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Sónia Mendes
2022
A saúde mental é uma componente fundamental do bem -estar dos
indivíduos e as perturbações mentais são, de entre as doenças crónicas, a
primeira causa de incapacidade em Portugal, justificando cerca de um
terço dos anos potenciais de vida perdidos.
As perturbações psiquiátricas têm uma prevalência de 22,9 %, colocando
Portugal num preocupante segundo lugar entre os países europeus, com 60
% destes doentes sem terem acesso a cuidados de saúde mental.
Especificamente, a depressão afeta 10 % dos portugueses e, em 2017, o
suicídio foi responsável por quase 15 000 anos potenciais de vida perdidos.
Decreto-lei nº 113/2021
O objetivo fundamental da legislação de saúde mental é
proteger, promover e melhorar a vida e o bem-estar social
dos cidadãos. No contexto inegável de que toda sociedade
necessita de leis para alcançar seus objetivos, a legislação de
saúde mental não é diferente de nenhuma outra legislação.
Pessoas com transtornos mentais são, ou podem ser,
particularmente vulneráveis a abuso e violação de direitos.
A legislação que protege cidadãos vulneráveis (entre os
quais pessoas com transtornos mentais) reflete uma
sociedade que respeita e cuida de seu povo.
Artigo 33.°
Substituição do internamento
O internamento é substituído por tratamento compulsivo em regime ambulatório sempre que seja possível manter esse
tratamento em liberdade, sem prejuízo do disposto nos artigos 34.° e 35.°
A substituição depende de expressa aceitação, por parte do internado, das condições fixadas pelo psiquiatra assistente
para o tratamento em regime ambulatório.
A substituição é comunicada ao tribunal competente.
Sempre que o portador dá anomalia psíquica deixe de cumprir as condições estabelecidas, o psiquiatra assistente
comunica o incumprimento ao tribunal competente, retomando-se o internamento.
Sempre que necessário, o estabelecimento solicita ao tribunal competente a emissão de mandados de condução a cumprir
pelas forças policiais.
Lei nº 36/1998
Artigo 11.º
Direitos e deveres do internado
1 - O internado mantém os direitos reconhecidos aos internados nos hospitais gerais.
2 - O internado goza, em especial, do direito de:
a) Ser informado e, sempre que necessário, esclarecido sobre os direitos que lhe assistem;
b) Ser esclarecido sobre os motivos da privação da liberdade;
c) Ser assistido por defensor constituído ou nomeado, podendo comunicar em privado com este;
d) Recorrer da decisão de internamento e da decisão que o mantenha;
e) Votar, nos termos da lei;
f) Enviar e receber correspondência;
Lei nº 36/1998
Artigo 17.º
Avaliação clínico-psiquiátrica
1 - A avaliação clínico-psiquiátrica é deferida aos serviços oficiais de assistência psiquiátrica da área de
residência do internando, devendo ser realizada por dois psiquiatras, no prazo de 15 dias, com a eventual
colaboração de outros profissionais de saúde mental.
2 - A avaliação referida no número anterior pode, excepcionalmente, ser deferida ao serviço de psiquiatria forense
do instituto de medicina legal da respectiva circunscrição. 3 - Sempre que seja previsível a não comparência do
internando na data designada, o juiz ordena a emissão de mandado de condução para assegurar a presença
daquele.
4 - Os serviços remetem o relatório ao tribunal no prazo máximo de sete dias.
5 - O juízo técnico-científico inerente à avaliação clínico-psiquiátrica está subtraído à livre apreciação do juiz.
Lei n.º 49/2018
de 14 de agosto
Artigo 10.º
Artigo 7.º Artigo 13.º
Salvaguarda de direitos e
Afetação Decisão sobre o regime
meios de tutela
Execução do internamento
Artigo 11.º
Artigo 8.º Artigo 14.º
Plano terapêutico e de
Princípios orientadores da Vestuário e calçado
reabilitação
execução
Artigo 18.º Disposições organizatórias
Artigo 15.º
Manutenção da ordem e da Artigo 21.º
Programas
segurança Sistema de informação
Artigo 22.º
Artigo 16.º
Artigo 19.º Articulação com a Direção -
Cuidados de saúde em Geral
ambulatório e internamento Regime disciplinar
hospitalar de Reinserção e Serviços
Prisionais
Artigo 20.º
Artigo 17.º Artigo 23.º
Continuidade dos cuidados
Licenças de saída Fiscalização
após a libertação
Artigo 24.º Disposições finais e transitórias
Estruturas de apoio social Artigo 30.º
Artigo 27.º
Norma revogatória
Medidas de execução
Artigo 25.º
Encargos financeiros Artigo 28.º
Regiões Autónomas
Artigo 26º
Disposições especiais para a execução
do internamento em estabelecimento ou Artigo 29.º
unidade
Disposição transitória
integrados nos serviços prisionais
*Aumentar em 25% o registo das perturbações
METAS DE SAÚDE A 2020 mentais nos Cuidados de Saúde Primários;
Apesar da “Revisão e Extensão a 2020 do Plano *Inverter a tendência da prescrição de
Nacional de Saúde” não incluir indicadores benzodiazepinas na população através da sua
para a saúde mental, esta é uma das áreas estabilização;
MODELO DE GOVERNAÇÃO A 2020 | PNS
E PROGRAMAS DE SAÚDE PRIORITÁRIOS atualmente prioritárias para a OMS, para a *Apoiar a criação de 1500 lugares para adulto
OCDE e para a Comissão Europeia, e 500 para crianças/adolescentes em Cuidados
ORIENTAÇÕES PROGRAMÁTICAS A 2020
nomeadamente através dos seus planos e Continuados Integrados de Saúde Mental;
programas específicos. O Programa Nacional *Aumentar em 30% o número de ações no
para a Saúde Mental tem, considerando os âmbito dos programas de promoção da saúde
atuais constrangimentos, as seguintes metas: mental e de prevenção das doenças mentais,
desenvolvidos pelo PNSM.
1 — Os cuidados de saúde mental são prestados por instituições do SNS e por entidades
privadas ou do setor social, nos termos da lei, as quais atuam também nos domínios da prevenção
da doença mental e da promoção da saúde mental, do bem -estar e qualidade de vida das pessoas.
2 — A prestação de cuidados de saúde mental deve centrar -se nas necessidades e condições
específicas das pessoas que deles necessitam, em função da sua diferenciação etária, e ser prioritariamente
promovida a nível da comunidade, no meio menos restritivo possível.
3 — As unidades de internamento de pessoas em fase aguda de doença mental devem localizar-
-se em serviços locais ou regionais de saúde mental.
4 — A organização e o funcionamento dos serviços de saúde mental devem orientar -se para
a recuperação integral das pessoas.
Lei nº 113/2021
5 — A execução da política de saúde mental deve garantir o envolvimento de todos os serviços
e organismos públicos das áreas governativas com intervenção direta ou indireta na área da
saúde mental, nomeadamente da cidadania e igualdade, da justiça, da ciência, tecnologia e ensino
superior, da educação, do trabalho, solidariedade e segurança social e da habitação, operando
num modelo de intervenção multinível.
6 — A execução das políticas e dos planos de saúde mental deve ser regularmente avaliada
e envolver a participação de entidades independentes, nomeadamente de representantes de associações
de utentes e de familiares.
7 — O funcionamento dos serviços de saúde mental deve promover a participação da comunidade
e dos cidadãos nos seus órgãos consultivos, nos termos dos respetivos regulamentos internos,
e o envolvimento de associações de utentes e de familiares na sua gestão efetiva, designadamente,
através do acompanhamento da atividade realizada e da apresentação de recomendações com
vista à melhoria da respetiva resposta.
8 — Além das previstas no número anterior, devem ser implementadas outras formas de
participação ativa, como o voluntariado para colaboração em atividades dos serviços de saúde
mental, nomeadamente no âmbito do apoio domiciliário, da reabilitação psicossocial e inserção na
comunidade e de ações de educação para a saúde.
O Estudo Nacional de Saúde Mental, realizado no âmbito do World Mental
Health Survey Initiative, comprovou a importância decisiva do Plano Nacional
de Saúde Mental 2007-2016 (PNSM).
Temos em Portugal uma das mais elevadas prevalências de doenças mentais
da Europa; uma percentagem importante das pessoas com doenças mentais
graves permanecem sem acesso a cuidados de saúde mental, e muitos dos que
têm acesso a cuidados de saúde mental continuam a não beneficiar dos
modelos de intervenção (programas de tratamento e reabilitação psicossocial),
hoje considerados essenciais.