Você está na página 1de 191

Filosofia

Filosofia

■ Felicidade
■ Realidade
■ Pensamento
■ Eu
■ Liberdade
■ Desejo
■ Amor
■ Psicologia
O que é filosofia?
■ Percebemos a vida... Pensamos sobre a vida...
■ Nos percebemos percebendo a vida
■ Nos pensamos pensando a vida
■ Temos consciência de ter consciência
■ Distância
■ O que nos leva a pensar sobre a vida?
■ Como nos sentimos quando pensamos sobre a vida?
■ Admiração
■ Espanto
■ Questionamento
■ Contestação
■ Sócrates: “Sei que nada sei”
O que é a atitude filosófica?
■ Nossa vida cotidiana é toda feita de crenças
silenciosas, da aceitação tácita de evidências que
nunca questionamos porque parecem naturais,
óbvias.
■ Exemplo: que dia é hoje?
■ Cremos no espaço, no tempo, na realidade, na
qualidade, na quantidade, na verdade, na diferença
entre realidade e sonho ou loucura, entre verdade e
mentira, entre objetividade e subjetividade.
■ Imaginemos, agora, que tomássemos uma decisão
muito estranha e começássemos a fazer perguntas
inesperadas.
■ Em vez de “que horas são?” ou “que dia é hoje?”,
perguntássemos: “O que é o tempo?”.
“A atitude filosófica inicia-se dirigindo
essas indagações ao mundo que nos rodeia
e Às relações que mantemos com ele.
Pouco a pouco, porém, descobre que essas
questões se referem, afinal, à nossa
capacidade de conhecer, à nossa
capacidade de pensar.
Por isso, pouco a pouco, as perguntas da
Filosofia se dirigem ao próprio
pensamento: o que é pensar, como é
pensar, por que há o pensar?
A Filosofia torna-se, então, o pensamento
interrogando-se a si mesmo.
Por ser uma volta que o pensamento
realiza sobre si mesmo, a Filosofia se
realiza como reflexão”.
(Chauí, 2000, p. 12)
Reflexão filosófica
■ Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que
dizemos e fazemos o que fazemos?
– Quais são nossos motivos, razões e causas?
■ Sobre o que pensamos, sobre o que desejamos, sobre
o que falamos?
– Qual é o conteúdo, o sentido?
■ Para que pensamos, para que dizemos, para que
fazemos?
– Quais são as intenções, as finalidades?
Reflexão filosófica
■ Essas indagações fundamentais não se realizam ao
acaso, segundo preferências e opiniões de cada
pessoa.
■ Não é um “acho que...” ou “gosto de...”.
■ As indagações filosóficas se realizam de modo
sistemático.
“A Filosofia se interessa por aquele
instante em que a realidade natural
(o mundo das coisas) e a histórica (o
mundo da relação entre as pessoas)
tornam-se estranhas, espantosas,
incompreensíveis e enigmáticas”.
(Chauí, 2000, p. 16)
A origem da filosofia

■ A palavra filosofia é grega


■ Composta por: philo e sophia
■ Amor pela sabedoria
Sócrates
Sócrates

■ “Conhece-te a ti mesmo”
■ O autoconhecimento é a condição de todos os outros
conhecimentos verdadeiros
■ Período filosófico centrado no conhecimento do
humano
■ Capacidade humana para conhecer a verdade
■ Platão, discípulo de Sócrates, retratou seu mestre
como alguém que andava pelas ruas e praças de
Atenas fazendo perguntas sobre o que as pessoas
acreditavam e por que pensavam como pensavam.
Platão
O que é uma vida bem vivida?
Sócrates e Platão

■ Uma vida bem vivida é uma vida pensada


■ Importância da filosofia
■ Pensamento como atividade fundamental
■ Para além das escolhas e opiniões particulares
■ Ultrapassar as situações e relações concretas
■ Chegar à ideia
■ Exemplo: amizade
Aristóteles
Aristóteles
■ A vida só pode ser valorada em função de referências
que a transcendem
■ Uma vida boa é uma vida ajustada
■ Tudo o que existe no mundo, todas as pessoas, todos
as plantas, todos os animais, todos os planetas, todos
os objetos, são do jeito que são porque, sendo como
são, estão maravilhosamente adequados para
cumprir suas funções, para fazer as atividades que
lhes cabem
■ Tudo no universo tem uma finalidade para alcançar
ao longo da existência
■ Há a justa correspondência entre o que somos e as
atividades que são nossas.
Eudaimonia
■ Conceito aristotélico para indicar que a vida que
escolhemos para viver é adequada
■ Possível tradução: felicidade
■ No sentido grego, é algo mais preciso
■ Bem supremo, a finalidade única
■ Vida que vale por ser como é, que é vivida em sua
razão de ser
■ A vida que vale por ela mesma, como é vivida, no
instante mesmo em que é vivida, é a vida ajustada
ao universo, quando desempenhamos com
excelência nosso lugar, nossa função, nossa
finalidade no todo.
Epicuro
Epicuro
■ A busca do prazer é a condição central para uma vida feliz e
bem vivida
■ Uma boa vida é uma vida prazerosa
■ Construção do prazer, cultivo
■ Prudência e comedimento
■ Reduzir e eliminar o que traz dor e sofrimento
■ Prepara-se para o mundo tal como ele é
■ Paz do pensamento é paz do corpo
■ A tranquilidade corporal e psíquica de amanhã dependerá
do que fizermos de nossas vidas hoje
■ Desejos naturais e necessários = cultivo
■ Desejos naturais e não necessários, desejos não naturais e
não necessários = prejudiciais
Sêneca
Estoicismo
■ Uma vida bem vivida é uma vida tranquila
■ Evitar preocupações, o que nos inquieta, nos
perturba, nos desestabiliza
■ Escola filosófica grega: Zenão, Cleanto, Crisipo
■ Escola filosófica romana: Sêneca, Epicteto e Marco
Aurélio
■ Razão protetora: a razão nos leva à ataraxia
(tranquilidade, impassibilidade)
■ Para haver harmonia, é preciso se distanciar de tudo
o que enfraquece
■ Sêneca: a vida feliz, tranquila, é aquela em que há a
reconciliação com o mundo. Sem lamentar, sem
imaginar como deveria ser, como deveria ter sido.
Harmonizar-se.
Espinosa
Espinosa
■ A vida tem a ver com potência.
■ Uma vida bem vivida é uma vida alegre, potente.
■ A vida é uma trajetória de encontros com o mundo.
■ O mundo não para de nos afetar.
■ O afeto é a maneira como o corpo interpreta a forma
como o mundo afeta a pessoa.
■ Há encontros que intensificam e encontros que
apequenam nossa potência.
■ Há uma complexidade afetiva a cada instante,
muitos afetos não são percebidos.
John Stuart Mill
Utilitarismo
■ A vida que vale a pena é uma vida útil.
■ O valor de algo está nas consequências que algo
pode trazer, nas transformações benéficas que pode
suscitar.
■ Uma ação precisa ser medida por suas derivações.
■ John Stuart Mill (liberalismo econômico) e Benjamin
Bentham (aritmética dos prazeres).
Immanuel Kant
Immanuel Kant
■ Não há, no mundo, nada que seja bom em si mesmo.
Tudo é o que é.
■ Só a boa vontade é boa sem restrições.
■ A inteligência, a coragem, o juízo, são bons desde
que condicionados à boa vontade. O valor moral
depende do uso que é feito delas.
■ A vontade é que delibera, que opera, que faz uso das
demais coisas como ferramentas.
■ Vontade não é o mesmo que desejo. Toda vontade
pressupõe a deliberação da razão.
■ A vida de uma pessoa, a cada instante, pode ser
infinitamente diferente do que é. Essa é uma
condição moral.
Friedrich Nietzsche
Friedrich Nietzsche
■ Uma boa vida é uma vida intensa
■ Estados dionisíacos
■ Vontade de potência
■ Eterno retorno
■ Amor fati
O que é uma vida bem
vivida?
■ Vida pensada
■ Vida ajustada
■ Vida prazerosa
■ Vida tranquila
■ Vida alegre
■ Vida útil
■ Vida moralizada
■ Vida potente
O que é a felicidade?
Mais conhecida pela ausência que pela presença
Ou melhor, pela busca
Como gostaríamos que fosse
Prazer – imediato
Felicidade – duraçã o
Felicidade
Mundo grego antigo: harmonia, pertencimento,
integraçã o... encaixe em uma realidade ordenada,
maior que nó s.
Encaixar-se na ordem có smica.
Felicidade
Reconciliaçã o com o real
Nietzsche: amor fati
Contemplar o mundo onde estamos
Contemplar o mundo onde estamos sempre
Felicidade
O princípio de que é no outro que reside a
realizaçã o de alguém é basicamente cristã o
O outro constitui espaço da minha realizaçã o.
É a renú ncia da mã e, que sente satisfaçã o em abrir
mã o de certos prazeres para que o filho tenha mais
segurança ou mais alegria.
Capacidade de entrega.
O que é a realidade?

■ É o que vemos?
■ É o que ouvimos?
■ É o que cheiramos?
■ É o que degustamos?
■ É o que apalpamos?
■ É o que experimentamos?
■ É o que percebemos?
■ É o que pensamos?
O que é a realidade?

■ Os sons que ouvimos


■ As cores que vemos
■ Os cheiros que sentimos
■ Os sabores que provamos
■ As texturas que tocamos...

■ Não estão no mundo, mas são produções do


nosso corpo ao interagir com o que está fora
dele.
O que é a realidade?

■ Existe uma realidade para todas as pessoas?


■ Será que existe uma realidade para cada pessoa?
Platão
■ Dois mundos
■ Um que está próximo de nós
■ O mundo das coisas sensíveis
■ O que posso ver, ouvir, cheirar, provar, tocar
■ E o mundo dos pensamentos
■ O mundo da razão, das atividades intelectivas
■ O intelectual é superior ao sensível
■ Os sentidos nos enganam
■ É pela razão que encontramos a verdade
■ Exemplo: água e gelo
■ Exemplo: Terra e Sol
Immanuel Kant
■ O engano na Filosofia foi indagar o que a razão pode
ou não conhecer
■ Pressuposição de que a realidade pode ser
inteiramente conhecida pelas ideias da razão
■ A realidade exterior, como objeto do conhecimento, é
o centro
■ Movimento de Kant: centralidade à razão, ao sujeito
do conhecimento
■ O que é a razão?
■ Estrutura vazia, forma pura
■ Estrutura universal
■ Categorias a priori: espaço e tempo
O que é realidade?
“Cai na real”
O sonho, a ilusã o, a imaginaçã o estã o nas alturas
A realidade, no solo
Pés no chã o: O real é o terreno firme que pisamos
em nosso cotidiano.
O que é realidade?
Pensarmos sobre a realidade é o mesmo que peixes
pensarem na á gua que nadam
O ó bvio é o mais difícil de ser percebido
A realidade nã o é algo dado, que está aí se
oferecendo aos olhos humanos
Tema importante para a Psicologia
Realidades
O mundo se apresenta com uma nova face cada vez
que mudamos a perspectiva sobre ele
Construçã o
Construçã o ativa
Encontro em cada pessoa e o mundo que vive
As forças naturais nã o sã o criadas pelo ser humano,
mas a maneira de percebê-las, de interpretá -las, de
compreendê-las e de estabelecer relaçõ es com elas,
sim
Realidades
Percebemos a realidade
Percebemos a nó s mesmos(as) percebendo a
realidade
Pensamos sobre a realidade que percebemos
Pensamos sobre nó s mesmos(as) pensando a
realidade que percebemos
Consciência reflexiva
Realidade e linguagem
Palavras
Possibilidade de tornar presente o que está ausente
Possibilidade de tornar presente o (in)existente
Realidade simbó lica
Realidade subjetiva
Ludwig Wittgenstein: “os limites da minha
linguagem denotam os limites de meu mundo”
“Reflitam um instantinho sobre o real.
É porque a palavra elefante existe na sua
língua, e porque o elefante entra assim nas
suas deliberaçõ es, que as pessoas puderam
tomar em relaçã o aos elefantes, antes mesmo
de tocá -los, resoluçõ es muito mais decisivas
para esses paquidermes do que o que quer
que lhes tenha acontecido na sua histó ria – a
travessia de um rio ou a esterilizaçã o natural
de uma floresta.
Só com a palavra elefante e a maneira pela
qual os homens a usam, acontecem, aos
elefantes, coisas, favoráveis ou desfavoráveis
(...)”.
Aprendizado sobre a realidade
Socializaçã o
Socializaçã o primá ria e secundá ria
Reificaçã o
“A realidade preponderante é sempre a do
dia-a-dia, e já foi afirmado que mesmo esta
realidade possui uma regiã o que é mais clara
e evidente (aquela ao alcance de nossas
açõ es). À medida que me afasto desta esfera,
meus conhecimentos vã o se tornando mais
nebulosos (...). Há esferas do real cujo
domínio pertence apenas a pessoas
altamente especializadas (...)”. Por exemplo:
nã o sei como funciona o meu televisor, mas
devo saber a quem tenho de recorrer quando
ele apresenta algum defeito. Nã o sei como me
curar de uma doença que me acomete, mas
sei como fazer para consultar um médico que
poderá me tratar” (p. 34-35).
“Nota-se que o meio mais importante
na manutençã o da realidade é a
conversa, ou seja, através dela o mundo
é incessantemente reafirmado. (...) Os
diá logos que mantemos com os “outros
significativos” sã o ainda mais
importantes neste processo, na medida
em que neles há uma carga adicional de
afetividade, contribuindo com maior
peso para assegurar a nossa realidade
subjetiva” (p. 73).
Pensamento

■ Mente e corpo são a mesma coisa?


■ Qual é a relação entre mente e cérebro?
■ O pensamento é produto do meu cérebro assim
como a insulina é produto do meu pâncreas?
■ Qual é a natureza dos fenômenos mentais?
Pensamento

■ Se alguém abrir meu cérebro, não poderá ver o que


estou pensando
■ Verá apenas uma massa cinzenta, cheia de células
ligadas entre si
■ Onde meus pensamentos ocorrem?
■ Qual é a relação entre o que ocorre no cérebro e o que
ocorre na mente?
■ Conseguiremos, um dia, encontrar algum tipo de
tradução entre os sinais elétricos das células cerebrais
e aquilo que percebemos, sentimos e pensamos?
Platão
■ Ideias
■ Conteúdos mentais que podem ser abstraídos das
mentes que os pensam
■ Os pensamentos podem ser abstraídos dos atos de
pensá-los
■ As ideias ou conteúdos mentais apenas ocorrem nas
mentes, mas têm uma realidade independente
■ Há, com os pensamentos, um verdadeiro mundo à
parte
■ Exemplo: verdades matemáticas
■ O mundo das ideias é o único mundo verdadeiro, um
mundo imutável
■ Divisão entre mundo sensível e mundo inteligível
Platonismo
■ Influências na matemática, na engenharia e nas
ciências da computação
■ Mente como uma estrutura matemática abstrata que
pode ser reproduzida por um programa de
computador
■ Mente como independente do cérebro
■ Programa de computador independente do
computador
■ Mas a história da ciência mostra que as verdades
matemáticas não são tão eternas e imutáveis quanto
poderíamos supor
■ Em geometrias não euclidianas há triângulos cuja
soma dos ângulos não têm 180 graus
Mente e cérebro

■ Contamos hoje com vários recursos para produzir


imagens do cérebro em funcionamento ou mesmo
para medir sua atividade elétrica
■ Um deles é o eletroencefalograma ou EEG
■ Podemos, por exemplo, determinar se alguém que
está dormindo está ou não sonhando
Mente e cérebro

■ Imagine um experimento com dez pessoas


■ As dez pessoas são convidadas a pensar em algo
■ Enquanto isso, são produzidas imagens dos cérebros
■ Áreas parecidas são estimuladas
■ Ninguém sabe qual é o próprio cérebro
Mente e cérebro

■ O que falta é algum tipo de explicação que torna


inteligível a passagem entre o físico e o mental
■ Mais do que correlações
■ Que tipo de propriedade ou que tipo de
circunstância leva a matéria (o cérebro) a produzir
consciência?
■ Serão as leis naturais suficientes para capturar e
explicar os aspectos específicos que levam à
produção da subjetividade e da consciência?
Mente e cérebro

■ Conhecimento intuitivo
■ Sabemos que a ordem física dos eventos cerebrais
altera estados mentais
■ Quando tomamos bebidas alcoólicas
■ A ingestão de álcool altera quimicamente o cérebro
■ Reações diversas
■ Não sabemos como essas alterações passam aos
nossos pensamentos, emoções, percepções
René Descartes
(1596-1650)
Filosofia e Psicologia
Todos os grandes sistemas filosó ficos desde a
Antiguidade incluíam noçõ es e conceitos relacionados
ao que hoje faz parte do domínio da psicologia científica,
como o comportamento, o “espírito” ou a “alma”.
Na Idade Moderna, particularmente no sé culo XIX,
começaram a se constituir as ciê ncias sociais, como a
Economia, a Política, a Histó ria, a Antropologia, a
Sociologia e a Linguística.
Os temas da psicologia estavam dispersos entre
especulaçõ es filosó ficas, ciências físicas e bioló gicas e
ciê ncias sociais.
A experiência da subjetividade
Ter uma experiê ncia da subjetividade bem nítida é para nó s
muito fá cil é natural
Todos sentem que parte de suas experiê ncias é íntima, que mais
ningué m tem acesso a ela.
Podemos experimentar alegrias e tristezas intensas mas
procurar escondê -las.
A possibilidade de mantermos nossa privacidade é altamente
valorizada por nó s e relacionada ao nosso desejo de sermos
livres para decidir nosso destino.
Temos a sensaçã o de que aquilo que estamos vivendo nunca foi
vivido antes.
Nossa vida é ú nica.
O que sentimos e pensamos é original, quase incomunicável.
A experiência da subjetividade
Essa compreensã o é historicamente situada.
Nos primó rdios de nossa histó ria eram poucas as
pessoas que podiam se reconhecer como
moralmente autô nomas, capazes de iniciativa,
dotadas de sentimentos e desejos pró prios.
Hoje, ao contrá rio, essa se tornou a ideia
generalizada que temos de nó s mesmos.
Subjetividade e histó ria
A experiência medieval faziam com que a pessoa se
sentisse parte de uma ordem superior que a amparava e
constrangia ao mesmo tempo.
No Renascimento, a perda desse sentimento de comunhã o
com uma ordem superior trouxe uma grande sensaçã o de
liberdade e uma grande insegurança ao mesmo tempo.
O surgimento da imprensa proporcionou uma das
experiências mais decisivas da modernidade: a da leitura
silenciosa.
O trabalho intelectual passa a ser progressivamente um
ato individual e mesmo a religiosidade pô de se tornar uma
questã o íntima.
Iluminismo
Movimento filosó fico do século XVII
Ser humano como centro
Liberdade para criar o pró prio destino
Crise
A subjetividade privatizada entra em crise quando se descobre
que a liberdade e a diferença sã o, em grande medida, ilusõ es,
quando se descobre a presença forte, mas sempre disfarçada, das
Disciplinas em todas as esferas da vida, inclusiva nas mais íntimas
e profundas.
Estado, burocracia, forças armadas
Cresce a grande indú stria baseada na produçã o padronizada e
mecanizada, cresce o consumo de massa para os produtos
industriais. Onde ficava, entã o, aquela idéia de que cada um é
ú nico e diferente dos demais?
As pessoas nã o sã o tã o livres e tã o singulares quanto imaginavam.
Os tempos estã o ficando maduros para uma psicologia científica.
O que somos, quem somos, como somos?
Regime disciplinar
Como lidar melhor com os sujeitos individuais?
Como educá -los de forma mais eficaz, treiná -los,
selecioná -los para os diversos trabalhos?
Como padronizá -los, normalizá -los, colocá -los a
serviço da ordem social?
Psicologia Aplicada
Técnicas de controle
Síntese
Somos pessoas livres, diferentes, ú nicas, dotadas de
uma intimidade singular
Nã o somos tã o livres assim, nem tã o diferentes
como imaginávamos
Projetos de previsã o e controle do comportamento
individual
Projetos de conhecer sobre o que escapa à previsã o
e ao controle
Desencantamento do mundo
A realidade nã o encerra mistérios
É possível desvendá -la plenamente pelo
conhecimento
É possível dominá -la e modificá -la pela técnica
A razã o é nosso principal instrumento
A ciê ncia é nossa referência mais segura
Desejo
Mística contemporâ nea
Mutaçõ es
De conceito metafísico a conceito psicoló gico
De motor e mó vel do universo para recolher-se no
interior da alma
De misteriosa potência có smico-teoló gica para uma
potência psíquica cujo enigma cabe à razã o decifrar
Desejo
Desidero
Sidus, sidera
Conjunto de estrelas, de astros, constelaçõ es
Sideratus: atingido por um astro – influência dos
astros sobre o destido humano
Desiderare – cessar de olhar os astros
Desiderium – desejo, decisã o de tomar o destino em
nossas pró prias mã os
No português: desejantes, desejosos(as)
Desiderium é o desejo ou apetite de possuir
alguma coisa cuja lembrança foi preservada
(...).
Aquele que se recorda de uma coisa com que
se deleitou deseja possuí-la nas mesmas
circunstâ ncias em que na primeira vez com
ela se deleitou.
(...) se aquele que ama descobrir que alguma
dessas circunstâ ncias falta, ficará triste, pois
imagina algo que exclui a existência da coisa
amada.
Ora, como deseja por amor essa coisa ou essa
circunstâ ncia, imaginá -la faltando entristece.
Essa tristeza, enquanto referida à ausência do
que amamos, chama-se desiderium.
Fenomenologia do Espírito
Hegel
O desejo é o desejo do desejo
Desejo como falta, ausência e carência
Desejo que deixa de ser desejo das coisas naturais e
torna-se desejo humano
Desejo de reconhecimento de si por um outro que
também é consciência de si
A consciência desejando afirmar-se pela supressã o
da exterioridade imediata que a sustenta
Aristó teles
“Como haverá movimento, se nã o houver causa
motriz em ato?”
Movimento é mudança
A causa primeira do movimento é o Primeiro Motor
Imó vel, princípio exterior e transcendente ao
cosmos
O desejo move
O desejo é a força có smica que organiza os laços
com os quais os quatro elementos – a terra, o fogo,
o ar e a á gua – produzem todos os seres e suas
mudanças
Filó sofos há que concebem os afetos em
nó s conflitantes como vícios em que caem
os homens por sua pró pria culpa.
Por isso costumam ridicularizá -los,
deplorá -los, censurá -los e (quando querem
parecer mais santos) detestá -los.
Acreditam proceder divinamente e elevar-
se ao cume da sabedoria proclamando todo
tipo de louvor a uma natureza humana que
em parte alguma existe, machucando com
seus ditos aquela que realmente existe.
Concebem os homens nã o como sã o, mas
como gostariam que fosse.
Tomei todo o cuidado para nã o ridicularizar
as açõ es humanas, nem lamentá -las ou
detestá -las, mas entendê-las.
Considerei os afetos humanos, tais como o
amor, o ó dio, a có lera, a invejar, a gló ria, a
misericó rdia e outras comoçõ es do â nimo
nã o como vícios da natureza humana, mas
como propriedades que lhe pertencem,
assim como o calor, o frio, as tempestades e
trovoadas pertencem à natureza da
atmosfera e que, embora incô modos, sã o
contudo necessá rios, têm causas certas
pelas quais nos esforçamos de entender sua
natureza.
Imaginaçã o
Campo das imagens
Sensaçã o, percepçã o, memó ria, fantasia e
linguagem
Lugar enigmá tico
Passividade e atividade
É pela imaginaçã o que o desejo realiza seus
movimentos
Espinosa
O desejo nã o é somente operaçã o imaginativa e
paixã o
É um afeto originá rio que pode ser passivo ou ativo
Nossa razã o precisa ser vivida por nó s como um
afeto ou um desejo ativo cuja força suplanta a de
afetos passivos ou paixõ es
Assim, em lugar de o desejo tornar-se racional,
como toda a tradiçã o filosó fica prometera, é a razã o
que precisa tornar-se desejante para ser racional
Nã o há nada em que melhor apareça quã o
defeituosas sã o as ciências que recebemos dos
antigos do que naquilo que escreveram sobre
as paixõ es; pois embora seja esta uma matéria
cujo conhecimento foi sempre muito
procurado, e ainda que nã o pareça ser das
mais difíceis, porquanto cada qual, sentindo-
as em si pró prio, nã o necessita tomar alhures
qualquer observaçã o para lhes descobrir a
natureza, todavia o que os antigos ensinaram
é tã o pouco, e na maior parte tã o pouco crível,
que posso alimentar qualquer esperança de
me aproximar da verdade, senã o
distanciando-me dos caminhos que trilharam.
Eis por que serei obrigado a escrever aqui
como se tratasse de uma matéria que antes de
mim ninguém houvesse tocado.
Antes de Espinosa
Imaginaçã o x Razã o
As imagens, produtos corporais da sensaçã o e da
percepçã o, sã o vivências subjetivas, obscuras,
parciais e abstratas
As ideias sã o objetivas, claras, distintas, evidentes e
universais
Crítica de Espinosa ao império da vontade sobre o
desejo
Para Espinosa
Nã o desejamos nem fazemos coisas porque as
julgamos boas, belas, justas ou verdadeiras, mas
porque as desejamos e as fazemos, as julgamos
assim.
O juízo sobre as coisas nã o determina o desejo, mas
é determinado por ele.
A imaginaçã o tende a inverter a relaçã o.
Paixã o
Uma paixã o, afirma Espinosa, nunca é vencida por
uma razã o, mas apenas por outra paixã o mais forte
e contrá ria
Uma paixã o forte só é vencida por uma açã o mais
forte e contrá ria
A açã o é sempre mais forte ou potente do que uma
paixã o
A razã o enquanto razã o nã o tem poder algum para
frear ou coibir a paixã o
Paixã o
Um conhecimento verdadeiro somente vence uma
paixã o se ele pró prio for experimentado como um afeto
O conhecimento do bom e do mau nada mais é do que
o afeto de alegria ou de tristeza quando dele somos
conscientes
Se o trabalho do pensamento for experimentado por
nó s afetivamente, será mais forte do que o afeto
passional
Pensar, portanto, nã o significa deixar de desejar, e sim
saber por que desejamos o que desejamos
Os mesmos desejos que experimentamos como paixõ es
podemos experimentar como açõ es
Ninguém pode desejar ser feliz, agir bem e
viver bem que nã o deseje, ao mesmo tempo,
ser, agir e viver, isto é, existir em ato.
O que é evidente por si e pela definiçã o do
desejo, pois o desejo de viver feliz, isto é, de
ser, agir e viver, é a pró pria essência do
homem ou o conatus pelo qual cada um se
esforça para conservar seu ser.
Uma ética da felicidade
Buscar os meios para adquirir a força do â nimo
Para que muitas pessoas também possam adquirir
É uma ética liberada de duas tradiçõ es:
A da transcendência teoló gica-religiosa ameaçadora,
fundada na ideia de culpa originá ria e na imagem de
um Deus juiz;
A da normatividade moral, em que a pessoa que age,
para ser moralmente virtuosa, deve submeter-se a
fins e valores externos nã o definidos por ele.
Uma ética da felicidade

“Tendo eu visto que todas coisas de que me arreceava


ou temia não continham em si nada de bom nem de
mau senão enquanto o ânimo se deixava abalar por
elas, decidi, enfim, indagar se existia algo que fosse um
be verdadeiro, comunicável e pelo qual unicamente,
afastado de tudo o mais, o ânimo fosse afetado; mais
ainda, se existia algo que, uma vez encontrado e
adquirido, me desse eternamente a fruição de uma
alegria contínua e suprema”.
Uma ética da felicidade

“Quase todos que escreveram sobre os afetos e a


maneira de viver dos homens parecem tratar não de
coisas naturais, que seguem as leis comuns da
Natureza, mas de coisas que estão fora da Natureza.
(...) Pois creem que o homem mais perturba do que
segue a ordem da Natureza, que possui potência
absoluta sobre suas ações e que não é determinado por
nenhum outro que ele próprio”.
Corpo e mente
Afetando outros corpos e sendo por eles afetado de
inú meras maneiras, o corpo produz imagens de si
(visuais, tá cteis, sonoras, olfativas, gustativas) a
partir da maneira como é afetado pelos demais
corpos e da maneira como os afeta.
Imaginar exprime a primeira forma de
intercorporeidade.
A imagem constitui o campo da experiência vivida
como relaçã o imediata com o mundo.
Corpo e mente
Os homens sã o conscientes de seus apetites e
desejos, mas ignorantes das causas que os levam a
aparecem e desejar
A ideia imaginativa é o esforço da mente para
associar, diferenciar, generalizar e relacionar
abstraçõ es ou fragmentos, criando conexõ es entre
imagens para com elas orientar-se no mundo
Conatus
O conatus é a potência interna de autopreservaçã o
No corpo: apetite
Na mente: desejo (percepçã o ou consciê ncia do
apetite)
Afeto
Na vida corporal, uma afecçã o pode aumentar ou diminuir,
favorecer ou prejudicar a potê ncia do corpo.
Tal afecçã o é o afeto.
A mente é a ideia do corpo e a ideia dessa ideia (ou
consciê ncia de si)
A mente forma afetos corporais, experimenta
psiquicamente os afetos, aquilo que aumenta ou diminui,
favorece ou prejudica a potência de pensar
Espinosa: “Por afeto entendo as afecçõ es do corpo pelas
quais a potência de agir do pró prio corpo é aumentada ou
diminuída, favorecida ou coibida, e simultaneamente as
ideias dessas afecçõ es”.
Afeto
Somos ativos ou agimos quando somos causas
eficientes totais dos efeitos que se produzem em
nó s e fora de nó s
Somos passivos quando somos causas eficientes
parciais dos afetos
Ativos – causas adequadas
Passivos – causas inadequadas
Três afetos primá rios
Alegria: quando nossa força para existir, agir e
realizar o nosso ser aumenta
Tristeza: quando nossa força para existir, agir e
realizar o nosso ser diminui
Desejo: o que nos determina a existir e agir de
maneira determinada
Alegria, tristeza e desejo
Alegria e tristeza nã o sã o estados, sã o passagens
Quando a alegria é acompanhada de uma causa
externa, chama-se amor
Quando a tristeza é acompanhada de uma causa
externa, chama-se ó dio
Quando o desejo é alegre, chama-se contentamento
Quando o desejo é triste, chama-se frustraçã o
Paixõ es
Na vida imaginativa, os afetos sã o paixõ es
Paixõ es nã o sã o vícios, nem pecados, nem
desordem, nem doenças
Paixõ es significam que somos corporais
Paixõ es significam que somos relaçõ es com tudo
quanto nos rodeia
Paixõ es significam que tudo que nos rodeia sã o
forças que atuam sobre nó s
A passividade, isto é, o poder das forças externas
sobre nó s, é parte de nossa condiçã o humana
Paixõ es
A naturalidade da paixã o, porém, nã o significa que seus
efeitos sejam necessariamente positivos
Na maioria das vezes, a paixã o aumenta
imaginariamente a intensidade do conatus e a diminui
realmente
O aumento imaginá rio da força para existir e sua
diminuiçã o real é a servidã o humana
A servidã o nã o resulta dos afetos, mas das paixõ es ou
afetos passivos
E nã o de todas elas em qualquer circunstâ ncia, mas da
força de algumas delas sobre outras em certas
circunstâ ncias
Afetos tristes
Ó dio
Aversã o
Medo
Ciú me
Desespero
Remorso
Arrependimento
Modéstia
Inveja
Pudor
Desejos tristes
Frustraçã o
Có lera
Vingança
Crueldade
Temor
Consternaçã o
Afetos alegres
Amor
Generosidade
Gló ria
Gratidã o
Segurança
Devoçã o
Estima
Desejos alegres
Esperança
Coragem
Disposiçã o
Força de â nimo
Mundo afetivo
Paixõ es e desejos tristes tendem a combinar-se com
paixõ es e desejos alegres, formando a trama
cerrada do mundo afetivo imaginá rio, faltando-nos
nomes e palavras para nomear todos os afetos
assim produzidos.
Atividade
O primeiro instante da atividade é sentido como um
afeto decisivo: quando, para nossa mente, pensar e
conhecer for sentido como o mais forte dos afetos, o
mais forte desejo e a mais forte alegria
Um salto qualitativo tem lugar
Espinosa “(...) quando a mente contempla a si
pró pria e sua potê ncia de agir, alegra-se”.
É tica
A ética é o movimento de reflexã o
A possibilidade da açã o reflexiva da mente
encontra-se na estrutura da pró pria afetividade: é o
desejo da alegria que a impulsiona rumo ao
conhecimento e à açã o
Pensamos e agimos nã o contra os afetos, mas
graças a eles
Uma ética da felicidade

■ Buscar os meios para adquirir a força do ânimo


■ Para que muitas pessoas também possam adquirir
■ É uma ética liberada de duas tradições:
– A da transcendência teológica-religiosa
ameaçadora, fundada na ideia de culpa
originária e na imagem de um Deus juiz;
– A da normatividade moral, em que a pessoa que
age, para ser moralmente virtuosa, deve
submeter-se a fins e valores externos não
definidos por ele.
Uma ética da felicidade

“Tendo eu visto que todas coisas de que me arreceava


ou temia não continham em si nada de bom nem de
mau senão enquanto o ânimo se deixava abalar por
elas, decidi, enfim, indagar se existia algo que fosse um
be verdadeiro, comunicável e pelo qual unicamente,
afastado de tudo o mais, o ânimo fosse afetado; mais
ainda, se existia algo que, uma vez encontrado e
adquirido, me desse eternamente a fruição de uma
alegria contínua e suprema”.
Uma ética da felicidade

“Quase todos que escreveram sobre os afetos e a


maneira de viver dos homens parecem tratar não de
coisas naturais, que seguem as leis comuns da
Natureza, mas de coisas que estão fora da Natureza.
(...) Pois creem que o homem mais perturba do que
segue a ordem da Natureza, que possui potência
absoluta sobre suas ações e que não é determinado por
nenhum outro que ele próprio”.
Corpo e mente

■ Afetando outros corpos e sendo por eles afetado de


inúmeras maneiras, o corpo produz imagens de si
(visuais, tácteis, sonoras, olfativas, gustativas) a
partir da maneira como é afetado pelos demais
corpos e da maneira como os afeta.
■ Imaginar exprime a primeira forma de
intercorporeidade.
■ A imagem constitui o campo da experiência vivida
como relação imediata com o mundo.
Corpo e mente

■ Os homens são conscientes de seus apetites e


desejos, mas ignorantes das causas que os levam a
aparecem e desejar
■ A ideia imaginativa é o esforço da mente para
associar, diferenciar, generalizar e relacionar
abstrações ou fragmentos, criando conexões entre
imagens para com elas orientar-se no mundo
Platão
■ O que é o amor?
■ O amor é Eros
■ Eros é desejo
■ Amar é desejar
■ Amamos o que desejamos
■ Amamos na intensidade que desejamos
■ O desejo é sempre por aquilo que não temos
■ O desejo é o que nos torna humanos
Nascimento da consciência
A consciência, ao surgir, se dá conta de que algo
existe
Porém, nã o tem como chegar a conhecer coisa
alguma a respeito do que existe
Saber imediato
Certeza sensível
O que sei a respeito de uma cadeira ou de uma
caneta se me limito a apalpá -las?
Para além do saber imediato
O que sei a respeito de uma cadeira ou de uma
caneta se me limito a apalpá -las?
Muito pouco.
Se quiser saber mais, preciso conhecer sobre a forma
delas, verificar como sã o feitas e principalmente
como sã o usadas, quais sã o as relaçõ es que elas têm
com a sociedade para a qual foram criadas.
Minha consciência nã o pode se deter na primeira
impressã o: deve crescer com o objeto, acompanhá -lo
em seu uso.
Percepçã o
Para além do imediato
Algumas características
O real é constituído por coisas e cada coisa possui
mú ltiplas qualidades
Experiência contraditó ria
A consciência é levada a se defrontar com a unidade
do objeto e a diversidade de qualidades do objeto
Nova conquista
Dú vidas
Discernimento
Busca do conceito
Caminho da razã o
Observar, analisar, decompor, examinar, conhecer
Susto
A realidade escapa
O mundo nã o se deixa dominar
O sujeito se retrai
O que está acontecendo?
Por que nã o estou entendendo?
Consciência de si
Reconhecimento
A consciência se interroga
Quer se conhecer melhor
Há uma dificuldade
Só pode conhecer-se enquanto consciência ao
comparar-se com outra pessoa que também seja
autoconsciente
Duas pessoas
Duas autoconsciências
Duas liberdades
Conquista: linguagem
Trabalho
Nova conquista
Atividade bá sica pela qual os sujeitos humanos
afirmam, inicialmente, seu poder de intervir na
realidade objetiva
A autoconsciência deixa de ser contemplativa
A autoconsciência deixa de ser autoconsciência
A autoconsciência torna-se razã o
O que é o mundo?

■ É o que vemos?
■ É o que ouvimos?
■ É o que cheiramos?
■ É o que degustamos?
■ É o que apalpamos?
■ É o que experimentamos?
■ É o que percebemos?
■ É o que pensamos?
O que é o mundo?

■ Os sons que ouvimos


■ As cores que vemos
■ Os cheiros que sentimos
■ Os sabores que provamos
■ As texturas que tocamos...

■ Não estão no mundo, mas são produções do


nosso corpo ao interagir com o que está fora
dele.
O que é o mundo?

■ Existe um mundo para todas as pessoas?


■ Será que existe um mundo para cada pessoa?
Platão
■ Dois mundos
■ Um que está próximo de nós
■ O mundo das coisas sensíveis
■ O que posso ver, ouvir, cheirar, provar, tocar
■ E o mundo dos pensamentos
■ O mundo da razão, das atividades intelectivas
■ O intelectual é superior ao sensível
■ Os sentidos nos enganam
■ É pela razão que encontramos a verdade
■ Exemplo: água e gelo
■ Exemplo: Terra e Sol
Platão
■ O que é o amor?
■ O amor é Eros
■ Eros é desejo
■ Amar é desejar
■ Amamos o que desejamos
■ Amamos na intensidade que desejamos
■ O desejo é sempre por aquilo que não temos
■ O desejo é o que nos torna humanos
Immanuel Kant
■ O engano na Filosofia foi indagar o que a razão pode
ou não conhecer
■ Pressuposição de que a realidade pode ser
inteiramente conhecida pelas ideias da razão
■ A realidade exterior, como objeto do conhecimento, é
o centro
■ Movimento de Kant: centralidade à razão, ao sujeito
do conhecimento
■ O que é a razão?
■ Estrutura vazia, forma pura
■ Estrutura universal
■ Categorias a priori: espaço e tempo
Freud e a Filosofia

■ A invenção da psicanálise como


saber se realizou pela formulação da
existência do inconsciente, como um
outro registro psíquico, além da
consciência.
Descartes

■ “Penso, logo existo”


■ Pensamento e existência
■ Pensamento = eu
■ Certeza da subjetividade
Psicologia clássica
■ Psicologia: como funciona o pensamento?
■ Percepção, sensação, atenção, memória
■ A imaginação era entendida como oposto da
racionalidade
■ Consciência, eu, pensamento
■ Psiquismo: adequação do eu com os objetos do
mundo
■ Verdadeiro x Falso
■ Psicanálise: qual é o sentido?
■ Realidade psíquica
Descentramento do sujeito

■ Realidade psíquica
■ Inconsciente
■ Desejo
Filosofia e Subjetividade

■ A compreensão da questão psicológica é muito


anterior à sua formulação em uma linguagem
científica
■ Muitas maneiras de ver o humano
■ Muitas maneiras de ver a si mesmo(a)
■ Muitas maneiras de compreender o lugar do humano
no universo
■ Cada época tem um número de correntes de
pensamento paralelas e um número de formas de
expressão desses pontos de vista
Posição substancialista

■ Mundo psíquico como uma essência eterna e


imutável
A passagem da Idade Média
ao Renascimento
■ Ser humano como centro do mundo
■ Indivíduo
■ Liberdade
■ Não há destino pré-determinado
■ As pessoas podem criar a si mesmas
■ Intimidade, privacidade
Santo Agostinho

■ Viveu entre os séculos IV e V


■ Antes: tudo faz parte de um plano maior, de um todo
perfeito disposto por Deus
■ Haveria uma ordem absoluta
■ Depois: Deus nos fez livres, dotados(as) de livre-
arbítrio
■ Conhecer-se, a verdade interior, é aproximar-se de
Deus
■ Como fazer bom uso dessa liberdade?
Montaigne

■ Escrita como movimento de interiorização


■ Introspecção – exercício de contato consigo mesmo
■ Riqueza do mundo interno
Erasmo de Rotterdam

■ Ligado à Igreja
■ Defesa de reformas, enfrentamento à burocratização
e à hipocrisia
■ Humor
■ Desconstrução de um sistema de valores tomados
como óbvio
■ Desnaturalização dos costumes
Descartes
■ Alguém que buscou a verdade e não encontrou: cada filósofo
dizia uma coisa!
■ Iniciou um processo de dúvida metódica
■ Refletir sobre cada coisa que há no mundo, procurando refletir
se ela poderia fornecer uma verdade segura
■ O mais semelhante possível com a matemática e a geometria:
uma vez firmado um ponto de referência, tudo mais deverá vir
por dedução.
■ Falso é falso, incerto é incerto. Só seria tomado como certo o
que fosse seguramente certo.
■ Órgãos dos sentidos não proporcionam informações seguras.
■ Sentimentos, quando interrogados, não transmitem nada de
objetivo.
■ E a própria sensação de ter certeza de algo? Também não.
■ Recuo metódico.
Descartes
■ Depois de duvidar de todas as coisas, Descartes
percebe que tem certeza que duvida.
■ Enquanto duvidava, ao menos existia a atividade de
duvidar. Se havia a atividade de duvidar, deveria ter
alguém que duvidava.
■ O único ponto de segurança e referência, é, então, o
“eu” que duvida.
■ Eu penso, logo existo.
■ O ponto máximo do humanismo enquanto valor do
homem no mundo e sua posição enquanto centro.
■ O homem já era reconhecido como centro do mundo;
agora, ele mesmo tem um centro, sua razão, sua
autoconsciência.
Thomas Hobbes
■ Como seria o homem fora da sociedade, em um virtual
estado de natureza.
■ Em um estado de natureza, sem poder, contratos e
compromissos, todas as pessoas teria o direito de fazer tudo
o que quisesse, e cada um buscaria o que é bom para si.
■ Sem uma referência externa, a busca é do bem para si.
■ O homem é um ser egoísta, movido pela busca por prazer e
pela fuga dos perigos da morte.
■ Nesse estado de coisas, haveria uma guerra de todos contra
todos.
■ Ninguém se sentiria seguro para manter seu bem maior, a
vida.
■ O convívio social é, então, necessário para a sobrevivência,
embora a sociabilidade não faça parte da natureza humana.
Romantismo

■ O real seria encoberto por um véu. Seria preciso desvelá-lo.


■ O eu passa a ser visto cada vez mais como uma máscara
que encobre a verdade.
■ Romantismo como crítica ao iluminismo e seu exacerbado
racionalismo.
■ A essência humana está em sua natureza passional.
■ A figura de um eu profundo, interior, puro.
■ O homem romântico crê-se único, suas experiências mais
profundas parecem-lhe incomunicáveis e radicalmente
individuais.
Arthur Schopenhauer
■ O mundo como vontade e representação
■ Cada coisa existente é uma manifestação da vontade
■ “A vontade, considerada puramente em si mesma, é
inconsciente; é uma simples tendência cega e
irresistível”
■ A essência do mundo escapa totalmente à sua
percepção consciente
■ Teríamos apenas acesso aos fenômenos que a
expressam
■ A existência humana ganha o aspecto de relativa
gratuidade, o que leva Schopenhauer a ser
considerado um pensador pessimista.
Friedrich Nietzsche

■ Filósofo nascido em 1844


■ Em sua obra encontramos talvez um dos discursos mais
corrosivos sobre qualquer certeza que se pretenda ter sobre
si
■ E o alvo-chave de Nietzsche é precisamente o eu
■ Se o eu era tomado como a base sobre a qual todo o
conhecimento do mundo poderia ser atingido, atacá-lo
significaria demolir essa base
■ O eu não é uma substância, mas um órgão responsável por
nossa adaptação ao mundo
■ A moralidade moderna: fraqueza = submissão = bondade
■ Viveríamos, assim, em um registro de ficções necessárias
Michel de Montaigne

■ Viveu na França, de 1553 a 1592


■ Escrever sobre si para criar um espelho no qual
outras pessoas possam se reconhecer
■ Anotava o que quer que lhe passasse pelo pensamento
■ Interessado pelos dilemas morais, mas mais focado no
que as pessoas de fato faziam do que naquilo que
supostamente deveriam fazer
■ Emoções, motivações
■ Como viver bem a vida?
Autocrítica da razão
■ Immanuel Kant
■ O próprio pensamento será tomado como objeto de
investigação
■ A razão pensa sobre si própria
■ Possibilidades e limites da razão
■ Crítica da razão pura
■ O pensar é organizado por categorias, estruturas que
organizam tudo o que nos chega do mundo
■ Nunca temos acesso a coisas em si, apenas a fenômenos.
■ O mundo como somos capazes de apreendê-lo, como se dá
para nós.
■ Kant não duvida da existência das coisas em si exteriores
ao homem, mas o eu pensante jamais poderia ter acesso a
elas.
Positivismo
■ Auguste Comte, filósofo francês
■ Possibilidade de a razão conhecer o mundo
■ Objetos positivos: aqueles que se apresentam diretamente
aos nossos órgãos do sentido
■ Positivismo: cada ciência deve inicialmente definir seu
objeto, que deve ser necessariamente positivo, localizado
no tempo e espaço, observável.
■ Métodos: observação e experimentação.
■ “Ordem e progresso”.
■ Embora não tenhamos um conhecimento direto da
natureza, podemos interferir nela através do que somos
capazes de conhecer.
Antes da Psicologia

■ Surgimento de uma noção clara de subjetividade


– (as pessoas são indivíduos livres, independentes,
donas de seus destinos)
■ Crise da noção de subjetividade
– (as pessoas são indivíduos livres, independentes,
donas de seus destinos?)
Diversos caminhos para
a Psicologia
■ Eu moral: atento ao autocontrole em função de
exigências sociais, em busca do reconhecimento
externo.
■ Eu interiorizado: intimidade, individualismo,
profundidade, único singular (romantismo).
■ Eu epistêmico: sujeito do conhecimento, da
racionalidade, da ciência (iluminismo).
■ Liberalismo, romantismo e disciplina.
Liberdade
Liberdade

■ Somos corpos que desejam, que sentem, que se


alegrem, que sofrem, que pensam
■ Somos também a consciência que temos de desejar,
de sentir, de nos alegrarmos, de sofrermos, de
pensarmos
■ E a consciência de termos consciência
Vergonha

■ Desalinhamento entre a consciência que temos de


nós mesmos(as) e como gostaríamos de ser, o que
gostaríamos de ver em nós
■ Um momento privilegiado para percebermos o
quanto nossa razão depende de nossas paixões e o
quanto nossas paixões dependem daquilo que
pensamos
Epicuro
■ “A filosofia é uma atividade que, por discursos e
raciocínios, nos proporciona uma vida feliz”.
■ Por que a sabedoria é necessária?
■ Porque morremos e porque não somos felizes
■ Se não morrêssemos, teríamos tempo para esperar
■ Se não somos felizes, nem sempre é porque tudo vai
mal
■ Também acontece quando tudo vai mais ou menos
bem
■ Como ficar bem quando tudo vai mais ou menos
bem?
■ Como ficar bem quando nem tudo vai bem?
Espinoza
■ O que é o amor?
■ Amor é desejo
■ Desejo não é falta, desejo é potência
■ Potência de agir, potência de sentir, potência de
existir
■ O amor é alegria
■ “O amor é uma alegria que a idéia da sua causa
acompanha”
Elogio da loucura

• Erasmo nasceu no dia 27 de


outubro de 1465, na cidade de
Rotterdam.
• “O elogio da loucura” foi
publicado em Paris em 1509.
Elogio da loucura

Embora os homens costumem ferir a


minha reputação e eu saiba muito
bem quanto o meu nome soa mal aos
ouvidos dos mais tolos, orgulho-me
de vos dizer que esta Loucura, sim,
esta Loucura que estais vendo é a
única capaz de alegrar os deuses e os
mortais (p. 13).
Elogio da loucura

Não posso deixar, neste momento, de


manifestar um grande desprezo, não
sei se pela ingratidão ou pelo
fingimento dos mortais.
É certo que nutrem por mim uma
veneração muito grande e apreciam
bastante as minhas boas ações; mas,
parece incrível, desde que o mundo é
mundo, nunca houve um só homem
que, manifestando o reconhecimento,
fizesse o elogio da Loucura (p. 16).
Elogio da loucura

Ora, se com razão foram incluídos no


rol dos deuses os que introduziram
na sociedade o vinho, a cerveja e
outras tantas vantagens
proporcionadas ao homem, porque
não serei eu proclamada e venerada
como a primeira das divindades, eu,
que a todos, prodigamente, dispenso
sozinha tantos bens? (p. 23)
Elogio da loucura

Temos muito mais paixões que


razões.
Se a vida comum não se alimentasse
e não se apoiasse na complacência,
nas brincadeiras, na ilusão, na
dissimulação, que são componentes
da loucura...
Elogio da loucura

É praticamente incrível quantos


motivos de riso e de diversão diária
os homens oferecem aos deuses. Não
há para eles espetáculo mais
divertido! Quanta agitação e quantas
variedades de loucos!
Elogio da loucura

Todas as coisas são de tal natureza


que, quanto mais abundante é a dose
de loucura que encerram, tanto
maior é o bem que proporcionam aos
mortais. Sem alegria, a vida humana
nem sequer merece o nome de vida.
Mergulharíamos na tristeza todos os
nossos dias, se com essa espécie de
prazeres não dissipássemos o tédio
que parece ter nascido conosco (p.
41).
Elogio da loucura

Quando se reflete atentamente sobre


o gênero humano, e quando se
observam como de uma alta torre
todas as calamidades a que está
sujeita a vida dos mortais, não se
pode deixar de ficar vivamente
comovido. Santo Deus! Que é, afinal,
a vida humana? (p. 63).
Elogio da loucura

Como é miserável, como é sórdido o


nascimento! Como é penosa a
educação! A quantos males está
exposta a infância! Como sua a
juventude! Como é grave a velhice!
Como é dura a necessidade da morte!
Que horrível e variada multiplicidade
de males! Quantos desastres,
quantos incômodos se encontram na
vida! (p. 63).
Elogio da loucura

Minha embriaguez é muito diferente


da de Baco: enche a alma de alegria,
de tripúdio e de delícias, dura até ao
fim da vida e não custa dinheiro nem
dá remorsos.
Os homens me devem ser
particularmente gratos, pois não
permito que haja entre eles algum
que não sinta mais ou menos os
efeitos da minha beneficência (p.
104).
Elogio da loucura

Em lugar de um epílogo quero


oferecer-vos duas sentenças. A
primeira, antiquíssima, é esta: Eu
jamais desejaria beber com um
homem que se lembrasse de tudo. E
a segunda, nova, é a seguinte: Odeio
o ouvinte de memória fiel demais. E
por isso, sedes sãos, aplaudi, vivei,
bebei, oh celebérrimos iniciados nos
mistérios da Loucura (p. 199).
Elogio da loucura

Dizem os sábios que é um grande


mal estar enganado; eu, ao contrário,
sustento que não estar é o maior de
todos os males (p. 100).
Mitologia grega

■ Segundo o poeta Hesíodo, o amor (Eros) era um dos


deuses primordiais, exatamente aquele que realizava
a união das partes do mundo, ou seja, fazia com que
o Caos se transformasse em Cosmos.
■ Entre os filósofos pré-socráticos, o amor apareceu
como parte do Cosmos, da organização cósmica.
■ Amor visto como propensão à união.
Philia

■ Amor como amizade


■ Amor que envolve escolha
■ Philia – vontade
■ Eros – desejo
■ Eros nos faz amar por vontade dele, não nossa
Eros e Philia

■ Philia – vontade
■ Eros – desejo
■ Eros nos faz amar por vontade dele, não nossa
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi

Você também pode gostar