Você está na página 1de 18

A Complexidade da

Judicialização da Saúde no
âmbito dos Tribunais
Krishina Day Ribeiro
• A Judicialização da Saúde advém de uma sobrecarga de pressão no sistema
jurídico materializada pelo aumento de demandas judiciais
• CNJ em 2014 – 330.360 ações em direito e saúde
• CNJ (2015) 76,6% dos pedidos judiciais referiam-se a medicamentos
• Judicialização da Política de Assistência Farmacêutica
• O sistema jurídico vem proporcionando o acesso irrestrito a bens e serviços e de saúde
• O sistema político vem permanentemente restringindo o acesso
• Concessões Judiciais indiscriminadas
• Argumentos de sentença recaem sobre valores morais
• Direito à saúde (87,57%), direito à vida (53,50%) princípio da dignidade humana (24,48%) (CNJ,
2015)
• Há pouca observância da variável recursos públicos.
• Argumentos que denotam essa observância (13,99%)
• STF observa o direito à saúde como aquisição evolutiva do sistema jurídico
• Evolução Jurisprudencial
• 1ª fase: Absolutização : Concessão Indiscriminada e na desconsideração dos custos
• 2ª fase: Reconhecimento Tese Jurídica dos Custos: investigação da possibilidade fática de o Estado
cumprir o que está sendo pedido
• 3ª fase: Estabelecimento de critérios da política pública da assistência farmacêutica como exigência
legal da fundamentação de sentenças

•Inserir a figura
• Ministros do STF e Juízes singulares dos TJ’s divergem sobre o conteúdo da
prestação sanitária
• As concessões judiciais indiscriminadas desorganizam o sistema político-administrativo da
saúde:
• i) Desorganiza-se o ciclo da assistência farmacêutica;
• ii) Cria-se um departamento próprio dentro da estrutura das Secretarias Estaduais de Saúde,
somente para atender as demandas judiciais;
• iii) ompram-se medicamentos não previstos em licitações por um preço muito maior que os
adquiridos por licitações;
• iii) Concedem-se medicamentos experimentais até com registros na ANVISA mas que não
ingressaram no sistema público;
• iv) Concedem-se medicamentos fora das Listas dos SUS, sem a diretriz URM (Uso Racional dos
Medicamentos);
• v) Concedem-se medicamentos de marca, ao invés de medicamentos genéricos, disponíveis no
SUS
• O Princípio da Universalidade, o qual garante o acesso universal e
igualitário de todos a bens e serviços de saúde vem sendo
interpretado distante do Princípio da Integralidade
• A universalidade e a Integralidade abrangem a oferta do SUS a todos os
usuários;
• Ações e serviços em saúde podem ser oferecidos, quer constem, ou não, do
SUS;
• Distorções na PNAF
• Desconsideram a responsabilidade tripartite do Sistema de Saúde
• Compelir o Estado a adquirir medicamentos que não constam das Listas Públicas
• Adquirir medicamentos por profissionais da saúde da rede particular
• O Conselho Nacional de Justiça vai passar a perceber que o aumento considerável de
demandas judiciais, a Judicialização, pode transformar-se em empecilho para a eficiência
da estrutura dos Tribunais
• Governança sócio-política para compreender o que ocorre nas fronteiras do sistema
jurídico e político em relação à Judicialização da Saúde
• Efitivamente, o CNJ criou o Fórum Nacional do Judiciário para a Saúde, os Comitês
Estaduais de Saúde, a proposta de capacitação de juízes pelas Escolas de Magistratura
Estaduais, a emissão de Recomendações e Resoluções e a criação de varas especializadas
em direito e saúde
• Esta Política judiciária desenhada pelo CNJ, não se trata apenas de uma política de
envolvimento entre instituições jurídicas. Mas também, a materialização da efetividade da
comunicação interinstitucional com capacidade de resolutividade dos conflitos que
envolvem a saúde pública.
Formulação da Indagação
• Em relação ao fenômeno da judicialização da saúde nos tribunais, no
que diz respeito ao acesso a medicamentos, o sistema jurídico cumpre
sua função específica de decidir com base no código binário de
conceder direito à saúde/não-conceder direito à saúde mantendo-se a
diferenciação funcional, sem corromper o código jurídico na
perspectiva de sua permanente interação com os outros sistemas por
meio do conjunto de comunicações emitidas?
Hipótese
O fenômeno da Judicialização da Saúde caracteriza-se por advir de uma
carga de pressão no sistema jurídico, materializada pelo crescimento
excessivo de demandas por direito à saúde nos Tribunais.
Nesse cenário a Judicialização é resultado do acoplamento estrutural
entre os sistemas jurídico e político, os quais irritam-se reciprocamente.
O sistema jurídico irrita o sistema político decisões que desconsideram
critérios organizadores da política de assistência farmacêutica. Por outro
lado, o sistema político irrita o sistema jurídico por restringir o direito de
acesso a medicamentos, por meio das comunições, que limitam as
concessões judiciais dos mesmos, somente aos disponíveis no sistema
Hipótese
• O sistema jurídico pode manter a sua diferenciação funcional sem
corromper seu código jurídico ao proceder o reconhecimento das
estratégias de restabilização do sistema, incorporando ao mesmo os
critérios da política de assistência farmacêutica em referência à
concessão judicial de medicamentos
• A alopoiese da judicialização da saúde pode dar lugar à autopoiese do
sistema jurídico acoplado ao sistema político, se o sistema jurídico
perceber, reagir e processar os ruídos do sistema político em abertura
cognitiva, de conformidade com seus códigos e respectivos programas
de operação
Objetivo Geral
• Descrever e analisar as operações que o sistema jurídico realiza em
relação à judicialização da saúde, com base em seu código binário
(conceder direito à saúde/não-conceder direito à saúde) a fim de
efetivar tal direito em demandas judiciais, demonstrando as trocas
comunicativas com sistemas político e de saúde no âmbito dos
tribunais, com o fim de efetivar as expectativas normativas oriundas
dos sistemas.
Objetivos secundários
• Compreender e analisar as operações que o sistema jurídico realiza
em relação à Judicialização da saúde, com base em seu código
binário, descrevendo sua função em códigos e programas dos
respectivos sistemas, e como os mesmos funcionam em acoplamento
estrutural;
• Analisar e efetivação do direito à saúde nas demandas da
Judicialização, autodescrevendo-o sistemicamente;
• Demonstrar a recursividade das comunicações que ocorrem nos
sistemas jurídico, político e de saúde.
Referencial Teórico
• Teoria Luhamanniana propõe? No cenário da Judicialização, tal
aplicação teórica, propõe reduzir complexidade
• Observando e autodescrevendo como o sistema vê a si mesmo, a
partir da diferença-diretriz entre sistema-ambiente
• Para demonstrar a funcionalidade do sistema e necessário, perceber a
unidade que advém das múltiplas diferenciações, materializadas nas
operações funcionais
• Sociedade modernas diferenciam-se funcionalmente através das
comunicações, se houver o aperfeiçoamento da produção de
semânticas autonômas
Referencial Teórico
• Sistema Jurídico:
• Teorias Jurídicas Dogmáticas – empreendendo esforços para autodescrever o
sistema Direito.
• Luhmann, esforços não são suficientes porque não alcançam a reflexidade –
que envolve uma construção teórica capaz de descrever o modo como o
sistema se vê
• Luhmann rompe com o Positivismo Jurídico, “para uso científico carece de
capacidade de conexão”
• Positivismo, segundo Teoria Sistêmica: subsistema funcional, autorreferencial
o qual se reproduz mediante um processo comunicativo.
`
• Direito Positivo é o estatuído e vigente por força das decisões.
• Com o fim de compreender o funcionamento do sistema jurídico, Luhmann
defende a tese do fechamento operativo em abertura cognitiva do sistema
jurídico:
Reconhecer interconexões de operações factuais em recursividade comunicativa, as
quais referem-se à distinção específica do direito:
Autorreferencialidade, o sistema jurídico se fecha executando suas próprias normas,
estabelecendo seu código binário rígido (licito/ilícito)
Heterorreferencialidade o sistema jurídico se abre para conhecer (distinção
sistema/meio) de acordo com os programas (leis, regramentos e premissas de
decisão) o entorno
Estabelece critérios para a atribuição de valores aos códigos
REFERENCIAL TEÓRICO – ESTADO DA
ARTE
• INSERIR FIGURA DA CAPA DOS LIVROS E FOTO DOS AUTORES
Referencial Teórico: A formação da percepção da
Judicialização da Saúde sob a ótica da Teoria de
Sistemas
• Indeterminação sobre quais os bens e serviços de saúde que estão
disponibilizados aos usuários do SUS;
• Debate da racionalização dos recursos X argumentos de valores
morais – casos difíceis – não se encaixam no processo de subsunção
• Ordenamento Jurídico brasileiro não disciplina procedimento judicial
que envolve o direito das políticas públicas. Há uma prevalência da
efetivação do direito à saúde como direito individual, mas não
coletivo.
(FRANÇA, 2015; LIMA, 2015; MACHADO, 2015)
Referencial Teórico: A formação da percepção da
Judicialização da Saúde sob a ótica da Teoria de Sistemas
• Transdisciplinar: propõe a transgressão das barreiras da ciência e das disciplinas
científicas em que se deve procurar um vetor comum, que represente a
intersecção entre as diferentes áreas
• Vetor comum: comunicações entre os sistemas funcionais, o que nos permite
descrevê-los é a linguagem sistêmica
• A Constituição Federal é a estrutura que acopla os sistemas jurídico e político,
sobre o qual trocam-se as comunicações.

• (SZINVELSKI e MARTINI, 2018; LIMA, 2015; SANTOS, DELDUQUE E MENDONÇA,


2015)
REFERENCIAL TEÓRICO: EFEITOS
ABORDADOS SISTEMICAMENTE
•A judicialização é o exemplo de que o subsistema direito à saúde não operacionalizaria sua função com
base em seu próprio código, pois as decisões jurídicas tem sido tomadas com base em outras varáveis –
valores religiosos, políticos e afetivos
•Haver necessidade de que o sistema jurídico dos códigos de outros subsistemas, que a exemplo do
subsistema político-sanitário, o qual poderia oferecer respostas ao sistema jurídico
•Vem ocorrendo no cenário da Judicialização, demandas judiciais fundadas na “medicina baseada em
esperança”, que requerem medicamentos experimentais, de alto custo e fora das Listas Públicas, quando
em atenção à racionalidade do sistema, deveriam ser requeridos medicamentos com base na Medicina
baseada em evidências, a qual permite que o medicamento concedido seja testado, registrado (ANVISA) e
incorporado em Listas Públicas.
•Há uma tensão entre uma lógica pré-constituída e burocrática e um tipo diferenciado e prático,
característico dos acoplamentos estruturais em que os sistemas estão aprendendo a se comunicar

• (PEREIRA, 2015; SANTOS et al, 2015;

Você também pode gostar