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Faculdade Estácio de

Sá - FAL
Disciplina: Direito Processual Civil II
Docente: Ana Ketsia B. M. Pinheiro

Aula 4
Fase de Saneamento:
Providências Preliminares
Até agora estudamos a fase inicial do
processo (FASE POSTULATÓRIA):

 Vai do ajuizamento da ação até a apresentação


de resposta pelo réu, com atos de conteúdo
postulatório.

 Inicia-se com a petição inicial até a


resposta do réu (contestação, reconvenção)
Atenção!
Várias questões que no CPC vigente são feitas em
petições apartadas, tais como: incompetência
relativa, impugnação ao valor da causa e
impugnação à justiça gratuita, no Novo CPC,
serão matérias suscitáveis em alegações
preliminares, conforme a previsão do art. 337.

Dessa forma, a Incompetência absoluta (inc. II), a


incorreção do valor da causa (inc. III) e a Indevida
concessão do benefício de gratuidade de justiça
(inc. XIII), serão arguíveis no próprio texto da
contestação, em alegação preliminar.
Art. 335.  O réu poderá oferecer contestação, por
petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial
será a data:
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da
última sessão de conciliação, quando qualquer parte
não comparecer ou, comparecendo, não houver
autocomposição;
II - do protocolo do pedido de cancelamento da
audiência de conciliação ou de mediação apresentado
pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o,
inciso I;
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como
foi feita a citação, nos demais casos.
§ 1o No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a
hipótese do art. 334, § 6o, o termo inicial previsto no
inciso II será, para cada um dos réus, a data de
apresentação de seu respectivo pedido de
cancelamento da audiência.
§ 2o Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso
II, havendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da
ação em relação a réu ainda não citado, o prazo para
resposta correrá da data de intimação da decisão que
homologar a desistência.
Art. 337.  Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito,
alegar:
I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa;
IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção;
VI - litispendência;
VII - coisa julgada;
VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou
falta de autorização;
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse
processual;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei
exige como preliminar;
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de
justiça.

§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a


incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das
matérias enumeradas neste artigo.
Muito Importante!!!

NCPC, art. 337, § 6o A ausência de alegação da


existência de convenção de arbitragem, na forma
prevista neste Capítulo, implica aceitação da
jurisdição estatal e renúncia ao juízo
arbitral.

Art. 338.  Alegando o réu, na contestação, ser parte


ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo
invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias,
a alteração da petição inicial para
substituição do réu.
Parágrafo único.  Realizada a substituição, o autor
reembolsará as despesas e pagará os honorários ao
procurador do réu excluído, que serão fixados entre três
e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este
irrisório, nos termos do art. 85, § 8o.

Art. 339.  Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao


réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida
sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com
as despesas processuais e de indenizar o autor pelos
prejuízos decorrentes da falta de indicação.
§ 1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no
prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial
para a substituição do réu, observando-se, ainda, o
parágrafo único do art. 338.
§ 2o No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar
por alterar a petição inicial para incluir, como
litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.

Art. 340.  Havendo alegação de incompetência relativa


ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no
foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente
comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por
meio eletrônico.
§ 1o A contestação será submetida a livre distribuição
ou, se o réu houver sido citado por meio de carta
precatória, juntada aos autos dessa carta, seguindo-se
a sua imediata remessa para o juízo da causa.
§ 2o Reconhecida a competência do foro indicado pelo
réu, o juízo para o qual for distribuída a contestação ou
a carta precatória será considerado prevento.
§ 3o Alegada a incompetência nos termos do caput, será
suspensa a realização da audiência de conciliação ou
de mediação, se tiver sido designada.
§ 4o Definida a competência, o juízo competente
designará nova data para a audiência de conciliação ou
de mediação.
Passada a fase inicial (postulatória), passa-se
à fase seguinte (FASE DE
SANEAMENTO OU ORDINATÓRIA)

PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES 
Sob a denominação de “providências
preliminares”, o CPC instituiu certas medidas
que o juiz, eventualmente, deve tomar logo após a
resposta do réu e que se destinam a encerrar a
fase postulatória e a preparar a fase saneadora. O
saneamento propriamente dito deverá se
aperfeiçoar, na fase seguinte, através do
“julgamento conforme o estado do processo”.
Assim, findo o prazo de resposta do réu, os autos
são conclusos ao juiz, que, conforme o caso,
poderá determinar uma das seguintes
providências:

 ordenará que o autor especifique as provas que


pretenda produzir, se ainda não as tiver
indicado (NCPC, art. 348);
 Determinar a ouvida do autor, em 15 dias,
sobre fato impeditivo, modificativo ou extintivo
de seu direito, invocado pelo réu na
contestação (NCPC, art. 350);
 Determinar a ouvida do autor em 15 dias, sobre
as preliminares do art. 337, quando arguidas pelo
réu, podendo o autor produzir provas (NCPC, art.
351; ou
 Mandar suprir em prazo nunca superior a 30 dias
as irregularidades ou nulidades sanáveis que
encontrar (NCPC, art. 352).

IMPORTANTE! As providências preliminares


nem sempre serão utilizadas no processo. Não são
requisitos necessários do procedimento, mas
acontecimento eventual que ocorre e varia de
conteúdo, conforme as circunstâncias de cada caso.  
Enfatizando: pode até não haver necessidade
de nenhuma providência preliminar em casos
como o de revelia (fora das hipóteses do art. 344)
ou de contestação sem arguição das
matérias dos arts. 337 e 350 do NCPC.

Fique Atento!
Na hipótese de revelia que não configure uma das
situações do art. 345, o juiz “O juiz julgará
antecipadamente o pedido,
proferindo sentença com
resolução de mérito” (NCPC, art. 355);
E quais são as hipóteses do art. 345?
Art. 345.  A revelia não produz o efeito mencionado no
art. 344 se:
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a
ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de
instrumento que a lei considere indispensável à prova
do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem
inverossímeis ou estiverem em contradição com prova
constante dos autos.
 
 Portanto, na hipótese de contestação sem
arguição das matérias dos arts. 337 e 350,
proferirá o juiz, diretamente, o julgamento
antecipado do processo, decidindo o mérito,
tendo em conta a matéria controvertida e as
provas existentes no bojo dos autos.

 Se as nulidades encontradas de ofício pelo juiz


forem de natureza insanável, também não
haverá determinação de providências
preliminares e sim, o juiz proferirá sentença de
extinção do processo SEM RESOLUÇÃO DO
MÉRITO (NCPC, art. 485).
É na ocasião das “providências preliminares” que o
juiz realiza o complexo exame dos pressupostos
processuais e das condições da ação para
penetrar no saneamento do feito.
Réplica do autor:
Pode ocorrer em duas situações:
I – quando o demandado, reconhecendo o fato em
que se fundou a ação, outro lhe opuser impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor (NCPC,
art. 350);
II – quando, em preliminar de contestação, for
alegada qualquer das matérias enumeradas no art.
337 (NCPC, art. 351).
 Em ambos os casos, para manter a observância
do princípio do contraditório, será facultado ao
autor replicar a resposta do réu, bem como
produzir a prova documental, tudo no prazo de
15 dias.

 No caso da defesa indireta do art. 337


(preliminares de mérito), depois de ouvida a
réplica do autor, se o juiz entender que as
irregularidades ou nulidades comprovadas são
sanáveis, marcará prazo de até 30 dias, para que
sejam supridas. A solução, de acolhimento ou
rejeição da preliminar será dada no julgamento
do processo.
Revelia e provas
 Da falta de contestação há um salto da fase
postulatória para a fase decisória, pois o juiz fica
autorizado a proferir o julgamento antecipado da
lide (NCPC, art.355).
 Mas há casos em que, mesmo sem a resposta do
réu, o autor não se desobriga do ônus de provar
os fatos jurídicos que servem de base à sua
pretensão. Quando isto se dá o juiz, após
escoado o prazo de contestação, profere
despacho mandando que o autor especifique as
provas que pretende produzir na audiência
(NCPC, art. 348).
Art. 348.  Se o réu não contestar a ação, o juiz,
verificando a inocorrência do efeito da revelia previsto no
art. 344, ordenará que o autor especifique as provas que
pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado.

 É muito comum, na prática forense, o protesto


vago e genérico nas iniciais e contestações,
“pelas provas em direito admitidas”. É claro que,
diante disto, terá o juiz que mandar que, antes
do encerramento da fase postulatória, as partes
especifiquem, devidamente, as provas que irão
produzir, para sobre elas decidir no saneamento.
 Este prazo de especificação fica a critério do juiz,
mas se não houver estipulação expressa no
despacho, será de 5 dias, conforme o art. 218, §
3º do NCPC.

 Embora o CPC tenha previsto o despacho de


especificação de provas apenas na hipótese em
que a revelia não produz a eficácia do art. 345 do
NCPC, essa providência tem lugar também nas
ações contestadas, sempre que as partes, na fase
postulatória, não tenham sido precisas no
requerimento das provas que pretendam
produzir.
Intervenção do MP
Quando o MP deva funcionar na causa (NCPC, art.
178), tenham as partes requerido ou não sua
audiência, caberá ao juiz determinar que se lhe abra
vista dos autos na fase das “providências
preliminares”. Da omissão desta providência
decorre a nulidade do processo (NCPC, art 279).

Observação:
No âmbito interno do Ministério Público, o uso da
expressão custos legis ficou consagrado numa
forma de atuação específica: a de interveniente nos
processos cíveis.
 Assim, quando atua como custos legis
o MP não faz parte da relação
processual, nem como autor, nem
como réu.

 Sua posição é apenas a de verificar, com base na


legislação, se o pedido feito ao juiz merece ou
não ser atendido. Em linguagem jurídica, diz-se
que o Promotor (ou Procurador de Justiça ou da
República) deu parecer sobre o caso, que nada
mais é do que emitir uma opinião
fundamentada, de forma a fazer cumprir o que a
 A doutrina denomina a relação processual de
tríade: juiz numa ponta, autor e réu nas outras
duas.

 Na função de custos legis, o MP funcionaria como


o olhar da sociedade sobre essa relação, para
garantia, inclusive, da imparcialidade do julgador.

 No que diz respeito ao processo penal, o


Ministério Público, no início da ação penal, atua
como parte (e não como custos legis), ou seja,
ao oferecer a denúncia, seu pedido inicial, como
regra, deverá ser o de condenação.
O Ministério Público é parte legítima para ajuizar
ação de alimentos e pode fazê-lo
independentemente do exercício do poder familiar
pelos pais, da existência de risco prevista no
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ou da
capacidade da Defensoria Pública de atuar em favor
dos menores.
A decisão é da 2a Seção do STJ, ao julgar recurso
repetitivo em que se discutia a possibilidade de o
MP ajuizar ações que envolvem pensão alimentícia.
O número deste processo não é divulgado em razão
de segredo judicial. Fonte: STJ, 28 de maio de 2014.
PROCEDIMENTO EM CASO DE IMPEDIMENTO OU
SUSPEIÇÃO
Art. 144.  Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado
exercer suas funções no processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou
como perito, funcionou como membro do Ministério
Público ou prestou depoimento como testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo
proferido decisão;
III - quando nele estiver postulando, como defensor
público, advogado ou membro do Ministério Público, seu
cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge
ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em
linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de
administração de pessoa jurídica parte no processo;
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou
empregador de qualquer das partes;
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a
qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato
de prestação de serviços;
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de
advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por
advogado de outro escritório;
IX - quando promover ação contra a parte ou seu
advogado.
§ 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica
quando o defensor público, o advogado ou o membro do
Ministério Público já integrava o processo antes do início
da atividade judicante do juiz.
§ 2o É vedada a criação de fato superveniente a fim de
caracterizar impedimento do juiz.
§ 3o O impedimento previsto no inciso III também se
verifica no caso de mandato conferido a membro de
escritório de advocacia que tenha em seus quadros
advogado que individualmente ostente a condição nele
prevista, mesmo que não intervenha diretamente no
processo.
Art. 145.  Há suspeição do juiz:
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de
seus advogados;
II - que receber presentes de pessoas que tiverem
interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo,
que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da
causa ou que subministrar meios para atender às
despesas do litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou
devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes
destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
IV - interessado no julgamento do processo em favor de
qualquer das partes.

§ 1o Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro


íntimo, sem necessidade de declarar suas razões.

§ 2o Será ilegítima a alegação de suspeição quando:


I - houver sido provocada por quem a alega;
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique
manifesta aceitação do arguido.
Art. 146.  No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do
conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a
suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do
processo, na qual indicará o fundamento da recusa,
podendo instruí-la com documentos em que se fundar a
alegação e com rol de testemunhas.
§ 1o Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao
receber a petição, o juiz ordenará imediatamente a
remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário,
determinará a autuação em apartado da petição e, no
prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas razões,
acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas,
se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal.
§ 2o Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os
seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido:
I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;
II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá
suspenso até o julgamento do incidente.

§ 3o Enquanto não for declarado o efeito em que é


recebido o incidente ou quando este for recebido com
efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao
substituto legal.

§ 4o Verificando que a alegação de impedimento ou de


suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á.
§ 5o Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou
de manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas
custas e remeterá os autos ao seu substituto legal,
podendo o juiz recorrer da decisão.

§ 6o Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o


tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz não
poderia ter atuado.

§ 7o O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se


praticados quando já presente o motivo de impedimento
ou de suspeição.
Art. 147.  Quando 2 (dois) ou mais juízes forem parentes,
consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, inclusive, o primeiro que conhecer do
processo impede que o outro nele atue, caso em que o
segundo se escusará, remetendo os autos ao seu
substituto legal.

Art. 148.  Aplicam-se os motivos de impedimento e de


suspeição:
I - ao membro do Ministério Público;
II - aos auxiliares da justiça;
III - aos demais sujeitos imparciais do processo.
§ 1o A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a
suspeição, em petição fundamentada e devidamente
instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber
falar nos autos.
§ 2o O juiz mandará processar o incidente em separado e
sem suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo
de 15 (quinze) dias e facultando a produção de prova,
quando necessária.
§ 3o Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1o será
disciplinada pelo regimento interno.
§ 4o O disposto nos §§ 1o e 2o não se aplica à arguição de
impedimento ou de suspeição de testemunha.

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