Irrigação Aula 02-Relação solo agua planta (nota)

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Curso Técnico em Agropecuária Irrigação e Drenagem – 2º Ano

RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA
A ÁGUA E A PLANTA
Qualquer planejamento e operação de um projeto de irrigação em que se vise à máxima produção e à boa qualidade do
produto, usando de maneira eficiente a água, requerem conhecimentos das inter-relações entre solo-água-planta-
atmosfera e manejo da irrigação.
A água de precipitação (chuva) que atinge o solo pode tomar três caminhos:
• Infiltração no solo;
• Escoamento superficial;
• Evaporação.
A água que escoa na superfície do solo forma as enxurradas, que vão desaguar nos rios, lagos e mares. Da água que se
infiltra, parte fica retida no solo e parte percola, isto é, sofre drenagem em profundidade, indo abastecer o lençol
freático.

Duas são as forças responsáveis pela retenção de água pelas partículas de solo:
• Força de adesão - atração que as partículas de solo exercem sobre as moléculas de água;
• Força de coesão - atração que as moléculas de água exercem entre si.

No solo, distinguem-se três formas de água:


• Água higroscópica - uma delgada camada localizada na superfície das partículas coloidais (argila), retida sob
alta tensão;
• Água capilar - localizada nos microporos, em grande parte utilizável pelas plantas;
• Água gravitacional - localizada nos macroporos e facilmente removida pela ação da gravidade.

A água capilar é a mais importante, porque inclui a água considerada disponível para as plantas, que fica compreendida
entre dois limites:
• Ponto de murchamento (teor de umidade no qual ocorre o murchamento das plantas);
• Capacidade de campo (teor de umidade máxima que o solo pode reter contra a ação da gravidade).

As plantas absorvem grandes quantidades de água do solo para atender às suas necessidades de crescimento e
produção. Qualquer cultura, durante seu ciclo de desenvolvimento, consome grande volume de água, sendo que cerca
de 98% deste volume apenas passa pela planta, perdendo-se posteriormente na atmosfera pelo processo de
transpiração. A soma da água perdida para a atmosfera pela transpiração e pela evaporação direta do solo é conhecida
como evapotranspiração. Esta é a quantidade de água de importância para a pratica da irrigação; visto que a água
constituinte do vegetal é, normalmente, inferior a 2% da água total absorvida.
A transpiração é necessária para o desenvolvimento vegetal e por este motivo sua taxa deve ser mantida dentro de
limites ótimos para cada cultura. Esta taxa depende, principalmente, da umidade do solo, das condições da planta e da
demanda atmosférica.
O solo funciona como um reservatório de água para fornecer às plantas à medida de suas necessidades. Como a recarga
natural deste reservatório (chuvas) é descontinua, o volume disponível às plantas é variável. Quando as chuvas são
excessivas, a capacidade de armazenamento é superada e grandes perdas podem ocorrer. Quando a chuva é esparsa, o
solo funciona como um reservatório de água imprescindível ao desenvolvimento vegetal. O esgotamento deste
reservatório, por uma cultura, exige sua recarga artificial que é o caso da irrigação.
Devido a estes fatores, o manejo correto da água é ponto fundamental em uma agricultura racional. Para o manejo
adequado da água de irrigação no solo quanto à quantidade (volume) e a frequência (turno), é necessário saber a
capacidade de retenção de água no solo, a profundidade do solo, a diminuição da água no solo e a taxa de infiltração.

• Capacidade de retenção da água no solo


Quando se irriga ou chove, água penetra no solo e preenche os seus poros (espaços vazios preenchidos com ar) e vai
sendo retida pelos agregados de acordo com a estrutura do solo. Continuando a irrigação todos os espaços e agregados
ficam cheios de água. A este ponto denominamos saturação. Cessando a irrigação, em 24 a 96 horas o fluxo de água
para e o solo atinge a chamada capacidade de campo que é a quantidade máxima de água retida nos microporos
enquanto que os macroporos ficam novamente vazios. Esta é a faixa ideal de umidade para o melhor desenvolvimento
da cultura.
O técnico/produtor deve ter sempre o cuidado para que o solo não atinja o ponto de murcha permanente antes de
iniciar nova irrigação, pois nessa faixa de umidade a cultura tem seu desenvolvimento paralisado e a partir desta
condição os danos passam a ser irreversíveis.
Tanto a capacidade de campo como o ponto de murcha permanente podem ser determinados em laboratório, através
da retirada de amostras indeformadas em diferentes pontos da lavoura para posterior analise.

• Profundidade do solo
Trata-se de um elemento bastante importante para se avaliar a quantidade de água disponível no solo. É necessário
portanto se avaliar a profundidade do solo e o comprimento e distribuição das raízes no perfil, sendo mais adequados
os níveis de 1,5 m de profundidade com 90% das raízes dispostas no primeiro metro. Sempre que a água facilmente
disponível for reduzida em mais de 50% haverá prejuízos no crescimento da cultura.

• Taxa de infiltração e diminuição da água no solo


Trata-se de um parâmetro bastante importante para se determinar a taxa de irrigação, ou seja, qual é a quantidade de
água que deve ser aplicada no solo por unidade de tempo (em geral uma hora). A taxa de infiltração não é constante do
inicio ao fim da irrigação. Quando o solo esta seco, a penetração de água inicialmente é rápida. Com o passar do tempo
ela vai diminuindo de maneira uniforme até atingir uma taxa constante denominada velocidade de infiltração básica
(VIB).
A velocidade de infiltração depende diretamente da textura e da estrutura do solo. Em solos arenosos ou mesmo em
argilosos com partículas bem agregadas (maior quantidade de macroporos), obtém-se maiores valores de velocidade de
infiltração. Para um mesmo tipo de solo a velocidade de infiltração varia com:
- a percentagem de umidade do solo na época da irrigação;
- a porosidade do solo;
- a existência de uma camada menos permeável ao longo do perfil.
Em projetos de irrigação, a intensidade de aplicação de água pelos sistemas deve ser sempre menor que a VIB para
evitar perdas por escorrimento superficial.
Características físicas do solo: As características físicas do solo influem diretamente na irrigação, particularmente no
sistema adotado, definindo o seu manejo no que se refere ao turno de irrigação e volume de água a ser aplicado por
irrigação.
Dentre as características físicas do solo que influem na irrigação, a textura e a estrutura assumem maior importância.
- Textura: Na composição do solo temos a argila, o silte e a areia, sendo que a proporção dos mesmos no solo define a
textura, que resumidamente pode ser classificada em textura grossa (arenosos), textura média (solos de textura média)
ou textura fina (argilosos).
- Estrutura: O agrupamento da areia, do silte e da argila, aliado à matéria orgânica define a estrutura de um solo. Assim,
o tamanho, a forma e a firmeza destes agrupamentos dão a classificação da estrutura.
As plantas, desde a semeadura até a colheita, passam por diferentes estádios, onde as necessidades de água variam
conforme a espécie vegetal. Geralmente, na germinação e no inicio do crescimento, a quantidade de água absorvida e
transpirada é pequena, e embora a evaporação do solo exposto seja grande, a quantidade de água a ser aplicada pode
ser menor que a normal.
A medida que a planta se desenvolve, maior quantidade de água será absorvida e menor será a evaporação do solo,
devido a maior cobertura vegetal. No seu desenvolvimento vegetativo, exigirá o máximo suprimento de água.
De maneira geral, podem-se adotar alguns procedimentos sobre o suprimento de água às plantas em seus diversos
estádios de
-Durante o crescimento vegetativo deve haver um adequado suprimento de água, sem deficiência para não reduzir o
crescimento da planta e sem excesso para não prejudicar o sistema radicular da planta;
-Para a produção de frutos ou de sementes deve-se ter um bom suprimento de água por ocasião da floração e inicio da
frutificação. Após esse período e até o inicio do amadurecimento o suprimento de água deve ser normal;
-As irrigações devem ser feitas com um volume tal que atinja a profundidade efetiva do sistema radicular da planta.
Pequenos volumes aplicados umedecem o solo à pequena profundidade, restringindo o desenvolvimento radicular a
essa área, provocando danos à planta a qualquer interrupção do fornecimento de água.

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