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PROTEÇÃO DE SISTEMAS

ELÉTRICOS
PROF. (O): TARCISIO TRAJANO
AULA 2: TC
Transformadores de Medida

 São equipamentos que permitem aos instrumentos de medição e proteção funcionar


adequadamente sem que seja necessário possuírem correntes e tensões nominais de
acordo com a corrente de carga e a tensão do circuito principal.

 Os transformadores de corrente (TCs) e os transformadores de potencial (TPs) são os


transformadores de medida utilizados no sistema de proteção.
Transformadores de Corrente

 Transformadores de corrente (TCs) destinam-se a alimentar instrumentos de


medição, proteção ou controle em sistemas elétricos.

 Reduzem a corrente do sistema de potência a um valor adequado aos instrumentos,


de modo a haver uma relação fixa entre os valores instantâneos correspondentes das
ondas de corrente de saída e de entrada, com diferenças de fase mínimas
possíveis entre as mesmas. Também promovem isolação elétrica entre os instrumentos
e o sistema de potência.
Transformadores de Corrente

A norma NBR 6856 da ABNT estipula o valor 5A para a corrente secundária nominal. Porém, há TCs
de corrente secundária nominal igual a 1A, com a vantagem de apresentar menos perdas na fiação
do lado secundário.
Exemplo

Determine:

a) A relação de transformação do TC.


b) A corrente secundária que passa pelo relé.
TCs de Baixa Tensão

 Pela figura 2, observa-se o primário consiste em uma só espira constituída por uma
barra montada através do núcleo TC. A Fig. 3 ilustra o TC do tipo janela. No mesmo,
há uma abertura por onde passa uma ou mais espiras do condutor primário. Em ambos
os tipos de TC, o enrolamento secundário e o núcleo acham-se contidos em uma
cápsula normalmente constituída de epóxi. Normalmente, a forma geométrica dos
núcleos é toroidal.
TCs de Baixa Tensão

O TC tipo núcleo dividido é mostrado na Fig. 4, onde o núcleo pode ser aberto,
envolvendo o condutor no qual se deseja medir a corrente. É bastante usado em
instrumentos de medição de corrente e de potência.
TCs de Média e de Alta Tensão

 Os TCs mostrados a seguir têm larga aplicação nas


subestações de energia elétrica.

A Fig. 5 ilustra um tipo muito usado, denominado TC tipo


bucha, semelhante ao TC tipo janela (bucha é um
elemento isolante destinado a permitir a passagem de um
circuito de um ambiente para outro). Neste caso, o
núcleo e os enrolamentos são montados na bucha de um
transformador ou disjuntor, sendo o enrolamento
primário constituído por uma única espira, que consiste
no próprio condutor da linha. É fácil ver que tal
característica construtiva proporciona economia.

A Fig. 6 ilustra outra diferente forma de TC, destinado à


utilização em tensões mais elevadas.
TCs de Múltiplas Relações de Transformação

 Há TCs que possuem mais de uma relação de


transformação, como é mostrado na figura ao
lado.

 Em (a), os enrolamentos primários podem ser


ligados assim: P1–P2; P3–P4; P1–P2 em série com
P3–P4; P1–P2 em paralelo com P3–P4.

 Em (b) e (c), onde há derivações no secundário,


apenas uma delas deve ser usada, ficando as
outras em aberto para não haver alterações no
valor da corrente secundária.

 Em (d) também podem ser feitas diferentes


formas de ligação no secundário. O enrolamento
não utilizado deve ficar em aberto.
TCs de vários núcleos

 Um TC pode possuir vários enrolamentos secundários montados isoladamente em seu próprio


núcleo, como é o caso de alguns TCs usados em alta tensão. A figura abaixo ilustra o caso em
que há dois núcleos, um destinado ao serviço de medição e o outro a proteção. Estes núcleos
apresentam características magnéticas distintas. Caso um dos enrolamentos não esteja
sendo utilizado, o mesmo deve permanecer em curto-circuito.
TCs - Definições Básicas

 Classificação: A norma NBR 6856 da ABNT [2] classifica os transformadores de


corrente em dois tipos: TCs para serviço de medição e TCs para serviço de proteção.
Estes últimos se subdividem em TCs de classe A, que possuem elevada reatância de
dispersão no enrolamento secundário e TCs de classe B, de baixa reatância de
dispersão no referido enrolamento (cujo enrolamento no primário possui uma única
espira).
Relação Nominal: É a relação entre os valores nominais I1N e I2N das correntes
primária e secundária, respectivamente. Tais valores são estabelecidos no projeto do
TC, sendo indicada na placa de dados. É comumente denominada relação de
transformação, recebendo a notação KN. Diferentemente do caso ideal, esta relação
não corresponde exatamente à relação de espiras. Porém, elas se acham muito
próximas. Assim, tem-se:
TCs - Definições Básicas

 Relação Real é definida por:

 As correntes I1 e I2 são os valores RMS de corrente que realmente circulam no primário e no


secundário, respectivamente, dentro da faixa de variação permissível da corrente primária.
O valor de KR varia em função de I1, devido às propriedades não lineares do núcleo.

 Fator de correção de relação: é o fator pelo qual se deve multiplicar a relação nominal do
TC para que seja obtida a relação real KR, ou seja:

 Este fator também é expresso em termos de percentagem, FCRC%.


TCs - Circuito Elétrico Equivalente e
Diagrama Fasorial

 O circuito equivalente de um TC para análise em baixas frequências é mostrado na


figura a seguir. Todos os elementos são referidos ao secundário.
TCs - Circuito Elétrico Equivalente e
Diagrama Fasorial

 A tensão Ue é a tensão de excitação secundária. Ie denomina-se corrente de excitação,


possuindo duas componentes: Ip (corrente de perdas no núcleo, em fase com Ue), e Im
(corrente de magnetização, atrasada de 90°). Idealmente, a corrente primária I1 seria
transformada para o secundário segundo a relação de espiras, resultando em I1’ Porém, o
circuito apresenta um ramo em derivação composto pela associação em paralelo de Rp e Xm;
assim, a corrente que circula através da carga é:

O diagrama fasorial do TC é mostrado na figura


ao lado. A partir dele, são deduzidas expressões
para os erros de relação e de fase.
TCs de Medição

 Erro de Relação:

Em regime senoidal, o erro de relação é dado por:

Este erro também é definido em termos de percentagem, ou seja:

Pode-se ainda escrever para o erro relativo no módulo da corrente:


TCs de Medição

 Erro de Relação:

Normalmente, φ é pequeno, o que permite assumir I1’ como sua projeção sobre a reta
colinear a I2. Como ∆I2 << I2, pode-se fazer I1’ ≈ I2; assim:

Pode-se relacionar o erro de relação e o fator de correção de relação da seguinte


maneira:
TCs de Medição

 Erro de Fase:

Do diagrama fasorial,têm-se:

Como φ é pequeno, φ ≈ sin φ e assim, o erro de


fase da corrente é dado por:
TCs de Medição

 Classes de Exatidão:

Define-se classe de exatidão de um TC como sendo o máximo erro de relação apresentado


quando o TC opera com 100% da corrente primária nominal. A norma NBR 6856 da ABNT
estabelece as seguintes classes de exatidão para TCs de medição: 0,3, 0,6, 1,2 e 3. A seguir,
são estabelecidas finalidades para as respectivas classes de exatidão usuais:

• Aferição e calibração de instrumentos de medidas de laboratório: 0,1.


• Alimentação de medidores para faturamento: 0,3.
• Alimentação de medidores para monitoração de custos industriais: 0,6.
• Alimentação de amperímetros e registradores gráficos: 1,2.
• Alimentação de instrumentos de painel: 3.
TCs de Proteção

 Erro de Relação:

O erro de fase normalmente não é levado em consideração nos TCs de proteção. Segundo a
NBR 6856 da ABNT o erro de relação percentual deve ser calculado por:

O erro máximo admissível ε% deve se calculado para a corrente secundária igual a vinte
vezes o seu valor nominal, ou seja, I2 = 20 I2N.
TCs de Proteção

 Determinação do Erro de Relação :

Os fabricantes fornecem as curvas de Ue


versus Ie (curvas de excitação secundária, em
valores RMS), traçadas em escalas
logarítmicas, como indica a figura ao lado.
TCs de Proteção

 Determinação do Erro de Relação:

Considerando o circuito elétrico equivalente, para


valores previamente estabelecidos de corrente, I2 e das
impedâncias no secundário, efetua-se o seguinte
procedimento para o cálculo dos erros:

• Etapa 1: Calculam-se a tensão Ue pela equação:

• Etapa 2: Com os valores de Ue, determinam-se os


valores correspondentes de Ie na curva de excitação
secundária.

• Etapa 3: Calculam-se os erros pela equação:


TCs de Proteção

 Determinação do Erro de Relação:

Caso a curva de excitação secundária não seja disponível, ela pode ser obtida por ensaio em
laboratório, através da montagem mostrada abaixo. Os valores de Ue e Ie (RMS) são obtidos no
secundário, com o primário em vazio,através dos medidores indicados, para diferentes valores
da tensão da fonte, até se obter o grau de saturação desejado.
TCs de Proteção

 Classe de exatidão:

A NBR 6856 da ABNT estabelece as classes de exatidão 5 e 10 para os TCs de proteção.


Considera-se que um TC acha-se dentro de sua classe de exatidão quando o seu erro de relação
percentual não for superior ao valor especificado, desde a corrente secundária nominal I2N até
a corrente 20 I2N, para qualquer carga igual ou inferior a nominal.
TCs de Proteção

 Fatores de Influência nos Erros:


A corrente de excitação Ie é a causa dos erros. Nos transformadores de força e nos
transformadores de potencial (TPs), esta corrente Ie é praticamente constante para as
condições de vazio a plena carga. Porem, isto não ocorre nos TCs, pois eles tem o enrolamento
primário ligado em série ao sistema de potência, comportando-se como se houvesse uma fonte
independente que impõe uma corrente ao secundário, a qual e a soma de I2 e Ie.

• Tipo de núcleo magnético


• Carga no secundário
TCs de Proteção

 Tipo de núcleo magnético

A corrente de excitação pode ser reduzida através da escolha


adequada da geometria e do tipo de material empregado no
núcleo, cuja forma mais usual e a de um toróide sem entreferro.

O material ideal para emprego em núcleos de TCs deve


apresentar as seguintes propriedades: permeabilidade elevada,
perdas magnéticas baixas e elevada indução no ponto de
saturação. Porém, é difícil obter materiais que apresentem
simultaneamente tais propriedades.

Nas ligas convencionais, quando os dois primeiros requisitos são


atendidos, o ponto de saturação apresenta-se baixo.
TCs de Proteção

 Tipo de núcleo magnético

A liga ferro-níquel (80% Ni) apresenta baixas perdas magnéticas, permeabilidade


elevada e pouco variável na região não saturada. Apesar do baixo valor de indução no
ponto de saturação (0,4 a 0,5 T) e do preço alto, este material é adequado a fabricação
de TCs de medição de elevada precisão.

A liga ferro-silicio (3,2% Si) de grãos não orientados (GNO) laminada a quente apresenta
perdas elevadas e permeabilidades magnéticas bem mais baixas e ponto de saturação
mais elevado (0,8 a 1,0 T). Não são recomendáveis para fabricação de TCs.

A liga ferro-silicio de grãos orientados (GO) laminada a frio proporciona perdas


magnéticas e permeabilidades apropriadas para a fabricação de TCs, principalmente
os usados em proteção. Sua vantagem e a elevada indução de saturação (1,2 a 1,7 T).
São projetados para trabalhar com valores de indução de pico inferiores a 0,1 T,
podendo operar sem saturação para correntes de até 20 vezes a corrente primária
nominal, com carga nominal.

Atualmente, são desenvolvidas várias ligas especiais (amorfas e nanocristalinas), algumas


das quais apresentam simultaneamente as características favoráveis citadas.
TCs de Proteção

 Carga no secundário

Como o enrolamento primário do TC e ligado em série ao sistema de potência, a corrente secundária I1’ depende apenas da
corrente primária. Como I1’= I2 + Ie, o aumento da impedância da carga, faz com que a componente Ie seja cada vez mais
significativa na soma fasorial, elevando os erros de relação e de fase. Logo, a impedância total ligada ao secundário deve ser a
menor possível.

A medida que a impedância da carga aumenta, o núcleo passa a operar na região de saturação, que é caracterizada por
indutâncias incrementais Lm muito baixas. Isto faz com que grande parte da corrente secundária passe a circular por Lm,
surgindo elevados picos de corrente de excitação. Em consequencia, ocorrem erros muito elevados e o instrumento ligado ao
secundario não sera devidamente sensibilizado. Ademais, sao observados os efeitos descritos a seguir.

• Aquecimento excessivo do nucleo, causado pelas elevadas perdas magneticas (histereticas, parasiticas classicas e anomalas).

• Surgimento de picos de tensao causados pelo fato de que a forma de onda de λ apresenta-se muito inclinada no regime nao
saturado, resultando em elevadas tensoes de excitacao secundarias (ue = dλ/dt). Tais sobretensoes se manifestam como um trem
de pulsos de polaridades alternadas e de curta duracao. Ve-se que λ e praticamente constante na zona de saturacao, sendo ue =
dλ/dt ≈ 0.
TCs de Medição e Proteção

No ponto A, a corrente primária corresponde a


correntes praticamente idênticas nos
enrolamentos secundários dos dois TCs.

Porém, quando a mesma está situada na faixa


compreendida entre 4 I1N e 20 I1N, as
correntes secundárias assumem valores muito
diferentes (IB << IC). Tal fato influi de modo
drástico no desempenho dos réles de proteção,
como o relé de sobrecorrente temporizado de
característica tipo inversa.

Observa-se que relé operaria em um tempo


bem maior se fosse utilizado um TC de
medição (IB << IC e tB >> tC).

Vê-se também que se I2 < Io, o relé não atua.


TCs

Especificação de TCs:

A norma NBR 6856 da ABNT estabelece as características básicas a serem especificadas para consulta ao
fabricante; as principais são:

• corrente primaria nominal e relação nominal;


• frequencia nominal;
• carga nominal;
• classe de exatidão;
• fator de sobrecorrente nominal (TCs de proteção);
• tensao secundaria nominal (TCs de proteção);
• fator térmico nominal;
• corrente térmica nominal (para tensão de serviço maior que 72,5 kV);
• corrente dinâmica nominal (para tensão de serviço maior que 72,5 kV);
• nível de isolamento;
• uso interno ou externo.
TCs

Classe de exatidão –

Fator de sobrecorrente nominal - E o fator pelo qual se deve multiplicar a corrente primaria nominal de um TC para obter a máxima corrente de curto-
circuito que o mesmo pode suportar sem que o erro cometido seja superior a classe de exatidao (5% ou 10%). Este fator e empregado apenas para TCs de
proteção, sendo estabelecido para o mesmo o valor 20.

Tensão secundária nominal - E a tensão nos terminais da carga nominal imposta ao TC quando por ela circula uma corrente igual a 20 vezes a corrente
secundária nominal, sem que o erro de relacao exceda a classe de exatidão do TC. E considerada apenas para TCs de proteção. Para a corrente
secundária nominal de 5 A e nas impedâncias da Tabela 1, as tensões secundárias nominais padronizadas são: 10, 20, 50, 100, 200, 400, 800 V.
TCs

Classe de exatidão –

Fator térmico nominal - É o fator pelo qual deve ser multiplicada a corrente primária nominal para se obter a corrente
primaria máxima que o TC e capaz de conduzir na frequência nominal, sem exceder os limites de elevação de temperatura
especificados e sem sair da classe de exatidao.

Pela ABNT, tais fatores são: 1,0 – 1,2 – 1,3 – 1,5 - 2,0.

Corrente térmica nominal - É o maior valor eficaz da corrente de curto-circuito simétrico no primário (I1) que o TC pode
suportar por certo tempo (normalmente, 1s), com o secundário em curto-circuito, sem que sejam excedidos os limites de
temperatura. De um modo geral, a relação entre tempo e corrente é dada por:

K é uma constante que depende das propriedades dos materiais isolantes utilizados no TC, relacionadas a suportabilidade
a solicitações térmicas. Normalmente, seleciona-se a corrente térmica nominal em um valor maior ou igual a máxima
corrente de interrupção do disjuntor.
TCs

Classe de exatidão –

Corrente dinâmica nominal - É o maior valor de pico da corrente de curto-circuito que o TC e


capaz de suportar durante o primeiro meio ciclo, com o enrolamento secundário em curto-
circuito, sem que haja danos causados pelas forcas eletromagneticas desenvolvidas.
Normalmente, e tomada como sendo 2,5 vezes o valor da corrente térmica nominal.

Nível de isolamento - Este item e especificado em termos das tensões máximas de projeto do
equipamento, nos regimes contínuo e transitório.

A corrente térmica nominal e a corrente dinâmica nominal devem ser indicadas apenas para TCs
com tensão máxima igual ou superior a 72,5 kV.
Exemplos - TCs

Exemplo 1 - Um TC recebe a designação 10B400. O que isto significa?


Exemplos - TCs

Exemplo 1 - Um TC recebe a designação 10B400. O que isto significa?

Resposta - Significa que o mesmo é de baixa reatância de dispersão (enrolamento secundário


uniformemente distribuído) e é destinado ao servico de protecção, pois a sua classe de exatidão
é igual a 10, ou seja, o erro de relação não deverá exceder 10% para qualquer corrente de valor
até 20 vezes a corrente nominal (20 x 5 = 100 A), desde que a carga no secundário não exceda
a carga de 4 . Para não haver saturação, a tensão secundária nominal não deverá ultrapassar

400 V (4 x 5 x 20 = 400 V). A carga nominal é designada por C100 (4 x 52 = 100 VA).
AULA 2: TC

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