No Capítulo 21 do livro "Técnicas em Gestalt: Aconselhamento e
Psicoterapia", os autores Phil Joyce e Charlotte Sills abordam a questão do
trauma e de como a Gestalt-terapia pode ajudar no processo e integração dessas experiências.
Os autores começam o capítulo discutindo o conceito de trauma e suas
diversas formas de manifestação, desde eventos únicos e extremos até experiências mais sutis e cotidianas. Eles explicam como o trauma pode afetar a percepção e a experiência subjetiva do indivíduo, bloqueando a sua capacidade de estar presente agora e levando a uma fragmentação da experiência, ou seja, a autocensura é o processo pelo qual reprimimos pensamentos, sentimentos e comportamentos que consideramos inaceitáveis ou inadequados. Embora a autocensura possa ser útil para manter a harmonia social, ela pode impedir a auto-expressão saudável e, em última análise, levar a uma sensação de discordância interna. Na terapia gestaltista, a autocensura é vista como um obstáculo para a autenticidade e a espontaneidade.
Em seguida, os autores discutem a abordagem Gestalt-terapêutica para
trabalhar com o trauma, que envolve um processo de reconhecimento, conscientização, experimentação e integração. Eles explicam como essas etapas podem ajudar o indivíduo a dar significado ao seu trauma, tornando-o parte de sua história e permitindo que ele seja integrado em sua identidade.
Os autores apresentam uma sequência de tratamento sugerida, para
que possamos trabalhar durante um período, mesmo que as sessões possam entrar em estágios diferentes, dessa forma pode-se trabalhar de acordo com as necessidades do momento:
Apoie o cliente para que ele enfrente a lembrança traumática;
Ofereça uma relação relacional harmônica Administre os sintomas e mantenha o cliente na janela da tolerância Facilite expressões de emoções que estavam retro-fletidas à época; Revele sistemas de crenças supercentralizados ou imprecisos; Retreino o foco de atenção; Mantenha um foco naquilo que é positivo; Descubra que movimentos ou ações inacabadas precisam ser completas; Reforce limites competentes.
Os autores apresentam várias técnicas Gestalt-terapêuticas que podem
ser úteis no processo de integração do trauma, como o uso de cadeiras vazias, a escultura do SELF e a experimentação corporal. Eles destacam a importância de trabalhar com o corpo e as sensações físicas como parte do processo de integração do trauma.
Em termos de crítica, o capítulo apresenta uma boa visão geral do
processo de Gestalt-terapia para trabalhar com o trauma que pode ser um problema muito complexo que requer uma abordagem multidisciplinar que possa envolver outras terapias, como a psicanálise e a terapia cognitivo- comportamental.
Em resumo, o Capítulo 21 do livro "Técnicas em Gestalt:
Aconselhamento e Psicoterapia" oferece uma abordagem útil e interessante para trabalhar com o trauma na perspectiva Gestalt-terapêutica. Embora a abordagem possa parecer limitada, as técnicas apresentadas podem ser úteis em conjunto com outras terapias para ajudar o indivíduo a processar e integrar suas experiências traumáticas e alcançar um maior equilíbrio emocional e psicológico.