Você está na página 1de 18

Tutela Constitucional das

Liberdades
 Habeas Corpus
 Origem: Magna Carta  Rei João Sem Terra, 1215;
 Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofre ou se acha ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder;
 Alguém = pessoas físicas;
 Garantia individual ao direito de locomoção, consubstanciada em uma ordem dada
pelo juiz ou Tribunal ao coator, fazendo cessar a ameaça ou coação à liberdade de
locomoção em sentido amplo – o direito de ir, vir e ficar;
 É meio idôneo para garantir todos os direitos do acusado e do sentenciado
relacionados com sua liberdade de locomoção, ainda que pudesse na simples
condição de direito-meio, ser afetado apenas de modo reflexo, indireto ou oblíquo.
(STF, HC 69.419-5);
 Não poderá ser usado para a correção de qualquer inidoneidade que não implique
coação ou iminência direta de coação à liberdade de ir e vir, por exemplo para
questionar pena pecuniária;
 O órgão competente não está vinculado à causa de pedir e pedido formulado, pois,
havendo convicção sobre a existência de ato ilegal não veiculado pelo impetrante,
cumpre-lhe afastá-lo, ainda que isto implique concessão de ordem em sentido
diverso do pleiteado;
 Pode atuar no tocante à extensão da ordem, deferindo-o aquém ou além do que
pleiteado;
 O HC é inidôneo para anular sentença com trânsito em julgado, ao argumento
de que seria contrária à evidência dos autos, pois implica no reexame de toda a
prova
 É uma ação constitucional de caráter penal e de procedimento especial, isenta
de custas e que visa evitar ou cessar violência ou ameaça na liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso do poder;
 Direito à livre locomoção no território nacional em tempo de paz, autorizando
diretamente a qualquer pessoa o ingresso, a saída e a permanência, inclusive
com os próprios bens;
 Em caso de guerra, haverá possibilidade de maior restrição legal, visando à
segurança nacional e à integridade do território nacional;
 A liberdade de locomoção engloba:
 Direito de acesso e ingresso no território nacional;
 Direito de saída do território nacional;
 Direito de permanência no território nacional;
 Direito de deslocamento dentro do território nacional;
 Norma constitucional de eficácia contida, pois o legislador ordinário pode fixar e
delimitar a amplitude por meio de requisitos de forma e fundo, referente a
ingresso, saída, circulação interna de pessoas e patrimônio;
 A legitimidade para ajuizamento do HC é atributo de personalidade, não se
exigindo a capacidade de estar em juízo, nem a capacidade postulatória,
sendo uma verdadeira ação penal popular;
 Pode ser impetrado pela própria parte, a seu favor ou de terceiro;
 É possível que pessoa jurídica impetre o HC em favor de pessoa física, mas
não será cabível que a PJ figure como paciente da impetração;
 O STF admite a impetração mediante fax, condicionando seu conhecimento a
que seja ele ratificado pelo impetrante no prazo concedido pelo Ministro-
Relator;
 Entende-se que não há possibilidade de impetração apócrifa;
 Legitimidade passiva:
 Deverá ser impetrado contra ato do coator, que poderá ser tanto autoridade (delegado,
promotor, juiz, tribunal etc) como particular. No primeiro caso, nas hipóteses de ilegalidade e
abuso de poder; no segundo, só ilegalidade;
 Na maior parte das vezes, a ameaça ou coação à liberdade de locomoção por parte do
particular constituirá crime previsto na legislação penal, bastando a intervenção policial para
fazê-la cessar.
 Porém, não impede a impetração do HC mesmo porque existirão casos em que será difícil ou
impossível a intervenção da polícia para fazer cessar a coação legal, por exemplo, internações
em hospitais ou clínicas psiquiátricas;
 Espécies
 HC preventivo (salvo-conduto)
 Quando alguém se achar ameaçado de sofre violência ou coação em sua
liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder;
 Impedir sua prisão ou detenção pelo mesmo motivo que ensejou o HC;
 HC liberatório ou repressivo
 Quando alguém estiver sofrendo violência ou coação em sua liberdade de
locomoção por ilegalidade ou abuso de poder; Cessar;
 Liminar em HC
 Em ambas as espécies acima haverá a possibilidade de concessão de
medida liminar, para se evitar possível constrangimento à liberdade de
locomoção irreparável;
 Por se tratar de cláusula pétrea, o HC não poderá ser suprimido do
ordenamento jurídico, em nenhuma hipótese. Mas, em virtude das
medidas de exceção, 136 e 137 CF88, a atuação poderá ser diminuída;
 O HC poderá ser utilizado como meio processual adequado para cessar
constrangimento ilegal à liberdade de locomoção do acusado-preso,
decorrente do abusivo excesso de prazo para o encerramento da
instrução;
 Habeas data
 Art. 5º LXXII;
 Freedom of Information Act de 1974;
 Direito que assiste a todas as pessoas de solicitar judicialmente a
exibição dos registros públicos ou privados, nos quais estejam
incluídos seus dados pessoais, para que deles se tome conhecimento
e, se necessário for, sejam retificados os dados inexatos ou obsoletos
ou que impliquem discriminação;
 Natureza jurídica: ação constitucional, de caráter civil, conteúdo e rito
sumário, que tem por objeto a proteção do direito líquido e certo do
impetrante em conhecer todas as informações e registros relativos a
sua pessoa e constantes de repartições públicas ou particulares
acessíveis ao público, para eventual retificação de seus dados
pessoais;
 Objetiva-se fazer com que todos tenham acesso às informações que
o Poder Público ou entidades de caráter público (Ex: SPC) possuam
a seu respeito;
 É necessário a negativa da via administrativa para justificar o
ajuizamento do HD;
 Inexistirá interesse de agir a essa ação constitucional se não houver
relutância do detentor das informações;
 Legitimidade ativa
 Poderá ser ajuizado por pessoa física, brasileira ou estrangeira, ou
pessoa jurídica;
 Só se pode pleitear informações relativas ao próprio impetrante,
nunca de terceiros
 Legitimidade Passiva
 São sujeitos passivos: as entidades governamentais, da
administração pública direta e indireta, bem como as instituições,
entidades e pessoas jurídicas privadas que prestem serviços para
o público ou de interesse público, e desde que detenham dados
referentes às pessoas físicas ou jurídicas;
 Rol constitucional é exemplificativo;
 O procedimento é dado pela Lei 9.507/97
 Terá prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto em relação ao
HC e MS;
 Deverá ter prova: 1) da recusa ao acesso às informações ou do
decurso de mais de dez dias sem decisão; 2) da recusa em fazer-
se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem
decisão; 3) da recusa em fazer-se a anotação sobre a explicação
ou contestação sobre determinado dado, mesmo que não seja
inexato, justificando possível pendência sobre o mesmo; ou o
decurso de mais de quinze dias, sem decisão;
 Dupla finalidade: obtenção de informações e retificação;
 Divergência doutrinária sobre se é possível HD em relação a dados e
registros acobertados pelo sigilo de defesa nacional;
 Inaplicável a possibilidade de negar-se ao próprio impetrante todas
ou algumas de suas informações pessoais, alegando-se sigilo em
virtude da imprescindibilidade à segurança da Sociedade ou do
Estado. Isso porque o direito de manter determinados dados
sigilosos direciona-se a terceiros que estariam, em virtude da
segurança social ou do Estado, impedidos de conhecê-los, e não
ao próprio impetrante, que é o verdadeiro objeto dessas
informações, pois se as informações forem verdadeiras,
certamente já eram de conhecimento do próprio impetrante, e se
forem falsas, sua retificação não causará nenhum dano à
segurança social ou nacional;
 Mandado de Segurança
 Proteção de direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
habeas data quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
do Poder Público;
 Para a lei 12.016/09  Conceder-se-á MS para proteger direito líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que,
ilegalmente, ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer
violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de
que categoria for e sejam quais foram as funções que exerça;
 É conferido aos indivíduos para que eles se defendam de atos ilegais ou
praticados com abuso de poder, constituindo-se verdadeiro instrumento de
liberdade civil e liberdade política;
 Caberá contra os atos discricionários e os atos vinculados, pois nos
primeiros, apesar de não se poder examinar o mérito do ato, deve-se
verificar se ocorreram os pressupostos autorizadores de sua edição e, nos
últimos, as hipóteses vinculadoras da expedição do ato.
 Espécies
 Repressivo  ilegalidade já cometida;
 Preventivo  impetrante demonstrar justo receio de sofre uma
violação de direito líquido e certo por parte da autoridade
impetrada;
 Natureza Jurídica
 É uma ação constitucional, de natureza civil, cujo objeto é a
proteção de direito líquido e certo, lesado ou ameaçado de lesão,
por ato ou omissão de autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
 Cabimento do MS
 Contra todo ato comissivo ou omissivo de qualquer autoridade no
âmbito dos Poderes de Estado e do MP;
 O âmbito de incidência do MS é definido residualmente, pois
caberá seu ajuizamento quando o direito líquido e certo a ser
protegido não for amparado por habeas corpus ou habeas data;
 4 Requisitos
 Ato comissivo ou omissivo de autoridade praticado pelo Poder Público
ou por particular decorrente de delegação do Poder Público; e, ainda,
os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores
de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas
ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do Poder público,
somente no que disser respeito a essas atribuições;
 Ilegalidade ou abuso de poder;
 Lesão ou ameaça de lesão;
 Caráter subsidiário: proteção ao direito líquido e certo não amparado
por HC e HD;
 O direito de obter certidões sobre situações relativas a terceiros, mas
de interesse do solicitante ou o direito de receber certidões objetivas
sobre si mesmo, não se confunde com o direito de obter informações
pessoais constantes em entidades governamentais ou de caráter
público, sendo o mandado de segurança a ação constitucional
cabível;
 Impossível conceder MS
 Ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,
independentemente de caução;
 De decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
 De decisão judicial transitada em julgado;
 Impossibilidade de MS contra lei ou ato normativo em tese, salvo
se veicularem autênticos atos administrativos, produzindo efeitos
concretos individualizados.
 Conceito de Direito Líquido e Certo
 É o que resulta de fato certo, ou seja, é aquele capaz de ser
comprovado, de plano, por documentação inequívoca ;
 O direito é sempre líquido e certo;
 A caracterização de imprecisão e incerteza recai sobre os fatos,
que necessitam de comprovação
 Legitimidade ativa – impetrante
 Titular do direito líquido e certo, não amparado por HC ou HD;
 Pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, domiciliada ou
não no país, além de universalidades reconhecidas por lei (espólio,
massa falida etc) e também os órgãos públicos despersonalizados,
mas dotados de capacidade processual (chefia do Poder
executivo, Mesas do Congresso, Senado, Câmara, Assembleias,
MP);
 Exige-se que o impetrante tenha o direito invocado, e que este
direito esteja sob a jurisdição da Justiça brasileira;
 Legitimidade passiva – impetrado
 É a autoridade coatora que pratica ou ordena concreta e
especificamente a execução ou inexecução do ato impugnado,
responde pelas suas consequências administrativas e detenha
competência para corrigir a ilegalidade, podendo a pessoa jurídica
de direito público, da qual faça parte, ingressar como litisconsorte;
 A indicação errônea da autoridade coatora afetará uma das
condições da ação, acarretando a extinção do processo, sem
mérito;
 Prazo para impetração
 120 dias a contar da data em que o interessado tiver conhecimento
oficial do ato a ser impugnado;
 Competência
 É definida em função da hierarquia da autoridade legitimada a
praticar a conduta, comissiva ou omissiva, que possa resultar em
lesão ao direito subjetivo da parte e não será alterada pela
posterior elevação funcional da mesma;
 A lei 12.016/09 considera federal a autoridade coatora se as
consequências de ordem patrimonial do ato contra o qual se requer
o mandado houverem de ser suportadas pela União ou entidade
por ela controlada;

 Mandado de Segurança coletivo


 Poderá ser impetrado por partido político com representação
no CN e organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados;
 A finalidade é facilitar o acesso a juízo, permitindo que pessoas
jurídicas defendam o interesse de seus membros ou
associados, ou ainda da sociedade como um todo, no caso dos
partidos políticos, sem necessidade de um mandado especial,
evitando-se a multiplicidade de demandas idênticas e
consequente demora na prestação jurisdicional e fortalecendo
as organizações estatais;
 Objeto
 Defesa dos mesmos direitos que podem ser objeto do mandado de
segurança individual, porém direcionado à defesa dos interesses
coletivos em sentido amplo, englobando os direitos coletivos em
sentido estrito, os interesses individuais homogêneos e os
interesses difusos, contra ato ou omissão ilegais ou com abuso de
poder de autoridade, desde que presentes os atributos da liquidez
e certeza;
 Beneficiários
 Não há necessidade de constar na petição inicial os nomes de
todos os associados ou filiados, uma vez que não se trata de
litisconsórcio ativo em MSI
 Mandado de Injunção
 Concedido sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
 Ação constitucional de caráter civil e de procedimento especial, que
visa suprir uma omissão do Poder Público, no intuito de viabilizar o
exercício de um direito, uma liberdade ou uma prerrogativa prevista
na CF.
 Inconstitucionalidade por omissão;
 As normas constitucionais que permitem o ajuizamento do mandado
de injunção assemelham-se às da ação direta de
inconstitucionalidade por omissão e não decorrem de todas as
espécies de omissões do Poder Público, mas tão só em relação às
normas constitucionais de eficácia limitada de princípios institutivo de
caráter impositivo e das normas programáticas vinculadas ao
princípio da legalidade, por dependerem de atuação normativa
ulterior para garantir a aplicabilidade;
 Não caberá para alterar lei ou ato normativo já existente,
supostamente incompatível com a Constituição ou para exigir-
se de uma certa interpretação à aplicação da legislação
infraconstitucional ou aplicação mais justa da lei existente.
 Não cabe contra norma constitucional auto-aplicável, ou norma
constitucional que configure autorização para o legislador, em
opção político-legislativa, criar exceções a determinadas regra
prevista e autoaplicáveis;
 Refere-se apenas à omissão de regulamentação de norma
constitucional;
 Requisitos
 Falta de norma reguladora de uma previsão constitucional
(omissão total ou parcial do Poder Público)
 Inviabilização do exercício dos direitos e liberdade constitucionais
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania (o MI pressupõe a existência de nexo de causalidade
entre a omissão normativa do Poder Público e a inviabilidade do
exercício do direito, liber. ou prerrogativa.
 Legitimidade ativa
 Qualquer pessoa cujo exercício de um direito, liberdade ou
prerrogativa constitucional esteja sendo inviabilizado em virtude da
falta de norma reguladora da CF;
 É possível MI coletivo;
 Legitimidade passiva
 Somente pessoa estatal, pois somente a elas pode ser imputável o
dever jurídico de emanação de provimentos normativos;
 Procedimento e competência
 Observadas as regras do MS, enquanto não editada legislação
específica;
 A competência é STF quando a elaboração da norma
regulamentadora for atribuição do Presidente, Congresso, Câmara
dos Deputados, Senado, Mesa de uma das casas Legislativas,
TCU, Tribunais superiores ou do próprio STF;
 STJ quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição
do órgão, entidade ou autoridade federal da adm. Direta ou
indireta;

Você também pode gostar