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Introdução

Ao longo dos séculos, têm sido produzidos animais, plantas e alimentos com novas
combinações genéticas por meio de métodos reprodutivos convencionais e da seleção
cuidadosa de determinados animais. Entretanto, o número de novas combinações genéticas
que podem ser alcançadas dessa maneira é limitado, já que elas só podem ser realizadas com
os seres da mesma espécie ou de espécies muito parecidas.
Transgênese é uma tecnologia radicalmente nova que altera as características de um animal ao
promover modificações diretamente em seu material genético. Uma vez que o DNA contém
um código genético universal, ele pode, a princípio, ser transferido entre organismos
completamente distintos, permitindo a produção de organismos com características
particulares vantajosas que, de outra forma, não existiriam.
Atualmente já foram caracterizados muitos genes diferentes e as suas funções. Este
conhecimento abriu novas possibilidades de se procurar realizar combinações e modificações
genéticas mais vantajosas e úteis. Por exemplo, as que podem promover a cura de doenças ou
introduzir genes desejáveis em um animal por uma variedade de razões.
Objectivos

Geral

Conhecer a Transgênese

Específicos

Compreender e identificar alimentos transgénicos

Descrever os animais transgénicos

Discutir sobre as plantas transgénicas

Metodologia
Na realização deste trabalho baseou-se na consulta de livros de formatos electrónicos, sem
deixar de fora a internet para o desenvolvimento do mesmo.
Revisão bibliográfica
Transgênese
Os genes podem ser isolados em tubos de ensaio e caracterizados como sequências específicas
de nucleotídeos. O conhecimento de uma sequência geralmente é apenas o começo de uma
nova rodada de manipulação genética. Quando caracterizada, uma sequência pode ser
manipulada com o propósito de alterar o genótipo de um organismo. A introdução de um gene
alterado em um organismo é importante sob o ponto de vista da genética básica, e é um tópico
que tem ampla aplicação comercial.
O uso das técnicas de ADN recombinante para alterar o genótipo e o fenótipo de um
organismo é chamado de engenharia genética. As técnicas de engenharia genética
originalmente desenvolvidas em bactérias foram estendidas aos eucariotos, especialmente
àqueles empregados como modelo em pesquisas. Sendo assim, genes de um eucarioto são
introduzidos em outro, da mesma espécie ou não. O gene transferido é chamado de transgene
e o organismo modificado é chamado de transgênico.
O transgene pode ser introduzido em uma célula eucariótica por uma variedade de técnicas,
incluindo transformação, microinjeção, infecção bacteriana ou viral, ou bombardeamento com
partículas de ouro ou de tungstênio revestidas de ADN (Fig. 1).
Figura 1. Métodos diferentes utilizados para introduzir um ADN exógeno em uma célula.
Breve Histórico dos Animais Transgênicos
Pouco antes da década de 70, o termo transgênico começou a ser utilizado na literatura
científica em inúmeros estudos mostrando a introdução de fragmentos de ADN in vitro em
células procarióticas e eucarióticas e indução da expressão de genes em vários tipos celulares.
Embora o protocolo de microinjeção em células vivas tenha sido descrito no final dos anos
60, os animais transgênicos só foram criados 15 anos depois. Seguindo o processo de
microinjeção descrito por Lin em 1966, a primeira mudança tecnológica no que se refere à
produção de um vertebrado transgênico ocorreu em 1977, quando Gurdon transferiu RNAm e
DNA para embriões de Xenopus e observou que os ácidos nucleicos transferidos podiam ser
funcionais. Em 1980, Brinster e colaboradores descreveram estudos similares em
camundongos, observando que um produto de tradução compatível era produzido quando
seguido da transferência de um RNA mensageiro (RNAm) específico nos embriões. Em
consequência, esses estudos foram a base para o desenvolvimento do primeiro mamífero
transgênico. Seis grupos de pesquisa obtiveram sucesso na transferência gênica e no
desenvolvimento de camundongos transgênicos do final de 1980 a 1981.
O termo “Transgênicos” foi inventado por Gordon e Ruddle em 1981, para animais que, na
transferência gênica, recebem novos genes (sequência de DNA exógeno integradas em seu
genoma). Desta forma, animais transgênicos são reconhecidos como linhagens específicas, ou
ainda, espécies variantes, seguindo a introdução e integração de novos genes (ou transgenes)
em seus genomas. Ultimamente, o termo transgênico tem-se estendido para a tecnologia de
células tronco-embrionárias, incluindo camundongos knock-out, nos quais um ou mais genes
são removidos do genoma hospedeiro. O termo transgênico, portanto, engloba animais que
tiveram genes adicionados (transgênicos por adição), modificados (knockin) ou retirados
(knock-out).
A partir dos avanços obtidos com camundongos, cada vez mais surgiram relatos (a uma
velocidade surpreendente) sobre modificações genéticas em animais de produção como
bovinos, ovinos, suínos e caprinos. Essas modificações surgiram, em primeira instância, com
o intuito da utilização desses animais como biofábricas para produzir, em larga escala e a
baixo custo, substâncias com princípios farmacológicos de alto valor no mercado
internacional.
A Federação Europeia das Associações de Ciência em Animais de Laboratório denomina
como transgênico "um animal que possui seu genoma modificado artificialmente pelo
homem, quer por meio da introdução, quer da alteração ou da inativação de um gene (uma
sequência definida de DNA).
Esse processo deve culminar na alteração da informação genética contida em todas as células
desse animal, até mesmo nas células germinativas (óvulos e espermatozoides), fazendo com
que essa modificação seja transmitida aos descendentes." O gene modificado pode ser
originário da mesma espécie, de uma espécie diferente ou mesmo de bactérias ou plantas. Em
qualquer dos casos, ele é denominado transgene e o processo de manipulação das técnicas
envolvidas nesse processo é chamado transgênese.
Para a geração de um animal transgênico existem vários métodos disponíveis e o seu emprego
depende do tipo de modificação genética que se deseja realizar: introdução, modificação ou
inativação de um gene. O método mais utilizado na introdução de genes é a transgenia por
adição, onde são inseridas no genoma uma ou várias cópias de um gene de interesse,
endógeno ou exógeno. O primeiro tipo já existe no genoma do animal, sendo usado quando se
quer produzir uma quantidade maior da proteína codificada já existente, aumentando a
quantidade de cópias dele no genoma. Genes exógenos, como o nome sugere, pertencem à
outra espécie e são usados para fazer um animal produzir uma nova proteína, ausente na
forma desejada na espécie receptora. Dentre as técnicas de adição utilizadas estão a
microinjeção pronuclear de embriões, a transferência de DNA mediada por espermatozoides,
a infecção de embriões por vetores retrovirais, a transferência de DNA mediada por
transposons (segmentos de DNA capazes de inserir cópias de si mesmos em outro local do
cromossomo), a agregação ou injeção de células-tronco embrionárias geneticamente
modificadas, a transferência nuclear de células geneticamente modificadas e a transferência
de segmentos de cromossomos (cromossomos artificiais).

Construção de um transgêne
Ainda que o código genético seja essencialmente o mesmo para todos os organismos, existem
pequenas diferenças no controle de genes. O gene de uma bactéria, por exemplo, nem sempre
funcionará corretamente se esse for introduzido em célula animal sem certas modificações.
Em primeiro lugar, o engenheiro genético constrói um transgêne que contém um gene de
interesse associado a uma porção de ADN extra que irá controlar corretamente sua expressão
no novo animal. Só depois disso o transgêne pode ser inserido dentro do genoma do novo
animal.
Muitos genes são expressos somente em certos tecidos e são controlados por um segmento
especial de ADN que fica próximo a ele, denominado de sequência promotora. Durante a
construção de um transgêne, os cientistas em geral substituem a sequência promotora do gene
de interesse por uma outra especialmente desenhada, assegurando assim que o gene atue
corretamente nos tecidos do animal receptor. Tal substituição é crucial quando, por exemplo,
a proteína precisa ser secretada com as proteínas do leite.
Para funcionar corretamente, além da sequência promotora do ADN, o transgêne requer uma
sequência específica, denominada sequência Poli-A.

Figura1. Sequência de promotora de ADN

Inserção do transgêne

Existem vários métodos de inserção de um transgêne. Abaixo são apresentados exemplos de


técnicas utilizadas atualmente.

Microinjeção
Neste método os óvulos são coletados de animais que foram “superovulados” e fertilizados in
vitro. Uma micropipeta ultrafina de vidro é usada para manter o óvulo fertilizado imobilizado
enquanto uma segunda micropipeta extremamente fina é usada para injetar uma pequena
quantidade de solução, que contém muitas cópias do DNA exógeno (transgene), no pronúcleo
masculino. Esses óvulos são então introduzidos cirurgicamente nas tubas uterinas de fêmeas
pseudográvidas (mães adotivas).
Esse é o principal método utilizado atualmente para produzir animais geneticamente
modificados e consiste na injeção de 200 a 300 cópias do gene exógeno em óvulos recém
fertilizados seguido da implantação posterior dos mesmos em mães de aluguel. Apenas uma
pequena porcentagem dos animais nascidos é transgênica (ou seja, carrega o gene adicionado
de uma geração para a outra) e apenas uma porção deles expressa o gene adicionado a um
nível suficientemente detectável. Genes só podem ser adicionados (não eliminados) pelo
método atual.
Esses primeiros animais nascidos, denominados animais fundadores, podem ser acasalados
com animais não-transgênicos para produzir animais que são heterozigotos
(híbridos) para o gene (ver ilustração).
Em seguida, os animais heterozigotos (Aa) podem ser acasalados entre si para a obtenção de
animais denominados homozigotos (AA) para o gene exógeno.

Em seguida, os animais heterozigotos (Aa) podem ser acasalados entre si para a obtenção de
animais denominados homozigotos (AA) para o gene exógeno.
Figura 3. Microinjeção. Fonte: Adaptado de EIBE (1998).
Utilização de retrovírus como vetores
Os retrovírus podem ser usados como veículos para transportar a sequência genética
(transgene) de interesse para dentro de uma célula embrionária. No entanto, assim como na
microinjeção, o gene é inserido de forma aleatória no genoma. Visto que o DNA pode se
localizar em regiões diferentes e em diversas células, os descendentes são muitas vezes
mosaicos genéticos.
Desse modo é necessário fazer vários acasalamentos de indivíduos geneticamente
independentes para se obter indivíduos de linhagem pura.

Figura 4. Utilização de retrovírus como vetor. Fonte: Oliveira & Balderramas (2013).

Transferência de células-tronco embrionárias


Esse método produz resultados mais previsíveis que os métodos 1 e 2, e, dessa forma, é o
método preferencialmente usado quando se quer direcionar a inserção de um gene (gene
targeting) em um determinado local (ou loco) do genoma.
Durante o cultivo de células-tronco embrionárias (embrionic stem cells, ou ES) é possível,
utilizando vetores apropriados, promover modificações genéticas específicas nessas células,
por exemplo, a remoção ou substituição de um gene escolhido, ou até mesmo a troca de uma
única base dentro do código genético por outra. As células tronco embrionárias (4-5 células)
que foram modificadas dessa forma são injetadas dentro de um blastocisto (embrião em fase
inicial do desenvolvimento) e este é então implantado no útero de uma fêmea receptora cuja
pelagem é diferente da do animal que deu origem a célula-tronco. Os filhotes resultantes dessa
gestação poderão ser animais do tipo quimérico ou misto (esta mistura genética ocorre
geralmente em todos os órgãos, inclusive nas gônadas). É necessário, nesse caso, realizar
vários acasalamentos entre animais quiméricos para se selecionar aqueles com as novas
características genéticas introduzidas (cor da pelagem, por exemplo). Esse método
é utilizado somente em camundongos, pois ainda não foi possível estabelecer linhagens de
células-tronco embrionárias de bovinos, ovinos e suínos.
Todos os métodos descritos acima foram utilizados para a produção de camundongos
transgênicos (já é possível obter bovinos transgênicos, mas apenas através de micro-injeção
ou de transferência nuclear). A tecnologia de modificação genética usada em camundongos
ainda não pode ser aplicada com grande êxito em animais domésticos, pois a eficiência da
transgenia em animais de grande porte é baixa, requer mais tempo e investimento.
Com tempo e experiência não há dúvida que estas barreiras tecnológicas vão ser vencidas,
pois se trata de uma área de grande importância para a biotecnologia.

Figura 5. Transferência de células-tronco embrionárias. Fonte: Adaptado de EIBE (1998).


Aplicações dos animais transgénicos
Na agricultura
Na agricultura a transgenia permite a criação de animais de grande porte com características
comercialmente interessantes, cuja produção por técnicas clássicas de cruzamentos e seleção
são extremamente demoradas. Desta forma, existem vacas transgênicas que produzem mais
leite, ou leite com menos lactose ou colesterol, suínos e gado transgênicos com mais carne e
ovelhas transgênicas que produzem mais lã.
Além disso, há um grande esforço no sentido de se produzir animais resistentes a doenças,
como a gripe suína ou a febre aftosa em bovinos.
Porém, isso dependerá da identificação de genes responsáveis pela resistência a essas
doenças.
Aplicações na medicina
As aplicações médicas são várias e incluem o polêmico xenotransplante, ou seja, o transplante
de órgãos animais para o ser humano. É estimado que a cada ano, necessitam-se de 5 mil
órgãos para transplantes nos Estado Unidos e essa demanda não é atendida por doadores. A
transgenia vem sendo utilizada para a criação de porcos imuno-compatíveis com o ser
humano, através da técnica de nocaute foi produzida uma linhagem de porcos que não
expressa uma proteína imunogênica em seres humanos, e, atualmente, está sendo testado o
transplante de corações desses animais para macacos. No entanto, é importante ressaltar que,
se por um lado o xenotransplante resolveria a questão da disponibilidade de órgãos para
transplantes, ele cria outra questão séria de biossegurança, criando o risco de transmissão de
patógenos suínos para o ser humano.
Aplicações na indústria
A indústria mundial vem utilizando cada vez mais as novas tecnologias de transgênese,
objetivando desenvolver produtos para os mais diversos fins.
A indústria farmacêutica, por exemplo, aplica um processo denominado "humanização de
camundongos" para a utilização desses modelos animais no desenvolvimento de novas
drogas. Através desse processo, um gene é retirado do genoma do animal pela técnica de
knockout e, em substituição, um gene humano é inserido pelo método de adição gênica. Essa
técnica deve facilitar enormemente o desenvolvimento de novos medicamentos, barateando os
custos e diminuindo o tempo para uma nova droga chegar às farmácias.
Outra importante aplicação da transgenia animal é a produção de animais conhecidos como
biorreatores. Estes são geralmente animais domésticos de médio e grande porte, utilizados
para a produção de proteínas recombinantes humanas de grande interesse biológico e
comercial, como enzimas, hormônios e fatores de crescimento. Em geral a proteína de
interesse é expressa no leite do animal, tornando sua produção mais barata e eficiente.
Plantas transgénicos
As plantas transgênicas são organismos geneticamente modificados, ou seja, passam por um
processo de transferência de um ou mais genes de um organismo para o vegetal sem que
ocorra fecundação. Esse processo é denominado transformação genética de plantas. Os
vegetais transformados geneticamente são chamados de transgênicos. Essa tecnologia advém
de uma área específica chamada biotecnologia vegetal.
A biotecnologia vegetal proporcionou uma redução no tempo para obtenção de novas
variedades de plantas, além de permitir a transferência de características entre espécies que
normalmente são sexualmente incompatíveis.
As primeiras plantas transgênicas foram obtidas em 1983 por quatro grupos de
investigação distintos: o grupo do cientista M. D. Chilton da Universidade de Washington que
transformou células de uma variedade de tabaco, Nicotiana plumbaginifolia, utilizando um
gene quimérico para conferir resistência ao antibiótico canamicina; o grupo de J. Schell da
Universidade de Gent na Bélgica, que regenerou plantas de tabaco resistentes ao metrotexato
e a canamicina; o grupo da Universidade de Wisconsin, liderados por J. Kemo e T.Hall que
transformaram plantas de girassóis; e o grupo da empresa Monsanto que obtiveram plantas de
petúnias transformadas com um gene quimérico que conferia resistência a canamicina.
Do ponto de vista agronômico, estas plantas possuíam um potencial limitado, porém o estudo
demonstrou ser possível a transferência de genes de outros organismos para as plantas,
transpondo as barreiras genéticas, e que estes genes eram funcionalmente estáveis quando
integrados no genoma das células vegetais. Somente 11 anos mais tarde, em 1994, a primeira
variedade de planta geneticamente modificada (PGM) seria liberada para cultivo e
comercialização pela Food and Drug Administration (FDA), a autoridade de segurança
alimentar dos Estados Unidos: o tomate Flavr savr®. Este apresentava no seu genoma a
inserção do gene codificador da poligalacturonase (do próprio tomate) no sentido antissenso.
Esta enzima está envolvida na degradação de elementos pécticos da parede celular e
consequentemente no processo de amadurecimento do fruto. A produção de um RNA anti-
senso na planta transgênica resultou na redução da expressão desta enzima e o consequente
atraso no processo de maturação.
Atualmente, já existe uma grande variedade de plantas geneticamente modificadas e estas
plantas têm como principais características uma maior tolerância a herbicidas e pesticidas,
maior resistência a um determinado tipo de fator, seja ele biótico (insetos-praga, ervas
daninhas, agentes patogênicos) ou abiótico (acúmulo de poluentes no solo, stress hídrico e
salino), com o objetivo de reduzir o dano nas culturas e consequentemente aumentar o
rendimento dos agricultores. Todavia, o potencial de transformação genética das plantas vai
além do melhoramento das características de importância agronômica, permitindo também
sua utilização como biofábricas para a produção de compostos com aplicações na indústria
farmacêutica ou até mesmos gêneros alimentícios com maior valor nutritivo ou que possuam
período prolongado de comercialização.
Segundo os últimos dados fornecidos pela ISAAA, International Service for the Acquisition
of Agri-biotech Applications, relativos a 2012, as principais plantas transgênicas cultivadas
são a soja, o milho, o algodão e a canola, cujas principais características relacionam-se a sua
tolerância a herbicidas e/ou resistência a insetos-praga.
Em 2012, cerca de 170 milhões de hectares de PGMs foram cultivados mundialmente. O
Brasil ocupa o segundo lugar em hectares de PGMs cultivados, com 36,6 milhões de hectares,
o que equivale a 21% de toda área cultivada, estando atrás apenas dos EUA, com 61,2
milhões (36%).
A transformação genética é a introdução controlada de ácidos nucleicos em um genoma
receptor por um processo assexual. O sucesso da produção de PGMs depende da introdução
do ADN no genoma vegetal e da regeneração de plantas que expressam o gene inserido11.
Vários métodos para a transferência de genes em plantas têm sido propostos e atualmente
protocolos podem ser encontrados na literatura científica para a transformação das plantas de
maior importância agronômica no mundo12,13. O estabelecimento de uma estratégia eficiente
para a transferência de genes é fundamental para o sucesso de todo o processo.
Métodos de transformação genética de plantas
Método de transferência indireta via Agrobacterium
A transferência indireta de genes necessita de um vetor para intermediar o processo de
transformação. O biólogo molecular Luis Herrera-Estrela e o geneticista Robert B. Horsh
foram os pioneiros a transformar com sucesso plantas de tabaco com Agrobacterium,
demonstrando que esta bactéria poderia servir como um vetor natural para a transformação de
vegetais, possibilitando a transferência de genes de interesse biotecnológico para as plantas
transformadas.
Este processo foi desenvolvido com base na Agrobacterium tumefaciens, uma bactéria
tipicamente de solo, gram-negativa, pertencente à família Rhizobiaceae, que infecta
naturalmente células vegetais lesionadas (lesões causadas por práticas agrícolas, geadas ou
atividade de organismos como insetos, mamíferos e nematoides). A bactéria transfere um
fragmento de ADN que se integra no genoma das células hospedeiras15. Esse ADN é cha-
mado de T-DNA, e contém genes envolvidos na produção de reguladores de crescimento
vegetal e opinas. O ADN transferido é integrado no genoma das células vegetais hospedeiras
e passa a ser expresso alterando o padrão normal de expressão, sendo responsável pela
manifestação de uma doença denominada “crowngall” ou galha-da-coroa16. Esta doença
caracteriza-se pela proliferação anômala de células na zona de contato entre o caule e a raiz,
originando uma espécie de tumor vegetal (galha). Foi demonstrado que a formação das galhas
induzidas por Agrobacterium tumefaciens estava diretamente associada à presença de um
plasmídeo de alto peso molecular (120 kb a 250 kb), denominado plasmídeo Ti (do inglês
Tumor inducing).
Análises moleculares permitiram identificar duas regiões do plasmídio Ti que estão
diretamente envolvidas no processo de indução tumoral: a região-T, que corresponde ao
segmento de ADN transferido para a célula vegetal durante o processo infeccioso, e a região
de virulência (região vir), que contém operons co-regulados responsáveis pelo controle dos
processos de separação da região-T do plasmídeo Ti, seu transporte e integração no genoma
das células vegetais.
A região-T encontra-se situada entre duas extremidades (esquerda e direita), que são curtas
sequências repetitivas de 25 pares de bases, que quando integrada no genoma da célula
vegetal, passa a ser chamada de T-DNA (do inglês “transferred DNA”). O T-DNA possui
genes responsáveis pela síntese de opinas e de hormônios reguladores de crescimento
(auxinas e citocininas). As opinas são compostos formados pela condensação de aminoácidos
ou açúcares modificados que servem como fonte de nutrientes que são exclusivamente
catabolizadas por sua linhagem indutora, conferindo assim uma vantagem seletiva a esta
estirpe. A expressão destes genes interfere no padrão de expressão das células transformadas,
resultando na sua multiplicação descontrolada, culminando na formação da galha, ou tumor,
nos locais infectados do vegetal.
Figura 5 & 6. Esquema geral das etapas de transformação de plantas por co-cultura com uma
linhagem de Agrobacterium tumefaciens.

Protocolo de transformação genética via Agrobacterium

Um dos protocolos mais utilizados na transformação genética de plantas envolve a co-cultura


de explantes com potencial regenerativo com cepas de Agrobacterium possuidoras do vetor de
transformação, o qual possui o gene de interesse e/ou marcadores de seleção (Figura 18.2).
Neste protocolo é necessário que a cultura de agrobactérias que possui o vetor em questão
fique em contato com explantes com potencial regenerativo (como segmentos de folhas
jovens, embriões zigóticos, entrenós, etc) em um meio de cultura sem qualquer agente
seletivo para que as bactérias possam se manter e iniciar o processo de transferência e
integração do T-DNA no genoma vegetal.

Figura 7. Etapas de transformação de cana-de-açúcar via biolística. (A) Extremidades de plantas de cana-de-açúcar que
darão origem aos explantes. (B) Discos de folhas jovens de cana-de-açúcar. (C) Calos embriogênicos de cana-de-açúcar
produzidos por meio de sub-cultivos dos discos foliares em meio contendo reguladores de crescimento. (D) Bombardeamento
de partículas contendo ADN adsorvido utilizando o equipamento – Biolistic® PDS-100/He Bio Rad. (E) Regeneração de
calos embriogênicos transformados.

Etapas de transformação de cana-de-açúcar via biolística. (A) Extremidades de plantas de


cana-de-açúcar que darão origem aos explantes. (B) Discos de folhas jovens de cana-de-
açúcar. (C) Calos embriogênicos de cana-de-açúcar produzidos por meio de sub-cultivos dos
discos foliares em meio contendo reguladores de crescimento. (D) Bombardeamento de
partículas contendo ADN adsorvido utilizando o equipamento – Biolistic® PDS-100/He Bio
Rad. (E) Regeneração de calos embriogênicos transformados.

Método de transferência via biolística

O método de transformação genética via biolística (balística biológica − biobalística) foi


descrito por Sanford em 1987. É conhecido por método de microprojéteis, aceleração de
partículas ou biolística e consiste na aceleração de partículas carregadas com ADN, ARN ou
proteínas a uma velocidade que permita a passagem das mesmas através da parede celular e
membranas, de modo não letal. As partículas alojam-se aleatoriamente no interior da célula e,
então, o ADN é dissociado e integrado ao genoma do receptor.
A biolística é um método de transformação simples e rápido, que permite a transferência de
genes para numerosas células e tecidos, sendo necessário apenas um único aparelho para
todos os bombardeamentos38. Além de células vegetais, a biolística também pode ser
utilizada para a introdução de genes em fungos, bactérias, protozoários, algas, insetos e em
tecidos de animais.
Nos primeiros experimentos realizados, foram testados diferentes dispositivos de aceleração:
descarga de gás, impulso mecânico, macroprojéctil e placa parada, sistema de aceleração
centrípeta e também campos eléctricos. Todos estes mecanismos de aceleração foram eficazes
para a aceleração de microprojéteis a velocidades suficientes para permitir a penetração das
partículas nas células. Porém, o método foi melhorado e, atualmente o procedimento utiliza a
pressão do gás hélio para acelerar as micropartículas revestidas com ADN a diferentes
velocidades para transformar de modo eficiente diferentes tipos de células. O bombardeador
consiste basicamente em uma câmara de bombardeamento, uma tubulação conectora à fonte
de vácuo, regulador de hélio, válvula solenoide e tubos conectivos. A pressão do gás é
liberada pela ruptura de um disco (disco de ruptura), e, então, um macrocarreador, contendo
um disco com as partículas e ADN precipitados, é impulsionado a uma curta distância até
uma tela de parada, de onde as micropartículas passam e atingem as células. Durante a
operação, é formado vácuo, para reduzir o atrito das partículas com o ar, evitando desvios e
redução de velocidade.
Os parâmetros de pressão do gás hélio, vácuo, distância do disco de ruptura e o
macrocarreador, distância do disco microcarreador até a tela de bloqueio e também a distância
entre a tela de bloqueio e as células alvo podem ser ajustados, para transformar eficientemente
diferentes tipos de células40.
As micropartículas utilizadas são geralmente de ouro ou tungstênio. As partículas de ouro são
consideradas biologicamente inertes, mas seu custo é elevado, enquanto partículas de
tungstênio são tóxicas para alguns tipos de células, embora o custo seja reduzido41. O
diâmetro das micropartículas varia de acordo com a célula alvo, estando entre 0,2 a 4 μm.

Método de transferência via eletroporação de protoplastos

O método de transformação genética de protoplastos vegetais via eletroporação foi


desenvolvido por Fromm e colaboradores em 1995. Ele se baseia na transferência de genes
para as células por meio de um pulso elétrico curto de alta voltagem é aplicado a uma solução
que contém ADN e protoplastos (células cuja parede celular foi removida). Devido ao pulso
elétrico de alta voltagem, há indução da formação de poros na membrana da célula, o que
permite a passagem do ADN para o seu interior43. O pulso elétrico não deve ser muito
intenso, pois a formação de poros acaba sendo irreversível, o que impede a regeneração das
células.
No trabalho desenvolvido por Fromm, foram utilizados protoplastos de cenoura, pois são
facilmente isolados e obtidos em grande quantidade. O gene utilizado codifica a enzima
cloranfenicolacetiltransferase (CAT). A eficiência de transferência do gene foi diretamente
influenciada pela concentração de ADN, amplitude e duração do pulso eléctrico e composição
do tampão de eletroporação. A técnica foi eficiente para transformar tabaco e milho,
mostrando que pode ser utilizada tanto para mono quanto para dicotiledóneas.
Genes Marcadores
A transformação genética vegetal implica não apenas na transferência de um gene específico
para a planta, mas também na transferência de outros elementos que estão relacionados desde
a eficácia do processo de expressão recombinante deste gene a identificação e/ou seleção das
plantas transformadas. São denominados genes marcadores aqueles responsáveis pela síntese
de fatores que permitam a identificação ou seleção das células transformadas. Os genes
marcadores podem ser de dois tipos: genes repórteres ou genes de seleção.
Genes repórteres codificam proteínas cuja presença ou atividade enzimática são facilmente
detectáveis e mensuráveis denotando a condição transgênica das células, tecidos ou
organismos transformados. Existem diversos tipos de genes repórteres. Nas plantas os mais
utilizados são o gene uidA ou GUS, isolado de Escherichia coli e que codifica a enzima β-
glucuronidase, o gene da proteína GFP (do inglês Green Fluorescent Protein) e com uma
frequência menor, genes envolvidos na síntese de antocianinas, genes envolvidos na síntese
de opinas e genes das luciferases, que catalisam reações que liberam luz (genes lux e luc).
Aplicações de plantas transgénicas
As proteínas recombinantes de interesse biotecnológico são produzidas geralmente em
micro-organismos e em células de mamíferos. Cada um destes sistemas oferece vantagens e
desvantagens. Micro-organismos podem não ser muito eficientes para produzir proteínas
eucarióticas, ao passo que células de mamíferos possuem capacidade limitada e também um
alto custo. A produção de proteínas em plantas oferece a vantagem da produção em larga
escala e também permite que medicamentos, por exemplo, sejam produzidos no próprio local
onde a demanda é requerida. Por isso, a produção dos mais diversos compostos e proteínas de
interesse medicinal em plantas transgênicas tem-se tornado uma solução atrativa. Embora o
custo de desenvolvimento e crescimento de plantas transgênicas não seja tão reduzido em
relação aos micro-organismos, as plantas são capazes de enovelar e montar proteínas
complexas e realizar modificações pós-traducionais de modo semelhante aos mamíferos.
Além disso, não apresentam endotoxinas encontradas em bactérias e não são hospedeiras de
patógenos humanos, como ocorre em células de mamíferos55. Baseado nestas premissas, o
desenvolvimento de plantas transgênicas visando à produção de proteínas de interesse médico
vem sendo alvo de muitas pesquisas.
A primeira proteína terapêutica humana a ser produzida em plantas foi o hormônio de
crescimento humano em calos celulares de girassol e tabaco56. Posteriormente, a albumina,
tradicionalmente isolada a partir de sangue, foi produzida em tabaco e batata transgênicos57.
Desde então, uma série de proteínas de interesse medicinal tem sido produzida em plantas,
sendo que em 2004, o primeiro produto recombinante produzido em plantas foi comercia-
lizado pela ProdiGene – EUA. A empresa isolou uma sequência do gene da tripsina bovina e a
inseriu em plantas de milho passando, então, a produzir a tripsina em larga escala, sendo
comercialmente chamada de TrypZean®. A tripsina é utilizada na digestão e processando
proteínas, na separação de células em cultura e também como parte de formulações de
detergentes e meios de cultura para bactérias. A ausência de patógenos humanos consiste na
principal vantagem em se utilizar a tripsina proveniente de vegetais58. Na próxima seção,
descreveremos alguns exemplos de pesquisas realizadas em relação à produção de proteínas e
compostos de interesse medicinal e industrial.

Produção recombinante de antígenos para vacinas em plantas

Dentre as principais aplicações de plantas transgênicas para a área da saúde, pode-se citar a
produção de vacinas. Inúmeras pesquisas vêm sendo desenvolvidas, tanto no enfoque da
produção e purificação de antígenos produzidos a partir de plantas quanto da administração
direta de alimentos transgênicos, sem a necessidade de purificação e processamento.
Uma vacina é baseada em um antígeno que induz o organismo receptor a aumentara
produzir anticorpos específicos contra uma determinada doença. Ao se produzir uma vacina
em plantas, exclui-se o risco, por exemplo, de vacinas formuladas a partir da atividade
patogênica atenuada ou inativada de vírus, pois para a produção recombinante do antígeno,
utiliza-se somente uma porção do organismo que se acredita ser capaz de induzir a produção
de anticorpos. Além disso, em relação aos métodos tradicionais de produção de antígenos em
bactérias, leveduras e células de mamíferos, as plantas apresentam a vantagem da produção
em larga escala, reduzido custo de produção e possibilidade de administração oral de
alimentos contendo a concentração suficiente de antígenos59.
Zheng-jun Guan e colaboradores (2010) apresentaram uma revisão de pesquisas relacionadas
à produção de um antígeno em plantas transgênicas para o posterior desenvolvimento de
vacinas contra a Hepatite B. Trata-se da produção de um antígeno de superfície (HBsAg) do
vírus HBV, causador da hepatite B. HBsAg desempenha papel crucial na montagem e
liberação do vírus completo, de forma que é utilizado na detecção da infecção e é o principal
componente de vacinas preventivas. A vacina recombinante contra HBV existente é
principalmente expressa em leveduras, porém o custo final é elevado e não pode ser utilizada
para vacinação em larga escala. O gene que codifica o antígeno de superfície foi
eficientemente integrado e expresso em tabaco, batata, tomate, banana, soja, cenoura, alface,
maçã, dentre outras plantas, porém, a quantidade do antígeno HBsAg produzida é insuficiente
para que ocorra imunização.

Produção recombinante de antioxidantes em plantas

Adam Matkowski (2008) relatou a produção de antioxidantes de valor medicinal em plantas


transgênicas transformadas com a bactéria Agrobacterium rhizogenes. A bactéria induz a
proliferação de raízes secundárias, chamadas de raízes em cabeleira, o que aumenta a
produção de metabólitos secundários. Muitas espécies da família Lamiaceae foram
transformadas para uma maior produção de antioxidantes polifenólicos, como o ácido
rosmarínico. Além disso, raízes transformadas de Saussurea involucrata superexpressando
um gene heterólogo de uma chalconaisomerase, de uma espécie próxima, apresentaram
aumento da produção da flavona apigenina. Raízes transformadas de Fagopyrum esculentum
e de Beta vulgaris apresentaram uma maior concentração de rutina e betalaína,
respectivamente.

Enriquecimento de alimentos

Outra abordagem em relação à produção recombinante de produtos de valor medicinal em


plantas baseia-se no enriquecimento de alimentos, ou seja, a inserção de genes que acentuam
a produção de compostos benéficos à saúde humana.
Os seres humanos são capazes de sintetizar vitamina A a partir do β-caroteno ingerido e, por
isso, uma quantidade suficiente de β-caroteno na alimentação ajuda a prevenir as doenças
causadas por deficiência de vitamina A, principalmente a cegueira, que neste caso é chamada
de cegueira noturna. Porém, em muitos países onde a população não possui acesso a uma
alimentação em quantidade suficiente e rica em nutrientes, a incidência de cegueira causada
pela falta de vitamina A é alta, principalmente em crianças (Xudong Ye, 2000). Para tentar
resolver o problema, pesquisadores introduziram, em arroz, genes que codificam enzimas
envolvidas na biossíntese de β - caroteno: fitoenosintase (gene psy) e licopeno β-ciclase (gene
lcy) de Narcissus pseudonarcissuse, fitoenodessaturase (gene crtl) proveniente da bactéria
Erwinia uredovora e o gene aphIV que confere resistência a higromicina. A expressão foi
direcionada para o endosperma, ou seja, a expressão ocorre nas sementes. Este arroz foi
chamado de arroz dourado, devido à presença de carotenoides que conferem coloração
amarelo-laranja63,64. Alguns anos depois, surgiu a segunda geração do arroz dourado, no
qual o gene psy de Narcissus pseudonarcissuse foi substituído pelo gene correspondente de
milho. Desta forma, o arroz dourado de segunda geração passou a apresentar 23 vezes mais
carotenoides do que o arroz anterior. Em relação à quantidade de β-caroteno que deveria ser
ingerida por uma criança 1 a 3 anos, 1,72 g do arroz dourado de segunda geração, contendo
25 microgramas de carotenoides por grama de arroz seco, seria suficiente para suprir o
equivalente a 50% da necessidade diária.
Alimentos Transgenicos

Transgênicos (ou organismos geneticamente modificados) são seres vivos criados pelo
homem em laboratório a partir de cruzamentos que jamais aconteceriam na natureza
Os alimentos transgênicos são organismos geneticamente modificados (OGMs), ou seja, os
alimentos transgênicos são aqueles que sofrem algum tipo de modificação em seus genes. Em
seu processamento recebem parte de ADN do outro sofrendo alterações para favorecer a
característica desejada, como cor ou tamanho por exemplo. Esses alimentos podem ser
utilizados para o consumo direto, como insumo ou ingrediente na cadeia de produção de
outros alimentos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (2000) os alimentos GM são desenvolvidos e


comercializados por possuírem certa vantagem para o produtor ou para o consumidor destes
alimentos. Isto deve ser entendido como um produto com preço reduzido, maior benefício
(durabilidade ou valor nutritivo). A princípio os criadores de sementes GM queriam que seus
produtos fossem aceitos pelos produtores, então se concentraram em inovações que os
agricultores (e a indústria alimentícia de uma maneira mais geral) avaliariam.

Avaliação dos alimentos transgénicos


São feitas avaliações toxicológicas, nutricionais, químicas entre outras para a identificação de
semelhanças e diferenças entre cultivos geneticamente modificados (GM) e alimentos
tradicionais (não GM) que por sua vez já possui uma segurança conhecida.
Mas de uma forma geral os consumidores consideram os alimentos tradicionais seguros,
enquanto os novos alimentos para eles não parecem tão confiáveis por terem sofrido
alterações em suas características que podem ser positivas ou negativas.

O Programa de Segurança Alimentar da OMS é auxiliar as autoridades nacionais na


identificação de alimentos que deveriam ser submetidos à análise de risco, incluindo os
alimentos GM, e recomendar avaliações corretas. As avaliações de risco ao meio ambiente
abrangem a preocupação com o OGM e o com o meio ambiente que potencialmente o recebe.
O processo de avaliação inclui as características do OGM, bem como seu efeito e estabilidade
no meio ambiente combinada com as características do ambiente onde ocorrerá a introdução.
A avaliação também inclui efeitos não desejáveis que pudesse resultar na inserção de um
novo gene.

Benefícios respeito dos alimentos transgênicos

Tolerância das plantas a condições adversas de solo e clima:


 Capacidade de maior sobrevivência em diferentes lugares,
Aumento do potencial nutricional dos alimentos:
 A engenharia genética tem-se preocupado com a questão da desnutrição no planeta.
Procurando dar uma melhoria nesses alimentos.
Alta resistência às pragas:
 Pesquisas mostram uma evolução significativa nesse campo a fim de aumentar a
resistência de animais e vegetais à ação de pragas que infestam as lavouras e os
animais de corte.
Redução do uso de agrotóxicos:
 À medida que se produz plantas mais resistentes à ação de pragas como insetos,
formigas, fungos e vírus, ocorrem uma redução natural na utilização de agrotóxicos
para fazer a defesa da lavoura (ALVES, 2004).
 Permite o aumento da produção;
 Reduz as perdas pós-colheita;
 Obtém-se culturas mais tolerantes ao estresse ambiental;
 Pode-se melhorar o valor nutricional;
 Oferece▪ maior resistência a herbicidas, pragas e ou doenças
Enquanto aos danos no ambiente alguns pontos de preocupação incluídos pela OMS
(2000) são:
 A capacidade de o gene escapar e ser potencialmente introduzido em populações
selvagens;

 A persistência do gene após o OGM ser colhido; a susceptibilidade de organismos não


objetivados (ex. insetos que não são pragas) ao gene do produto;

 A estabilidade do gene; a redução no espectro das plantas incluindo a perda de


biodiversidade;

 O aumento do uso de produtos químicos na agricultura.

Modificações dos alimentos transgénicos Por meio da engenharia Genética


Figura 8. Obtenção de um organismo geneticamente modificado (transgênico) com características modificadas
pelos genes introduzidos.

Determinação de risco
O impacto de um transgêne no ambiente e na saúde humana deve ser criteriosamente avaliado
via análise de risco. “Risco é tecnicamente a probabilidade de um evento danoso multiplicado
pelo dano causado”. Então, se o dano é grande, mesmo uma baixa probabilidade pode
significar um risco inaceitável.
Riscos à saúde humana
A maioria das plantas transgênicas de primeira geração contém genes de resistência a
antibióticos. Qual a relação destes genes com a saúde humana? Nos últimos 20 anos, surgiram
mais de 30 doenças na espécie humana (AIDS, ebola e hepatites, entre outras). Além disso,
houve o ressurgimento de doenças como a tuberculose, malária, cólera e difteria com muito
mais agressividade por parte dos microrganismos patogênicos. Paralelamente, houve um
decréscimo na eficiência dos antibióticos. Na década de 40, um antibiótico tinha uma vida útil
de 15 anos. Na década de 80, a vida útil passou para cinco anos, ou seja três vezes menos.
Segundo comprovam estudos, tanto a recombinação como a transferência horizontal entre
bactérias aceleraram a disseminação contínua de regiões genômicas na natureza e, por isso,
também entre os organismos causadores de doenças. O mesmo pode ocorrer com os genes de
resistência a antibióticos. É conhecido o exemplo da estreptomicina em suínos; após um ano
de aplicação nos animais (1983), genes de resistência a estreptomicina estavam presentes nos
plasmídeos de bactérias que viviam na garganta e estômago dos suínos.
Uma das implicações disto é que, embora a frequência de transformação e, consequentemente,
a transferência horizontal em bactérias sejam extremamente baixas, os genes de resistência a
antibióticos inseridos em plantas transgênicas poderão ser transferidos para bactérias
humanas, constituindo-se um risco a ser considerado.
Um segundo tipo de risco relaciona-se às reações adversas dos alimentos derivados de OGM,
os quais, de acordo com os efeitos, podem ser classificados em dois grupos: alergênicos e
intolerantes. Os alimentos alergênicos causam a hipersensibilidade alérgica. O segundo grupo
responde por alterações fisiológicas, como reações metabólicas anormais ou idiossincráticas e
toxicidade. Existe ainda uma série de outros riscos à saúde humana que devem ser analisados
com os protocolos adequados.
No caso da variedade transgênica Soja Roundup Ready, os testes realizados não foram
suficientes para discriminar as possíveis variações nas 16 proteínas alergênicas presentes na
soja, compararam os perfis protéicos de variedades transgênicas e não transgênicas de soja e
observaram, in vitro, um aumento de 26,7% no teor do inibidor de tripsina, considerado
alergênico.
No ano de 2000, foram identificados nos Estados Unidos e em outros países produtos
alimentícios contendo derivados de uma variedade de milho Bt liberada somente para
consumo animal devido ao seu potencial alergênico. Um Comitê Científico (SAP) atuando
como parte do Federal Insecticide, Fungicide, and Rodenticide Act (FIFRA), reunido pela
Environmental Protection Agency (EPA, EUA), analisando 34 casos, concluiu que entre 7 e
14 pessoas provavelmente manifestaram reações alérgicas a alimentos contendo derivados da
variedade de milho Bt StarLink (Federal Insecticide..., 2000). A comprovação definitiva
dependeria da identificação de anticorpos IgE nestas pessoas, resultante da presença da toxina
Cry9C produzida por este milho, bem como da sensibilização de outras pessoas.
Riscos ao meio ambiente
A ameaça à diversidade biológica pode decorrer das propriedades intrínsecas do OGM ou de
sua potencial transferência a outras espécies.
A adição de novo genótipo em uma comunidade de plantas pode proporcionar efeitos
indesejáveis, como o deslocamento ou eliminação de espécies não domesticadas, a exposição
de espécies a novos patógenos ou agentes tóxicos, a poluição genética, a erosão da
diversidade genética e a interrupção da reciclagem de nutrientes e energia.
Entre os riscos ambientais, a transferência vertical e a transferência horizontal são muito
importantes. Aquela refere-se ao acasalamento sexual entre indivíduos da mesma espécie
enquanto esta está relacionada à transferência de ADN de uma espécie para outra, aparentada
ou não. Outros riscos referem-se à ação direta destas novas proteínas sobre os componentes
do ecossistema, sejam organismos não-alvo ou outros como solo, rios ou processos
ecológicos.
A introdução em plantas de genes de resistência a insetos e a herbicidas isolados de bactérias
ou outras fontes levanta questões relativas à probabilidade e às consequências de esses genes
serem transferidos pela polinização cruzada a espécies aparentadas, principalmente plantas
daninhas que competem com as variedades cultivadas.
Conclusão
A utilização da transgênese em animas, alimentos e plantas, têm trazido inúmeros benefícios,
dentre os quais os mais ambicionados envolvem a construção de modelos genéticos para o
estudo de doenças, a utilização de mais animais como biorreatores pelas indústrias
farmacêuticas e o aumento da eficiência pecuária, sendo considerada uma poderosa
ferramenta de pesquisa, representando uma importante aplicação biotecnológica no tocante à
produção de proteínas de interesse comercial em grande escala, que resultam na melhoria da
qualidade de vida humana. Contudo, todas estas questões são circundadas quanto à
viabilidade e segurança desta técnica considerada nova, envolvendo aspectos éticos e legais
que ainda requerem melhores esclarecimentos por meio da comunidade científica (através de
mais pesquisas) aos consumidores finais, cabendo a eles optar ou não pelo consumo de tais
produtos.
Para uma maior eficiência de transformação e expressão de proteínas heterólogas em plantas,
deve-se levar em consideração a planta na qual será produzida a proteína recombinante, a fim
de se trabalhar com a que apresentar as características mais favorávies ao objetivo final.
A saúde, o bem-estar e a qualidade de vida de uma população decorrem da quantidade e
qualidade dos alimentos consumidos por uma população, assim como de seu estilo de vida. A
integridade e a biodiversidade da flora e fauna subterrânea dispõem para as plantas uma
variedade de nutrientes, o que acarreta melhor qualidade dos alimentos que ingerimos.
Entretanto, a nutrição e o resultado da interação entre o alimento que ingerimos e o nosso
organismo, isto e, o mesmo alimento pode ter efeitos distintos em pessoas diferentes.
O alimento consegue exercer totalmente sua função quando o organismo esta em condições de
assimila-lo, separar o que e aproveitável do que e dispensável, transforma-lo e transporta-lo
aos tecidos que dele necessitam.
Bibliografia

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