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OFICINAS EM DINÂMICA DE

GRUPO: UM MÉTODO DE
INTERVENÇÃO
PSICOSSOCIAL
Profa.: Mariana Viegas
O que é uma Oficina?

• Oficina é um trabalho estruturado com grupos,


independentemente do número de encontros,
sendo focalizado em torno de uma questão
central que o grupo se propõe a elaborar, em
um contexto social. A elaboração que se busca
na Oficina não se restringe a uma reflexão
racional mas envolve os sujeitos de maneira
integral, formas de pensar, sentir e agir. 
A Oficina pode ser útil nas áreas de saúde, educação e
ações comunitárias. 

Ela usa informação e reflexão, mas se distingue de um


projeto apenas pedagógico, porque trabalha também
com os significados afetivos e as vivências
relacionadas com o tema a ser discutido. 

Também se diferencia de um grupo de terapia, uma vez


que se limita a um foco e não pretende a análise
psíquica profunda de seus participantes, embora
deslanche um processo de elaboração da experiência
que envolve emoções e revivências.
Origens teóricas
• Pesquisa-ação de Kurt Lewin;
• Pichon-Rivière e os grupos operativos
Construindo a Oficina

A OFICINA DEVE SER UM A ACEITAÇÃO E APROPRIAÇÃO


TRABALHO ACEITO PELO GRUPO, DA OFICINA PELO GRUPO É
NUNCA IMPOSTO. FUNDAMENTAL.  

4 MOMENTOS DE PREPARAÇÃO
DA OFICINA: DEMANDA, PRÉ-
ANÁLISE; FOCO E ENQUADRE E
PLANEJAMENTO FLEXÍVEL.
Demanda Primeira encomenda ao profissional, para em seguida, ir
definindo, com maior ou menor dificuldade, outras demandas
implícitas ou inconscientes.

Ainda que a demanda do grupo se diferencie da proposta inicial,


ao longo do processo, é preciso rever a sua vinculação com a
proposta original e tentar definir o que continua justificando o
trabalho.

A Oficina precisa estar ligada a uma demanda de um grupo. 


A demanda nem sempre aparece como pedido explícito
de realização de um grupo, até porque nem sempre as
possibilidades de trabalho são conhecidas dos usuários.
Assim, o profissional se vê diante de uma análise de
"necessidades" da população.

Demanda O profissional precisa ter, dessa "necessidade",


uma escuta articulada ao contexto sociocultural, para
poder nomeá-la como "demanda", a partir de um
diálogo com o grupo atendido, na medida que procura
construir, com esse grupo, uma proposta de Oficina. 

A Oficina pode ser proposta pelo profissional a


partir de uma "escuta" e interpretação da demanda do
grupo social. 
Pré-análise

• A pré-análise inclui um levantamento de dados e aspectos


importantes dessa questão, que poderão ser relevantes para o
trabalho na Oficina. 
• O coordenador deve inteirar-se da problemática a ser discutida,
refletir, estudar, coletar dados e informações.
• Análise psicossocial da problemática enfocada, que oriente
na escolha dos subtemas e focos de discussão. 
• Essa reflexão visa qualificar o coordenador para o seu encontro
com o grupo e desenvolvimento do trabalho. 
• Levantamento de temas geradores
Foco e Enquadre

• Tema geral da Oficina é o foco em torno do qual o


trabalho será deslanchado. 
• É essencial que os temas-geradores tenham relação com
o cotidiano do grupo e que não sejam apresentados de
forma intelectualizada, em uma linguagem estranha ao
grupo. 
• Os temas geradores mobilizam o grupo porque se
relacionam à sua experiência, tocam no conflitos e nas
possibilidades, aguçam o desejo de participação e troca. 
Foco e Enquadre

• O enquadre diz respeito ao número e tipo de


participantes, o contexto institucional, o local, os
recursos disponíveis, o número de encontros. 
• Toda a estrutura para o trabalho.
• O enquadre deve ser pensado em termos de facilitar a
expressão livre dos participantes, a troca de
experiências, a relação com o coordenador, a
privacidade dos encontros e o espaço e tempo para levar
a reflexão sobre o tema. 
A OFICINA PRETENDE REALIZAR UM COMO INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL, A
TRABALHO DE ELABORAÇÃO SOBRE A OFICINA TEM UMA DIMENSÃO OU
INTERRELAÇÃO ENTRE A CULTURA E POTENCIALIDADE TERAPÊUTICA,
SUBJETIVIDADE. NA MEDIDA EM QUE FACILITA O
INSIGHT E A ELABORAÇÃO SOBRE
QUESTÕES SUBJETIVAS, INTERPESSOAIS E
SOCIAIS. 
• A particularidade da Oficina é que ela realizada em um contexto
sócio-institucional com enquadre definido e provavelmente um
prazo de realização. 
• Na Oficina, a circunscrição de tempo e a definição de foco
evitam excessiva mobilização afetiva e fortalecem a relação
com o coordenador. A temática escolhida focaliza para o grupo
aqueles conflitos e investimentos afetivos associados a temática.
• O trabalho do coordenador deve ser sensível a essa dinâmica
mas restrito quanto à interpretação, para não levantar conflitos
de forma indiscriminada. 
Planejamento Flexível

• Se e como planejar cada encontro.


• O planejamento global nos dá a possibilidade de uma
visão inteira do trabalho mas carrega maior risco de
rigidez enquanto que o planejamento passo a passo pode
ser mais flexível, mas gerar uma visão fragmentada. 
• O planejamento de cada encontro resulta do
desdobramento do foco ou tema geral e está relacionado
à discussão dos temas-geradores. Trata-se de um
planejamento flexível.
Cada encontro seja estruturado
em pelo menos 3
momentos básicos: 

• Momento inicial que prepara o grupo para o


trabalho do dia;
• Momento intermediário em que o grupo se
envolve em atividades variadas que facilitem a
sua reflexão e elaboração do tema trabalhado. 
• Momento de sistematização e avaliação do
trabalho do dia. 
Facilitar para o grupo a
realização de sua tarefa Terá papel ativo, mas não
Papel do interna; para que o grupo
possa realizar seus
intrusivo; pode propor, mas
não impor.

Coordenador
objetivos externos;

O coordenador atua como
Acolhimento e incentivo
incentivador. Ajuda a
ao grupo para que se
sistematizar conteúdos e
constitua como grupo,
processos emergentes para
buscando sua identidade.
refleti-los com o grupo. 
Papel do coordenador

• A oficina tem dimensão ou


potencialidade pedagógica (processo de
aprendizagem) e uma dimensão ou
potencialidade terapêutica (processo de
elaboração, insights e reflexão).
Fases do Processo Grupal

Surgimento de diferenças e
Formação de sentimento e
Três momentos básicos: construção de condições de Fim de grupo.
identidade do grupo;
produtividade do grupo;
Formação de
sentimento e
identidade do grupo
Deixar de ser um agrupamento e
Processos de afiliação e construir sua rede de
pertencimento; identificações e definir melhor
seus objetivos.

Forte transferência para a figura


do coordenador, do qual o grupo
espera instruções ->
Processos de identificação
coordenador volta para o
dentro do grupo.
grupo a responsabilidade pelo
seu processo, se colocando à
disposição para facilitá-lo.
Aparecimento das diferenças

As diferenças aparecem porque o que A realização da tarefa exige que os


leva cada um a querer pertencer ao grupo participantes se impliquem em atividades
é não apenas o desejo de pertença, mas e decisões, evidenciando seus pontos de
também o desejo de reconhecimento. vista. 

As experiências e reflexões de cada um


servem à experiência e reflexão dos O aparecimento da diferença também
outros. A riqueza da interação começa a provoca defesas e angústias.
emergir.
Final de Grupo
Fim do grupo coincide com esse cronograma e
não com um processo interno de finalização. 

Pode estar associado com sentimentos de


satisfação ou insatisfação com a produtividade
em torno da tarefa.

É importante o grupo ter uma noção de


quantos encontros, para deixar aflorar e
trabalhar os sentimentos evocados. 
Comentários Finais

Quando falamos em intervenção


psicossocial, quando interligamos processos
psicossociais e subjetivos, estamos
colocando em pauta a questão da mudança
Oficina é um processo de construção, que se
em esferas microssociais. Assim, a
faz coletivamente.
coordenação do grupo assume um papel de
agente cultural, como alguém que mobiliza e
facilita os processos participativos na
mudança. 

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