NULO: INTERFERÊNCIA DO
PORTUGUÊS
BRASILEIRO NO ESPANHOL
FALADO POR NATIVOS
RESIDENTES NO
BRASIL?
ONILMA FREIRE DOS SANTOS
RECIFE, 2013
OBJETIVOS
a) observar se falantes nativos do espanhol residentes
no Brasil têm preenchido a posição do sujeito por
pronomes plenos em contextos que seriam obrigatórios
de sujeitos nulos em sua língua materna, devido ao
constante contato com o PB;
b) analisar os contextos frásicos de produção de
sujeitos nulos e plenos na fala dos nativos de língua
espanhola, tomando por base as seguintes variáveis
selecionadas a partir de estudos sobre o PB: 1) Posição
do sujeito; 2) Tipo de oração; 3) Duplicação de sujeito;
4) Morfologia de flexão verbal;
c) Relacionar os resultados encontrados ao tempo de
permanência dos nativos espanhóis no país, bem como
à faixa etária dos informante.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Teoria dos Princípios e Parâmetros (Chomsky,
1981);
Sintaxe Comparativa;
Ao longo dos anos, diversas investigações têm
centrado a atenção no chamado Parâmetro do
Sujeito Nulo (PSN) em línguas românicas,
conforme atestam os trabalhos de Lobo (1994)
para o português europeu (PE); Rizzi (1988),
Kato, (1999) e Martins (2009) para o italiano;
Badía Margarit (1988), Luján (1999) e Soares &
Silva (2006) para o Espanhol da Europa (EE).
No que se refere ao PB, estudos realizados
sob o ponto de vista sincrônico e diacrônico
apontam para um preenchimento cada vez
maior da posição sujeito por sujeitos plenos,
ao contrário do que ocorre nas demais
línguas supracitadas que usam sujeitos nulos
(nomeadamente pro) por serem línguas que
fixam positivamente o valor do parâmetro
(línguas pro-drop) (DUARTE, 1993, 1995,
2003; ROBERTS, 1993; KATO, 2000, KATO;
DUARTE, 2003)
decorrência do enfraquecimento da flexão
verbal por que tem passado, por exemplo, o
PB (DUARTE, 1993): essa língua parece estar
caminhando para se tornar uma língua não-
pro drop como o inglês que não licencia
sujeitos nulos (ex.: I play (“Eu jogo.”) versus
*___ play.
Sobre o PSN, tem sido assumido que haja
com ele.
a’. O Joãoi viu o Pedroj no cinema, mas elei/j não
con élj.
Conclusão: Em contextos de orações
coordenadas, o sujeito de 3ª pessoa (em PE) é
obrigatoriamente nulo no segundo termo das
estruturas coordenadas quando é correferente
com o sujeito da oração coordenante e
obrigatoriamente realizado, quando a referência
é disjunta. O mesmo podemos afirmar acerca do
comportamento do espanhol em relação às
coordenadas. Por sua vez, o PB apresenta
algumas diferenciações com relação ao PE e ao
Espanhol, pois o sujeito realizado foneticamente
na oração coordenada pode ter leitura
coreferente (PB a) ou disjunta (PB a'), ao contrário
do PE e do EE, que só admitem a leitura
correferente.
Orações subordinadas completivas e adverbiais:
o jantar.
b’. Quando elai/j chegou em casa, a Anai começou a
preparar o jantar.
Espanhol (31):
cena.
Conclusão: em contextos de orações
completivas, a realização fonética do sujeito
não é obrigatória em EE e em PB quando o
sujeito é correferente (30a) e (31a), mas quando
o sujeito é disjunto, a realização do sujeito em
EE é desambiguadora (31a’), ao passo que em
PB, o preenchimento não responde a nenhuma
restrição (30a’). Em caso de orações adverbiais,
o PB (30b) e o EE (31b) autorizam o sujeito nulo
com leitura correferente ou disjunta, ao passo
que o sujeito pleno em PB (30b’) é possível com
leitura correferente e disjunta e o EE (31b’) só é
possível com leitura disjunta para desfazer
ambiguidades.
Orações adverbiais finitas
Português Brasileiro (36):
a.Quando ei/??j entrou, o Joãoi teve um susto.
b.Quando elei/j chega atrasado, o directori fica
mal humorado.
Espanhol (37):
a. Cuando ei/??j entró, Juani se llevó un susto.
b. Cuando él*i/j llega retrasado, el directori se
Pedro.
Conclusão: Em PB, observamos que nas
interrogativas QU que não incidem sobre o
sujeito exemplo (42d) é possível. Em EE,
(43d) é pouco aceita porque apenas sujeitos
focalizados podem ser realizados
foneticamente por corresponderem à
informação nova. Assim, o sujeito nulo em
respostas é preferível em EE e “aceitável” o
sujeito pleno por questão de ênfase, ao passo
que em PB é preferível o sujeito pleno e
“aceitável” o sujeito nulo.
Respostas a interrogativas totais
Português Brasileiro (44): Espanhol (45):
A – O João viu o Pedro? A- Juan vio a Pedro?
B – a. Viu.
B- a. Lo vio.
b. ?Ele viu.
b. *Él lo vio.