Você está na página 1de 13

Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT)

Introdução

Neste artigo, vamos apresentar uma introdução da Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT)
e o propósito fundamental é que ele sirva como uma primeira aproximação a uma forma de
trabalho que envolve muito mais que um conjunto novo de técnicas ou estratégias de
intervenção, implica uma mudança na forma de ver o mundo que parte dum compromisso
profundo e intenso com a dignidade do sofrimento humano. Dada as características dum texto
introdutório, há muitos pontos que não podemos aprofundar, e por isto convidamos ao leitor
aprofundar em algumas das referências que são incluídas ao final do capítulo.
Primeiramente apresentaremos os princípios básicos subjacentes à ACT, e logo
exemplificaremos algumas das intervenções que usamos na ACT focadas em processos
específicos.

O que é a ACT?
ACT é uma terapia baseada no CF, e por isso seu interesse fundamental e predizer e influir nos
comportamentos, com parcimônia, alcance e profundidade, para o qual parte dum análise dos
contextos que influem no comportamento e das funções dele. Entre os diferentes contextos
que influem no comportamento (ambiental, relacional, etc.) a ACT dirige o foco para um
contexto tipicamente humano, o contexto verbal.
O modelo psicopatológico da ACT parte da ideia de que o sofrimento humano é, em
grande parte, sofrimento verbal, ou seja, determinado pelos contextos verbais. Assim, o
sofrimento psíquico é o resultado das operações linguísticas em si mesmas e do uso excessivo
destas como um meio de regulação comportamental, que é reforçado pela comunidade
verbal. Enfraquecer o impacto desses contextos verbais aversivos sobre o comportamento
humano é um dos principais objetivos da ACT (Hayes, Strosahl & Wilson, 2012).
A ACT é uma terapia comportamental contextual. Desde esse ponto de vista assume-
se que os problemas que as pessoas têm que afrontar estão baseados em sua história pessoal,
a qual é o contexto das maneiras específicas que as pessoas têm para derivar pensamentos e
emoções e para reagir a eles. Em ACT a abordagem psicoterápica parte de uma revisão
contextual do problema do cliente, em que o objetivo da terapia é o abandono da luta contra
os sintomas e, em seu lugar, a reorientação para a vida. Para isso, o nosso trabalho centra-se
na análise funcional do comportamento clínico, o qual dificulta para o cliente em ter uma vida
voltada para o que é importante para ele, e para a geração de contextos verbais facilitadores
de uma vida orientada a valores.
A tarefa do terapeuta visa gerar contextos em que o cliente possa vivenciar emoções,
sentimentos e lembranças, alguns deles muito dolorosos, sem procurar que a ansiedade ou
emoções sejam extintas, mas com o propósito de treinar o cliente para uma disposição flexível
e aberta a essas experiências (Luoma, Hayes e Walser, 2007) e esclarecer o que é importante
em sua vida, abrindo a possibilidade de redirecionar sua vida em direção a isso (Sandoz, Wilson
e Dufrene, 2010) usando a relação terapêutica como um campo de trabalho.
Assim, o objetivo da ACT e gerar contextos verbais que evoquem comportamentos
baseados numa maior tomada de perspectiva em relação com o mundo interno, um maior
conhecimento dos antecedentes e consequências que influem no comportamento (maior
sensibilidade para os contextos e funções), e contextos que evoquem comportamentos
guiados pelas funções apetitivas de aquilo que é mais valioso para a pessoa.
Os três pilares da Flexibilidade Psicológica

Ainda quando o objetivo geral da ACT é mais o menos compartilhado na literatura, em termos
específicos podemos notar que os processos psicológicos considerados centrais para alcançar
estes objetivos e a maneira de conceituar eles foram mudando ao longo da história da ACT.
Sem embargo, o termo de flexibilidade psicológica tornou-se uma maneira de
organizar o trabalho em ACT e um objetivo das intervenções. Tradicionalmente, a Flexibilidade
psicológica é definida como a habilidade para contatar o momento presente em sua totalidade
como um ser humano consciente e, baseado naquilo que a situação oferece, agindo de acordo
com seus valores. Uns dos modelos mais utilizados para representar conceitualmente a FP tem
sido o hexaflex (colocar figura). O hexaflex é um hexágono, onde cada vértice corresponde a
um processo que compõe a flexibilidade psicológica. É importante ressaltar que a
diferenciação destes seis processos é puramente pragmática no sentido de que permite
identificar as diferentes facetas de flexibilidade psicológica, a fim de projetar intervenções
orientadas em diferentes aspectos do comportamento. No entanto, não há nem características
nem entidades independentes.
Talvez uma das dificuldades fundamentais do modelo Hexaflex seja postular termos de
"nível médio", que não correspondam facilmente com os processos comportamentais básicos
(Schoendorff, Webster, e Polk, 2014), o que leva certa ambiguidade em sua definição. Por isto,
foram desenvolvidos outros modelos com o objetivo de simplificar o Hexaflex. Entre eles,
consideramos que o modelo dos “Três Pilares” de Stroshal (2012) pode ser útil para treinar
ACT em pessoas que ainda não tem muito conhecimento do modelo, já que um modelo
simples y que reduz os processos do hexaflex em três processos centrais (ver figura 2). Por
isto, na seguinte parte do capítulo vamos apresentar um exemplo de abordagem baseado
em ACT partindo duma caso clínico, organizando as intervenções em relação com uma
conceituação baseada nos três pilares. Já que não se trata de um capítulo teórico, só
vamos apresentar resumidamente cada um dos pilares, com o objetivo de que seja mais
visível a função de cada intervenção.   

Aplicações e Técnicas
Nesta parte do capítulo nos apresentaremos algumas das principais intervenções da ACT, más
dado que a ACT é uma terapia baseada em processos ou habilidades amplas que são
interdependentes com as intervenções, é impossível apresentar este ponto sem apresentar as
bases conceituais mesmas. Obviamente, tivemos que escolher um modelo e, já que o Hexaflex
apresenta muitas dificuldades, temos escolhido o modelo dos “Três Pilares” de Stroshal
(2012)
Como nós já dizemos, o objetivo terapêutico em ACT é Flexibilidade Psicológica, definida como
a disponibilidade ativa para entrar em contato com a experiência no momento presente, de
forma consciente e sem defesa, a serviço do que é importante para a pessoa (Hayes, Strosahl
& Wilson, 2012). Deste modo, podemos considerar que a Flexibilidade Psicológica é o
resultado de três processos comportamentais funcionalmente definidos:

Aberto: Tem a capacidade de se abrir para experimentar experiências não desejadas


sem lutar com elas. Sua conduta é moldada por resultados e não por regras ineficazes.

Centrado: Tem a capacidade de notar desde o momento presente e de tomar


perspectiva de e desde seu Eu e a sua história

Comprometido: Clareza e conexão com o que é importante para ele. Com capacidade
de realizar ações baseadas no que é importante

Caso
Gabriela é estudante de psicologia e vem para terapia já que há já um tempo que sente que
não pode com tanta pressão. Estuda todo o dia para ter um bom rendimento mais ainda assim
sente que o esforço não é suficiente. Sente muita culpa quando não pode estudar o que acha
que deveria, e tem dificuldades para dormir pela noite, já que fica com muitas preocupações e
ruminando sobre o que não fez durante o dia. Ao mesmo tempo, sente que precisa ser mais
amável com ela mesma e que está muito cansada de tanto se exigir. Ela acha que só será
respeitada se é uma excelente estudante e uma profissional destacada

Conceitualização desde o pilar Aberto

Não é fácil agir congruente com nossos valores, principalmente quando passamos por
situações desafiadoras geradoras de ansiedade, frustração, raiva, fadiga, e toda uma gama de
emoções desagradáveis. Gabriela sofre ao apresentar dificuldades em entrar em contato com
seus eventos privados e como consequência, tem vivenciado um aumento da ansiedade e
desconforto persistente, baseada em parte em se apresentar fusionada com pensamentos
como “não estou me esforçando o suficiente”, “preciso me destacar para que me respeitem”,
“preciso ser a melhor”. Adicionado a isso, pensamentos avaliativos adicionais podem aparecer
e aumentar o desconforto: “todos vão perceber que sou um fracasso”, “meus colegas de sala
não gostam de mim”, “não vou conseguir fazer uma boa apresentação”. Esses pensamentos
podem aparecer concomitante a intensas e desagradáveis vivências emocionais (ex.: culpa), as
quais Gabriela tenta “escapar” dirigindo toda sua energia e momentos livres frequentando a
biblioteca.
De fato, a crença de que devemos modificar, controlar ou suprimir pensamentos ou
sentimentos que são causadores de dor, sofrimento ou, de forma geral, contra produtivos,
está fortemente enraizada em nossa cultura. Se queremos viver uma vida produtiva e
significativa, devemos estar motivados ou nos livrar de nossa ansiedade, tristeza ou quaisquer
sentimentos ou pensamentos que nos causem desconforto.
Nesse sentido, Hayes et al (1999) enfatiza que não há pensamentos, sentimentos ou
outras experiências privadas que são falhas ou “erradas”, e distúrbios psicológicos e angústia
não são inerentemente patológicos em si. Pelo contrário, é a forma como os indivíduos se
relacionam com essas experiências privadas através da linguagem e cognição que é
potencialmente prejudicial, por exemplo, através da suposição de que essas experiências
devem ser controladas ou suprimidas para reduzir o sofrimento ou através de uma confiança
excessiva nas crenças, regras, medos e julgamentos na regulação do comportamento.
Em contraste com muitos modelos teóricos que procuram modificar, controlar ou
suprimir esses eventos privados, a ACT enfatiza a aceitação como alternativa para a esquiva
experiencial, e esta é cultivada em terapia para contrariar os esforços do cliente no sentido de
evitar as suas experiências privadas difíceis. Importante frisar, no entanto, que a aceitação não
é enquadrada como sendo um fim em si mesma, mas é desenvolvida e cultivada para permitir
mudanças consistentes em valores que ocorrem no mundo externo do indivíduo (Cullen,
2008).
Aceitação, como entendida em ACT, é uma habilidade e, como qualquer outra
habilidade, pode ser aprendida. Contrariamente ao senso comum e sua ênfase na passividade,
caracteriza-se por ser uma ação ativa e intencional da pessoa no sentido de abraçar
pensamentos, sentimentos e sensações físicas, mesmo, e principalmente, aqueles geradores
de dor e sofrimento. Hayes et al. (1999, p.77) definiram aceitação como “uma tomada ativa de
um evento ou situação…abandono de agendas disfuncionais de mudança [dos sintomas] e um
processo ativo de sentir sentimentos como sentimentos, pensar pensamentos como
pensamentos ... e assim por diante”.
O terapeuta da ACT encoraja a aceitação através do uso de metáforas e técnicas de
mindfulness. O cliente é encorajado a experimentar estados afetivos e sensações corporais,
como a ansiedade, no momento em que ocorrem, em vez de tentar controlar a frequência ou
intensidade de tais sentimentos. Nesse sentido, uma primeira tarefa é entender o que não
pode ser controlado (pensamentos, emoções, sensações corporais, imagens mentais), o que
pode (o comportamento e o ambiente físico) e aceitar que pensamentos e emoções podem ser
úteis ou não ao agir congruente com os valores.
Após esclarecer diversos pensamentos e sentimentos dolorosos que Gabriela tem
tentado evitar e as estratégias que ela tem utilizado para isso, a metáfora do homem no
buraco é usada.
T: Então Gabi, você está nesse buraco, cavando aqui, ali, cada vez mais fundo...mas o
que está acontecendo?
C: O buraco está ficando cada vez maior e mais fundo né!
T: Uhum...e você com mais vontade ainda de sair fora dele....então cava com mais
vontade.
C: Putz....acho que é isso que tenho feito sem perceber. Fico tentando variações das
mesmas coisas várias vezes e só indo cada vez mais fundo nesse buracão.
T: Gabi, você fez o que pode fazer até agora. Você tinha uma pá e fez o que se faz com
ela....cavou. O que quero saber é se você está disposta a largar essa pá e tentar algo diferente.

Em um contexto terapêutico, algum grau de aceitação está sempre presente, já que o


cliente e o terapeuta devem minimamente "absorver" que existe um problema para trabalhar
nele (Linehan, 1994). A aceitação envolve abrir espaço para pensamentos, sentimentos,
sensações, impulsos, imagens mentais e memórias, onde o cliente é encorajado a adotar uma
postura de abertura e disponibilidade em face das difíceis experiências internas que os seres
humanos inevitavelmente enfrentam. A noção de aceitação em ACT representa a antítese da
ideia de que os sintomas devem ser controlados ou evitados e que os pensamentos e
sentimentos difíceis precisam estar ausentes para que mudança terapêutica e saúde
psicológica possa ocorrer.
O Pilar de Abertura enfatiza a habilidade que a pessoa desenvolve para experienciar
eventos privados, que são dolorosos, de forma direta, sem procurar avalia-los ou lutar contra
eles. A ausência dessa abertura conduz a um maior seguimento de regras que fortalecem o
controle, a supressão ou a esquiva das vivências privadas. Essa rigidez afeta a relação com as
experiências do aqui-e-agora, diminuindo a sensibilidade as contingências do contexto
vivencial limitando a habilidade da pessoa em lidar com as situações forma nova e criativa.
Essa inflexibilidade psicológica também limita sua habilidade para estabelecer objetivos
significativos assim como planos de ação que sejam pragmáticos, além de dificultar a
percepção e o engajamento no que é significativo.
Entre os fatores relacionados a inflexibilidade psicológica, o trabalho nesse pilar
envolve
1. Esquiva experiencial
2. Fusão cognitiva

Esquiva experiencial
É o oposto da aceitação, a experiência voluntária de pensamentos, emoções,
sensações corporais à medida que surgem, sem esforços para evitar ou controlá-los (Hayes et
al., 1996). Esquiva experiencial é um termo geral que engloba tipos mais específicos de
esquiva, como a esquiva cognitiva (por exemplo, distrair da preocupação), esquiva emocional
(por exemplo, tentar suprimir a tristeza) e esquiva comportamental (por exemplo, evitando
situações que induzem excitação fisiológica e acompanhadas de sensações interoceptivas).
Esquiva experiencial é uma categoria ampla de regulação emocional para
experiências percebidas como negativas e inclui a) a falta de vontade de permanecer em
contato com a experiência privada aversiva (sensações corporais, pensamentos, sentimentos,
emoções, memórias etc); e b) medidas tomadas para evitar, alterar ou controlar o contato ou a
exposição a estímulos que podem desencadear essas reações (Hayes et al, 1999). No entanto,
tentativas de mudar experiências negativas, envolvendo-se na esquiva experiencial como uma
estratégia de regulação de emoções pode reduzir a flexibilidade de um indivíduo em lidar com
situações desagradáveis, que podem ser prejudiciais à sua qualidade de vida (Kashdan et al.,
2006).
Em ACT não se trabalha a forma dos eventos privados, mas sua função (desativação de
funções da linguagem) alterando assim, os contextos verbais que promovem e mantêm a
esquiva experiencial não funcional, colocando-se em evidência a aceitação. Mesmo quando se
foca na forma, o objetivo é também para ampliar sua função.
Dentre as diversas formas de se abordar a esquiva experiencial e aumentar a abertura
para o trabalho que se seguirá, destaca-se a desesperança criativa, que e voltada para o
enfraquecimento da esquiva experiencial do cliente, evidenciando seu caráter problemático,
para que tanto o terapeuta quanto o cliente tenham espaço para o trabalho terapêutico. A
desesperança criativa é parte do trabalho de aceitação. As intervenções utilizando a
desesperança criativa podem assumir diversas formas, mas todas envolvem explorar, com
abertura e curiosidade, a agenda do controle emocional. Procura-se criar uma sensação de
desesperança com relação ao apego a essa agenda, ou em outras palavras, confrontar essa
agenda.
Uma breve descrição dos passos para o uso da desesperança criativa ocorre da
seguinte maneira: em um primeiro momento, investiga-se as razões da busca de tratamento
em um dado momento de tempo, assim como coleta-se informações com relação as
percepções do problema por parte do cliente. Dessa forma, a postura do cliente com relação a
pensamentos, sentimentos, sensações, imagens mentais e narrativas pessoais desconfortáveis
ou dolorosas, assim como quais estratégias o cliente tem se utilizado para e evitar ou controlar
esses eventos privados, se revelam. Juntos, cliente e terapeuta geram uma lista das estratégias
que o cliente utilizou e constatam que todas as tentativas de controle não funcionaram. A
seguir, busca-se destacar a invalidez de tentar controlar, suprimir ou se ver livre dos nossos
produtos internos, e introduz-se a ideia de que aquelas estratégias, inclusive a terapia, não
funcionaram simplesmente porque não funcionam. O cliente é informado de que os
pensamentos, sentimentos, sensações, imagens mentais não irão desaparecer, basicamente
porque esse não é um objetivo possível. Enfatiza-se também o sofrimento envolvido na busca
desse controle, assim como o custo em termos da luta do cliente, preso em uma batalha que
não pode ganhar, ao invés de se engajar em estratégias em direção a uma vida que valha a
pena ser vivida.

T: O que você está me dizendo é que não está conseguindo lidar com as atividades em
que se envolveu e que tem se sentido sobrecarregada e se afastando de coisas que você
gostaria de fazer, como estar em um bom emprego e finalizar seus estudos.
C: Sim, é isso.
T: Gabriela, me conta sobre os pensamentos, sentimentos, emoções, sensações que
você tem tentado evitar ou se livrar
C: Então, fico o dia todo pensando que não estou me dedicando o suficiente para
conseguir o que quero. Não consigo parar de pensar que as pessoas não me respeitam porque
acham que sou burra.
T: Existem sentimentos que aparecem com esses pensamentos?
C: Que desastre que eu sou....me sinto culpada...me sinto abandonada.
T: (um pouco de silêncio, refletindo sobre ok que ouviu): Estou me sentindo tocado
pelo que você me disse. É muito esforço, muita luta.
C: Sim, e estou cansada dessa luta.
T: O que você tem feito para lidar com tudo isso?
Junto com Gabriela, elaboramos uma lista de todos os esforços feitos para lidar com
seus problemas.
T: Então Gabriela, nós acabamos de criar uma lista das diferentes estratégias que você
tem tentado para tentar se livrar desses problemas....(pausa longa para reflexão)....e no
entanto, aqui está você.
C: sim, nada funcionou...nada.
T: E se o que sua experiência está lhe dizendo aqui for realmente o caso? E se todas
essas tentativas não funcionaram simplesmente porque não funcionam?
C: (olhos se enchem de lágrimas) Então estou perdida? O que eu faço?
T: Bem, é isso que vamos trabalhar juntos aqui. ACT, a minha abordagem, é
justamente sobre uma forma diferente de lidar com esses sentimentos e pensamentos
dolorosos.

Fusão cognitiva

A fusão cognitiva refere-se ao excesso e tendência inapropriada a agir de acordo com o


conteúdo literal dos pensamentos do que como processo contínuo de pensamento (Hayes et
al., 2006). Durante este processo, um indivíduo torna-se mais guiado por regras e relações
verbais, em oposição a ser guiado por outros aspectos do meio ambiente no momento
presente (Hayes et al., 2006). É a dominação dos próprios produtos internos (sentimentos,
pensamentos, sensações corporais, imagens mentais) sobre o seu comportamento na ausência
de auto-monitoramento e regulação. Assim, uma pessoa se torna "fusionado" com um
pensamento se acredita que este é uma representação literal do mundo. Isso é
particularmente problemático quando contribui para comportamentos que levam um
indivíduo para longe de seus valores, do que considera significativo em sua vida.
O inverso da fusão é a desfusão cognitiva, que é o processo de se tornar
conscientes das experiências internas (sentimentos, sensações corporais, imagens mentais,
narrativas pessoais e pensamentos) difíceis, permitindo que esses produtos estejam presentes,
e eventualmente abraçando-os e aceitando-os, reduzindo assim a esquiva experiencial (Cullen,
2008). A fusão cognitiva serve como sustentáculo para a esquiva experiencial.
A desfusão cognitiva é o processo de dar um passo para trás e olhar para a linguagem
sem deixar a linguagem influenciar o comportamento. Este processo envolve o
reconhecimento dos pensamentos e emoções como eventos privados (palavras, sons,
sensações e imagens) que estão em um estágio constante de mudança. Uma vez que os
pensamentos ou emoções podem ser neutralizados, sua importância e impacto no
comportamento decresce. Passos para promover a desfusão cognitiva, em última análise,
contribuem significativamente para desenvolver flexibilidade psicológica. Técnicas de desfusão
são usadas no ACT quando há algum evento que gera padrões de comportamento estreitos e
inflexíveis, e quando essas inflexibilidades são obstáculos para que nossos clientes se movam
ativamente na direção de um valor escolhido.
Dessa forma, procura-se, como objetivo terapêutico, reduzir a credibilidade dos
pensamentos inúteis, em vez de reduzir a frequência ou alterar o seu conteúdo, limitando a
sua factibilidade ao mesmo tempo que se busca promover, assim, uma maior tomada de
perspectiva e compreensão. Nesse sentido, Bond et al (2006) apontam que a desfusão
cognitiva interrompe a cadeia do comportamento negativo baseado em regras, permitindo ao
indivíduo ter consciência dos eventos, pensamentos ou sentimentos internos, identifica-los
como positivo ou negativo, e continuar a tomar decisões baseadas em valores. Esse processo
produz consequências no desenvolvimento da flexibilidade psicológica, que é a capacidade de
permitir-se sentir, lembrar e discutir eventos difíceis sem defesas, e na flexibilidade cognitiva, a
capacidade para adaptar-se a mudanças (Gaudiano, 2010). Existem muitas estratégias para
ajudar nesse processo, como utilizar técnicas de relaxamento, dizer uma palavra difícil ou
pensamento rapidamente, e falar em voz alta (Cullen, 2008). Quanto mais um sentimento ou
pensamento for aceito, mais provável que o sofrimento associado ao sentimento ou
pensamento diminua.
Gabriela acredita que só será respeitada se for uma excelente estudante e uma
profissional destacada. Apresenta, também, sentimento de culpa, preocupações e
pensamentos intrusivos e, por conseguinte, tem dificuldades do sono. A partir do Pilar Aberto
observamos a rigidez de seus comportamentos atrelados a sua tendência em estar sob
influência de regras diretamente relacionadas ao controle. Por consequência, procura
controlar, evitar ou mesmo eliminar aspectos que ativam pensamentos e emoções
ameaçadoras.
É importante ressaltar que atuar em fusão com essas regras parece desempenhar um
papel importante nessas estratégias problemáticas, já que o comportamento fusionado com
uma determinada regra aumenta ainda mais o risco de fazer coisas que, a longo prazo, tenham
efeitos negativos e restritivos na vida de uma pessoa. A fusão cognitiva não é necessariamente
vista como problemática, mas apresenta desafios para os indivíduos quando tal “fusão” leva a
respostas rígidas que resultam em consequências prejudiciais, como é o caso de Gabriela.

G: Minha mente diz que é importante ser a primeira e que só assim vão me respeitar.
T: Você está me dizendo que tem um pensamento “que é importante ser a primeira” e “só
assim vão te respeitar”. Quais outros pensamentos aparecem quando você sente que deve ser
a primeira e que só assim vão te respeitar”?
G: Me sinto meio que um peixe fora d´água na sala de aula. As vezes acho que tem algo errado
comigo.
T: “Tem algo errado comigo”. Quando ele aparece, quais outros pensamentos surgem?
G: Que eu sou uma estranha, uma idiota e que não vou conseguir o respeito de ninguém.
T: Muito duros esses pensamentos: “eu sou uma estranha”, “uma idiota” “ninguém vai me
respeitar”. Gabi, quais sentimentos surgem nesses momentos?
G: Fico triste e me sinto culpada por não conseguir mudar.
Gabriela tem pensamentos como “sou uma idiota” ou “ninguém vai me respeitar” e
fusiona-se com eles, ou seja, não é capaz de percebê-los como simplesmente um pensamento,
assumindo-os como sendo literalmente verdadeiros. Suas tentativas de regular essas
experiências internas (ex.: estudando durante todo o dia) parecem, paradoxalmente,
intensificar o seu sofrimento, afetando, entre outros, o seu sono, quando se percebe invadida
por preocupações e ruminações.
Esses eventos privados condicionados, sobre os quais Gabriela tem pouco ou nenhum
controle, acabam por ser considerados motivos para seu comportamento e, assim, uma
quantidade enorme de esforço desnecessário é gasto na tentativa de regulação dessas
experiências internas, afastando sua atenção do aqui-e-agora e diminuindo sua sensibilidade
as contingências que estão em seu momento presente e que podem ser fontes de
oportunidades em direção a uma vida significativa.
Técnicas de desfusão tentam alterar o impacto de pensamentos e outros eventos
internos, ao invés de seu conteúdo, tentando mudar as formas pelas quais os indivíduos se
relacionam com eles (Hayes et al., 2006). Nesse sentido, utilizamos o exercício “rotulando os
pensamentos como o que eles são”.
T: Gabriela, uma maneira de notar os pensamentos antes que eles passem despercebidos é
rotulá-los como o que são. Isso também pode ser feito com sentimentos, emoções, sensações
corporais, memórias, narrativas pessoais, imagens mentais e impulsos. Em vez de dizer ou
pensar “ninguém vai me respeitar”, você pode adicionar uma frase e dizer “Estou tendo o
pensamento de que ninguém vai me respeitar”. Vamos tentar isso. Considere uma situação
que tenha te afetado ultimamente. Concentre-se nela e observe o pensamento que ocorre ao
mesmo tempo. Encontre um pensamento particularmente impactante e destile-o até sua
essência pura, em poucas palavras. Faça isso por uns 30 segundos
C: Certo, estou tentando. Estou lembrando de algo que tem me deixado muito chateada.
T: Agora, coloque toda sua concentração nesse pensamento e tente acreditar nele por 30
segundos. O que acontece?
C: Me sinto muito mal. Até me deu vontade de chorar.
T: Agora, reformule em sua mente no sentido de se concentrar que você está “tendo” o
pensamento. Faça isso por mais 30 segundos. A maneira de dizer isso em sua mente é “Estou
tendo o pensamento de que...”. Observe o que acontece quando você experimenta o seu
pensamento dessa maneira. Alguma coisa muda?
C: Sim...senti algo como....menos peso...algo assim.
T: Vamos tentar algo mais. Você pode reformular esse pensamento dentro da expressão
“Estou percebendo que estou tendo o pensamento de que...”. Faça isso por mais uns 30
segundos.
C: Ok.
T: Ao repetir essa frase e experimentar seu pensamento dessa maneira, o que acontece?
Observe a experiência e me diga se ela é diferente.
C: Sim, bem diferente da primeira. Não senti a menor vontade de chorar.
T: Gabi, talvez a gente possa tentar isso por um tempo, apenas rotular nossas experiências
conforme elas acontecem.
C: Uhum, achei interessante
T: Para a próxima semana, que tal você aplicar esse processo em nossa própria conversa?
Aplique rótulos aos seus pensamentos, memórias, sensações corporais, imagens mentais e
desejos. Se você quiser, pode até falar assim, em voz alta tá bom?

Desfusão cognitiva pode ser utilizada sempre que: a) você observar a existência de
pensamentos antigos, familiares, obsoletos; b) você está tão fusionado com seus produtos
internos que o momento presente desaparece; c) você está fazendo muita comparação,
classificação ou avaliação; d) você está ou no passado ou no futuro; e f) seus pensamentos
estão acelerados, repetitivos ou confusos.

Conceitualização desde o pilar Centrado


Gabriela apresenta pouca perspectiva em relação com os seus processos privados pelo durante
todo o dia fica presa em preocupações futuras e situações do passado. A perda de perspectiva
com estas experiências gera nela muito mal estar já que não tem a capacidade de observar
estas experiências como o que elas são (experiências), tomando elas literalmente.  Ao mesmo
tempo, a ausência de contato com o presente, a fusão cognitiva e esquiva de experiencial
dificultam o autoconhecimento. A identificação do ‘Eu’ com as histórias e conceitos pessoais
(ser uma excelente estudante) e a fusão com estas histórias (o ‘Eu Conceito’) dificulta ela
experimentar outros sentidos ou perspectivas do ‘Eu’. Assim, a fusão com o seu ‘Eu conceito’
traz rigidez comportamental, já que ela rejeita ou evitar qualquer conteúdo ou experiência que
esteja em contradição com essas histórias.

Intervenções desde o pilar Centrado


O trabalho neste pilar envolve evocar contextos onde o cliente possa ficar na perspectiva de
observador de sua experiência enquanto ela ocorre, tanto com a experiência externa (o
mundo dos cinco sentidos) como com a experiência interna (pensamentos, emoções,
sentimentos, por exemplo), e isso envolve o direcionamento consciente e deliberado da
atenção para a totalidade da experiência que está sendo vivenciada no momento, mantendo
uma postura de acolhida, receptividade e curiosidade para tudo que se mostrar presente.

O pilar centrado pode ser considerado como a essência da FP. Assim, alguns autores
assinalam que a FP é a capacidade de se relacionar com os eventos privados como parte de
uma hierarquia onde o Eu é acima dela (Torneke, ET AL, 2017). Desde nossa prática, o trabalho
neste pilar envolve duas tarefas fundamentais:
1. Perceber a variabilidade da experiência
2. Perceber a invariabilidade do Observador
As intervenções podem ser muitas para cada uma destas tarefas, e incluem metáforas,
exercícios experienciais, práticas contemplativas e a conversação terapêutica. A continuação
se exemplifica uma sessão onde trabalhamos com Gabriela com estas duas tarefas clínicas.

Perceber a variabilidade da experiência


A primeira tarefa neste pilar envolve ancorar o cliente na perspectiva de observador dos
processos internos e sua variabilidade (Eu como processo). Através de exercícios específicos,
fortalecemos este ‘Eu’ permitindo que o cliente observe os processos internos, descrevendo-
os como eles são: pensamentos, emoções, sentimentos e lembranças (Hayes, Strosahl &
Wilson, 2012). Com o objetivo de promover a Flexibilidade Psicológica a partir deste processo,
usamos práticas contemplativas de Mindfulness, bem como há práticas não contemplativas,
como o trabalho focado no que acontece no aqui e agora da relação terapêutica, ou o trabalho
centralizado em "Notar" utilizando a Matrix (Schoendorff, Webster, e Polk, 2014, Polk et al,
2016).
G: Não posso parar de me preocupar, estou muito cansada. Minha mente não para.
T: Posso notar o difícil que está sendo Gabi. Neste momento sua mente está
trabalhando também?
G: Sim! Muito! Ainda quando tento não pensar, ela trabalha e trabalha.
T: Ok. O que você acha de nos aproveitar para conhecer melhor ela? Imagine que ela é
uma televisão, e que você pode ver e escutar os programas. Está escutando ou observando
algo?
G: Sim, a imagem do meu exame e eu chorando porque reprovei.
T: uma imagem muito difícil né? Algum pensamento?
G: Sim, que eu não posso falhar. Que eu tenho que estudar mais.
T: Ok. Temos esse pensamento também. E agora, enquanto falamos, percebe alguma
sensação física?
G: Sim, uma forte pressão no peito.
T: Ok, e se essa sensação tivesse um nome de emoção, qual seria?
G: Angústia, e tristeza (começa chorar)

Nesta breve troça, o terapeuta convida Gabi para observar sua experiência sem julgar ela,
como um observador imparcial. Como pode se ver, o terapeuta não precisa utilizar um
exercício formal de Mindfulness, e utiliza a sua pessoa como âncora em quanto o cliente
observa e nota a sua experiência acontecendo. O que ele tenta, é fortalecer o sentido
transcendente do ‘Eu’, evocando inicialmente uma posição de observação dos eventos
privados. Trabalhando com o "Eu como observador" leva a um gradual sentido de perspectiva
sobre os conteúdos privados e histórias pessoais que elaboramos, fortalecendo, assim, a
perspectiva do Eu como um continente onde os diferentes conteúdos ocorrem (pensamentos,
emoções, etc.). O pilar centrado envolve observar nosso ‘Eu’ como algo que transcende nossos
pensamentos e emoções. Portanto, é a base para o pilar aberto, uma vez que só a partir deste
lugar onde a pessoa pode se abrir para os eventos privados, já que podem ser "observados em
perspectiva."

Perceber a invariabilidade do Observador


A continuação, apresentamos um breve exercício que o terapeuta utilizou com Gabi, com o
objetivo de gerar uma perspectiva de hierarquia em torno aos eventos privados,
especificamente as imagens do self, que podem estar gerando inflexibilidade no repertório
comportamental. O exercício é uma adaptação de Luoma, Hayes & Walser (2007)
G: O problema é que eu tenho que ser excelente nisto, eu não sei como seria minha vida
se eu não posso ser a melhor.
T: Compreendo Gabi. E me lembra neste momento de uma história eu li há algum
tempo, você gostaria de escutar ela?.
G: Sim, gostaria
A história do vestido:
Numa cidade muito distante vivia uma jovem muito pobre, que durante muitos anos havia
guardado dinheiro com um só objetivo: comprar o melhor vestido do reino. Transcorridos
vários anos, pôde juntar o valor para poder pagar por ele. Foi para a casa da melhor
costureira do reino, entregou-lhe o dinheiro e esperou uma semana, o tempo que a
costureira necessitava para aprontar o sonho da moça. O dia chegou, e a jovem se dirigiu à
casa da costureira. Esta a recebeu com um grande sorriso, conduzindo a jovem até a sala
onde se encontrava seu vestido pronto. Era melhor do que havia imaginado, belo, perfeito,
único!
-Prova-o – disse a costureira.
O entusiasmo se transformou em temor e ansiedade quando a jovem pôde notar que o
vestido não entrava no seu quadril.
- Não se preocupe, disse a costureira – você só tem que torcer um pouco o corpo e…PRONTO!
o vestido entrou, mas novamente, quando a jovem tentou colocar um braço, o braço não
entrava.
- Não se preocupe, disse a costureira - você só tem que torcer um pouco o braço e… PRONTO!
O vestido entrou, mas, novamente, quando a jovem tentou colocar o outro braço, o braço
não entrava.
- Não se preocupe, disse a costureira - você só tem que torcer um pouco o braço e… PRONTO!
O vestido entrou, mas quando a jovem tentou fechar o zíper, este não fechava.
- Não se preocupe, disse a costureira - você só tem que torcer um pouco más o tronco e…
PRONTO!
Para surpresa da jovem, e mesmo quando sentia todo o corpo torcido e comprimido, o
vestido parecia perfeito. Por isso, decidiu usá-lo, mesmo caminhando com grande dificuldade
em direção à porta. Ao sair, passou por dois cavalheiros do reino que murmuram entre eles:
- Pobre jovem, olha o quão incômoda está dentro desse vestido- disse o primeiro   cavalheiro
-Mas olha como ela se acha linda!- disse o segundo
T: Agora Gabi. Você estaria disposta de me responder  às seguintes perguntas? Quantos
vestidos você colocou até o ponto de se confundir com eles?  Quantos “Eu sou ” ou “Eu devo
ser” você comprou, tecidos pelos mais amados costureiros?Quão cômoda você se  sente
dentro deles? Quantas pessoas estão felizes com seus vestidos e quantos realmente estão
dispostos a ver você sem eles.Quem é a pessoa que se esconde dentro de todos eles? Demora
alguns segundos respirando e notando quais emoções, sensações, etc, aparecem frente a estas
perguntas, e observa como se fossem partes de outros vestidos. Somente observa, e,
lentamente, tenta  perceber quem nota tudo isto, a pessoa por trás do, e RESPIRA

COLOCAR AQUI A CONCEITUALIZAÇÃO DESDE O PILAR COMPROMETIDO

BIBLIOGRAFIA

Bond, F. W., Hayes, S. C., & Barnes-Holmes, D. Psychological flexibility, ACT, and organizational
behavior. Journal of Organizational Behavior Management, 26(1/2), 25–54. 2006

Cullen, C. Acceptance and Commitment Therapy (ACT): A Third Wave Behaviour Therapy.
Behavioural and Cognitive Psychotherapy, 36 (Special Issue 06), 667-673. 2008.

Gaudiano, B. Evaluating acceptance and commitment therapy: An analysis of a recent critique.


International Journal of Behavioral Consultation and Therapy, 5(3-4), 311-329. 2010.

Hayes, S. C., Wilson, K. G., Gifford, E. V., Follette, V. M., & Strosahl, K. Experiential avoidance
and behavioral disorders: A functional dimensional approach to diagnosis and treatment.
Journal of Consulting and Clinical Psychology, 64, 1152–1168. 1996.

Hayes, S. C., Strosahl, K., & Wilson, K. G. Acceptance and Commitment Therapy: An experiential
approach to behavior change. New York: Guilford Press. 1999.

Hayes, S. C., Luoma, J. B., Bond, F. W., Masuda, A., & Lillis, J. Acceptance and commitment
therapy: Model, processes, and outcomes. Behaviour Research and Therapy, 44, 1–25. 2006.

Kashdan, T. B., Barrios, V., Forsyth, J. P., & Steger, M. F. Experiential avoidance as a generalized
psychological vulnerability: Comparisons with coping and emotion regulation strategies.
Behaviour Research and Therapy, 44, 1301–1320. 2006.
Linehan, M. M. Acceptance and change:The central dialectic in psychotherapy. In S. C. Hayes,
N. S. Jacobson, V. M. Follette, & M. J. Dougher (Eds.), Acceptance and change: Content and
context in psychotherapy (pp. 73–86). Reno, NV:Context Press. 1994.

Illness cognitions, cognitive fusion, avoidance and self- Gillanders D.T., Sinclair A.K.,
compassion as predictors of distress and quality of life in a MacLean M., Jardine K.
heterogeneous sample of adults, after cancer
The interactive effect of cognitive fusion and experiential Bardeen J.R., Fergus T.A.
avoidance on anxiety, depression, stress and posttraumatic
stress symptoms
Perspective taking reduces the fundamental attribution error Hooper N., Erdogan A.,Keen G.,
Lawton K., McHugh L.
Acceptance and Commitment Therapy for children: A Swain J., Hancock K., Dixon A.,
systematic review of intervention studies Bowman J.
Parent's psychological flexibility: Associations with parenting Brassell A.A., Rosenberg E.,
and child psychosocial well-being Parent J., Rough J.N., Fondacaro
K., Seehuus M.
Perspectives on the use of acceptance and commitment Pierce B.P., Twohig M., Levin M.E.
therapy related mobile apps: Results from a survey of
students and professionals
Interpreting and inverting with less cursing: A guide to Hussey I., Thompson M.,
interpreting IRAP data McEnteggart C., Barnes-Holmes
D., Barnes-Holmes Y.
In search of the person in pain: A systematic review of Yu L., Norton S., Harrison A.,
conceptualization, assessment methods, and evidence for McCracken L.M.
self and identity in chronic pain
Psychological flexibility as a dimension of resilience for Bryan C.J., Ray-Sannerud B.,
posttraumatic stress, depression, and risk for suicidal Heron E.A.
ideation among Air Force personnel
Reinforcement matters: A preliminary, laboratory-based Haworth K., Kanter J.W., Tsai M.,
component-process analysis of Functional Analytic Kuczynski A.M., Rae J.R.,
Psychotherapy's model of social connection Kohlenberg R.J.

Você também pode gostar