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LITERATURA DE RORAIMA EM FORMAÇÃO: uma proposta de estudo histórico
LITERATURA DE RORAIMA EM FORMAÇÃO: uma proposta de estudo histórico
BOA VISTA, RR
2023
ALDENOR DA SILVA PIMENTEL
BOA VISTA – RR
2023
Dados Internacionais de Catalogação na publicação (CIP)
Biblioteca Central da Universidade Federal de Roraima
P644l Pimentel, Aldenor da Silva.
Literatura de Roraima em formação: uma proposta de estudo
histórico / Aldenor da Silva Pimentel. – Boa Vista, 2023.
138 f. : il.
CDU - 869.0(811.4)
___________________________________
Prof. Dr. Roberto Mibielli
Orientador – PPGL/UFRR
___________________________________
Prof. Dr. Fábio Almeida de Carvalho
PPGL – UFRR
___________________________________
Prof. Dr. Roberto Acízelo Quelha de Souza
PPGL – UERJ
___________________________________
Prof.ª Dr.ª Sheila Praxedes Pereira Campos
PPGL – UFRR (suplente)
Aos que verão.
Aos que são de fazer história com as próprias mãos.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta de leitura sobre a história da
literatura de Roraima. Para tanto, tendo como referência o modelo formação, de Antonio
Candido, adotou-se pesquisa descritiva, com método de procedimento histórico e os
procedimentos técnicos pesquisa bibliográfica e documental. Fazem parte do presente corpus
os textos literários pertencentes ao sistema literário de Roraima, escritos e orais, publicados
em livros, folhetos e periódicos, impressos e digitais, bem como em CDs e sites, assim como
textos, em quaisquer suportes (impresso, digital, sonoro, audiovisual etc.), com informações
sobre autores e obras roraimenses. A partir da análise do corpus, segundo os elementos do
sistema literário (obra, autor, público), proposto por Candido, dividiram-se os autores e obras
em formações e tendências. Foram propostas duas formações: Parente (indígena) e Karaiwa
(não indígena). A primeira subdivide-se nas tendências Encanto, Coleta, Restauração e
Criação. A segunda, em Relatos de Viajantes, Literatura de Inspiração Clássica, Composição
de Roraima e Glocal.
This work aims to present a reading proposal about the history of the literature of Roraima. To
this end, using Antonio Candido's “formation” model as a reference, descriptive research was
conducted using a historical procedure method, and bibliographic and documentary research
were used as technical procedures. The present corpus includes literary texts, both written and
oral, belonging to the literary system of Roraima, published in books, leaflets and periodicals,
printed and digital, and on CDs and websites, as well as texts, in any type of media (printed,
digital, sound, audiovisual, etc.), with information about authors and works from Roraima.
Based on the analysis of the corpus, according to the elements of the literary system (work,
author, audience) proposed by Candido, the authors and works were divided into formations
and trends. Two formations were proposed: “Parente” (indigenous) and “Karaiwa” (non-
indigenous). The first is subdivided into the following trends: charm, collection, restoration,
and creation. The second was distributed into travellers' reports, classically inspired literature,
Roraima composition, and glocal.
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12
2 HISTÓRIA DA LITERATURA, A DISCIPLINA ................................................. 14
2.1 HISTÓRIA DA HISTÓRIA DA LITERATURA NO BRASIL .............................. 15
2.1.1 Nacionalismo e formação da literatura brasileira ............................................ 17
2.1.2 Nacionalismo e regionalismo, nacionalismo x regionalismo ............................ 20
2.2 HISTÓRIA DA HISTÓRIA DA LITERATURA DE/EM RORAIMA ................... 29
2.2.1 História da Literatura de Roraima: proposta de metodologia........................ 40
3 FORMAÇÃO LITERÁRIA PARENTE ................................................................. 45
3.1 FORMAÇÃO PARENTE: TENDÊNCIA ENCANTO ........................................... 46
3.2 FORMAÇÃO PARENTE: TENDÊNCIA COLETA ............................................... 53
3.3 FORMAÇÃO PARENTE: TENDÊNCIA RESTAURAÇÃO ................................. 56
3.4 FORMAÇÃO PARENTE: TENDÊNCIA CRIAÇÃO............................................. 63
4 FORMAÇÃO LITERÁRIA KARAIWA ................................................................ 67
4.1 FORMAÇÃO KARAIWA: TENDÊNCIA RELATOS DE VIAJANTES .............. 67
4.2 FORMAÇÃO KARAIWA: TENDÊNCIA LITERATURA DE
INSPIRAÇÃO CLÁSSICA ...................................................................................... 71
4.3 FORMAÇÃO KARAIWA: TENDÊNCIA COMPOSIÇÃO DE RORAIMA ......... 79
4.4 FORMAÇÃO KARAIWA: TENDÊNCIA GLOCAL ............................................. 89
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 104
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 109
12
1 INTRODUÇÃO
A adoção das ideias de Candido como referência para este trabalho deu-se pelo
alinhamento com a presente proposta, menos preocupada com a gênese e o estabelecimento
de marcos históricos definitivos e mais com o processo de formação da literatura de Roraima.
Com base em tal proposta metodológica, expor-se-ão os resultados da análise nos
capítulos FORMAÇÃO LITERÁRIA PARENTE e FORMAÇÃO LITERÁRIA KARAIWA. A
divisão das tendências em formações inspira-se em proposta semelhante de Fischer (2021),
seguidor de Candido.
A formação Parente refere-se à literatura indígena, dividida nas tendências: Encanto,
Coleta, Restauração e Criação. A formação Karaiwa refere-se à literatura não indígena e é
dividida nas tendências: Relatos de Viajantes, Literatura de Inspiração Clássica, Composição
de Roraima e Glocal.
Destacam-se obstáculos à realização desta pesquisa, relacionados à dificuldade de
acesso a documentos históricos sobre a literatura de Roraima. Os motivos vão do fato de boa
parte desse material compor acervos privados, até a falta de uma política de digitalização e
disponibilização de tal acervo ao público em geral e à comunidade acadêmica.
Também limitaram esta investigação a incipiência de estudos acadêmicos sobre
história da literatura de Roraima. Ainda assim, este trabalho localizou e sistematizou
importantes informações produzidas por estudos sobre literatura do estado que não tinham
foco na abordagem histórica.
14
O autor (Souza, 1992) ressalva: ainda que não praticada com a ‘veleidade’ de
contribuição original, atualmente a História da Literatura continua atuante e sendo abordada
em publicações para fins didáticos.
Para Candido (1999, p. 13), a história da literatura brasileira é “em grande parte a
história de uma imposição cultural que foi aos poucos gerando expressão literária diferente,
embora em correlação estreita com os centros civilizadores da Europa”.
18
prospectiva, que “relê o passado orientada por um problema como vivo, no presente e no
futuro”.
Para Waizbort (2007, p. 96), em Candido, busca-se a história como totalidade, e não
como completude; a história orientada por um problema, e não “a perspectiva classificatória
dos manuais e das histórias literárias”; “uma história da literatura brasileira pensada não mais
como a busca de um essencial nacional ou nacionalista, [...] mas como a construção de uma
interpretação autoconsciente” (Fischer, 2021, p. 116).
Em contrapartida, Fischer (2021) aponta limites do modelo formação: o unitarismo, o
modernismo-centrismo, o comparatismo impreciso e a completude na formação.
No unitarismo, é apresentada a ideia de um Brasil unitário, com uma trajetória única,
designável por uma sucessão também única, de caráter urbanófilo, ou urbanocêntrico, ao
tender a “reduzir a literatura dedicada ao tema rural a papel secundário no conjunto da
literatura brasileira” (Fischer, 2021, p. 119).
Para o autor (Fischer, 2021), Candido toma como “praticamente iguais” o sistema
literário brasileiro, a nação brasileira, o país chamado Brasil, o território conhecido por esse
nome e mesmo a sociedade brasileira.
Em contraposição, Fischer (2021, p. 122) defende que:
O quarto e último limite apontado por Fischer (2021) ao modelo formação se refere
ao ponto em que o sistema literário brasileiro está maduro, ou está formado. Segundo o autor
(Fischer, 2021), para os seguidores de Candido, marca a completude da formação a tomada de
consciência, ao mesmo tempo brasileira e ocidental, expressa por Machado de Assis, “talvez
[...] o primeiro escritor que teve noção exata do processo literário brasileiro” (Candido, 1999,
p. 55), no famoso ensaio Notícia da atual literatura brasileira: instinto de nacionalidade
(Assis, 1873).
Para Candido (2000b, p. 327), o referido ensaio exprime o “ponto de maturidade da
crítica romântica”, e é “um certificado de maioridade da literatura brasileira através da
consciência crítica” (Candido, 1999, p. 55).
Tendo em vista que ‘público’ é um dos elementos do triângulo ‘autor-obra-público’,
essenciais para a formação do sistema, em conformidade com a proposição de Candido
(2000a), ressalva-se: ainda que seja apontado como momento de completude da formação, o
período contemporâneo ao referido ensaio de Machado de Assis (1873) é marcado pela
inexistência de leitores em massa, com o alto número de escravos e do analfabetismo.
Moog (1983) acrescenta que talvez haja outros núcleos, mas nenhum que não possa
ser incluído nos sete principais. Um exemplo seria o Maranhão, que, para o autor (Moog,
1983), oscila entre a Bahia e o Nordeste.
A proposta de Moog (1983) é interessante por pensar especificidades, ainda que,
contraditoriamente, percebam-se reducionismos quanto ao infranacional, visto que atribui
uma só característica a toda a literatura de um estado ou uma região.
Soma-se a isso o fato de Moog (1983) perceber especificidades nas literaturas do
Sudeste (mineira, paulista e metropolitana/carioca), mas não enxergar o mesmo em outras
regiões como o Nordeste, de cuja única ilha autônoma é a baiana, na visão do autor (Moog,
1983).
Também pode ser apontado o fato de a proposta de Moog (1983) não abranger
alguns estados brasileiros, como Santa Catarina e Paraná, todos os estados do Centro-Oeste e
o Espírito Santo. Na concepção do autor, estariam os dois primeiros estados (Santa Catarina e
Paraná) na ilha gaúcha e o último (Espírito Santo) na metropolitana? Ou tais territórios não
teriam literatura?
Para R. Souza (2007, p. 138-139), apesar de “encanto literário e poder persuasivo”, a
tese de Moog “é conceitualmente frágil, baseando-se mais em sínteses imaginosas do que em
análises demonstráveis”. Assim, destaca o autor (Souza, 2018) que a referida tese não teve
“qualquer influência” nos grandes projetos posteriores de historiografia literária do Brasil,
com exceção de Coutinho, como se verá mais à frente.
Fischer (2021) sustenta que Viana Moog e Mário de Andrade dramatizaram, não ‘ao
vivo’, mas na forma de uma tensão intelectual, duas tendências historiográficas opostas e
23
excludentes sobre literatura brasileira, a qual teve como vitoriosa, ‘sem contraste’, a proposta
andradiana, modernista-centrista,
Quanto ao ciclo nortista, Coutinho (2004) sustenta que quatro foram os ‘surtos’
regionalistas na Amazônia e que, aparentemente, para o autor, se referem à toda a literatura da
região até aquele momento: a fase dos homens da terra; a de influência de Euclides da Cunha;
a de sentido ufanista; e, por fim, a fase modernista.
Marcada pela influência do Naturalismo e representada por Inglês de Sousa e José
Veríssimo, na primeira fase, vê-se “mais fidelidade ao real, mais autenticidade, um comovido
amor à gente e aos seus costumes” (Coutinho, 2004, p. 243).
Na segunda, representada por Alberto Rangel e seus ‘epígonos’, o que se vê é “o
deslumbramento da Natureza e a embriaguez verbal. É a fase ‘Inferno Verde’: estilo
torturado, descrição da terra e do homem num certo tom grave e triste de espanto, de
exaltação, de perplexidade” (Coutinho, 2004, p. 243).
Representada por Raimundo Morais, Alfredo Ladislau, Jorge Henrique Hurly, a
terceira é uma fase novamente pertencente aos homens da Terra Verde. Reação nativista
contra a noção de ‘Inferno Verde’, tem-se aí a literatura ‘Paraíso Verde’. Em concordância
com Coutinho (2004), trata-se de fase nitidamente barroca, de bairrismo exasperado, lirismo
fácil e falso, mas, informação copiosa, original e segura.
De acordo com Coutinho (2004, p. 243), “Contudo, as marcas fortes de Euclides –
contra o qual, ao fim de contas eles reagem – está paradoxalmente viva e presente no estilo
castigado, retorcido e enfático dos autores”.
Datada do Modernismo ao Pós-modernismo, a quarta fase é representada por Abguar
Bastos, Dalcídio Jurandir, Araújo Lima, Gastão Cruls, Viana Moog. Para Afrânio Coutinho
(2004, p. 243), é uma fase mais orgânica, direta e objetiva, isenta, comedida e realista. “Nem
‘paraíso’ nem ‘inferno’... Nem tanto à terra, nem tanto o mar”.
Nesse seguimento, Souza (2018, p. 217) avalia como inadequado o termo ‘ciclo’
usado por Coutinho, “na medida em que remete a tempo e à história, quando o que pretende
definir diz respeito a território e à geografia”.
Para o autor (Souza, 2018), os ‘ciclos’ de Coutinho ‘coincidem por inteiro’ com as
‘ilhas’ de Vianna Moog, como já dito, amazônica, nordestina, baiana, mineira, paulista,
gaúcha e metropolitana.
Para Wankler e Nascimento (2013, p. 76), A Literatura no Brasil foi uma obra
inovadora, “sobretudo pelo modo como foi concebida”; “Dirigida por Afrânio Coutinho, foi a
primeira História da Literatura do Brasil escrita de forma coletiva com a colaboração de cerca
de 50 especialistas”.
25
Mais recentemente, Luís Augusto Fischer (2021, p. 341) fala em não uma formação,
como Candido, mas duas: a plantation e o sertão, cada uma com “alta realização literária de
qualidade alta”; “pontos de chegada de longos processos de elaboração literária”; e com uma
“potente” teoria forjada por gerações de pensadores.
Segundo Luís Augusto Fischer, a plantation está ligada às ‘ideias fora do lugar’,
expressão que o autor empresta de Roberto Schwarz (2014) e que se refere ao contexto da
convivência paradoxal no Brasil entre escravidão e liberalismo, ou entre liberalismo e Estado
Antigo Regime, na releitura daquele (Fischer, 2021).
Por esse ângulo, o autor reforça que, de forma incompatível com a moderna
perspectiva da igualdade fundamental entre todos os homens, essência do liberalismo, tinha-se
no Brasil um Estado independente moldado em enorme medida como um Estado Antigo
Regime:
Em vista disso, Fischer (2021, p. 349) entende que a plantation “poderia ser nomeada
como ‘litoral’, não fosse esta uma simplificação enganosa que restringe à geografia a
distinção”.
Para o autor (2021, p. 359), tal formação literária vem desde a Carta de Caminha até
o momento atual, “cuja representação mais significativa [na contemporaneidade] talvez seja
Paulo Lins (e Fausto Fawcett)”, tendo como ponto alto Machado de Assis.
Portanto, o sertão é aquele ambiente formativo “em regra abordado nas histórias da
literatura e na crítica comum como ‘regionalismo’” (Fischer, 2021, p. 342) e está ligado ao
‘perspectivismo ameríndio’, expressão que o autor empresta de Viveiros de Castro (2015) e
que expõe um estilo de vida e um modo de sentir e pensar dos ‘ameríndios’.
Para Fischer (2021, 357), a formação sertão começa na tradição oral, “de
permanência ancestral e origem inencontrável”, e chega aos dias atuais por meio de escritores
como Alberto Mussa, Luiz Sergio Metz, Wilson Bueno e Paulo Scott, tendo como “ponto
altíssimo” Guimarães Rosa.
O autor (Fischer, 2021, p. 353) ressalta que ambas as formações “eventualmente
convergem”, mas o “processo de incorporação literária dessas empirias não tem feito parte da
história cultural e literária do país, a não ser como exceção, como ‘regionalismo’, como coisa
rebaixada – pela perspectiva modernisto-cêntrica”.
Nesse ponto de vista, Luís Augusto Fischer (2021, p. 360) dá como exemplos do
resultado “dos choques e dos encontrões” entre sertão e plantation obras e autores que vão dos
relatos de viajantes e missionários e da obra de Anchieta, no século XVI, ao Tropicalismo, na
virada dos anos 1960 para 1970, “o mais recente e talvez derradeiro” (Fischer, 2021, p. 364)
choque entre as duas formações.
Nesse entremeio, Fischer (2021) cita: Vieira, no século XVII, O Uraguai, de Basílio
da Gama, no século XVIII, o Romantismo, no processo de Independência, Alfredo Taunay e
27
Desse modo, Souza (2017) defende que, para que haja a possibilidade de uma
retomada ‘verdadeiramente crítica’ da noção de regionalismo, de modo a criar as pré-
condições para explorar teórica e analiticamente as virtualidades do regionalismo como valor
propriamente estético, seria necessário remover as duas barreiras citadas acima: o desprezo
filosófico pelo particular e a fixação culturalista nas identidades.
Como exemplo de tal fixação, Souza (2017, p. 16) faz referência a uma “questão
conexa à do regionalismo, porém relativamente dele distinta”: as literaturas estaduais. Nesse
sentido, o autor diz considerar estranho o interesse pelas literaturas estaduais observável
atualmente nas universidades brasileiras sem uma problematização do conceito, tendência
que, na estimativa daquele, começou nos anos de 1980.
O autor (Souza, 2017) refere-se a diferentes universidades pelo país cujos cursos de
Graduação e Pós-Graduação em Letras têm em sua grade curricular disciplina sobre a
literatura do respectivo estado e em cujo vestibular autores locais integram a lista de leituras
obrigatórias, entre outras iniciativas.
Para Souza (2017), esse interesse parte “comodamente” de uma suposta evidência
natural: a de que, assim como há literatura brasileira, haveria também literaturas estaduais.
[...] o que está longe disso, ou não se encaixa nessa premissa, está fora de
discussão. No entanto, do ponto de vista de quem reconhece uma relativa
29
Mibielli (2007, p. 64) defende que no caso de Roraima, bem como de outras
periferias, “ditas regionais”, criar um cânone local/regionalista,
Nesse sentido, o autor (Mibielli, 2007, p. 268) avalia que Roraima avançou em
qualificação dos profissionais de ensino com a instalação da UFRR. “Mesmo sob precárias
condições de qualificação, houve ganho considerável se compararmos o que há hoje, com o
que houve no início da década de 1990”.
Uma pesquisa deste século aponta que o cenário mudou: dos 15 professores de
Língua Portuguesa/Literatura em escolas estaduais de Boa Vista a responder ao questionário,
12 tinham pós-graduação lato sensu (Santos, 2012).
Mibielli (2007, p. 71) questiona se o fato de ter sido criada para suprir carência
profissional imediata na área de Licenciatura no estado, “tendo que reunir e concursar um
corpo docente às pressas, numa região em que havia poucos pós-graduados na área de
Letras”, justifica a ausência de grupos de pesquisa e de material de pesquisa próprio da
UFRR. E formula a hipótese de que, pelo mesmo motivo citado acima, o curso tenha tido a
preocupação com pesquisas só despertada havia pouco mais de dois anos da publicação
daquele trabalho (Mibielli, 2007).
Em acréscimo, o autor (Mibielli, 2007, p. 79) cita número significativo de
professores do Departamento de Língua Vernácula da UFRR que, nos últimos 15 anos, por
perseguições políticas, foram desligados da universidade, por pedido de transferência e/ou
demissão “pura e simples”, um dos motivos para que o curso tenha tido ao longo de sua
existência “tão pouca efetividade no que diz respeito à pesquisa própria e índices tão baixos
nas avaliações das condições de oferta do MEC”.
Mibielli (2007, p. 90) cita, ainda, a ausência de livros literários disponíveis nos
primeiros anos de funcionamento da biblioteca da UFRR, bem como o fato de a Biblioteca
Central da instituição “nunca ter oferecido condições reais de consulta, por não haver sequer
um parco acervo catalogado e organizado em estantes temáticas”.
O autor (Mibielli, 2007) formula como hipótese a existência de ligação entre a falta
de acesso de livros literários pelos acadêmicos de Letras da UFRR e a não indicação dessas
obras em algumas disciplinas pelos professores.
Segundo Mibielli (2007, p. 70), “cada vez mais”, na área de Literatura e Teoria
Literária, representadas por disciplinas firmemente ancoradas na História da Literatura, “tem
se sentido (entre os professores) um constante desejo de transformação destas, em disciplinas
temáticas, de análise literária e com a exigência de trabalhos monográficos, ou artigos
científicos para sua conclusão (respeitando-se o nível concernente)”.
Spotti (2017; 2021) cita estudo, sob sua tutela, acerca de 14 escritores que criaram
suas obras em Roraima, realizado com o curso de Especialização em Língua Portuguesa e
33
1
O nome artístico da escritora pode ser encontrado com diferentes grafias: Elimacuxi, Eli Macuxi e elimacuxi.
Decidiu-se por essa última, em respeito à forma como a própria poeta, informalmente, a este autor, disse
preferir.
2
Foram 11 professores de Boa Vista, 2 de Bonfim, 3 de Caracaraí, 2 de Pacaraima e 2 de Rorainópolis (Spotti,
2017).
3
Spotti (2017, p. 95) entende como autores regionalistas “os que escrevem sobre a cultura local, identificando
questões essencialmente do contexto regionalista”.
4
Documento que serve como “um amplo instrumento de trabalho que será realizado durante o ano letivo e
direcionará a elaboração dos planos de unidade e o de aula” (Spotti, 2017, p. 148). Das oito escolas
pesquisadas, somente duas disponibilizaram os planos dos três anos do Ensino Médio. As demais liberaram
apenas um ou outro plano dos três anos do Ensino Médio (Spotti, 2017).
34
Quanto à mesma questão acima feita aos professores, sobre autores regionalistas
trabalhados em sala de aula, apenas 13% de 365 alunos5 lembraram escritores de Roraima ou
do Amazonas (Nenê Macaggi, José Vilela, Eliakin Rufino, Milton Hatoum).
5
Foi aplicado questionário com alunos de turmas do terceiro ano do Ensino Médio das oito escolas pesquisadas
por Spotti (2017).
6
Documento criado pela portaria n.º 1.794/12/SECD/GAB/RR, publicado no Diário Oficial do Estado de
Roraima em 3 de julho de 2012 (Spotti, 2017).
35
Nacionais do Ensino Médio (DCNEM), o Recurpem “contém os conteúdos das três séries do
ensino médio e os procedimentos didático-pedagógicos que contemplam as especificidades de
cada disciplina do currículo” (Spotti, 2017, p. 65), o que inclui orientações para o trabalho
com questões culturais locais e literatura de Roraima.
Nessa direção, Spotti (2017, p. 118) ressalva que “[...] o Recurpem é um documento
oficial que foi concluído em 2012 e elaborado com a participação de profissionais da
educação que ainda estão atuando nas escolas”. E complementa que, além de redigido com a
participação dos professores, o Recurpem está disponível nas unidades escolares.
Conforme a autora (Spotti, 2017), um dos entrevistados declarou que o Recurpem
não está sendo discutido nem trabalhado na sua escola, mesmo que a unidade tenha um
profissional que conheça o documento e tenha participado de sua elaboração.
Quanto ao acesso a material literário em pesquisas, para C. Wankler e G. Souza a
produção literária roraimense segue uma trajetória contínua e ininterrupta, com vários textos
“dignos de nota, embora não muitos tenham sido publicados”, mas, segundo as autoras,
“Grande parte das obras dos escritores de Roraima está precariamente impressa, sem
catalogação ou indexação ou, o que é mais preocupante, permanece em manuscritos, correndo
o risco de se perder” (Wankler; Souza, 2007, p. 3).
Desse modo, alegam Wankler e Souza (2007, p. 4), “é difícil aferir dados sobre as
potencialidades dos textos mais antigos, tendo em vista o desconhecimento que paira sobre
grande parte deles”.
Noronha, Ferreira e Wankler (2009) apontam como fatores para a dificuldade de
localizar essas publicações a falta de acessibilidade das obras para a comunidade, a falta de
incentivo aos acadêmicos em estudar a literatura local, a falta de apoio aos escritores que
estejam interessados em editar suas obras e a não utilização dessas obras nas escolas do
estado, onde pouco se sabe sobre a literatura da região.
Sobre a literatura indígena, Wankler e Souza (2007) registram que há circulação de
textos orais e pouco registro escrito.
Ainda que pouco referida em trabalhos acadêmicos, a ideia de que não exista uma
literatura de Roraima pode ser encontrada tanto no senso comum, quanto nos bastidores
7
Desenvolvido pelas Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, Fundação Padre Anchieta/TV Cultura
e Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (Abepec), o programa financiou a
realização de documentários em diferentes estados do país (Pereira, 2009).
38
acadêmicos, como registram Roberto Mibielli (2017b) e Cátia Wankler e Glaciele Souza
(2007).
Esse bordão [“Roraima é uma terra sem cultura”], repetido inúmeras vezes
até mesmo por pessoas que defendem uma imagem específica da cultura
local, tem servido tanto ao propósito de tentativas de intelectuais, poetas e
escritores de emprestar uma imagem para a cultura local, como para o
descaso de dirigentes e órgãos públicos no fomento à cultura e artesanatos
locais. E é aí que a permanência de escritores e obras tem sido fundamental
para que o quadro de crença no vazio, na inexistência, se modifique
(Mibielli; Campos; Jobim, 2019, p. 34).
Como se percebe, tanto Mibielli (2017b) quanto Feitosa (2014), para discutirem a
literatura roraimense, apoiam-se no debate feito por Candido (1999) sobre o processo de
formação da literatura brasileira.
Considerando as classificações ‘sistema inexistente’ e ‘sistema incipiente’, usadas
por Feitosa (2014), como equivalentes a ‘era das manifestações literárias’ e ‘era da
configuração do sistema literário’, de Candido (1999), evidencia-se que aquelas duas
primeiras classificações se distanciam uma da outra, tanto em significado, quanto do ponto de
vista cronológico.
Segundo Candido (1999), em nível nacional, as duas eras acima citadas pelo autor
duram pelo menos um século cada, sendo que a era das manifestações literárias vai do século
XVI ao meio do século XVIII e a da configuração do sistema literário começa no meio do
século XVIII e termina na segunda metade do século XIX.
Se tomado como referência esse processo nacional, pode-se dizer que, no âmbito
estadual, a formação da literatura se dá de modo semelhante, ainda que em menores
proporções e não exatamente de modo simultâneo às etapas nacionais.
Mibielli (2017a) destaca a necessidade de considerar o descompasso existente entre
os tempos/períodos de formação do cânone central da tradição literária brasileira e um
possível cânone regional amazônico, incluso o de Roraima.
Para dar conta da pluralidade de olhares sobre a existência ou não da literatura do
estado, diferentes autores adotam designações como ‘literatura de/em Roraima’ (Mibielli,
2017b; Silva, 2016) e ‘literatura de/em/para Roraima’ (Mibielli, 2019; Ortiz, 2016).
Esse impasse sobre a existência ou não de uma literatura estadual, ou mesmo
regional, pode ser encontrado em outros lugares do Brasil, evidenciado pela escolha por uma
ou outra preposição, ‘de’ e ‘em’, ou pela convivência de ambas, quando se faz referência à
produção literária relativa a uma unidade federativa ou região, ou ainda por outra solução
discursiva.
Em seu inventário sobre literaturas estaduais no Brasil, “certamente incompleto” e
com possíveis “imprecisões”, sem “qualquer pretensão de levantamento sistemático” (Souza,
2017, p. 18-20), R. Souza pontua que na Universidade Federal do Paraná (UFPR) havia no
currículo a disciplina literatura no Paraná, a partir do pressuposto de que “não haveria uma
literatura paranaense, diferentemente do que ocorreria nos demais estados da região Sul,
onde existiriam respectivamente uma literatura gaúcha e uma literatura catarinense” (Souza,
2017, p. 19, grifos do autor).
40
A partir do exposto acima, pode-se apontar como desafio desta pesquisa evitar: a
adoção de conceito simplista de literatura, o cronologismo tradicional, a aplicação acrítica de
categorias exógenas, o unitarismo, o modernismo-centrismo, a linearidade teleológica
evolucionista, o isolacionismo e a militância culturalista.
De modo diferente, pretende-se esboçar, de forma crítica, uma História da Literatura
de Roraima em sua complexidade e diversidade, sem adotar como critério único de validação
dos demais uma tendência, um movimento, autor ou obra, bem como considerando os
diálogos com outros sistemas literários, brasileiros ou não.
Esta investigação tem como referências pesquisas semelhantes como Formação da
Literatura Brasileira (Candido, 2000a; 2000b) e Literatura Gaúcha (Fischer, 2004).
Quantos aos objetivos da investigação, trata-se de pesquisa descritiva (Gil, 2002),
uma vez que busca descrever as caraterísticas de determinado fenômeno, no caso a produção
literária de autores de Roraima ao longo da história.
41
Para Gil (2002), nem sempre fica clara a distinção entre a pesquisa bibliográfica e a
documental, visto que as fontes bibliográficas nada mais são que documentos impressos para
determinado público, além de boa parte de as fontes usualmente consultadas nas pesquisas
documentais poder ser tratada como fonte bibliográfica.
Levantamentos realizados por este autor (Pimentel, 2018c; 2021b; 2021c; 2023)8
relativos a obras literárias de escritores de Roraima publicadas entre 1975 e 2023 serão
considerados procedimentos de coleta não sistematizados para esta pesquisa.
O levantamento denominado Cordel de Roraima: levantamento (Pimentel, 2021b)
localizou 119 folhetos de cordel de autores do estado publicados desde 1975, cujos dados
sobre obras e seus respectivos autores foram organizados por ano.
O levantamento Histórias em Quadrinhos de Roraima: levantamento (2014-2021)
(Pimentel, 2021c) identificou 19 obras de Histórias em Quadrinhos (HQ) roraimenses, avulsas
ou seriadas, publicadas no período mencionado, nos suportes impresso e digital, organizadas
por autor e ano.
O levantamento Peças de teatro de Roraima publicadas em livro: levantamento
(2001-2022) (Pimentel, 2023) encontrou cinco livros com uma ou mais peças de teatro de
Roraima, publicados nos suportes físico e digital, organizados por ano.
8
Os levantamentos mencionados foram atualizados até 2021, 2022 ou 2023.
42
Destaca-se que esta investigação não coletará os textos orais diretamente dos
narradores, cantores, curadores9. Serão considerados unicamente os textos orais registrados,
seja por meio de transcrição ou gravação em áudio e/ou vídeo.
Para esta pesquisa, serão considerados autores do sistema literário de Roraima
aqueles nascidos e os que moram ou moraram no território hoje denominado estado de
Roraima, da mesma forma como os pertencentes a grupos étnicos indígenas atualmente
presentes no estado.
9
Tais categorias serão pormenorizadas no capítulo de análise.
45
10
Termo utilizado por pessoas indígenas em referência a outro indígena, independente de laços sanguíneos.
11
Termo utilizado pelos indígenas de Roraima e de outros estados em referência aos não indígenas.
12
BEHR, Héloïse. A emergência de novas vozes brasileiras: uma introdução à literatura indígena no Brasil. In:
MELLO, Ana Maria Lisboa de; PENJON, Jacqueline; BOAVENTURA, Maria Eugenia. Momentos da
ficção brasileira. Porto Alegre, EDIPUCRS, 2017. p. 259-279.
46
13
Optou-se pelo termo ‘Encanto’ pelo conjunto de leituras que esse proporciona: se de um lado remete ao
imaginário indígena, do qual fazem parte seres encantados, e ao estado de maravilhamento de quem se
submete à experiência estética com tais textos, também pode ser entendido como referência, direta ou indireta,
aos tipos de textos que compõem a respectiva tendência: canto, palavra encantada e conto (narração).
48
será aprofundado mais à frente, bem como areruias e simiidins, com referências expressas ao
Natal e a Jesus Cristo.
Como se pode notar, são textos da tendência Encanto com referências a elementos da
cultura não indígena: a ideia de riqueza como resultado de acúmulo financeiro, a existência
dos europeus e asiáticos, armas de fogo, a concepção da Terra como redonda,
garimpo/garimpeiros, regularização fundiária, Cristianismo etc.
É difícil precisar o marco inicial dessa tendência exatamente por sua característica
estritamente oral, pelo fato de os registros escritos desses textos não serem abrangentes o
suficiente e os estudos, não conclusivos a respeito.
Para se ter uma ideia, a datação arqueológica obtida no sítio Arara Vermelha/Pedra
do Sol, em São Luiz (RR), data de 9.400 anos (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, 2021). É plausível estimar a presença de cantos, palavras encantadas e narrativas
entre esses grupos humanos de modo contemporâneo àquele processo de ocupação.
Por conta dos registros da tendência Coleta, sabe-se da identidade de alguns cantores,
emissores de palavras encantadas e narradores. O mais famoso talvez seja Mayuluaipu, que,
mais que informante de Koch-Grünberg, atuou na década de 1910 como ‘explicador’ de
detalhes culturais relativos às narrativas proferidas por ele e por Akúli, também informante do
etnólogo alemão.
Akúli também merece destaque: na peça de teatro publicada no fim da década de
2010 no livro Makunaimã: o mito através do tempo (Taurepang et al., 2019)14, o personagem
Akuli-pa, neto daquele informante de Koch-Grünberg, conversa com Mário de Andrade.
Um destaque mais recente é para aqueles informantes de pesquisas acadêmicas que
foram a posteriori creditados como autores de livros literários resultado de transcrição dos
relatos que fizeram, tais como Clemente Flores, Bernaldina José Pedro, Terêncio Luiz Silva e
Caetano Raposo (Fiorotti; Flores, 2019a; 2019b; Fiorotti; Pedro, 2019; Fiorotti; Silva, 2019;
Raposo, 2022).
Destaca-se o projeto Panton Pia’, iniciado em 2007, sob a coordenação de Devair
Fiorotti (2019a), que registrou 39 narradores, além de cantos, ‘rezas’ e ‘superstições’, nas
terras indígenas São Marcos e Raposa Serra do Sol.
São poucos os estudos literários acerca de cantos indígenas e, menos ainda, sobre
palavras encantadas de etnias de Roraima, sendo mais comuns aqueles destinados à análise de
14
A autoria do livro Makunaimã: o mito através do tempo, é creditada aos povos Taurepang, Makuxi,
Wapichana, bem como a Marcelo Ariel, Mário de Andrade, Deborah Goldemberg, Theodor Koch-Grünberg e
Iara Rennó (2019).
49
narrativas dos povos originários. Sobre cantos indígenas, citam-se: J. Santos (2018), Emilio
Martins (2019), J. Oliveira (2019), Gimenes (2020) e Fiorotti (2018a; 2018b; 2019a; 2020).
Sobre palavras encantadas, cita-se novamente esse último autor (Fiorotti, 2018a; 2018b).
Em relação ao termo taren, encontram-se em Fiorotti diferentes traduções: reza e
superstição, palavra encantada de cura e/ou palavra mágica de cura (Fiorotti, 2018a; 2018b;
2020).
Ao se confrontar entrevista de Fiorotti (2017), em que esse diz não adotar a palavra
‘reza’, com pesquisas posteriores com o referido termo, infere-se que, em algum momento de
sua trajetória, o pesquisador decidiu pelo uso das expressões ‘palavra encantada de cura’ e
‘palavra mágica de cura’, em detrimento dos vocábulos ‘reza’ e ‘superstição’.
Todavia, tais vocábulos voltam a aparecer em textos de Fiorotti (2018a; 2018b;
2020), supostamente, pelas seguintes razões ou nestas situações: em textos os quais, ainda que
publicados posteriormente, estavam no prelo e, por algum motivo, não puderam ser
atualizados; em referência a projeto de pesquisa anterior à decisão acima citada; e em citações
a falas de terceiros.
Fiorotti (2018b) explica que o ‘rezador’ (tarenpokon) tem papel ‘bem’ definido na
comunidade: curar casos relacionados, especialmente, ao corpo, como diarreia e dor de
cabeça, e, durante as plantações, fazer com que a produção seja boa. O autor (Fiorotti, 2018b)
relata queixa proferida por interlocutora, de uma comunidade da Terra Indígena Raposa Serra
do Sol, de que teria ficado doente por causa de uma pussanga (‘reza’), lançada por uma
vizinha.
Segundo Fiorotti (2018b, p. 109):
Apoiado no autor (Fiorotti, 2017; 2018a; 2018b), neste trabalho, decidiu-se pela
expressão ‘palavra encantada’ como equivalente a taren, entretanto, sem menção à cura,
considerando que os tarenkon15 podem ser usados tanto para a melhoria quanto para a piora
do quadro de saúde de alguém.
15
Plural de taren.
50
Reforça-se que esta pesquisa considera literário o canto indígena, tal como o faz com
o gênero ‘canção’. Fiorotti (2019a) frisa que, em grego, as artes poéticas estão relacionadas à
música, sendo o nome do subgênero literário lírico referência à lira.
Esclarece-se que a lira era um dos instrumentos musicais com que se acompanhavam
os poemas na Grécia Antiga, compostos exatamente para serem cantados ao som daqueles
(Rocha, 2012). Conforme R. Rocha, a lírica grega arcaica desenvolveu-se do século VII a. C.
até a primeira metade do século V a. C.
R. Rocha (2012, p. 86) frisa que, em vez de lírica, os poetas anteriores ao período
helenístico designavam aquilo que produziam como poesia “mélica”, “termo derivado de
mélos, ou seja, ‘canção’, ou mesmo mousiké, ōidé ou áisma, todas palavras que remetem à
ideia do ‘canto’”.
Para Fiorotti (2019a, p. 27-28), é impossível restituir a autoria nos poemas
relacionados aos cantos, “principalmente porque eles originam-se de autores diversos
desconhecidos e pertencem à memória de mais de um povo, os indígenas do chamado circum-
Roraima”.
Coautor do livro Panton pia’: eremukon do circum-Roraima (Fiorotti; Silva, 2019),
Terêncio Luiz Silva (Manaaka) teria aprendido os cantos transcritos na obra com quatro
homens diferentes, entre eles, o pai e os avôs.
Segundo Fiorotti (2019c), Bernaldina José Pedro, nome de registro de Meriná, com
quem o pesquisador divide a autoria do livro Cantos e encantos: Meriná eremu (Fiorotti;
Pedro, 2019) não é autora dos cantos publicados na obra: eles pertencem a uma produção
coletiva ou que “se tornaram de uso coletivo dos povos do circum-Roraima” (Fiorotti, 2019c,
p. 9).
Em ambos os casos, os cantos foram criados em tempos “impossíveis de definir”
(Fiorotti, 2019c, p. 11) e apresentam vocabulário antigo e com muitas palavras em desuso
(Fiorotti, 2019a), o que os torna incompreensíveis para maioria dos indígenas
contemporâneos.
São cantos em makuxi, “mas também é possível ouvi-los em outras línguas e/ou em
outros povos, como o taurepang” (Fiorotti, 2019c, p. 9). O autor (Fiorotti, 2019c) identificou
diferentes tipos de canto: tukui, parixara, more’ erenkato, areruia, simiidin e cantos de
homologação.
Fiorotti (2020) refere-se ainda a estilos de música citados por Koch-Grünberg, mas
“que, aparentemente, não mais há quem cante, pelo menos até o momento ninguém se propôs
51
a fazê-lo ou disse saber cantá-los durante as interlocuções com o projeto Panton Pia” (Fiorotti,
2020, p. 16): maruá, arebá, mauarí e kesekeyelemu.
Segundo Fiorotti (2020), o responsável pela interlocução na pesquisa, Terêncio Luiz
Silva, citou dois ritmos musicais não registrados até aquele momento e que o próprio
interlocutor desconhecia: ware’pan e manau’ã.
Tukui é um canto de temática variada, em geral, relacionado à sabedoria dos pajés,
para se fazer intervenções na natureza, como chamar chuva, acalmar trovões (Fiorotti, 219a;
2019c). Pode falar de animais, plantas, “mas principalmente apresenta um caráter mais íntimo
em relação ao seu domínio e execução: nem todos o dominam” (Fiorotti, 2019c, p. 9).
Parixara relaciona-se, em geral, à fartura das colheitas, chegada da caça ou pesca
com fartura e a datas comemorativas (Fiorotti, 2019a). De acordo com Devair Fiorotti (2019a,
p. 29), o parixara “é hoje o ritmo indígena mais difundido em Roraima, principalmente por
causa do movimento cultural Roraimeira [...], em que se divulgou a dança, bem como esse
movimento cita o nome parixara em várias músicas”.
More’ erenkato são cantigas de ninar: falam de animais, mas trazem aspecto trágico,
“como quando o pai do veado aconselha os filhos para se divertirem, pois o futuro deles é ser
tuma, damorida, comida para os indígenas pemóns” (Fiorotti, 2019c).
Resultado dos primeiros contatos entre as religiões cristãs e a realidade indígena, o
areruia é um canto relacionado ao culto.
O simiidin é um canto em relação ao qual Fiorotti (2019c), sem dar mais detalhes,
descreve como religioso, tal como o areruia. De modo semelhante, o autor (Fiorotti, 2019a)
cita o marapá, mas não características desse, para além de registrar ter encontrado somente
um informante sobre o referido estilo de música.
Contemporâneos, cantos de homologação foram produzidos quando da homologação
da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, de Roraima, em 2005, pelo Governo Federal e cuja
constitucionalidade foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2009.
Um dos cantos diz da terra dos peixes, que agora vai se poder pescar. Ele diz
bem de quanto os indígenas sofreram sem liberdade de ir e vir, por causa dos
fazendeiros, que impediram trânsito livre para caça e pesca dentro,
ironicamente, das próprias terras indígenas (Fiorotti, 2019c, p. 10).
52
2019a, p. 29), “Dada à dificuldade de separar mito de lenda bem como a problemática do
conceito mito quando aplicado às culturas ameríndias, uso somente o termo história quando
me refiro a mito e mesmo lenda, como tido por alguns”.
Fiorotti (2019a, p. 43) relata que, quando ainda estava conseguindo autorização para
iniciar pesquisas, uma liderança indígena o alertou: “isso que você chama de mito, fábula, é a
nossa história”.
Segundo Fiorotti (2019a), a relação cultura (homem) e natureza percebida nas
histórias indígenas por ele coletadas se diferencia “muito” da forma como nos relacionamos
com a natureza, principalmente, a priori, porque não há uma hierarquização do homem sobre
ela, sobre os animais na realidade mítico-histórica ancestral dos indígenas pesquisados. “No
tempo mítico-histórico das narrativas coletadas e dos cantos aqui apresentados, animais falam,
se casam, têm filhos com humanos. Vivem uns com os outros num mesmo patamar de
igualdade” (Fiorotti, 2019a, p. 41).
A tendência Coleta é marcada pelo registro, escrito, em áudio e/ou vídeo, dos textos
relativos à tendência Encanto. Inicialmente, a coleta era feita por sujeitos externos às
comunidades indígenas: missionários, viajantes estrangeiros, etnógrafos, linguistas, literatos.
Destacam-se na referida tendência: Richard Schomburgk, João Barbosa Rodrigues,
Theodor Koch-Grünberg, Dom Alcuíno Meyer, Edson Soares Diniz, Julieta Souza Silva,
Diocese de Roraima, Carlos Alberto Maciel Pinheiro, Devair Fiorotti, Jucicleide Pereira
Mendonça dos Santos e Fernando Yekuana Gimenes.
Tal tendência literária coincide parcialmente com a tendência Karaiwa Relatos de
Viajantes, a ser descrita mais à frente, o que tem como consequência o fato das características
do público de ambas serem semelhantes.
Por ora, adianta-se que, publicados em livros e revistas científicas, esses textos
tiveram sua leitura restrita a um público específico, o que é confirmado em referência de
Medeiros (2002b, p. 11) a Theodor Koch-Grünberg: “poucos leram a versão original [...], tal
como a recolheu Koch-Grünberg”.
Um marco inicial dessa tendência é a publicação em 1847 da obra Reisen in Britisch-
Guiana, de Richard Schomburgk (1847). Consoante Sá (2012), Schomburgk coletou cantos
karib sobre o monte Roraima e narrativas acerca de Makunaima.
54
Por ser publicação brasileira ainda do século XIX, merece destaque o livro
Poranduba amazonense, ou kochiyma-uara porandub, 1872-1887, de João Barbosa
Rodrigues (1890), com histórias e cantigas makuxi, entre outras etnias, nas versões na língua
indígena com as traduções interlinear e literal em português.
Outro marco importante é a publicação da obra Vom Roroima zum Orinoco, de
Koch-Grünberg, publicada em cinco tomos16, em alemão, entre 1916 e 1928 (Baldus, 1953).
Desses, destacam-se os tomos dois e três.
Publicado em 1917, além de narrativas indígenas em alemão, língua do etnólogo, o
tomo dois traz, na seção Textos, narrativas na versão taurepang:
Medeiros (2002a, 2002b) explica que a publicação reúne resumos das narrativas
feitas a Koch-Grünberg, e não as narrativas na íntegra, e, ao fazer análise comparativa
daqueles com resumos de histórias de outros povos, o etnógrafo “antecipa de certa maneira as
análises intertextuais empreendidas pelo estruturalismo” (Medeiros, 2002b, p. 25).
De modo semelhante, publicado em 1923, o tomo três contém palavras encantadas
em alemão e no original taurepang, com tradução interlinear (Medeiros, 2002a).
Do mesmo modo que na tendência Encanto, na tendência Coleta, a autoria é atribuída
a um ou mais povos indígenas, sendo o coletor considerado o organizador, em caso de
publicação, ainda que, na prática, esse intervenha no texto. No entanto, tem-se aí o efeito de
neutralidade, transcrição pura sem alteração de sentidos.
Em análise sobre a obra Vom Roroima zum Orinoco, este autor (Pimentel, 2022b)
sustenta que Akúli e Mayuluaípu não são considerados autores das histórias, mas contadores.
Como afirma o autor (Pimentel, 2022b, p. 77), “Todavia, ainda que a autoria da obra
acadêmica e do texto analítico nela presente seja atribuída a Koch-Grünberg, tal lugar não se
confunde com o de autor das narrativas”.
Reforça-se que a autoria das histórias em Vom Roroima zum Orinoco é atribuída aos
povos indígenas pesquisados, mesmo que, na prática, tais grupos étnicos não recebam
16
A edição venezuelana da obra, Del Roraima al Orinoco, foi publicada em três volumes entre 1979 e 1982
(Centro de Informação - Diocese de Roraima, [1989]). O mesmo se deu na edição da Unesp, Do Roraima ao
Orinoco, em português, em 2022. Antes, o tomo dois integrou edição da Revista do Museu Paulista (Koch-
Grünberg, 1953) e do livro Makunaíma e Jurupari, cosmogonias ameríndias, organizado por Sérgio Medeiros
(2002c).
55
fisionomia definitiva” (Medeiros, 2002a, p. 17). Esses, as normas que regem a vida na
atualidade da enunciação.
Medeiros (2002b, p. 44) refuta a analogia feita por Koch-Grünberg entre a
personificação dos animais nas narrativas karib e o fato de as crianças darem aos brinquedos,
“conscientemente, outra significação, segundo o jogo do momento”, transformação de noções
que, para o etnólogo alemão, “pode estar embasada numa concepção infantil”.
Enquanto para Koch-Grünberg a ambiguidade das imagens míticas se apresenta
como uma “confusão desordenada”, para Medeiros (2002b, p. 45) trata-se de um
procedimento retórico ou poético, abundância de sentido ou riqueza poética.
Evidencia-se que, além do registro escrito e em fotografia publicado em Vom
Roroima zum Orinoco, Koch-Grünberg produziu fonogramas de cantos e filmes de danças
dos povos com os quais conviveu, sendo pioneiro no uso de gravações sonoras na Região
Norte do Brasil (Campos, 2012).
Em alusão aos 100 anos da expedição de Koch-Grünberg pela região, o projeto A
música das Cachoeiras, de Agenor Cavalcanti de Vasconcelos Neto (2013), gravou em áudio
e vídeo, músicas, principalmente, indígenas, mas também de artistas não indígenas de
Roraima, do Amazonas e da Venezuela.
Ressalta-se também nesta tendência o lançamento de CDs com cantos nas línguas
indígenas, tais como os seguintes álbuns: Reahu He à - cantos da festa yanomami, gravado
em 2005 (Instituto Moreira Salles, 2019; Villena, 2016), Macuxi Serenkato, Uyeseru’kon ta
komanto’: yamî’ mernti’kon taxinpîsa (Vivendo a cultura na língua makuxi: alegria e força
dos avós), e Filhos de Makunaimî, os três de 2005, e Parichara Wapichana, de 2006
(Fernandes, 2015).
Um registro importante pertencente à tendência Coleta referente aos Yanomami é o
livro Mitopoemas Yãnomam (Chamie, 1979), de 1979, em que foram publicados poemas e
ilustrações de Koromani Waica, Mamokè Rorowè e Kreptip Wakatautheri. Os poemas são
resultado das descrições orais do trio em relação aos seus desenhos. Tais descrições,
registradas pelo missionário católico italiano Carlo Zacquini, receberam tradução literal para
o português, a partir da qual foram realizadas ‘transcrições literárias’ apresentadas na obra em
português, italiano e inglês.
17
Ely Macuxi nasceu na área indígena Maturuca, em Roraima, e morou em Manaus (AM) até o seu falecimento,
em 2021 (Xapuri Ambiental, 2021). É autor do livro Ipaty: o curumim da selva (Macuxi, 2010). Pelo nome
semelhante, é, com frequência, confundido com a poeta elimacuxi, paulistana radicada em Roraima (Dupla
Comunicação, 2021), autora do livro Amor para quem odeia (Elimacuxi, 2013).
58
Fiorotti e Clemente Flores (2019a; 2019b), e História do Xibobo, de Matilde Makuxi e Lacy
Mariano (2021).
“Um dia o pai do Makunaima disse pro filho, pra mulher dele, mas veja bem, tá o
inimigo aí no meio, não somente Makunaima. Aí disse: ‘Meu filho, mulher, eu vou na
frente.’, como nosso costume também” (Fiorotti; Flores, 2019a, p. 5).
“Até de noite ele chorava. Aí a mãe dele, o que é que ela faz? Aí ela saiu com esse
filhinho chorão: ‘Não quero filho chorão, não! Ah, raposa, leva esse menino pra ti...’ Aí
deixou lá fora. [...] Destar que a raposa tava andando, dona Raposa. Aí: ‘Umbora, meu
filho?’” (Fiorotti; Flores, 2019b, p. 4).
“Um menino estava andando por aí, no campo, no lavrado e encontrou um Xibobo,
aí, ele jogou flecha nele” (Makuxi; Mariano, 2021, p. 1).
Nos exemplos acima, ficam evidentes marcas de oralidade, tais como o termo “aí”,
para indicar ações em sequência. De modo geral, em escritos, tais marcas são suprimidas em
nome da fluidez do texto, uma vez que sua ausência não altera o sentido da frase.
Uma segunda marca de oralidade presente nesses exemplos é a repetição de palavras:
“ele... nele”, “ele... dele”, “chorava... chorão... chorão”. Uma terceira são as corruptelas, como
“destar” (deixe estar), “tava” (estava), “pro” (para o) e “umbora” (vamos embora). Nos dois
casos (repetição de palavras e uso de corruptelas), de modo geral, a tendência em outros
textos é reformular a oração, a fim de evitar a repetição de vocábulos e o desvio da norma
culta, respectivamente.
Sobre essa busca pela intervenção mínima possível em relação ao texto oral, Devair
Fiorotti (2019b, Orelha do livro) explica, no livro A história do Makunaima, sobre a
transcrição daquilo que ouviu do narrador:
A ideia é que possamos ter acesso, dentro do possível, à sua forma de narrar
e à sua linguagem. Retirei todas as minhas intervenções, comentários feitos
durante a entrevista. Não modifiquei expressões, como “destar”, “umbora”
ou mesmo concordâncias. Devemos ouvi-lo, penso eu, na sua linguagem não
formal, no seu jeito de se expressar e de ser no mundo da língua portuguesa.
Realça-se que as três obras acima foram publicadas pela mesma editora, a Wei,
criada em 2021 pela escritora e pesquisadora de literatura indígena Sonyellen Fonseca
60
Ferreira/Sony Ferseck, viúva de Devair Fiorotti. Por todo o exposto, conclui-se que, mais que
um estilo autoral, manter o máximo de marcas de oralidade em livros com transcrições de
histórias indígenas, como nesse caso específico, trata-se de uma decisão editorial, visto que
não se encontram em outras publicações iniciativas semelhantes, nem mesmo pontuais.
Quanto ao reconhecimento oficial da autoria do narrador e cantor indígena em livros,
trata-se de prática predominantemente observada na contemporaneidade. Exceto a obra
Ritorno alla maloca: autobiografia di un indio makuxi, de Gabriel Viriato Raposo (1972),
todos os livros até o século XX com transcrições de textos indígenas têm autoria atribuída aos
seus coletores. Os narradores e cantores, quando creditados, o são na condição específica de
informantes.
Frisa-se que o primeiro livro do século XXI em que se percebe a atribuição de
autoria ao intérprete indígena é a obra Panton pia’: eremukon do circum-Roraima, de Devair
Fiorotti e Terêncio Luiz Silva (2019), sendo esse um dos cantores das músicas ali transcritas.
Acresce-se que a referida obra acadêmica se enquadra na tendência Coleta.
Em relação ao livro História do Xibobo, faz-se uma observação interessante quanto à
sua autoria: enquanto na capa e folha de rosto da obra consta o nome, nesta ordem, de Matilde
Makuxi e Lacy Mariano (2021), respectivamente, escritora e narradora da história, na ficha
catalográfica, o nome de ambas está na ordem inversa.
Nessa tendência, encontram-se textos que tematizam o contato com a cultura não
indígena, como os livros O sopro da vida e Presente de Makunaimã, de Kamuu Dan
Wapichana (Wapichana, 2019; 2020), os quais falam sobre sementes transgênicas, A cor do
dinheiro da vovó e Chuva, gente!, de Cristino Wapichana (2019a, 2021a), os quais fazem
referência a armas de fogo, espoliação da terra, violência contra povos indígenas, escravidão,
escola, comércio, dinheiro, fazenda, estabelecimento bancário e aquecimento global.
Acentua-se ainda, na presente tendência, o exercício da escrita como ativismo em
defesa da cultura indígena, aliado à militância em outras áreas, como meio ambiente. Dessa
forma, justifica-se o fato de essa literatura ser, com frequência, consumida no contexto escolar
e os respectivos escritores serem convidados a palestrar em escolas e universidades (Escritor,
2021a; Amador, 2019). Complementa-se que Cristino Wapichana é ainda membro da
Academia de Letras dos Professores (ALP) da cidade de São Paulo (Escritor, 2021a).
Com publicações predominantemente impressas, registram-se também nessa
tendência livros digitais, como A origem das águas do Planalto Central, de Kamuu Dan
(Putakaryy Kakykary, 2021; Câmara Brasileira do Livro, 2023a), de 2021, até o momento
publicado exclusivamente nesse suporte, e Baaraz Kawau, Semente de Caboco e Recado do
Bendegó, de Gustavo Caboco ([2018-2019]; 2021; [2022]).
Tendo recebido prêmios nacionais e internacionais, Cristino Wapichana é o escritor
indígena roraimense mais bem-sucedido no mercado editorial. Foi finalista em duas edições
do prêmio Jabuti: em 2017, na categoria Livro Infantil, com A boca da noite, e em, 2019, na
categoria Livro Infantojuvenil, com O cão e o curumim. A obra A boca da noite conquistou
ainda o prêmio FNLIJ 2017, na categoria Criança (Wapichana, 2019a; 2019b; 2021b) e foi
escolhido pela UFRR como obra de referência nos vestibulares 2022 e 2023 (Universidade
Federal de Roraima, 2021; 2022).
A versão em sueco da obra, Nattens Mun, recebeu a Estrela de Prata, segundo lugar,
do prêmio Peter Pan 2018, do International Board on Books for Young People (IBBY), da
Suécia. O livro também foi traduzido para o dinamarquês (Wapichana, 2019b).
O texto A boca da noite recebeu ainda em 2014 menção honrosa no concurso FNLIJ
Tamoios de Textos de Escritores Indígenas (Wapichana, 2016), destaque repetido em edições
posteriores com outros escritores Wapichana e Makuxi: Kamuu Dan (2019), Gustavo Caboco,
Julie Dorrico, Celino Alexandre Raposo e Joselita Maximino da Silva (Dorrico, 2021b).
Em 2021, a peça teatral Putakaryy Kakykary, o sopro da vida, foi encenada pelo
coletivo Semillas, de São Paulo, no 19º Festival de Teatro de la Habana (2021), espetáculo
inspirado no livro homônimo, de Kamuu Dan Wapichana.
65
com antropólogos e literatos, bem como comunidades indígenas que, em detrimento de uma
circulação externa, priorizam a circulação interna de livros por elas realizados coletivamente
em projetos de educação escolar indígena.
Esse último caso, a autora (Dorrico, 2018, p. 243) interpreta como prenúncio da
“autonomia, em termos estéticos, das comunidades tradicionais em defesa de uma política de
valorização de seus saberes e de suas produções criativas extraocidentais”.
Os escritores da tendência Criação podem ser enquadrados também na tendência
Glocal, da Formação Literária Karaiwa, descrita mais à frente.
67
Como já dito, a Formação Literária Karaiwa pode ser dividida em quatro tendências:
Relatos de Viajantes, Literatura de Inspiração Clássica, Composição de Roraima e Glocal.
a maioria dos leitores, por sua vez, tratou partes do relato – as guerreiras
amazonas, os índios sem cabeça, as ostras no alto das árvores – como
produtos da imaginação do poeta, exageros descabidos, como a abundância
de ouro vista por Raleigh a olho nu nas montanhas da Guianas.
O próprio explorador (Raleigh, 2017) confessa que, por não ter visto pessoalmente as
cidades do império da Guiana, não conseguia acreditar em tudo que lhe contaram.
Pelo relato de Raleigh (2017), conclui-se que o viajante não chegou às terras hoje
pertencentes ao Brasil. Saindo da Inglaterra, passando pela ilha de Trinidade, nos dias atuais
domínio de Trinidade e Tobago, ele diz ter ido até o rio Waricapana.
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Esta região tem um histórico de relatos de outros viajantes. Citam-se aqui alguns
deles: Antonio Pires da Silva Pontes, Alexandre Rodrigues Ferreira, Felipe da Costa Teixeira,
Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio, Everard Im Thurn, Manoel da Gama Lobo D’Almada,
Hamilton Rice, Evelyn Waugh e Cândido Rondon.
Alguns desses relatos inspiraram romances dos próprios relatores ou de terceiros. De
modo geral, esses textos ficcionais não compõem o sistema literário de Roraima, mas
dialogam com ele, o que não pode ser desprezado.
São exemplos: Ninety-two days, em que Evelyn Waugh (1934b) narra viagem feita
em 1932 à então Guiana Inglesa e ao Brasil (Boa Vista) e que serviu de base para a parte sul-
americana do romance A handful of dust, do mesmo autor (Waugh, 1934a). Outro exemplo é
o caso clássico do tomo dois do livro Vom Roroima zum Orinoco, de Koch-Grünberg (2022),
de 1917, que inspirou Mário de Andrade (1928) e Alejo Carpentier (1985) a escreverem
Macunaíma e Los pasos perdidos, de 1928 e 1953, respectivamente.
70
Além de tudo, ainda que não seja adaptação da história Makuxi, o título do romance
Ua: Brari, publicado por Marcelo Rubens Paiva (1990), faz referência ao pescador que
atravessou o mundo por um buraco feito por um tatu-bola. A história indígena foi colhida pelo
antropólogo Edson Soares Diniz (1971) e publicada na década de 1970 no Journal de la
Société des Américanistes.
Um exemplo de romance componente do sistema literário de Roraima e inspirado em
relato de viajante é A mulher do garimpo, de Nenê Macaggi (1976). Nesse caso, o texto com
características desse tipo de relato é tão importante na composição do romance que Campos e
Mibielli (2020) propõem ler tal obra ficcional sob a chave de um relato de viajante.
Ainda que tenha fixado residência de forma definitiva em Roraima no começo da
década de 1940 (Mello, 2022), é possível ver na ficção de Nenê Macaggi traços do tipo de
relato acima citado, tanto por meio da referência explícita a relatos escritos anteriores e da
transcrição desses quanto pelas descrições empreendidas em A mulher do garimpo (Macaggi,
1976), que indicam um processo de pesquisa e registro para confecção de dossiê a partir do
olhar de recém-chegada à região, a serviço do governo central.
Como jornalista, cabia à Nenê Macaggi produzir reportagens para os periódicos
Revista da Semana, O Malho e Ilustração Brasileira sobre as obras de ‘vulto’ dos governos
de todos os estados do Norte e do Nordeste, dentro do ‘triunfador’ regime do Estado Novo
(Silva, 2016).
Nomeada pelo presidente da época, Getúlio Vargas, para o cargo de delegada do
Serviço de Proteção ao Índio (SPI), atual Fundação Nacional do Índio (Funai), função
exercida por quatro anos (Almada, 2015), Macaggi redigia relatórios sobre suas funções
naquele órgão (Mibielli, 2017a). Conforme afirma Roberto Mibielli (2017a, p. 38), “Dessa
prática cotidiana, ainda que burocrática ou informativa, crê-se tenha levantado boa parte do
material que compõe A Mulher do Garimpo”.
A partir dessas informações, é mais fácil entender por que “as personagens de Nenê,
de um modo geral, sempre veem a Amazônia com olhos estrangeiros, mesmo as autóctones”
(Silva, 2016, p. 83).
Para Almada (2015), é provável que A mulher do garimpo (Macaggi, 1976) tenha
começado a “germinar” a partir de viagem feita no fim da década de 1930 por Nenê Macaggi
ao Amazonas, como correspondente de revistas de “grande circulação” no sul-sudeste do país.
Um dos indícios é o fato de trecho de uma reportagem da escritora constar no romance, na
voz do narrador: “ilhas, ilhas e mais ilhas” (Macaggi, 2012, p. 56).
71
Aliás, em Chica Banana, Nenê Macaggi (1938) retrata uma Amazônia que não
conhecia pessoalmente até aquele momento (Campos; Mibielli, 2020). No romance, o
coadjuvante Luciano, “médico de uma comissão de engenheiros encarregados de estudar
novas demarcações dos limites brasileiros externos e internos” (Silva, 2019, p. 14), descreve a
região em cartas para a protagonista.
Para Campos e Mibielli (2020), ler Macaggi sob a chave de um relato de viagem
facilita entender o apreço da escritora por excessivas descrições e seu olhar extasiado sobre a
Região Amazônica. Consoante os autores (Campos; Mibielli, 2020, p. 186):
ela não tinha formação superior, o que não a impediu de, dentre outros aspectos, após morar e
trabalhar na Capital Federal (Rio de Janeiro), adquirir habilidades técnicas, teóricas e sociais
que lhe permitiam ocupar determinado lugar naquela sociedade.
Destaca-se que, engenheiro agrônomo de formação (Dorval, 2014), filho de família
tradicional18 e ocupante de cargos públicos importantes, Dorval de Magalhães era chamado de
doutor no jornal O Átomo (A Aftosa, 1954; Encerramento, 1953) e de senhor no periódico
Folha de Boa Vista (Artistas, 1984; Comendas, 1990), o que é sinal do lugar a ele reservado
naquele meio.
Como resultado do status social que ocupavam, Nenê Macaggi e Dorval de
Magalhães receberam em 1990 Comenda da Ordem do Forte São Joaquim, do Governo de
Roraima (Comendas, 1990), sintoma do reconhecimento pelo poder público da posição
destinada à figura do escritor naquela sociedade.
Contudo, deve-se levar em conta que tanto Nenê Macaggi quanto Dorval de
Magalhães exerceram não apenas a função de escritores, mas também outros cargos de
proeminência, inclusive, governamentais. Macaggi foi delegada do SPI, conselheira estadual
de Cultura e revisora da Imprensa Oficial de Roraima (Conselho, 1991; Mello, 2022).
Magalhães foi secretário Municipal da Educação e de Urbanização e diretor da Divisão de
Produção, Terra e Colonização (DPTC) do Governo do Território (Dorval, 2014;
Encerramento, 1953).
Complementa-se que, em 1992, foi inaugurado o atual prédio do Palácio da Cultura
Nenê Macaggi, designação posteriormente retirada por conta de uma ação judicial impetrada
pela Assembleia Legislativa, com a alegação de que logradouro público não pode receber
nome de personalidade viva. O Palácio da Cultura voltou a se chamar Nenê Macaggi,
mediante decreto governamental, em 2004, um ano após a morte da escritora (Oliveira, 2023).
Além disso, em 2006, em homenagem à escritora paranaense radicada em Roraima,
foi instituído o decreto de criação do Dia do Escritor Roraimense, 24 de abril, data do
nascimento de Nenê Macaggi (Oliveira, 2023).
Vê-se nexo entre a tendência Literatura de Inspiração Clássica e a presença
significativa de migrantes no processo de formação cultural de Roraima, estado cuja história
está repleta de períodos de intenso fluxo migratório impulsionado pelo poder público.
18
São denominadas famílias tradicionais as pioneiras no processo de colonização de Boa Vista. Dorval de
Magalhães, por exemplo, era neto de Inácio Lopes de Magalhães, fundador da fazenda que deu origem à
cidade (Dorval, 2014).
73
Sampaio (1850) infere que desde 1639 o rio Branco era de conhecimento dos
portugueses, mas a ocupação por esses iniciou oficialmente no século XVIII, com a
construção do Forte São Joaquim, na confluência dos rios Tacutu e Uraricoera. Ainda assim, a
ocupação civil começou a partir das últimas décadas do século XIX, com a expansão da
pecuária na área do baixo rio Uraricoera e médio rio Branco (Santilli, 1994).
Fundada em 1830 pelo oficial do Forte São Joaquim, recém-chegado do Ceará,
Inácio Lopes Magalhães, a fazenda particular Boa Vista, futuro núcleo da cidade homônima,
iniciou um processo de migração de mão de obra para o trabalho com a criação de gado
(Galdino, 2017).
Nesse sentido, “Ressalva-se, então, a importância dos nordestinos que, afugentados
pelas sucessivas secas do semiárido, migraram para a região (Fazenda de Boa Vista), de
forma espontânea” (Galdino, 2017, p. 53), como parte de um processo de colonização
pensado pelo governador da província do Amazonas, daquela época, Lobo D’Almada, para
proteger o território de invasões.
A formação do Território Federal do Rio Branco, atual estado de Roraima, representa
um momento ‘bastante’ nítido na ocupação dessa área. A região foi uma das zonas de atração
dos migrantes e populações regionais desempregados pelo declínio da borracha, devido às
reservas de diamante e ouro locais, o que contribuiu para um aumento de cerca de 80% da
população entre 1920 e 1950, a partir da criação do Território, em 1943 (Silveira; Gatti,
1988).
Na mesma época, os programas de desenvolvimento do governo central implantaram
colônias ao redor de Boa Vista com o objetivo de povoar o que “sempre foi considerado um
espaço vazio” (Souza, 2017, p. 41).
Ressalva-se que, quatro anos antes da criação do Território Federal, começou a
‘corrida’ aos garimpos da Serra do Tepequém, no alto rio Amajari, “atraindo grande número
de aventureiros vindos de uma infinidade de lugares”, transformando a região em um
“verdadeiro caldeirão de culturas” (Souza, 2017, p. 39).
Com rios e igarapés como únicas vias de acesso, Roraima somente saiu do relativo
isolamento com a inauguração da BR-174, em 1977, o que resultou em conflitos e acelerou o
processo de ‘aculturação’ e dizimação de povos indígenas (Silveira; Gatti, 1988), aliado a
incentivos fiscais nos anos 1960/70 (Barbosa, 1993), à política de ‘colonização dirigida’ com
objetivo de ‘integrar’ a região ao restante do país e aliviar as tensões sociais agrárias,
sobretudo, do Nordeste (Silveira; Gatti, 1988) e, aos fins dos anos 1980, à intensificação do
garimpo (Barbosa, 1993).
74
19
O autor refere-se à BR-174, que liga Manaus a Boa Vista, à BR-210, também denominada Perimetral Norte,
que corta o Sul do estado de leste a oeste, e à BR-410, que liga a capital de Roraima ao município de Bonfim
(Galdino, 2017).
75
Realça-se que, ao se referir aos saraus dos anos 30, M. Lima (1999, p. 6) diz que “as
pessoas eram convidadas a mostrar o seu lado artístico” e cita músicos e instrumentos
musicais, mas não faz qualquer referência a manifestações literárias, como declamações
poéticas. Infere-se ser o motivo o foco daquela obra na temática musical, e não literária.
A autora (Lima, 1999) cita ainda saraus organizados na década de 1950 pelo coronel
Adolfo Brasil, membro de família tradicional e prefeito de Boa Vista duas décadas antes.
No que se refere às reuniões do Grêmio Estudantil, M. Lima (1999) não as situa
temporalmente de forma expressa em um período específico, todavia, cita 1964 como ano de
estreia de determinado cantor de Roraima em apresentação nas citadas reuniões, antes de ser
descoberto e conquistar o sucesso.
Na década de 1980, deu-se a criação da União Brasileira dos Escritores de Roraima
(UBE/RR) e da Academia Roraimense de Letras (ARL), enquanto em 2001 foi fundada a
Academia de Letras do Brasil (ALB). Essa, além de ter a seccional Roraima, serviu de
modelo para as distintas academias de letras criadas posteriormente no estado, bem como
atuou ativamente para a proliferação local dessas organizações: municipais, escolares,
universitárias, maçônicas, juvenis etc.
Ressalta-se que, embora a proposta de formação menos elitista que a Academia
Brasileira de Letras (ABL), o que também pode ser entendida como menos criteriosa, a ALB
manteve o apego ao solene, à pompa, presente nos discursos, títulos, indumentárias etc.
A ficção de Nenê Macaggi, cujos romances, segundo Monteiro (2019), alinham-se ao
entendimento de Romance Histórico, tem características que a aproximam de diferentes
escolas. Por isso, a autora aqui aparecerá relacionada a mais de uma tendência literária de
Roraima.
Nenê Macaggi talvez seja o exemplo mais emblemático de produção literária de
inspiração clássica. Diferentes autores (Almada, 2015; Mibielli, 2016; 2017a; Monteiro, 2021;
Santos, 2010; Silva, 2016) apontam na produção da escritora características do Romantismo,
Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo, bem como do
Modernismo e Pós-Modernismo, não raro na mesma obra.
Frisa-se o que diz Mirella Silva (2016) sobre a escritora: que essa adere ao modelo
hipernacionalista do Romantismo, mas o desconstrói “sutilmente”, sobretudo, quanto ao
índio, humanizando o “herói” dos romances alencarianos, como no caso de Naldo, no
romance Dadá Gemada (Macaggi, 1980).
76
Para Mirella Silva (2016, p. 34), quanto à linguagem, no livro Contos de amor,
contos de dor – sentimentais e trágicos (Macaggi, [1976-1978])20, “o tom predominante é o
de um ultra-romantismo tardio”. De modo semelhante, Mirella Silva (2016, p. 6) observa
“apego aos extremos românticos” em A Mulher do Garimpo (Macaggi, 1976).
O pesquisador Huarley Mateus do Vale Monteiro (2021, p. 120) avalia que “Fortes
cintilações do estilo romântico figuram na obra da autora, seja no modelo de romance
folhetim, na formação de casais sem grandes problematizações, seja na configuração do
clássico e esperado ‘final feliz’”.
Para além das obras de Nenê Macaggi, é possível apontar presença significativa de
elementos do Romantismo na produção literária roraimense, o que será aprofundado mais à
frente.
Em Macaggi, são nítidas também características do Naturalismo, em especial, de
Aluízio de Azevedo, autor de O cortiço, obra claramente referência para as descrições do
cortiço de A mulher do garimpo (Macaggi, 1976).
Para Almada (2015, p. 99), A mulher do garimpo (Macaggi, 1976) é uma
manifestação literária que, pela descrição minuciosa e documental, tem vocação e filiação
realista-naturalista, recebendo influências da ficção regionalista desse período da literatura
nacional, “muito embora não o seja na dimensão de análise crítica do mundo”.
Como afirma Mirella Silva (2016, p. 6), a escritora paranaense adota em suas obras
representação “quase” naturalista em cenas de violência ou morte “(as mortes, mesmo as
naturais, são descritas com detalhes minuciosos e não raro repugnantes)” ou com elementos
negativos ligados à pobreza, “com exceção do que se refere à pobreza pitoresca inserida nas
cenas que seus viajantes encontram nos interiores da Amazônia”.
20
Há divergências quanto ao ano de publicação desta obra: 1971, 1974 (Silva, 2016) e 1988 (Feitosa, 2014). Por
diferentes motivos, este autor inferiu que a obra foi publicada entre 1976 e 1978: “um exemplar do livro com
autógrafo da autora assinado em 19 de abril de 1978 indica que a edição é anterior [a 1988]. Soma-se a isso o
fato de textos publicados em jornais listarem obras de Nenê Macaggi, presume-se, por ordem cronológica,
citando ‘Contos de amor, contos de dor’ entre os livros ‘A mulher no garimpo’ (1976) e ‘Dadá Gemada-
Doçura-Amargura’ (1980)” (Pimentel, 2020, p. 1). Outro fator que corrobora tal inferência é um texto de
Jaber Xaud (1976, p. 11 apud Almada, 2015, p. 67) em que esse parece se referir ao livro Contos de amor,
contos de dor – sentimentais e trágicos: “Devido ao sucesso de A Mulher do Garimpo a renomada escritora
Nenê Macaggi está se animando a imprimir outro livro de contos, trágicos e sentimentais e garanto que será
novo sucesso (XAUD, Jaber. Sociedade Jaber Xaud. Jornal Boa Vista, p. 11, 07 ago. 1976)”.
77
Como a poesia de salão, nesses casos, por um longo período – que se estende
até o final da segunda guerra mundial –, necessitava mais de apuro estético-
formal do que de conteúdo social propriamente dito, não se presta, neste
meio, a devida atenção à vaga modernista que domina o eixo Rio-São Paulo,
resultando disto uma poesia de extração parnasiano-simbolista cuja temática
é, em geral, social e criticamente pobre [...] (Mibielli, 2017a, p. 27).
Primeiro grande marco da literatura não indígena local, nos quesitos volume de
produção, diversidade de autores e coesão da proposta, é a tendência literária Composição de
Roraima. Nela, verifica-se a busca por uma estética e temática local, tentativa de construir
Roraima por meio do literário.
Tal como na tendência Literatura de Inspiração Clássica, nessa os autores ou não são
graduados ou fizeram graduação fora do estado, como Nenê Macaggi e Eliakin Rufino (2019),
respectivamente.
Considerando que parte dos autores dessa tendência também o são da Literatura de
Inspiração Clássica, a forma de organização dos escritores em ambas coincide parcialmente.
Na tendência Composição de Roraima, os autores organizavam-se nas academias de Letras
citadas anteriormente ou em movimento cultural de artes integradas, como o Roraimeira, a ser
descrito mais à frente.
O público era restrito a Roraima, considerando a deficitária estrutura local para o
acesso à literatura. As poucas empresas denominadas livrarias, em sua maioria, comportavam-
se efetivamente mais como papelarias (Aumenta, 1997; Volta, 1992). As bibliotecas também
estavam disponíveis em número reduzido (Mibielli, 2007).
Soma-se ao exposto o fato de não haver na época editora institucionalizada em
Roraima. Da mesma forma como as empresas autodenominadas livrarias acima citadas que se
comportavam como papelarias, havia aquelas empresas que se intitulavam editoras, mas
efetivamente se comportavam como gráficas.
Exemplos são as editoras Boa Vista e Bezerra de Menezes. Com a segunda, foram
publicados o cordel Estória da BR-174: Boa Vista – Manaus, de Edvaldo Laurindo de
80
Oliveira (1975), e as obras Poemas, de Eliakin Rufino (1987), e Vias e veias, de Walber
Aguiar ([1995]).
Tais obras eram publicadas sem ISBN, ficha catalográfica e ficha técnica, indício da
estrutura institucional mínima para a feitura do material. Ainda que marcado pela
precariedade, esse foi um momento importante da produção literária roraimense.
Outro destaque: trata-se de época em que se intensifica o acesso à poesia por meio do
gênero ‘canção’, principalmente, por conta dos festivais de música e dos discos gravados.
Para A. Souza (2012), a memória oficial que subsidiasse uma identidade nacional e
um sentimento de brasilidade no roraimense começou a ser construída pela elite local com
êxito parcial, especialmente, em Boa Vista, após o golpe civil-militar de 1964, fruto de
projeto de governo que pensava a participação do indivíduo na construção da nação brasileira.
O autor (Souza, 2012) explica que, por aquele projeto, os roraimenses deveriam se
sentir construtores ativos da História do Brasil, por meio de seus heróis e eventos promotores
do ‘primoroso’ destino ao sucesso. Assim, “Embora certos regionalismos estivessem
presentes, a sensação artificial e simbólica da nacionalidade brasileira e da regionalidade
roraimense forjadas permaneceu” (Souza, 2012, p. 40).
De qualquer modo, Wankler (2013a, p. 72) ressalta que o pertencimento dos
roraimenses em relação ao Brasil “normalmente é muito frágil por vários fatores, inclusive
pela dificuldade de acesso”.
Para Almada (2015), no quadro de construção de uma memória em Roraima à época
do regime civil-militar, destacam-se dois certames realizados pelo poder público. Um deles é
o Concurso de Música Regional de Exaltação ao Território Federal de Roraima, que ficou
conhecido como Festival da Canção de Exaltação a Roraima, lançado em 1973 pela Prefeitura
de Boa Vista e com culminância no ano seguinte (Benetti; Silva, 2020).
Predecessor dos festivais de música que revelaram muitos daqueles considerados até
hoje como os grandes nomes da música popular roraimense, o Festival da Canção de
Exaltação tinha por objetivo contribuir para despertar a consciência de pertencimento local
dos que aqui haviam nascido ou que tinham escolhido o lugar para viver (Almada, 2015). As
quatro primeiras músicas classificadas no festival foram gravadas em disco compacto duplo
(Souza, 2017).
A partir de informações de Rufino (2014 apud Souza, 2017) e M. Lima (1999),
conclui-se que a primeira gravação em áudio de música com letra escrita por compositor de
81
Roraima foi no compacto duplo do grupo Golden Star, gravado no Rio de Janeiro, em 197121,
cujo repertório foi formado por músicas nacionalmente conhecidas, bem como canções locais,
como Preciso esquecer, composta por Samuel Borges, e Uma tarde no garimpeiro (Lima,
1999).
Naquela década, foram gravados ainda discos de Os embaixadores do forró e da
cantora Perpétua e, na década seguinte, de escolas de samba de Boa Vista (Lima, 1999;
Rufino, 2014 apud Souza, 2017).
Pesquisa de Benetti e Silva (2020, p. 63) identificou 20 festivais da canção, no
formato concurso, realizados em Boa Vista desde a década de 1970, entre os quais “as nove
edições do Festival de Música Popular de Roraima (Femur), entre 1980 e 2008, e sete edições
do Festival de Música Canto Forte, de 2009 a 2017”.
É interessante destacar que o Festival da Canção de Exaltação a Roraima
desclassificou uma das músicas finalistas: Exaltação ao Território de Roraima, de Bindo
Meldolesi. A alegação foi de que a canção descumpriu as normas do concurso: “facilmente
pode-se verificar que a única que destoa de uma concepção ufanista é justamente a canção
desclassificada”; “a única entre as dez que propõe um olhar crítico a alguma questão”
(Benetti; Silva, 2020, p. 69-70).
Segundo Almada (2015, p. 66), o Festival da Canção de Exaltação a Roraima
buscava valorizar a cultura local, para que “esse pedaço mal conhecido do Brasil pudesse ser
reconhecido e diferenciado de outras regiões, sobretudo do Amazonas”, estado ao qual a
região atualmente denominada Roraima pertenceu até 1943, quando foi criado o Território
Federal do Rio Branco.
Evidencia-se em relação a Roraima processo semelhante ao que se deu com o Brasil
pós-Independência na tentativa de se forjar uma identidade local totalmente descolada de
Portugal.
Paralelamente à política de realização desses eventos, acentua-se a
institucionalização da cultura no estado. Em 1974, inaugurou-se o primeiro Palácio da
Cultura22, onde funcionou a Biblioteca Pública Estadual (Martins, 2011), e, dez anos depois,
21
Segundo Rufino (2014 apud Souza, 2017), em 1971, lançaram discos os conjuntos locais Golden Star e Os
Aranhas. Por sua vez, M. Lima (1999) registra que, nesta ordem, os primeiros a gravar disco em Boa Vista
foram: Simpatia, Golden Star e Os embaixadores do forró (antigo Os aranhas). Destaca-se que não se
encontrou, para esta pesquisa, indício de música com letra gravada por Simpatia.
22
Fechado para reforma em 1988, o prédio dali em diante tornou-se a sede da Assembleia Legislativa (Martins,
2011). O prédio atual do Palácio da Cultura continua a abrigar a Biblioteca Pública Estadual e foi construído
na Praça do Centro Cívico de Boa Vista, próximo à sede do Legislativo Estadual.
82
O projeto literário de Nenê Macaggi, bem como seu estilo, cheio de apropriações
(Mibielli, 2017a), alinha-se ao Modernismo, ainda que na execução de tal projeto a escritora
acabe por se distanciar daquela escola literária em vários momentos, como já exposto.
Mibielli (2020) enxerga no texto de Macaggi a intenção de dar vazão a uma
identidade roraimense com base em técnicas de produção literária de vanguarda. Para o autor
(Mibielli, 2020, p. 100), o romance A mulher do garimpo (Macaggi, 1976) não difere muito
das técnicas de composição vigentes quando publicado, na década de 1970: “Colagem de
estilos e textos, o romance congrega informações de almanaque sobre a Amazônia (volume de
água dos rios, dimensões territoriais, curiosidades...) com enredos já conhecidos da tradição
literária brasileira”.
De modo complementar, Lima e Fraga (2019, p. 26) apontam diálogos entre a prosa
regionalista da autora paranaense e o romance de 1930, “pois são obras que constroem
modelos de identidades”.
Por sua vez, esse uso de fragmentos de textos clássicos por Nenê Macaggi, em A
Mulher do Garimpo (Macaggi, 1976) e outros romances, na forma de colagens ou paratextos,
Monteiro (2021, p. 118), entende como pastiche, “estilo discursivo de apropriação”, pós-
moderno, diferente da paródia pela inexistência do elemento satírico.
Entende-se que a colocação de Monteiro (2021) carece de mais debate, uma vez que,
por todas as demais características aqui mencionadas, é difícil localizar como pós-moderna a
obra de Nenê Macaggi, principalmente, o romance A Mulher do Garimpo (Macaggi, 1976),
cuja escrita se inicia na década de 1940. Destaca-se que o escritor modernista Mário de
Andrade (1928) também se utilizou do recurso da colagem em Macunaíma, sem que tal
característica o credencie como pós-modernista23.
Além dos livros publicados em vida, no começo da década de 2010, foi publicada
postumamente a obra Nará-Sué Uarená: o romance dos Xamatautheres do Parima, de Nenê
Macaggi (2012), sob a coordenação editorial do filho da escritora, José Augusto Macaggi.
Referência significativa na história local das artes é o movimento Roraimeira, criado
em 1984, com o objetivo de exaltar a paisagem cultural e natural do lugar. Wankler (2013a)
destaca que o movimento objetivava pôr na pauta do dia o debate sobre a identidade
roraimense, quando o estado tinha um fluxo migratório “enorme”, em função das atividades
do garimpo. Em vista disso, “O movimento pretendia diagnosticar uma ancestralidade,
identificada nos povos indígenas da região” (Wankler, 2013a, p. 71).
23
Para (Sterzi, 2019, p. 248-249), Macunaíma é “marcadamente compósito, uma colagem ou montagem de
palavras e imagens das mais variadas fontes”.
84
Para E. Souza (2017, p. 79), “a identidade social propalada pelo grupo invoca uma
origem que reside em um passado histórico com o qual ela continuaria a manter certa
correspondência”. Como já dito, até aquele momento, acreditava-se que Roraima era uma
terra sem identidade, “uma terra situada num entrelugar” (Wankler, 2013a, p. 72).
Em entrevista aos pesquisadores Oliveira, Wankler e Souza (2009, p. 28-29), o
próprio Eliakin Rufino afirma: “Talvez a nossa grande contribuição, do Roraimeira, é acabar
com a crise de identidade que Roraima padecia. Eu acho que até o Roraimeira não havia uma
arte local mesmo”.
Segundo Mibielli (2021), duas questões contribuíram para a ideia de que não havia
cultura no estado antes do Roraimeira:
É interessante a reflexão trazida por Wankler (2014) de que um dos textos mais
emblemáticos do Roraimeira, o poema Cavalo selvagem, de Eliakin Rufino, tombado em
2008 como patrimônio cultural do estado24 (Rufino, 2023), ainda que normalmente lido como
de estrita exaltação das coisas do lugar, ao colocar o personagem-título, em primeira pessoa a
dizer “meu mundo é a imensidão”,
Como afirma Félix (2019), o movimento Roraimeira surgiu não somente por conta
da inconformidade com a suposta ausência de uma identidade local, mas como uma manobra
de resistência à dominação do governo central.
De acordo com Elieser Rufino Souza (2017, p. 48), os gestores nomeados pelo
governo central patrocinavam e apoiavam produtos culturais recém-chegados considerados
duvidosos pelos regionalistas Roraimeira, promovendo oficialmente a noção de que “qualquer
coisa que fosse importada era de melhor qualidade que as produzidas localmente – tudo que ‘é
24
Assim como o poema Cavalo selvagem, a canção Makunaimando, composta por Neuber Uchôa e Zeca Preto,
foi tombada, por decreto, como patrimônio do estado (Rufino, 2023).
85
de fora, é bom’. Havia uma ideologia, muito difundida, declarando que ‘Aqui não tem nada
que preste!’”.
Para Félix (2019, p. 42), o “mais interessante” é o fato de que o próprio governo foi
quem “acendeu a fagulha para a chama do Movimento Roraimeira” como um ato político, por
meio da realização de festivais de música.
Conforme Félix (2019, p. 41-42), é na segunda edição do Festival de Música de
Roraima (Femur), em 1984, que Eliakin Rufino, Neuber Uchôa e Zeca Preto “sinalizavam a
criação do movimento”. Naquela edição, Zeca Preto conquistou o segundo lugar com a
música Roraimeira (Benetti; Silva, 2020; Félix, 2019; Lima, 1999), que em 2015 foi
oficializada por meio de lei como hino cultural do estado (Fraga; Zuin, 2017).
Na primeira edição do Femur, em 1980, Zeca Preto ficou em segundo lugar, com a
música Macuxana; Neuber Uchôa, em terceiro, com a canção Ave; e Eliakin Rufino participou
como atração especial, sem concorrer no festival (Lima, 1999).
Conforme E. Souza (2017, grifo do autor), “Na época do seu aparecimento, houve
sérios desentendimentos entre os artistas regionalistas e a sociedade dita ‘letrada’, que, neste
primeiro momento, considerou a poesia roraimeira como periférica e de baixa qualidade”.
Dois shows do trio Roraimeira, ambos em 1984, são considerados momentos de
fundação do movimento cultural: um realizado em agosto no Teatro Amazonas, em Manaus,
com apoio do governo do território federal de Roraima (Rufino, 2023), um mês após o Femur
(Lima, 1999), e outro em outubro, em Boa Vista, “cuja grande repercussão propiciou a
inserção de outros artistas que tratavam da mesma temática no movimento” (Oliveira;
Wankler; Souza, 2009, p. 30).
A referida programação teve participação de artistas de diferentes linguagens com
obras de cunho também regionalista, como música, dança, poesia e artes visuais.
Posteriormente, o trio Roraimeira fez shows nacionais e internacionais, em lugares
como São Paulo, Rio de Janeiro, Macapá, Venezuela e Suíça (Nascimento, 2014).
86
Ainda em 1984, Eliakin Rufino lançou Pássaros ariscos, obra considerada inaugural
do movimento Roraimeira, três anos antes de Zeca Preto (1987) publicar o livro Beiral:
poesias, com recursos da Lei Sarney (Lei n.º 7.505 de Incentivo à Cultura), antecessora da Lei
Rouanet.
Em 1992, deu-se o lançamento do LP Roraima (1992), com músicas de Zeca Preto e
Neuber Uchôa e poesia falada de Eliakin Rufino. Evidencia-se que iniciativa semelhante com
literatura em áudio somente seria possível na década seguinte, como pormenorizado à frente.
No mesmo ano, foi exibido em âmbito nacional pela Rede Brasil, no dia 3 de junho
de 1992, data da abertura da Eco-92, o programa Roraimeira, produzido pela TVE-Macuxi,
da Prefeitura de Boa Vista, sobre cultura de Roraima, com apresentação de Eliakin e Vânia
Rufino, Neuber Uchôa e Zeca Preto. O programa tinha reportagens e apresentações musicais e
literárias. A versão exibida em rede nacional foi um compacto da série veiculada em âmbito
local (TVE, 1992).
E. Souza (2017, p. 43) salienta que nem toda a produção artístico-cultural da época
estava “estatutariamente” vinculada ao movimento, “sendo que alguns ressaltavam o fato de
não terem participado dele”.
Com o encerramento das apresentações do trio Roraimeira em 2000, a partir de
quando Eliakin Rufino, Neuber Uchôa e Zeca Preto passaram a produzir e fazer shows
individualmente, “passou-se a chamar de arte Roraimeira qualquer expressão ou linguagem
que tenha Roraima como tema central” (Oliveira; Wankler; Souza, 2009, p. 30).
O acima exposto é uma constatação de que o projeto do movimento Roraimeira se
consolidou de tal forma no imaginário local que costumeiramente manifestações artísticas
com elementos regionais são associadas ao movimento, como ‘influência’ direta ou indireta
daquele, ainda que produzidas por artistas a ele não pertencentes ou até mesmo que o
desconheçam.
Ressalva-se que, embora o anúncio do fim do movimento em 2000, o trio Roraimeira
retomou o projeto anos depois, com a produção de shows e álbuns musicais.
Oliveira, Wankler e Souza (2009) dividem o movimento Roraimeira em duas fases: a
primeira, de 1984 a 2000, caracterizada pela predominância de textos literomusicais de
exaltação do patrimônio natural e cultural do estado, e a segunda, a partir de 2000, em que se
evidenciariam textos mais críticos e que vinculam Roraima a contexto mais amplo, regional
e/ou nacional.
Como afirma Mibielli (2021, p. 251), George Farias considera-se membro da
segunda geração do Roraimeira, visto que, em seu segundo livro de poemas, Dança dos sinos,
87
“procura mesclar questões de identidade local com temas universais”. Ainda segundo Mibielli
(2021, p. 240), o poeta Gean Queiroz “chegou a participar da segunda geração Roraimeira,
para depois, distanciando-se desta, adquirir outro matiz”.
Em texto no prelo25, este autor refuta a proposição acima citada de Oliveira, Wankler
e Souza (2009), sob o argumento de que o Roraimeira é um projeto de exaltação do local,
sendo que as manifestações destoantes dessa, propostas pelos integrantes, são produções
individuais, externas ao movimento.
Segundo Félix (2019), o trio fundador reconhece a separação do Roraimeira em dois
diferentes momentos, mas os artistas divergem quando questionados sobre o fim da segunda
fase e/ou a sinalização para uma manifestação inédita.
Para Eliakin Rufino, o fechamento do ciclo do movimento Roraimeira ocorreu com o
recebimento em 2018 do prêmio de Ordem do Mérito Cultural, “concedido pela presidência
da república e considerada a maior honraria no campo da cultura do país” (Félix, 2019, p. 47).
E complementa que a cultura roraimense, em especial, a música, pós-2000 se configura como
“algo novo que está além do Roraimeira, que a produção artística e fonográfica não pode e
não deve ser reduzida a temática regionalista” (Félix, 2019, p. 47).
Por sua vez, para Neuber Uchôa, ao mesmo tempo que se tem a sinalização para um
novo movimento, o Roraimeira mantém-se vivo por meio das influências regionais (Félix,
2019).
Já Zeca Preto sustenta que a segunda fase do Roraimeira segue em desenvolvimento
e que, em virtude das constantes atividades que ele e outros integrantes continuam a
desenvolver, ainda deve levar um ‘bom’ tempo até o surgimento de novo movimento
sociocultural (Félix; Santi, 2020).
À vista disso, consoante os autores (Félix; Santi, 2020, p. 102):
25
Pimentel, Aldenor. Regionalismo estético e regionalismo político: um estudo literário do movimento
Roraimeira. No prelo.
88
Romantismo, isto é, por se tratar de região, neste caso o estado de Roraima, começaram a
valorizar nas suas produções a vida e a cultura locais”.
Nesse seguimento, para Mibielli (2014, p. 42), a produção de Eliakin Rufino dialoga
com a tradição poética em dois momentos diferentes e por duas distintas razões: “num
primeiro plano, como toda literatura fundadora de um movimento que pretende ser simbólico
da cultura local, [...] busca elementos representativos [...] da cor local para que possa ser
reconhecida pelo público como ícone/ representante de sua identidade”, estratégia
‘largamente’ utilizada pelos escritores românticos.
Destaca-se que não se localizou, para este trabalho, indícios de circulação de textos
literários de Dorval de Magalhães que justifique se falar em uma suposta fama nacional do
autor, ainda que relativa, como o fazem Oliveira, Wankler e Souza (2009).
89
26
O Concurso Jaider Esbell de Criação Literária teve pelo menos três edições até 2016 (Lopes, 2016). O projeto
Coreto Cultural realizava apresentações literárias e culturais em espaço público (Carvalho, 2019), com acesso
gratuito.
27
Em 2008, foi realizada a primeira edição da Mostra Acadêmica de Expressões Artísticas do Meio
Universitário de Roraima (Yamix), pela UERR, como projeto de extensão, em parceria com CEFET, atual
IFRR, UFRR e as faculdades Cathedral e Atual, hoje Estácio Atual. A mostra foi realizada pela UERR até a
sexta edição, em 2013 (Alencar; Rodrigues, 2020).
92
28
Em 2012, o programa já desenvolvia ações como o projeto Expondo e Encantando (Borges, 2012f), tendo
realizado em 2013 o I Encontro de Mediadores de Leitura (Borges, 2013).
93
No que tange ao controle social, destaca-se em 2010 a eleição de Edgar Borges como
representante da Região Norte no Colegiado Setorial de Livro, Leitura e Literatura, do
Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), do Ministério da Cultura, para o mandato
2010-2012 (Brasil, 2010), sendo eleito representante do segmento criativo para o mandato
2013-2014 (Forumce, 2012). Da mesma forma, Aldenor Pimentel foi eleito representante do
segmento criativo para o mandato 2015-2017 (Brasil, 2016).
Em trabalho de 2007, Mibielli (2007, p. 6) fez referência a uma “crise de leitura” em
Roraima, onde “as bibliotecas são raríssimas e não há senão duas, ou três, livrarias em todo o
Estado”. No referido trabalho, o autor (Mibielli, 2007) enfatizou ainda a ausência à época de
um parque editorial na UFRR e de publicação locais.
Salienta-se que, na época, havia em Roraima a Editora da UFRR, mas não editoras
comerciais: a Wei Editora foi criada em 2021 e a primeira editora cartonera de Roraima,
Maricota Cartonera, publicou livro oficialmente em 2016, Carrossel Agalopado, de Zanny
Adairalba, proprietária do selo editorial (Pimentel, 2018e).
Acentua-se a criação do Clube dos Livros, primeira biblioteca comunitária de Boa
Vista, originada de uma papelaria com livros criada em 2007. Em 2010, o Clube dos Livros
foi apontado no concurso nacional Viva Leitura como segundo melhor projeto de incentivo à
leitura do Brasil, no ranking nacional das bibliotecas comunitárias existentes (Semuc, 2015)29.
De acordo com a coluna Rede Literária, levantamento da ANL de 2012 apontou que
Roraima tinha cinco livrarias, todas em Boa Vista (Borges, 2012e). A quinta edição do
levantamento, divulgado em 2023, indicou a existência de dez livrarias no estado
(Publishnews, 2023). O número deve ser visto com reserva, considerando a continuidade do
cenário estadual já descrito em que as poucas empresas denominadas livrarias, em sua
maioria, comportam-se, efetivamente, mais como papelarias.
Entretanto, alternativas foram forjadas diante dessa reduzida estrutura livreira em
Roraima. Para suprir a ausência de livrarias, criaram-se outros pontos de venda de livros,
inclusive, de autoria de escritores locais, como bancas de jornal, farmácia e lojas. Fundada
oficialmente em 2012, por exemplo, a Banca Playboy (Pierre, [2023]) mantém estante com
livros de autores locais.
29
Em 2013, a biblioteca comunitária do Clube dos Livros tinha 234 pessoas cadastradas, 60% do interior do
estado, grande parte ribeirinhos, indígenas e alunos de cursos à distância de universidades (G1 RR, 2013). O
espaço dispunha ainda do serviço de locação de livros a baixo custo, autointitulando-se a primeira locadora de
livros da Região Norte do Brasil, além do sebo virtual e clube de leitores (Clube dos Livros, [2023]). Em
2019, o Clube dos Livros realizou a I Feira de Livros Usados de Boa Vista.
94
30
O autor tem dois livros publicados no mesmo ano: Elos perdidos gerações esquecidas e Histórias que meu avô
contava (Pimentel, 2018c). Não se tem informações oficiais sobre qual deles foi publicado primeiro. Por
mensagem de WhatsApp, o escritor informou a este autor que Elos perdidos gerações esquecidas é anterior a
Histórias que meu avô contava.
95
2010 e 2011. Giovana Krystine Velho, filha de Eroquês, de 10 anos, foi a segunda colocada
na categoria declamação mirim na edição de 2011 e primeira na edição seguinte (Borges,
2012a; 2012b).
Em 2015, a peça teatral Chegança – o cordel do bem-querer, de Zanny Adairalba,
ficou em 1º lugar no projeto internacional de dramaturgia feminina La escritura de las
diferencias – Capítulo Brasil. Em 2017, Zanny Adairalba recebeu do Ministério da Cultura o
título de Mestra da Cultura Popular, como reconhecimento pelo trabalho da escritora no
fomento e na produção da literatura de cordel (Machado; Martins; Alves, 2022).
Em 2017, na mesma edição em que Cristino Wapichana foi finalista, a coleção de
livros Kidsbook Itaú Criança ganhou o prêmio Jabuti, na categoria Infantil Digital, em que a
ilustradora roraimense Ina Carolina atuou como ilustradora da história O cabelo da menina,
de Fernanda Takai (Premiados, 2017).
Em 2022, o romance Maldita seja Eva, de Julie Pedrosa, ganhou o V Prêmio
ABERST Cláudia Lemes - narrativa longa de suspense, promovido pela Associação Brasileira
dos Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror (Aberst, 2022)31.
A literatura de gênero feita em Roraima tem casos anteriores de relativo destaque
nacional, como o romance de ficção científica Unicelular, de Tarsis Magellan (2019), lançado
pela editora Martin Claret, após publicação independente na Amazon, em 2016, e na
plataforma Wattpad (Pimentel, 2021e), provavelmente no ano anterior32.
Além disso, roteiros de cinema do estado tem alcançado destaque recentemente. Os
filmes Rabiola e Nome Sujo conquistaram em 2022 o prêmio de melhor roteiro no 4ª Festival
Olhar do Norte, em Manaus, e na mostra competitiva de curtas-metragens nacionais do
Festival Guarnicê de Cinema, em São Luís, respectivamente. O roteiro de Rabiola é assinado
por Thiago Bríglia e Elder Torres, e o de Nome Sujo, por Arthur Roraimana. Ambos são
produções da empresa Platô Filmes (Filme, 2022; Premiados, 2022).
Em 2017 e 2018, os livros Meia Pata33, de Ricardo Dantas (2013), livro que deu
início ao movimento Bioarte, criado pelo escritor, e Amor para quem odeia, de elimacuxi,
foram referência no Vestibular da Universidade Federal de Roraima (2016; 2017).
Nos anos anteriores, ocorreu o mesmo com as obras O Guru da Floresta, de José
Vilela, e A mulher do garimpo, de Nenê Macaggi. E nos anos posteriores com: Urihi: nossa
31
O livro foi publicado de forma independente na Amazon em 2021 em formato digital e, no ano seguinte, em
formato físico (Folha Web, 2022b).
32
Anos antes, o autor publicara o livro de terror Histórias de Monstros e Diabruras, com o nome artístico Tarsis
Tindarsam (2011).
33
O romance foi publicado em 2013 pela editora Kazuá, de São Paulo, e em 2022 pela editora Unilivreira, de
Natal (RN) (Dantas, 2022).
96
terra, nossa floresta, de Devair Fiorotti, O homem de Barlovento, de Bruno Garmatz, A boca
da noite, de Cristino Wapichana, O jogo da democracia, de Aldenor Pimentel, e Indígenas em
luta pela vida, de José Vilela34 (Universidade Federal de Roraima, [2013]; [2014]; 2019;
2022; 2023a; 2023b).
Para Almeida (2019), Meia Pata, de Ricardo Dantas, tem a característica pós-
modernista pluralidade de gêneros, com integração do diário, na voz do protagonista, na
narrativa.
Em 2019, Meia Pata foi incluído no Projeto Pedagógico do Mestrado em Estudos
Literários da Universidade Federal de Rondônia (2019), nas referências da disciplina Estudos
do Maravilhoso e do Insólito nas Amazônias, da linha de pesquisa Literatura, memória e
identidade pan-amazônicas.
Egresso do Mestrado em Estudos Literários da Universidade Federal de Rondônia, o
escritor maranhense radicado no Amazonas Ronilson Lopes (2022) publicou em 2022 o livro
Onça para sempre onça, tendo como uma das inspirações o romance Meia Pata, de Ricardo
Dantas.
O registro mais antigo de publicação de revista em quadrinhos roraimense refere-se à
Turma da Jurema, de Armando Vitor, lançada nesse formato em 2014 e publicada dois anos
antes na página semanal Canoa Pop, no jornal Folha de Boa Vista (Borges, 2014b).
Também em 2014, foi realizada a primeira edição da Comic Fãs RR, encontro de
colecionadores de HQs e miniaturas, promovido pelo RR Clube HQ e Coletivo Arteliteratura
Caimbé (Borges, 2014d). No mesmo ano, foi realizada exposição de exemplares de histórias
em quadrinhos e action figures, pelo coletivo Comics Fãs Roraima, na IX edição da Festa da
Damurida, da comunidade indígena Malacacheta, no município de Cantá (Borges, 2014e).
Quanto a livros de dramaturgia, destacam-se: a publicação independente As
Aventuras de Jota Cabeça e seus Guachebas, de Ricardo Dantas (2018), na Amazon, e a
publicação dos livros Na mesma praça hojesempre até o amor acabar: dramaturgia
roraimense, de Francisco Alves (2020), Garganta Irada, de Marcelo Perez (2021), Coletânea
de peças teatrais de Roraima, organizado por Ananda Machado, Bene Martins e Francisco
Alves (2022) e A lenda da Rufina: devorada ou encantada?, de Ernandes Dantas (2023).
Em 2021, foi lançado o filme de animação A inacreditável história do milho gigante,
pela Platô Filmes, com direção de Aldenor Pimentel, roteiro adaptado de poema homônimo de
34
O jogo da democracia foi incluído no conteúdo programático do Processo Seletivo Seriado 1 (PSS1) e
Indígenas em luta pela vida, no Vestibular Indígena.
97
A mesma pesquisa revela ainda que tiveram o primeiro contato com textos literários
no ambiente escolar 61,52% dos alunos da escola do Caranã e 39,10% dos alunos da escola
do Centro. Outrossim, 15,38% daquele primeiro grupo de alunos disseram que a mãe os
incentiva a ler (Gomes, 2015).
Outros dados interessantes da pesquisa são: a casa é o local de leitura para 19,23%
dos alunos da escola Caranã e 47,82% dos alunos da escola do Centro. A escola é espaço de
leitura para 38,46% dos primeiros e 39,13% do segundo grupo (Gomes, 2015). Chama ainda
atenção os dois alunos da escola do Centro que declararam ler pela internet, bem como a
resposta em que aluno diz escolher leitura por meio de indicação de aplicativos de leitura.
Evidencia-se, ainda, que a biblioteca escolar foi apontada como espaço de leitura por
34,61% de alunos da escola do Caranã e 82,60% de alunos da escola do Centro. Sobre essa
alta porcentagem relativa à última escola, a pesquisadora infere que o motivo é o fato de a
unidade escolar não dispor de sala de leitura (Gomes, 2015).
A pesquisa aponta ainda que a principal forma de estímulo nas escolas investigadas é
a professora em sala de aula incentivar a leitura literária e outras leituras ao mostrar alguns
textos à turma, o que foi declarado por 23,07% dos alunos da escola do Caranã e 21,73% dos
alunos da escola do Centro (Gomes, 2015).
Talvez a característica predominante da tendência Glocal seja exatamente não ter
uma característica predominante ou um conjunto restrito delas. O que se observa é uma
diversidade de temas e abordagens, a qual desafia os pesquisadores da área e, se por um lado,
98
transparece uma possível falta de coesão, por outro, evidencia a riqueza do cenário da
literatura local hodierna.
Nessa perspectiva, Mibielli (2014, p. 68) avalia que, embora o movimento
Roraimeira seja “fundamental” na definição de uma imagem do literário em Roraima, não é
único e, para além dele, há “diferentes e mais sutis estratégias de afirmação do local, assim
como interlocutores universalistas a sua altura nos demais poetas desta geração”.
No mesmo artigo acima citado, em que analisa poemas de geração posterior ao
Roraimeira, o autor (Mibielli, 2014) conclui que esses textos deslizam ora pelo mundo
fantástico, ora pelo maravilhoso, bem como pelo mítico, “esbanjando” e sugerindo a magia
como forma de questionar e subverter a realidade em seu alheamento e sua banalização
próprios da pós-modernidade. De acordo com o autor (Mibielli, 2014, p. 68), “Esta tensa
relação dialética é a forma que estes poetas encontraram de repropor nosso lugar no mundo a
partir da magia, da interculturalidade e do necessário estranhamento que desta advém”.
Conforme Mibielli, Campos e Jobim (2019), a atualização tecnológica, em função da
expansão da internet e da telefonia móvel pela Amazônia, permitiu a circulação virtual e
ampliou a visibilidade de textos e obras aqui produzidas. Permitiu ainda, de modo “bastante
aleatório”, aos artistas e escritores locais buscarem atualização na rede mundial de
computadores, assumirem discursos mais universalistas e, em alguns casos, superarem o
discurso regionalista.
Ainda segundo os autores (Mibielli; Campos; Jobim, 2019, p. 35), isso, no entanto,
“não aplacou o desejo de ser o criador de uma representação identitária para Roraima de boa
parte daqueles que por lá produzem literatura”. Para Mibielli (2021, p. 257), hoje a poesia do
estado caminha para a universalização temática “sem descuidar de si, de seu lugar de fala”.
De acordo com Mibielli, Campos e Jobim (2019), em alguns casos, esse desejo de ser
o criador de uma representação identitária para Roraima mescla as tendências mais variadas:
Para Mibielli (2014), talvez a identidade do estado possa ser dessa maneira
evidenciada: as formas de identificação, as estratégias de demarcação, de criação de uma
imagem do local em que se vive são diversas, “a poesia hodierna de Roraima parece não
99
Merecem nota o blog e-pístolas, em que Avery Veríssimo (2001) publica crônicas
desde 2001, iniciativa posteriormente seguida pelo poeta Roberto Mibielli (2005), que criou
em 2005 o blog Pô & Cia.
Em 2008, Edgar Borges e elimacuxi publicaram os livros digitais Roraima Blues e
Diverso universo, prosa em verso, respectivamente: aquele de microcontos; esse, de poemas
(Pimentel, 2018c).
Dois anos depois, Edgar Borges (2010) produziu o videopoema Poéticas Urbanas #
1, segundo lugar na Mostra Londrix 2013 Vídeo-Poema, em Londrina (PR) e selecionado
para a II Mostra Sesc Roraima de Curtas, realizada em 2010, em Boa Vista.
Destaca-se, ainda, o uso contemporâneo das redes sociais digitais para a difusão da
literatura de Roraima, por escritores como Gabriel Alencar, Leon Koutrin e Timóteo
Camargo.
De modo semelhante a Silva Filho, Carreiro (2014) compara o Roraimeira a três
poetas posteriores ao movimento: Devair Fiorotti, elimacuxi e Zanny Adairalba. A autora
(Carreiro, 2014) conclui que, diferente daquele movimento, a poesia desses não faz parte de
nenhum movimento cultural específico e, ainda que apresente traços de uma imagem cultural
35
Foram analisados os blogs Pô & Cia, de Roberto Mibielli, Sobre silêncio e outras coisas, de Isabella Coutinho
e Elimacuxi, poesia pura, de elimacuxi (Silva Filho, 2014).
100
roraimense, tem como predominante temáticas globais, como paixão, saudades, natureza,
angústia, conflitos, sofrimento, liberdade, maternidade, entre outros.
Carreiro (2014) frisa que, apesar de Devair Fiorotti e elimacuxi fazerem em sua
poesia referência aos integrantes do Roraimeira, há poucas semelhanças em relação a esses no
modo de representar uma imagem da cultura regional roraimense. No entanto, “isso mostra
que há uma consciência histórica do papel daquele grupo como referência poética” (Carreiro,
2014, p. 95).
Roberto Mibielli (2014) acrescenta que, aparentemente, nada faz diferenciar da
poesia dos demais brasileiros a produção poética da geração pós-Roraimeira. Conforme
afirma, “Imagens da imprensa, da urbe, do indivíduo desconcertado frente ao mundo não
faltam, como soi ser a (pós) moderna poesia brasílica” (Mibielli, 2014, p. 50).
Entretanto, pode-se perceber nesta geração de novos poetas, ‘aqui e ali’, elementos
de uma relação com o lugar:
seja pelo viés ainda do exotismo e da visão do outro, seja pelo cotidiano sui
generis que a vida amazônida impõe aos seres que dela fazem parte, seja,
ainda pela exuberância de um único termo/ objeto, plantado ao acaso em
meio ao um contexto totalmente universal e que, apenas para os poucos
iniciados, realoca toda a cena numa ambiência local (Mibielli, 2014, p. 50).
Como exemplo, Mibielli (2014) cita poemas de Cora Rufino e Edgar Borges em que
as estratégias de pertencimento são denunciadas por “detalhes mínimos”, “sutis” que podem
pertencer a qualquer realidade, não necessariamente a de Roraima, o que lhes propicia um
sentido universal “não experimentado plenamente pelos membros do Roraimeira” (Mibielli,
2014, p. 64): a relação de tensão entre cidade e campo, “como o fato de terem flores no
quintal (Cora Rufino) ou de notarem (Edgar Borges) que sua personagem veste saia jeans
101
curta (indumentária mais comum ao norte que ao sul do país em função do clima escaldante)”
(Mibielli, 2014, p. 64).
Mibielli (2014, p. 64) cita, ainda, Francisco Alves como pertencente a esse “time
cujas referências ao regional demandam imenso esforço e imaginação, sendo a relação com o
local mais visível pelo todo da obra que pelo particular detalhe de cada publicação”.
Para Wankler (2013a), “atualmente”, a literatura produzida em Roraima tem
demonstrado amadurecimento, que sua autoestima está forte e que já não há o uso de
marcadores identitários que não deixam dúvida de que os textos são de Roraima: “constituem-
se em opção, estilo, mecanismo de valorização da cultura etc., mas não necessariamente numa
ferramenta de luta” (Wankler, 2013a, p. 74).
Segundo a autora (Wankler, 2013a), a produção de textos cujo tema volta-se para a
paisagem continua intensa, topofílica, mas goza de uma liberdade estética ‘bastante’
expressiva e profícua, além do fato de ‘vários’ autores se dedicarem à escritura de texto com
temáticas e/ou estilo voltados para outros aspectos, inclusive os da geração Roraimeira.
Para Mibielli (2014), alguns poetas pós-Roraimeira apontam a indiferença, enquanto
os pertencentes à geração anterior preferem indicar a diferença como marca de sua forma de
existir e compreender o mundo. De acordo com o autor (Mibielli, 2014, p. 51), “Em boa parte
das vezes que isto ocorre, este fenômeno ajuda a marcar um contexto, fixando (ou sugerindo),
assim, de modo menos caricato que o Roraimeira, a imagem de uma identidade”.
Esse traço da afirmação da diferença, quase sempre associada ao exotismo e à
exuberância da natureza em Roraima, também foi apontado por Oliveira, Wankler e Souza
(2009). Ao analisarem o movimento Roraimeira, de 1984 a 2000, os autores (Oliveira;
Wankler; Souza, 2009) indicaram uma espécie de deslocamento temporal, uma vez que o
estilo do estado não se assemelhava à produção artística brasileira do mesmo período.
Para o autor (Mibielli, 2014, p. 68), a perspectiva dessa segunda geração, décadas
após a fundação do Roraimeira, talvez seja considerar Roraima “um pouco mais Brasil, um
pouco menos a Amazônia das amazonas míticas de Heródoto e do delirante discurso dos
viajantes que por aqui passaram”.
Sobre poema de Edgar Borges em que esse traz à tona “prementes e fundamentais”
discussões relacionadas a ideologia e culturas, mas não de modo panfletário, “adotando como
estratégia o poema pergunta”, Mibielli (2014, p. 64) vê aí a mesma abordagem dos poetas dos
anos 1990 em diante, diferentemente dos poetas “programáticos” dos anos 1970 e 1980.
Em contrapartida, para Mibielli (2014), a poética de Eliakin Rufino aproxima-se da
imagem da geração dos anos 1970/80 apresentada por Hollanda (1998), geração que “ainda
crê em utopias, ainda combate regimes, ainda atua socialmente com sua literatura” (Mibielli,
2014, p. 47), em que o poeta era “antistablishment por convicção” (Hollanda, 1998, p. 11).
Enquanto a poesia dos anos 1990 é marcada pela pluralidade de vozes, com número
crescente de poetas e canais ligados a minorias (Hollanda, 1998), para Mibielli (2014) há um
descompasso no Roraimeira entre a defesa de sua aproximação com o discurso vanguardista
de 1922 e sua construção ao redor da imagem da minoria política escolhida por aquele
movimento como temática predominante: o indígena.
Outros autores da tendência literária Glocal são: Elisa, Eliza Menezes, Bruno
Franques, Hiago Pereira, Bruno Karl, Sérgio Murilo, Vanessa Brandão, Sony Ferseck etc.
104
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Afinal, existe literatura de Roraima? E mais: no apagar das luzes do primeiro quarto
deste século, época do já exposto declínio da disciplina História da Literatura, ainda cabe um
único sujeito empreender pesquisa acadêmica com o objetivo de traçar vasto panorama da
literatura de um lugar, ainda mais quando se trabalha com o pantanoso conceito de literatura
estadual?
Começando pela segunda e mais desconcertante pergunta: é um caminho possível,
como já o fizeram outros autores (Fischer, 2004; Zilberman, 1982), o que não exclui
abordagens diferentes.
Acrescenta-se: no contexto de Roraima, um estado recente com uma cultura
científica recente, tal proposta de pesquisa figura como ainda mais importante. Esta
investigação se dispôs a preencher, mesmo que de forma limitada, a lacuna de um debate por
fazer, discussão que em estados como o Rio Grande do Sul, por exemplo, existe desde as
primeiras décadas do século XX.
Portanto, este estudo não se trata de militância culturalista, proposta de exaltação
identitária, mas, uma tentativa de compreender o processo de construção do literário em
determinado território.
Quanto ao fato de ser investigação de autor único, não havia como fazer diferente,
pelas limitações ligadas ao próprio lugar da pesquisa e do pesquisador. Trata-se de uma
dissertação de mestrado. Portanto, um trabalho monográfico. Ao mesmo tempo em que se vê
com modéstia tal contribuição, enxerga-se nela grande potencial de desdobramento em
pesquisas futuras, deste e, principalmente, de outros autores.
Logo, esta não é uma proposta que se pretende definitiva. Pelo contrário, está aberta
a debates, tensionamentos, aprimoramentos, refutações. É um ponto de partida, não um ponto
final.
Por esse motivo, formulou-se aqui proposta que abrangesse o maior número possível
de manifestações entendidas como literárias relativas ao sistema estadual, o que inclui gêneros
comumente descartados em outros estudos de história da literatura, bem como, no presente
caso, manifestações de artistas de etnias indígenas de Roraima nascidos em outros estados e
reverberações e diálogos das produções literárias locais com sistemas de outros estados e
países.
Acredita-se que pesquisas futuras possam, a partir de uma análise crítica deste
trabalho, ajudar a consolidar uma proposta que mais bem represente o sistema literário de
105
Roraima, propondo a exclusão de manifestações não literárias aqui consideradas ou, pelo
contrário, a inclusão de manifestações literárias aqui descartadas, se for o caso.
De qualquer modo, uma das importantes contribuições desta investigação é indicar a
existência de um volume de obras e autores de Roraima onde, até então, o senso comum e
mesmo pesquisas já empreendidas consideravam tal literatura escassa ou inexistente.
Assim, este trabalho propicia ambiente potencial para estudos futuros específicos
sobre determinados autores, obras e temáticas transversais a respeito da literatura do estado.
Outra contribuição importante deste trabalho é a identificação de diferentes
formações literárias de Roraima, a literatura Parente e a literatura Karaiwa, cada uma com
uma ou mais obras de qualidade significativa, pontos altos de longo processo de elaboração
literária, apoiado em um conjunto de ideias consolidado por gerações de pensadores, ligados
ou não à Academia.
Além disso, reforça-se que cada uma dessas formações foi aqui subdividida em
quatro tendências. A literatura Parente: nas tendências Encanto, Coleta, Restauração e
Criação. E a literatura Karaiwa: em Relatos de Viajantes, Literatura de Inspiração Clássica,
Composição de Roraima e Glocal.
Tal destaque é importante para assinalar que a literatura de Roraima não é
homogênea e passou por um processo de amadurecimento em que já se pode vislumbrar uma
tradição, bem como um momento determinado em que procurou se desassociar da literatura
do Amazonas, tal qual o Brasil em relação a Portugal.
A literatura indígena, por exemplo, não parou no tempo. Pelo contrário, reinventou-
se ao longo da história. Para além dos textos mais antigos e das manifestações que buscam
atualizá-los, veem-se produções contemporâneas com temas, características e estilos que se
distanciam do elaborado por gerações anteriores.
Outros aspectos dignos de nota em relação à formação Parente são o reconhecimento
da autoria indígena individual nos últimos anos e a publicação de textos literários
exclusivamente em língua indígena, assim como a reverberação dessa literatura em outros
territórios, inclusive, em obras integrantes do cânone nacional e mundial.
Destaca-se, ainda, tanto em relação à literatura indígena quanto não indígena, a
produção de textos contemporâneos com referência a outros territórios ou sem referência a
lugar específico, após um período marcado por manifestações de exaltação das coisas locais.
Reafirma-se que tais tendências convivem ou conviveram em diferentes momentos
da história da literatura de Roraima, diferente da ideia de escolas literárias que se sucedem
106
percebam avanços nos últimos anos, o público de literatura local em Roraima ainda é
incipiente.
Destarte, a formação de público leitor é um desafio urgente que demanda a
cooperação do poder público e da sociedade civil, em iniciativas como criação de planos
estadual e municipais de livro e leitura, mediante audiências públicas, alocação de recursos
públicos para ações de incentivo à leitura, inserção da literatura de Roraima no cotidiano de
alunos e professores da Educação Básica, fortalecimento da formação superior docente em
literatura e da pesquisa sobre literatura local, projetos de incentivo à leitura, democratização
do acesso à literatura e formação de público, como clubes de leitura, saraus, feiras literárias
etc.
Aponta-se: ainda que as ideias de Antonio Candido sejam a principal referência
teórica deste trabalho, não houve aqui mera aplicação de conceitos. O olhar sobre sistema
literário, ainda que parta daquele autor, passou por atualização.
Do mesmo modo como mudaram as condições que fizeram Candido propor o
conceito de sistema literário no século passado, os parâmetros de análise dos elementos do
sistema precisaram de adequações no presente trabalho.
Desse modo, foram considerados nesta pesquisa, por exemplo, modos de organização
informais de escritores, além da publicação, da circulação e do consumo de obras por meios
digitais, sonoros e audiovisuais, da mesma forma como foram observados organizações
formais de escritores e a publicação, a circulação e o consumo de obras impressas, por meio
de livrarias e bibliotecas físicas.
Ressalta-se que o fato de este autor ser testemunha ocular e participante ativo da
história recente da literatura de Roraima teve como resultado um volume maior de
informações sobre tal período, o que pode gerar a percepção inexata de que o sistema literário
roraimense contemporâneo é muito mais desenvolvido e composto de muito mais autores,
obras e públicos que em épocas anteriores.
Além disso, é difícil dizer com precisão se foi totalmente exitosa a tentativa neste
trabalho de fazer um relato da história da literatura de Roraima sem adotar como critério
único de validação dos demais uma tendência, um movimento, autor ou obra, principalmente,
em relação à formação Karaiwa.
É notável que o movimento Roraimeira se construiu socialmente como uma
referência fundamental na história da arte do Estado, fazendo com que até mesmo
pesquisadores, entre os quais, ao que parece, também este autor, ao analisarem manifestações
literárias posteriores, o façam em comparação àquele movimento.
108
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