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A REVOLUÇÃO FRANCESA

A QUEDA DA BASTILHA – 14/07/1789


Como foi possível observar nos
nossos estudos sobre o iluminismo,
vários intelectuais franceses
elaboraram um pensamento que
questionava a sociedade comandada
por reis absolutos e criticavam
inúmeras instituições que ainda
sobreviviam desde os tempos
medievais, como a servidão.
A partir de 1789, as ideias criadas
por estes pensadores, começaram
a ganhar as ruas e a mover os atos
de inúmeras pessoas. Teve início a
Revolução Francesa e em poucos
anos, tudo o pertencia ao
absolutismo parecia destruído,
inclusive o rei, morto na guilhotina.
Os ideais pregados pela Revolução
– liberdade, igualdade e
fraternidade – teriam ampla
repercussão. Sem dúvida foi um
dos movimentos sociais que mais
influenciou os povos, incentivou
conspirações, ações armadas ou
tentativas pacíficas de mudar o
poder político.
A FRANÇA ANTES DA REVOLUÇÃO
O rei da França Luís XVI, herdou o trono
com grande crise econômica. A França
vinha de uma derrota na Guerra dos Sete
Anos (1756-1763) para a Inglaterra, as
colheitas não eram satisfatórias, causando
fome entre a população e mesmo assim o
rei resolve enviar tropas francesas para
lutar a favor da independência das colônias
inglesas na América do Norte.
Para superar esta crise o rei propôs
uma grande reforma tributária,
que previa o pagamento de
impostos por parte da nobreza e
da Igreja Católica. Esta proposta do
rei irá causar grande insatisfação
entre o clero e a nobreza.
A CONVOCAÇÃO DOS ESTADOS GERAIS
Os Estados Gerais era a assembleia
representativa das três ordens ou
estados (clero, nobreza e povo). Como
nesta reunião cada grupo tinha seus
próprios interesses, não se chegou a
um acordo e assim o rei tentou
dissolver os Estados Gerais. Resistindo
a esta atitude do rei, o Terceiro Estado
se revolta e cria a Assembleia Nacional.
JURAMENTO DA SALA DO JOGO DA PELA
(09/07/1789)
Em 14 de Julho de 1789, uma
multidão invadiu a prisão chamada
de Bastilha. A tomada da Bastilha
pela população foi um ato de
enorme importância, pois
simbolizou o levante popular
contra o absolutismo.
A revolta se alastrou para o campo,
propriedades foram saqueadas,
castelos incendiados, os nobres
deixaram a França. A Assembleia
aprovou várias leis que acabaram com
os vestígios do feudalismo: aboliu os
impostos sobre os camponeses,
confiscou os bens da Igreja e
suspendeu os privilégios fiscais dos
nobres
O rei foi obrigado a aceitar uma
constituição. Luis XVI via seu poder
reduzir-se ao mínimo e passa a
conspirar com nobres e governantes
de países absolutistas para deter a
onda revolucionária. Em junho de
1791, Luis XVI tentou fugir para a
Áustria mas foi descoberto no meio do
caminho e retorna a Paris escoltado.
Outra medida importante foi a
criação da Declaração dos direitos
do Homem e do Cidadão. O
documento, baseado nos princípios
iluministas, revelava a intenção das
lideranças da revolução de romper
com os privilégios e reformular a
organização política do país.
Por conseguinte, a Assembleia Nacional reconhece e declara, em presença e sob os auspícios do
Ser supremo, os seguintes direitos do homem e do cidadão:

Art. 1º. Os homens nascem e vivem livres e iguais em direitos. As diferenças sociais só podem ser
fundamentadas no interesse comum.

Art. 2º. O fim de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do
homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.

Art. 3º. O princípio de toda Soberania reside essencialmente na Nação. Nenhuma instituição nem
nenhum indivíduo pode exercer autoridade que não emane expressamente dela.

Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique outro: assim, o exercício dos
direitos naturais de cada homem tem como única baliza a que assegura aos outros membros da
sociedade o gozo dos mesmos direitos. Essas balizas só podem ser determinadas pela Lei.

Art. 17º. Sendo a propriedade um direito inviolável e sagrado, ninguém pode ser dele privado
senão quando a necessidade pública, legalmente constatada, assim o exija evidentemente, e sob
a condição de uma justa e prévia indenização
OS LIMITES DA CONSTITUIÇÃO
A constituição de 1791, de natureza liberal e
burguesa estabelecia que todos os homens eram
iguais perante a lei. Porém, o texto instituía o voto
censitário, com a distinção de cidadãos ativos e
passivos. Assim, a Constituição de 1791 mostrou
que foi reflexo das aspirações de uma burguesia
moderada e preocupada em garantir a propriedade.
Este projeto da alta burguesia foi contestada pelas
forças populares que desejavam avançar com o
processo revolucionário e pelo outro lado, por
muitos nobres, que se organizavam para acabar
com a revolução.
AS FORÇAS POLÍTICAS DA
REVOLUÇÃO
Os conceitos de direita e esquerda até hoje utilizados têm
origem nas reuniões da Assembleia Constituinte. Em 1789, os
contrarrevolucionários, aristocratas e absolutistas, que se
sentavam à direita, tornaram-se conhecidos como “a direita”; os
revolucionários ocuparam os lugares à esquerda. Os
“montanheses”, populares no processo revolucionário e da
defesa nacional, formavam um setor da “esquerda” que
costumava se assentar no alto do plenário. Ao centro estava a
“planície” ou “pântano” , grupo assim chamado pois ocupava os
lugares baixos do plenário e por suas posições definidas de
acordo com os acontecimentos.
Com a radicalização do processo
revolucionário, as forças
revolucionárias foram se dividindo , e
dois grupos se destacaram: os
Jacobinos e os Girondinos. A gironda
passou a defender os interesses da alta
burguesia, banqueiros e das correntes
liberais. Esse grupo, ao contrário dos
jacobinos, acreditava que era o
momento de parar a revolução.
Os jacobinos defendiam a participação
popular no processo revolucionário, a
ampliação e o aprofundamento das
conquistas do povo na revolução. Eram
apoiados pelos sans-culottes, nome
pelo qual ficaram conhecidos os grupos
urbanos que defendiam ideias radicais.
Os sans-culottes compunhan-se
principalmente de artesãos e operários,
principalmente em Paris.
O NOME SANS-CULOTTE REFERE-SE AO TRAJE QUE USAVAM
– CALÇA COMPRIDA -, EM OPOSIÇÃO ÀS CALÇAS CURTAS,
USADAS PELOS NOBRES.
O REI LUÍS XVI CONSPIRA CONTRA A
REVOLUÇÃO.

Apoiado pelos contrarrevolucionários, o rei aliou-


se secretamente a outros países para acabar com
a revolução. Os reis europeus temiam que a
influência da Revolução Francesa atingisse seus
territórios, e por isso, entraram em um acordo
com Luís XVI: invadiriam a França e o
recolocariam no poder. Para organizar este plano,
o rei tentou fugir da França. Contudo sua fuga foi
descoberta e ele e a família real foram presos.
O PERÍODO DA CONVENÇÃO
A REPÚBLICA JACOBINA
(09/1792 – 07/1794)

Os membros da Convenção julgaram e


condenaram o rei Luís XVI à guilhotina, além de
tomarem medidas para combater os nobres e
vencer os contrarrevolucionários. Houve uma
reação das potências estrangeiras que invadiram
a França e os girondinos perdem o poder, e
assim os jacobinos tomaram o governo em julho
de 1793.
MEDIDAS TOMADAS PELOS JACOBINOS:
Nova Constituição:

•Fim dos direitos feudais.


•Sufrágio universal masculino.
•O direito de greve.
•O direito dos cidadãos se revoltarem contra
o governo.
•Estabeleceu o ensino público gratuito e um
novo calendário.
“A MORTE DE MARAT”, QUADRO DE JACQUES
LOUIS DAVID, 1793. EM JULHO, MARAT FOI MORTO
EM SUA CASA POR UMA GIRONDINA.
A FASE DO TERROR

Alegoria da Revolução que assiste à execução de seus inimigos.


Gravura de 1794.
Essa fase da Revolução foi marcada pela
ação do Comitê de Salvação Pública, com
sua Lei de Suspeitos (1793), do Comitê de
Segurança Geral e do Tribunal
Revolucionário, comandados por
Maximilien Robespierre. Com um país a
beira do colapso – em guerra com outros
países, com revoltas camponesas no
interior e em plena crise econômica –
Robespierre inicia uma perseguição aos
suspeitos que foram presos e guilhotinados
pelos jacobinos.
Os revolucionários se dividiram: de um
lado, grupos radicais chamados de
enraivecidos, aos quais pertenciam
Hébert e outros líderes dos sans-culottes,
queriam aprofundar a revolução. De
outro, os indulgentes, burgueses
moderados liderados por Danton e
Desmoulins, queriam frear a revolução e
acabar com as prisões e execuções
A REAÇÃO TERMIDORIANA
Sem o apoio dos enraivecidos e dos
indulgentes, Robespierre fica sem uma
base efetiva de apoio ao seu governo,
favorecendo a uma união da alta
burguesia em torno de uma reação contra
a República Jacobina. Em julho de 1794
um golpe expulsou os jacobinos da
Convenção. Robespierre e outros líderes
foram presos e executados na guilhotina.
O PERÍODO DO DIRETÓRIO
A ALTA BURGUESIA VOLTA AO PODER
1795-1799
O novo governo, autoritário e fundamentado numa
aliança com o exército, tratou de elaborar uma nova
constituição capaz de manter a sociedade burguesa livre
de dois perigos: República Jacobina e do Antigo Regime.
Em agosto de 1795, foi votada uma nova Constituição,
bem menos radical do que a do período jacobino. Após
tantos conflitos e projetos em jogo, uma das principais
metas da Revolução de 1789 tinha sido atingida: a França
absolutista fora transformada em um Estado capitalista,
voltado para os interesses burgueses.
Além das questões internas, o
Diretório teve que enfrentar
ameaças externas. Nessas
campanhas contra outros países da
Europa, destacou-se Napoleão
Bonaparte, que aos 25 anos já era
general e herói nacional graças a
suas vitórias na Itália.
A estabilidade política só chegou em
novembro de 1799, com o Golpe do 18
do Brumário, que derrubou o diretório e
instituiu o sistema do Consulado. Os
burgueses entregaram o poder a três
cônsules, entre eles Napoleão. Essa foi a
solução encontrada pela burguesia para
encerrar o processo revolucionário,
dando início a um novo capítulo da
história da França.

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