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Analogias no Ensino do Equilíbrio Químico

Andrés Raviolo e Andoni Garritz


Os resultados de uma revisão bibliográfica sobre analogias utilizadas para ensinar equilíbrio químico são
apresentados. Os autores pretendem com isso contribuir para o trabalho de professores e alunos reunindo a
literatura dispersa. Muitas das analogias publicadas são desconhecidas dos professores pois elas têm aparecido
em uma grande dispersão de tempo em revistas internacionais. Essas analogias foram classificadas em cinco
grupos e são apresentados os aspectos que representam o fenômeno, as possíveis dificuldades de aprendiza-
gem e as concepções alternativas que podem promover. Além disso, são examinados sua utilização em aula e
pelos cientistas, sua presença em livros e a analogia criada pelos alunos.
equilíbrio químico, analogias, pesquisa bibliográfica, Ensino Superior

Recebido em 29/10/2007; aceito em 30/10/2007

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Parece que não existe tópico na que a literatura sobre a utilização de ciar entre situações de não-equilíbrio
química introdutória universitária analogias no ensino e na aprendiza- e situações de equilíbrio, a manipula-
que apresente mais dificuldades gem da ciência é ambivalente com ção mental do princípio de Le Chate-
para os estudantes do que o do relação à validade ou invalidade da lier e tratar com considerações sobre
equilíbrio químico. apresentação de analogias singelas a energia. Por isso, as analogias
Depois de tentar durante mais ou múltiplas como a melhor forma foram muito utilizadas como apoio
de 30 anos dar respostas claras de ensinar (Goswami, 1993; Zook, no ensino do equilíbrio químico (Van
às suas perguntas, cheguei a 1991). A visão de que a posse de Driel e Gräber, 2002).
obter grande simpatia deles, múltiplas analogias é própria dos O raciocínio analógico é uma ati-
dando-me conta de que é peritos foi defendida por Grosslight vidade de comparação de estruturas
inerentemente um tema difícil. e col. (1991), mas Garnett e Treagust e/ou funções entre dois domínios: um
(Hildebrand, 1946, p. 589) (1992) mostraram que alguns estu- conhecido e um novo ou parcialmente
dantes preferem que não lhes sejam novo de conhecimento. As analogias
Os últimos 20 anos têm pre- apresentadas mais de uma analogia compreendem: (a) uma determinada
senciado um crescente interesse em apenas uma ocasião. Nos dias de questão desconhecida ou não familiar
no ensino e na aprendizagem da hoje, parece haver um consenso no (objetivo, objeto); (b) uma questão
ciência pelo uso de modelos e de quão apropriado resulta ser a expo- conhecida (análogo, base, fonte)
explicações químicas freqüente- sição ante os alunos de um conjunto que resulta familiar para o sujeito que
mente usando modelos analógicos múltiplo de analogias, inclusive já tenta aprender; e (c) um conjunto de
aceitos por cientistas, professores se tem apresentado uma validação relações que se estabelecem entre
ou autores de textos. desse fato por meio de entrevistas (a) e (b) ou uma série de processos
(Harrison e De Jong, 2005, p. 1135) com os estudantes (Harrison e De de correspondência entre os com-
Jong, 2005). ponentes de ambos. Além disso,
A natureza abstrata do conceito existem atributos não compartilha-

E
m química, assim como em equilíbrio químico é ressaltada por dos que constituem as limitações da
todas as ciências e na vida muitos autores que estudaram as analogia. Harrison e De Jong (2005)
cotidiana, são empregados dificuldades em sua aprendizagem. mostram que
analogias, metáforas ou modelos Entre eles, Johnstone, Macdonald
[...] o análogo (ou fonte)
para conseguir explicar um fenômeno e Webb (1977) mencionam que os
refere-se a estruturas ou pro-
que não é observável. Entretanto, Tre- aspectos mais abstratos desse tema
cessos em um ente cotidiano
agust, Duit e Nieswandt (2000) dizem são: sua natureza dinâmica, diferen-

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que é mapeado sobre estrutu- os modelos passo a passo, como As analogias são classificadas em
ras ou processos do conceito o ciclo da aprendizagem”. Esses cinco categorias:
científico objetivo. Os análogos autores encontram em boa parte de (1) análogos familiares;
são representações simplifica- seus 52 acadêmicos entrevistados a (2) jogos;
das ou exageradas do objetivo idéia de que as analogias podem ser (3) experimentos;
que enfatizam as semelhanças enfocadas sobre as quatro premissas (4) fluxo ou transferência de flui-
análogo-objetivas de forma da mudança conceitual de Posner dos; e
que a indagação científica seja et al. (1982): insatisfação, inteligibili- (5) máquinas.
estimulada. (p. 1136) dade, plausibilidade e proveito, pelo Um antecedente de classificação
qual Piquette e Heikkinnen indicam de analogias para o equilíbrio químico
Como será visto para o equilíbrio que “o uso de analogias deveria ser e cinética química é encontrado em
químico, o análogo pode existir na considerado uma aproximação valio- Wood (1975). Esse autor classifica os
mente da pessoa ou ser apresentado sa”. Foi a única solução apoiada na “modelos para a instrução” em: hidro-
com essa intenção por outros como, literatura que foi identificada como dinâmicos, movimentos de esferas,
por exemplo, por meio de: um jogo, útil pelos professores participantes verbais e matemáticos, computacio-
um experimento, uma história, um na sua investigação. nal analógico, computacional digital
modelo, um dispositivo etc. O objetivo deste trabalho é apre- e Monte Carlo. Os três primeiros coin-
Embora as analogias contribuam sentar uma revisão exaustiva das cidem com as categorias 4, 5 e 1 da
para o ensino ajudando a visualização analogias propostas para apresentar classificação que é utilizada aqui.
de conceitos abstratos e contribuin- o equilíbrio químico e discutir aspec- Entre os aspectos do equilíbrio
do com elementos motivacionais às tos que fazem a sua aprendizagem químico ilustrados pelas analogias
aulas, podem apresentar seu lado e seu ensino. na tabela, são destacados os se-
negativo como também ser a geração guintes:
de compreensões erradas: (1) a ana- Analogias propostas para o equilíbrio • aspecto dinâmico;
logia nela mesma é assumida como químico • igualdade de velocidades no
14 o objeto de estudo; (2) a atribuição As analogias foram muito utilizadas equilíbrio;
incorreta de atributos do análogo ao como apoio no ensino do equilíbrio • reversibilidade;
objetivo; (3) a retenção apenas de químico e, até hoje, continuam sendo • dedução de uma constante;
aspectos superficiais ou pitorescos; apresentadas, em revistas especiali- • alteração do equilíbrio (e/ou
ou (4) a não abstração das corres- zadas, propostas de analogias com aplicação do princípio de Le
pondências entre os domínios. uma grande diversidade de formatos Chatelier); e
Em 1933, Lewis apresenta uma como, por exemplo, a atualização da • catalisador em um sistema em
discussão das analogias, utilizadas analogia do jogo com moedas que equilíbrio.
em suas aulas, para os temas estru- são deslocadas de uma pilha à outra Da mesma forma, entre as con-
tura da matéria, catálise, equilíbrio (Bartholow, 2006). São encontrados fusões e concepções alternativas
químico e produto de solubilidade, exemplos precursores como a analo- que podem ser transmitidas pelas
e afirma: gia hidráulica, sugerida por Rakestraw analogias sobre o equilíbrio químico,
em 1926 ou a de Karns, em 1927. destacam-se:
[…] deveriam usar analogias,
Nessa revisão das analogias su- a. a compartimentação do equilíbrio:
porque: muitos estudantes, em
geridas para o ensino do equilíbrio os reagentes e os produtos se
cursos introdutórios, não estão
químico, são incluídas analogias encontram em compartimentos
preparados apropriadamente
propostas em: (a) revistas (especial- separados; os reagentes geral-
para uma apresentação con-
mente as aparecidas no Journal of mente à esquerda e os produtos à
vencional da temática, e dado
Chemical Education); (b) os projetos direita (ex. Johnstone, Macdonald
que a química é uma ciência em
Nuffield (1967), CBA (1964) e Chem. e Webb, 1977; Gorodetsky e Gus-
crescimento, é aconselhável o
Study (1963); e (c) também em alguns sarsky, 1986).
uso de analogias até que uma
livros de texto, o mais recente é ACS b. a relação difícil com o nível mole-
apresentação matemática mais
(2005). cular: a analogia não proporciona
rigorosa possa ser absorvida
Uma classificação dessas analo- uma imagem microscópica, em
pelos estudantes. (p. 627)
gias é mostrada a seguir (Tabela 1), nível atômico, molecular ou iônico
Recentemente, Piquette e Hei- na qual estão incorporados os aspec- (Bradley e col., 1990; Nakhleh,
kkinnen (2005) falam das analogias tos do equilíbrio químico que cobre a 1992).
como uma das quatro estratégias analogia, as possíveis dificuldades ou c. se são geradas confusões com
instrucionais usualmente utilizadas concepções alternativas que promo- relação à cinética química: não
para tentar incorporar as condições vem e as referências bibliográficas ilustra o modelo de colisões entre
necessárias para a mudança con- mais representativas. Esta tabela foi partículas, não transmite a idéia de
ceitual: “os grupos cooperativos, os inspirada, inicialmente, na criada por que é necessário acumular certa
textos de refutação, as analogias e Pereira (1990). quantidade de produto para que

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Tabela 1: Principais analogias utilizadas no ensino do equilíbrio químico.
Analogias Aspectos ilustrados Dificuldades Referências

. [produtos] = [reagentes]

. quantidade-concentração
. visão compartimentada
. dedução de constante

. catalisador e equilíbrio

. confusões em cinética
. alteração do equilíbrio
. veloc. iguais equilíbrio

. sistema não fechado


. confusão nível micro
. aspecto dinâmico

. reversibilidade

. humanização
1. Casais de dança √ √ √ - √ √ - - - - - - √ Caldwell (1932), Hildebrandt
(1946), Olney (1988)
2. Casais de dança √ - √ √ √ - - - - - - - √ Battino (1975), Baisley (1978)
3. Bolas de golfe numa caminhonete √ √ √ - - - √ √ √ √ - - - Chem. Study (1963)
4. Dois grupos lançando-se bolas/maçãs √ √ √ - - - √ √ √ - - - - Hambly (1975), Dickerson e Geis
Análogos familiares

(1981)
5. Pessoa correndo em uma cinta √ √ √ - √ - - √ √ - - - - Mickey (1980)
6. Escada mecânica/nadar contra a corrente - √ - √ - √ √ √ √ - - - - Hill e Holman (1978), Chem. Study
(1963)
7. Peixes entre dois aquários √ √ √ - - - √ - √ √ - - √ Chem. Study (1963), Olney (1988)
8. Peixes entre dois aquários √ √ √ - √ √ √ - √ - - - √ Russell (1988)
9. Abelhas numa colméia √ √ √ - - - - √ √ - √ - √ Olney (1988)
10. Dois operários com pás √ √ √ - - - √ √ √ √ - √ - Riley (1984)
11. Pintor e despintor √ √ √ - - - √ √ √ - - √ - Garritz (1997)
12. Malabarista √ √ √ - - - - √ √ - - - - Umland e Bellana (2000)
13. Pessoas (cidades, centro esportivo etc.) √ - √ - - - √ √ √ √ √ - - Lewis (1933), Licata (1988), Thiele
(1990), Chang (1999)
14. Blocos de madeira - - √ √ √ - √ √ √ - - √ - Slabaugh (1949)
15. Fichas de papel √ √ √ - - - √ - √ - - - - Lees (1987)
16. Esferas √ √ √ √ √ - - - √ - - - - Cullen (1989)
17. Clipes √ √ √ - √ - - - √ - - - - Desser (1996) 15
18. Feijões √ √ √ - √ - - - - - √ √ - Dickinson e Erhardt (1991)
Jogos

19. Cartas, fósforos, cubos, moedas √ √ √ √ √ - √ - - √ - - - Marzzacco (1993), Huddle e


Ncube (1994), Ncube e Huddle
(1994), Wilson (1998), Quílez e
col. (2003), Edmonson e Lewis
(1999), Huddle e col. (2000), Har-
rison e Buckley (2000), Hanson
(2003), Bartholow (2006)
Experimentos de mudanças físicas
Experimentos

20. Mudança de fase √ √ √ - - - √ - - - - √ - Nuffield (1967), Thiele (1990),


Caruso e col. (1997)
21. Solubilidade - - √ - - - √ - √ - - - - Chem. Study (1963), CBA (1964),
Lees (1987)
22. Fio elástico - - √ - √ - - √ √ - - - - Balckwill (1976), Smith (1977)

Transferência de líquido entre recipientes


23. Copos ou recipientes pequenos √ √ √ - - - √ √ √ - - √ - Sorum (1948), Kauffman (1959),
Carmody (1960), Hugdahl (1976),
Martin (1976), Dunn (1980),
24. Provetas e pipetas √ √ √ √ √ √ √ √ √ - - √ - Laurita (1990), Garritz e Chamizo
Fluxo

(1994), ACS (2005)


25. Sifão, equilíbrio hidrostático - - √ - √ - √ √ √ √ - √ - Russell (1988)
Hansen (1984), Donati; Jubert,
Andrade Gamboa. (1992)
26. Bombas √ √ √ - - - √ √ √ √ - √ - Rakestraw (1926)
27. Bombas √ √ √ - √ √ √ √ √ √ - √ - Karns (1927), Weigang (1962)
28. Fluxo de gás entre seringas - - √ - √ - √ √ √ √ - √ - Thomson (1976)
29. Carrinho movido a água - - √ - √ - √ √ √ √ √ √ - Tucker (1958)
30. Movimento de esferas por fluxo de ar √ √ √ - √ √ √ - - - - - - Dainton e Fisher (1969), Sawyer
e Martens (1992), Nash e Smith
(1995)
31. Movimento de esferas por pazinhas √ √ √ √ √ - √ - - - - - - Alden e Schmuckler (1972),
Hauptmann e Menger (1978),
Máquinas

Rämme (1995)
32. Movimento de esferas por vibrador √ √ √ - - - √ - - √ - - - Fiekers e Gibson (1945)
33. Sobe e desce - - - √ √ - √ √ √ - √ √ - Russell (1988)
34. Balança com tubos de ensaio - - √ - √ - √ √ √ √ - √ - MacDonald (1973)
35. Sistema de polias - - √ √ √ - √ √ √ - - - - Thomson (1976)
36. Leis do equilíbrio mecânico - - √ - - - - √ - - - - - Canagaratna e Selvaratnam
(1970)

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comece a reação inversa nem uma atividade) e o domínio conceitual. eles cegos devido à colocação de
favorece a imagem pendular do Existe uma tendência a usar o termo faixas nos olhos; os meninos levam
equilíbrio (uma vez finalizada a “modelo” (“modelo físico” ou “modelo um corte de cabelo muito pequeno
reação direta, começa a reação mecânico”) quando são incluídos ma- e as meninas um rabo, de tal forma
inversa e assim sucessivamen- teriais concretos. Como, por exemplo, que tocar a cabeça é uma forma de
te) (ex. Bergquist e Heikkinen, a analogia de transvasar água de conhecer o sexo da pessoa que é
1990). um recipiente a outro foi chamada encontrada. Quando uma pessoa
d. a idéia de que as concentrações de “experimento” por Sorum (1948), do outro sexo é encontrada, quem a
dos reagentes é igual às dos pro- “demonstração” por Hugdahl (1976), encontrou terá que levá-la ao quarto
dutos no equilíbrio químico (ex. “modelo físico” por Hansen (1984), “de compromisso”. Ao serem reuni-
Hackling e Garnett, 1985; Huddle “modelo” por Pereira (1990), “modelo dos, ocorre a reação química e ficam
e Pillay, 1996). mecânico” por Laurita (1990), “símile” unidos, dançando. Quer dizer que
e. se o sistema considerado não é por Garritz e Chamizo (1994) e “analo- quanto mais atividades tenham os
fechado (ex. Furió e Ortiz, 1983; gia mecânica” por Garritz (1997). estudantes, maior será o incremento
Bradley e col., 1990). Foram analisados 73 artigos ou do número de “colisões” entre eles,
f. se são geradas confusões entre textos dos quais foram extraídas o que é semelhante a incrementar a
quantidade e concentração (ex. 36 propostas de analogias para o energia cinética das partículas, quer
Wheeler e Kass, 1978; Furió e equilíbrio químico que, por sua vez, dizer, a temperatura e, conseqüente-
Ortiz, 1983). foram classificadas nos 5 grupos mente, a rapidez da reação.
g. se fornece imagens antropomórfi- já mencionados. Na Tabela 2, são Imediatamente o raciocínio na
cas (humanização dos objetos) ou apresentadas em percentagens, para analogia é incrementado, dizendo
animalistas (por exemplo, ao utili- o total de 36 propostas de analogias, aos estudantes que há um número
zar animais) (ex. Astolfi, 1994). os aspectos que estas abordam e máximo de casais que podem ficar
As imagens, relacionadas ao as concepções alternativas que elas no quarto “de compromisso” e que
fenômeno do equilíbrio químico, que promovem. somente pode entrar outro casal
16 constroem os alunos a partir daquilo A seguir, são apresentados alguns quando algum dos existentes seja
que o ensino apresenta (proposições, exemplos para cada uma das cinco liberado (é introduzido então o tema
desenhos, analogias) e das teorias categorias propostas. da reação inversa e o equilíbrio, com
implícitas prévias, foram abordadas um número fixo de casais unidos). A
recentemente por Raviolo (2006) a 1. A utilização de análogos familiares versão elaborada da “escola de dan-
partir da perspectiva dos modelos Uma das analogias mais popula- ça” é precisamente essa, em que o
mentais. res é a “escola de dança” (Caldwell, professor pergunta aos estudantes se
Em “aspecto dinâmico”, têm sido 1932; Hildebrand, 1946). Essa analo- ambas as reações (a direta e a inver-
considerados apenas os casos que gia é discutida nos trabalhos de Thiele sa) podem ocorrer simultaneamente.
mostram que as reações no equilíbrio e Treagust, (1994a; b). Nessa última Então apresenta a condição de equi-
continuam ocorrendo em ambos os referência, é explicado que certo líbrio da analogia: que a velocidade
sentidos simultaneamente, mantendo número de estudantes de ambos os de formação dos casais é igualada à
a composição do sistema constante. sexos se encontra no ginásio, todos da dissociação destes.
O dinamismo em nível molecular, com
a ruptura e formação de ligações no
Tabela 2: Percentagens resultantes da análise de analogias sobre o equilíbrio químico
equilíbrio de forma simultânea, é ob-
(total 36).
servado em poucas analogias como,
por exemplo, os casais dançando Aspectos abordados no equilíbrio químico: equilíbrio dinâmico 69
(Hildebrandt, 1948) ou o jogo com velocidades iguais 67
clipes (Desser, 1996).
reversibilidade 94
Cabe esclarecer que muitos auto-
res não chamam suas propostas de dedução constante 19
“analogias”, se bem que é encontrada perturbação do equilíbrio 56
uma grande diversidade terminológi- catalisador 17
ca, na qual são usados como sinô- Dificuldades ou concepções alternativas visão compartimentada 72
nimos “analogia” e “modelo”, além que promovem: dificuldade em nível molecular 61
de outros termos. Aqui foi adotado o
termo analogia considerando a função confusões em cinética 75
que cumprem essas propostas como [reagentes] = [produtos] 33
ajudas à visualização de conceitos por sistema não fechado 14
meio da comparação analógica entre
quantidade = concentração 39
um domínio conhecido (ou que se dá
a conhecer primeiramente mediante antropomorfismo 14

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Outra versão da analogia da Uma das analogias que teve mais duas pessoas, uma de cada lado de
“escola de dança”, apresentada por difusão, a partir do filme de Chem. uma parede, transpassando ao outro
Baisley (1978), consiste em casais Study (1963), foi a do “movimento lado areia com uma pá (Riley, 1984).
dançando na pista e pessoas senta- de peixes entre dois aquários”. Essa Chang (1999), para ilustrar o as-
das ao redor da pista. Essa analogia analogia representa muito bem o as- pecto dinâmico do equilíbrio, utiliza a
parte, por exemplo, de uma situação pecto dinâmico do equilíbrio e ilustra analogia do centro de esqui repleto
inicial na qual todos estão sentados o método de marcação radioativa de de pessoas, onde o número de pes-
e pressupõe que a cada minuto 30% uma das espécies. Russell (1988) co- soas que sobe pelo teleférico é igual
de casais é formado para dançar (kd menta que dado que os dois aquários ao número de pessoas que desce,
= 0,30) enquanto que 10% abandona apresentados são de igual tamanho motivo pelo qual não ocorre uma
a pista (ki = 0,10). Uma vez alcançado e o equilíbrio é alcançado quando há mudança na quantidade de pessoas
o “equilíbrio”, o número de casais aproximadamente igual número de que se encontra nas pistas. Outro
dançando permanece constante, peixes em cada um, essa analogia texto universitário (Umland e Bellana,
embora os integrantes desses casais contribui para que os estudantes 2000) apresenta o equilíbrio dinâmico
vão rodando com os que se encon- concluam de forma errada que no como análogo a um malabarista, no
tram sentados. equilíbrio a quantidade de produtos qual a velocidade de lançamento ao
Essa analogia dos casais dançan- e de reagentes é a mesma. Então ar dos objetos é igual à velocidade
do foi usada também por Last (1983), propõe modificar essa analogia de- de retorno destes às mãos.
para ilustrar conceitos de estequio- senhando um recipiente maior que o Na analogia do pintor e do “des-
metria como o do reagente limitante, outro e apresentá-la diretamente no pintor” (Garritz, 1997), o comprimento
e por DeLorenzo (1977) em problemas quadro negro prescindindo o filme. da linha da estrada pintada é o aná-
de equilíbrio para achar, por exemplo, De qualquer forma, essa analogia logo da concentração dos produtos
a percentagem de dissociação de um contribui para a imagem de que rea- da reação, quando começa desde os
ácido fraco. Como já foi mencionado, gentes e produtos se encontram em reagentes (ver a legenda da Figura 2
essa analogia é uma das poucas que diferentes recipientes. para entender a analogia).
ilustra o aspecto dinâmico do equilíbrio Uma analogia similar à sugerida Pensando nessa analogia, os 17
químico em nível atômico com a redis- por Hambly (1975), que se trata de estudantes aceitam que o equilíbrio
tribuição de átomos nas moléculas. dois grupos de pessoas que se lan- é um processo dinâmico e que o
Caldwell, em 1932, falou de uma çam bolas, é a analogia da “guerra final da história ocorre no momento
grande variedade de analogias utili- de maçãs” (Dickerson e Geis, 1991). em que as velocidades de pintado
zadas pelos professores para ensinar Nesta, dois vizinhos lançam maçãs e despintado são igualadas, o que
o equilíbrio químico e sua natureza mutuamente por cima da cerca que ocorre a uma distância ao redor da
dinâmica, entre elas a da “escola de separa os dois jardins. A diferente metade da estrada, cujo comprimen-
dança” sem a presença do “quarto agilidade das pessoas, que represen- to exato depende da velocidade de
de compromisso”, mas com outras ta a constante de velocidade k, leva caminhada do pintor e do despintor, e
variedades relevantes. Também cita, a que sejam acumuladas diferentes sua eficiência em pintar ou despintar
por exemplo, a dos “praticantes de quantidades de maçãs em cada jar- certo número de metros cada vez
cavalaria”, que entram em um terre- dim (concentrações). Depois de um que “atacam” a linha. Se o pintor e o
no fechado para praticar montar e tempo, embora ambos continuem despintor têm a mesma velocidade
desmontar seus cavalos. Quando a lançando maçãs, a quantidade de e habilidade, a linha deixa de cres-
velocidade da subida é igual a da des- maças de cada lado permanece cer na metade do caminho entre os
monta, os estudantes compreendem constante. dois povos. No entanto, se o pintor é
muito bem que deve haver um número Outra analogia, com movimentos mais eficaz que o despintor (o qual
constante de cavaleiros montados. de operários (Figura 1), refere-se a resulta o lógico) a linha chega além da

Figura 1: Exemplo de analogia proposta por Riley (1984).

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formadas pela união de um clipe
grande com um pequeno (“átomos”).
Cada uma dessas tarefas simultâneas
é realizada por um aluno com os olhos
enfaixados para garantir que essas
ações sejam executadas ao azar. Uma
caixa com o mesmo número de clipes
é dada a diferentes grupos de alunos,
mas com diferentes proporções de
moléculas já formadas. Alunos au-
xiliares registram a composição do
sistema a cada 30 segundos. A simu-
lação inclui também a perturbação do
equilíbrio alcançado, com a adição do
mesmo número de clipes em alguma
de suas formas (pequenos, grandes
ou conectados).
No jogo Egame apresentado por
Edmonson e Lewis (1999), participam
dois estudantes. Um deles recebe 20
cubos (de açúcar), cada um destes
tem uma face vermelha com um X e
Figura 2: Um dos habitantes de Pintalândia decide pintar a linha da estrada de 100 metros
que conecta o seu povoado com o de Despintalândia, o povoado dos peritos removedores uma azul com um Y. Esse estudante
de pintura. O desajeitado pintor começa a linha, mas deixa a lata com a pintura no seu que recebeu 20 cubos é designado
povoado, no lugar onde começa a linha. Por causa disso, cada vez que a broxa seca, ele como o guardião da coleção de re-
18 deve voltar atrás, até a lata, para encharcá-la. Então volta para a linha e continua pintando. agentes, R. O outro estudante, que
Enquanto isso, um despintor, do outro povoado, pega uma esponja com removedor de inicialmente tem 0 (zero) cubos, é o
pintura, caminha até o extremo da linha recém-pintada e começa a removê-la, desfazendo guardião da coleção de produtos, P.
parcialmente o trabalho do pintor. Este despintor é täo desajeitado quanto o pintor, pois Os cubos na coleção R são lançados
cada vez que o removedor acaba, ele deve voltar para seu povoado para molhar novamente e aqueles cubos que mostrarem uma
sua esponja, para voltar para o extremo da linha e seguir removendo a pintura. Qual é o
face marcada de azul ou de vermelho
final da história? Como muda a distância da linha pintada com o tempo?
são transferidos à coleção P. Depois
do primeiro lançamento, ambas co-
metade. A Figura 3 apresenta a dis- 2. A utilização de jogos como analogias leções, R e P, são lançadas simulta-
tância conforme o processo avança Desser (1996) utiliza um jogo com neamente. Novamente, os cubos de
nas condições citadas de velocidade clipes como simulação para ilustrar R que mostrarem uma face vermelha
ao caminhar e conforme a eficiência o equilíbrio químico. O jogo consiste ou azul são transferidos à coleção
do pintor e do despintor. em montar e desmontar “moléculas” P. Entretanto, somente os cubos da
coleção P que mostrarem uma face
vermelha depois do lançamento são
novamente separados e transferidos
à coleção R. Depois de cada lança-
mento, é registrado tanto o número
do lançamento quanto o número de
cubos que ficam nas coleções P e
R. O processo continua até serem
feitos oito lançamentos e é repetido
por completo umas dez vezes. Dessa
forma, são obtidos gráficos análogos
à variação das concentrações no
tempo para a aproximação do equi-
líbrio. Essa simulação pode ser feita
pelo computador se for escolhido um
número aleatório de 1 a 6 para cada
Figura 3: Comprimento da linha pintada quando a velocidade de caminhada do pintor lançamento do cubo e o número 1
é de 1 m/s e a do despintor 0.7 m/s. O pintor consegue pintar 1 m de linha com a tinta como o resultado da queda com a
que pode absorver sua broxa, enquanto que o despintor pode remover unicamente 0.5 face pintada de vermelho e o 2 como
m cada vez. O ponto de equilíbrio é alcançado a 74 m de Pintalândia. a de azul.

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No oitavo lançamento, o número na coluna R e zero na coluna P.
de cubos com ambos os estudantes Escrevem-se esses números nas
corresponde ao “de equilíbrio”, Peq segunda e terceira colunas da
e Req, no qual Peq + Req = 20. As tabela. Calculam-se, utilizando
velocidades nesse momento são de as constantes de velocidade de
R para P, kfReq, em que kf deve apre- reação para cada uma, quantas
senta uma tendência de 2/6 depois moedas terão que ser movidas
de um bom tempo, pois duas faces de R para P e quantas de P para
dos cubos são reagentes e trocam R e escrevem-se os resultados
para a coleção P; e de P para R, nas quarta e quinta colunas da
krPeq, em que kr deve tender por volta tabela.
de 1/6, pois somente muda para R 3. Começam-se o movimento das
a face vermelha. Igualando ambas moedas como já citado e a se-
as velocidades, temos: kfReq = krPeq. Figura 4: Número de cubos nas coleções guinte rodada, informando com
Com base nisso, pode ser definida de P e R ao longo de oito lançamentos. quantas moedas iniciam-se as
a constante de equilíbrio K como o São mostrados os resultados limite do duas colunas.
quociente kf/kr, que tende a ser 2 es- número de cubos, próximos a 13 e 7. 4. Volta-se a calcular com as cons-
tatisticamente. Quando a constante tantes de velocidade de reação da
K é igual a 2, K = 2 = Peq/Req = Peq/ cada coluna já não é modificado. As etapa 1 quantas moedas terão que
(20-Peq), observa-se que Peq tende a moedas não podem ser divididas de ser movidas de R para P e quantas
40/3=13.33 e Req a 20/3=6.67. tal forma que se algum cálculo resulta de P para R. Registram-se os re-
Um resultado típico seria o da uma fração de moeda, este deve ser sultados e inicia-se o movimento
Figura 4. arredondado para que sempre seja de moedas para completar mais
Esse tipo de jogo já tinha sido pro- movido um número inteiro de moe- uma rodada.
posto anteriormente, por exemplo, por das. Para tal, os seguintes passos 5. Repete-se a etapa 4 até as colu-
Wilson (1998) e foi complementado e serão seguidos: nas não mudarem mais o número 19
variado em diversas ocasiões (Moog 1. Escreve-se na folha de papel (em de moedas em duas voltas con-
e Farrel, 2002; Paiva, Gil e Correia, outra ocasião, essas constantes secutivas.
2003). Recentemente foi resgatado de velocidade de reação podem 6. Calcula-se a constante de equi-
por Bartholow (2006). Nessa última ser trocadas e a analogia repeti- líbrio mediante o quociente “nú-
versão, são necessárias 48 moedas, da): mero final de moedas na coluna
lápis, papel e uma calculadora. Du- Constante de velocidade da rea- P”/ “número final de moedas na
rante cada rodada, serão movidas ção direta R → P: kd = ½ coluna R”.
moedas da coluna R (reagentes) à Constante de velocidade da rea- O resultado, com as constantes
coluna P (produtos) e da coluna P à ção inversa P → R: ki = ¼ de velocidade de reação dadas, é o
coluna R. Esses movimentos são de- Uma tabela é construída como a da Tabela 4 e a Keq = 2 =32/16.
tidos quando as colunas alcançam o de número 3. Os estudantes percebem que o
equilíbrio e o número de moedas em 2. Começa-se com 48 moedas mesmo resultado da Keq pode ser

Tabela 3: Tabela da analogia de Bartolow (2006).


Nº de R que será Nº de P que será
Rodada Nº Começam na coluna R Começam na coluna P
movido movido
1
2
3
...

Tabela 4: Resultado da analogia de Bartolow (2006).


Rodada Nº Começam na coluna R Começam na coluna P Nº de R que será Nº de P que será
movido movido
1 48 0 24 0
2 24 24 12 6
3 18 30 9 7
4 16 32 8 8
5 16 32 8 8

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obtido mediante o quociente das Os mesmos resultados de equilí- ça de fase (água - vapor) com uma
duas constantes de velocidade de brio são obtidos se o jogo for iniciado mudança química (decomposição
reação Keq = kd/ki. Eles consideram com 49 cartas brancas (produtos). do carbonato de cálcio) ambos em
ainda a idéia do equilíbrio ser dinâ- Deixa-se ao leitor o exercício de recipientes abertos e fechados. As
mico, pois o transpasso das moedas demonstrá-lo. aprendizagens obtidas foram compa-
de R para P e de P para R deve ser radas, por meio de um questionário
continuado, mas após o equilíbrio, 3. A utilização de experimentos de escrito contendo três questões, com
deve ser transpassado sempre o mudanças físicas como análogos as aprendizagens obtidas por um
mesmo número de moedas em am- Utilizar um experimento de uma grupo que recebeu o ensino habitual.
bas as direções. Tente-o fazer agora, mudança física como análogo do Os alunos que realizaram a atividade
mas com os seguintes dados para as equilíbrio químico, ou de algum de mostraram uma noção mais acabada
constantes de velocidade: seus aspectos, é sugerido por vários do equilíbrio químico como dinâmico
autores. Já os projetos Nuffield (1967) e das condições do sistema. Uma das
Constante de velocidade da reação e CBA (1964) propunham o experi- questões solicitava a interpretação de
direta R → P: kd = 0.3 mento da difusão do iodo numa dis- uma representação microscópica.
solução aquosa de iodeto de potássio Essa questão permitiu indagar sobre
Constante de velocidade da reação e numa dissolução de um dissolvente a coexistência de todas as espécies
inversa P → R: ki = 0.7 orgânico (clorofórmio ou n-heptano, e sobre a composição do sistema em
respectivamente) com o objetivo de equilíbrio químico.
É importante também apresentar ilustrar que os estados finais são os Costumam-se apresentar também
a analogia de Huddle, White e Rogers mesmos partindo de uma mistura mudanças físicas como as dissolu-
(2000), que emprega cartas. Para tal, de reagentes ou de uma mistura de ções para introduzir o conceito de
é necessário ter em mãos 49 cartas, produtos. Para depois do experimen- equilíbrio químico – por exemplo,
cada uma com um lado vermelho e to, Lees (1987) propõe a analogia de a dissolução do cloreto de sódio
outro branco (é claro que as cartas “um jogo com fitinhas de papel”, e o em água. Tyson, Treagust e Bucat
20 podem ser pegas de um baralho projeto Nuffield (1967) sugere ver e (1999) comprovaram que os alunos
normal, com fundo branco do lado discutir dois filmes sobre o equilíbrio transferem a noção de saturação aos
onde está especificada a carta e, o sólido/líquido e líquido/vapor. equilíbrios químicos e apresentam
outro lado, com o desenho do jogo). Como será mencionado mais dificuldades ao fazerem predições
No primeiro turno de cada jogador, adiante, no conjunto das analogias sobre como a adição de mais sólido
escolhe-se que kd=1/4 das cartas que utilizaram e utilizam os cientistas afeta a composição da mistura em
vermelhas serão transformadas em nos seus trabalhos, a analogia de uma equilíbrio. Por causa disso, recomen-
brancas e que k i=1/3 das cartas mudança de fase como o equilíbrio daram não deixar de abordar no en-
brancas, em vermelhas. Se o nú- entre a água líquida e a água gasosa sino as semelhanças e as diferenças
mero de cartas não for divisível em inspirou Pfaundler na sua explicação entre ambos os tipos de sistemas.
3 ou 4, considera-se o inteiro mais molecular do equilíbrio químico. Atu-
próximo ao quociente. Vejamos na almente, e como forma de introduzir 4. A utilização de fenômenos de fluxo ou
Tabela 5 como é alcançado o equilí- o conceito de equilíbrio dinâmico, o transferência de fluidos
brio em apenas algumas rodadas. O equilíbrio de fases entre a água líquida Num livro recente (ACS, 2005),
quociente entre o número de cartas e água vapor é sugerido, entre outros, elaborado com base em atividades,
brancas em equilíbrio e o número de por Caruso e col. (1997). aparece a analogia dos “copos de
vermelhas é: Rocha e col. (2000) apresentaram, diferentes tamanhos” para exemplifi-
a um grupo de alunos de primeiro ano car o equilíbrio químico: cada dupla
de universidade, uma atividade que de estudantes trabalha em pequenos
consiste em relacionar uma mudan- grupos para discutir, reunir e analisar

Tabela 5: Analogia de Huddle, White e Rogers (2000). É iniciada com 49 cartas vermelhas (reagentes), com kd=1/4 e ki=1/3.
Turno Reagentes Produtos
Nvermelhas Veloc nítida Trocam Nbrancas Veloc nítida Trocam
0 49 0
1 49-12+0 -- 12 0-0+12 -- 0
2 37-9+4 -12 9 12-4+9 12 4
3 32-8+5 -5 8 17-5+8 5 5
4 29-7+6 -3 7 20-6+7 3 6
5 28-7+7 -1 7 21-7+7 1 7
6 28 0 7 21 0 7

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os resultados. Cada um dos estu- inferior por um canal (Donati; Jubert e do equilíbrio químico sugerida por
dantes tem um recipiente de plástico Andrade Gamboa, 1992). Inicialmente Tóth (2000), que é comentada mais
de 10 cm de altura (como uma cuba um dos recipientes pode conter água adiante.
ou um aquário). Acrescenta-se água e o outro não (se a conexão do canal
até encher um dos recipientes até as entre ambos for fechada com uma 5. A utilização de máquinas como
duas terceiras partes do seu volume, pinça). Essa analogia é proposta para analogias
e o do outro estudante é deixado va- dar a idéia de que o sistema evolu­i Na bibliografia, são encontradas
zio. Um dos estudantes tem um copo espontaneamente para o estado de várias máquinas que produzem o mo-
de 100 mL e o outro, um de 250 mL, menor energia (poten­c ial gravita­ vimento e a transferência de esferas
com os quais pegam a água que po- cional), alcançando um equilíbrio entre dois compartimentos. Essas
dem de seu recipiente (sem tratar de (hidrostático). Apesar de que, mostrar esferas (bolas de pingue-pongue
encher o copo se não for possível) e o o estado final de equilíbrio como uma ou de isopor) são colocadas em
transvasam no recipiente do seu com- situação em que os níveis de água movimento ao entrarem em contato
panheiro em cada ocasião, ação que são igualados (Figura 6), conduz à com pazinhas, com correntes de ar
é repetida várias vezes. Os volumes concepção errônea de consi­derar o ou com um vibrador. Por exemplo,
de água em ambos os recipientes vão equilíbrio químico como uma situação o dispositivo proposto por Alden e
sendo anotados. Pergunta-se nesse na qual as quantidades de reagentes Schmuckler (1972) (Figura 7) ilustra
livro: “o que pode ser observado com e produtos são iguais. Se uma vez al- por analogia os diagramas de energia
relação ao nível da água nos dois cançado o equilíbrio é adicionada mais potencial. Duas rodas com pazinhas
recipientes? Existe alguma diferença água num dos recipientes, o sistema giram à mesma velocidade (“tempe-
em saber que recipiente continha compensa a perturbação gerando um ratura”) por um motor elétrico. Ambos
inicialmente água? O que poderia ser outro estado de equilíbrio. Adicional- os recipientes estão separados por
dito se tivéssemos começado de dois mente, este resulta ser um exemplo do uma divisória (“energia de ativação”).
recipientes com quantidades de água compartilhamento do equilíbrio. As esferas podem ser colocadas
diferentes?”. Esses “modelos hidrodinâmicos” em qualquer compartimento, o que
Numa versão dessa analogia (Gar- são utilizados na proposta de ensino mostrará que o equilíbrio pode ser 21
ritz e Chamizo, 1994), conta-se com
dois recipientes transparentes e dois
copos iguais. Um dos alunos retira
água do seu recipiente e a transvasa
no outro, outro aluno faz o mesmo a
partir do outro recipiente, ambos ao
mesmo tempo (equilíbrio dinâmico)
respeitam a condição de encher o
copo até onde possam sem inclinar os
recipientes. Formulam-se perguntas
do tipo: Se um dos copos tem maior
volume que outro, toda a água passará Figura 6: Estado de equilíbrio alcançado na analogia do equilíbrio hidroestático de
de um recipiente a outro? Ou ficará Donati; Jubert e Andrade Gamboa, 1992.
água em ambos os recipientes?
Essa analogia já foi sugerida nos
anos 1950 por autores como Sorun
(1948) e Kauffman (1959) (Figura 5).
Outra analogia apresenta dois
recipientes comunicados na sua parte

Figura 7: Dispositivo analógico proposto por Alden e Schmuckler (1972). Referências: 1


Figura 5: A analogia de transferência de e 3 – energias de ativação para as reações direta e inversa; 2 – mudança de energia po-
água sugerida por Kauffman (1959). tencial nítida, 4 e 5 – rodas com pazinhas, 6 – correia de borracha, 7 – motor elétrico.

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alcançado partindo de qualquer dire- las; e adverte sobre o perigo de Analogias nas aulas
ção. Essa analogia permite calcular a as analogias gerarem idéias não Apesar de os docentes manifesta-
constante de equilíbrio. desejadas pelo professor na mente rem estar conscientes dos benefícios
Um dos primeiros dispositivos que dos estudantes. Descreve algumas das analogias na aprendizagem,
foram propostos (Fiekers e Gibson, analogias, encontradas em quatro Treagust e col. (1992) observaram um
1945) consistiu em compartimentos textos da época, como a do balanço escasso uso destas nas aulas de ci-
situados em um plano horizontal, financeiro dos estudantes para o ências. Os professores entrevistados
no qual esferas são sacudidas por equilíbrio químico (nela o dinheiro por esses autores não diferenciavam
um vibrador, tudo isso encaixado poupado para um curso é mantido analogias de exemplos e, quando
num projetor vertical. Esse modelo constante se for conseguido que empregavam analogias, não o faziam
dinâmico permite ilustrar as leis dos os gastos e ganhos sejam sempre da melhor forma, descrevendo as se-
gases e a cinética molecular, além de constantes). melhanças e as limitações delas.
fornecer uma analogia mecânica do Na década de 1960, foi apresen- Thiele e Treagust (1994b) coleta-
equilíbrio químico. tado nos textos da reforma curricular ram as analogias empregadas em
A relação entre equilíbrio e ter- post-sputnik (Chem. Study, 1963; aula por quatro professores quando
modinâmica é ilustrada na analogia CBA, 1964; Nuffield, 1967) um núme- estes abordavam temas conceitual-
usada freqüentemente (por exem- ro grande de analogias. mente abstratos como o equilíbrio
plo, Harris, 1982), que afirma que Thiele e Treagust (1994a) anali- químico. A maioria das analogias sur-
um sistema em equilíbrio é análogo saram as analogias apresentadas giu como uma resposta do professor
a uma bola detida na parte inferior em 10 livros de texto de química a certos estímulos dos alunos como
de um vale, onde seu estado de australianos para o Ensino Médio o gesto de desconcerto ou frente a
equilíbrio está definido pela mínima e concluíram que o uso freqüente perguntas dos estudantes.
energia potencial gravitacional da de analogias simples (que constam As analogias achadas por eles
bola. Analogamente, o equilíbrio é apenas de um objetivo, uma base e para o equilíbrio químico são deta-
definido mediante o mínimo de outro um conectivo do tipo “é como”) e a lhadas na Tabela 6.
22 potencial: o G de Gibbs. Canagara- carência de afirmações sobre suas As analogias encontradas foram
tna e Selvaratnam (1970) ilustram o limitações podem criar problemas similares às apresentadas nos textos
equilíbrio químico por analogia com na aprendizagem dos estudantes. como, por exemplo, a do fluxo de água
o equilíbrio mecânico, que resulta Os temas que apresentaram maior entre dois recipientes, o que reforça a
mais familiar para os estudantes, número de analogias foram os de na- afirmação de que os textos constituem
por meio da comparação de equa- tureza não observável como estrutura uma das principais fontes de analogias
ções. atômica (23%), ligações (13%) e ener- para os professores.
gia (12%). O tema equilíbrio químico Tóth (2000) apresenta as van-
Analogias apresentadas em livros foi responsável por 5% do total. O tagens e desvantagens de uma
de texto formato das analogias apresentadas estratégia de ensino do equilíbrio
Os autores de livros de texto de mostrou 53% de escrito-verbal e 47% químico fundamentada na utilização
ciências utilizam as analogias como de pictórico-verbal, sendo a analogia de analogias (“modelos dinâmicos”),
uma estratégia para facilitar a apren- verbal reforçada com um desenho ou para introduzir o tema a estudantes
dizagem de conceitos abstratos, mas uma foto. de Ensino Médio (15-16 anos). Os
se percebe que não têm incorporado Os análogos e os objetivos tam- principais passos dessa estratégia
as recomendações sugeridas pelas bém são classificados, de acordo respondem às seguintes perguntas:
investigações nessa área como, por com o seu grau de abstração, em • O que significa o “estado de
exemplo, alguns conselhos sobre as concretos ou abstratos. Considera- equilíbrio”? (Os estudantes
características e a posição das ana- se que o domínio é concreto se for usam um jogo de dados, por
logias nos textos nem mesmo sobre direta e sensorialmente observável e/ exemplo).
as estratégias mais adequadas para ou consistente com experiências do • Como a concentração e a velo-
apresentá-las (Curtis e Reigeluth, cotidiano dos estudantes. Como foi cidade de reação mudam numa
1984). comprovado na análise das analogias reação simples que se encontra
Uma das primeiras discussões propostas para o equilíbrio químico, a ou não em equilíbrio? (Os es-
sobre a apresentação de analogias maioria corresponde ao tipo “análogo tudantes e o professor usam o
em textos de química geral encontra- concreto e objetivo abstrato” dada modelo hidrodinâmico para fazer
se em Lewis (1933), que ressalta as à finalidade das analogias. Thiele e gráficos de concentração vs.
vantagens e desvantagens do seu Treagust (1994a) acharam que o 87% tempo e velocidade vs. tempo).
uso; previne sobre o uso não instru- das 93 analogias incluídas em textos • Quais são as características
tivo, apenas anedótico ou humorís- era desse tipo. de uma reação em equilíbrio?
tico, das analogias; também sobre Recentemente o livro da ACS (Dedução a partir de modelos:
certas hipóteses absurdas que os (2005) retoma o costume de inserir as concentrações não mudam,
professores fazem ao superestimá- analogias nos textos. equilíbrio dinâmico, vd = vi).

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Analogias no ensino do equilíbrio químico N° 27, FEVEREIRO 2008
Tabela 6: Analogias observadas em aulas sobre o equilíbrio químico.
dito conceito, para logo aplicá-lo em
Análogo Objetivo situações mais complexas como o
Retirar o capuz de uma caneta Energia necessária para quebrar liga- equilíbrio químico.
ções químicas Outro exemplo histórico relevante
é constituído pelas alusões de Hittorf
Fluxo de água a partir de e para um Propriedades constantes num sistema
recipiente aberto sobre como o modelo cinético mole-
cular dos gases é transferido por ana-
Efeitos gravitacionais sobre um corpo Tendência de um sistema para retornar
logia às dissoluções. Em definitivo,
ao equilíbrio
as analogias usadas na construção
Elástico retornando ao seu comprimento Tendência de um sistema para retornar histórica do conhecimento podem
original ao equilíbrio
constituir outra fonte de analogias
Pessoas entrando e saindo de um Velocidades da reação direta e inversa para o uso docente. Se os cientistas
comércio no equilíbrio faziam uso das analogias para divul-
Pessoa subindo e descendo uma Competência, velocidade de reação gar suas idéias para outros cientistas
escada direta e inversa e para fazer mais acessíveis aspec-
tos complexos, com maior razão se
justifica sua utilização no âmbito do
• Que tipo de dados são caracte- reforçavam concepções alternativas. ensino.
rísticos do equilíbrio? (Medidas Por exemplo, a analogia proposta de
sobre o modelo hidrodinâmico. dois globos conectados entre eles Conclusões
Generalização do conceito transmite a idéia compartimentada do As analogias constituem uma es-
“constante de equilíbrio”). equilíbrio. Outras mostraram um des- tratégia válida para o ensino do equi-
• Como uma mudança na con- conhecimento sobre as característi- líbrio químico devido à complexidade
centração afeta o equilíbrio? cas do sistema em equilíbrio (sistema e a abstração do conceito. A natureza
(Medidas sobre o modelo hi- fechado, composição constante). reversível da mudança química e a
drodinâmico. Investigação de Em geral, os análogos selecionados natureza dinâmica do equilíbrio quími- 23
reações químicas reais). pelos alunos permitiam estabelecer co podem ser visualizadas mediante
correspondências superficiais. A ana- analogias.
Analogias criadas pelos alunos logia da “panela com água fervida”, Quando um fenômeno químico
Várias pesquisas solicitaram aos proposta por um grupo desses alu- é apresentado, costumam-se ser
estudantes que produzissem suas nos, constitui a conhecida estratégia estabelecidas relações entre os
próprias analogias (por exemplo, Pitt- de introduzir o equilíbrio químico a níveis macroscópico, simbólico e
man, 1999). A partir da sua análise, foi partir do equilíbrio de fases. microscópico, embora os estudantes
concluído que essa atividade constitui freqüentemente transfiram de forma
uma boa forma de avaliação diagnós-
Analogias utilizadas por cientistas inadequada propriedades de um
tica da compreensão dos conceitos, Os cientistas utilizam, e têm utili- nível para outro como, por exemplo,
dado que as explicações dadas pelos zado, as analogias na elaboração e propriedades do mundo macros-
alunos eram ricas, embora às vezes comunicação de suas teorias. cópico para os átomos, os íons e
permitissem o surgimento de eventu- No caso do equilíbrio químico, as moléculas. Se isso ocorrer num
ais concepções alternativas. Além do Pfaundler, em 1867, reformulou a mesmo fenômeno, com maior razão
mais, esse tipo de participação ativa idéia de Williamson (que explicava espera-se que isso apareça quando
fomentou a autonomia e auto-estima o equilíbrio como a produção simul- uma analogia é apresentada, na qual
do aluno. tânea de duas reações químicas se apela a um fenômeno diferente.
Fabiao e Duarte (2005) indagaram em sentidos opostos) baseando-se Muitas das analogias encontradas
as dificuldades de futuros professores na explicação molecular dada por ilustram um estado de equilíbrio de
de ciências em produzir analogias so- Clausius em 1857 sobre a evapora- composição constante, porém es-
bre o equilíbrio químico, em particular ção de um líquido. Pfaundler supôs tático. Poucas analogias mostram o
sobre perturbações de sistemas em que o número de moléculas unidas dinamismo da reação química com
equilíbrio e o princípio de Le Chatelier. e separadas por colisão é o mesmo. a ruptura de ligações e redistribuição
Esse artigo enfatiza os problemas No ensino, essa analogia é proposta, dos átomos nas moléculas. Por isso,
já mencionados por outros sobre a por exemplo, por Caruso e col. (1997), é aconselhável a inclusão de analo-
aplicação do princípio de Le Chatelier com o objetivo de construir a idéia gias como a da “escola de dança” ou
no ensino (Quílez, 1998; Van Driel e de equilíbrio dinâmico a partir de um a do “jogo dos clipes” no ensino.
Gräber, 2002). As dificuldades foram fato conhecido e significativo para o Também é conveniente considerar
apreciadas na seleção do análogo e/ aluno, como é a evaporação da água. aspectos metodológicos para o uso
ou nas correspondências que foram Segundo esses autores, baseia-se de analogias como o decálogo elabo-
estabelecidas entre análogo e obje- em utilizar um equilíbrio dinâmico de rado por Raviolo e Garritz (s/d), que
tivo. Algumas analogias induziam ou fases para construir a “essência” de destaca, por exemplo, a necessidade

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Analogias no ensino do equilíbrio químico N° 27, FEVEREIRO 2008
de apresentar mais de um análogo Dessa forma, reunimos um amplo atenção nas reações dos estudantes
para o mesmo objetivo. Além disso, conjunto de analogias para serem após sua apresentação.
na bibliografia, são encontrados empregadas no ensino do equilíbrio
Andrés Raviolo (araviolo@bariloche.com.ar) é
exemplos nos quais as analogias químico e citamos as limitações do professor da Universidad Nacional del Comahue,
foram complementadas com experi- emprego de muitas delas, pois es- Bariloche, Argentina. Andoni Garritz (andoni@servi-
mentos, simulações no computador, peramos que os docentes, que leiam dor.unam.mx) é professor da Universidad Nacional
folhas de cálculo etc. e estudem este artigo, coloquem Autónoma de México, México

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Abstract: Analogies in the teaching of chemical equilibrium. The results of a comprehensive bibliographic research on analogies proposed to teach chemical equilibrium are presented. The
authors intend to contribute with the work of teachers and students organizing the disperse literature. A lot of the analogies that have been published are unknown to teachers because they have
appeared with great dispersion of time and inside international journals. These analogies were classified in five groups and the aspects that present the phenomenon, the possible learning difficulties
and the alternative conceptions that may promote are stood out. A few of the analogies are explained in detail. Furthermore, the use of them in the classroom and by scientists, their presentation in
textbooks and the analogies created by students are also examined.

Keywords: Chemical equilibrium, analogies, bibliographic research, university education

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Analogias no ensino do equilíbrio químico N° 27, FEVEREIRO 2008

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