Você está na página 1de 43

Variações históricas:

Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre


transformações ao longo do tempo. Um exemplo bastante
representativo é a questão da ortografia, se levarmos em
consideração a palavra farmácia, uma vez que a mesma era
grafada com “ph”, contrapondo-se à linguagem dos
internautas, a qual fundamenta-se pela supressão do
vocábulos.
• Analisemos, pois, o fragmento exposto:
• Antigamente
• “Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas
mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam
primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões,
faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos
meses debaixo do balaio."
• Carlos Drummond de Andrade
• Variações regionais:
• São os chamados dialetos, que são as marcas determinantes
referentes a diferentes regiões. Como exemplo, citamos a palavra
mandioca que, em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais
como: macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade estão
os sotaques, ligados às características orais da linguagem.
• Variações sociais ou culturais:
• Estão diretamente ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e
também ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como
exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira.
• As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos grupos, como
os surfistas, cantores de rap, tatuadores, entre outros.
• Os jargões estão relacionados ao profissionalismo, caracterizando um
linguajar técnico. Representando a classe, podemos citar os médicos,
advogados, profissionais da área de informática, dentre outros.
Variação Linguística
• A língua portuguesa é o código mais utilizado por nós, brasileiros, nas
situações de comunicação e interação social. Língua é um código
formado por signos (palavras) e leis combinatórias por meio do qual
as pessoas se comunicam e interagem entre si.
• Língua é a linguagem verbal (oral/escrita) utilizada por um grupo de
indivíduos que constituem uma comunidade.
• Ela é uma construção humana e histórica;
• É organizadora da identidade dos seus usuários;
• Ela também dá unidade a uma cultura, a uma nação;
• Uma língua viva é dinâmica e, por isso, está sujeita a variações
• Variações linguísticas são diferenças que uma mesma língua
apresenta quando é utilizada, de acordo com as condições sociais,
culturais, regionais e históricas.
• Onde se fala melhor o português no Brasil?
• Você já deve ter ouvido esse tipo de pergunta. E também respostas
como “no Maranhão”, no Rio de Janeiro”,” no Rio Grande do Sul”
justificadas por motivos históricos, sociais, culturais. Porém, de
acordo com a visão moderna de língua, não existi um modelo
linguístico que deva ser seguido, nem mesmo o português lusitano.
• Todas as variedades linguísticas regionais são perfeitamente
adequadas á realidade onde surgiram. Em certos contextos, aliás, o
uso de outra variedade, mesmo que seja a língua padrão, é que pode
soar estranho e até não cumprir sua função essencial de comunicar.
• Variedades linguísticas são as variações que uma língua apresenta, de
acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em
que é utilizada.
• Entre as variedades da língua, existe uma que tem maior prestígio: a
variedade padrão. Também conhecida como língua padrão e norma
culta, essa variedade é utilizada na maior parte dos livros, jornais, e
revistas, em alguns programas de televisão, nos livros científicos e
didáticos, e é ensinada na escola. As demais variedades linguísticas -
como a regional, a gíria, o jargão de grupos ou profissões (a
linguagem dos policiais, dos jogadores de futebol, dos metaleiros, dos
surfistas, etc.) – são chamadas genericamente de variedades não
padrão.
• Variedade padrão, língua padrão ou norma culta é a variedade
linguística de maior prestígio social.
• Variedade não padrão ou língua não padrão são todas as variedades
linguísticas diferentes da padrão.
• Apesar de haver muitos preconceitos sociais em relação a variedades
não padrão, todas elas são válidas e tem valor nos grupos ou nas
comunidades em que são usadas. Contudo, em situações sociais que
exigem maior formalidade- por exemplo, uma entrevista de emprego,
um requerimento, uma carta dirigida a um jornal ou uma revista, uma
exposição pública, uma redação num concurso público – a variedade
linguística exigida quase sempre é a padrão. Por isso é importante
dominá-la bem
• Norma culta ou norma padrão?

• Se há tantas variações de uma língua, qual delas é a ensinada na


escola? Por que essa e não as demais? “Quem” faz essa escolha?
Essas perguntas apenas refletem um fato: de todas as variações, uma
tem mais prestígio que as demais e acaba por ser escolhida como
Padrão a todos os falantes.
• “Dialeto padrão: também chamado norma padrão culta, ou,
simplesmente norma culta, é o dialeto a que se atribui, em
determinado contexto social, maior prestígio; é considerado o modelo
– daí a designação de padrão, de norma – segundo o qual se avaliam
os demais dialetos. É o dialeto falado pelas classes sociais
privilegiadas, particularmente em situações de maior formalidade,
usado nos meios de comunicação de massa (jornais, revistas,
noticiários de televisão, etc.), ensinado na escola, e codificado nas
gramáticas escolares (por isso, é corrente a falsa ideia de que só o
dialeto padrão pode ter uma gramática, quando qualquer variedade
linguística pode ter a sua). É ainda, fundamentalmente, o dialeto
usado quando se escreve (há naturalmente, diferenças formais, que
decorrem das condições específicas de produção da língua escrita, por
exemplo, de sua descontextualização. Excetuadas diferenças de
pronúncia e pequenas diferenças de vocabulário, o dialeto padrão
sobrepõe-se aos dialetos regionais, e é o mesmo, em toda a extensão
do país” Magda Soares.
• Exemplos com humor da norma padrão:
• Tipos de Variações Linguísticas

• Variação Histórica

• Variação Geográfica

• Variação Social

• Variação Situacional
• De ponta a ponta, é tudo praia... Muito chã e muito formosa. Nela,
até agora, não pudemos saber que haja ouro nem prata... Porém a
terra em si é de muitos bons ares, assim frios e temperados... Águas
são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa, que querendo-a
aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem. Porém o
melhor fruto que dela pode tirar me parece será salvar essa gente. E
esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve
lançar.” (tradução).
• Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre
transformações ao longo do tempo. Um exemplo bastante comum é a
questão da ortografia, se levarmos em consideração a palavra
farmácia, antigamente era grafada com “ph”, opondo-se à linguagem
dos internautas, a qual suprime os vocábulos.
• Analisemos, o fragmento exposto:

• Antigamente

• “Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas


mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam
primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões,
faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos
meses debaixo do balaio."
• Carlos Drummond de Andrade
• Em comparação à modernidade, percebemos um vocabulário
antiquado.
• Variação Geográfica
• Variedade que a Língua Portuguesa assume nos diferentes lugares
onde ela é falada.
• O Português é a língua oficial em oito países de quatro continentes:
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe, Timor Leste.
• Observe este quadro:
• Este anúncio faz um trocadilho entre “bichas” (filas) que ocorrem nos
centros urbanos, e “bichos”, símbolo da natureza. O texto talvez
pareça estranho ao falante da língua portuguesa que mora no Brasil.
Para nós, as pessoas formam filas (e não bichas) quando aguardam
sua vez de serem atendidas em um banco, etc. Nós percebemos que
a maneira como o português é empregado no Brasil e em Portugal
não é exatamente a mesma, assim como também é diferente nas
regiões geográficas brasileiras. Usaremos como exemplo o Sudeste: os
modos de fala de Minas Gerais e do Rio de Janeiro apresentam suas
peculiaridades e distinções. Do mesmo modo, as regiões urbanas e as
regiões rurais também possuem vocabulário e pronúncia diferentes,
bem como expressões típicas. Portanto, há variações na língua
dependendo dos aspectos geográficos.
• No Brasil, cada região possui diferenças linguísticas, tanto na fala
como no vocabulário.
• Como exemplo, citamos a palavra mandioca que, em certos lugares,
recebe outras nomenclaturas, tais como: macaxeira e aipim.
Representando também esta modalidade estão os sotaques, ligados
às características orais da linguagem.
• Na próxima postagem, falarei de regionalismos e continuarei com o
assunto sobre variação linguística.
Regionalismo
• O Brasil é um país com um território amplo e mesmo assim ainda possui
uma língua única. Além de contribuir para uma grande diversidade nos
hábitos culturais, religiosos, políticos e artísticos, a influência de várias
culturas deixou na língua portuguesa marcas que acentuam a riqueza de
vocabulário e de pronúncia. É importante destacar que as diferenças na
nossa língua não constituem erro, mas são consequências das marcas
deixadas por outros idiomas que entraram na formação do português
brasileiro. Entre esses idiomas estão os indígenas e africanos, além dos
europeus, como o francês e o italiano. A influência desses elementos
presentes em cada região do país, aliada ao desenvolvimento histórico de
cada lugar, fez com que surgissem regionalismos, isto é, expressões típicas
de determinada região. Essa variedade linguística pode se manifestar na
construção sintática – por exemplo, em algumas regiões se diz "sei não",
em outras "não sei", mas a grande maioria dos regionalismos ocorre no
vocabulário. Assim, um mesmo objeto pode ser nomeado por palavras,
diversas, conforme a região. Por exemplo: no Rio Grande do Sul, a pipa ou
papagaio se chama pandorga; o semáforo pode ser designado por farol em
São Paulo, e sinal ou sinaleiro no Rio de Janeiro.
• Regionalismo é, na língua, o emprego de palavras ou expressões
peculiares a determinadas regiões. Em literatura, é a produção
literária que focaliza especialmente usos, costumes, falares e
tradições regionais.

• Exemplos de regionalismos:
• Nordestinês:
• Abestado = Bobo, leso, tolo.
• Abirobado = Maluco.
• Abufelar - Irritar, ficar brabo.
• Amancebado = Amigado, aquele que vive maritalmente com outra.
• Amarrado = mesquinho; avarento.
• Arretado = tudo que é bom; bacana; legal.
• Avalie = Imagine.
• Avariado das idéias = meio amalucado.
• Avexado = Apressado.
• Bater a caçuleta = Morrer.
• Bizonho = triste, calado.
• Brenha = Lugar longe de difícil acesso; escuro.
• Briba = Pequena lagartixa.
• Bruguelo = Criança pequena
• Se um paulista conversar com um morador do Espírito Santo ele
pode ouvir as seguintes palavras:
• Taruíra: lagartixa
• Pocar: estourar, arrebentar
• Pão de sal: pão francês
• Essas palavras são apenas alguns exemplos de como a linguagem
varia de região para região.
Expressões Típicas da Região do Nordeste
Expressões Típicas da Região Sul
Expressões Relativas ao Norte Brasileiro
• Outros exemplos, o famoso “Caipira”:
• Exemplo Mineiro:
• Exemplo Gaúcho:
• Variação Social

• Refere-se às formas da língua empregadas pelas diferentes classes


ou grupos sociais.
• “o réu vive de espórtula, tanto que é notória sua cacosmia”.
(linguajar jurídico).
• Oi rapeize do surf brigadão pela moral que vcs tão me dando, pow
ta muito bom quando ta batendo aquelas ondas na prainha. Tá
show, valeu brigadão. (conversa de surfista).
• A Gíria:
• A gíria é uma das variedades que uma língua pode apresentar. Quase
sempre é criada por um grupo social, como o dos fãs de rap, de funk,
de heavy metal, o dos surfistas, dos skatistas, dos grafiteiros, etc.
• Existe também a nova linguagem virtual o famoso internetês.
Exemplos:
• É um grande problema quando falamos gírias com quem
possivelmente não compreenda. Por isso existe a língua padrão, para
evitar que pessoas não entendam a linguagem de outras.
• Os jargões estão relacionados ao profissionalismo, caracterizando um
linguajar técnico. Representando a classe, podemos citar os médicos,
advogados, profissionais da área de informática, dentre outros.
• Exemplos de jargões jornalísticos:
• cabeça: chamada para matéria;
• cair: deixar de publicar uma matéria;
• enxugar: tornar o texto mais objetivo, mais curto.
• foca: jornalista recém-formado.
• limar: tirar do texto as informações menos importantes.
• Exemplos de algumas gírias do funk:

• Abalar: Causar boa impressão.


• Alemão: Pessoa de caráter duvidoso. Falso, duvidoso, velhaco.
Bucha: Pessoa inconveniente, importuna, safado.
Cap (quép): Boné
Sangue Bom: Pessoa de qualidade, boa índole.Zoar: Agitar, fazer agito.
Bonde: Fileira. Grupo de amigos da mesma comunidade.
Caozeiro: Quem mente demais.
• Chapa Quente: Lugar que o clima é agitado.
• Morô?: Entendeu?
• Pancadão: Batida grave do miami bass.
• Passar o rodo: Atacar.
• Rolé: Passear, Andar sem compromisso.
• Style: Estar muito bem arrumado.
• Tchutchuca: Garota bonita.
• Tigrão: Homem de aparência grotesca que consegue namorar mulheres bonitas.
• Uva: Bom. O baile tá uma uva: O baile tá bom.
• X9: Informante.
• Variação situacional
• É a capacidade que tem um mesmo indivíduo de empregar as
diferentes formas da língua em situações comunicativas diversas,
procurando adequar a forma e o vocabulário em cada situação.
• No trabalho, na escola, com os amigos, com a família, em
solenidades, no mundo virtual, etc.
• Dependendo do grupo social que João se encontra ele muda sua
linguagem. Com um colega ele usa gírias já com um professor ele usa
a linguagem formal, esta mudança é justificada por João estar
interagindo com grupos sociais diferentes.
• Considerações importantes:
• Todas as variações estão presentes tanto na língua falada quanto na
língua escrita. Podemos, inclusive, encontrar (e usar) as variações
linguísticas em diferentes contextos de produção escrita.
• Existe uma variedade de língua padrão, que é a variedade linguística
de maior prestígio social. Aprendemos a valorizar a variedade
padrão porque socialmente ela representa o poder econômico e
simbólico dos grupos sociais que a elegeram como padrão.
• É importante compreender as variações linguísticas para melhor
usar a língua em diferentes situações. Utilizar a língua como meio
de expressão, informação e comunicação requer, também, o
domínio dos diferentes contextos de aplicação da língua.
• O idioma pode ser um instrumento de dominação e descriminação
social. Devemos, por isso, respeitar as linguagens utilizadas pelos
diferentes grupos sociais.

Você também pode gostar