:
Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, de Mário de Andrade (1928), Macunaíma: lenda
dos índios taulipangues, de Maria Thereza Cunha de Giacomo (1976), A árvore do mundo e
outros feitos de Macunaíma: mito-herói dos índios makuxi, wapixana, taulipang e arekuná e
Naro, o gambá, mito dos índios yanomami, de Ciça Fittipaldi (1988a; 1988b).
Mário de Andrade (1928), Giacomo (1976) e Fittipaldi (1988a), essa na obra A
árvore do mundo e outros feitos de Macunaíma, tem como fonte as histórias de Makunaima
62

colhidas por Koch-Grunberg (2022) na década de 1910. Os poemas O gambá Naro 1, O


gambá Naro 2 e O gambá Naro 3 foram publicados em 1979 no livro Mitopoemas Yãnomam
(Chamie, 1979), uma das fontes expressamente citadas em Naro, o gambá (Fittipaldi, 1988b).
Além disso, em 2004, o escritor indígena paraense Daniel Munduruku publicou sua
versão do conto A onça valentona e o raio poderoso, de origem Taurepang, no livro Contos
indígenas brasileiros (Munduruku, 2021). A história também foi colhida por Koch-Grünberg
(2022) na primeira década do século XX.
Por sua vez, a escritora carioca radicada em São Paulo Ana Luísa Lacombe (2013)
publicou o livro infantojuvenil A árvore de tamoromu, história de origem Wapichana. A obra
recebeu em 2014 o prêmio de melhor reconto pela Fundação Nacional do Livro Infantil e
Juvenil (FNLIJ) (Elisa, 2014).
Quanto a outras linguagens artísticas, em 2007 foi lançado o documentário Nas
trilhas de Makunaima (2013), dirigido pelo roraimense Thiago Bríglia, produzido pelo
DOCTV. A partir de narrativas de indivíduos Ingarikó, Taurepang e Macuxi, o documentário
conta a história do mito Makunaima e sua relação com o Monte Roraima.
Em 2021, estreou o documentário Por Onde Anda Makunaíma? (2021a), com
produção da empresa Platô Filmes, também do cineasta Thiago Bríglia. O documentário
venceu o prêmio do júri no 25º Inffinito Brazilian Film Festival, em Miami, e o de Melhor
Filme no 53° Festival de Cinema de Brasília (Por Onde, 2021b).
Com entrevistas em português, alemão, espanhol, macuxi e taurepang, o
documentário faz um resgate histórico e cultural do personagem ficcional Macunaíma: do
mito indígena às produções literárias, cinematográficas e teatrais correlatas.
O projeto Gota de Saberes, da Cia Arteatro, foi selecionado no edital de patrocínio
Banco da Amazônia 2019 (Banco da Amazônia, 2019) e realizou espetáculo inspirado em
histórias Makuxi. O espetáculo foi selecionado para circulação pelo projeto Sesc Amazônia
das Artes, em 2021 (Serviço Social do Comércio, 2021), e indicado como a melhor
dramaturgia no XVI Festival de Teatro da Amazônia, realizado pela Federação de Teatro do
Amazonas (Folha Web, 2022a).
Em 2022, foi realizado o projeto As aventuras de Makunaima para crianças,
espetáculo teatral, filme e livro em português e idiomas indígenas, cuja primeira etapa foi
promovida na comunidade indígena Wararaa’Pay, Boca da Mata (RR), e recriou 12 narrativas
infantis com crianças e adolescentes Macuxi, Taurepang, Tukano e Wapichana, que
participaram de oficinas, atuaram, cantaram e dançaram narrativas originárias, espetáculo
também apresentado em São Paulo (Filmes que Voam, [2023]; Faganello, 2023).
63

O projeto As aventuras de Makunaima para crianças foi realizado pela empresa


Filmes que Voam e pela comunidade Boca da Mata, com apoio da Lei de Incentivo à Cultura,
do Governo Federal (Filmes que Voam, [2023]).
Destaca-se que os escritores da tendência Restauração podem ser enquadrados
também na tendência Composição de Roraima, da Formação Literária Karaiwa, descrita mais
à frente.

3.4 FORMAÇÃO PARENTE: TENDÊNCIA CRIAÇÃO

A tendência Criação é marcada pelo efeito de originalidade e pela socialmente


reconhecida autoria individual indígena. Nela, a autoria é totalmente atribuída ao escritor, já
que não se considera a história adaptada de outra de autoria de um povo, ainda que a narrativa
tenha ligação direta com a cultura e a cosmovisão indígenas.
Os escritores dessa tendência coincidem parcialmente com os autores indígenas da
tendência Restauração. Destacam-se: Jaider Esbell, Kamuu Dan Wapichana, Julie/Truduá
Dorrico, Gustavo Caboco e Cristino Wapichana, esse último com os livros infantis e
infantojuvenis A oncinha Lili, A cor do dinheiro da vovó, O cão e o curumim e A boca da
noite.
O marco inicial dessa tendência é a publicação do livro de contos Terreiro de
Makunaima – mitos, lendas e estórias em vivências, de Jaider Esbell (2012).
Nessa tendência, há uma presença significativa de escritores com acesso ao ensino
superior e que nasceram em outros estados brasileiros, como Julie Dorrico e Gustavo Caboco,
Makuxi e Wapichana, naturais de Porto Velho e Curitiba, doutora em Letras e pós-graduado
em Direção de Arte Interativa, respectivamente (Caboco, [2023]; Dorrico, 2021a).
Além do mais, tem-se Jaider Esbell, que, nascido em Normandia (RR), morou nos
Estados Unidos por oito meses em 2013, onde, durante residência na Pitzer College, fez
exposições de artes visuais e ministrou curso sobre histórias Makuxi (Faculty-Driven, 2023;
Esbell, [2023]).
Ressaltam-se ainda histórias desses escritores ambientadas em outros territórios,
como o livro para crianças O sopro da vida, de Kamuu Dan Wapichana (2019, p. 6), cujo
protagonista é um menino nascido “em um lugar onde se cultivava a tradição dos povos
originários e do Cerrado do Planalto Central”. Também pelo exposto anteriormente, em tal
tendência, a circulação fora do estado intensifica-se, com mais obras e autores no circuito e a
ampliação do público leitor.
64

Nessa tendência, encontram-se textos que tematizam o contato com a cultura não
indígena, como os livros O sopro da vida e Presente de Makunaimã, de Kamuu Dan
Wapichana (Wapichana, 2019; 2020), os quais falam sobre sementes transgênicas, A cor do
dinheiro da vovó e Chuva, gente!, de Cristino Wapichana (2019a, 2021a), os quais fazem
referência a armas de fogo, espoliação da terra, violência contra povos indígenas, escravidão,
escola, comércio, dinheiro, fazenda, estabelecimento bancário e aquecimento global.
Acentua-se ainda, na presente tendência, o exercício da escrita como ativismo em
defesa da cultura indígena, aliado à militância em outras áreas, como meio ambiente. Dessa
forma, justifica-se o fato de essa literatura ser, com frequência, consumida no contexto escolar
e os respectivos escritores serem convidados a palestrar em escolas e universidades (Escritor,
2021a; Amador, 2019). Complementa-se que Cristino Wapichana é ainda membro da
Academia de Letras dos Professores (ALP) da cidade de São Paulo (Escritor, 2021a).
Com publicações predominantemente impressas, registram-se também nessa
tendência livros digitais, como A origem das águas do Planalto Central, de Kamuu Dan
(Putakaryy Kakykary, 2021; Câmara Brasileira do Livro, 2023a), de 2021, até o momento
publicado exclusivamente nesse suporte, e Baaraz Kawau, Semente de Caboco e Recado do
Bendegó, de Gustavo Caboco ([2018-2019]; 2021; [2022]).
Tendo recebido prêmios nacionais e internacionais, Cristino Wapichana é o escritor
indígena roraimense mais bem-sucedido no mercado editorial. Foi finalista em duas edições
do prêmio Jabuti: em 2017, na categoria Livro Infantil, com A boca da noite, e em, 2019, na
categoria Livro Infantojuvenil, com O cão e o curumim. A obra A boca da noite conquistou
ainda o prêmio FNLIJ 2017, na categoria Criança (Wapichana, 2019a; 2019b; 2021b) e foi
escolhido pela UFRR como obra de referência nos vestibulares 2022 e 2023 (Universidade
Federal de Roraima, 2021; 2022).
A versão em sueco da obra, Nattens Mun, recebeu a Estrela de Prata, segundo lugar,
do prêmio Peter Pan 2018, do International Board on Books for Young People (IBBY), da
Suécia. O livro também foi traduzido para o dinamarquês (Wapichana, 2019b).
O texto A boca da noite recebeu ainda em 2014 menção honrosa no concurso FNLIJ
Tamoios de Textos de Escritores Indígenas (Wapichana, 2016), destaque repetido em edições
posteriores com outros escritores Wapichana e Makuxi: Kamuu Dan (2019), Gustavo Caboco,
Julie Dorrico, Celino Alexandre Raposo e Joselita Maximino da Silva (Dorrico, 2021b).
Em 2021, a peça teatral Putakaryy Kakykary, o sopro da vida, foi encenada pelo
coletivo Semillas, de São Paulo, no 19º Festival de Teatro de la Habana (2021), espetáculo
inspirado no livro homônimo, de Kamuu Dan Wapichana.
65

Este pesquisador localizou também processos licitatórios da Universidade Estadual


Paulista (Unesp, 2018) e dos municípios de Itapoá (SC) (Prefeitura de Itapoá, 2018),
Penápolis (SP) (Prefeitura de Penápolis, 2018) e Canguçu (RS) (Prefeitura de Canguçu, 2022)
para a aquisição de livros, entre os quais títulos de Cristino Wapichana: A boca da noite e A
onça e o fogo.
Em trabalho deste autor (Pimentel, 2022b), em que foram analisadas as obras A onça
e o fogo e Chuva, gente!, ambas de Cristino Wapichana (2009; 2021a), notou-se uma
diferença importante entre as duas obras no que se refere à autoria: enquanto a primeira é
reconhecidamente uma versão adaptada pelo escritor de história pré-existente, cuja autoria é
atribuída ao seu povo, a segunda é considerada obra original.

Sendo assim, enquanto Cristino Wapichana é socialmente considerado o


único autor de Chuva, gente!, em relação à obra A onça e o fogo, o escritor,
moralmente, divide a autoria da história com o seu povo, ainda que assine e
seja considerado legalmente o único autor do livro (Pimentel, 2022b, p. 87).

Um momento importante da canção indígena de Roraima foi o lançamento em 2005


do CD Caxiri na Cuia – o forró da maloca, gravado por banda de forró indígena também
denominada Caxiri na Cuia. Entre outros temas, as músicas do álbum abordam, além dos
costumes indígenas, a luta pela homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e a
degradação ambiental (Fernandes, 2015).
O álbum teve boa repercussão local, sendo as canções executadas nas rádios do
estado e a música homônima à banda, composta por Bento Pereira da Silva (Fernandes, 2015),
regravada pelo cantor roraimense Zerbine Araújo.
O álbum ganhou ainda o prêmio Culturas Indígenas 2006, promovido pela Secretaria
da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SID/Minc), em parceria
com a Associação Guarani Tenonde Porã e o Sesc-SP (Agostinho, 2011).
Reforça-se que as tendências literárias citadas podem coincidir temporalmente.
Acresce-se que não há um caminho cronologicamente linear na Formação Literária Parente
em direção à autoria individualizada. Em trabalho anterior, este autor (Pimentel, 2022b)
identificou que, na bibliografia de Cristino Wapichana, revezam-se obras de autoria
estritamente individual e aquelas em que o escritor divide moralmente a autoria com o seu ou
outro povo.
Dorrico (2018, p. 243) destaca que “alguns processos não são lineares ou vistos
como polarizados, e outros não seguem à risca o paradigma literário ocidental”. A autora
(Dorrico, 2018) lembra que há ainda hoje narradores/informantes trabalhando em conjunto
66

com antropólogos e literatos, bem como comunidades indígenas que, em detrimento de uma
circulação externa, priorizam a circulação interna de livros por elas realizados coletivamente
em projetos de educação escolar indígena.
Esse último caso, a autora (Dorrico, 2018, p. 243) interpreta como prenúncio da
“autonomia, em termos estéticos, das comunidades tradicionais em defesa de uma política de
valorização de seus saberes e de suas produções criativas extraocidentais”.
Os escritores da tendência Criação podem ser enquadrados também na tendência
Glocal, da Formação Literária Karaiwa, descrita mais à frente.
67

4 FORMAÇÃO LITERÁRIA KARAIWA

Como já dito, a Formação Literária Karaiwa pode ser dividida em quatro tendências:
Relatos de Viajantes, Literatura de Inspiração Clássica, Composição de Roraima e Glocal.

4.1 FORMAÇÃO KARAIWA: TENDÊNCIA RELATOS DE VIAJANTES

Os relatos de viajantes não foram produzidos com intenções artísticas, porém,


ajudaram a criar imaginário sobre a região. Além disso, em não raros casos, apresentam
elaboração textual com alguma preocupação estética e a inserção de elementos relativos à
fabulação.
Os autores desses relatos estabeleceram-se provisoriamente na região, para, ao fim da
coleta de informações, em sua maioria, retornarem ao seu local de origem. Como
consequência, uma das características de tal tendência é a dispersão espaçotemporal dos
autores e, consequentemente, a falta de interação entre eles, para além de citações textuais, em
alguns casos.
O público dessas obras, em sua maioria, também era restrito. Destinados a um
mandatário ou grupo de poder, tais relatos não chegaram ao grande público, ficando, de modo
geral, restritos à leitura acadêmica e/ou para fins de assimilação de informações. Uma exceção
é The discoverie of the large, rich and beuutiful Empyre of Guiana, de Walter Raleigh, ou
Ralegh, best-seller internacional da cultura europeia, publicado originalmente em inglês e
traduzido simultaneamente para o francês, holandês e italiano (Martin, 2002).
Portanto, a gente local contemporânea a tais publicações teve pouco ou nenhum
acesso a essas obras, o que melhorou com o tempo, ainda que não de modo significativo.
Além das particularidades dos próprios textos, as características do público local contribuíram
para a referida falta de acesso, tendo em vista que a região não tinha público leitor
significativo à época, pela falta de escolarização.
Para se ter uma ideia, a notícia De parabens os estudantes do território: Fundada
uma Biblioteca (1954), do jornal O Átomo, é indicativo da carência de leitores e espaços de
leitura no então Território Federal de Roraima.
A publicação registra a fundação de duas bibliotecas na Escola Euclides da Cunha:
uma ginasial, atualmente Ensino Fundamental II, voltada a alunos e ex-alunos do
“Educandário”, alunos do Curso Normal Regional Monteiro Lobato, atual Ensino Médio
Técnico, aos que tivessem “cultura média” e famílias dos alunos; e uma biblioteca
68

pedagógica, voltada a professores daquela e de outras escolas e a “todos” que tivessem


“cultura superior”.
Além do inusitado “parabéns” no título da notícia (De Parabens, 1954, p. 2), chama
atenção o fato de o jornal apelar ao povo do Rio Branco, atual estado de Roraima, para apoiar
a ideia, “que visa o engrandecimento intelectual da gente [da] terra”, apelo que somente faz
sentido em um contexto de pouco hábito de leitura e precária estrutura de equipamentos
culturais.
Complementa-se que, em Roraima, até a década de 1970, o Segundo Grau, atual
Ensino Médio, era oferecido somente em Boa Vista, nas escolas estaduais Monteiro Lobato e
Oswaldo Cruz (Carvalho, 2022), sendo que em 1976 foi implantada a Escola Estadual
Gonçalves Dias, primeira de Ensino Médio com prédio próprio (Spotti, 2017).
Há relatos de viajantes que, desde o século XVI, referem-se à região atualmente
denominada estado de Roraima. Em The discoverie of the large, rich and beuutiful Empyre of
Guiana, publicado originalmente em 1595, o poeta e explorador inglês Walter Raleigh (2017),
faz referência a 14 rios que desembocam nas terras entre o Orinoco e o “rio das Amazonas”,
habitadas pelos Arwacas (aruak) e Caribes (karib).
Em tradução mais literal da mesma obra, adaptada por E. San Martin, os karib são
também referidos como “uns canibais famosos por ferverem europeus em grandes caldeirões
de barro” (Raleigh, 2002, p. 192).
Consoante o explorador (Raleigh, 2017), os Caribes viviam a oeste do rio Caroní e
ao sul da boca principal do Orinoco, onde também estavam os Arwacas. Raleigh (2017, p.
125) descreve ainda hábitos, leis e costumes dos Arwacas e Orinoqueponi, que, para H. Rocha
(2017, p. 125), é “quase certo” que eram Makuxi.
De acordo com Martin (2002, p. 11),

a maioria dos leitores, por sua vez, tratou partes do relato – as guerreiras
amazonas, os índios sem cabeça, as ostras no alto das árvores – como
produtos da imaginação do poeta, exageros descabidos, como a abundância
de ouro vista por Raleigh a olho nu nas montanhas da Guianas.

O próprio explorador (Raleigh, 2017) confessa que, por não ter visto pessoalmente as
cidades do império da Guiana, não conseguia acreditar em tudo que lhe contaram.
Pelo relato de Raleigh (2017), conclui-se que o viajante não chegou às terras hoje
pertencentes ao Brasil. Saindo da Inglaterra, passando pela ilha de Trinidade, nos dias atuais
domínio de Trinidade e Tobago, ele diz ter ido até o rio Waricapana.
69

Considerando-se a hipótese de Ramos ([ca. 1973]) e Robert H. Schomburgk (1848),


infere-se que o rio acima citado atualmente está em domínio venezuelano. Para Ramos ([ca.
1973]), esse rio pode ser o Mona, último ao qual se chega pelo canal Piacoa. No entendimento
de Schomburgk (1848), provavelmente é o rio Socoroco.
Segundo Sá (2012, p. 42), “Schomburgk registrou poucas narrativas propriamente
ditas, mas não omitiu a que diz respeito à grande figura heroica de Makunaíma, além de
transcrever algumas das canções sobre o Roraima”. Conforme a autora, Richard Schomburgk
foi o primeiro a coletar textos dos povos ‘caribes’ na região. Sendo que em Língua Portuguesa
as histórias e as cantigas Makuxi mais antigas encontradas por esta pesquisa foram coletadas
por Barbosa Rodrigues (1890).
Um marco importante, sobretudo, para o contexto brasileiro, é o tomo dois do livro
Vom Roroima zum Orinoco, publicado em 1917, fruto de expedição do etnólogo alemão
Theodor Koch-Grünberg à região entre os anos de 1911 e 1913. No referido tomo, o etnólogo
registra e analisa histórias dos povos Taurepang e Arekuna, narradas por um representante de
cada uma dessas etnias.
Campos (2012, p. 84) vê no relato de Koch-Grünberg elaboração textual que vai
além do gênero informativo:

No diário de Koch-Grünberg, construído em bases de extrema subjetividade,


talvez seja essa ainda a intenção: usar uma linguagem poética que sensibilize
o leitor e o leve a crer no discurso por ele proferido, seja o discurso real ou
ficcional.

Esta região tem um histórico de relatos de outros viajantes. Citam-se aqui alguns
deles: Antonio Pires da Silva Pontes, Alexandre Rodrigues Ferreira, Felipe da Costa Teixeira,
Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio, Everard Im Thurn, Manoel da Gama Lobo D’Almada,
Hamilton Rice, Evelyn Waugh e Cândido Rondon.
Alguns desses relatos inspiraram romances dos próprios relatores ou de terceiros. De
modo geral, esses textos ficcionais não compõem o sistema literário de Roraima, mas
dialogam com ele, o que não pode ser desprezado.
São exemplos: Ninety-two days, em que Evelyn Waugh (1934b) narra viagem feita
em 1932 à então Guiana Inglesa e ao Brasil (Boa Vista) e que serviu de base para a parte sul-
americana do romance A handful of dust, do mesmo autor (Waugh, 1934a). Outro exemplo é
o caso clássico do tomo dois do livro Vom Roroima zum Orinoco, de Koch-Grünberg (2022),
de 1917, que inspirou Mário de Andrade (1928) e Alejo Carpentier (1985) a escreverem
Macunaíma e Los pasos perdidos, de 1928 e 1953, respectivamente.
70

Além de tudo, ainda que não seja adaptação da história Makuxi, o título do romance
Ua: Brari, publicado por Marcelo Rubens Paiva (1990), faz referência ao pescador que
atravessou o mundo por um buraco feito por um tatu-bola. A história indígena foi colhida pelo
antropólogo Edson Soares Diniz (1971) e publicada na década de 1970 no Journal de la
Société des Américanistes.
Um exemplo de romance componente do sistema literário de Roraima e inspirado em
relato de viajante é A mulher do garimpo, de Nenê Macaggi (1976). Nesse caso, o texto com
características desse tipo de relato é tão importante na composição do romance que Campos e
Mibielli (2020) propõem ler tal obra ficcional sob a chave de um relato de viajante.
Ainda que tenha fixado residência de forma definitiva em Roraima no começo da
década de 1940 (Mello, 2022), é possível ver na ficção de Nenê Macaggi traços do tipo de
relato acima citado, tanto por meio da referência explícita a relatos escritos anteriores e da
transcrição desses quanto pelas descrições empreendidas em A mulher do garimpo (Macaggi,
1976), que indicam um processo de pesquisa e registro para confecção de dossiê a partir do
olhar de recém-chegada à região, a serviço do governo central.
Como jornalista, cabia à Nenê Macaggi produzir reportagens para os periódicos
Revista da Semana, O Malho e Ilustração Brasileira sobre as obras de ‘vulto’ dos governos
de todos os estados do Norte e do Nordeste, dentro do ‘triunfador’ regime do Estado Novo
(Silva, 2016).
Nomeada pelo presidente da época, Getúlio Vargas, para o cargo de delegada do
Serviço de Proteção ao Índio (SPI), atual Fundação Nacional do Índio (Funai), função
exercida por quatro anos (Almada, 2015), Macaggi redigia relatórios sobre suas funções
naquele órgão (Mibielli, 2017a). Conforme afirma Roberto Mibielli (2017a, p. 38), “Dessa
prática cotidiana, ainda que burocrática ou informativa, crê-se tenha levantado boa parte do
material que compõe A Mulher do Garimpo”.
A partir dessas informações, é mais fácil entender por que “as personagens de Nenê,
de um modo geral, sempre veem a Amazônia com olhos estrangeiros, mesmo as autóctones”
(Silva, 2016, p. 83).
Para Almada (2015), é provável que A mulher do garimpo (Macaggi, 1976) tenha
começado a “germinar” a partir de viagem feita no fim da década de 1930 por Nenê Macaggi
ao Amazonas, como correspondente de revistas de “grande circulação” no sul-sudeste do país.
Um dos indícios é o fato de trecho de uma reportagem da escritora constar no romance, na
voz do narrador: “ilhas, ilhas e mais ilhas” (Macaggi, 2012, p. 56).
71

Aliás, em Chica Banana, Nenê Macaggi (1938) retrata uma Amazônia que não
conhecia pessoalmente até aquele momento (Campos; Mibielli, 2020). No romance, o
coadjuvante Luciano, “médico de uma comissão de engenheiros encarregados de estudar
novas demarcações dos limites brasileiros externos e internos” (Silva, 2019, p. 14), descreve a
região em cartas para a protagonista.
Para Campos e Mibielli (2020), ler Macaggi sob a chave de um relato de viagem
facilita entender o apreço da escritora por excessivas descrições e seu olhar extasiado sobre a
Região Amazônica. Consoante os autores (Campos; Mibielli, 2020, p. 186):

Com todos os elementos caracterizadores do gênero, Nenê Macaggi


ambientaliza, descreve, dá tons e nuanças, cores e matizes, trazendo o leitor
(principalmente o não roraimense) para seu texto como se ele estivesse ali,
vivenciando o que contava.

4.2 FORMAÇÃO KARAIWA: TENDÊNCIA LITERATURA DE INSPIRAÇÃO


CLÁSSICA

A Literatura de Inspiração Clássica é a primeira em que se vê produção com fins


artísticos. Formada por autores com residência estabelecida na região atualmente denominada
estado de Roraima, aproxima-se, tanto na forma quanto no tema, de escolas literárias
anteriores ao Modernismo.
Assim, a tendência não apresenta coesão estilística ou temática, tendo como principal
motivador a tentativa de emulação de práticas vinculadas a grupos e figuras proeminentes da
história da literatura brasileira.
Ressalva-se que não há uma correspondência exata entre as escolas literárias
brasileiras e as tendências aqui trabalhadas. Desse modo, há autores locais cuja literatura tem
inspiração clássica, ao mesmo tempo em que sua produção também se aproxima de escolas
literárias posteriores a tais escolas. Em complemento, autores locais com características
próximas ao Romantismo e ao Realismo serão tratados ainda na seção sobre a tendência
Composição de Roraima, quando for o caso.
Os autores da tendência Literatura de Inspiração Clássica, na condição de aqui
nascidos, foram buscar o ensino superior fora do estado, como Dorval de Magalhães, ou, na
condição de migrantes que chegaram a Roraima sem diploma universitário, gozaram do status
resultado da soma do seu notório saber ao capital simbólico daquele que vinha de fora.
Infere-se que esse último caso seja o de Nenê Macaggi. Não se localizaram, nas
fontes pesquisadas, referências à entrada da escritora em curso de Graduação, indício de que
72

ela não tinha formação superior, o que não a impediu de, dentre outros aspectos, após morar e
trabalhar na Capital Federal (Rio de Janeiro), adquirir habilidades técnicas, teóricas e sociais
que lhe permitiam ocupar determinado lugar naquela sociedade.
Destaca-se que, engenheiro agrônomo de formação (Dorval, 2014), filho de família
tradicional18 e ocupante de cargos públicos importantes, Dorval de Magalhães era chamado de
doutor no jornal O Átomo (A Aftosa, 1954; Encerramento, 1953) e de senhor no periódico
Folha de Boa Vista (Artistas, 1984; Comendas, 1990), o que é sinal do lugar a ele reservado
naquele meio.
Como resultado do status social que ocupavam, Nenê Macaggi e Dorval de
Magalhães receberam em 1990 Comenda da Ordem do Forte São Joaquim, do Governo de
Roraima (Comendas, 1990), sintoma do reconhecimento pelo poder público da posição
destinada à figura do escritor naquela sociedade.
Contudo, deve-se levar em conta que tanto Nenê Macaggi quanto Dorval de
Magalhães exerceram não apenas a função de escritores, mas também outros cargos de
proeminência, inclusive, governamentais. Macaggi foi delegada do SPI, conselheira estadual
de Cultura e revisora da Imprensa Oficial de Roraima (Conselho, 1991; Mello, 2022).
Magalhães foi secretário Municipal da Educação e de Urbanização e diretor da Divisão de
Produção, Terra e Colonização (DPTC) do Governo do Território (Dorval, 2014;
Encerramento, 1953).
Complementa-se que, em 1992, foi inaugurado o atual prédio do Palácio da Cultura
Nenê Macaggi, designação posteriormente retirada por conta de uma ação judicial impetrada
pela Assembleia Legislativa, com a alegação de que logradouro público não pode receber
nome de personalidade viva. O Palácio da Cultura voltou a se chamar Nenê Macaggi,
mediante decreto governamental, em 2004, um ano após a morte da escritora (Oliveira, 2023).
Além disso, em 2006, em homenagem à escritora paranaense radicada em Roraima,
foi instituído o decreto de criação do Dia do Escritor Roraimense, 24 de abril, data do
nascimento de Nenê Macaggi (Oliveira, 2023).
Vê-se nexo entre a tendência Literatura de Inspiração Clássica e a presença
significativa de migrantes no processo de formação cultural de Roraima, estado cuja história
está repleta de períodos de intenso fluxo migratório impulsionado pelo poder público.

18
São denominadas famílias tradicionais as pioneiras no processo de colonização de Boa Vista. Dorval de
Magalhães, por exemplo, era neto de Inácio Lopes de Magalhães, fundador da fazenda que deu origem à
cidade (Dorval, 2014).
73

Sampaio (1850) infere que desde 1639 o rio Branco era de conhecimento dos
portugueses, mas a ocupação por esses iniciou oficialmente no século XVIII, com a
construção do Forte São Joaquim, na confluência dos rios Tacutu e Uraricoera. Ainda assim, a
ocupação civil começou a partir das últimas décadas do século XIX, com a expansão da
pecuária na área do baixo rio Uraricoera e médio rio Branco (Santilli, 1994).
Fundada em 1830 pelo oficial do Forte São Joaquim, recém-chegado do Ceará,
Inácio Lopes Magalhães, a fazenda particular Boa Vista, futuro núcleo da cidade homônima,
iniciou um processo de migração de mão de obra para o trabalho com a criação de gado
(Galdino, 2017).
Nesse sentido, “Ressalva-se, então, a importância dos nordestinos que, afugentados
pelas sucessivas secas do semiárido, migraram para a região (Fazenda de Boa Vista), de
forma espontânea” (Galdino, 2017, p. 53), como parte de um processo de colonização
pensado pelo governador da província do Amazonas, daquela época, Lobo D’Almada, para
proteger o território de invasões.
A formação do Território Federal do Rio Branco, atual estado de Roraima, representa
um momento ‘bastante’ nítido na ocupação dessa área. A região foi uma das zonas de atração
dos migrantes e populações regionais desempregados pelo declínio da borracha, devido às
reservas de diamante e ouro locais, o que contribuiu para um aumento de cerca de 80% da
população entre 1920 e 1950, a partir da criação do Território, em 1943 (Silveira; Gatti,
1988).
Na mesma época, os programas de desenvolvimento do governo central implantaram
colônias ao redor de Boa Vista com o objetivo de povoar o que “sempre foi considerado um
espaço vazio” (Souza, 2017, p. 41).
Ressalva-se que, quatro anos antes da criação do Território Federal, começou a
‘corrida’ aos garimpos da Serra do Tepequém, no alto rio Amajari, “atraindo grande número
de aventureiros vindos de uma infinidade de lugares”, transformando a região em um
“verdadeiro caldeirão de culturas” (Souza, 2017, p. 39).
Com rios e igarapés como únicas vias de acesso, Roraima somente saiu do relativo
isolamento com a inauguração da BR-174, em 1977, o que resultou em conflitos e acelerou o
processo de ‘aculturação’ e dizimação de povos indígenas (Silveira; Gatti, 1988), aliado a
incentivos fiscais nos anos 1960/70 (Barbosa, 1993), à política de ‘colonização dirigida’ com
objetivo de ‘integrar’ a região ao restante do país e aliviar as tensões sociais agrárias,
sobretudo, do Nordeste (Silveira; Gatti, 1988) e, aos fins dos anos 1980, à intensificação do
garimpo (Barbosa, 1993).
74

Galdino (2017) constata que, no período pós-rodovias19, a população do Território


Federal de Roraima chegou a quase triplicar, passando de 79.121 para 217.583 habitantes da
década de 1980 a 1991.
É sintomático que o cordel roraimense mais antigo que se conheça tenha como tema
a construção da referida rodovia federal: Estória da BR-174: Boa Vista – Manaus, de Edvaldo
Laurindo de Oliveira (1975).
Evidencia-se nesse processo uma concepção do lugar como vazio a ser ocupado,
desconsiderando-se os nativos e sua cultura. Para Barbosa (1993, p. 187), na política “atual”
de ocupação de Roraima, “praticamente despreza-se” o fator humano regional, “relegando-o”
a segundo plano, e se estimula a entrada de grupos de outras regiões do país, que,
desestimulados “pela falta de interesse do poder público pelo homem e a má elaboração da
política ocupacional”, abandonam a terra em direção a novas frentes de colonização.
Como consequência, esses indivíduos voltam ao seu estado de origem ou passam a
engrossar o contingente humano marginal de Boa Vista, o que cria uma “rotatividade e a
necessidade de criação de novas colônias, possibilitando o ingresso de novas levas de
migrantes” (Barbosa, 1993, p. 187).
Quanto ao gênero literário canção, E. Souza (2017) destaca composições musicais de
José de Magalhães, músico e professor na década de 1930, educado no Rio de Janeiro,
pertencente à família dos fundadores de Boa Vista, cuja obra foi reunida em um tomo, que
desapareceu após doação ao Museu Integrado de Roraima. Em vista disso, “Há testemunho
que todos os hinos dos clubes esportivos da época são composições suas” (Souza, 2017, p.
49).
Na tendência Literatura de Inspiração Clássica, de modo geral, os escritores
congregavam-se, em um primeiro momento, em torno de reuniões e convenções sociais, e,
posteriormente, em agrupamentos formalmente constituídos, inspirados em instituições de
âmbito nacional.
Na obra A música de Roraima, M. Lima (1999) faz referência a saraus da década de
1930 em Boa Vista e reuniões de grêmio estudantil em que “todos tinham a oportunidade de
manifestar sua tendência, fosse no campo musical, na oratória, no Discurso, na poesia etc.”
(Lima, 1999, p. 96).

19
O autor refere-se à BR-174, que liga Manaus a Boa Vista, à BR-210, também denominada Perimetral Norte,
que corta o Sul do estado de leste a oeste, e à BR-410, que liga a capital de Roraima ao município de Bonfim
(Galdino, 2017).
75

Realça-se que, ao se referir aos saraus dos anos 30, M. Lima (1999, p. 6) diz que “as
pessoas eram convidadas a mostrar o seu lado artístico” e cita músicos e instrumentos
musicais, mas não faz qualquer referência a manifestações literárias, como declamações
poéticas. Infere-se ser o motivo o foco daquela obra na temática musical, e não literária.
A autora (Lima, 1999) cita ainda saraus organizados na década de 1950 pelo coronel
Adolfo Brasil, membro de família tradicional e prefeito de Boa Vista duas décadas antes.
No que se refere às reuniões do Grêmio Estudantil, M. Lima (1999) não as situa
temporalmente de forma expressa em um período específico, todavia, cita 1964 como ano de
estreia de determinado cantor de Roraima em apresentação nas citadas reuniões, antes de ser
descoberto e conquistar o sucesso.
Na década de 1980, deu-se a criação da União Brasileira dos Escritores de Roraima
(UBE/RR) e da Academia Roraimense de Letras (ARL), enquanto em 2001 foi fundada a
Academia de Letras do Brasil (ALB). Essa, além de ter a seccional Roraima, serviu de
modelo para as distintas academias de letras criadas posteriormente no estado, bem como
atuou ativamente para a proliferação local dessas organizações: municipais, escolares,
universitárias, maçônicas, juvenis etc.
Ressalta-se que, embora a proposta de formação menos elitista que a Academia
Brasileira de Letras (ABL), o que também pode ser entendida como menos criteriosa, a ALB
manteve o apego ao solene, à pompa, presente nos discursos, títulos, indumentárias etc.
A ficção de Nenê Macaggi, cujos romances, segundo Monteiro (2019), alinham-se ao
entendimento de Romance Histórico, tem características que a aproximam de diferentes
escolas. Por isso, a autora aqui aparecerá relacionada a mais de uma tendência literária de
Roraima.
Nenê Macaggi talvez seja o exemplo mais emblemático de produção literária de
inspiração clássica. Diferentes autores (Almada, 2015; Mibielli, 2016; 2017a; Monteiro, 2021;
Santos, 2010; Silva, 2016) apontam na produção da escritora características do Romantismo,
Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo, bem como do
Modernismo e Pós-Modernismo, não raro na mesma obra.
Frisa-se o que diz Mirella Silva (2016) sobre a escritora: que essa adere ao modelo
hipernacionalista do Romantismo, mas o desconstrói “sutilmente”, sobretudo, quanto ao
índio, humanizando o “herói” dos romances alencarianos, como no caso de Naldo, no
romance Dadá Gemada (Macaggi, 1980).
76

Nesse sentido, Nenê se inscreve em uma tradição que engloba um


procedimento, entre os várias adotados pelos autores dentro do Regime
Militar, em que o discurso não é completamente cooptado pelas ideologias
forçosamente em voga, mas também não se insurge contra elas de uma
forma evidente (Silva, 2016, p. 131).

Para Mirella Silva (2016, p. 34), quanto à linguagem, no livro Contos de amor,
contos de dor – sentimentais e trágicos (Macaggi, [1976-1978])20, “o tom predominante é o
de um ultra-romantismo tardio”. De modo semelhante, Mirella Silva (2016, p. 6) observa
“apego aos extremos românticos” em A Mulher do Garimpo (Macaggi, 1976).
O pesquisador Huarley Mateus do Vale Monteiro (2021, p. 120) avalia que “Fortes
cintilações do estilo romântico figuram na obra da autora, seja no modelo de romance
folhetim, na formação de casais sem grandes problematizações, seja na configuração do
clássico e esperado ‘final feliz’”.
Para além das obras de Nenê Macaggi, é possível apontar presença significativa de
elementos do Romantismo na produção literária roraimense, o que será aprofundado mais à
frente.
Em Macaggi, são nítidas também características do Naturalismo, em especial, de
Aluízio de Azevedo, autor de O cortiço, obra claramente referência para as descrições do
cortiço de A mulher do garimpo (Macaggi, 1976).
Para Almada (2015, p. 99), A mulher do garimpo (Macaggi, 1976) é uma
manifestação literária que, pela descrição minuciosa e documental, tem vocação e filiação
realista-naturalista, recebendo influências da ficção regionalista desse período da literatura
nacional, “muito embora não o seja na dimensão de análise crítica do mundo”.
Como afirma Mirella Silva (2016, p. 6), a escritora paranaense adota em suas obras
representação “quase” naturalista em cenas de violência ou morte “(as mortes, mesmo as
naturais, são descritas com detalhes minuciosos e não raro repugnantes)” ou com elementos
negativos ligados à pobreza, “com exceção do que se refere à pobreza pitoresca inserida nas
cenas que seus viajantes encontram nos interiores da Amazônia”.

20
Há divergências quanto ao ano de publicação desta obra: 1971, 1974 (Silva, 2016) e 1988 (Feitosa, 2014). Por
diferentes motivos, este autor inferiu que a obra foi publicada entre 1976 e 1978: “um exemplar do livro com
autógrafo da autora assinado em 19 de abril de 1978 indica que a edição é anterior [a 1988]. Soma-se a isso o
fato de textos publicados em jornais listarem obras de Nenê Macaggi, presume-se, por ordem cronológica,
citando ‘Contos de amor, contos de dor’ entre os livros ‘A mulher no garimpo’ (1976) e ‘Dadá Gemada-
Doçura-Amargura’ (1980)” (Pimentel, 2020, p. 1). Outro fator que corrobora tal inferência é um texto de
Jaber Xaud (1976, p. 11 apud Almada, 2015, p. 67) em que esse parece se referir ao livro Contos de amor,
contos de dor – sentimentais e trágicos: “Devido ao sucesso de A Mulher do Garimpo a renomada escritora
Nenê Macaggi está se animando a imprimir outro livro de contos, trágicos e sentimentais e garanto que será
novo sucesso (XAUD, Jaber. Sociedade Jaber Xaud. Jornal Boa Vista, p. 11, 07 ago. 1976)”.
77

De acordo com Mirella Silva (2016), ao adentrar o universo macaggiano, a primeira


impressão é a da construção de uma atmosfera ‘artificiosa’, voltada para a caracterização do
local, ‘toda’ construída sobre imagens preconcebidas, tipos e modelos de fácil e imediato
reconhecimento, tal como na literatura de Aluísio Azevedo. Assim, “Para este fato, talvez,
contribua a figura da narrativa, no modo como o discurso narrativo se afasta dos falares
regionais, aproximando-se da norma culta, estabelecendo, assim, uma distância e um
estranhamento em relação ao discurso do narrado” (Silva, 2016, p. 46).
Mirella Silva (2016, p. 34) descreve a linguagem usada por Nenê Macaggi em sua
escrita como “arcaizante e preciosista”, conforme modelo narrativo típico do século XIX, de
modo deslocado em relação ao contexto da literatura marginal brasileira dos anos 1970/80,
“época em que a experimentação e liberdade linguísticas foram especialmente intensas”.
Quanto à diferença linguística entre narrador e alguns personagens, Silva (2016, p.
200) lembra que essa é também uma questão em romances do século XIX, em que os autores,
entre eles, Machado de Assis, davam aos personagens um falar regional ou das classes menos
privilegiadas, mas mantinham a norma culta na fala do narrador.
Para Fischer (2004, p. 61), na obra Contos, o escritor gaúcho Simões Lopes Neto,
“fez a síntese literária que ninguém ainda tinha conseguido inventar, apesar de vários terem
tentado registrar a vida rural”. O autor (Fischer, 2004) credita esse sucesso à estratégia
narrativa e à linguagem em que Lopes Neto resolveu forjar um narrador que viveu
diretamente as experiências da vida do campo.
Como complemento, Lopes Neto teria conseguido escrever as histórias em uma
linguagem “adequadamente” mesclada de vocabulário local, com “modestas” intervenções no
plano da sintaxe, mas em um nível culto do português. Nesse rumo, “Assim, o que temos é
literatura feita verossimilmente de depoimento direto; e essa era justamente a equação que
estava sendo buscada pelos escritores ocupados dessa matéria rural” (Fischer, 2004, p. 62).
Ainda que em proporção menor que as citações ao Naturalismo e ao Romantismo, há
autores que notam na ficção de Nenê Macaggi proximidade com o Simbolismo e o
Parnasianismo.
Para Silva (2016), a produção literária da referida escritora tem dicção ‘quase’
simbolista. Por sua vez, Mibielli (2016) diz ter a impressão de que, em A Mulher do Garimpo,
Nenê Macaggi (1976) busca traçar uma relação ideológica purificadora, em um ‘devir meio
parnasiano, entre cidade e campo.
Sobre essa não coincidência entre as características da literatura produzida em
Roraima e as de produções dos grandes centros a ela contemporâneas, Mibielli (2017a, p. 26)
78

sustenta que, “dadas as condições de produção, edição e veiculação/comércio de textos


literários na precária sociedade amazônida já decadente, dos anos pós-fausto”, o que inclui
“arruamentos urbanos com pretensões a cidades” como Boa Vista, a poesia de salão em saraus
musicais da “província” tem mais espaço que a literatura em livro e jornais.

Como a poesia de salão, nesses casos, por um longo período – que se estende
até o final da segunda guerra mundial –, necessitava mais de apuro estético-
formal do que de conteúdo social propriamente dito, não se presta, neste
meio, a devida atenção à vaga modernista que domina o eixo Rio-São Paulo,
resultando disto uma poesia de extração parnasiano-simbolista cuja temática
é, em geral, social e criticamente pobre [...] (Mibielli, 2017a, p. 27).

Destaca-se que, no contexto roraimense, a descrição de Mibielli (2017a) cabe pelo


menos até a década de 1980 ou 1990 e dá uma ideia do cenário com o qual também a prosa
precisava lidar para se estabelecer.
Em outro texto, o mesmo autor (Mibielli, 2021, p. 235) sustenta que até os anos
1980, antes do surgimento do movimento Roraimeira, a poesia em Roraima estava isolada em
um ou outro número de jornal, saraus de famílias tradicionais e em uma ou outra cerimônia
pública, declamada pelos “poucos que se aventuravam a compor publicamente”, o que
corrobora citação de M. Lima (1999) feita anteriormente.
Quanto à presença de textos literários na imprensa, devido à carência de jornais
roraimenses disponíveis para pesquisa, há pouco conhecimento acadêmico produzido a
respeito. Atualmente, somente três jornais de Roraima estão digitalizados e publicados na
Hemeroteca Digital Brasileira (bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital): Folha de Boa Vista,
Boa Vista e O Átomo.
Nesse último, encontram-se os registros mais antigos de que se tem notícia de
publicação de textos literários em periódicos locais: contos e crônicas de Nenê Macaggi,
crônicas de Jaber Xaud e poema de Argentino Guimarães, entre 1953 e 1955.
Além da citação acima, quanto ao caráter “parnasiano-simbolista” da literatura
amazônica protourbana, Mibielli (2017a, p. 37) argumenta que, embora seja um projeto
modernista, o romance A Mulher do Garimpo “desliza, quase sem perceber, para um
artificialismo típico das construções parnasianas (em que a forma importa mais que o
conteúdo)”, pelo “exagero como deixa transparecer nele seu projeto didático, estético e
identitário de modo artificioso, criando uma atmosfera postiça em que predomina a forma”.
Por fim, H. Santos (2010, p. 201) afirma que “Mesmo com uma produção da década
de 80, é profícuo afirmar que D. Nenê possuía uma escrita firmada nos pilares do Pré-
Modernismo”.
79

Outros escritores de Roraima que produziram literatura de inspiração clássica são


Dorval de Magalhães (1984; 1986), autor dos livros Áurea e Este mundo está doente,
respectivamente, de poesia e crônica, e Antônio B. da Silva ([1986]), autor de Falando de
amor.
Destacam-se em Áurea (Magalhães, 1984) e Falando de amor (Silva, [1986]) a
temática romântica, a publicação de sonetos e escolhas textuais não coloquiais, como o uso da
segunda pessoa do singular (“não és feliz”; “em ti”), de ênclise (“envergonha-te”; “dizer-te”),
contrações (“‘stou”; “u’a”) e da ordem indireta (“Corria manso o riacho”; “Poeta, jamais
fui”).

4.3 FORMAÇÃO KARAIWA: TENDÊNCIA COMPOSIÇÃO DE RORAIMA

Primeiro grande marco da literatura não indígena local, nos quesitos volume de
produção, diversidade de autores e coesão da proposta, é a tendência literária Composição de
Roraima. Nela, verifica-se a busca por uma estética e temática local, tentativa de construir
Roraima por meio do literário.
Tal como na tendência Literatura de Inspiração Clássica, nessa os autores ou não são
graduados ou fizeram graduação fora do estado, como Nenê Macaggi e Eliakin Rufino (2019),
respectivamente.
Considerando que parte dos autores dessa tendência também o são da Literatura de
Inspiração Clássica, a forma de organização dos escritores em ambas coincide parcialmente.
Na tendência Composição de Roraima, os autores organizavam-se nas academias de Letras
citadas anteriormente ou em movimento cultural de artes integradas, como o Roraimeira, a ser
descrito mais à frente.
O público era restrito a Roraima, considerando a deficitária estrutura local para o
acesso à literatura. As poucas empresas denominadas livrarias, em sua maioria, comportavam-
se efetivamente mais como papelarias (Aumenta, 1997; Volta, 1992). As bibliotecas também
estavam disponíveis em número reduzido (Mibielli, 2007).
Soma-se ao exposto o fato de não haver na época editora institucionalizada em
Roraima. Da mesma forma como as empresas autodenominadas livrarias acima citadas que se
comportavam como papelarias, havia aquelas empresas que se intitulavam editoras, mas
efetivamente se comportavam como gráficas.
Exemplos são as editoras Boa Vista e Bezerra de Menezes. Com a segunda, foram
publicados o cordel Estória da BR-174: Boa Vista – Manaus, de Edvaldo Laurindo de
80

Oliveira (1975), e as obras Poemas, de Eliakin Rufino (1987), e Vias e veias, de Walber
Aguiar ([1995]).
Tais obras eram publicadas sem ISBN, ficha catalográfica e ficha técnica, indício da
estrutura institucional mínima para a feitura do material. Ainda que marcado pela
precariedade, esse foi um momento importante da produção literária roraimense.
Outro destaque: trata-se de época em que se intensifica o acesso à poesia por meio do
gênero ‘canção’, principalmente, por conta dos festivais de música e dos discos gravados.
Para A. Souza (2012), a memória oficial que subsidiasse uma identidade nacional e
um sentimento de brasilidade no roraimense começou a ser construída pela elite local com
êxito parcial, especialmente, em Boa Vista, após o golpe civil-militar de 1964, fruto de
projeto de governo que pensava a participação do indivíduo na construção da nação brasileira.
O autor (Souza, 2012) explica que, por aquele projeto, os roraimenses deveriam se
sentir construtores ativos da História do Brasil, por meio de seus heróis e eventos promotores
do ‘primoroso’ destino ao sucesso. Assim, “Embora certos regionalismos estivessem
presentes, a sensação artificial e simbólica da nacionalidade brasileira e da regionalidade
roraimense forjadas permaneceu” (Souza, 2012, p. 40).
De qualquer modo, Wankler (2013a, p. 72) ressalta que o pertencimento dos
roraimenses em relação ao Brasil “normalmente é muito frágil por vários fatores, inclusive
pela dificuldade de acesso”.
Para Almada (2015), no quadro de construção de uma memória em Roraima à época
do regime civil-militar, destacam-se dois certames realizados pelo poder público. Um deles é
o Concurso de Música Regional de Exaltação ao Território Federal de Roraima, que ficou
conhecido como Festival da Canção de Exaltação a Roraima, lançado em 1973 pela Prefeitura
de Boa Vista e com culminância no ano seguinte (Benetti; Silva, 2020).
Predecessor dos festivais de música que revelaram muitos daqueles considerados até
hoje como os grandes nomes da música popular roraimense, o Festival da Canção de
Exaltação tinha por objetivo contribuir para despertar a consciência de pertencimento local
dos que aqui haviam nascido ou que tinham escolhido o lugar para viver (Almada, 2015). As
quatro primeiras músicas classificadas no festival foram gravadas em disco compacto duplo
(Souza, 2017).
A partir de informações de Rufino (2014 apud Souza, 2017) e M. Lima (1999),
conclui-se que a primeira gravação em áudio de música com letra escrita por compositor de
81

Roraima foi no compacto duplo do grupo Golden Star, gravado no Rio de Janeiro, em 197121,
cujo repertório foi formado por músicas nacionalmente conhecidas, bem como canções locais,
como Preciso esquecer, composta por Samuel Borges, e Uma tarde no garimpeiro (Lima,
1999).
Naquela década, foram gravados ainda discos de Os embaixadores do forró e da
cantora Perpétua e, na década seguinte, de escolas de samba de Boa Vista (Lima, 1999;
Rufino, 2014 apud Souza, 2017).
Pesquisa de Benetti e Silva (2020, p. 63) identificou 20 festivais da canção, no
formato concurso, realizados em Boa Vista desde a década de 1970, entre os quais “as nove
edições do Festival de Música Popular de Roraima (Femur), entre 1980 e 2008, e sete edições
do Festival de Música Canto Forte, de 2009 a 2017”.
É interessante destacar que o Festival da Canção de Exaltação a Roraima
desclassificou uma das músicas finalistas: Exaltação ao Território de Roraima, de Bindo
Meldolesi. A alegação foi de que a canção descumpriu as normas do concurso: “facilmente
pode-se verificar que a única que destoa de uma concepção ufanista é justamente a canção
desclassificada”; “a única entre as dez que propõe um olhar crítico a alguma questão”
(Benetti; Silva, 2020, p. 69-70).
Segundo Almada (2015, p. 66), o Festival da Canção de Exaltação a Roraima
buscava valorizar a cultura local, para que “esse pedaço mal conhecido do Brasil pudesse ser
reconhecido e diferenciado de outras regiões, sobretudo do Amazonas”, estado ao qual a
região atualmente denominada Roraima pertenceu até 1943, quando foi criado o Território
Federal do Rio Branco.
Evidencia-se em relação a Roraima processo semelhante ao que se deu com o Brasil
pós-Independência na tentativa de se forjar uma identidade local totalmente descolada de
Portugal.
Paralelamente à política de realização desses eventos, acentua-se a
institucionalização da cultura no estado. Em 1974, inaugurou-se o primeiro Palácio da
Cultura22, onde funcionou a Biblioteca Pública Estadual (Martins, 2011), e, dez anos depois,

21
Segundo Rufino (2014 apud Souza, 2017), em 1971, lançaram discos os conjuntos locais Golden Star e Os
Aranhas. Por sua vez, M. Lima (1999) registra que, nesta ordem, os primeiros a gravar disco em Boa Vista
foram: Simpatia, Golden Star e Os embaixadores do forró (antigo Os aranhas). Destaca-se que não se
encontrou, para esta pesquisa, indício de música com letra gravada por Simpatia.
22
Fechado para reforma em 1988, o prédio dali em diante tornou-se a sede da Assembleia Legislativa (Martins,
2011). O prédio atual do Palácio da Cultura continua a abrigar a Biblioteca Pública Estadual e foi construído
na Praça do Centro Cívico de Boa Vista, próximo à sede do Legislativo Estadual.
82

se criou o Departamento de Assuntos Culturais, do Governo de Roraima (Félix, 2019), atual


Secretaria de Estado da Cultura.
Na década de 1980, Prefeitura de Boa Vista e Governo do Estado realizaram eventos
literários, com concurso de poesia falada e venda e exposição de livros.
Em 1993, foi aprovada a lei que constituiu o Conselho Estadual de Cultura, com a
cadeira de Literatura, criado com a promulgação da Constituição do Estado de Roraima, em
1991 (Roraima, 1993).
Ressaltam-se ainda ações de incentivo à leitura e à literatura desenvolvidas pelo
Sistema S, em especial o Serviço Social do Comércio Roraima (Sesc-RR).
Em 1990, realizou-se a 1ª Feira de Livros Infantis de Roraima, do Sesc-RR (Rufino,
1990; Sesc, 1990), uma das principais ações de incentivo à leitura e à literatura da história do
estado, posteriormente denominada somente Feira de Livros (Borges, 2005), Sesc Literatura
em Cena (Serviço Social do Comércio, 2018), e, de 2019 aos dias atuais, Festival Literário de
Roraima (Serviço Social do Comércio, 2019; Gama, 2022).
No formato feira, além das atrações literárias e de outras linguagens culturais, a
iniciativa vendia livros a preços subsidiados (Sesc, 1991).
Posteriormente às primeiras edições da feira de livros infantis do Sesc-RR, Roraima
teve feiras literárias e de língua portuguesa e festivais de leitura, realizados por escolas e
outras instituições, como a Feira de Livros Espíritas, promovida pela Federação Espírita
Roraimense (Borges, 2012c; Escola, 1994; Festival, 1997; Língua, 1994).
Outra ação importante do Sesc-RR para a literatura foi o projeto Café com Letras,
bate-papo entre convidados da área literária e a comunidade. O mais antigo registro correlato
localizado para esta pesquisa foi referente à realização da atividade como parte de um sarau
na programação do festival Aldeia Cruviana 2011 – cultura de todos os povos (Borges, 2011).
A partir de 1997, deu-se outra iniciativa do Sistema S significativa para o incentivo à
literatura de Roraima. Realizado pelo menos até 2004, o Concurso Sesi de Poesia (Conpoesi)
tinha as categorias Infanto-Juvenil e Adulto e as modalidades Escrita e Interpretação. E
publicou pelo menos três antologias no período (Pimentel, 2018a; Serviço Social da Indústria,
2005; Sesi/RR, 1997).
Nessa direção, para Almada (2015), a narrativa de A Mulher do Garimpo parece
compor um detalhe relevante no quadro de construção de uma memória em Roraima à época
do regime civil-militar, ao lado dos dois certames realizados pelo poder público acima
referidos.
83

O projeto literário de Nenê Macaggi, bem como seu estilo, cheio de apropriações
(Mibielli, 2017a), alinha-se ao Modernismo, ainda que na execução de tal projeto a escritora
acabe por se distanciar daquela escola literária em vários momentos, como já exposto.
Mibielli (2020) enxerga no texto de Macaggi a intenção de dar vazão a uma
identidade roraimense com base em técnicas de produção literária de vanguarda. Para o autor
(Mibielli, 2020, p. 100), o romance A mulher do garimpo (Macaggi, 1976) não difere muito
das técnicas de composição vigentes quando publicado, na década de 1970: “Colagem de
estilos e textos, o romance congrega informações de almanaque sobre a Amazônia (volume de
água dos rios, dimensões territoriais, curiosidades...) com enredos já conhecidos da tradição
literária brasileira”.
De modo complementar, Lima e Fraga (2019, p. 26) apontam diálogos entre a prosa
regionalista da autora paranaense e o romance de 1930, “pois são obras que constroem
modelos de identidades”.
Por sua vez, esse uso de fragmentos de textos clássicos por Nenê Macaggi, em A
Mulher do Garimpo (Macaggi, 1976) e outros romances, na forma de colagens ou paratextos,
Monteiro (2021, p. 118), entende como pastiche, “estilo discursivo de apropriação”, pós-
moderno, diferente da paródia pela inexistência do elemento satírico.
Entende-se que a colocação de Monteiro (2021) carece de mais debate, uma vez que,
por todas as demais características aqui mencionadas, é difícil localizar como pós-moderna a
obra de Nenê Macaggi, principalmente, o romance A Mulher do Garimpo (Macaggi, 1976),
cuja escrita se inicia na década de 1940. Destaca-se que o escritor modernista Mário de
Andrade (1928) também se utilizou do recurso da colagem em Macunaíma, sem que tal
característica o credencie como pós-modernista23.
Além dos livros publicados em vida, no começo da década de 2010, foi publicada
postumamente a obra Nará-Sué Uarená: o romance dos Xamatautheres do Parima, de Nenê
Macaggi (2012), sob a coordenação editorial do filho da escritora, José Augusto Macaggi.
Referência significativa na história local das artes é o movimento Roraimeira, criado
em 1984, com o objetivo de exaltar a paisagem cultural e natural do lugar. Wankler (2013a)
destaca que o movimento objetivava pôr na pauta do dia o debate sobre a identidade
roraimense, quando o estado tinha um fluxo migratório “enorme”, em função das atividades
do garimpo. Em vista disso, “O movimento pretendia diagnosticar uma ancestralidade,
identificada nos povos indígenas da região” (Wankler, 2013a, p. 71).

23
Para (Sterzi, 2019, p. 248-249), Macunaíma é “marcadamente compósito, uma colagem ou montagem de
palavras e imagens das mais variadas fontes”.
84

Para E. Souza (2017, p. 79), “a identidade social propalada pelo grupo invoca uma
origem que reside em um passado histórico com o qual ela continuaria a manter certa
correspondência”. Como já dito, até aquele momento, acreditava-se que Roraima era uma
terra sem identidade, “uma terra situada num entrelugar” (Wankler, 2013a, p. 72).
Em entrevista aos pesquisadores Oliveira, Wankler e Souza (2009, p. 28-29), o
próprio Eliakin Rufino afirma: “Talvez a nossa grande contribuição, do Roraimeira, é acabar
com a crise de identidade que Roraima padecia. Eu acho que até o Roraimeira não havia uma
arte local mesmo”.
Segundo Mibielli (2021), duas questões contribuíram para a ideia de que não havia
cultura no estado antes do Roraimeira:

a primeira diz respeito ao contraste entre o desenvolvimento econômico do


Estado no período, em contraste com o escasso desenvolvimento de produtos
de alta cultura; em segundo lugar, a ausência de um grupo social
simbolicamente hegemônico, do ponto de vista da produção de bens
culturais [...] (Mibielli, 2021, p. 236).

É interessante a reflexão trazida por Wankler (2014) de que um dos textos mais
emblemáticos do Roraimeira, o poema Cavalo selvagem, de Eliakin Rufino, tombado em
2008 como patrimônio cultural do estado24 (Rufino, 2023), ainda que normalmente lido como
de estrita exaltação das coisas do lugar, ao colocar o personagem-título, em primeira pessoa a
dizer “meu mundo é a imensidão”,

vai ao encontro das questões que se colocam acerca da dicotomia “local/


global”, na medida em que fala do ser que se sente pertencente a um
determinado lugar, que possui forte sentimento de identidade, mas que não
se furta a se lançar no mundo e fazer parte ativa dele [...] (Wankler, 2014, p.
74).

Como afirma Félix (2019), o movimento Roraimeira surgiu não somente por conta
da inconformidade com a suposta ausência de uma identidade local, mas como uma manobra
de resistência à dominação do governo central.
De acordo com Elieser Rufino Souza (2017, p. 48), os gestores nomeados pelo
governo central patrocinavam e apoiavam produtos culturais recém-chegados considerados
duvidosos pelos regionalistas Roraimeira, promovendo oficialmente a noção de que “qualquer
coisa que fosse importada era de melhor qualidade que as produzidas localmente – tudo que ‘é

24
Assim como o poema Cavalo selvagem, a canção Makunaimando, composta por Neuber Uchôa e Zeca Preto,
foi tombada, por decreto, como patrimônio do estado (Rufino, 2023).
85

de fora, é bom’. Havia uma ideologia, muito difundida, declarando que ‘Aqui não tem nada
que preste!’”.
Para Félix (2019, p. 42), o “mais interessante” é o fato de que o próprio governo foi
quem “acendeu a fagulha para a chama do Movimento Roraimeira” como um ato político, por
meio da realização de festivais de música.
Conforme Félix (2019, p. 41-42), é na segunda edição do Festival de Música de
Roraima (Femur), em 1984, que Eliakin Rufino, Neuber Uchôa e Zeca Preto “sinalizavam a
criação do movimento”. Naquela edição, Zeca Preto conquistou o segundo lugar com a
música Roraimeira (Benetti; Silva, 2020; Félix, 2019; Lima, 1999), que em 2015 foi
oficializada por meio de lei como hino cultural do estado (Fraga; Zuin, 2017).

Devido ao título da canção e ao cunho regionalista das produções do grupo,


os artistas participantes nessas atividades, bem como as pessoas que acudiam
aos espetáculos ou que defendiam e adotavam algum estilo de vida
considerado como regional, amazônico, indígena ou ambientalista,
começaram a ser chamados – ou apelidados – por alguns setores da
sociedade, de ‘os roraimeira’ (sic). O apelido, a princípio pejorativo, foi
adotado informalmente pelo grupo e o conjunto das atividades por eles
desenvolvidas veio a ser conhecido – também informalmente – como
Movimento Cultural Roraimeira (Souza, 2017, p. 9).

Na primeira edição do Femur, em 1980, Zeca Preto ficou em segundo lugar, com a
música Macuxana; Neuber Uchôa, em terceiro, com a canção Ave; e Eliakin Rufino participou
como atração especial, sem concorrer no festival (Lima, 1999).
Conforme E. Souza (2017, grifo do autor), “Na época do seu aparecimento, houve
sérios desentendimentos entre os artistas regionalistas e a sociedade dita ‘letrada’, que, neste
primeiro momento, considerou a poesia roraimeira como periférica e de baixa qualidade”.
Dois shows do trio Roraimeira, ambos em 1984, são considerados momentos de
fundação do movimento cultural: um realizado em agosto no Teatro Amazonas, em Manaus,
com apoio do governo do território federal de Roraima (Rufino, 2023), um mês após o Femur
(Lima, 1999), e outro em outubro, em Boa Vista, “cuja grande repercussão propiciou a
inserção de outros artistas que tratavam da mesma temática no movimento” (Oliveira;
Wankler; Souza, 2009, p. 30).
A referida programação teve participação de artistas de diferentes linguagens com
obras de cunho também regionalista, como música, dança, poesia e artes visuais.
Posteriormente, o trio Roraimeira fez shows nacionais e internacionais, em lugares
como São Paulo, Rio de Janeiro, Macapá, Venezuela e Suíça (Nascimento, 2014).
86

Ainda em 1984, Eliakin Rufino lançou Pássaros ariscos, obra considerada inaugural
do movimento Roraimeira, três anos antes de Zeca Preto (1987) publicar o livro Beiral:
poesias, com recursos da Lei Sarney (Lei n.º 7.505 de Incentivo à Cultura), antecessora da Lei
Rouanet.
Em 1992, deu-se o lançamento do LP Roraima (1992), com músicas de Zeca Preto e
Neuber Uchôa e poesia falada de Eliakin Rufino. Evidencia-se que iniciativa semelhante com
literatura em áudio somente seria possível na década seguinte, como pormenorizado à frente.
No mesmo ano, foi exibido em âmbito nacional pela Rede Brasil, no dia 3 de junho
de 1992, data da abertura da Eco-92, o programa Roraimeira, produzido pela TVE-Macuxi,
da Prefeitura de Boa Vista, sobre cultura de Roraima, com apresentação de Eliakin e Vânia
Rufino, Neuber Uchôa e Zeca Preto. O programa tinha reportagens e apresentações musicais e
literárias. A versão exibida em rede nacional foi um compacto da série veiculada em âmbito
local (TVE, 1992).
E. Souza (2017, p. 43) salienta que nem toda a produção artístico-cultural da época
estava “estatutariamente” vinculada ao movimento, “sendo que alguns ressaltavam o fato de
não terem participado dele”.
Com o encerramento das apresentações do trio Roraimeira em 2000, a partir de
quando Eliakin Rufino, Neuber Uchôa e Zeca Preto passaram a produzir e fazer shows
individualmente, “passou-se a chamar de arte Roraimeira qualquer expressão ou linguagem
que tenha Roraima como tema central” (Oliveira; Wankler; Souza, 2009, p. 30).
O acima exposto é uma constatação de que o projeto do movimento Roraimeira se
consolidou de tal forma no imaginário local que costumeiramente manifestações artísticas
com elementos regionais são associadas ao movimento, como ‘influência’ direta ou indireta
daquele, ainda que produzidas por artistas a ele não pertencentes ou até mesmo que o
desconheçam.
Ressalva-se que, embora o anúncio do fim do movimento em 2000, o trio Roraimeira
retomou o projeto anos depois, com a produção de shows e álbuns musicais.
Oliveira, Wankler e Souza (2009) dividem o movimento Roraimeira em duas fases: a
primeira, de 1984 a 2000, caracterizada pela predominância de textos literomusicais de
exaltação do patrimônio natural e cultural do estado, e a segunda, a partir de 2000, em que se
evidenciariam textos mais críticos e que vinculam Roraima a contexto mais amplo, regional
e/ou nacional.
Como afirma Mibielli (2021, p. 251), George Farias considera-se membro da
segunda geração do Roraimeira, visto que, em seu segundo livro de poemas, Dança dos sinos,
87

“procura mesclar questões de identidade local com temas universais”. Ainda segundo Mibielli
(2021, p. 240), o poeta Gean Queiroz “chegou a participar da segunda geração Roraimeira,
para depois, distanciando-se desta, adquirir outro matiz”.
Em texto no prelo25, este autor refuta a proposição acima citada de Oliveira, Wankler
e Souza (2009), sob o argumento de que o Roraimeira é um projeto de exaltação do local,
sendo que as manifestações destoantes dessa, propostas pelos integrantes, são produções
individuais, externas ao movimento.
Segundo Félix (2019), o trio fundador reconhece a separação do Roraimeira em dois
diferentes momentos, mas os artistas divergem quando questionados sobre o fim da segunda
fase e/ou a sinalização para uma manifestação inédita.
Para Eliakin Rufino, o fechamento do ciclo do movimento Roraimeira ocorreu com o
recebimento em 2018 do prêmio de Ordem do Mérito Cultural, “concedido pela presidência
da república e considerada a maior honraria no campo da cultura do país” (Félix, 2019, p. 47).
E complementa que a cultura roraimense, em especial, a música, pós-2000 se configura como
“algo novo que está além do Roraimeira, que a produção artística e fonográfica não pode e
não deve ser reduzida a temática regionalista” (Félix, 2019, p. 47).
Por sua vez, para Neuber Uchôa, ao mesmo tempo que se tem a sinalização para um
novo movimento, o Roraimeira mantém-se vivo por meio das influências regionais (Félix,
2019).
Já Zeca Preto sustenta que a segunda fase do Roraimeira segue em desenvolvimento
e que, em virtude das constantes atividades que ele e outros integrantes continuam a
desenvolver, ainda deve levar um ‘bom’ tempo até o surgimento de novo movimento
sociocultural (Félix; Santi, 2020).
À vista disso, consoante os autores (Félix; Santi, 2020, p. 102):

Dessa forma Zeca dá a entender que o Movimento se encerrou nos moldes


como ele era praticado, com a produção de arte essencialmente regionalista,
mas manteve-se viva sua ideologia, através de um tratamento mais sutil e
natural sobre a temática local.

O Roraimeira autodeclara-se modernista tardio, com “influências” da geração de


1922, bem como do Tropicalismo. Em contrapartida, pode-se apontar em sua produção
características em comum com o Romantismo. Em concordância com Carreiro (2014, p. 32),
os autores daquele movimento “tomaram um posicionamento bem parecido como o visto no

25
Pimentel, Aldenor. Regionalismo estético e regionalismo político: um estudo literário do movimento
Roraimeira. No prelo.
88

Romantismo, isto é, por se tratar de região, neste caso o estado de Roraima, começaram a
valorizar nas suas produções a vida e a cultura locais”.
Nesse seguimento, para Mibielli (2014, p. 42), a produção de Eliakin Rufino dialoga
com a tradição poética em dois momentos diferentes e por duas distintas razões: “num
primeiro plano, como toda literatura fundadora de um movimento que pretende ser simbólico
da cultura local, [...] busca elementos representativos [...] da cor local para que possa ser
reconhecida pelo público como ícone/ representante de sua identidade”, estratégia
‘largamente’ utilizada pelos escritores românticos.

Num segundo plano, o texto poético do Roraimeira, de modo geral, se


articula com um outro momento da tradição literária na busca por justificar
suas origens. Trata-se da relação que o poeta Eliakin Rufino estabelece entre
o Roraimeira [...] e as vanguardas literárias do modernismo brasileiro, em
especial a antropofagia oswaldiano-marioandradiana (Mibielli, 2014, p. 42).

Ainda que, em entrevista aos investigadores Oliveira, Wankler e Souza (2009),


Eliakin tenha declarado que o Roraimeira é consumido pelo “povão”, já que a elite rejeitaria o
movimento porque este é “pró-índio”, pesquisa de Feitosa (2014, p. 83) mostrou que:

dos quase quatro mil estudantes pesquisados, [...] a maior incidência de


citações dos representantes do movimento ocorreu em zonas privilegiadas,
ora por questões de localização (no sentido de proximidade dos locais onde
ocorreram/ocorrem as manifestações do movimento), ora por questões
econômicas.

A partir da constatação de que, na referida pesquisa de Feitosa (2014), apenas 2,04%


de um total de 3.722 alunos citaram os representantes do movimento, Mibielli (2014, p. 45)
infere que o Roraimeira “paga pesado preço em termo de popularidade, por optar por um
discurso mais acadêmico”, discussão a ser aprofundada mais à frente.
Quanto à qualidade e circulação, em trabalho da primeira década do século XXI,
Oliveira, Wankler e Souza (2009) sustentam que Roraima possui uma produção que, embora
não numerosa, tem qualidade e representatividade regional.

Há alguns nomes que alcançaram projeção na região Norte, como Nenê


Maccagi e Eliakim Rufino, e poucos que chegaram a ser relativamente
conhecidos nacionalmente, como Dorval de Magalhães, presidente, por
excelência, da Academia Roraimense de Letras, falecido no inicio de 2006
(Wankler; Souza, 2007, p. 4).

Destaca-se que não se localizou, para este trabalho, indícios de circulação de textos
literários de Dorval de Magalhães que justifique se falar em uma suposta fama nacional do
autor, ainda que relativa, como o fazem Oliveira, Wankler e Souza (2009).
89

Outros momentos relativos à tendência Composição de Roraima merecem destaque.


Em 1991, o texto Wadubari, de Marcos A. Pellegrini, por voto unânime dos jurados, venceu o
prêmio cubano Casa de las Américas, na categoria Testimonio, sendo publicado em livro, em
espanhol e, em 1993, em português (Casañas; Fornet, 2021; Pellegrini, 1993).
Em 1995, com o pseudônimo Vilela Montanha (1995), José Vilela publicou o
romance Gli eroi di Oixi, versão em italiano de Os bravos de Oixi (Montanha, 1994),
publicado em português no ano anterior pela editora Vozes.
No começo do século XXI, Zezé Maku (2001) publicou o livro Contos que vou
contar, composto de histórias de temática ambiental, adaptadas à dramaturgia voltada ao
público infantojuvenil. Trata-se do primeiro registro de texto dramatúrgico de Roraima
publicado em livro.
Citam-se outros escritores da tendência literária Composição de Roraima: Stênio
Martins (1989), com o livro de poesia Louvação a Roraima, José Aroldo Pinheiro (2003;
2005), com obras como 30 contos diversos (causos de nossa gente) e 20 Contos inversos e
dois dedos de prosa - causos de nossa gente, Ramayana Menezes Braga (2007), com o livro
de contos Histórias muito coisadas, e Aléxia Linke (2004), com o livro para crianças A flor
do tepui.
Enfatiza-se o entendimento de que se enquadram nessa tendência não só
manifestações literárias de exaltação das coisas locais, mas também de apreço pelo registro
dos causos, tipos humanos, peculiaridades, mitos fundadores etc.

4.4 FORMAÇÃO KARAIWA: TENDÊNCIA GLOCAL

Glocal é a tendência em que estéticas e temáticas universais ora convivem de forma


simbiótica com traços regionalistas, ora desses se afastam para se posicionarem
exclusivamente em diálogo com literaturas de grandes centros urbanos do Brasil e do mundo.
Pode-se estabelecer como marco inicial dessa tendência o ano 2000, com o advento
do uso das tecnologias da informação e da comunicação por escritores locais, e quando
também foi anunciado o fim do movimento Roraimeira.
Ainda assim, é possível localizar manifestações literárias anteriores afins a essa
tendência. Rosilene Santos (1984) publicou em 1984 o livro de poesia Entre rosas... espinhos,
cujas características se aproximam das produções literárias brasileiras pós-modernistas a ele
contemporâneas. Desse modo, a poeta parece ter antecipado tendência que seria predominante
em Roraima somente duas décadas depois.
90

Os autores de tal tendência, em número significativo, são ligados à universidade, na


condição de professores ou alunos, seja na Graduação ou Pós-Graduação. O poeta e professor
da UFRR Roberto Mibielli, por exemplo, foi eleito em 2020 presidente da associação Grupo
de Estudos Linguísticos e Literários da Região Norte – Gellnorte (2021).
Além disso, tais autores articulam-se com a cena literária extraestadual. Em
determinados casos, o fato dá-se como consequência de alguns desses escritores morarem
fora, como Livia Milanez, Ina Carolina, Helena Lopes, Liv Jordan e Macuxiva/Gean Queiroz.
Nota-se a preferência pela organização em coletivos em detrimento de instituições
formais, ainda que essas não deixem de existir. Pelo contrário, nessa tendência, entidades são
reativadas, como a ARL, ou criadas, como a Agência de Empreendimentos Culturais da
Amazônia, a Associação dos Artistas de Roraima (Assart) e a Academia de Literatura, Arte e
Cultura da Amazônia (Alaca), cuja posse dos primeiros escritores roraimenses se deu em
2022.
Entre os coletivos literários, citam-se: Caimbé, Máfia do Verso, Carapanã, o clube de
leitura Leia Mulheres, Galera da Prosa, Espaço de Leitura e Pesquisa em Artes Aldenor
Pimentel, o grupo Margens e o coletivo Lavrado de Quadrinhos.
Em 2013, a Máfia do Verso publicou o livro de poesia ParTilha, de Roberto Mibielli
(2013), primeira obra da série homônima ao coletivo. A Máfia do Verso funciona como
cooperativa de poetas, em que a venda de uma publicação financia a seguinte da série. Nessa
perspectiva, segundo pesquisa de Mariana Andrade (2021, p. 11), “O grupo publicou cinco
obras entre 2013 e 2015 nas quais expõem-se vários estilos poéticos cujos temas abordados
vão desde corriqueiros da vida humana: tempo, morte, vida, amor, dor; até algumas
retratações regionais”
Além do mais, o coletivo visitava escolas, onde eram realizadas práticas de leitura e
performance pelo integrantes e poetas externos à cooperativa, principalmente, no período
inicial de consolidação da Máfia do Verso (Andrade, 2021).
Como afirma Mariana Andrade (2021, p. 17), tais visitas “tinham teor pedagógico –
e não apenas de divulgação” e eram feitas, especialmente, em escolas públicas de Boa Vista
beneficiadas pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) da UFRR,
coordenado pelo professor da instituição e membro do coletivo Roberto Mibielli. A
cooperativa era ainda convidada a visitar outras escolas públicas e privadas e a realizar
eventos culturais ou a deles participar (Andrade, 2021).
91

De modo geral, houve uma intensificação de iniciativas formais e informais de


visitação de escritores locais a escolas públicas, a partir também do ambiente propiciado pela
recém-criada política de ensino literário em Roraima, em especial, o Recurpem.
Outra iniciativa local coletiva comercialmente bem-sucedida foi a coletânea de livros
Retalhos, organizada por José Aroldo Pinheiro (2007), a partir de 2007. Trata-se de
autopublicação, composta por textos de diferentes gêneros literários de diversos escritores de
Roraima.
Ademais, evidenciam-se iniciativas individuais de incentivo à literatura de Roraima,
como os fanzines literários Receita no verso, criado e distribuído gratuitamente pelo escritor
Marcelo Perez desde 2012 (Machado; Martins; Alves, 2022), e Interferência Poética, editado
por Felipe Thiago (Escritor, 2021b).
Outro destaque são meios digitais utilizados para difusão de informações sobre a
literatura de Roraima, como a coluna Rede Literária, criada em 2012 por Edgar Borges
(2012g), o blog Ciência Cordel, criado em 2013 pelo cordelista e professor da UERR Rodrigo
de Oliveira (2013), e o blog Arteleituras, criado em 2015 por Aldenor Pimentel (2015).
Destacam-se, ainda, ações de incentivo à escrita criativa, como o Concurso Jaider
Esbell de Criação Literária, criado em 2013 (Namem, 2023) pelo escritor Jaider Esbell, e de
democratização da literatura, como o projeto Coreto Cultural, criado em 2019 por Lindomar
Neves Bach (2023)26.
Anos depois, dois projetos de leitura em Roraima (Espaço Saber e Curumim Leitor),
foram identificados pela pesquisa O Brasil que lê: mapeamento e análise de projetos de
formação de leitores no Brasil (Ramalho; Carvalho, 2021).
Registra-se, também, nessa tendência, a criação da Editora da UFRR em 2002 e da
UERR Edições, bem como a realização de ações acadêmicas de pesquisa e extensão e o
fortalecimento de políticas públicas de leitura e literatura no estado, tais como o I Encontro de
Escritores de Roraima, na UFRR em 2007 (Últimas, 2007), o Yamix, coordenado pela
UERR27, e o projeto de extensão da UFRR Roteirização, produção e edição de microsséries
(2022-2023), de Simão Farias (Cavalcante, 2022).

26
O Concurso Jaider Esbell de Criação Literária teve pelo menos três edições até 2016 (Lopes, 2016). O projeto
Coreto Cultural realizava apresentações literárias e culturais em espaço público (Carvalho, 2019), com acesso
gratuito.
27
Em 2008, foi realizada a primeira edição da Mostra Acadêmica de Expressões Artísticas do Meio
Universitário de Roraima (Yamix), pela UERR, como projeto de extensão, em parceria com CEFET, atual
IFRR, UFRR e as faculdades Cathedral e Atual, hoje Estácio Atual. A mostra foi realizada pela UERR até a
sexta edição, em 2013 (Alencar; Rodrigues, 2020).
92

Além do mais, evidenciam-se debates acadêmicos com a participação de escritores


locais, como mesas redondas em semanas de Letras da UFRR e UERR em Boa Vista e
Rorainópolis (Assessoria de Comunicação da UERR, 2018a; Assessoria de Comunicação da
UERR, 2018b; 2019; Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos, 2018;
Santos, 2012).
No site do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (2023) constam como existentes
bibliotecas de nove municípios de Roraima. É difícil localizar o ano de criação das bibliotecas
municipais de Roraima ou o instrumento legal que as criou. Para esta pesquisa, identificou-se
o ano de criação da Biblioteca Municipal Professor Eloy Gomes, de Boa Vista, e da
Biblioteca Municipal Professora Norma Suely Ribeiro Costa, de Pacaraima: 1983 e 2008,
respectivamente (Pacaraima, 2008; Prata, 2022).
Em 2013, instituiu-se o Sistema Estadual de Bibliotecas Escolares (Roraima, 2013).
Conforme a coluna Rede Literária (Borges, 2014c), números do Censo Escolar 2013
compilados pelo portal Qedu apontaram que apenas 29% das escolas de Roraima, públicas ou
privadas, tinham biblioteca naquele ano.
Cinco anos depois, foram instituídos por lei o Programa Estadual Caminhada
Literária (PECALI) e as salas de leitura na Rede Pública Estadual de Ensino da Educação
Básica de Roraima (Roraima, 2018)28.
Em 2016, a Secult realizou o #dialogaculturarr, que resultou na Carta de Roraima,
com propostas da sociedade civil, entre as quais da área de literatura, livro, leitura e
bibliotecas (Pimentel, 2017).
O Edital 007/2017 – Incentivo e Fomento à Literatura, da Secretaria de Estado da
Cultura selecionou para publicação cinco projetos de livros, cujos prêmios em dinheiro foram
entregues em 2021 (Governo, 2021; Pimentel, 2018d).
Em 2020, foram lançados editais de literatura, entre outras linguagens, pelo Governo
de Roraima, como o Cultura em Casa e o Prêmio Dorval de Magalhães, e por prefeituras,
como o Festival Live do Bem e o Faz Cultura Boa Vista, durante a pandemia de covid-19,
com recursos locais ou da Lei Aldir Blanc, do Governo Federal (Carvalho, 2020; Pimentel,
2021d; Reagentes Culturais, 2020; Ribeiro, 2020).
Em 2023, foi lançado por prefeituras de Roraima editais da Lei Paulo Gustavo,
incluindo o segmento literário. Para 2024, está previsto edital do Governo de Roraima, com
recursos oriundos da mesma lei federal.

28
Em 2012, o programa já desenvolvia ações como o projeto Expondo e Encantando (Borges, 2012f), tendo
realizado em 2013 o I Encontro de Mediadores de Leitura (Borges, 2013).
93

No que tange ao controle social, destaca-se em 2010 a eleição de Edgar Borges como
representante da Região Norte no Colegiado Setorial de Livro, Leitura e Literatura, do
Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), do Ministério da Cultura, para o mandato
2010-2012 (Brasil, 2010), sendo eleito representante do segmento criativo para o mandato
2013-2014 (Forumce, 2012). Da mesma forma, Aldenor Pimentel foi eleito representante do
segmento criativo para o mandato 2015-2017 (Brasil, 2016).
Em trabalho de 2007, Mibielli (2007, p. 6) fez referência a uma “crise de leitura” em
Roraima, onde “as bibliotecas são raríssimas e não há senão duas, ou três, livrarias em todo o
Estado”. No referido trabalho, o autor (Mibielli, 2007) enfatizou ainda a ausência à época de
um parque editorial na UFRR e de publicação locais.
Salienta-se que, na época, havia em Roraima a Editora da UFRR, mas não editoras
comerciais: a Wei Editora foi criada em 2021 e a primeira editora cartonera de Roraima,
Maricota Cartonera, publicou livro oficialmente em 2016, Carrossel Agalopado, de Zanny
Adairalba, proprietária do selo editorial (Pimentel, 2018e).
Acentua-se a criação do Clube dos Livros, primeira biblioteca comunitária de Boa
Vista, originada de uma papelaria com livros criada em 2007. Em 2010, o Clube dos Livros
foi apontado no concurso nacional Viva Leitura como segundo melhor projeto de incentivo à
leitura do Brasil, no ranking nacional das bibliotecas comunitárias existentes (Semuc, 2015)29.
De acordo com a coluna Rede Literária, levantamento da ANL de 2012 apontou que
Roraima tinha cinco livrarias, todas em Boa Vista (Borges, 2012e). A quinta edição do
levantamento, divulgado em 2023, indicou a existência de dez livrarias no estado
(Publishnews, 2023). O número deve ser visto com reserva, considerando a continuidade do
cenário estadual já descrito em que as poucas empresas denominadas livrarias, em sua
maioria, comportam-se, efetivamente, mais como papelarias.
Entretanto, alternativas foram forjadas diante dessa reduzida estrutura livreira em
Roraima. Para suprir a ausência de livrarias, criaram-se outros pontos de venda de livros,
inclusive, de autoria de escritores locais, como bancas de jornal, farmácia e lojas. Fundada
oficialmente em 2012, por exemplo, a Banca Playboy (Pierre, [2023]) mantém estante com
livros de autores locais.

29
Em 2013, a biblioteca comunitária do Clube dos Livros tinha 234 pessoas cadastradas, 60% do interior do
estado, grande parte ribeirinhos, indígenas e alunos de cursos à distância de universidades (G1 RR, 2013). O
espaço dispunha ainda do serviço de locação de livros a baixo custo, autointitulando-se a primeira locadora de
livros da Região Norte do Brasil, além do sebo virtual e clube de leitores (Clube dos Livros, [2023]). Em
2019, o Clube dos Livros realizou a I Feira de Livros Usados de Boa Vista.
94

Sobressai-se, ainda, a aquisição de obras literárias intermediada por revistas de venda


de cosméticos. Pesquisa realizada por H. Santos (2012) confirma tal alternativa encontrada
diante da carência de pontos de venda de obras literárias no estado: a investigação identificou
um professor de Português/Literatura de Ensino Médio em escola pública de Boa Vista que
comprava livros em revista de cosméticos e variedades.
Outro destaque: em 1999, tem-se o primeiro audiolivro de Roraima propriamente
dito, de Aléxia Linke, iniciativa seguida anos depois por outros escritores, como Airton Vieira
(2005).
O arco íris coloriu, de Aléxia Linke, que atualmente assina como Aléxia Braga, veio
acompanhado de CD com as histórias em áudio. O mesmo se deu com livros posteriores da
autora, voltados ao público infantil e infantojuvenil: A flor do tepui, de 2004, Tangolomango
da massa, de 2005, e Tudo ao seu tempo, de 2010 (Pimentel, 2021a).
Ainda na interface literatura e música, destaca-se em 2012 a participação do escritor
Jaime Brasil, com a declamação de poema de autoria própria, na música Herói cotidiano, da
banda Jamrock, no EP A primeira viagem (Jornalismo Cultural, 2012).
Em 2014, a música Beiral, gravada pela banda roraimense Ditambah e escrita pelo
poeta Rodrigo Mebs, foi escolhida como o melhor single de 2013 pela rádio Manifesto Norte,
de Manaus (AM) (Borges, 2014a).
Quanto a prêmios literários, em 2008, elimacuxi ganhou com o poema Alerta o
Concurso de Poesia Falada de Itacoatiara (CONPOFAI), nas categorias melhor poema e
melhor interpretação (Escavador, 2023).
Edgar Borges foi selecionado no edital Bolsa Funarte de Criação Literária 2009, o
que se deu também com outros autores roraimenses anos depois: Jaider Esbell, em 2010,
Aléxia Linke (Braga) e Marcelo Perez, em 2012 (Borges, 2012d; Esbell, [2023], Lima, 2011).
Em 2011, Ernandes Dantas (2011) publicou o livro de poesia Sons, imagens e gestos,
financiado pelo edital Microprojetos Mais Cultura – Amazônia Legal, da Funarte. Até onde se
sabe, 2011 é também o ano de publicação do livro literário mais antigo de Rorainópolis, de
autoria de Eudes Miguel da Silva30.
Em 2012, Eroquês Velho conquistou o primeiro lugar em quatro modalidades no V
Festival Gaúcho da Amazônia Ocidental (Fegamo), realizado em Rondônia: causo, dança
coletiva, canto e declamação, na qual era bicampeão, na categoria veterano, tendo vencido em

30
O autor tem dois livros publicados no mesmo ano: Elos perdidos gerações esquecidas e Histórias que meu avô
contava (Pimentel, 2018c). Não se tem informações oficiais sobre qual deles foi publicado primeiro. Por
mensagem de WhatsApp, o escritor informou a este autor que Elos perdidos gerações esquecidas é anterior a
Histórias que meu avô contava.
95

2010 e 2011. Giovana Krystine Velho, filha de Eroquês, de 10 anos, foi a segunda colocada
na categoria declamação mirim na edição de 2011 e primeira na edição seguinte (Borges,
2012a; 2012b).
Em 2015, a peça teatral Chegança – o cordel do bem-querer, de Zanny Adairalba,
ficou em 1º lugar no projeto internacional de dramaturgia feminina La escritura de las
diferencias – Capítulo Brasil. Em 2017, Zanny Adairalba recebeu do Ministério da Cultura o
título de Mestra da Cultura Popular, como reconhecimento pelo trabalho da escritora no
fomento e na produção da literatura de cordel (Machado; Martins; Alves, 2022).
Em 2017, na mesma edição em que Cristino Wapichana foi finalista, a coleção de
livros Kidsbook Itaú Criança ganhou o prêmio Jabuti, na categoria Infantil Digital, em que a
ilustradora roraimense Ina Carolina atuou como ilustradora da história O cabelo da menina,
de Fernanda Takai (Premiados, 2017).
Em 2022, o romance Maldita seja Eva, de Julie Pedrosa, ganhou o V Prêmio
ABERST Cláudia Lemes - narrativa longa de suspense, promovido pela Associação Brasileira
dos Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror (Aberst, 2022)31.
A literatura de gênero feita em Roraima tem casos anteriores de relativo destaque
nacional, como o romance de ficção científica Unicelular, de Tarsis Magellan (2019), lançado
pela editora Martin Claret, após publicação independente na Amazon, em 2016, e na
plataforma Wattpad (Pimentel, 2021e), provavelmente no ano anterior32.
Além disso, roteiros de cinema do estado tem alcançado destaque recentemente. Os
filmes Rabiola e Nome Sujo conquistaram em 2022 o prêmio de melhor roteiro no 4ª Festival
Olhar do Norte, em Manaus, e na mostra competitiva de curtas-metragens nacionais do
Festival Guarnicê de Cinema, em São Luís, respectivamente. O roteiro de Rabiola é assinado
por Thiago Bríglia e Elder Torres, e o de Nome Sujo, por Arthur Roraimana. Ambos são
produções da empresa Platô Filmes (Filme, 2022; Premiados, 2022).
Em 2017 e 2018, os livros Meia Pata33, de Ricardo Dantas (2013), livro que deu
início ao movimento Bioarte, criado pelo escritor, e Amor para quem odeia, de elimacuxi,
foram referência no Vestibular da Universidade Federal de Roraima (2016; 2017).
Nos anos anteriores, ocorreu o mesmo com as obras O Guru da Floresta, de José
Vilela, e A mulher do garimpo, de Nenê Macaggi. E nos anos posteriores com: Urihi: nossa

31
O livro foi publicado de forma independente na Amazon em 2021 em formato digital e, no ano seguinte, em
formato físico (Folha Web, 2022b).
32
Anos antes, o autor publicara o livro de terror Histórias de Monstros e Diabruras, com o nome artístico Tarsis
Tindarsam (2011).
33
O romance foi publicado em 2013 pela editora Kazuá, de São Paulo, e em 2022 pela editora Unilivreira, de
Natal (RN) (Dantas, 2022).
96

terra, nossa floresta, de Devair Fiorotti, O homem de Barlovento, de Bruno Garmatz, A boca
da noite, de Cristino Wapichana, O jogo da democracia, de Aldenor Pimentel, e Indígenas em
luta pela vida, de José Vilela34 (Universidade Federal de Roraima, [2013]; [2014]; 2019;
2022; 2023a; 2023b).
Para Almeida (2019), Meia Pata, de Ricardo Dantas, tem a característica pós-
modernista pluralidade de gêneros, com integração do diário, na voz do protagonista, na
narrativa.
Em 2019, Meia Pata foi incluído no Projeto Pedagógico do Mestrado em Estudos
Literários da Universidade Federal de Rondônia (2019), nas referências da disciplina Estudos
do Maravilhoso e do Insólito nas Amazônias, da linha de pesquisa Literatura, memória e
identidade pan-amazônicas.
Egresso do Mestrado em Estudos Literários da Universidade Federal de Rondônia, o
escritor maranhense radicado no Amazonas Ronilson Lopes (2022) publicou em 2022 o livro
Onça para sempre onça, tendo como uma das inspirações o romance Meia Pata, de Ricardo
Dantas.
O registro mais antigo de publicação de revista em quadrinhos roraimense refere-se à
Turma da Jurema, de Armando Vitor, lançada nesse formato em 2014 e publicada dois anos
antes na página semanal Canoa Pop, no jornal Folha de Boa Vista (Borges, 2014b).
Também em 2014, foi realizada a primeira edição da Comic Fãs RR, encontro de
colecionadores de HQs e miniaturas, promovido pelo RR Clube HQ e Coletivo Arteliteratura
Caimbé (Borges, 2014d). No mesmo ano, foi realizada exposição de exemplares de histórias
em quadrinhos e action figures, pelo coletivo Comics Fãs Roraima, na IX edição da Festa da
Damurida, da comunidade indígena Malacacheta, no município de Cantá (Borges, 2014e).
Quanto a livros de dramaturgia, destacam-se: a publicação independente As
Aventuras de Jota Cabeça e seus Guachebas, de Ricardo Dantas (2018), na Amazon, e a
publicação dos livros Na mesma praça hojesempre até o amor acabar: dramaturgia
roraimense, de Francisco Alves (2020), Garganta Irada, de Marcelo Perez (2021), Coletânea
de peças teatrais de Roraima, organizado por Ananda Machado, Bene Martins e Francisco
Alves (2022) e A lenda da Rufina: devorada ou encantada?, de Ernandes Dantas (2023).
Em 2021, foi lançado o filme de animação A inacreditável história do milho gigante,
pela Platô Filmes, com direção de Aldenor Pimentel, roteiro adaptado de poema homônimo de

34
O jogo da democracia foi incluído no conteúdo programático do Processo Seletivo Seriado 1 (PSS1) e
Indígenas em luta pela vida, no Vestibular Indígena.
97

autoria do diretor do curta-metragem, produção cinematográfica vencedora de prêmios


nacionais e internacionais (Cavalcante, 2022).
Quanto ao hábito de leitura na capital de Roraima, em resposta à pesquisa de Gomes
(2015) em duas escolas estaduais de Ensino Médio de Boa Vista, responderam que gostam de
ler 61,53% dos alunos da escola do bairro Caranã e 65,21% dos da escola do Centro,
entretanto, sustenta a autora que as práticas de leitura literária em sala de aula não despertam
o interesse daqueles pelo texto literário:

ao contrário dos discursos do senso comum em que se afirma que os alunos


não gostam de ler, a maioria dos alunos pesquisados gosta de ler, inclusive
textos literários; todavia têm a leitura apenas como um meio para chegar-se
ao vestibular e ao exame nacional do ensino médio, além de não serem
estimulados por suas professoras a aprimorar o gosto pela leitura através do
texto literário. Infelizmente, a leitura realizada nas aulas fica apenas no
primeiro estágio, ou seja, na decodificação do texto (Gomes, 2015, p. 84).

A mesma pesquisa revela ainda que tiveram o primeiro contato com textos literários
no ambiente escolar 61,52% dos alunos da escola do Caranã e 39,10% dos alunos da escola
do Centro. Outrossim, 15,38% daquele primeiro grupo de alunos disseram que a mãe os
incentiva a ler (Gomes, 2015).
Outros dados interessantes da pesquisa são: a casa é o local de leitura para 19,23%
dos alunos da escola Caranã e 47,82% dos alunos da escola do Centro. A escola é espaço de
leitura para 38,46% dos primeiros e 39,13% do segundo grupo (Gomes, 2015). Chama ainda
atenção os dois alunos da escola do Centro que declararam ler pela internet, bem como a
resposta em que aluno diz escolher leitura por meio de indicação de aplicativos de leitura.
Evidencia-se, ainda, que a biblioteca escolar foi apontada como espaço de leitura por
34,61% de alunos da escola do Caranã e 82,60% de alunos da escola do Centro. Sobre essa
alta porcentagem relativa à última escola, a pesquisadora infere que o motivo é o fato de a
unidade escolar não dispor de sala de leitura (Gomes, 2015).
A pesquisa aponta ainda que a principal forma de estímulo nas escolas investigadas é
a professora em sala de aula incentivar a leitura literária e outras leituras ao mostrar alguns
textos à turma, o que foi declarado por 23,07% dos alunos da escola do Caranã e 21,73% dos
alunos da escola do Centro (Gomes, 2015).
Talvez a característica predominante da tendência Glocal seja exatamente não ter
uma característica predominante ou um conjunto restrito delas. O que se observa é uma
diversidade de temas e abordagens, a qual desafia os pesquisadores da área e, se por um lado,
98

transparece uma possível falta de coesão, por outro, evidencia a riqueza do cenário da
literatura local hodierna.
Nessa perspectiva, Mibielli (2014, p. 68) avalia que, embora o movimento
Roraimeira seja “fundamental” na definição de uma imagem do literário em Roraima, não é
único e, para além dele, há “diferentes e mais sutis estratégias de afirmação do local, assim
como interlocutores universalistas a sua altura nos demais poetas desta geração”.
No mesmo artigo acima citado, em que analisa poemas de geração posterior ao
Roraimeira, o autor (Mibielli, 2014) conclui que esses textos deslizam ora pelo mundo
fantástico, ora pelo maravilhoso, bem como pelo mítico, “esbanjando” e sugerindo a magia
como forma de questionar e subverter a realidade em seu alheamento e sua banalização
próprios da pós-modernidade. De acordo com o autor (Mibielli, 2014, p. 68), “Esta tensa
relação dialética é a forma que estes poetas encontraram de repropor nosso lugar no mundo a
partir da magia, da interculturalidade e do necessário estranhamento que desta advém”.
Conforme Mibielli, Campos e Jobim (2019), a atualização tecnológica, em função da
expansão da internet e da telefonia móvel pela Amazônia, permitiu a circulação virtual e
ampliou a visibilidade de textos e obras aqui produzidas. Permitiu ainda, de modo “bastante
aleatório”, aos artistas e escritores locais buscarem atualização na rede mundial de
computadores, assumirem discursos mais universalistas e, em alguns casos, superarem o
discurso regionalista.
Ainda segundo os autores (Mibielli; Campos; Jobim, 2019, p. 35), isso, no entanto,
“não aplacou o desejo de ser o criador de uma representação identitária para Roraima de boa
parte daqueles que por lá produzem literatura”. Para Mibielli (2021, p. 257), hoje a poesia do
estado caminha para a universalização temática “sem descuidar de si, de seu lugar de fala”.
De acordo com Mibielli, Campos e Jobim (2019), em alguns casos, esse desejo de ser
o criador de uma representação identitária para Roraima mescla as tendências mais variadas:

a origem indígena e seu perspectivismo, a academia e sua produção crítica, o


conhecimento do mundo contemporâneo e da história passada, o discurso do
politicamente correto e as correntes minoritárias da pós-modernidade, a
mitologia e outros mais, e gera autores e obras cuja natureza, de difícil
definição, extrapola o contexto da produção atual, ao mesmo tempo em que
o representa (Mibielli; Campos; Jobim, 2019, p. 35).

Para Mibielli (2014), talvez a identidade do estado possa ser dessa maneira
evidenciada: as formas de identificação, as estratégias de demarcação, de criação de uma
imagem do local em que se vive são diversas, “a poesia hodierna de Roraima parece não
99

estabelecer a mesma relação que estabeleceram os poetas do movimento que o Roraimeira


com o lugar em que vivem” (Mibielli, 2014, p. 41).
Silva Filho (2014) registra blogs em que autores de Roraima publicam poemas
associados a recursos eletrônicos, como cores, imagens, gráficos etc., e têm interação com o
público. Consoante o autor, “Interações essas tão constituídas de emoções, que muitas vezes
tanto leitores como autores acabam travando um diálogo por meio da criação de novos
poemas” (Silva Filho, 2014, p. 68).
Para Silva Filho (2014), enquanto o Roraimeira lançou mão de elementos de
representatividade, como o ufanismo e a exaltação, em especial, à natureza, ao primitivismo e
à pluralidade cultural, todos em convergência para a construção da identidade do roraimense,
em blogs literários locais35:

Dá-se ênfase à dor, à angústia, à solidão, ao vazio existencial, à incerteza


quanto ao presente e ao futuro, à fugacidade da vida, à fragmentação
identitária do indivíduo, ao prazer descomprometido, sobretudo, o sexual.
Tudo no sentido de representar o sujeito contemporâneo, o homem do nosso
tempo em seu estado de ser, sentir e estar no mundo (Silva Filho, 2014, p.
66).

Merecem nota o blog e-pístolas, em que Avery Veríssimo (2001) publica crônicas
desde 2001, iniciativa posteriormente seguida pelo poeta Roberto Mibielli (2005), que criou
em 2005 o blog Pô & Cia.
Em 2008, Edgar Borges e elimacuxi publicaram os livros digitais Roraima Blues e
Diverso universo, prosa em verso, respectivamente: aquele de microcontos; esse, de poemas
(Pimentel, 2018c).
Dois anos depois, Edgar Borges (2010) produziu o videopoema Poéticas Urbanas #
1, segundo lugar na Mostra Londrix 2013 Vídeo-Poema, em Londrina (PR) e selecionado
para a II Mostra Sesc Roraima de Curtas, realizada em 2010, em Boa Vista.
Destaca-se, ainda, o uso contemporâneo das redes sociais digitais para a difusão da
literatura de Roraima, por escritores como Gabriel Alencar, Leon Koutrin e Timóteo
Camargo.
De modo semelhante a Silva Filho, Carreiro (2014) compara o Roraimeira a três
poetas posteriores ao movimento: Devair Fiorotti, elimacuxi e Zanny Adairalba. A autora
(Carreiro, 2014) conclui que, diferente daquele movimento, a poesia desses não faz parte de
nenhum movimento cultural específico e, ainda que apresente traços de uma imagem cultural

35
Foram analisados os blogs Pô & Cia, de Roberto Mibielli, Sobre silêncio e outras coisas, de Isabella Coutinho
e Elimacuxi, poesia pura, de elimacuxi (Silva Filho, 2014).
100

roraimense, tem como predominante temáticas globais, como paixão, saudades, natureza,
angústia, conflitos, sofrimento, liberdade, maternidade, entre outros.
Carreiro (2014) frisa que, apesar de Devair Fiorotti e elimacuxi fazerem em sua
poesia referência aos integrantes do Roraimeira, há poucas semelhanças em relação a esses no
modo de representar uma imagem da cultura regional roraimense. No entanto, “isso mostra
que há uma consciência histórica do papel daquele grupo como referência poética” (Carreiro,
2014, p. 95).
Roberto Mibielli (2014) acrescenta que, aparentemente, nada faz diferenciar da
poesia dos demais brasileiros a produção poética da geração pós-Roraimeira. Conforme
afirma, “Imagens da imprensa, da urbe, do indivíduo desconcertado frente ao mundo não
faltam, como soi ser a (pós) moderna poesia brasílica” (Mibielli, 2014, p. 50).
Entretanto, pode-se perceber nesta geração de novos poetas, ‘aqui e ali’, elementos
de uma relação com o lugar:

seja pelo viés ainda do exotismo e da visão do outro, seja pelo cotidiano sui
generis que a vida amazônida impõe aos seres que dela fazem parte, seja,
ainda pela exuberância de um único termo/ objeto, plantado ao acaso em
meio ao um contexto totalmente universal e que, apenas para os poucos
iniciados, realoca toda a cena numa ambiência local (Mibielli, 2014, p. 50).

Conforme Mibielli (2014), embora seja a mesma paisagem, na poética pós-


Roraimeira, aquela tende a ser descrita de modo ‘bem menos’ afirmativo de uma construção
imagética da identidade local, menos ‘sobrecarregada’ de detalhes e evidências da existência e
reafirmação desse modus vivendi amazônico de Roraima.

No entanto, esta nova poesia, [...] é rica de elementos que denotam um


sentido do existir na Região, uma forma de percepção da realidade que
atravessa estes textos, criando uma manifestação textual que dialoga, tanto
com as temáticas universais, quanto com um olhar limitado, em termos de
horizonte histórico e contextual, criando uma textura, um relevo cultural
complexo e identificado com um modelo de vida e de lugar (Mibielli, 2014,
p. 50).

Como exemplo, Mibielli (2014) cita poemas de Cora Rufino e Edgar Borges em que
as estratégias de pertencimento são denunciadas por “detalhes mínimos”, “sutis” que podem
pertencer a qualquer realidade, não necessariamente a de Roraima, o que lhes propicia um
sentido universal “não experimentado plenamente pelos membros do Roraimeira” (Mibielli,
2014, p. 64): a relação de tensão entre cidade e campo, “como o fato de terem flores no
quintal (Cora Rufino) ou de notarem (Edgar Borges) que sua personagem veste saia jeans
101

curta (indumentária mais comum ao norte que ao sul do país em função do clima escaldante)”
(Mibielli, 2014, p. 64).
Mibielli (2014, p. 64) cita, ainda, Francisco Alves como pertencente a esse “time
cujas referências ao regional demandam imenso esforço e imaginação, sendo a relação com o
local mais visível pelo todo da obra que pelo particular detalhe de cada publicação”.
Para Wankler (2013a), “atualmente”, a literatura produzida em Roraima tem
demonstrado amadurecimento, que sua autoestima está forte e que já não há o uso de
marcadores identitários que não deixam dúvida de que os textos são de Roraima: “constituem-
se em opção, estilo, mecanismo de valorização da cultura etc., mas não necessariamente numa
ferramenta de luta” (Wankler, 2013a, p. 74).
Segundo a autora (Wankler, 2013a), a produção de textos cujo tema volta-se para a
paisagem continua intensa, topofílica, mas goza de uma liberdade estética ‘bastante’
expressiva e profícua, além do fato de ‘vários’ autores se dedicarem à escritura de texto com
temáticas e/ou estilo voltados para outros aspectos, inclusive os da geração Roraimeira.
Para Mibielli (2014), alguns poetas pós-Roraimeira apontam a indiferença, enquanto
os pertencentes à geração anterior preferem indicar a diferença como marca de sua forma de
existir e compreender o mundo. De acordo com o autor (Mibielli, 2014, p. 51), “Em boa parte
das vezes que isto ocorre, este fenômeno ajuda a marcar um contexto, fixando (ou sugerindo),
assim, de modo menos caricato que o Roraimeira, a imagem de uma identidade”.
Esse traço da afirmação da diferença, quase sempre associada ao exotismo e à
exuberância da natureza em Roraima, também foi apontado por Oliveira, Wankler e Souza
(2009). Ao analisarem o movimento Roraimeira, de 1984 a 2000, os autores (Oliveira;
Wankler; Souza, 2009) indicaram uma espécie de deslocamento temporal, uma vez que o
estilo do estado não se assemelhava à produção artística brasileira do mesmo período.

Embora haja manifestações (artísticas ou não) que se voltam para as


peculiaridades do processo de formação do estado, de sua população, da
política, para as angústias relacionadas às suas condições geográficas e suas
relações com o restante do Brasil, verifica-se um papel preponderante da
paisagem na definição do lugar, daqueles que o habitam e das relações ali
vividas (Oliveira; Wankler; Souza, 2009, p. 36).

Mibielli (2014) acrescenta que na perspectiva pós-Roraimeira, a estratégia é mais de


aproximação pelo estranhamento, pela desnaturalização da origem, do que pelo avivamento
das diferenças e do exótico.

Enquanto do ponto de vista da perspectiva do Roraimeira a estratégia de


construção da imagem do local emanava daqui para o mundo pela via do
102

exotismo, da descrição da paisagem e da afirmação de uma identidade, em


tudo diferente dos demais, única; o tipo de estratégia adotado por essa nova
geração de poetas, que se insinua por detrás do reconhecimento do mesmo
no outro, dá uma forte indicação das possíveis semelhanças, das mesmas
mazelas e de um estranhamento contundente que há no seu local de origem e
no outro (Mibielli, 2014, p. 53).

Para o autor (Mibielli, 2014, p. 68), a perspectiva dessa segunda geração, décadas
após a fundação do Roraimeira, talvez seja considerar Roraima “um pouco mais Brasil, um
pouco menos a Amazônia das amazonas míticas de Heródoto e do delirante discurso dos
viajantes que por aqui passaram”.
Sobre poema de Edgar Borges em que esse traz à tona “prementes e fundamentais”
discussões relacionadas a ideologia e culturas, mas não de modo panfletário, “adotando como
estratégia o poema pergunta”, Mibielli (2014, p. 64) vê aí a mesma abordagem dos poetas dos
anos 1990 em diante, diferentemente dos poetas “programáticos” dos anos 1970 e 1980.
Em contrapartida, para Mibielli (2014), a poética de Eliakin Rufino aproxima-se da
imagem da geração dos anos 1970/80 apresentada por Hollanda (1998), geração que “ainda
crê em utopias, ainda combate regimes, ainda atua socialmente com sua literatura” (Mibielli,
2014, p. 47), em que o poeta era “antistablishment por convicção” (Hollanda, 1998, p. 11).
Enquanto a poesia dos anos 1990 é marcada pela pluralidade de vozes, com número
crescente de poetas e canais ligados a minorias (Hollanda, 1998), para Mibielli (2014) há um
descompasso no Roraimeira entre a defesa de sua aproximação com o discurso vanguardista
de 1922 e sua construção ao redor da imagem da minoria política escolhida por aquele
movimento como temática predominante: o indígena.

É como se a criação imagética estivesse contaminada por um discurso que de


um lado assume uma índole rosseuauniana e de outro adota um viés
estrangeiro que gravita entre a admiração e o fascínio e de outro a leitura
maniqueísta estranhada do modus vivendi das comunidades primeiras da
Amazônia (Mibielli, 2014, p. 48).

Em artigo de 2007, Wankler e G. Souza (2007, p. 4) apontam um “afloramento”


contemporâneo à época de nomes cujas obras demonstram “qualidade e maturidade
intelectual e literária”, vários deles, de alguma forma, ligados à Universidade Federal de
Roraima.
De fato, Hollanda (1998) descreve o poeta brasileiro da geração dos anos 1990 como
“letrado que vai investir sobretudo na recuperação do prestígio e da expertise, no trabalho
formal e técnico, com a literatura” (Hollanda, 1998, p. 10), “profissional culto, que preza a
crítica, tem formação superior” (Hollanda, 1998, p. 11).
103

Em vez de um bacharel que pratica poesia eventualmente, por hobby, o poeta da


década de 1990 é alguém com “discurso poético mais afeito aos moldes da academia, mais
próximo da crítica literária universitária” (Mibielli, 2014, p. 47).
Para Hollanda (1998), são palavras de ordem dessa geração: negociação e
articulação, o que se vê em uma “produção que procura escapar do atrito, circular sem
oposições, liberar canais institucionais e da mídia, neutralizar possíveis resistências da crítica”
(Hollanda, 1998, p. 16).

Os antigos critérios de aferição da qualidade de um poema deslizam de seu


valor crítico ou inovador em direção à sua maior ou menor habilidade em
articular pensamentos antagônicos e em expandir ao máximo o trabalho com
o acervo disponível de influências e/ou referências a serem refuncionalizadas
ou mesmo “clonadas” [...] (Hollanda, 1998, p. 16-17).

Reforça-se que Mibielli (2014) relaciona o movimento Roraimeira à geração de


poetas brasileiros das décadas de 1970 e 1980 e os poetas pós-Roraimeira à geração de 1990.
Releva-se que tal divisão didática (geração 70/80 e geração 90) não tem fronteira
rígida na prática. O próprio Mibielli (2014) constata um intertexto estreito entre o manifesto
Sou mais Roraima, do movimento Roraimeira, com manifestos do Modernismo de 1922:
“Sou macuxi tangendo um violão”, do Roraimeira, constante também na música Fuzarca na
maloca, de Eliakin Rufino, com “tupi tangendo o alaúde”, de Mário de Andrade (1987, p. 83).
Para Mibielli (2014), tal intertexto “denuncia” um conhecimento acadêmico da
crítica sobre Macunaíma e Mário de Andrade e, quanto a esse quesito, situa Rufino entre os
poetas da geração 90.
Esse alinhamento do aspecto acadêmico de Eliakin Rufino e a geração dos poetas
brasileiros de 1990, apontado por Mibielli (2014), é corroborado pela trajetória e pelo
discurso do poeta sobre sua trajetória: Eliakin indica, na própria fala, relação direta entre a
conclusão de seu curso superior em Filosofia e a criação do movimento Roraimeira:

eu queria ser um pensador da minha terra, então a filosofia veio a calhar.


Estudo lá durante 5 anos, eu moro em Manaus de 80 à 84, e regresso
definitivamente pra Boa Vista em 85, e volto com esse diploma de filosofia,
pra tentar fazer uma revolução em Roraima, essa revolução que vai se
chamar Roraimeira [...] (Rufino, 2023, p. 2).

Outros autores da tendência literária Glocal são: Elisa, Eliza Menezes, Bruno
Franques, Hiago Pereira, Bruno Karl, Sérgio Murilo, Vanessa Brandão, Sony Ferseck etc.
104

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Afinal, existe literatura de Roraima? E mais: no apagar das luzes do primeiro quarto
deste século, época do já exposto declínio da disciplina História da Literatura, ainda cabe um
único sujeito empreender pesquisa acadêmica com o objetivo de traçar vasto panorama da
literatura de um lugar, ainda mais quando se trabalha com o pantanoso conceito de literatura
estadual?
Começando pela segunda e mais desconcertante pergunta: é um caminho possível,
como já o fizeram outros autores (Fischer, 2004; Zilberman, 1982), o que não exclui
abordagens diferentes.
Acrescenta-se: no contexto de Roraima, um estado recente com uma cultura
científica recente, tal proposta de pesquisa figura como ainda mais importante. Esta
investigação se dispôs a preencher, mesmo que de forma limitada, a lacuna de um debate por
fazer, discussão que em estados como o Rio Grande do Sul, por exemplo, existe desde as
primeiras décadas do século XX.
Portanto, este estudo não se trata de militância culturalista, proposta de exaltação
identitária, mas, uma tentativa de compreender o processo de construção do literário em
determinado território.
Quanto ao fato de ser investigação de autor único, não havia como fazer diferente,
pelas limitações ligadas ao próprio lugar da pesquisa e do pesquisador. Trata-se de uma
dissertação de mestrado. Portanto, um trabalho monográfico. Ao mesmo tempo em que se vê
com modéstia tal contribuição, enxerga-se nela grande potencial de desdobramento em
pesquisas futuras, deste e, principalmente, de outros autores.
Logo, esta não é uma proposta que se pretende definitiva. Pelo contrário, está aberta
a debates, tensionamentos, aprimoramentos, refutações. É um ponto de partida, não um ponto
final.
Por esse motivo, formulou-se aqui proposta que abrangesse o maior número possível
de manifestações entendidas como literárias relativas ao sistema estadual, o que inclui gêneros
comumente descartados em outros estudos de história da literatura, bem como, no presente
caso, manifestações de artistas de etnias indígenas de Roraima nascidos em outros estados e
reverberações e diálogos das produções literárias locais com sistemas de outros estados e
países.
Acredita-se que pesquisas futuras possam, a partir de uma análise crítica deste
trabalho, ajudar a consolidar uma proposta que mais bem represente o sistema literário de
105

Roraima, propondo a exclusão de manifestações não literárias aqui consideradas ou, pelo
contrário, a inclusão de manifestações literárias aqui descartadas, se for o caso.
De qualquer modo, uma das importantes contribuições desta investigação é indicar a
existência de um volume de obras e autores de Roraima onde, até então, o senso comum e
mesmo pesquisas já empreendidas consideravam tal literatura escassa ou inexistente.
Assim, este trabalho propicia ambiente potencial para estudos futuros específicos
sobre determinados autores, obras e temáticas transversais a respeito da literatura do estado.
Outra contribuição importante deste trabalho é a identificação de diferentes
formações literárias de Roraima, a literatura Parente e a literatura Karaiwa, cada uma com
uma ou mais obras de qualidade significativa, pontos altos de longo processo de elaboração
literária, apoiado em um conjunto de ideias consolidado por gerações de pensadores, ligados
ou não à Academia.
Além disso, reforça-se que cada uma dessas formações foi aqui subdividida em
quatro tendências. A literatura Parente: nas tendências Encanto, Coleta, Restauração e
Criação. E a literatura Karaiwa: em Relatos de Viajantes, Literatura de Inspiração Clássica,
Composição de Roraima e Glocal.
Tal destaque é importante para assinalar que a literatura de Roraima não é
homogênea e passou por um processo de amadurecimento em que já se pode vislumbrar uma
tradição, bem como um momento determinado em que procurou se desassociar da literatura
do Amazonas, tal qual o Brasil em relação a Portugal.
A literatura indígena, por exemplo, não parou no tempo. Pelo contrário, reinventou-
se ao longo da história. Para além dos textos mais antigos e das manifestações que buscam
atualizá-los, veem-se produções contemporâneas com temas, características e estilos que se
distanciam do elaborado por gerações anteriores.
Outros aspectos dignos de nota em relação à formação Parente são o reconhecimento
da autoria indígena individual nos últimos anos e a publicação de textos literários
exclusivamente em língua indígena, assim como a reverberação dessa literatura em outros
territórios, inclusive, em obras integrantes do cânone nacional e mundial.
Destaca-se, ainda, tanto em relação à literatura indígena quanto não indígena, a
produção de textos contemporâneos com referência a outros territórios ou sem referência a
lugar específico, após um período marcado por manifestações de exaltação das coisas locais.
Reafirma-se que tais tendências convivem ou conviveram em diferentes momentos
da história da literatura de Roraima, diferente da ideia de escolas literárias que se sucedem
106

temporalmente e dão lugar a manifestações e autores antagônicos em relação a uma geração


anterior.
Também por esse motivo, houve aqui uma dificuldade de se firmar marcos precisos
para as tendências literárias. De qualquer forma, o foco deste estudo não foi a gênese, mas o
processo de formação da literatura de Roraima.
Evidencia-se ainda que, por conta das limitações de tempo, nesta pesquisa, não
houve aprofundamento sobre o que Fischer (2004) chama de choques e encontrões entre as
formações literárias aqui trabalhadas: as literaturas Parente e Karaiwa.
De todo modo, obras como Weiyamî: mulheres que fazem sol, de Sony Ferseck
(2022), livro publicado por editora de pequeno porte da própria autora e indicado entre os dez
melhores livros de poesia do 65º Prêmio Jabuti (Câmara Brasileira do Livro, [2023b]),
parecem indicar o advento da maturidade da literatura de Roraima e, portanto, da
consolidação desse sistema literário.
Análise preliminar feita para esta pesquisa reconhece que a obra é bem-sucedida em
promover de forma orgânica e com efeito estético digno de nota o encontro das literaturas
indígena e não indígena, dos saberes acadêmicos e ancestrais originários.
Pelo exposto ao longo deste trabalho, depreende-se que, sim, existe literatura de
Roraima, para além das manifestações literárias locais, cujos registros escritos mais antigos
datam de séculos, manifestações que, contudo, presume-se, circulam por aqui há milênios
pela oralidade.
Esclarece-se que literatura de Roraima neste trabalho é entendida como sistema.
Considerando-se isso, de modo mais específico, sustenta-se: o sistema literário de Roraima
existe, mas está em fase de configuração. Não está consolidado.
Há escritores e obras em volume relativamente significativo, com alguma interação e
tendências que ora se reforçam, ora se repelem, de modo a delinear uma continuidade da
tradição.
As obras e autores roraimenses têm ganhado cada vez mais espaço social, o que se
manifesta em indicações de obras locais para o conteúdo programático de vestibulares,
inclusão de escritores em programações do poder público e de instituições privadas e edição
de dispositivos legais em homenagem a profissionais da área ou em incentivo à literatura
local.
No triângulo “autor-obra-público”, o público é o elemento determinante para que se
classifique atualmente o sistema literário de Roraima como em configuração. Mesmo que se
107

percebam avanços nos últimos anos, o público de literatura local em Roraima ainda é
incipiente.
Destarte, a formação de público leitor é um desafio urgente que demanda a
cooperação do poder público e da sociedade civil, em iniciativas como criação de planos
estadual e municipais de livro e leitura, mediante audiências públicas, alocação de recursos
públicos para ações de incentivo à leitura, inserção da literatura de Roraima no cotidiano de
alunos e professores da Educação Básica, fortalecimento da formação superior docente em
literatura e da pesquisa sobre literatura local, projetos de incentivo à leitura, democratização
do acesso à literatura e formação de público, como clubes de leitura, saraus, feiras literárias
etc.
Aponta-se: ainda que as ideias de Antonio Candido sejam a principal referência
teórica deste trabalho, não houve aqui mera aplicação de conceitos. O olhar sobre sistema
literário, ainda que parta daquele autor, passou por atualização.
Do mesmo modo como mudaram as condições que fizeram Candido propor o
conceito de sistema literário no século passado, os parâmetros de análise dos elementos do
sistema precisaram de adequações no presente trabalho.
Desse modo, foram considerados nesta pesquisa, por exemplo, modos de organização
informais de escritores, além da publicação, da circulação e do consumo de obras por meios
digitais, sonoros e audiovisuais, da mesma forma como foram observados organizações
formais de escritores e a publicação, a circulação e o consumo de obras impressas, por meio
de livrarias e bibliotecas físicas.
Ressalta-se que o fato de este autor ser testemunha ocular e participante ativo da
história recente da literatura de Roraima teve como resultado um volume maior de
informações sobre tal período, o que pode gerar a percepção inexata de que o sistema literário
roraimense contemporâneo é muito mais desenvolvido e composto de muito mais autores,
obras e públicos que em épocas anteriores.
Além disso, é difícil dizer com precisão se foi totalmente exitosa a tentativa neste
trabalho de fazer um relato da história da literatura de Roraima sem adotar como critério
único de validação dos demais uma tendência, um movimento, autor ou obra, principalmente,
em relação à formação Karaiwa.
É notável que o movimento Roraimeira se construiu socialmente como uma
referência fundamental na história da arte do Estado, fazendo com que até mesmo
pesquisadores, entre os quais, ao que parece, também este autor, ao analisarem manifestações
literárias posteriores, o façam em comparação àquele movimento.
108

A partir das observações proporcionadas ao longo desta pesquisa, como hipótese,


propõe-se que, de modo similar ao ocorrido na história da literatura do Rio Grande do Sul, o
Modernismo de Roraima tem fortes características de escolas anteriores à corrente
modernista. Enquanto lá, segundo Fischer (2004, p. 155), o Modernismo teve “muito diálogo
com o Simbolismo”, aqui, apresenta características próximas do Romantismo, no caso do
Roraimeira e de Nenê Macaggi, e do Naturalismo, no caso dessa última escritora.
Assinala-se que a hipótese acima precisa ser mais discutida e não foi testada neste
trabalho, uma vez que as categorias aqui utilizadas não foram as mesmas do tradicionalmente
adotado para se referir às escolas literárias de modo geral: Modernismo, Romantismo,
Realismo etc.
Espera-se que este trabalho sirva de fonte para pesquisas posteriores das mais
diversas áreas, em especial, Letras/Literatura, História, Artes e Sociologia.
109

REFERÊNCIAS

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ACERVO EDUCACIONAL TV CULTURA. Nenê Macaggi: Roraima entrelinhas. São


Paulo: Bearare, 2009.

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