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PROTEÇÃO DE SISTEMAS

ELÉTRICOS
PROF. (O): TARCISIO TRAJANO
AULA 3: TC e TP
Transformadores de Medida

 São equipamentos que permitem aos instrumentos de medição e proteção funcionar


adequadamente sem que seja necessário possuírem correntes e tensões nominais de
acordo com a corrente de carga e a tensão do circuito principal.

 Os transformadores de corrente (TCs) e os transformadores de potencial (TPs) são os


transformadores de medida utilizados no sistema de proteção.
Transformadores de Corrente

A norma NBR 6856 da ABNT estipula o valor 5A para a corrente secundária nominal. Porém, há TCs
de corrente secundária nominal igual a 1A, com a vantagem de apresentar menos perdas na fiação
do lado secundário.
TCs de Baixa Tensão

 Pela figura 2, observa-se o primário consiste em uma só espira constituída por uma
barra montada através do núcleo TC. A Fig. 3 ilustra o TC do tipo janela. No mesmo,
há uma abertura por onde passa uma ou mais espiras do condutor primário. Em ambos
os tipos de TC, o enrolamento secundário e o núcleo acham-se contidos em uma
cápsula normalmente constituída de epóxi. Normalmente, a forma geométrica dos
núcleos é toroidal.
TCs de Baixa Tensão

O TC tipo núcleo dividido é mostrado na Fig. 4, onde o núcleo pode ser aberto,
envolvendo o condutor no qual se deseja medir a corrente. É bastante usado em
instrumentos de medição de corrente e de potência.
TCs de Média e de Alta Tensão

 Os TCs mostrados a seguir têm larga aplicação nas


subestações de energia elétrica.

A Fig. 5 ilustra um tipo muito usado, denominado TC


tipo bucha, semelhante ao TC tipo janela. Neste
caso, o núcleo e os enrolamentos são montados na
bucha de um transformador ou disjuntor, sendo o
enrolamento primário constituído por uma única
espira, que consiste no próprio condutor da linha. É
fácil ver que tal característica construtiva
proporciona economia.

A Fig. 6 ilustra outra diferente forma de TC,


destinado à utilização em tensões mais elevadas.
TCs de vários núcleos

 Um TC pode possuir vários enrolamentos secundários montados isoladamente em seu


próprio núcleo, como é o caso de alguns TCs usados em alta tensão.

A figura abaixo ilustra o caso em que há dois núcleos, um destinado ao serviço de medição
e o outro a proteção. Estes núcleos apresentam características magnéticas distintas. Caso
um dos enrolamentos não esteja sendo utilizado, o mesmo deve permanecer em curto-
circuito.
TCs - Definições Básicas

 Classificação: A norma NBR 6856 da ABNT classifica os transformadores de corrente em


dois tipos: TCs para serviço de medição e TCs para serviço de proteção.

 Os TCs de proteção se dividem em classe A, que possuem elevada reatância de


dispersão no enrolamento secundário e TCs de classe B, de baixa reatância de dispersão
no referido enrolamento (cujo enrolamento no primário possui uma única espira).

Relação Nominal: É a relação entre os valores nominais I1N e I2N das correntes primária
e secundária, respectivamente. É comumente denominada relação de transformação,
recebendo a notação KN. Diferentemente do caso ideal, esta relação não corresponde
exatamente à relação de espiras. Porém, elas se acham muito próximas. Assim, tem-se:
TCs - Definições Básicas

 Relação Real é definida por:

 As correntes I1 e I2 são os valores RMS de corrente que realmente circulam no primário e no


secundário, respectivamente, dentro da faixa de variação permissível da corrente primária.
O valor de KR varia em função de I1, devido às propriedades não lineares do núcleo.

 Fator de correção de relação: é o fator pelo qual se deve multiplicar a relação nominal do
TC para que seja obtida a relação real KR, ou seja:

 Este fator também é expresso em termos de percentagem, FCRC%.


TCs - Circuito Elétrico Equivalente e
Diagrama Fasorial

 O circuito equivalente de um TC para análise em baixas frequências é mostrado


na figura a seguir. Todos os elementos são referidos ao secundário.
TCs - Circuito Elétrico Equivalente e
Diagrama Fasorial
 A tensão Ue é a tensão de excitação secundária.

 Ie denomina-se corrente de excitação, possuindo duas componentes: Ip (corrente de perdas no núcleo, em fase com Ue), e
Im (corrente de magnetização, atrasada de 90°).

 Idealmente, a corrente primária I1 seria transformada para o secundário segundo a relação de espiras, resultando em I1’
Porém, o circuito apresenta um ramo em derivação composto pela associação em paralelo de Rp e Xm; assim, a corrente
que circula através da carga é:

O diagrama fasorial do TC é mostrado na figura ao lado. A


partir dele, são deduzidas expressões para os erros de
relação e de fase.
TCs de Medição

 Erro de Relação:

Em regime senoidal, o erro de relação é dado por:

Este erro também é definido em termos de percentagem, ou seja:

Pode-se ainda escrever para o erro relativo no módulo da corrente:


TCs de Medição

 Erro de Relação:

Normalmente, φ é pequeno, o que permite assumir I1’ como sua projeção sobre a reta
colinear a I2. Como ∆I2 << I2, pode-se fazer I1’ ≈ I2; assim:

Pode-se relacionar o erro de relação e o fator de correção de relação da seguinte


maneira:
TCs de Medição

 Erro de Fase:

Do diagrama fasorial,têm-se:

Como φ é pequeno, φ ≈ sin φ e assim, o erro de


fase da corrente é dado por:
TCs de Medição

 Classes de Exatidão:

Define-se classe de exatidão de um TC como sendo o máximo erro de relação apresentado quando o TC opera com 100%
da corrente primária nominal.

A norma NBR 6856 da ABNT estabelece as seguintes classes de exatidão para TCs de medição: 0,3, 0,6, 1,2 e 3. A
seguir, são estabelecidas finalidades para as respectivas classes de exatidão usuais:

• Aferição e calibração de instrumentos de medidas de laboratório: 0,1.


• Alimentação de medidores para faturamento: 0,3.
• Alimentação de medidores para monitoração de custos industriais: 0,6.
• Alimentação de amperímetros e registradores gráficos: 1,2.
• Alimentação de instrumentos de painel: 3.
TCs de Proteção

 Erro de Relação:

O erro de fase normalmente não é levado em consideração nos TCs de proteção. Segundo a
NBR 6856 da ABNT o erro de relação percentual deve ser calculado por:

O erro máximo admissível ε% deve ser calculado para a corrente secundária igual a vinte
vezes o seu valor nominal, ou seja, I2 = 20 I2N.
TCs de Proteção

 Determinação do Erro de Relação :

Os fabricantes fornecem as curvas de Ue versus Ie


(curvas de excitação secundária, em valores RMS),
traçadas em escalas logarítmicas.
TCs de Proteção

 Determinação do Erro de Relação:

Considerando o circuito elétrico equivalente, para valores


previamente estabelecidos de corrente, I2 e das impedâncias
no secundário, efetua-se o seguinte procedimento para o
cálculo dos erros:

• Etapa 1: Calculam-se a tensão Ue pela equação:

• Etapa 2: Com os valores de Ue, determinam-se os valores


correspondentes de Ie na curva de excitação secundária.

• Etapa 3: Calculam-se os erros pela equação:


TCs de Proteção

 Determinação do Erro de Relação:

Caso a curva de excitação secundária não seja disponível, ela pode ser obtida por ensaio em laboratório, através da
montagem mostrada abaixo. Os valores de Ue e Ie (RMS) são obtidos no secundário, com o primário em vazio,através
dos medidores indicados, para diferentes valores da tensão da fonte, até se obter o grau de saturação desejado.
TCs de Proteção

 Classe de exatidão:

A NBR 6856 da ABNT estabelece as classes de exatidão 5 e 10 para os TCs de proteção.

Considera-se que um TC acha-se dentro de sua classe de exatidão quando o seu erro de
relação percentual não for superior ao valor especificado, desde a corrente secundária
nominal I2N até a corrente 20 I2N, para qualquer carga igual ou inferior a nominal.
TCs de Proteção

 Fatores de Influência nos Erros:

A corrente de excitação Ie é a causa dos erros. Nos transformadores de força e nos transformadores
de potencial (TPs), esta corrente Ie é praticamente constante para as condições de vazio a plena
carga.

Porém, isto não ocorre nos TCs, pois eles tem o enrolamento primário ligado em série ao sistema de
potência, comportando-se como se houvesse uma fonte independente que impõe uma corrente ao
secundário, a qual é a soma de I2 e Ie.

• Tipo de núcleo magnético


• Carga no secundário
TCs de Proteção

 Tipo de núcleo magnético

A corrente de excitação pode ser reduzida através da escolha adequada


da geometria e do tipo de material empregado no núcleo.

O material ideal para emprego em núcleos de TCs deve apresentar as


seguintes propriedades: permeabilidade elevada, perdas magnéticas
baixas e elevada indução no ponto de saturação. Porém, é difícil obter
materiais que apresentem simultaneamente tais propriedades.

Nas ligas convencionais, quando os dois primeiros requisitos são


atendidos, o ponto de saturação apresenta-se baixo.
TCs de Proteção

 Tipo de núcleo magnético

A liga ferro-níquel (80% Ni) apresenta baixas perdas magnéticas, permeabilidade elevada e pouco
variável na região não saturada. Apesar do baixo valor de indução no ponto de saturação (0,4 a 0,5 T)
e do preço alto, este material é adequado a fabricação de TCs de medição de elevada precisão.

A liga ferro-silicio (3,2% Si) de grãos não orientados (GNO) laminada a quente apresenta perdas
elevadas e permeabilidades magnéticas bem mais baixas e ponto de saturação mais elevado (0,8 a
1,0 T). Não são recomendáveis para fabricação de TCs.

A liga ferro-silicio de grãos orientados (GO) laminada a frio proporciona perdas magnéticas e
permeabilidades apropriadas para a fabricação de TCs, principalmente os usados em proteção. Sua
vantagem é a elevada indução de saturação (1,2 a 1,7 T).

São projetados para trabalhar com valores de indução de pico inferiores a 0,1 T, podendo operar sem
saturação para correntes de até 20 vezes a corrente primária nominal, com carga nominal.

Atualmente, são desenvolvidas várias ligas especiais (amorfas e nanocristalinas), algumas das quais
apresentam simultaneamente as características favoráveis citadas.
TCs de Proteção

 Carga no secundário

Como o enrolamento primário do TC é ligado em série ao sistema de potência, a corrente secundária


I1’ depende apenas da corrente primária. Como I1’= I2 + Ie, o aumento da impedância da carga, faz
com que a componente Ie seja cada vez mais significativa na soma fasorial, elevando os erros de
relação e de fase. Logo, a impedância total ligada ao secundário deve ser a menor possível.

Em consequência de elevados valores da impedância de carga no secundário, ocorrem erros muito


elevados e o instrumento ligado ao secundario não será devidamente sensibilizado. Ademais, são
observados os efeitos descritos a seguir.

• Aquecimento excessivo do núcleo, causado pelas elevadas perdas magnéticas

• Surgimento de picos de tensão causados pelo fato de que a forma de onda de λ apresenta-se muito
inclinada no regime não saturado, resultando em elevadas tensões de excitação secundárias
TCs de Medição e Proteção

Na faixa compreendida entre 4 I1N e 20 I1N, as correntes secundárias assumem valores muito diferentes (IB << IC).
Observa-se que relé operaria em um tempo bem maior se fosse utilizado um TC de medição (IB << IC e tB >> tC).
TCs

Especificação de TCs:

A norma NBR 6856 da ABNT estabelece as características básicas a serem especificadas para
consulta ao fabricante; as principais são:

• corrente primária nominal e relação nominal;


• frequência nominal;
• carga nominal;
• classe de exatidão;
• fator de sobrecorrente nominal (TCs de proteção);
• tensão secundária nominal (TCs de proteção);
• fator térmico nominal;
• corrente térmica nominal (para tensão de serviço maior que 72,5 kV);
• corrente dinâmica nominal (para tensão de serviço maior que 72,5 kV);
• nível de isolamento;
• uso interno ou externo.
TCs

Classe de exatidão

Fator de sobrecorrente nominal - É o fator pelo qual se deve multiplicar a corrente primária
nominal de um TC para obter a máxima corrente de curto-circuito que o mesmo pode suportar sem
que o erro cometido seja superior a classe de exatidão (5% ou 10%). Este fator é empregado apenas
para TCs de proteção.

Tensão secundária nominal - É a tensão nos terminais da carga nominal imposta ao TC quando por
ela circula uma corrente igual a 20 vezes a corrente secundária nominal, sem que o erro de relação
exceda a classe de exatidão do TC. E considerada apenas para TCs de proteção. Para a corrente
secundária nominal de 5 A e nas impedâncias da Tabela 1, as tensões secundárias nominais
padronizadas são: 10, 20, 50, 100, 200, 400, 800 V.
.
TCs

Classe de exatidão
Carga nominal – A carga nominal é designada pela letra C seguida do número de volt-ampéres
correspondente à corrente secundária nominal.
TCs

Classe de exatidão –

Fator térmico nominal - É o fator pelo qual deve ser multiplicada a corrente primária nominal para se obter a
corrente primaria máxima que o TC e capaz de conduzir na frequência nominal, sem exceder os limites de
elevação de temperatura especificados e sem sair da classe de exatidão.

Pela ABNT, tais fatores são: 1,0 – 1,2 – 1,3 – 1,5 - 2,0.

Corrente térmica nominal - É o maior valor eficaz da corrente de, com o secundário em curto-circuito, sem
que sejam excedidos os limites de temperatura. curto-circuito simétrico no primário (I1) que o TC pode
suportar por certo tempo (normalmente, 1s) De um modo geral, a relação entre tempo e corrente é dada por:

K é uma constante que depende das propriedades dos materiais isolantes utilizados no TC, relacionadas a
suportabilidade a solicitações térmicas. Normalmente, seleciona-se a corrente térmica nominal em um valor
maior ou igual a máxima corrente de interrupção do disjuntor.
TCs

Classe de exatidão –

Corrente dinâmica nominal - É o maior valor de pico da corrente de curto-circuito que o TC é capaz de
suportar durante o primeiro meio ciclo, com o enrolamento secundário em curto-circuito, sem que haja danos
causados pelas forcas eletromagnéticas desenvolvidas. Normalmente, é tomada como sendo 2,5 vezes o valor
da corrente térmica nominal.

Nível de isolamento - Este item é especificado em termos das tensões máximas de projeto do equipamento,
nos regimes contínuo e transitório.

A corrente térmica nominal e a corrente dinâmica nominal devem ser indicadas apenas para TCs com tensão
máxima igual ou superior a 72,5 kV.
Exemplos - TCs

Exemplo 1 - Um TC recebe a designação 10B400. O que isto significa?


Exemplos - TCs

Exemplo 1 - Um TC recebe a designação 10B400. O que isto significa?

Resposta :

Significa que o mesmo é de baixa reatância de dispersão (enrolamento secundário


uniformemente distribuído)

É destinado ao serviço de proteção, pois a sua classe de exatidão é igual a 10, ou seja, o erro
de relação não deverá exceder 10% para qualquer corrente de valor até 20 vezes a corrente
nominal (20 x 5 = 100 A), desde que a carga no secundário não exceda a carga de 4 .

Para não haver saturação, a tensão secundária nominal não deverá ultrapassar 400 V (4 x 5
x 20 = 400 V).
Transformadores de Potencial

 Transformadores de potencial (TPs) são dispositivos projetados e construídos para


alimentar instrumentos de medição, proteção ou controle em redes elétricas.

 Os TPs podem ser do tipo indutivo (TPI) ou capacitivo (TPC).


Transformadores de Potencial Indutivos

 Normalmente, o núcleo é de liga ferro-silício (3,2% Si) de grãos orientados.


 O enrolamento primário de N1 espiras é ligado em paralelo ao sistema de potência.
 O enrolamento secundário de N2 espiras alimenta um instrumento (medidor ou relé de
proteção). Se Φ o fluxo magnético no núcleo, tem-se:
Transformadores de Potencial Indutivos

 Como os TPs promovem abaixamento de tensão, tem-se N1>N2.

 Ao contrário dos TCs, os TPs devem operar com altas impedâncias ligadas ao secundário.

A diferença entre os transformadores de potência e os TPs é que os primeiros se destinam a


transmitir energia de um enrolamento para outro, enquanto os TPs reduzem tensões para
valores adequados aos instrumentos, proporcionando também isolamento em relação ao circuito
primário.
Transformadores de Potencial Indutivos

 A norma NBR 6855 da ABNT estabelece valores de tensão secundária nominal de 115 V ou 115/√3 V, ou
ambos.
AULA 3: TC e TP

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