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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

NA CLÍNICA: O PROCESSO
PSICODIAGNÓSTICO
Claudson Santana
Psicólogo (CRP-03/IP12940)
Docente Universitário
O QUE ABORDAREMOS HOJE?

• Psicologia Clínica e psicodiagnóstico;


• Ética e técnica no psicodiagnóstico;
• Etapas do processo:
1 – Contato Inicial;
2 – Entrevista;
3 – Exame do Estado Mental;
4 – Instrumentos Psicológicos;
5 – Comunicação Verbal e Escrita na
devolutiva.
• Especificidades da avaliação psicológica
nas diferentes fases do desenvolvimento.
DEFINIÇÕES BÁSICAS
PSICODIAGNÓSTICO

É um procedimento científico de investigação e


intervenção clínica, limitado no tempo, que emprega
técnicas e/ou testes psicológicos com o propósito de
avaliar uma ou mais características psicológicasm
visando um diagnóstico psicológico (descritivo e/ou
dinâmico), construído à luz de uma orientação teórica
que subsidia a compreensão da situação avaliada,
gerando uma ou mais indicações terapêuticas e
encaminhamentos (HUTZ, et. al., 2016).
DEFINIÇÕES BÁSICAS
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

É compreendida como um amplo processo de


investigação, no qual se conhece o avaliado e sua
demanda, com o intuito de programar a tomada de
decisão mais apropriada do psicólogo. Mais
especialmente, a AP refere-se à coleta e interpretação
de dados, obtidos por meio de um conjunto de
procedimentos confiáveis, entendidos como aqueles
reconhecidos pela ciência psicológica. (CFP, 2013, p.
11)
CUIDADOS TÉCNICOS E
ÉTICOS

Importância de possuir conhecimentos específicos da área


de avaliação psicológica e/ou psicodiagnóstico;

A prática de diagnóstico psicológico, bem como a realização


de um psicodiagnóstico, é atribuição exclusiva do
profissional da Psicologia (BRASIL, 1962)

Código de ética: Art. 1º


b) Assumir responsabilidades profissionais somente
por atividades para as quais esteja capacitado pessoal,
teórica e tecnicamente.
CUIDADOS TÉCNICOS E
ÉTICOS

Necessário o cuidado com os aspectos pessoais do


psicólogo;

Uma prática ética e a atualização profissional só ocorrem


com a possibilidade de abertura ao novo, com autocrítica
quanto ao fazer diário, refletindo sobre a relação de seus
desejos pessoais e suas escolhas profissionais.
“É fundamental que todo psicólogo que
realiza psicodiagnóstico tenha um
espaço particular de reflexão e análise
no qual possa trabalhar a si mesmo e
diminuir possíveis pontos cegos que
fazem parte de qualquer processo em
que o objeto avaliado se assemelha ao
objeto que avalia” (HUTZ, et. al., 2016).
FORMAÇÃO EM PSICODIAGNÓSTICO

▹O psicólogo clínico deve:


▸Realizar a avaliação da pertinência do diagnóstico;
▸Realizar o diagnóstico diferencial;
▸Identificar forças e fraquezas do paciente e de sua
rede de atenção;
▸Ampliar a compreensão do caso;
▸Refletir sobre encaminhamentos necessários.
FORMAÇÃO EM PSICODIAGNÓSTICO

▹Psicodiagnóstico:
▸Processo bipessoal;
▸Duração limitada no tempo, com número definido de
encontros;
▸Busca descrever e compreender as forças e as
fraquezas do funcionamento psicológico de um
indivíduo.
▸Utiliza entrevistas, técnicas e/ou testes psicológicos
para compreender as potencialidades e as
dificuldades apresentadas pelo avaliando;
▸Tem base em uma teoria psicológica.
Cunha (2000) afirma que os objetivos do
psicodiagnóstico são:

▸Classificação simples;
▸Descrição;
▸Classificação nosológica;
▸Diagnóstico diferencial;
▸Avaliação compreensiva;
▸Entendimento dinâmico;
▸Prevenção;
▸Prognóstico;
▸Perícia forense.
▹Se houver a utilização da testagem psicológica, a escolha
das estratégias e dos instrumentos a serem empregados é
feita sempre de acordo com o referencial teórico, com a
finalidade e com o objetivo do psicodiagnóstico;

▹Psicodiagnóstico Interventivo (devolutiva com efeitos


terapêuticos);

▹Diagnóstico é “secundário” – estamos tentando entender o


que se passa com o sujeito em dado momento de sua vida e
de quais recursos dispõe para que seja possível formular
recomendações terapêuticas adequadas.
PASSOS EM PSICODIAGNÓSTICO

▹Determinar os motivos da consulta e/ou do encaminhamento


e levantar dados sobre a história pessoal (dados de natureza
psicológica, social, médica, profissional, escolar);

▹Definir as hipóteses e os objetivos do processo de avaliação.


Estabelecer contrato de trabalho (com o examinando e/ou
responsável);

▹Estruturar um plano de avaliação (selecionar instrumentos


e/ou técnicas psicológicas);
PASSOS EM PSICODIAGNÓSTICO
▹Administrar as estratégias e os instrumentos de avaliação;

▹Corrigir ou levantar, qualitativa e quantitativamente, as


estratégias e os instrumentos de avaliação;

▹Integrar os dados colhidos, relacionados com as hipóteses


iniciais e com os objetivos da avaliação;

▹Formular as conclusões, definindo potencialidades e


vulnerabilidades;

▹Comunicar os resultados por meio de entrevista de


devolução e de um laudo/relatório psicológico. Encerrar o
processo de avaliação.
O CONTATO INICIAL

 O contato telefônico;

 A chegada ao consultório;

 O contrato;

 A relação terapêutica:
1- Empatia na relação;
2- Características do psicólogo;
3- Características do paciente.
O CONTATO INICIAL

 A relação terapêutica - Características do psicólogo:

Habilidades para transmitir segurança, cuidado,


compaixão e empatia, percepção de
profissionalismo e qualificação;
Amadurecimento pessoal;
Atenção aos próprios sentimentos.
A ENTREVISTA PSICODIAGNÓSTICA

▹Tem como objetivo


conhecer o paciente que
chega para a avaliação e
compreender o motivo do
psicodiagnóstico;

▹É importante nos
abastecermos do maior
numero e das mais variadas
fontes de informação.
1ª Etapa – Paciente encaminhado para avaliação
Contato com a fonte de encaminhamento para levantamento de informações

2ª Etapa – Entrevista com pacientes e responsáveis

Paciente adulto
A primeira entrevista
geralmente é
realizada com o
próprio paciente

3ª Etapa – Entrevista com outras fontes de informação


Sempre com autorização do paciente e/ou responsáveis, pode-se coletar informações
de outras fontes, como familiares, professores, outros profissionais que acompanhem
o paciente.
O EXAME DO ESTADO MENTAL

Avaliação acurada e sistemática (descrição,


identificação, reconhecimento e nomeação
adequada) de sintomas objetivos (sinais
diretamente observáveis) e subjetivos
(sintomas não observáveis diretamente) dos
transtornos mentais, das crises vitais e
condições similares (sem transtorno mental,
mas com sintomas presentes) e das
condições clínicas de outra natureza
(doenças físicas ou somáticas,
especialmente neurológicas, efeitos
colaterais de medicamentos, etc.).
INSTRUMENTOS PSICOLÓGICOS

 Os testes psicológicos são instrumentos de avaliação ou


mensuração de características psicológicas, constituindo-se um
método ou uma técnica de uso privativo do psicólogo, em
decorrência do que dispõe o § 1° do art. 13 da lei no 4.119/62.
(Resolução CFP 002/2003);

 Os testes psicológicos são procedimentos sistemáticos de


observação e registro de amostras de comportamentos e
respostas de indivíduos com o objetivo de descrever e/ou
mensurar características e processos psicológicos,
compreendidos tradicionalmente nas áreas emoção/afeto,
cognição/inteligência, motivação, personalidade, psicomotricidade,
atenção, memória, percepção, dentre outras, nas suas mais
diversas formas de expressão, segundo padrões definidos pela
construção dos instrumentos. (idem)
INSTRUMENTOS PSICOLÓGICOS

Classificação:
• Quanto à resposta:
 Testes com respostas corretas: Funcionamento cognitivo,
conhecimento, habilidades ou capacidades;
 Testes nos quais não há respostas corretas: Inventários,
questionários, levantamentos, testes de personalidade,
motivações, preferências, atitudes, interesses, opiniões,
reações características.
• Quanto à forma de avaliar:
 Testes Psicométricos;
 Testes Projetivos;
 Testes Expressivos.
INSTRUMENTOS PSICOLÓGICOS

A Escolha dos Instrumentos:

 Que atributos ou características se quer avaliar:


personalidade, atenção, inteligência etc.;
 Quais as técnicas disponíveis e aprovadas: técnicas que
constam na lista do CFP como aprovadas;
 Idade, escolaridade, nível socioeconômico etc. do testando:
perfil da pessoa a ser avaliada;
 Familiaridade com o instrumento: ter conhecimento prévio
do material antes de sua aplicação;
 Qualidade do instrumento: confiabilidade do material
mediante indicação ou não do CFP;
 Materiais originais: utilização de materiais da editora e nunca
fotocópias.
COMUNICAÇÃO VERBAL E ESCRITA

 Propiciar um tempo razoável para esse momento;


 Utilizar uma linguagem não técnica, clara e acessível;
 Nortear a devolução de informações a partir das questões do
avaliando e de sua família;
 Ouvir cada um e dar oportunidade para que todos se expressem,
questionem e processem as informações;
 Respeitar o sofrimento, as resistências e as limitações de cada
um;
 Mostrar que os sintomas não são os únicos, nem os maiores
problemas do avaliando, pontuando suas relações e significados;
 Discutir a organização do ambiente que cerca o avaliando, os
cuidados, o lazer, as tarefas escolares e diárias, seus
compromissos, a sobrecarga de atividades ou o estado de
abandono em que se encontra.
COMUNICAÇÃO VERBAL E ESCRITA

 Esclarecer a importância do brincar, do lazer, da sexualidade, das


sublimações, das resistências e dos bloqueios;

 Observar e esclarecer pontos dúbios;

 Discutir a necessidade e a viabilidade dos encaminhamentos


terapêuticos indicados, assim como ajudar o avaliando e seus
responsáveis na organização prática quanto à busca de recursos.
COMUNICAÇÃO VERBAL E ESCRITA

 Elaboração de documentos escritos decorrente de avaliação


psicológica: a Resolução nº 007/2003;
 Principais pontos:
1- Domínio da língua escrita;
2- Domínio da linguagem técnica da profissão;
3- Cuidados técnicos na elaboração dos documentos;
4- Princípios éticos.
Finalidade:

Apresentar os procedimentos e conclusões geradas pelo processo de


avaliação, relatando sobre os encaminhamentos, as intervenções, o
diagnóstico, prognóstico e evolução do caso, orientação e sugestão de
projeto terapêutico, bem como, caso necessário, solicitação de
acompanhamento psicológico, limitando-se a fornecer as informações
necessárias relacionadas à demanda, solicitação ou petição.
“Abaixo do nível da situação-problema sobre a qual o
indivíduo está se queixando atrás do problema com os
estudos, ou esposa, ou patrão, ou com seu próprio
comportamento incontrolável ou bizarro, ou com seus
sentimentos assustadores, se encontra uma busca central.
Parece-me que no fundo cada pessoa está perguntando:
“Quem sou eu, realmente? Como posso entrar em contato
com este eu real, subjacente a todo o meu comportamento
superficial? Como posso me tomar eu mesmo?” (Carl
Rogers)
Muito Obrigado!!

Contato:
Claudson.cerqueira@gmail.com

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