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Avaliação do Sistema de

Qualidade na Construção
 Avaliação construtiva do desempenho do
Edifício da ARPAC - Delegação Provincial de
Sofala
1. INTRODUÇÃO

O Presente trabalho é realizado no âmbito da cadeira de gestão de qualidade com o


tema avaliação construtiva do desempenho do edifício/Obra com infoque ao edifício
da ARPAC - Delegação Provincial de Sofala, situada na zona de chaimite, na rua
Pêro de Alenquer, cidade da Beira. A cidade da beira possue actualmente patrimónios
de edifícios bastante antigos, e outros em elevado estado degradação.
Em comum ainda se opte muitas vezes pela demolição e execução de novos edifícios
em detrimento da reabilitação e reutilização dos mesmos, arquitectos e engenheiros são
cada vez mais confrontados com a tarefa de analisar a viabilidade de recuperação
destas estruturas. Os problemas patológicos são evolutivos e tendem a se agravar com
o passar do tempo.
2. ASPECTOS HISTÓRICOS

O edifício é uma infraestrutura com valor Histórico, faz parte do Património edificado
da Cidade da Beira e da Província de Sofala. Tem um pouco mais de 9 décadas de
existência e representa de forma indelével um marco importante da História secular de
Moçambique, sobretudo no que tange a presença chinesa. Esta infra-estrutura pertencia
ao clube Chinês.
A partir de 01 de Maio de 1986, o edifício do Antigo Clube Chinês funcionou como
Sede do Núcleo Provincial do Projecto ARPAC- (Arquivos do Património Cultural),
hoje, ARPAC- Instituto de Investigação Sócio-Cultural. Já como ARPAC, no rés-do-
chão funcionam: a secretaria, a Repartição de Investigação e a UGEA; no 1ºAndar
funcionam os Sectores de Administração e Finanças, a Repartição de
Documentação/Biblioteca e o Gabinete do Delegado; No segundo andar, funciona uma
sala reservada para conferências, reuniões ou debates.
3. CARACTERISTICAS FÍSICAS

O edifício possui dois andares. No rés-do-chão existem duas caves: a primeira era
usada para depósito de materiais enquanto que a segunda servia para a conservação das
águas da chuva que eram colectadas através de cantoneiras a ela direccionadas. Havia
uma cozinha onde eram confecionadas refeições e uma sala de refeições.
O 1º piso funcionou como local de serviços. Possuia uma sala onde se realizavam
convívios, jogos, música e outras cerimónias. O último piso estava reservado para
acolhimento dos idosos, onde havia dormitórios.

4. CARACTERISTICAS TÉCNICAS

4.1. Implantação

O edifício da ARPAC ocupa uma área de 216 m2, sendo desde modo o alçado frontal
com 24 metros e de 9 metros no alçado lateral.
4.2. Pavimentos

Os pavimentos do edifício têm constituições diferentes. A constituição dos pavimentos


térreos é muito simples, geralmente baseada em enrocamento de pedra, sob laje de betao
com revestimento de argamassa de cimento e areia.
No que diz respeito aos pavimentos elevados do edifício, estes são executados geralmente
em betão armado com um revestimento de argamassa de cimento e areia queimado com
colher de pedreiro.

4.3. Paredes 

As paredes do edifício são alvenaria que são utilizadas como paredes resistentes. Estas
paredes resistentes são também designadas como paredes principais ou paredes-mestras. As
paredes principais de edifícios antigos apresentam geralmente grande espessura e são
constituídas por materiais heterogéneos, de onde resultam elementos rígidos e pesados.

4.4. Cobertura

As estruturas de cobertura tem formato inclinado (coberturas inclinadas)


predominantemente a utilização de estrutura em madeira com revestimento em chapas
onduladas de zinco.
4.5. Escadas

As escadas do edifício são de betao armado rebocadas com argamassa de cimento e areia.

4.6. Revestimentos e acabamentos

Os revestimentos das paredes exteriores do edifício são em reboco de argamassa de areia


e cal aérea com acabamento em caiação branca.
Nas paredes interiores e tectos, o principal revestimento utilizado era o estuque que, para
além de económico, permitia imitar, através da sua pintura, acabamentos em pedra
natural ou madeiras nobres.

5. PATOLOGIAS EXISTENTES

Devido ao elevado número de casos de patologias que vêm se apresentando em diversas


estruturas, pode-se concluir que nenhum material estrutural é um elemento eternamente
durável, em razão de sua interação com o meio ambiente. Os fenômenos patológicos
geralmente apresentam manifestação externa, característica a partir da qual se pode
deduzir a natureza, a origem e os mecanismos dos fenômenos envolvidos. (HELENE,
2003).
5.1. Inspeção Preliminar
 
Procurou-se realizar um levantamento dos projetos estruturais e arquitetônicos da
edificação, os quais não foram encontrados.
Na inspeção preliminar procurou-se identificar a natureza e possíveis causas das
manifestações patológicas, incluindo atividades tais como: exame visual de toda a
edificação realizando um levantamento fotográfico detalhado; registro de todos os
sintomas visuais (manchas de óxidos, fissuras, desagregação, eflorescência, infiltração,
descolamento de revestimentos, etc); identificação da agressividade do ambiente
(suave, moderada ou forte); identificação da espessura do cobrimento do concreto e
redução do diâmetro das armaduras.

5.2. Diagnóstico

É através da etapa diagnóstico que todos os dados coletados na inspeção preliminar e


detalhada deve ser interpretado no sentido de compor progressivamente o
entendimento das prováveis causas, origens e mecanismos das patologias, obtendo
desta forma, o diagnóstico do problema.
5.3. Patologias Observadas

Através das visitas de campo, foi detectada a presença de manifestações patológicas


localizadas em diversos pontos na edificação.

5.3.1. Análise das patologias

5.3.1.1. Infiltração

Foi observado excesso de humidade em diversos locais do edifício evidenciando


infiltrações. As infiltrações identificadas nos tectos e pilares, provavelmente, foram
causadas por tubulações deficientes acompanhados pela má impermeabilização do piso e
falta de manutenção no rejunte do revestimento cerâmico dos WC S.
As infiltrações situadas no tecto e vigas da varanda, provém da área descoberta, portanto
o piso desse pavimento, possivelmente encontra-se em péssimas condições de uso com
impermeabilização deficiente devido a falta de manutenção.
As infiltrações identificadas na coberta foram causadas pela camada de
impermeabilização deficiente acompanhada pela obstrução de ralos na laje da cobertura,
pois as chuvas intensas geravam a formação de lâmina de água nas células da cobertura,
que infiltrava para o pavimento.
As lajes e vigas situadas na varanda, apresentam, dentre outras patologias, problemas
de corrosão de armaduras com perda de secção e esfoliação, ocasionada pela expansão
dos produtos de corrosão, tendo as infiltrações contribuído de forma significativa no
desencadeamento dessa patologia. Foi possível observar que não havia danos aparentes
em alguns pilares da varanda, pois os elementos estruturais (pilares) no referido
pavimento apresentavam-se envoltos por camada de revestimento de argamassa
protegidos por pintura impermeabilizante, dificultando o ingresso de agentes
agressivos.

(A) (B)

(A) Recobrimento deficiente e corrosão em laje do pavimento


(B) Recobrimento deficiente, corrosão acentuada e eflorescência
5.3.1.2. Eflorescência e Íons cloreto

Foi identificada a presença do processo de lixiviação com formação de estalactites e


eflorescências no teto (fig C). Segundo Husni, et. al. (2003), as eflorescências ocorrem
na superfície do concreto através da percolação da água no interior do concreto
consistindo em depósito de sais que são lixiviados para fora do concreto e
cristalizando-os após a evaporação.
As eflorescências podem levar a um aumento da porosidade, redução da resistência,
elevação da permeabilidade e perda da alcalinidade do concreto, tornando-o vulnerável
a ataques como, por exemplo, a corrosão das armaduras.

(C) Eflorescência
5.3.1.3. Fissuras
 
Foi identificado um considerável índice de fissuras nos pavimentos vistoriados seja em
paredes que não conseguem acompanhar as deformações excessivas da estrutura, por
movimentação dinâmica e em elementos estruturais provenientes de corrosão das
armaduras.
Foram encontradas fissuras longitudinais na direção da armadura de pilares (fig E) ,
vigas e lajes provenientes da corrosão de armaduras (fig D).

(D) (E)
6. CONCLUSÃO
 
Os estudos realizados mostraram que dentre as patologias identificadas na edificação,
as que apresentaram maior incidência foram: as infiltrações, fissuras, corrosão de
armaduras e descolamento de revestimentos.
Diversas foram as causas das manifestações patológicas encontradas, destacando-se a
má impermeabilização, pouco cobrimento das armaduras, possível uso de material
inadequado e elevado grau de agressividade ambiental.
A falta de manutenções preventivas teve grande contribuição no surgimento das
manifestações patológicas devido a sua importância na conservação de uma edificação.
ANEXOS
FACHADA FRONTAL
ESCADA DE ACESSO AO PISO ELEVADO
ENTRADA PRINCIPAL DA ARPAC

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