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Ciclo de ar padrão Otto, Ciclo de ar padrão

Diesel, Ciclo de ar padrão Dual.

Moran e Shapiro – Princípios de Termodinâmica Para Engenharia


Capítulo 9
Ciclo de Ar-Padrão Otto

• O ciclo de ar padrão Otto é um ciclo ideal que considera que a etapa de adição
de calor ocorre instantaneamente enquanto o pistão encontra-se no ponto
morto superior.
• O ciclo consiste em quatro processos internamente reversíveis em série.

• O processo 1 - 2 representa uma etapa de


compressão isentrópica do ar conforme o pistão se
move do ponto morto inferior para o ponto morto
superior.

Nomenclatura para motores alternativos cilindro-pistão


Figura 9.1, pág. 410 da 8ª ed. de Princípios de Termodinâmica Para
Engenharia de Michael J. Moran e Howard N. Shapiro

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Ciclo de Ar-Padrão Otto

• O processo 2-3 é uma transferência de calor a volume constante


para o ar a partir de uma fonte externa enquanto o pistão está no
ponto morto superior.
• Esta etapa tem a intenção de representar a ignição da mistura ar-
combustível e a queima rápida que acontece em seguida.

• O processo 3-4 é uma expansão isentrópica (curso de potência, ou


etapa de desenvolvimento de trabalho por unidade de massa).

• O processo 4-1, ocorre a volume constante no qual o calor é


rejeitado do ar conforme o pistão está no ponto morto inferior.

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Ciclo de Ar-Padrão Otto

• Os diagramas P-v e T-s para o ciclo Otto:

Processo 1-2: compressão isentrópica


Processo 2-3: calor entra a volume constante
Processo 3-4: expansão isentrópica
Processo 4-1: calor sai a volume constante

Diagramas p–v e T–s do ciclo de ar-padrão Otto


Figura 9.3, pág. 412 da 8ª ed. de Princípios de Termodinâmica Para
Engenharia de Michael J. Moran e Howard N. Shapiro
• Uma vez que o ciclo Otto é composto de processos internamente reversíveis, as áreas nos
diagramas T-s e P-v podem ser interpretadas, respectivamente, como calor e trabalho.

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Ciclo de Ar-Padrão Otto

• No diagrama T-s
• Área 2-3-a-b-2 representa o calor fornecido por
unidade de massa
• Área 1-4-a-b-1 representa o calor rejeitado por
unidade de massa.

• No diagrama P-v
• Área 1-2-a-b-1 representa o trabalho fornecido por
unidade de massa durante o processo de compressão
• Área 3-4-b-a-3 é o trabalho executado por unidade de
massa no processo de expansão

• A área de cada figura pode ser interpretada como o


trabalho líquido obtido ou equivalentemente, o calor
líquido absorvido. Diagramas p–v e T–s do ciclo de ar-padrão Otto
Figura 9.3, pág. 412 da 8ª ed. de Princípios de Termodinâmica
Para Engenharia de Michael J. Moran e Howard N. Shapiro 5
Ciclo de Ar-Padrão Otto

• O ciclo de ar padrão Otto consiste em:


• Dois processos nos quais há trabalho mas não há transferência de calor
(entropia constante), os processos 1-2 e 3-4
• Dois processos nos quais há transferência de calor mas não há trabalho
(volume constante), os processos 2-3 e 4-1.

Processo 1-2: compressão isentrópica


Processo 2-3: calor entra a volume constante
Processo 3-4: expansão isentrópica
Processo 4-1: calor sai a volume constante
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Ciclo de Ar-Padrão Otto
• As expressões para estas transferências de energia são obtidas pela simplificação do balanço de
energia do sistema fechado através da consideração de que as variações de energia cinética e
potencial gravitacional podem ser ignoradas.

𝑊 12 𝑊 34
= 𝑢2 − 𝑢1 , =𝑢3 −𝑢4
𝑚 𝑚

𝑄 23 𝑄 41
=𝑢3 − 𝑢 2 , =𝑢 4 − 𝑢1 Processo 1-2: compressão isentrópica
𝑚 𝑚 Processo 2-3: calor entra a volume constante
Processo 3-4: expansão isentrópica
Processo 4-1: calor sai a volume constante

• Nessas equações consideramos que calor e trabalho são quantidades positivas. Deixamos um
pouco de lado as convenções de que calor entrando e trabalho saindo, são positivos. E que
calor saindo e trabalho entrando são negativos.
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Ciclo de Ar-Padrão Otto

• O que nos interessa mais num ciclo é o trabalho líquido e as relações com as
quantidades de calor adicionado e rejeitado.
• O trabalho líquido para o Ciclo Otto será:

• Alternativamente o trabalho líquido pode ser calculado como o calor líquido


adicionado.

• A eficiência térmica é a razão entre o trabalho líquido do ciclo e o calor


adicionado.

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Ciclo de Ar-Padrão Otto

• Quando usamos os dados da tabela de ar (Tabelas A-22 ou A-22E) para


conduzir uma análise envolvendo um ciclo de ar padrão Otto os valores para a
energia interna específica requeridos pela equação para a eficiência podem ser
obtidos das tabelas conforme apropriado.
• As seguintes relações também são aplicáveis aos processos isentrópicos
(processo 1-2 e 3-4):
𝑣 𝑟 2=𝑣 𝑟 1
( )
𝑉2
𝑉1
=
𝑣𝑟 1
𝑟
, 𝑣 𝑟 4 =𝑣𝑟 3
( )
𝑉4
𝑉3
=𝑟 ( 𝑣 𝑟 3 )

• Onde “r” é a taxa de compressão.


• Note que como V3=V2 e V4=V1, r = V1/V2 = V4/V3.
• O parâmetro vr (volume relativo) é tabelado em função da temperatura para o ar
nas tabelas A-22, A-22E.
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Ciclo de Ar-Padrão Otto

• Quando o ciclo Otto é analisado em uma base de ar padrão frio as seguintes


expressões podem ser utilizadas para os processos isentrópicos, no lugar das
equações para vr2 e vr4:

( ) ( )
𝑘 −1 𝑘 −1
𝑇2 𝑉1 𝑘 −1 𝑇 4 𝑉3 1
= =𝑟 , = =
𝑇1 𝑉2 𝑇3 𝑉4 𝑟
𝑘− 1

• Vamos relembrar como chegamos à essas expressões acima, uma vez que
poderemos usá-las com frequência nos cálculos envolvendo os motores de
combustão interna, MCI.

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Ciclo de Ar-Padrão Otto

• Vamos iniciar nossa análise supondo um sistema fechado, simples (onde as


variações de energia cinética e potencial são desprezáveis) e reversível
(irreversibilidades nulas). O balanço de energia, numa forma diferencial, para
esse sistema será:
𝑑𝑈 = 𝛿 𝑄 − 𝛿 𝑊
• O trabalho para um processo simples e compressível terá a expressão:

𝛿 𝑊 =𝑝𝑑𝑉
• Voltando ao balanço de energia,
𝑑 𝑈 = 𝛿 𝑄 − 𝑝𝑑𝑉
Lembrando do balanço de entropia para sistemas fechados e reversíveis:

𝑑𝑆 = 𝛿 𝑄 / 𝑇
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Ciclo de Ar-Padrão Otto

• De onde podemos isolar o termo do calor e levar ao balanço de energia,

𝑇𝑑𝑆=𝛿 𝑄 → 𝑑 𝑈 =𝑇𝑑𝑆 −𝑝𝑑𝑉


• Deixando tudo em função da variação de entropia,
(1)
• Lembrando que a energia interna e a entalpia estão relacionadas por U = H - pV,
podemos reescrever a equação anterior como:

(2)

• Da equação (1) isolando TdS, teremos:


(3)
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Ciclo de Ar-Padrão Otto

• Da equação (2) isolando TdS, teremos:


(4)
• Com as expressões (3) e (4) aplicando a processos reversíveis, isentrópicos
podemos ainda obter as seguintes expressões para as variações de entropia:

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Ciclo de Ar-Padrão Otto

• As equações (5) e (6) foram desenvolvidas para sistemas simples, compressíveis,


e reversíveis, e para o caso de sofrerem processos isentrópicos, com
capacidades caloríficas constantes (Cp e Cv constantes). A partir dai, podemos
reescrever a equação (5):
=
=
• Sabemos que
, dai,
• E de (5) chegamos à: =

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Ciclo de Ar-Padrão Otto

• da equação (6), analogamente, poderemos chegar à:


=

• Como, ,

• Assim,

• E de (6), finalmente, chegamos à:

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Ciclo de Ar-Padrão Otto

Efeito da Taxa de Compressão no Desempenho:


• Se voltarmos ao diagrama T-s, poderemos concluir
que a eficiência térmica do ciclo Otto aumenta de
acordo com o aumento da taxa de compressão.

• Um aumento na taxa de compressão muda o ciclo de


1-2-3-4-1 para 1-2’-3’-4-1.
• Uma vez que a temperatura média de fornecimento
de calor é maior no último ciclo e ambos os ciclos
possuem o mesmo processo de rejeição de calor, o
ciclo 1-2’-3’-4-1 teria a maior eficiência térmica. Diagrama T–s do ciclo de ar-padrão Otto
Figura 9.3, pág. 412 da 8ª ed. de Princípios de Termodinâmica
Para Engenharia de Michael J. Moran e Howard N. Shapiro

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Ciclo de Ar-Padrão Otto

Efeito da Taxa de Compressão no Desempenho:


• O aumento da eficiência térmica com a taxa de compressão também é
apresentado de forma simples através do seguinte desenvolvimento em uma
base de ar padrão frio.

• Para cv, constante, a expressão para a eficiência térmica ficará:

𝜂 =¿ ¿
𝑐𝑣 (𝑇 4− 𝑇 1 )
𝜂 =1−
𝑐𝑣 (𝑇 3− 𝑇 2 )

• Rearranjando, teremos: 𝑇 1 (𝑇 4 / 𝑇 1− 1)
𝜂 =1−
𝑇 2( 𝑇 3/ 𝑇 2− 1)

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Ciclo de Ar-Padrão Otto

Efeito da Taxa de Compressão no Desempenho:


• Das relações de T2/T1 e de T4/T3:

( ) ( )
𝑘 −1 𝑘 −1
𝑇2 𝑉1 𝑘 −1 𝑇 4 𝑉3 1
= =𝑟 , = =
𝑇1 𝑉2 𝑇3 𝑉4 𝑟
𝑘−1

• para k = constante, chega-se que T4/T1 = T3/T2 e que a eficiência térmica do ciclo
Otto é: 𝑇 1
𝜂 =1−
𝑇2

1
𝜂=1− 𝑘− 1
,(𝑘=𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒) Eficiência térmica do ciclo de ar-padrão
• Que ainda pode ser escrita como: 𝑟 frio Otto, k = 1,4
Figura 9.4, pág. 414 da 8ª ed. de
Princípios de Termodinâmica Para
Engenharia de Michael J. Moran e
• Lembrando que k = cp/cv. e r é a taxa de compressão. Desta forma, essa Howard N. Shapiro

expressão indica que a eficiência térmica do ciclo de ar padrão frio Otto é uma
função apenas da taxa de compressão.
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Ciclo de Ar-Padrão Otto

• A discussão anterior sugere que é vantajoso para os motores de combustão


interna possuírem razões de compressão elevadas, e este é o caso.
• Entretanto, a possibilidade de “autoignição” ou “detonação”, estabelece um limite
superior para a taxa de compressão para motores de ignição por centelha;
• Depois de a centelha incendiar uma parte da mistura ar-combustível, o aumento de
pressão que acompanha a combustão comprime o restante da carga;
• A autoignição pode ocorrer se a temperatura da mistura não queimada tornar-se
muito alta antes de a mistura ser consumida pela frente de chama;

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Ciclo de Ar-Padrão Otto

• Uma vez que a temperatura atingida pela mistura ar-combustível durante o curso
de compressão aumenta conforme a taxa de compressão aumenta, a possibilidade
de ocorrência de autoignição aumenta com a taxa de compressão;
• A autoignição pode resultar em ondas de alta pressão no cilindro (manifestada
através de um som de batida) que pode levar à perda de potência, bem como a
danos no motor.
• Os combustíveis formulados com chumbo tetraetila são resistentes à autoignição e
assim permitem razões de compressão relativamente altas.

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Ciclo de Ar-Padrão Otto

• A gasolina sem chumbo comumente em uso hoje em dia, devido a preocupações ambientais
acerca da poluição do ar, limita as taxas de compressão de motores de ignição por centelha a
aproximadamente 9.
• Taxas de compressão mais elevadas podem ser obtidas em motores de ignição por
compressão porque somente o ar é comprimido, tendo taxa de compressão na faixa de 12
a 20;
• Os motores de ignição por compressão podem também usar combustíveis menos
refinados que possuem maiores temperaturas de ignição do que os combustíveis voláteis
requeridos pelos motores de ignição por centelha;
• No exemplo a seguir ilustramos a análise do ciclo de ar padrão Otto. Os resultados são
comparados com aqueles obtidos em uma base de ar-padrão frio.
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Ciclo de Ar-Padrão Otto

Exemplo 9.1 analisando o ciclo Otto


• A temperatura no início do processo de compressão de um ciclo de ar padrão
Otto com uma taxa de compressão de 8 é de 5400R, a pressão é de 1 atm e
volume do cilindro de 0,02 ft3. A temperatura máxima durante o ciclo é de
36000R. Determine:

(a) a temperatura e a pressão ao final de cada processo do ciclo,


(b) a eficiência térmica
(c) a pressão média efetiva, em atm.

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Ciclo de Ar-Padrão Otto

Exemplo 9.1 analisando o ciclo Otto – Solução:


Dados: um ciclo de ar padrão Otto com r = 8 (taxa de compressão).

Relembrando os processos do ciclo Otto:


Processo 1-2: compressão isentrópica
Processo 2-3: calor entra a volume constante
Processo 3-4: expansão isentrópica
Processo 4-1: calor sai a volume constante
 
Hipóteses:
• O ar no conjunto cilindro pistão é o sistema fechado;
Diagrama Esquemático e Dados Fornecidos
• Os processos de compressão e expansão são adiabáticos; Figura E9.1, pág. 415 da 8ª ed. de Princípios de
Termodinâmica Para Engenharia de Michael J. Moran e
• Todos os processos são internamente reversíveis; Howard N. Shapiro

• O ar é modelado como um gás ideal;


• Os efeitos de energia cinética e potencial são desprezados.
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Ciclo de Ar-Padrão Otto

Exemplo 9.1 analisando o ciclo Otto – Solução:


(a) a temperatura e a pressão ao final de cada processo do ciclo
• Pelo enunciado e pelo esboço do diagrama sabemos que
T1 = 540ºR
• Da Tabela A-22E podemos obter u 1 = 92,04 Btu/lb e
vr1 = 144,32 (volume relativo).

• Com vr1 é possível obter vr2, através da relação:

𝑣 𝑟 2=𝑣 𝑟 1
( )
𝑉2
𝑉1
=
𝑣 𝑟 1 144,32
𝑟
=
8
=18,04

• Com esse valor de vr2=18,04, podemos interpolar na Tabela A- Diagrama Esquemático e Dados Fornecidos
Figura E9.1, pág. 415 da 8ª ed. de Princípios de
22E para obtermos a T2=1212ºR, e com isso u2 = 211,3 Btu/lb. Termodinâmica Para Engenharia de Michael J. Moran e
Howard N. Shapiro
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Ciclo de Ar-Padrão Otto

Exemplo 9.1 analisando o ciclo Otto – Solução:


(a) a temperatura e a pressão ao final de cada processo do ciclo
• Para obtermos a P2, vamos fazer uso da equação dos gases
ideais, para o ar:
𝑚 𝑅𝑇2 𝑚𝑅 𝑃2 𝑉 2 𝑃1𝑉 1
𝑃 2 𝑉 2= → = =
𝑀𝑜𝑙 𝑀𝑜𝑙 𝑇2 𝑇1

𝑃1𝑉 1 𝑇 2
( )
𝑜
1212 𝑅
𝑃 2= =1 𝑎𝑡𝑚 . 8=17,96 𝑎𝑡𝑚
𝑇1 𝑉2 𝑜
540 𝑅

• A pressão no estado 2 pode ser calculada alternativamente


usando-se a relação isentrópica P2=P1(Pr2/Pr1).
Diagrama Esquemático e Dados Fornecidos
Figura E9.1, pág. 415 da 8ª ed. de Princípios de
Termodinâmica Para Engenharia de Michael J. Moran e
Howard N. Shapiro
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Ciclo de Ar-Padrão Otto

Exemplo 9.1 analisando o ciclo Otto – Solução:


(a) a temperatura e a pressão ao final de cada processo do ciclo
• Uma vez que o processo 2-3 acontece a volume constante
(V2 = V3). A equação de estado de gás ideal fornece:
𝑇3 3
( )
𝑜
𝑚 𝑅 𝑃2𝑉 2 𝑃3𝑉 3600 𝑅
= =𝑃 3= 𝑃 2 =17,96
→ 𝑎𝑡𝑚 . =53,3 𝑎𝑡𝑚
𝑀𝑜𝑙 𝑇2 𝑇 32 𝑇 𝑜
1212 𝑅

• Com T3 = 3600ºR, da Tabela A-22E obteremos u3 = 721,44


Btu/lb, e vr3 = 0,6449.
• Para o processo 3 – 4, de expansão isentrópica,

Diagrama Esquemático e Dados Fornecidos


Figura E9.1, pág. 415 da 8ª ed. de Princípios de
Termodinâmica Para Engenharia de Michael J. Moran e
Howard N. Shapiro
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Ciclo de Ar-Padrão Otto

Exemplo 9.1 analisando o ciclo Otto – Solução:


(a) a temperatura e a pressão ao final de cada processo do ciclo
• Para o processo 3 – 4, de expansão isentrópica,

𝑣 𝑟 4=𝑣 𝑟 3
( )
𝑉4
𝑉3
=0,6449
( )
𝑉1
𝑉2
=0,6449(8)=5,16

• Interpolando na tabela A-22E com vr4 =5,16 obteremos


T4 = 1878ºR, u4 = 342,2 Btu/lb.
• A pressão no estado 4 poderá ser obtida usando-se a relação
isentrópica P4=P3(Pr4/Pr3). Ou através da equação do gás ideal
aplicada nos estados 1 e 4, Com V4 = V1.
• A equação de estado do gás ideal fornece: Diagrama Esquemático e Dados Fornecidos
𝑇4
( )
𝑜
1878 𝑅 Figura E9.1, pág. 415 da 8ª ed. de Princípios de
𝑃 4 =𝑃 1 =1 𝑎𝑡𝑚 . =3,48 𝑎𝑡𝑚 Termodinâmica Para Engenharia de Michael J. Moran e
𝑇1 𝑜
540 𝑅 Howard N. Shapiro
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Ciclo de Ar-Padrão Otto

Exemplo 9.1 analisando o ciclo Otto


• A temperatura no início do processo de compressão de um ciclo de ar padrão
Otto com uma taxa de compressão de 8 é de 5400R, a pressão é de 1 atm e
volume do cilindro de 0,02 ft3. A temperatura máxima durante o ciclo é de
36oo0R. Determine:

(a) a temperatura e a pressão ao final de cada processo do ciclo,


(b) a eficiência térmica
(c) a pressão média efetiva, em atm.

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Ciclo de Ar-Padrão Otto

Exemplo 9.1 analisando o ciclo Otto – Solução:


(b) a eficiência térmica do ciclo

𝜂 =¿ ¿
( 342,2 − 92,04 )
𝜂 =1− = 0,51=51 %
( 721,44 − 211,3 )

(c) Para o cálculo da pressão média efetiva, é necessário o


trabalho líquido por ciclo. Isto é:

¿
Diagrama Esquemático e Dados Fornecidos
Figura E9.1, pág. 415 da 8ª ed. de Princípios de
Termodinâmica Para Engenharia de Michael J. Moran e
Howard N. Shapiro
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Ciclo de Ar-Padrão Otto

Exemplo 9.1 analisando o ciclo Otto – Solução:


(c) a pressão média efetiva, em atm
• Calculando a massa do ar:
𝑃 1 𝑉 1 𝑀𝑜𝑙 14,696 𝑙𝑏𝑓 144 𝑖𝑛2 0,02 𝑓𝑡 3 28,97 𝑙 𝑏𝑜 𝑅 −3
𝑚= = =1,47 𝑥 1 0 𝑙𝑏
𝑇1 𝑅 𝑖𝑛
2 2
𝑓𝑡 54 0 𝑅
𝑜
1545 𝑓𝑡 . 𝑙𝑏𝑓

• Inserindo valores na expressão para Wciclo,


𝑊 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 =1,47 𝑥 1 0− 3 𝑙𝑏 [ ( 721,44 − 342,2 ) − ( 211,3 − 92,04 ) ] =0,382 𝐵𝑡𝑢

• O volume do deslocamento é V1–V2, de forma que a pressão média efetiva é dada por:
𝑊 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 𝑊 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜
[ ]
2
0,382 𝐵𝑡𝑢 778 𝑓𝑡 . 𝑙𝑏𝑓 1𝑓 𝑡 𝑙𝑏𝑓
𝑝𝑚𝑒= = = ⌊ ⌋ =118 =8,03 𝑎𝑡𝑚
𝑉 1 − 𝑉 2 𝑉 1 ( 1 −𝑉 2 /𝑉 1 ) ( 0,02 𝑓 𝑡 3 ) (1 −1 /8 ) 1 𝐵𝑡𝑢 144 𝑖 𝑛 2
𝑖𝑛2

30
Ciclo de Ar-Padrão Otto

Exemplo 9.1 analisando o ciclo Otto – Solução:


• Esta solução utiliza a tabela A-22E para o ar, que considera explicitamente a variação
dos calores específicos com a temperatura.
• Uma solução também pode ser desenvolvida em uma base de ar padrão frio, na qual
são considerados calores específicos constantes. Esta solução é deixada como
exercício, porém, os resultados são apresentados na Tabela a seguir para
comparação.

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Ciclo de Ar-Padrão Diesel

• O ciclo de ar-padrão Diesel é um ciclo ideal que considera que a adição de


calor acontece durante um processo à pressão constante, que se inicia com o
pistão no ponto morto superior.
• O ciclo também consiste em quatro processos internamente reversíveis em
série.
• O processo 1-2 é o mesmo observado no ciclo Otto: uma compressão
isentrópica.
• O processo 2-3 difere, pois o calor não é transferido para o fluido de
trabalho a volume constante como no ciclo Otto.
• No ciclo diesel o calor é transferido para o fluido de trabalho à pressão
constante, mas também constitui a primeira parte do curso de potência.
• A expansão isentrópica de 3-4 é a etapa final do curso de potência.

32
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

• Como no ciclo Otto, o ciclo é concluído com o processo 4 até 1, a volume


constante, no qual o calor é rejeitado do ar enquanto o pistão está no ponto
morto inferior.
• Este processo substitui os processos de admissão e de descarga do motor
real.
• Os diagramas P-v e T-s para o ciclo diesel são apresentados nas figuras abaixo.

Diagramas p–v e T–s do ciclo de ar-padrão Diesel


Figura 9.5, pág. 416 da 8ª ed. de Princípios de
Termodinâmica Para Engenharia de Michael J. Moran e
Howard N. Shapiro

33
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

• Assim como no o ciclo Otto, como o ciclo Diesel é


composto de processos internamente reversíveis, as
áreas nos diagramas T-s e P-v podem ser interpretadas,
respectivamente, como calor e trabalho.
• No diagrama T-s
• Área 2-3-a-b-2 representa o calor fornecido por unidade de
massa
• Área 1-4-a-b-1 representa o calor rejeitado por unidade de Diagrama T–s do ciclo de ar-padrão Diesel
Figura 9.5, pág. 416 da 8ª ed. de Princípios de
Termodinâmica Para Engenharia de Michael J. Moran e
massa. Howard N. Shapiro

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Ciclo de Ar-Padrão Diesel

• No diagrama P-v
• Área 1-2-a-b-1 representa o trabalho fornecido por
unidade de massa durante o processo de compressão

• Área 2-3-4-b-2 é o trabalho executado por unidade de


massa conforme o pistão se move do ponto morto
superior para o ponto morto inferior.

• A área de cada figura pode ser interpretada como o


trabalho líquido obtido ou equivalentemente, o calor Diagrama p–v do ciclo de ar-padrão Diesel
Figura 9.5, pág. 416 da 8ª ed. de Princípios de
Termodinâmica Para Engenharia de Michael J. Moran e

líquido absorvido. Howard N. Shapiro

35
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

Análise do ciclo:
• No ciclo diesel a adição de calor ocorre a pressão constante.
Consequentemente, o processo de 2 até 3 envolve tanto trabalho quanto calor.
O trabalho é dado por:

• O calor adicionado no processo de 2-3 pode ser encontrado aplicando-se o


balanço de energia para um sistema fechado:

• Introduzindo a equação anterior nesta última, e resolvendo para a transferência


de calor, obtemos a seguinte expressão:
36
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

• Onde a entalpia específica é introduzida para simplificar a expressão. Como no


ciclo Otto, o calor rejeitado no processo 4 até 1 é dado por:

• A eficiência térmica é a razão entre o trabalho líquido do ciclo e o calor


adicionado:

• Como para o ciclo Otto, a eficiência térmica do ciclo diesel aumenta com a taxa
de compressão.

37
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

• Para calcular a eficiência térmica são necessários valores para as energias


internas nos estados 1 e 4 e para as entalpias nos estados 2 e 3 ou, de uma
forma equivalente, as temperaturas nos principais estados do ciclo (uma vez
que a análise de ar padrão, pressupõe gás ideal, e h e u são só funções de T);
• Consideraremos a seguir como essas temperaturas são calculadas.

• Para uma dada temperatura inicial T1 e taxa de compressão r, a temperatura


no estado 2 pode ser encontrada usando-se a seguinte relação isentrópica e
dados para o volume relativo vr.
𝑣 𝑟 2=𝑣 𝑟 1
( )
𝑉2
𝑉1
=
𝑣𝑟 1
𝑟
38
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

• Para encontrar T3 observemos que a equação de estado de gás ideal fica


simplificada pois as pressões 2 e 3 são iguais nesse processo, e chegamos à:

• Onde rc = V3 / V2, chamada de razão de corte.

• Já que V4 = V1, a razão volumétrica para o processo isentrópico de 3 até 4


pode ser expressa como:

• Onde a taxa de compressão r e a razão de corte rc, e foram introduzidas para obter-se uma
forma concisa.

39
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

• Utilizando-se a equação anterior juntamente com vr3 a T3, a temperatura T4


pode ser determinada por interpolação, uma vez que vr4 seja determinada da
relação isentrópica abaixo,

• Em uma análise de ar padrão frio (lembremos que isso significa que os calores
específicos para calcularmos u e h, são constantes, e avaliados numa
temperatura ambiente) a expressão apropriada para calcular T2 é fornecida
pela seguinte equação:

40
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

• A temperatura T4 é encontrada de maneira análoga através de:

Efeito da taxa de compressão no desempenho de um ciclo Diesel:


• Assim como no ciclo Otto, a eficiência térmica do ciclo diesel aumenta com o
aumento da taxa de compressão. E isto pode ser apresentado de forma
simples através de uma análise do ar padrão frio. Em uma base de ar padrão
frio, a eficiência térmica do ciclo diesel pode ser expressa como:

• onde r é a taxa de compressão, e rc, a razão de corte.

41
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

• Esta relação é mostrada na figura ao lado, para k = 1,4.


• A equação da eficiência, para o ciclo diesel, difere da
equação equivalente, obtida para o ciclo Otto, somente
pelo termo entre parênteses, o qual, para rc > 1 , é
maior do que a unidade.

[ ]
𝑘
1 𝑟 𝑐 −1
𝜂=1− 𝑘− 1 (𝑘=𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒)
𝑟 𝑘 ( 𝑟 𝑐 −1 )
• Assim, quando a taxa de compressão é a mesma, a
eficiência térmica do ciclo de ar padrão frio Diesel seria
menor do que aquela para o ciclo de ar padrão frio
Otto.
Eficiência térmica do ciclo de ar-padrão frio
Diesel, k=1,4
• No exemplo a seguir ilustramos a análise do ciclo de ar Figura 9.6, pág. 418 da 8ª ed. de Princípios de
Termodinâmica Para Engenharia de Michael J. Moran e
padrão diesel. Howard N. Shapiro
42
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

Exemplo 9.2 Analisando o Ciclo Diesel.


• No início do processo de compressão de um ciclo de ar-padrão Diesel
operando com uma taxa de compressão de 18 a temperatura é de 300 K e a
pressão é de 0,1 MPa. A razão de corte para o ciclo é 2.

• Determine:

(a) a temperatura e a pressão ao final de cada processo do ciclo,

(b) a eficiência térmica

(c) a pressão média efetiva, em MPa.


43
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

Exemplo 9.2 Analisando o Ciclo Diesel – Solução:


Dados: um ciclo de ar padrão Diesel com r = 18 (taxa de compressão).

Relembrando os processos do ciclo Diesel:


Processo 1-2: compressão isentrópica
Processo 2-3: calor entra a pressão constante
Processo 3-4: expansão isentrópica
Processo 4-1: calor sai a volume constante
 
Hipóteses: Diagrama Esquemático e Dados Fornecidos
• O ar no conjunto cilindro pistão é o sistema fechado; Figura E9.2, pág. 418 da 8ª ed. de Princípios de Termodinâmica
Para Engenharia de Michael J. Moran e Howard N. Shapiro

• Os processos de compressão e expansão são adiabáticos;


• Todos os processos são internamente reversíveis;
• O ar é modelado como um gás ideal;
• Os efeitos de energia cinética e potencial gravitacional são desprezados.
44
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

Exemplo 9.2 Analisando o Ciclo Diesel – Solução:


(a) a temperatura e a pressão ao final de cada processo do
ciclo
• Vamos começar determinando as propriedades em cada
estado considerado no ciclo Diesel
• O ponto 1, sabe-se que T1 = 300 K e P1 = 0,10 MPa (da
Tabela A-22 podemos observar que u1 = 214,07 kJ/kg,
h1 = 300,19 kJ/kg).

• Também pelo fato de ser um processo isentrópico, o


valor do volume relativo, vr(T1) = 621,2, pr(T1) = 1,386 e a
entropia de gás ideal so(T1) = 1,70203 kJ/kg/K. Diagrama Esquemático e Dados Fornecidos
Figura E9.2, pág. 418 da 8ª ed. de Princípios de Termodinâmica
Para Engenharia de Michael J. Moran e Howard N. Shapiro

45
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

Exemplo 9.2 Analisando o Ciclo Diesel – Solução:


(a) a temperatura e a pressão ao final de cada processo do
ciclo
• Estado 2, a entropia é a mesma que em 1, so(T2) = 1,70203
kJ/kg/K, e é dada a relação de volumes do ponto 1 para o ponto
2 (o volume 2 é 18 vezes menor do que no ponto 1).
• Podemos usar a expressão:

• Com esse valor para vr2 podemos obter T2 por interpolação da


Tabela A22, e obteremos T2 = 898.3 K, e h2 =930,98 kJ/kg.
Diagrama Esquemático e Dados Fornecidos
Figura E9.2, pág. 418 da 8ª ed. de Princípios de Termodinâmica
Para Engenharia de Michael J. Moran e Howard N. Shapiro

46
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

Exemplo 9.2 Analisando o Ciclo Diesel – Solução:


(a) a temperatura e a pressão ao final de cada processo do ciclo
• Agora poderemos obter a Pressão, P2, através da equação de estado para o
gás ideal.

• Essa pressão no ponto 2 poderia ser obtida, de forma alternativa, pelo fato de
ser um processo isentrópico:

• Onde o lado direito acima só é função de T (T1 = 300K e T2 = 898,3 K).

47
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

Exemplo 9.2 Analisando o Ciclo Diesel – Solução:


(a) a temperatura e a pressão ao final de cada processo do
ciclo
• Estado 3. Nesse estado, P3 = P2 = 5,39 MPa. Como é um
gás ideal, podemos escrever:

• Da Tabela A-22, para T3 = 1796,6 K, h3 = 1999,1 kJ/kg e


vr3=3,97. Finalmente, para o processo de 3 a 4, uma
expansão isentrópica:

Diagrama Esquemático e Dados Fornecidos


Figura E9.2, pág. 418 da 8ª ed. de Princípios de Termodinâmica
Para Engenharia de Michael J. Moran e Howard N. Shapiro

48
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

Exemplo 9.2 Analisando o Ciclo Diesel – Solução:


(a) a temperatura e a pressão ao final de cada processo do
ciclo
• Como V4 = V1, a taxa de compressão r = 18, e a razão de
corte, rc = 2, podemos obter:

• Interpolando na Tabela A22 com vr4 = 35,76, u4 = 664,3


kJ/kg, T4 = 887,7 K. a pressão no estado final pode ser
encontrada usando a relação isentrópica:

Diagrama Esquemático e Dados Fornecidos


Figura E9.2, pág. 418 da 8ª ed. de Princípios de Termodinâmica
Para Engenharia de Michael J. Moran e Howard N. Shapiro

49
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

Exemplo 9.2 Analisando o Ciclo Diesel – Solução:


(a) A temperatura e a pressão ao final de cada processo do ciclo:
• Também podemos usar a equação de estado para um gás ideal entre os
estados 4 e 1. Com V4 = V1, a equação de estado de gás ideal permite obter:

• (b) A eficiência térmica é encontrada utilizando-se:

50
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

Exemplo 9.2 Analisando o Ciclo Diesel – Solução:

(c) A pressão média efetiva pode ser escrita em termos de volumes específicos

como: 

• O trabalho líquido do ciclo iguala-se ao calor líquido adicionado

• Obtendo o volume específico no estado 1, através de :

51
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

Exemplo 9.2 Analisando o Ciclo Diesel – Solução:


(c) A pressão média efetiva pode ser escrita em termos de volumes específicos como: 
• Voltando a equação para a pme:

Comentário: A solução aqui desenvolvida fez uso das Tabelas A-22, de ar, as quais
consideram explicitamente a variação dos calores específicos com a temperatura.
• De fato não fizemos uso de cp ou cv, ou de sua relação k = cp/cv, usamos a Tabela A22
para obtermos as propriedades do ar, em função de T.
• Observe que a equação usada para obtermos a eficiência térmica baseada nos calores
específicos constantes, não foi utilizada na determinação da eficiência térmica.
• A solução de ar-padrão frio para este exemplo é deixada como exercício, ao final deste
material.
52
Ciclo de Ar-Padrão Diesel

• Os diagramas pressão-volume de motores de combustão interna reais não são bem


descritos pelos ciclos Otto e Diesel;

• Um ciclo de ar-padrão que pode ser elaborado para melhor aproximar as variações
de pressão é o ciclo de ar-padrão Dual;

• O ciclo Dual nada mais é que uma combinação dos processos de transferência de


calor dos ciclos Otto e Diesel, o que torna a abordagem ligeiramente mais complexa;

• Como no caso dos ciclos Otto e Diesel, as áreas nos diagramas temperatura vs
entropia e pressão vs volume (apresentados no próximo slide) podem ser
interpretadas como calor e trabalho, respectivamente.
53
Ciclo de Ar-Padrão Dual

• Como nos ciclos Otto e Diesel, o Processo 1-2 é uma


compressão isentrópica.
• Entretanto, adição de calor ocorre em dois passos:
• o processo 2 -3 é uma adição de calor a volume
constante;
• O processo 3-4 é uma adição de calor à pressão
constante e também constitui a primeira parte do
curso de potência.
• A expansão isentrópica do estado 4 ao estado 5 é o
restante do ciclo de potência.
• Como nos ciclos Otto e Diesel, o ciclo é completado por
um processo de rejeição de calor a volume constante, o
processo 5 -1. Diagramas p–v e T–s do ciclo de ar-padrão dual
Figura 9.7, pág. 419 da 8ª ed. de Princípios de Termodinâmica
Para Engenharia de Michael J. Moran e Howard N. Shapiro 54
Ciclo de Ar-Padrão Dual

Análise do ciclo:
• Uma vez que o ciclo dual é composto pelos mesmos tipos de
processos que nos ciclos Otto e Diesel, podemos simplesmente
escrever as expressões apropriadas para trabalho e
transferência de calor com base nos desenvolvimentos
anteriores.
• Assim, durante o processo 1-2 de compressão isentrópica não
há transferência de calor e o trabalho é:

𝑊 12
=𝑢2 − 𝑢1
𝑚
Diagramas p–v e T–s do ciclo de ar-padrão dual
Figura 9.7, pág. 419 da 8ª ed. de Princípios de Termodinâmica
Para Engenharia de Michael J. Moran e Howard N. Shapiro 55
Ciclo de Ar-Padrão Dual

Análise do ciclo:
• O processo 2-3, adição de calor a volume constante, é
semelhante ao ciclo Otto. Nesse processo não há trabalho e
a transferência de calor é:

𝑄 23
=𝑢3 −𝑢 2
𝑚
• O processo 3-4, adição de calor a pressão constante, é
semelhante ao ciclo Disel. Nesse processo há trabalho e
transferência de calor:

𝑊 34 𝑄34
=𝑝 ( 𝑣 4 − 𝑣 3 ) , = h 4 − h3 Diagramas p–v e T–s do ciclo de ar-padrão dual
𝑚 𝑚 Figura 9.7, pág. 419 da 8ª ed. de Princípios de Termodinâmica
Para Engenharia de Michael J. Moran e Howard N. Shapiro 56
Ciclo de Ar-Padrão Dual

Análise do ciclo:
• Durante o processo 4-5, expansão isentrópica, não há
transferência alguma de calor e o trabalho é:
𝑊 45
=𝑢 4 −𝑢5
𝑚
• Finalmente, o processo 5-1, de rejeição de calor a volume
constante que completa o ciclo envolve transferência de calor
mas nenhum trabalho:
𝑄51
=𝑢5 −𝑢1
𝑚
Diagramas p–v e T–s do ciclo de ar-padrão dual
Figura 9.7, pág. 419 da 8ª ed. de Princípios de Termodinâmica
Para Engenharia de Michael J. Moran e Howard N. Shapiro 57
Ciclo de Ar-Padrão Dual

• A eficiência térmica e a razão entre o trabalho líquido do ciclo e o calor total


adicionado.
𝑊 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 / 𝑚 𝑄51 / 𝑚 𝑢5 −𝑢1
𝜂= =1 − =1−
𝑄 23 / 𝑚+𝑄3 4 / 𝑚 𝑄23 / 𝑚+𝑄34 / 𝑚 ( 𝑢 3 − 𝑢2 ) + ( h 4 −h 3 )

• O exemplo a seguir fornece uma ilustração da análise de um ciclo de ar-padrão


dual:
• A análise apresenta muitas das características encontradas nos exemplos
do ciclo Otto e do ciclo Diesel considerados anteriormente.

58
Ciclo de Ar-Padrão Dual

Exemplo 9.3 Analisando o ciclo dual


• No início do processo de compressão de um ciclo de ar-padrão dual com uma
taxa de compressão de 18, a temperatura é 300 K e a pressão é de 0,1 MPa. A
relação de compressão para o trecho a volume constante do processo de
aquecimento é 1,5:1. A razão volumétrica para o trecho a pressão constante do
processo de aquecimento é 1,2:1.
• Determine:

(a) a eficiência térmica


(b) a pressão média efetiva em MPa.
59
Ciclo de Ar-Padrão Dual

Exemplo 9.3 Analisando o ciclo dual - Solução


• Dados: ciclo de ar-padrão dual com V1/V2 = 18, T1 = 300 K e P1 = 0,1 MPa, P3/P2 = 1,5 e
V4/V3 = 1,2
Relembrando os processos do ciclo Dual:
Processo 1-2: compressão isentrópica
Processo 2-3: calor entra a volume constante
Processo 3-4: calor entra a pressão constante
Processo 4-5: expansão isentrópica
Processo 5-1: calor sai a volume constante

Diagrama Esquemático e Dados Fornecidos


• Hipóteses: Figura E9.3, pág. 421 da 8ª ed. de Princípios
de Termodinâmica Para Engenharia de
1. O ar no conjunto cilindro-pistão é um sistema fechado; Michael J. Moran e Howard N. Shapiro

2. Os processos de compressão e expansão são adiabáticos;


3. Todos os processos são internamente reversíveis;
4. O ar é modelado como gás ideal;
5. Os efeitos de energia cinética e potencial são desprezados.
60
Ciclo de Ar-Padrão Dual

Exemplo 9.3 Analisando o ciclo dual - Solução


(a) a eficiência térmica
• Começamos por obter os valores das propriedades do ar, nos 5 estados representados na
Figura E9.3 do slide anterior.
• O Ponto 1 é o mesmo estado termodinâmico do ponto 1 do exemplo anterior (ciclo Diesel)

• Sabe-se que T1 = 300 K e P1 = 0,10 MPa (da Tabela A-22 podemos observar que u 1 =

214,07 kJ/kg, h1 = 300,19 kJ/kg).

• Do estado 2 para o 3 há uma continuação da compressão a volume constante (V 2=V3),


como estamos modelando o gás como o ar, usaremos a equação de estado para o gás
ideal.
61
Ciclo de Ar-Padrão Dual

Exemplo 9.3 Analisando o ciclo dual - Solução:


(a) a eficiência térmica

• Estado 2, a entropia é a mesma que em 1, so(T2)=1,70203

kJ/kg/K, e é dada V1/V2 = 18.

• Podemos usar a expressão:

• Com esse valor para vr2 podemos obter T2 por interpolação

da Tabela A22, e obteremos T2=898.3 K, h2=930,98 kJ/kg e Diagrama Esquemático e Dados


Fornecidos
Figura E9.3, pág. 421 da 8ª ed. de
Princípios de Termodinâmica Para
u2=673,2 kJ/kg. Engenharia de Michael J. Moran e
Howard N. Shapiro 62
Ciclo de Ar-Padrão Dual

Exemplo 9.3 Analisando o ciclo dual - Solução:


(a) a eficiência térmica
• Do estado 2 para o 3 há uma continuação da compressão a volume
constante (V2=V3), como estamos modelando o gás como o ar, usaremos
a equação de estado para o gás ideal.

• Como a relação de compressão de 2-3 é P3/P2=1,5, entre esses estados


podemos obter a temperatura no ponto 3 por:
𝑃3 𝑉 3 𝑃2𝑉 2 𝑃3 𝑇2
= → 𝑇 3= =( 1,5 ) 898,3=1347,5 𝐾
𝑇3 𝑇2 𝑃2
Diagrama Esquemático e Dados
• Com esse valor de T3, interpolando na Tabela-A22, obtemos h3=1452,6 Fornecidos
Figura E9.3, pág. 421 da 8ª ed. de
Princípios de Termodinâmica Para
kJ/kg e u3=1065,8 kJ/kg. Engenharia de Michael J. Moran e
Howard N. Shapiro 63
Ciclo de Ar-Padrão Dual

Exemplo 9.3 Analisando o ciclo dual - Solução:


(a) a eficiência térmica
• O processo de 3 para 4 acontece a P=cte, e novamente
usamos a equação de estado de gás ideal para obtermos T4:
𝑃 4 𝑉 4 𝑃3𝑉 3 𝑉 4 𝑇3
= → 𝑇 4= = (1,2 ) 1347,5=1617 𝐾
𝑇4 𝑇3 𝑉3

• Da Tabela-A22, por interpolação, h4=1778,3 kJ/kg e

vr4=5,609. Diagrama Esquemático e Dados


Fornecidos
Figura E9.3, pág. 421 da 8ª ed. de
Princípios de Termodinâmica Para
Engenharia de Michael J. Moran e
Howard N. Shapiro 64
Ciclo de Ar-Padrão Dual

Exemplo 9.3 Analisando o ciclo dual - Solução:


(a) a eficiência térmica
• Como de 4 para 5 acontece uma expansão isentrópica podemos
usar a realçaõ dos volumes relativos entre esses dois estados:
𝑉5
𝑣 𝑟 5 =𝑣 𝑟 4
𝑉4
• A razão V5/V4, requerida pela equação acima pode ser obtida por
uma manipulação algébrica:

, como e 15

• Assim, vr5 pode ser, agora, obtido:

𝑣 𝑟 5 =( 5,609 ) 15=84,135 Diagrama Esquemático e Dados


Fornecidos
Figura E9.3, pág. 421 da 8ª ed. de
• Após interpolação, na Tabela A-22, obtemos, u5 = 475,96 kJ/kg. Princípios de Termodinâmica Para
Engenharia de Michael J. Moran e
Howard N. Shapiro 65
Ciclo de Ar-Padrão Dual

Exemplo 9.3 Analisando o ciclo dual - Solução:


(a) a eficiência térmica
• A eficiência térmica será calculada por:
𝑊 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 / 𝑚 𝑄51 / 𝑚 𝑢5 −𝑢1
𝜂= =1 − =1−
𝑄 23 / 𝑚+𝑄3 4 / 𝑚 𝑄23 / 𝑚+𝑄34 / 𝑚 ( 𝑢 3 − 𝑢2 ) + ( h 4 −h 3 )
475,96 −214,07
𝜂 =1− =0,635=63,5 %
( 1065,8 − 673,2 )+ (1778,3 − 1452,6 )

(b) a pressão média efetiva é dada por:

𝑊 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 /𝑚 𝑊 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 / 𝑚 Diagrama Esquemático e Dados


𝑝𝑚𝑒= = Fornecidos
𝑣 1 −𝑣 2 𝑣 1 ( 1 −1/ 𝑟 ) Figura E9.3, pág. 421 da 8ª ed. de
Princípios de Termodinâmica Para
Engenharia de Michael J. Moran e
Howard N. Shapiro 66
Ciclo de Ar-Padrão Dual

Exemplo 9.3 Analisando o ciclo dual - Solução:


(b) a pressão média efetiva é dada por:
• Podemos explicitar o trabalho líquido do ciclo Dual, igualando-o ao calor líquido
adicionado, assim
( 𝑢 3 − 𝑢 2 ) + ( h 4 − h3 ) − ( 𝑢 5 − 𝑢1 )
𝑝𝑚𝑒=
𝑣 1 ( 1 −1/ 𝑟 )

• O valor do volume específico no estado 1 é o mesmo do exemplo de antes, para o


ciclo Diesel, v1 = 0,861 m³/kg. Voltando à equação acima para a pressão média
efetiva,

𝑝𝑚𝑒=
[ ( 1065,8 −673,2 )+ ( 1778,3 −1452,6 ) − ( 475 , 96 −214,07 ) ] ( )
𝑘𝐽 103 𝑁 ∙ 𝑚 1 𝑀𝑃𝑎
𝑘𝑔 1 𝑘𝐽 6
10 𝑁 /𝑚
2
=0,56 𝑀𝑃𝑎
3
0,861 ( 1− 1/ 18 ) 𝑚 / 𝑘𝑔

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