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DIREITO TRIBUTÁRIO II

Suspensão da exigibilidade do crédito tributário


SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Art. 151 a art. 155-A, CTN.

1) Conceito. “Suspensão da exigibilidade do CT consiste na situação na qual, em razão da incidência de uma das hipóteses
do art. 151, CTN, o sujeito ativo fica momentaneamente impedido de cobrar a satisfação do CT pelo sujeito passivo, e/ou de
impor penalidade pecuniária.”

2) Efeitos. 1º - impede procedimento de cobrança e/ou imposição de penalidades pelo Fisco; 2º - suspende o prazo
prescricional; 3º - permanência da obrigação de cumprimento das obrigações acessórias (p. único, art. 151, CTN); 4º - o
sujeito passivo tem o direito de obter certidão positiva com efeito de negativa, e o sujeito ativo o dever de fornecer (art.
206, CTN), e; *5º - reserva legal (art. 97, VI, CTN) e interpretação literal da legislação tributária que disponha sobre
suspensão da exigibilidade do CT (art. 111, I, CTN). São muito mais requisitos do que efeitos.

3) Momentos: i) posterior ao lançamento (CT com exigibilidade), ou; anterior ao lançamento (CT sem exigibilidade). Súmula
48, CARF.

*Divergência doutrinária. Ricardo Lobo Torres/Hugo de Brito Machado e Luciano Amaro.


4) Art. 151, CTN. Rol taxativo ou exemplificativo? Predomina o entendimento de que é taxativo, com base na
interpretação conjunta do art. 97, VI, art. 111, I e art. 141, CTN. *O professor Claudio Carneiro cita decisão do STJ (RESP
1.149.115-PR, Min. Luiz Fux, 23.03.2010) na qual decidiu-se que, enquanto pendente pedido de compensação na via
administrativa, a Fazenda Pública não pode cobrar o CT. Na verdade, a posição do STJ traduz variação da hipótese de
suspensão do art. 151, III, CTN (reclamações e recursos administrativos).

5) Causas de suspensão da exigibilidade do CT. Art. 151, I a VI, CTN.

a) Moratória. Art. 151, I e art. 152 a 155-A, CTN. Consiste na concessão, pelo sujeito ativo ao sujeito passivo, sempre por
meio de lei formal (art. 97, VI, CTN) da prorrogação do prazo para pagamento do CT.

b) Depósito do montante integral do tributo. Art. 151, II, CTN. É direito subjetivo do contribuinte. Pela via judicial (ação
anulatória, declaratória de inexistência de relação jurídica etc.). O depósito fica à disposição do juízo enquanto tramita a
ação. A impugnação pela via administrativa é causa autônoma de suspensão da exigibilidade do CT, entretanto o sujeito
passivo pode promover o depósito judicial para evitar a fluência de multa moratória e juros de mora. O depósito deve ser
realizado no montante que está sendo exigido pela Fazenda Pública (Súmula 112, STJ. Depósito integral e em dinheiro).
Caso a ação seja julgada procedente (lançamento errado), o sujeito passivo fará o levantamento dos valores com os
acréscimos legais. Caso a ação seja julgada improcedente, os valores depositados são convertidos em renda,
extinguindo o CT (art. 156, VI, CTN). Ver SV 21 e SV 28.

c) Reclamações e recursos administrativos (impugnações administrativas – art. 151, III, CTN). Todo instrumento
utilizado para questionar administrativamente o CT (impugnação em primeira instância, mera petição ou recurso
voluntário). Art. 145, I, CTN. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo pode ser alterado em virtude
de impugnação do sujeito passivo. Direito constitucional de petição, contraditório e ampla defesa.
 
d) Parcelamento. Art. 151, VI, CTN. Concessão por lei específica (art. 155-A, CTN). Só pode ser concedido
parcelamento nas condições estabelecidas na lei específica. Confere maior facilidade para a satisfação do CT. É medida
de política fiscal. Tem por objetivo incrementar a arrecadação (recuperação de créditos) e minimizar o impacto da
tributação sobre o contribuinte, permitindo que estes voltem a regularidade resolvendo a situação de inadimplência.

Sugestão de leitura: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/pauta-fiscal/suspensao-da-exigibilidade-


credito-tributario-19012017
CASO CONCRETO.
Diante de ato de autoridade pública supostamente eivado de ilegalidade, CREMILDO BULGAR impetra mandado de segurança com
pedido de liminar para suspender a exigibilidade do crédito tributário referente ao imposto de renda, que monta em R$ 20.000,00.
Deferida a liminar, o Juízo de primeiro grau leva 3 anos para julgar o mérito, e, ao fazê-lo, denega a segurança. O contribuinte, então,
interpõe Apelação, acreditando que, ao ser recebida no duplo efeito, esta preservará os efeitos da liminar. A Fazenda, por sua vez,
ajuíza a competente execução fiscal para a satisfação do seu crédito, que a esta altura já alcança R$ 24.000,00, por estar acrescido de
juros de mora e devidamente corrigido monetariamente. Na execução, o contribuinte alega que a mesma deve ser extinta em face da
existência de mandado de segurança ainda não transitado em julgado. Pergunta-se: a) Nas condições apresentadas, a Execução Fiscal
deve ser extinta sem resolução de mérito? b) Quais os efeitos da sentença denegatória da segurança? c) No caso em tela é cabível a
incidência de juros e correção monetária?
a) A concessão de liminar em Mandado de segurança, nos termos do art. 151 IV do CTN suspende a exigibilidade do crédito tributário.
Enquanto vigente a liminar a União não pode ajuizar a ação de execução fiscal. Como a apelação foi recebida no duplo efeito
(devolutivo e suspensivo) foram restaurados os efeitos da liminar. Sendo assim, deve ser extinta a execução, já que a suspensão dos
efeitos da denegação do mandado de segurança pelo provimento da apelação impede quaisquer atos de cobrança, tendo em vista a
restauração dos efeitos da liminar. b) A sentença que denega a segurança produz efeitos imediatamente e eventual apelação é, em
regra, recebida apenas no efeito devolutivo. Por isto, em regra, a denegação afasta a suspensão da exigibilidade imediatamente.
Todavia, no caso em tela a apelação foi recebida no duplo efeito. c) A Lei 9430/96 em seu art. 63, §2º dispõe que “A interposição da
ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30
dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição.” Contudo, tal dispositivo trata da
multa de mora. O CARF adotou o entendimento consagrado em sua Súmula 5 de que “São devidos juros de mora sobre o crédito
tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante
integral.” No STJ, havia controvérsia, até que a Fazenda Nacional opôs embargos de divergência e consolidou seu entendimento no
sentido de que no período compreendido entre a concessão de medida liminar e a denegação da ordem incide correção monetária e
juros de mora ou a Taxa SELIC, se for o caso. (ED no REsp839.962-MG).

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