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Expressões

Coesão e coerência

Coesão
Diz respeito a todos os meios pelos quais, num texto,
se processa a ligação entre os seus componentes
(palavras, orações, frases e parágrafos), de modo que
transmitam corretamente a ideia apresentada.
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Coesão e coerência

1. Coesão gramatical
Frásica

Interfrásica

Temporoaspectual

Referencial
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Coesão e coerência

Coesão frásica
Mecanismos que asseguram uma ligação significativa
entre os elementos linguísticos que ocorrem a nível
sintagmático e oracional.

PROCESSOS

a. Ordenação das palavras e das funções sintáticas;


b. Concordância;
c. Regências;
d. Presença de complementos exigidos pelos verbos.
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Coesão e coerência

A nossa televisão corresponde aos anseios dos jovens.

Frase coesa:

• ordenação sintática corrente na língua portuguesa;

• concordância correta em género e número entre todos os


elementos lexicais;

• respeito pela regência do verbo;

• presença do complemento exigido pelo verbo principal


transitivo indireto.
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Coesão e coerência

*Os meus irmãos e eu fui ao cinema.


Frase não coesa:
• núcleo verbal não concorda em número com o sujeito
composto da frase.

*Naquela situação, decidiu abdicar ao cargo.

Frase não coesa:


• não é respeitada a regência de preposição instituída pelo
verbo abdicar que exige a preposição de.
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Coesão e coerência

Coesão interfrásica

É assegurada por processos de sequencialização que


exprimem vários tipos de interdependência semântica
das frases.

PROCESSOS

a. Coordenação;
b. Subordinação;
c. Conectores e organizadores do discurso;
d. Pontuação.
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Coesão e coerência

Ainda Eça de Queirós, na cauda da manifestação,


tagarelava com Camilo Castelo Branco, na presença da Nudez
Forte da Verdade, quando um frémito percorreu o arvoredo da
Estefânia. Não chegou a turbilhão, mas foi suficientemente
sensível para que um sujeito que comia um bife na Portugália
exclamasse: “Ena, pá!” O busto de Cesário Verde convocava o
de Guerra Junqueiro e desafiava-o para um desfile. E de busto
em busto se transmitiu que não era justo que as estátuas em
corpo inteiro se manifestassem e que os bustos se ficassem.
Afinal, se nos bustos havia um corpo incompleto, a verdade é
que exibiam “mais concentração do espírito”. A frase foi do
busto de um poeta, mas não me parece que tenha sido
Junqueiro ou Verde.
CARVALHO, Mário de, “Corpos incompletos”, in Mealibra, n.º 16, série 3, verão 2005
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Coesão e coerência

Coesão temporoaspectual
Mecanismo que coordena os enunciados de acordo
com uma lógica de ordenação temporal das
situações, numa sequencialização que respeita o
conhecimento do mundo partilhado pelos falantes.
PROCESSOS

a. uso correlativo dos modos e tempos verbais;


b. recurso a advérbios e/ou locuções adverbiais;

c. utilização de expressões preposicionais com valor temporal;


d. uso de datas e marcas temporais;
e. recurso a articuladores indicadores de ordenação.
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Coesão e coerência

Quando me levou à escola, o meu pai já tinha


deixado a minha avó na clínica.
Frase coesa:
• duas situações distintas cuja ordenação é indicada pelos
tempos.

*Antigamente, os jovens dedicam-se mais à leitura.


Frase não coesa:
• o tempo verbal utilizado não corresponde à marca temporal
que abre a frase e que remete para um tempo passado.
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Coesão e coerência

Coesão referencial

Mecanismo que assenta na existência de cadeias de


referência ou anafóricas, constituídas por um
elemento linguístico – o referente – que é retomado
por outro(s) – referente(s), cujo entendimento só é
possível atendendo ao significado do referente.
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Coesão e coerência

a. Anáfora

Ao sair da escola, encontrei o Armando e ele disse-me que o seu médico o


atendera rapidamente.

b. Catáfora

Após a consulta e o que nela lhe fora dito, o jovem sossegou.


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Coesão e coerência

c. Elipse

O Armando foi à consulta e [-] sossegou.

d. Correferência não anafórica

O pequeno gato aventurou-se no mundo. A cria ganhou


liberdade.
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Coesão e coerência

e. Deixis

• Pessoal Eu estava em minha casa quando


ligaste.
• Temporal Ontem, depois do jantar, vi o Telejornal, como
sempre...

• Espacial Passa-me esse livro que está ao lado da jarra,


por favor.

• Textual A ideia antes exposta... / como se referiu no


capítulo anterior… / como se demonstrou
acima… / veremos seguidamente…
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Coesão e coerência

2. Coesão lexical
Mecanismo que se baseia na repetição da mesma
palavra ao longo do texto ou na sua substituição
por outras que com ela se relacionam em termos de
hierarquia, equivalência ou oposição semântica,
de modo a constituir uma rede semântica adequada
ao tema desenvolvido.
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Coesão e coerência

PROCESSOS

a. Repetição
A criança é a força do futuro. A criança é a expectativa de
renovação e é na criança que assenta a esperança de um
mundo melhor.

b. Sinonímia / antonímia
Adoro as lembranças que certos odores me despertam. Os
cheiros do mar e da areia, por exemplo, trazem-me
imediatamente à memória as férias em família.

Ao ver a caixa cheia, desejava no seu íntimo que estivesse já


vazia.
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Coesão e coerência

c. Hiperonímia / hiponímia
Certos ossos do nosso corpo são mais vulneráveis às
quedas. O fémur , por exemplo, exige atenções redobradas
quando se praticam esforços violentos.

d. Holonímia / meronímia
Naquela casa tudo a atraía. Os quartos luminosos, as salas
coloridas, a cozinha espaçosa e funcional.
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Coesão e coerência

Coerência
Resulta da interação entre os elementos cognitivos
apresentados pelas ocorrências textuais, enraizados na
intenção comunicativa, e o nosso conhecimento do
mundo.
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Coesão e coerência

1. Coerência lógico-conceptual
Existe num texto cujo conteúdo está de acordo
com o mundo tal como o concebemos, assente
em relações de índole diversa (tempo, espaço,
causa, fim, meio…), e que, portanto, respeita
princípios referentes à natureza lógica e regular
dos conceitos. São estes princípios:

a. a regra da não contradição;


b. a regra da não tautologia;
c. a regra da relevância.
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Coesão e coerência

2. Coerência pragmático-funcional
Nasce da intenção comunicativa. Logo, depende
dos atos ilocutórios e do objetivo que se
pretende atingir com a linguagem. Para se
considerar coerente um determinado texto, há que
atender à intenção do locutor e ao fim do
enunciado, por sua vez associado aos atos de fala
dos outros interlocutores.

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