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OS CAMINHOS DA

CULTURA
O Simbolismo e a Arte Nova
Simbolismo
“Ideias, não coisas”

“Eu pinto ideias, não coisas. […] A minha intenção é menos pintar
quadros agradáveis aos olhos do que sugerir belos pensamentos, que
falem a imaginação e ao coração e que despertem tudo o que há demais
nobre e melhor no Homem”.
DOC. 14 George Frederick Watts, O Minotauro, 1885, página 145
“Ideias, não coisas”
A pintura deixa de ser apenas a representação real dos objetos e os artistas passam a
transpor ideias simbólicas através das formas e cores.

“Eu pinto ideias, não coisas. […] A minha intenção é menos pintar
quadros agradáveis aos olhos do que sugerir belos pensamentos, que
falem a imaginação e ao coração e que despertem tudo o que há demais
nobre e melhor no Homem”.
DOC. 14 George Frederick Watts, O Minotauro, 1885, página 145
A MUSA VENAL
Ó musa de minha alma, amante dos palácios,
Terás, quando janeiro desatar seus ventos,
No tédio negro dos crepúsculos nevoentos,
Uma brasa que esquente os teus dois pés violáceos?

Aquecerás teus níveos ombros sonolentos


Na luz noturna que os postigos deixam coar?
Sem um níquel na bolsa e seco o paladar,
Colherás o ouro dos cerúleos firmamentos?

Tens que, para ´ganhar o pão de cada dia,


Esse turíbulo agitar nas sacristia,
Entoar esse te Deum que nada têm de novo

Ou, bufão em jejum, exibir teus encantos


E teu riso molhado de invisíveis prantos
Para desopilar o fígado do povo.
A MUSA VENAL
Ó musa de minha alma, amante dos palácios,
Terás, quando janeiro desatar seus ventos,
Mulher como prostituta
No tédio negro dos crepúsculos nevoentos,
Uma brasa que esquente os teus dois pés violáceos?
Nesta expressão, o poeta vê
a mulher como uma figura Aquecerás teus níveos ombros sonolentos
mitológica, sendo a Na luz noturna que os postigos deixam coar?
mitologia uma característica Sem um níquel na bolsa e seco o paladar,
do simbolismo. Colherás o ouro dos cerúleos firmamentos?
O poeta sente-se envenenado
Tens que, para ´ganhar o pão de cada dia, por esta mulher, uma mulher
Esse turíbulo agitar nas sacristia, que faz o poeta perder-se de
Entoar esse te Deum que nada têm de novo amores por ela, mas tudo no
mundo do erotismo

Ou, bufão em jejum, exibir teus encantos


E teu riso molhado de invisíveis prantos
Para desopilar o fígado do povo.
A MUSA VENAL
Ó musa de minha alma, amante dos palácios,
Terás, quando janeiro desatar seus ventos,
No tédio negro dos crepúsculos nevoentos,
Uma brasa que esquente os teus dois pés violáceos?

Aquecerás teus níveos ombros sonolentos


Para além do Na luz noturna que os postigos deixam coar?
misticismo, a Sem um níquel na bolsa e seco o paladar,
sensualidade também Colherás o ouro dos cerúleos firmamentos?
está presente neste
poema. Tens que, para ganhar o pão de cada dia,
Esse turíbulo agitar nas sacristia,
Entoar esse Te Deum que nada têm de novo,

Ou, bufão em jejum, exibir teus encantos


E teu riso molhado de invisíveis prantos
Para desopilar o fígado do povo.
ALEGORIA
É uma bela mulher e que opulenta deixa
Arrastar em seu vinho a fluídica madeixa.
Nela, garras de amor, venenos de espelunca,
À sua pele enfim tudo morre ou se trunca.
Ela zomba da morte e despreza o deboche,
Monstros de foice à mão são-lhe sempre fantoche,
Na sua destruição sempre guardam respeito
Ao rude esplendor de seu rígido peito.
Possui andar de deusa e sono de sultana;
Ela tem no prazer a crença maometana,
E com braços que são aos seios larga taça,
Com seu olhar convoca inteira a humana raça.
É que esta virgem sabe: o seu ventre é infecundo,
No entanto necessário à marcha deste mundo,
E que a sua beleza é sempre um dom sublime
E que extrai o perdão de todo infame crime.

Ah, que ela ignora o Inferno e olvida o Purgatório,


E quando vier- Ó Noite- o seu fim ilusório.
Há de encarar a Morte sem nenhum gemido
Sem ódio e sem rancor-como um recém-nascido.
ALEGORIA Temática sensual e misticismo.

É uma bela mulher e que opulenta deixa


Arrastar em seu vinho a fluídica madeixa.
Nela, garras de amor, venenos de espelunca,
À sua pele enfim tudo morre ou se trunca.
Ela zomba da morte e despreza o deboche,
A mulher é retratada Monstros de foice à mão são-lhe sempre fantoche,
pelo poeta como uma Na sua destruição sempre guardam respeito Com grandes seios.
deusa bela e Ao rude esplendor de seu rígido peito.
opulente Possui andar de deusa e sono de sultana;
Ela tem no prazer a crença maometana,
E com braços que são aos seios larga taça,
Com seu olhar convoca inteira a humana raça.
É que esta virgem sabe: o seu ventre é infecundo,
No entanto necessário à marcha deste mundo,
E que a sua beleza é sempre um dom sublime
E que extrai o perdão de todo infame crime.
Esta mulher é “virgem”, sendo
Ah, que ela ignora o Inferno e olvida o Purgatório, esta ideia reforçada pelo facto
E quando vier- Ó Noite- o seu fim ilusório. de o seu “ventre [ser]
Há de encarar a Morte sem nenhum gemido infecundo”.
Sem ódio e sem rancor-como um recém-nascido.
ALEGORIA Temática religiosa

É uma bela mulher e que opulenta deixa


Arrastar em seu vinho a fluídica madeixa.
Nela, garras de amor, venenos de espelunca,
À sua pele enfim tudo morre ou se trunca.
Ela zomba da morte e despreza o deboche,
Monstros de foice á mão são-lhe sempre fantoche,
Na sua destruição sempre guardam respeito
Ao rude esplendor de seu rígido peito.
Possui andar de deusa e sono de sultana;
Ela tem no prazer a crença maometana,
E com braços que são aos seios larga taça,
Com seu olhar convoca inteira a humana raça.
Através da expressão
É que esta virgem sabe: o seu ventre é infecundo,
“crença maometana”, o
No entanto necessário à marcha deste mundo,
poeta representa a
E que a sua beleza é sempre um dom sublime
mulher como uma mulher
E que extrai o perdão de todo infame crime.
muçulmana..
Ah, que ela ignora o Inferno e olvida o Purgatório,
E quando vier- Ó Noite- o seu fim ilusório.
Há de encarar a Morte sem nenhum gemido
Sem ódio e sem rancor-como um recém-nascido.
ALEGORIA Temática sombria

É uma bela mulher e que opulenta deixa


Arrastar em seu vinho a fluídica madeixa.
Nela, garras de amor, venenos de espelunca,
À sua pele enfim tudo morre ou se trunca.
Ela zomba da morte e despreza o deboche,
Monstros de foice á mão são-lhe sempre fantoche,
Na sua destruição sempre guardam respeito
Ao rude esplendor de seu rígido peito.
Possui andar de deusa e sono de sultana;
Ela tem no prazer a crença maometana,
Todas estas expressão E com braços que são aos seios larga taça,
remetem para algo Com seu olhar convoca inteira a humana raça.
obscuro, fazendo assim É que esta virgem sabe: o seu ventre é infecundo,
parte da temática No entanto necessário à marcha deste mundo,
sombria. E que a sua beleza é sempre um dom sublime
E que extrai o perdão de todo infame crime.

Ah, que ela ignora o Inferno e olvida o Purgatório,


E quando vier- Ó Noite- o seu fim ilusório. Nesta quadra, a mulher é
Há de encarar a Morte sem nenhum gemido comparada a um recém-nascido.
Sem ódio e sem rancor-como um recém-nascido.
A DESTRUIÇÃO
Sem cessar, ao meu lado, o Demónio arde em
vão;
Nada em torno de mim como um ar vaporoso;
Eu degluto-o e sinto-o, a queimar-me o pulmão,
Enchendo-o de um desejo eterno e criminoso.

Toma, ao saber o meu amor à fantasia,


A forma da mulher, que eu mais espere e ame,
E tendo sempre um ar de pura hipocrisia,
Acostuma-me a boca a haurir um filtro infame.

Longe do olhar de Deus ele conduz-me assim,


Quebrando de fadiga e numa ânsia sem fim,
Às planícies de tédio, infinitas, desertas,

E atira aos olhos meus, cheios de confusão,


Ascorosos rasgões e feridas abertas,
E os aparelhos a sangrar da Destruição
A DESTRUIÇÃO Temática sensual e misticismo.

Sem cessar, ao meu lado, o Demónio arde em


vão;
Nada em torno de mim como um ar vaporoso;
Eu degluto-o e sinto-o, a queimar-me o pulmão,
Enchendo-o de um desejo eterno e criminoso.

Toma, ao saber o meu amor à fantasia,


A forma da mulher, que eu mais espere e ame,
E tendo sempre um ar de pura hipocrisia,
Acostuma-me a boca a haurir um filtro infame.
O “eu” esta envolto
Longe do olhar de Deus ele conduz-me assim, num filtro de amor, que
Quebrando de fadiga e numa ânsia sem fim, o mata aos poucos.
Às planícies de tédio, infinitas, desertas,

E atira aos olhos meus, cheios de confusão,


Ascorosos rasgões e feridas abertas,
E os aparelhos a sangrar da Destruição
Galateia
Artista: Gustave
Moreau
Dimensões: 85x67cm
DOC. 13 o regresso ao transcendente
Criada: 1880
Período: Simbolismo
Os dois olhos a mais do ciclope podem ser a representação
dos olhos do pintor, podendo estar assim a referir a
influência que a ninfa tem perante o ciclope.
As cores escuras podem significar o “disfarce” que o ciclope
utiliza de modo a passar despercebido pela ninfa que
observa.

DOC. 13 o regresso ao transcendente


Ao contrário do Ciclope, a Ninfa encontra-se na presença
de cores claras e envolta de cores escuras que
representam a pureza, beleza e misticidade do seu ser.

DOC. 13 o regresso ao transcendente


Nas pinturas do simbolismo, os pintores
representavam simbolicamente a realidade,
utilizando diferentes perspetivas, dando uso à
sua imaginação e criatividade. Tinham como
objetivo exprimir os objetos como eles realmente
são, no entanto, à realidade é adicionada a ideia.
A realidade é representada assim uma vez que os
simbolistas consideravam que a arte deveria se
libertar dos preceitos da lógica e mergulhar nos
mistérios do mundo e da alma.

DOC. 13 o regresso ao transcendente


Síntese
Arte Nova
Muitos artistas procuravam um novo estilo que
marcasse o seu tempo, e foi no contexto desta
procura que nasceu esta nova corrente artística.

Arte Nova Meados do século XIX

Devido às suas características, a


Arte Nova fez sucesso por toda a
Europa entre 1890 e 1914.
Arquitetura

Otto Wagner
DOC. 16 1. Otto Wagner, prédio da Rua Linke Wienzeile, Viena, 1898-99
Arquitetura

Antoni Guadi
Arquitetura

DOC. 16 1. Otto Wagner, prédio da Rua Linke Wienzeile, Viena, 1898-99

Antoni Guadi
Centrou o seu trabalho na cidade de Barcelona.
Fachada da Natividade e Cripta de Sagrada Família Cripta da Colónia Güell
Casa Milà

Casa Batlló
Casa Vicens
Parque Güell Palacio Güell
Arquitetura

Vitor Horta Casa Tassel, de 1894, um dos ícones arquitetónicos do estilo


Arquitetura

Vitor Horta Vitor Horta, Vestíbulo da Casa Van Eetvelde, 1899


Arquitetura em Portugal
• Surgiu tarde sendo influenciada pelos modelos europeus,
tendo pouca duração(1905-1920)
• Foi aplicada em prédios da burguesia urbana, em alguns
edifícios espalhados pelas ruas das principais cidades,
palacetes, entre outros…
• Integrou-se na arquitetura tradicional, não teve
volumetrias nem traçados próprios, mas inovou nos
materiais, nas técnicas e no sentido decorativo.
• Foi aplicada em portões, gradeamentos de varanda, de
janelas e escadarias, na escultura decorativa feita em
cantaria ou em cimento, molduras de portas e janelas,
mísulas, florões, relevos, etc….
• A Arte nova em Portugal não foi apenas aplicada na
arquitetura mas também na pintura, cerâmica, trabalhos
gráficos, azulejaria e ourivesaria.
Atualmente em Portugal
• Atualmente em Portugal, a arte nova está situada
principalmente em Aveiro e Porto. São
principalmente lojas e casas particulares reservadas
para a burguesia que fez fortuna no negócio e na
indústria.
• Em Aveiro, os edifícios da arte nova concentram-se
na rua João Mendoça e à volta do canal central da
ria.
• Apesar de atrasada, devido a um lento
desenvolvimento da industria, a propagação da arte
nova em Portugal prosperou em cidades como Porto
e Aveiro nas quais podem ser encontrados
numerosos prédios influenciados por modelos
europeus, em especifico a arquitetura francesa.

https://www.centerofportugal.com/pt/tour/rota-da-arte-nova-aveiro/
Como não podemos fazer uma visita de estudo
para observar estas magníficas arquiteturas,
decidimos tentar fazer uma réplica dum azulejo do
Colégio Roussel de 1905 em Lisboa, uma obra de J.
Pinto.
Design:

Os artistas ligados à Arte Nova defendiam


que a arte está presente em todos os aspetos
da vida quotidiana e por isso, não deveria
haver diferenciação entre a construção e a
decoração de um edifício. Dessa forma, o
trabalho do artesão, como um vaso ou uma
mesa, passa a ser tão importante quanto o
trabalho de um arquiteto. No design, são
utilizadas peças de superfícies ondulantes
que procuram graciosidade e elegância, as
formas são inspiradas no corpo feminino e na
natureza.
Cartaz:

O cartaz fez sucesso, tanto a


nível da arte como a nível
comercial, o que fez com
houvesse uma divulgação
excessiva, no qual, mais tarde,
trouxe um rápido declínio.
Desaparece com a segunda
guerra mundial (1939). Marcou a
época histórica conhecida como
Belle Époque (fins do século XIX
e inícios do século XX).

1. Henri de Toulouse-Lautrec, Publicidade ao Café-concerto Ficam Japonais,


DOC. 1
1893. 2. Alphonse Mucha, Publicidade ao champanhe Möet et Chandon, 1899
Arte Nova e Simbolismo
A Arte Nova foi influenciada pelo simbolismo,
caracterizando-se pela originalidade e criatividade. A
expressividade é uma característica do simbolismo.
Gustav Klimt foi muito influenciado pelos
simbolistas e procurou inspiração nos temas,
envolvendo as figuras femininas numa atmosfera
irreal, como vemos na pintura.

DOC. 16 Gustav Klimt, as três idades da mulher,1905

https://app.escolavirtual.pt/lms/playerstudent/assignmentSequence/1620194/NOT_EVALUATIVE/OPEN (vídeo)
Síntese
Exercício

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