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Projeto de Intervenção | 3º ano

Nós e as
redes de trabalho
Material de apoio para professores
Este  guia  contém  orientações  para  você  mediar  a  realização  do  projeto  Nós  e  as  Redes  de 
Trabalho  com  os  alunos  do  3º  ano,  nos  tempos  dos  Projetos  de  Intervenção  e  Pesquisa.  É 
essencial, para essa mediação, que você tome conhecimento das atividades propostas no Guia 
de  Projetos  endereçado  aos  jovens,  preparando‐se  para  apoiá‐los  nos  diversos  aspectos  da 
experiência,  cujo  objetivo  maior  é  torná‐los  protagonistas  em  relação  às  suas  escolhas  e 
vivências no mundo do trabalho.  

As  atividades  do  projeto  convidam  cada  estudante  a  abraçar  a  educação  como  uma  causa, 
aprendendo a ver, a pensar, a sentir, a decidir e a agir. Trata‐se de buscar que uma nova visão 
se inaugure: em vez de parte do problema, o jovem é parte da solução. 

Essa  forma  positiva  de  encarar  a  juventude  implica  revelar  seu  sentido  luminoso  ao  próprio 
jovem e aos educadores que, como você, contribuem para o seu desenvolvimento: o potencial 
de  uma  nova  geração  para  dar  continuidade  às  transformações  do  mundo  que  nos  cerca, 
participando e interferindo ativamente.  

A forma como os jovens se veem, professor, está fortemente relacionada à maneira como são 
vistos  pelos  adultos  que  os  rodeiam.  Por  isso,  é  muito  importante  que  você  reflita 
cuidadosamente sobre o seguinte: 

 
 
  Ver seus estudantes a partir de seus potenciais, daquilo que são, do que sabem, 
VER 

  querem...  Todos  nascemos  com  potencial  e  são  justamente  as  oportunidades 


educativas  que  propiciam  seu  desenvolvimento.  Por  isso,  você  é  convidado  a 
 
assumir um papel para além do ensino: exercite a sua presença pedagógica, a sua 
  capacidade de enxergar o jovem que está no seu aluno.
 
 
 
  Quais são os interesses, paixões, sonhos, alegrias, medos, inseguranças e desejos 
de  seus  estudantes?  Reconhecer  quem  são  eles  é  um  passo  essencial  para 
 
SENTIR

aproximá‐los de você e da aprendizagem. Tem muito adulto, e até alguns jovens, 
  vendo a juventude como um problema: dizem que é “alienada”, “irresponsável”, 
  “desinteressada”,  “individualista”,  que  os  jovens  não  gostam  de  ler...  Pensar 
assim  é  fechar  os  olhos  para  o  que  realmente  acontece  com  os  jovens  e  perder 
 
muitas oportunidades de aprender com eles! 
 
 
 


 
 
  Faça o exercício de voltar no tempo: como você era quando jovem? Que sonhos 
  PENSAR  tinha,  quais  eram  as  suas  expectativas?  O  jovem,  hoje,  também  tem  muitas 
  expectativas em relação ao seu futuro, afinal, ele está em um momento de busca 
de sua identidade e de seu projeto de vida.  Viver, conviver, estudar e trabalhar 
 
no  século  21  –  um  novo  tempo  muito  diferente  do  século  que  passou  –  é  o 
  desafio de nossos jovens. 
 
 
 
  Ver  o  jovem  como  solução,  confiar  no  potencial  da  juventude  e  dar  a  sua 

DECIDIR
  contribuição para que os estudantes aprendam, desenvolvam competências e se 
preparem  para  se  inserir  no  mundo  do  trabalho  é,  professor,  a  sua  grande 
 
decisão. Você tem o poder de influir  de maneira construtiva na aprendizagem e 
  no convívio dos jovens de sua escola!
 
 
 
 
E  o  que  fazer  para  começar?  Convidar  os  jovens  a  fazerem  a  grande  virada  e 
AGIR 

  serem seus parceiros e interlocutores para construírem a educação necessária ao 
  século 21, uma educação em que professores e estudantes são parte da solução. 
Isso é mobilizar! Mover mentes e corações em favor da educação da juventude! 
 
 
 
A  seguir,  você  encontrará  subsídios  para  compreender  aspectos  centrais  do  trabalho  a  ser 
iniciado  com  os  jovens.  Leia  atentamente,  reflita  sobre  suas  experiências  nesse  campo, 
desafie‐se em relação ao que percebe que ainda precisa avançar!  

 

 
 

Reflexão: Jovens, participação, projetos, aprendizagens!   

Começaremos  com  uma  reflexão  sobre  o  tipo  de  participação  dos  estudantes  na  escola  que 
este projeto propõe. Estamos tratando do Protagonismo Juvenil. 

 
O Protagonismo Juvenil coloca os jovens no centro do processo formativo. Eles passam a ser 
vistos não mais como parte dos problemas da escola, mas como parte das soluções. Agem para 
aprender  mais,  para  ampliar  a  autonomia  e  para  transformar  positivamente  o  contexto  em 
que vivem. 
 
Essa  perspectiva  da  participação  dos  jovens  na  escola  reconhece  que  todo  jovem  tem 
potencial  para  aprender.  Ou  seja,  os  estudantes  têm  condições  para  se  desenvolver,  desde 
que seja assegurado o seu direito a uma educação de qualidade.  
 
O protagonismo percebe os jovens como sujeitos sociais, ou seja, eles fazem parte de famílias, 
bairros, comunidades; são membros de grupos culturais, políticos, religiosos e sociais; gostam 
de  namorar,  passear,  ler,  expressar‐se  artisticamente.  Uns  são  bastante  ativos,  outros  mais 
pacatos.  Ou  seja,  são  pessoas,  com  trajetórias  de  vida  e  interesses  diferentes,  não  são  uma 
“massa”, como muitos professores acabam os definindo.  
 
Por  falar  em  diferença,  o  Protagonismo  Juvenil  valoriza  a  diversidade  entre  os  jovens, 
possibilitando que eles aprendam a lidar de maneira respeitosa com as diferenças que fazem 
parte  da  escola.  São  diferenças  de  ideias,  conhecimentos,  pontos  de  vista,  experiências, 
valores, composições familiares, orientação sexual, raça, gênero, credo religioso, dentre tantas 
outras. Lidar com toda essa diversidade é uma aprendizagem e tanto. 
 
E, muito importante, o protagonismo possibilita que os interesses  e  anseios  juvenis  tenham 
espaço no ambiente escolar. O mundo da escola precisa ser povoado pelo universo dos jovens, 
não dá mais para ser apenas espaço para “trabalhar conteúdo” de disciplinas.  
 
Mas,  como  dissemos,  para  que  seja  Protagonismo  Juvenil  de  verdade,  é  essencial  que  a 
participação  dos  jovens  tenha  espaço  no  currículo,  seja  estruturada  com  método  que  gera 


 
aprendizagens significativas e tenha os professores e gestores como parceiros na mediação da 
participação dos estudantes. 
 
 
Como  podemos  estruturar  a  participação  dos  jovens,  na  escola,  na  perspectiva  do 
Protagonismo Juvenil?  
Existem  diversas  possibilidades,  é  claro.  Há  várias  maneiras,  por  exemplo,  de  promover  esse 
tipo  de  participação  nas  aulas  das  disciplinas  escolares.  Mas,  no  contexto  do  núcleo 
articulador,  o  meio  que  adotamos  para  concretizar  a  participação  dos  estudantes  são  os 
projetos.  
 
O que os jovens do século 21 aprendem ao desenvolver projetos?  
Bem, no contexto escolar, um projeto nada mais é que uma situação de aprendizagem ou, nas 
palavras  do  professor  Antonio  Carlos  Gomes  da  Costa,  um  “acontecimento  estruturante  que 
exerce  influência  construtiva  sobre  as  maneiras  de  ver,  entender,  sentir,  decidir  e  agir  dos 
educandos”.  Dito  de  outra  forma,  o  percurso  de  desenvolvimento  de  um  projeto  possibilita 
que os jovens exercitem um tipo de participação que parte de seus interesses e de um olhar 
sobre  o  bem  comum,  gera  transformações  positivas  no  seu  contexto  e  permite 
aprendizagens significativas.  
 
Mas  todo  projeto  tem  uma  estrutura,  adota  um  método.  No  nosso  caso,  os  projetos  são 
desenvolvidos num percurso estruturado, composto de seis etapas. Quais são elas? 
 
‐ Mobilização. 

‐ Iniciativa. 

‐ Planejamento. 

‐ Execução 

‐ Avaliação. 

‐ Apropriação de resultados. 

 
Cada  uma  dessas  etapas  aponta  um  desafio  aos  estudantes:  desenvolver  competências  e 
habilidades, aprender e ampliar conhecimentos. São o que chamamos de atitudes estratégicas, 

 
que os jovens têm a oportunidade de desenvolver ao longo do percurso do projeto. Quais são 
elas? 
 
‐  Na  etapa  de  Mobilização,  o  que  se  deseja  é  que  os  jovens  descubram  suas 
motivações para aprender e  agir em seu contexto. É o momento do projeto em que 
eles são chamados a identificar suas forças e aspirações, a ganhar consciência do que 
já sabem e fizeram, a trazer à tona seus interesses e pontos de vista e a envolver‐se 
proativamente com as questões da escola e do entorno.  
 
‐ Na etapa de Iniciativa, o desafio é que os jovens consigam configurar um problema 
como algo que lhes diz respeito e que precisa de sua participação para ser solucionado. 
Para isso, terão a oportunidade de dizer  o  que  pensam, aprofundar  conhecimentos, 
argumentar,  negociar,  estabelecer  interesses  comuns  e  tomar  decisões  conjuntas 
sobre o que irão fazer no projeto. Tudo isso de maneira colaborativa e com a mediação 
do professor. 
 
‐ Na etapa de Planejamento, espera‐se algo muitas vezes difícil para os jovens: pensar 
antes  de  agir, controlando‐se diante da impulsividade ou do imediatismo em relação 
ao  projeto.  Os  estudantes  veem‐se  diante  da  necessidade  de  antecipar  problemas, 
organizar  logicamente  as  tarefas,  pensar  sobre  o  que  sabem  ou  não  a  respeito  da 
situação,  acessar  conhecimentos  e  projetar‐se  no  futuro,  para  que  seus  planos  se 
concretizem. 
 
‐ Na etapa  de  Execução, está em jogo a concretização  dos  planos. É o momento em 
que  os  jovens  passam  pelo  crivo  da  experiência,  determinam‐se  diante  de  um 
objetivo,  enfrentam  obstáculos,  lidam  com  frustrações,  crescem  com  as 
adversidades, arriscam‐se, acertam, erram e aprendem com tudo isso.  
 
‐  Na  etapa  de  Avaliação,  que  acontece  simultaneamente  à  de  Execução,  os  jovens 
avaliam  e  atribuem  sentido  às  experiências,  aprendendo  com  acertos  e  erros, 
identificando novos desafios, verificando resultados, refletindo sobre a participação 
de cada um e reorganizando as ações seguintes. 
 
‐  Na  etapa  de  Apropriação  de  resultados,  por  fim,  os  jovens  têm  a  chance  de  se 
reconhecer  no  trabalho  realizado,  consolidar  aprendizados  e  atitudes  e, 


 
principalmente,  fazer  generalizações,  identificando  como  esses  aprendizados  podem 
lhes ser úteis em outras dimensões da vida.  
 
O que é preciso para que os jovens desenvolvam essas atitudes estratégicas? 
São necessárias, basicamente, duas coisas. A primeira é que a aprendizagem seja colaborativa 
e a segunda, que os professores atuem com presença pedagógica.  
 
Explicando melhor: 
 
‐ A aprendizagem colaborativa se concretiza na atuação dos jovens em times. Assim, 
eles  podem  enfrentar  desafios  mais  complexos  e  desenvolver  competências 
importantes,  como  o  pensamento  crítico,  a  problematização,  a  colaboração,  a 
comunicação.  Juntos,  eles  aprendem  a  aprender,  conviver  e  produzir  de  forma 
colaborativa.  
 
Ou seja, nos times, cada jovem é: 
 
‐ responsável pela própria aprendizagem e a dos colegas; 
 
‐ comprometido com a solução de seus próprios problemas de aprendizagem; 
 
‐ desafiado  à  participação,  falando,  ouvindo,  estudando,  compartilhando 
conhecimentos; 
 
‐ chamado a agir com iniciativa, a planejar e a persistir diante dos obstáculos; 
 
‐ convocado  a  lidar  com  problemas  de  convívio,  disciplina,  colaboração  e 
organização;  
 
‐ solicitado ao exercício da liderança, em rodízio. 
 
 
‐  A  presença  pedagógica  é  o  modo  como  se  dá  a  colaboração  do  professor  com  os 
estudantes.  O  professor  deve  estar  sempre  atento  a  uma  dupla  transformação  que 
precisa ocorrer no jovem em sua atuação:  
 

 
‐ uma  externa,  relacionada  à  situação‐problema  que  ele  pretende  enfrentar: 
realizar a pesquisa ou a intervenção; e  
 
‐ outra  interna,  da  relação  do  jovem  consigo  mesmo,  com  os  outros  e  com  a 
aprendizagem na escola e na vida.  
 
O  trabalho  do  professor,  portanto,  envolve  corpo,  mente,  sentimento  e  ação, 
convocando o educando em sua inteireza e complexidade. 
 
Ou seja, é papel do professor: 
 
‐  escutar  os  jovens,  instigá‐los,  detectar  e  objetivar  seus  interesses,  colaborar  na 
definição do “problema a ser enfrentado”, seja ele relacionado a uma pesquisa ou 
a uma intervenção; 
 
‐ contribuir com os jovens no mapeamento e ampliação de seus saberes acerca de 
um problema; 
 
‐  promover  relações  entre  as  atividades  do  projeto  e  os  conhecimentos 
trabalhados nas outras ações da escola; 
 
‐  apoiar  a  formação,  organização  e  dinâmica  dos  times,  inclusive  orientando  a 
construção de regras de convivência e pautas de trabalho; 
 
‐ colaborar com a avaliação, em sua estrutura e procedimentos, bem como com a 
apropriação dos resultados pelos estudantes; e 
 
‐ espelhar os conhecimentos, competências, habilidades, valores e atitudes que os 
jovens estão aprendendo e desenvolvendo. 
 
 
Em síntese, por meio do desenvolvimento de projetos, os jovens do século 21 aprendem: 
 
‐ a ser corresponsáveis pela própria aprendizagem e pela escola; 
 
‐ a acessar, produzir e compartilhar conhecimentos; 

 
 
‐ a aprender fazendo; e 
 
‐ a  desenvolver  atitudes  estratégicas  (conhecer  suas  motivações,  forças,  interesses  e 
aspirações;  aprender  a  configurar  um  problema;  (re)construir  conhecimentos  e 
transformar  a  realidade;  organizar  as  tarefas  e  projetar‐se  no  futuro;  avaliar  as 
vivências, intervindo nelas; e generalizar aprendizados). 
 
Para  finalizar,  é  importante  salientar  que  a  vivência  de  um  projeto  possibilita  que  os  jovens 
desenvolvam competências cognitivas e socioemocionais essenciais para quem vive, convive, 
aprende  e  trabalha  na  contemporaneidade,  tais  como:  pensamento  crítico,  resolução  de 
problemas, colaboração, comunicação, criatividade, responsabilidade, abertura para o novo e 
autoconhecimento. 
 

   


 
 

 
Reflexão: Metodologias integradoras
 

Como  dissemos,  a  participação  dos  estudantes  no  projeto  se  dará  por  meio  da  vivência  das  seis 
etapas: mobilização, iniciativa, planejamento, execução, avaliação e apropriação de resultados. 
 
Em termos metodológicos, o percurso dessas etapas privilegia, em especial: 
 
 
   a presença pedagógica do professor, que propicia o cuidado nas relações interpessoais 
e o desenvolvimento dos alunos em suas capacidades de escolher, descobrir e abordar 
  a vida a partir de suas próprias perspectivas e pontos de vista; 
   a aprendizagem colaborativa que possibilita o enfrentamento de problemas de maior 
  complexidade por meio da atuação dos alunos em times; 
  
   os projetos  como meio de intervenção na escola e como cenário em que se aprende 
conhecimentos  e  se  desenvolvem  as  competências  cognitivas  e  socioemocionais  do 
  aluno e a formação efetiva do protagonismo juvenil; 
 
  
 
1. Presença pedagógica  
Aprender na relação com o professor 
 
A visão que se tem da juventude é decisiva para que os professores definam suas práticas de 
ensino  e  o  que  esperam  da  aprendizagem  dos  alunos,  pois  revela  quem  é  o  aluno  que 
queremos formar. Ver a juventude como solução e não como problema, portanto, é o princípio 
básico para a formação de estudantes protagonistas. 
 
O  primeiro  passo  para  aproximar  os  jovens  alunos  da  aprendizagem  de  uma  forma 
participativa  e  colaborativa,  gerando  um  bom  clima  relacional  em  sala  de  aula,  é  dado  pelo 
professor. É ele quem traduz aos jovens essa nova visão de juventude como solução, por meio 
de um método bastante simples e eficaz: a presença pedagógica. Ela se traduz pelo exercício 
constante  de  estabelecer  uma  relação  de  abertura,  reciprocidade  e  compromisso  com  o 
desenvolvimento dos alunos. Como? 
 
Primeiro,  aprendendo  a  conhecer,  valorizar  e  acolher  os  interesses,  os  pontos  de  vista  e  as 
culturas juvenis. E, ao mesmo tempo, mostrando aos alunos – todos eles, sem exceção – um 
interesse verdadeiro pela aprendizagem de cada um: por exemplo, chamando‐os pelos nomes, 
10 
 
referindo‐se a cada um deles com respeito, evidenciando suas qualidades e acertos antes de 
suas dificuldades e erros, estimulando incansavelmente que exponham seus pontos de vista, 
ouvindo‐os  sempre  com  atenção,  ressaltando  potenciais  e  não  carências,  estimulando‐os  a 
ampliar  seus  conhecimentos,  a  confiar  em  suas  capacidades,  a  persistir  e  a  superar  seus 
aparentes limites. 
 
Dedicar‐se ao exercício da presença pedagógica significa demonstrar aos alunos que você está 
junto deles para ensiná‐los a como aprender, relacionar‐se com o outro, organizar‐se para uma 
tarefa, negociar posições, lidar com conflitos, trabalhar de maneira colaborativa, ver‐se, enfim, 
como fonte de soluções para os problemas.  
A  presença  pedagógica,  professor,  é  uma  forma  de  educação  para  valores,  baseada  no 
exemplo e na vivência concreta de situações de aprendizagem.  
 
 
Por que trabalhar com a presença pedagógica?
Qual o impacto da presença pedagógica para os estudantes e escola? 
 

  E a escola só ganha com isso.

Os jovens fortalecem a autoconfiança para
aprender e desenvolvem habilidades É CONVIVER
O clima escolar se torna mais
cognitivas e não cognitivas importantes BEM PARA
  colaborativo e produtivo com as
para suas formações. APRENDER
relações professor‐estudante.
BEM! 
   

  O clima de aprendizagem é potencializado: o


Além disso, tornam‐se parceiros do professor ganha ferramentas para conduzir a gestão
professor, colaborando com a gestão do time. A mobilização e o bom convívio são a porta
  das atividades! de entrada para que a aprendizagem aconteça!

 
 
 
 
 
 
 

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2. Aprendizagem colaborativa  
Aprender na relação com os pares 
 
Um  bom  clima  relacional  no  desenvolvimento  dos  projetos  é  favorecido  também  pela 
organização dos alunos na realização da atividade. Significa agrupá‐los para que atuem como 
times de trabalho, a partir de interesses comuns. Assim, os times somam forças para alcançar 
objetivos, exercitando a capacidade de aprender com os colegas e de responsabilizar‐se pelo 
aprendizado  de  todos.  “Não  deixar  ninguém  para  trás”  é  a  regra  nessa  prática  de 
aprendizagem colaborativa. 
 
O apoio mútuo entre pares e times de trabalho é um aspecto estrutural da aprendizagem, por 
ser  básico  para  o  desenvolvimento  de  competências  como  a  colaboração,  a  liderança,  o 
trabalho em equipe e a gestão de processos. Por isso, é importante que as atividades tenham 
complexidade suficiente para demandar o envolvimento de mais de um jovem na construção 
dos saberes. 
 
Nos times, todos reúnem esforços e forças para realizar uma dupla aprendizagem: aprender a 
aprender  e,  também,  a  conviver  e  produzir  de  forma  colaborativa.  Os  alunos  são  avaliados 
pelo  seu  desempenho  individual  e  pelos  resultados  conquistados  pelo  time.  As  atividades  se 
dão  por  concluídas  somente  quando  todos  alcançam  o  aprendizado  esperado  –  tudo  bem 
diferente da prática tradicional de realização de tarefas em grupo. Afinal, o trabalho de grupo, 
muitas  vezes,  é  compreendido  como  uma  divisão  de  tarefas  acerca  de  algo  a  ser  produzido, 
sem  que  haja  corresponsabilidade  pela  produção,  pela  resolução  de  conflitos  e  pelo 
aprendizado.  

 
A  formação  de  um  time  pressupõe  o  reconhecimento  do  outro,  de  suas  diferenças,  de  seus 
interesses,  de  suas  habilidades  e  desafios,  unindo  forças  para  a  realização  de  uma  tarefa  ou 
projeto comum de média ou longa duração. Todos são coautores do conhecimento construído 
ou  de  um  projeto  e  corresponsáveis  pela  realização  do  que  eles  mesmos  decidiram 
empreender.  
 
Perceba no esquema que se segue o que se espera do trabalho em times. 
 
 
 
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DE: PARA: 
 
   
 
O estudante preocupa‐se  Cada estudante se preocupa com o próprio 
  consigo mesmo.    rendimento, com o do colega e com o do time. 

     
 
Um líder chefia o trabalho   A liderança é compartilhada, todos os 
dos demais.  estudantes se responsabilizam por ela. 

  A responsabilidade pelo trabalho 
Um estudante costuma fazer a tarefa pelo  é conjunta, todos  
outro ou para os demais.  têm de cumprir a tarefa. 

 
O professor acompanha o trabalho:  
O professor não se envolve no trabalho do 
grupo ou estabelece uma relação de  circula pelos times, detecta e orienta desvios 
dependência, dando respostas prontas e  de rumo, estimula e provoca a busca de 
resolvendo os problemas por ele.  solução antes de ouvirem sua opinião. 

   
  As competências relacionais – liderança, 
As questões relacionais e produtivas não são  comunicação, confiança, colaboração – são  
trabalhadas pelos estudantes.  alvo do trabalho do time. 

   

Tenta‐se chegar ao resultado de aprendizagem  O resultado de aprendizagem é conquistado 
independentemente do clima de interação  contando com a interação positiva entre os 
entre os componentes.  membros do time. 

 
Cada estudante é avaliado por seu rendimento 
Há somente a avaliação global do grupo. 
e pelo progresso dos demais.  
Mesmo que não participe, o estudante pode  
A avaliação estimula o time a ajudar  
ser bem avaliado pelo trabalho dos demais. 
e encorajar aqueles que precisam. 

13 
 
É esperado que os alunos já estejam habituados a trabalhar colaborativamente, tendo em vista 
que  já  desenvolveram  projetos  em  times,  mas  sempre  é  tempo  para  construir  e  consolidar 
essa noção com eles. E, para que a aprendizagem colaborativa aconteça, é preciso ensiná‐los a 
praticá‐la  com  estímulos  constantes,  a  fim  de  que  os  jovens  assumam  o  protagonismo  na 
resolução das questões de convívio e de aprendizagem contando com as forças do seu time. A 
cada  dificuldade  que  o  time  enfrentar,  aproveite  para  discutir  com  eles  essa  questão. 
Apresente  aos  alunos,  sempre  que  necessário,  estas  “regras”  básicas  para  que  aprendam  a 
atuar em times: 
 
  Cada  jovem  do  time  deve  ser  responsável  pelo  seu  aprendizado  e,  também,  pelo 
aprendizado dos colegas. Não dá para deixar para trás nenhum jovem! 
 

  Todos devem participar das atividades, colocando seus pontos de vista, ouvindo o(s) 
colega(s)  e  dando  o  melhor  de  si.  Durante  as  atividades,  cada  jovem  vai  exercitar 
 
liderar o time e ser liderado pelos colegas! 
 

  É tarefa do time pensar e resolver por si mesmo os problemas de aprendizagem que 
aparecerem.  O  professor  pode  e  deve  ser  convidado  a  colaborar  quando  surgirem 
 
desafios, mas não pode resolvê‐los pelo time. 
 

  Lidar  com  os  problemas  de  convívio,  disciplina,  colaboração  e  organização  também 
faz parte da tarefa do time. Os estudantes precisam descobrir quais são os problemas 
 
e pensar em soluções antes de pedir ajuda ao professor! 
 

  A tarefa de todos é refletir sobre a atividade proposta, agir com iniciativa, planejar, 
persistir na busca da solução sem se deixar vencer pelos obstáculos e aprender com 
 
os erros e acertos. Esse esforço é mais importante do que os acertos. 
 

  Nas rodas de debate, todo mundo vai ter vez e voz para falar! E cada um vai aprender 
a dar vez e voz para o colega. Todos vão se ouvir e aprender a argumentar! 
 

 
Para o professor, a gestão do time (em vez da turma de 30 ou até 40 alunos) também é um 
aprendizado  necessário.  Uma  dica  importante  para  que  você  a  pratique  efetivamente  é  não 
confundi‐la  –  nem  deixar  que  seus  alunos  confundam  –  com  o  trabalho  convencional  em 
grupos.  

14 
 
 
Apresentamos de forma resumida, três aspectos essenciais para que você, professor, comece a 
praticar o trabalho em times: 
 
1. Os  jovens  se  reunirão  em  times  compostos  por  cerca  de  dez  estudantes.  Esse  número 
favorece  a  participação  efetiva  de  todos  nas  atividades.    Cuide  para  que  você  possa  dar 
atenção a todos do time durante as atividades. 
 
2. Construa,  com  eles,  combinados  de  trabalho.  Apresente  alguns  que  julgue  essenciais, 
explicando‐os, ouça a opinião dos estudantes sobre eles, argumente e ajude‐os a melhorar 
suas  argumentações.  Peça  que  eles  apresentem  outros  pontos.  Relembre  os  combinados 
sempre que necessário, ao longo do projeto. 
 
3. Estimule  constantemente  os  estudantes  a  resolverem  por  si  mesmos  os  problemas  de 
convívio  ou  aprendizagem  propostos  nas  atividades  e  também  aqueles  que  surgirem 
durante o processo de trabalho do time. Nunca responda a questões ou demandas, cujas 
soluções estiverem ao alcance dos estudantes. Incentive‐os a resolvê‐las com os colegas de 
time antes de se remeterem a você. 
 
Ao  praticar  esses  pontos,  a  gestão  dos  alunos  será  muito  mais  facilitada.  Sem  contar  que 
trabalhar  em  equipe  –  como  um  time  motivado,  produtivo,  colaborativo  e  coeso  –  é  uma 
habilidade  altamente  valorizada  e  necessária  ao  convívio  e  ao  mundo  do  trabalho  no  século 
21. 
 
Fique  de  olho  nas  etapas  do  projeto  de  intervenção.  Todas  se  baseiam  nos  princípios  da 
presença pedagógica e da aprendizagem colaborativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 

  Por que trabalhar com a aprendizagem colaborativa?


   
 
 
 
Os estudantes unem forças para  NINGUÉM
 
resolver tarefas com foco em  
PARA TRÁS!
objetivos comuns, aprendendo e
  A escola se torna espaço para
 
sendo responsáveis pelo   aprender colaborativamente
  favorecendo a prática de
aprendizado dos colegas.   
  habilidades de convívio e de
  gestão! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
     
 
  Todos aprendem a liderar e a ser
Os alunos se organizam em times orientados a    liderados, capacidades fundamentais
resolver problemas com autonomia!    para o exercício da cidadania e para o
 
  mundo do trabalho!
 
 
 
 
3. Os projetos e o protagonismo juvenil 
 
A escola está preparada para apoiar os jovens na busca dos seus sonhos? Nos últimos anos do 
Ensino  Fundamental,  vemos  surgir  três  grandes  questões:  o  convívio,  a  permanência  e  a 
aprendizagem  dos  jovens  na  escola.  O  fosso  existente  entre  o  que  a  escola  oferece  e  os 
anseios e necessidades da juventude faz com que 1 em cada 10 estudantes brasileiros deixem 
de concluir o Ensino Médio, sendo que apenas 50,9% dos jovens de 15 a 17 anos frequentam a 
escola  (Pnad/IBGE,  2010).  Esse  abandono  está  diretamente  ligado  ao  desinteresse  pelos 
estudos, motivado por conflitos que permeiam a vivência dos adolescentes na escola: não são 
vistos  como  parceiros  e  interlocutores  no  processo  de  aprendizagem,  os  conteúdos  não  lhes 
parecem úteis para a vida, professores e estudantes não compartilham um repertório comum. 
 
É  aqui  que  se  torna  urgente  para  a  escola  fazer  uma  escolha  decisiva:  acolher  os  interesses 
juvenis  e,  mais  que  isso,  conciliar  as  necessidades  de  aprendizagem  curricular  com  esses 
anseios  e  os  desafios  que  os  jovens  enfrentarão  para  definir  seus  caminhos  no  futuro.  Para 
tanto,  é  preciso  ressignificar  o  ensino  tradicional,  investindo  em  metodologias  de  ensino 
centradas no estudante, promovendo o convívio e a aprendizagem. 
 
É nesse contexto que o protagonismo juvenil tem sido bastante disseminado na última década 
e  é  preciso  cuidado  ao  utilizá‐lo,  a  fim  de  evitar  apropriações  equivocadas.  Adotamos  uma 
16 
 
concepção  autêntica  de  protagonismo  e  de  suas  aplicações  para  o  desenvolvimento  de 
competências, em especial as necessárias para o convívio, a aprendizagem e a preparação para 
o mundo do trabalho. Segundo o professor Antonio Carlos Gomes da Costa, um dos pioneiros 
na construção desse conceito no Brasil, o protagonismo juvenil: 
 
“É  a  atuação  do  adolescente  como  parte  da  solução  no  enfretamento  de 
problemas  na  sua  escola,  comunidade,  família  ou  até  mesmo  na  sociedade,  em 
sentido  mais  amplo,  por  meio  de  atividades  que  extrapolam  o  âmbito  de  seus 
interesses individuais ou familiares. Nessa perspectiva, o jovem deixa de ser visto 
como  um  problema,  passando  a  ser  um  agente  de  transformação  de  questões 
sociais.” 
 
Ampliamos esse conceito com as recentes contribuições de Educação para o Desenvolvimento 
Humano 1 ,  obra  fundamentada  no  Relatório  Jacques  Delors,  da  Unesco.  Para  além  do 
enfrentamento  pelos  jovens  de  questões  que  afetam  o  seu  entorno  social  ou  escolar, 
propomos  que  o  exercício  do  protagonismo  seja  o  processo  pelo  qual  eles  desenvolvem  as 
competências e habilidades relativas ao que o Relatório Delors propõe como os quatro pilares 
da educação: ser, conviver, conhecer e fazer.  
 
O método para tornar esse conceito uma ferramenta de trabalho em sala de aula é abordá‐lo a 
partir  das  já  mencionadas  etapas  de  desenvolvimento  de  um  projeto  ou  resolução  de  um 
problema, cujas atividades se distribuem nas fases de: Mobilização, Iniciativa, Planejamento, 
Execução,  Avaliação  e  Apropriação  dos  Resultados.  Reunidos  em  times  para  a  realização 
dessas  atividades,  os  estudantes  idealizam  e  concretizam  propostas,  escolhidas  por  eles 
mesmos, e que têm como alvo a escola ou sua própria aprendizagem.  
 
Aprender  por  projetos  cujos  temas  partem  ou  dialogam  com  os  interesses  dos  estudantes  é 
um  caminho  seguro  para  mobilizar  a  participação  comprometida  dos  jovens  no  processo 
educativo.  Além  disso,  fazer  projetos  como  forma  de  resolver  problemas  reais  e  relevantes 
aproxima  a  escola  do  mundo  profissional,  onde  cada  vez  mais  se  trabalha  por  projetos.  A 
gestão de projetos possibilita aos estudantes uma série de aprendizados, tais como: identificar 
os problemas ao seu redor e tomá‐los como seus; ter iniciativa para propor soluções; planejar 
os  passos  para  alcançar  resultados;  perceber  o  propósito  maior  do  que  se  deseja  alcançar; 

                                                            
1
 ANDRÉ,  Simone;  COSTA.  Antônio  Carlos  Gomes  da.  Educação  para  o  desenvolvimento  humano.  São  Paulo: 
Saraiva/Instituto Ayrton Senna, 2004. Uma das bases fundamentais dessa concepção são as quatro aprendizagens 
indicadas no Relatório Jaques Delors: aprender a ser, conviver, conhecer e fazer.  
17 
 
estabelecer prioridades; administrar a si mesmo e aos outros quanto às tarefas e ao tempo de 
executá‐las; reconhecer e lidar com conflitos; construir confiança e autonomia; assumir riscos 
e  compartilhar  a  tomada  de  decisões;  responsabilizar‐se  pelo  alcance  e  pela  qualidade  do 
resultado; avaliar os caminhos adotados e aprender com acertos e erros.  
 

  Por que ensinar por meio de projetos?


 
 
 
 
Os estudantes aprendem a ter
APRENDER
iniciativa, planejar, executar, E a escola forma estudantes
  FAZENDO! 
avaliar e a se apropriar dos participativos, protagonistas,
resultados dos projetos!  antenados e preparados para
 
enfrentar os desafios do século 21! 

 
 
 
A escola se abre para o mundo: por
  meio de ações concretas são
ensinados conteúdos, valores e
Aprendem a ser protagonistas, atuando
habilidades!
  como solução no enfrentamento de
problemas que afetam a escola, a
comunidade ou sua própria aprendizagem!
     

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   

18 
 
 
Orientações gerais 
 
 
As redes e o mundo do trabalho  

Na  atualidade,  a  palavra  rede  tornou‐se  uma  forma  corriqueira  de  descrever  as  formas  de 
organização  que  conectam  pessoas  e  aglutinam  ideias  nos  mais  diversos  âmbitos  da  vida 
social.  Rede  pública  de  ensino,  rede  de  atenção  à  saúde,  redes  sociais  digitais  como  o 
Facebook  e  o  Instagram,  redes  de  proteção  à  infância  e  à  juventude...  Seja  no  cotidiano,  na 
prática política ou no mundo do trabalho, cada vez mais nos relacionamos uns com os outros 
através das redes. Mas será que todos entendemos a mesma coisa quando pronunciamos essa 
palavra? 

As definições de rede são inúmeras. Podemos começar por uma bem simples, elaborada pelo 
especialista  em  gestão  de  redes  Cássio  Martinho:  rede  é  um  “padrão  de  organização 
constituído,  necessariamente,  de  agentes  autônomos  que,  interligados,  cooperam  entre  si”2. 
As redes são formadas por um conjunto de pessoas ou instituições dispersas que, em nome de 
um objetivo  comum, decidem se  interligar e atuar  de forma colaborativa. No entanto,  como 
destaca  um  verbete  do  Kit  Educativo  Trocando  Ideia,  elaborado  pela  Associação  Imagem 
Comunitária, “uma rede não é apenas aquilo que nomeia um conjunto de pontos interligados. 
Ela  é  também  uma  proposta  de  organização,  constituída  por  pessoas  autônomas,  que 
cooperam entre si de forma horizontal”3.  

Essas duas características – autonomia e horizontalidade – distinguem as redes que buscamos 
trabalhar  com  os  alunos  de  outras  inseridas  em  contexto  comercial,  cujas  características 
refletem muitas vezes uma organização hierárquica e centralizada, como as matriciais ou em 
cadeia  (uma  rede  de  supermercado,  por  exemplo,  com  várias  filiais  subordinadas  a  uma 
matriz). Embora também referidas como redes, essas estruturas organizacionais não são outra 
coisa  que  um  modelo  de  pirâmide,  com  uma  hierarquia  bem  definida  e  um  centro  de  poder 
claro, enquanto uma verdadeira rede pressupõe uma organização aberta e democrática, que 
aposta na autonomia e na colaboração livre entre seus membros.  

Essas distinções são muito importantes, pois, como aponta Cássio Martinho, “quando tudo é 
rede,  estruturas  velhas  e  novas,  modos  convencionais  e  modos  inovadores  de  fazer, 
estratégias  de  opressão  e  estratégias  de  libertação  confundem‐se  sob  uma  pretensa  mesma 
                                                            
2
MARTINHO,  Cássio.  “Redes  Síntese”.  Disponível  em: 
http://www.redescomunitarias.org.br/images/Biblioteca/Redes.pdf. Acesso em 12 de julho de 2015.  
3
ASSOCIAÇÃO IMAGEM COMUNITÁRIA. Trocando ideia: kit educativo sobre direito à comunicação. Belo 
Horizonte, AIC, 2011. 
19 
 
aparência.  Se  não  puder  estabelecer  algumas  distinções,  o  conceito  de  rede  deixa  de  ter 
sentido e passa a não servir para nada” (MARTINHO, 2003, p.9)4.  

No mundo do trabalho extremamente complexo e dinâmico com o qual nos deparamos hoje, 
há  espaço  para  verdadeiras  redes,  horizontais  e  colaborativas.  Essa  nova  modalidade  de 
organização  é  tributária  de  uma  transformação  histórica,  assim  descrita  por  Martinho:  “Se 
antes,  na  sociedade  industrial,  os  processos  de  trabalho  eram  bem  representados  pela 
metáfora  da  máquina  (ou  do  mecanismo),  agora  o  desenho  da  rede  passa  a  ocupar  lugar 
preponderante  no  imaginário  da  sociedade  pós‐industrial”  (MARTINHO,  2003,  p.  8). 
Atualmente,  milhões  de  trabalhadores  das  mais  variadas  profissões  se  organizam  em  rede. 
Desde as cooperativas agropecuárias locais até as redes globais de trabalho online, inúmeros 
sujeitos se interligam, de forma colaborativa, para alcançar objetivos comuns.  

Se,  por  um  lado,  o  mundo  do  trabalho  contemporâneo  é  extremamente  fragmentado  e 
especializado,  por  outro,  os  trabalhadores  estão  cada  vez  mais  conectados  em  redes.  Um 
profissional  não  vive  sem  o  outro,  e  está  necessariamente  integrado  a  várias  pessoas  e 
instituições com as quais dialoga cotidianamente. Pensemos num cirurgião, que está ligado ao 
anestesista, ao enfermeiro, ao gestor do hospital, ao plano de saúde, ao paciente, ao motorista 
da ambulância... Ou num artista, que se conecta com outros artistas, com o produtor, com o 
empresário, com a casa de shows, com o público...   

Cada  vez  mais,  trabalhar  no  mundo  contemporâneo  significa  ocupar  um  espaço  em  uma 
grande rede. E o  desafio  não é pequeno. É preciso estar interligado a pessoas, instituições e 
contextos muito diversos, que demandam conhecimentos de várias áreas: o artista precisa ter 
noções de marketing, da mesma forma que o médico deve ter algum conhecimento da área de 
gestão  pública.  As  competências  demandadas  por  esse  novo  ambiente  de  trabalho  são 
igualmente  variadas:  trabalhar  em  equipe,  ser  flexível,  mediar  conflitos,  saber  liderar  e  ser 
liderado são habilidades necessárias para quase todos os campos de trabalho atualmente. Para 
um  jovem  prestes  a  ingressar  no  mundo  do  trabalho  hoje,  reconhecer  o  tamanho  e  a 
complexidade desses desafios é fundamental. E o professor tem um papel crucial nisso, como 
mediador e provocador constante.  

Ser protagonista nas redes do mundo do trabalho não é apenas se preparar bem para ocupar 
esses espaços, mas desenvolver competências para intervir na própria dinâmica das redes. O 
guia  Trocando  Ideia  nos  recorda  que  “as  redes  estão  em  constante  mudança  de  tamanho  e 

                                                            
4
 MARTINHO,  Cássio.  Redes:  uma  introdução  às  dinâmicas  da  conectividade  e  da  auto‐organização. 
WWF Brasil, 2003. Disponível em: http://www.wwf.org.br/informacoes/bliblioteca/?3960. Acesso em 12 
de julho de 2015.    
20 
 
formato”,  e  que  “é  preciso  ter  foco  na  criação  de  dinâmicas  de  trabalho  colaborativo  e 
horizontal,  as  quais  impulsionam  a  atividade  nesses  espaços”.  Para  que  uma  rede  exista  de 
fato, é necessário ativá‐la, impulsioná‐la cotidianamente. E a intervenção dos jovens pode ser 
crucial nesse processo.  

Os alunos do 3º ano receberam o Guia de Projetos Nós e as Redes de Trabalho, para orientá‐
los  no  percurso  das  seis  etapas  da  ação  protagonista  necessárias  à  elaboração  e  ao 
desenvolvimento  de  seus  projetos.  A  seguir,  compartilhamos  as  indicações  dadas  aos  alunos 
nesse guia para apoiar você na mediação do(s) time(s) sob sua orientação. 
  
1. Planejamento da mediação da participação dos jovens 
Para que você possa, de fato, apoiar os alunos na vivência do projeto, é essencial que conheça 
profundamente  o  que  está  sendo  proposto  a  eles  no  Guia  de  Projetos  Nós  e  as  Redes  de 
Trabalho  e  acompanhe  de  perto  o  andamento  do  trabalho  do  time.  Mais  do  que  isso,  é 
importante  que  você  antecipe  possíveis  problemas  que  os  jovens  poderão  enfrentar, 
identificando maneiras de apoiá‐los na busca por soluções criativas. Portanto, a mediação da 
participação dos jovens precisa ser planejada! 
 
2. Formação dos times 
O processo de trabalhar em times consiste em um aprendizado de uma habilidade complexa. 
Você  já  sabe  que  existem  diferenças  entre  o  trabalho  em  times  e  o  trabalho  convencional 
entre pares (ou grupos). No primeiro, a colaboração é a base do trabalho. Já no segundo, o 
envolvimento dos integrantes tende a ser desigual, sendo frequente que as responsabilidades 
do trabalho sejam assumidas por apenas alguns integrantes. O estabelecimento de um ritmo 
de trabalho colaborativo em times é uma conquista diária.  
 
Planeje meios de incentivar a participação de todos os membros do time, identificando o que 
cada um já tem a contribuir e desafiando‐os a aprenderem com os colegas e com você.  
 
Na etapa de Mobilização, os times se organizarão por afinidades, amizade ou curiosidade de 
trabalhar  junto.  Esse  primeiro  agrupamento  será  importante  para  que  eles  construam  uma 
compreensão do que são as redes e identifiquem aquelas às quais já estão, de algum modo, 
conectados.  Mais  à  frente,  na  etapa  de  Iniciativa,  eles  serão  convidados  a  repensar  essas 
escolhas a partir de seus interesses de trabalho nos projetos. Assim, é importante esclarecer 
para os times que eles poderão mudar sua constituição nas próximas aulas. 
 

21 
 
Respeite  as  escolhas  dos  jovens  nos  processos  de  formação  de  times:  não  interfira,  mesmo 
que  as  “panelinhas”  aconteçam.  Apenas  garanta  que  eles  cumpram  o  número  mínimo  e 
máximo  para  a  formação  dos  times,  atuando  sempre  com  presença  pedagógica.  E,  aos 
poucos, identifique se existem alunos que parecem “deslocados” em seus times, apoiando‐os 
na integração com os colegas.  
 
3. Rodízio dos alunos na liderança dos times 
No  trabalho  em  times,  é  importante  que  os  alunos  experimentem  liderar  os  colegas  e  ser 
liderados  por  eles.  Liderar  o  time  é  disponibilizar  seus  conhecimentos,  atuar  como  um 
incentivador da participação dos colegas, fazer a gestão do tempo e ter foco no trabalho que 
precisa ser feito naquele dia. Além disso, o líder tem um importante papel de organização das 
atividades  e  mediação  de  conflitos  de  convivência  ou  discordância  sobre  o  andamento  das 
ações.  Isso  todo  aluno  pode  fazer,  desde  que  assuma  a  responsabilidade,  tenha  o  apoio  dos 
colegas e do professor e seja comprometido com o projeto e dedicado. O Guia de Projetos Nós 
e  as  Redes  de  Trabalho  orienta  que  seja  feito  rodízio  na  liderança.  É  essencial  que  você  os 
ajude  a  compreender  o  que  é  ser  líder  e  como  exercer  a  liderança.  Avalie  com  eles  essa 
experiência,  para  que  possam  compreender,  progressivamente,  as  suas  dimensões  e 
aprendizados.   
 
4. Acompanhamento do trabalho dos times 
Acompanhe as discussões dos times, estando sempre à disposição para auxiliá‐los nas dúvidas 
que  surgirem.  Siga  de  perto  a  forma  como  cada  time  efetua  a  leitura  do  passo  a  passo  da 
atividade  e  como  seus  integrantes  estão  interagindo.  Em  todas  as  atividades,  a  colaboração 
entre os jovens será cada vez mais requerida. 
 
É  imprescindível  que  você  conheça  previamente  o  conteúdo  das  atividades  propostas  aos 
alunos em cada etapa, a fim de orientá‐los com maior segurança e providenciar as condições 
para que eles trabalhem. 
 
5. Momentos de reflexão e debate 
Conduza  os  momentos  de  reflexão  e  debate  propostos  nas  etapas  atuando  como  um 
mediador: explique como será o funcionamento, acordando desde o início algumas regras, a 
começar  pelo  tempo  disponível  destinado  ao  debate.  De  tempos  em  tempos,  ajude  a 
organizar  a  conversa,  retomando  os  principais  argumentos  e  pontos  de  vista  expostos  e 
provocando quem ainda não se posicionou a dizer o que pensa ou a analisar o que já foi dito. 
 
22 
 
Procure  perguntar  aos  alunos,  também,  como  eles  avaliam  a  atuação  em  time,  trabalhando 
juntos:  Todos  colaboraram  entre  si?  O  tempo  disponível  foi  bem  aproveitado  ou  perderam 
tempo com questões que não tinham ligação com a discussão? 
 
6. Articulação de conhecimentos das áreas no núcleo 
Uma  das  marcas  importantes  da  Proposta  Curricular  é  a  integração  dos  conhecimentos 
trabalhados nas disciplinas e no núcleo. Ao longo da realização do projeto Nós e as Redes de 
Trabalho,  será  perceptível  a  demanda  dos  jovens  por  conhecimentos  relacionados  às 
disciplinas.  Está  aí  uma  oportunidade  de  ampliar  os  conhecimentos  que  os  alunos  têm,  de 
maneira  contextualizada.  Ajude‐os  a  perceberem  as  ligações  entre  o  que  eles  aprendem  nas 
aulas e as ações vivenciadas no núcleo, e não se furte de aportar conhecimentos específicos 
que  se  mostrem  importantes  ao  desenvolvimento  do  projeto.  Por  outro  lado,  incentive‐os, 
permanentemente,  a  buscarem  conhecimentos  por  conta  própria,  a  não  se  sentirem 
satisfeitos com abordagens superficiais das questões que permeiam o projeto.  
 
7. Apoio aos jovens na gestão do tempo e dos resultados 
O  Guia  de  Projetos  Nós  e  as  Redes  de  Trabalho  não  estipula  um  tempo  para  os  jovens 
desenvolverem cada etapa do projeto. Isso se deve ao fato de que a iniciativa construída por 
eles pode variar em termos de complexidade e aprofundamento. Além disso, cada time possui 
características próprias e cria um ritmo singular. No entanto, ninguém pode deixar de fazer a 
gestão do tempo com muita seriedade. Afinal, os alunos não terão todo o tempo do  mundo 
para passar por essa experiência. Ela tem de ocorrer em um semestre.  
 
Nesse  aspecto,  ajude‐os  inicialmente  a  criar  parâmetros  de  tempo  para  cada  uma  das  seis 
etapas e, aos poucos, definir o tempo que será dedicado a cada atividade. Uma dica: sempre 
que perceber que os alunos estão dispersos em relação ao tempo, chame a atenção para isso e 
incentive‐os  a  fazer  estimativas  das  horas/dias  necessários  para  darem  conta  das  atividades 
previstas. 
 
8. Clareza da comunicação entre os jovens 
Um dos pontos centrais da constituição de um time é a qualidade da comunicação entre seus 
membros. Quando mais os alunos dialogarem sobre as questões do projeto, expondo ideias, 
receios, pontos de vista, interesses etc., mais o time se fortalecerá.  
 
O diálogo precisa ser aberto e respeitoso, orientado sempre pelos interesses comuns – do time 
e da escola. Isso, muitas vezes, não ocorre naturalmente. Há jovens que com muita facilidade 
23 
 
se  posicionam  sobre  as  coisas  e  dão  o  ritmo  do  projeto,  enquanto  outros  tendem  a  não  se 
posicionar com a mesma frequência e articulação de ideias.  
 
Apresenta‐se  em  situações  como  essas  a  oportunidade  de  uma  outra  contribuição  que  você 
pode  dar:  orientar  o  líder  da  atividade  a  criar  espaço  para  que  todos  do  time  possam 
compartilhar suas visões, trazendo sugestões para o encaminhamento das questões da equipe. 
Além  disso,  procure  dar  suporte  à  clareza  da  comunicação  entre  eles,  problematizando  a 
questão em foco com perguntas. Essa é sempre uma boa maneira de esmiuçar o pensamento 
exposto, tornando mais precisa a comunicação.   
 
9. Registro das decisões e ações 
O  Guia  de  Projetos  Nós  e  as  Redes  de  Trabalho  traz,  reiteradas  vezes,  orientações  quanto  à 
importância do registro das discussões, decisões e das ações realizadas. Sabemos que esse é 
um hábito que se constrói ao longo do tempo e, portanto, pede um esforço permanente – dos 
jovens,  no  sentido  de  experimentarem  essa  prática,  e  do  professor,  na  orientação  e 
acompanhamento de seus alunos.  
 
10. Foco nas atividades do projeto 
Há dias em que, com facilidade, os alunos se organizam em torno do projeto: identificam em 
que  ponto  estão,  analisam  os  próximos  passos,  dão  início  às  ações.  Em  outros  momentos, 
percebe‐se que tudo isso está mais difícil: os jovens perdem o foco em relação ao que estão 
fazendo. Nesses momentos, atue como uma referência organizadora, trazendo questões que 
os  esclareçam  na  identificação  da  etapa  ou  atividade  em  que  estão  e  orientando‐os  na 
definição dos próximos passos a seguir.  
 
   

24 
 
 
  Orientações específicas
 
LIGADOS NAS REDES 
O guia dos alunos inicia apresentando alguns aspectos relacionados à relação entre os jovens e 
o trabalho. Trata‐se de uma contextualização mais geral, importante para trazer os estudantes 
para a proposta de intervenção do 3° ano do Ensino Médio.  
 
. Leitura e reflexão do texto: É essencial os estudantes discutirem as relações entre os jovens e 
o trabalho. O texto “Ligados nas redes” traz uma pílula sobre esse universo. Inicie a conversa 
por meio de uma leitura coletiva e depois solicite o posicionamento deles sobre o conteúdo, 
ampliando essas reflexões com os seus conhecimentos sobre o tema – para saber mais sobre 
o  assunto,  enriquecendo  seu  próprio  repertório,  leia  o  texto  “Projetos  de  vida,  escola  e 
trabalho”5.  
 
.  Apresentação  e  discussão  da  proposta  de  intervenção  de  3°  ano:  Apresente  aos  alunos  a 
proposta  dos  projetos  de  intervenção  de  3°  ano.  Ajude‐os  na  compreensão  do  que  vai 
acontecer nos próximos meses, apresentando as linhas gerais do trabalho que está iniciando‐
se.  Estabeleça  conexões  entre  os  projetos  de  3°  ano  e  o  momento  que  estão  vivendo,  de 
finalização  do  Ensino  Médio  e  de  início  de  uma  trajetória  profissional,  que  inclui  a 
continuidade dos estudos e concomitante ou posterior atuação profissional.  
 
Para  apoiá‐lo  na  apresentação  da  proposta  aos  alunos,  professor,  utilize  o  infográfico 
disponibilizado  no  Anexo  1,  que  sintetiza  o  percurso  que  os  alunos  irão  viver  nos  próximos 
meses. 
 
1. ETAPA DE MOBILIZAÇÃO 
O  objetivo  da  etapa  de  Mobilização  é  possibilitar  que  os  alunos  descubram  a  existência  de 
redes de trabalho, identifiquem as redes às quais já estão conectados e se aproximem de uma 
delas, tendo em vista seus interesses e motivações. 
  
. Agrupamento: A etapa começa na turma maior, já que os jovens ainda não se dividiram nos 
times dos projetos. Para iniciá‐la, distribua o Guia de Projetos Nós e as Redes de Trabalho para 

                                                            
5
 O  texto  está  nas  páginas  31  a  39  de  O  Jovem  como  sujeito  do  Ensino  Médio,  publicação  do  MEC  no 
contexto  do  Pacto  Nacional  pelo  Fortalecimento  do  Ensino  Médio,  e  pode  ser  acessado  pelo  link: 
http://bit.ly/jovemsujeitoem 
25 
 
cada  jovem  e  oriente  a  leitura  inicial  dos  textos,  que  pode  ser  coletiva,  realizada  em  grupos 
menores ou, até mesmo, individual com momentos de reflexão coletiva.  
 
. As redes que permeiam o mundo: O que está em jogo nos primeiros momentos da etapa de 
Mobilização  é  a  compreensão  dos  estudantes  de  que  o  mundo  do  trabalho  se  estrutura  em 
redes  e  que  elas  já  atuam,  possibilitando  contatos,  trocas,  relações,  colaboração, 
oportunidades etc. aos seus membros.  
 
. Redes de trabalho: Nessa que é a parte central da etapa de Mobilização e acontece no item 
“De olho nas redes” (que começa na página 16), os alunos são convidados a: 

. realizar um brainstorming de identificação de profissionais e instituições com os quais 
mantêm  contato.  Esse  é  um  modo  coletivo  de  gerar  ideias,  adotado  no  mundo  do 
trabalho  em  diversas  profissões  e  em  tipos  distintos  de  instituição  e  contextos 
profissionais. Do brainstorming sairá uma lista inicial; 

. categorizar as redes às quais as pessoas e instituições listadas estão conectadas. Está 
aqui  um  importante  passo  na  formação  dos  estudantes:  aprender  a  agrupar 
informações, tipificando‐as, ordenando‐as, organizando‐as; 

.  ligar  cada  pessoa  e  instituição  listada  às  redes  categorizadas,  aprendendo  a 


estabelecer relações; 

.  construir  um  registro  que  explicite  as  redes  trabalhadas.  O  registro  em  forma  de 
esquema ajuda a visualizar a rede, evidenciando quem é parte dela, quem está ligado a 
quem etc.; 

.  compartilhar  as  redes  identificadas.  Aqui,  o  foco  do  trabalho  está  na  comunicação 
entre os times. O resultado esperado é que todos percebam as várias redes às quais já 
estão  ligados  e  identifiquem  aquelas  que  se  entrecruzam  (nesse  caso,  é  essencial 
consolidar  as  informações  de  duas  redes  “comuns”  em  apenas  uma,  maior,  mais 
complexa);  

.  identificar  a  rede  que  mais  dialoga  com  os  projetos  do  aluno  para  o  futuro.  Cada 
estudante deve questionar‐se: Qual rede tem a ver com o que sou e o que quero para 
mim? À medida que os alunos responderem a essa questão, estarão agrupando‐se em 
times. Cada time estará ligado a uma das redes (e é possível que haja mais de um time 
conectado a uma mesma rede, assim como, no mundo do trabalho, há concentração 
de interesse em uma área temática ou profissão, por exemplo). 
 

26 
 
. Escolha das redes de trabalho: A etapa de Mobilização não termina até que todos os alunos 
estejam  conectados  a  uma  rede,  em  times.  Caso  aconteça  de  apenas  um  ou  dois  alunos  se 
interessarem em desenvolver projeto relacionado a uma das redes, é importante discutir com 
eles se isso é adequado, tendo em vista a complexidade que o projeto pode e precisa ganhar. 
Identifique se há possibilidade de rever o modo de agrupar os estudantes, englobando áreas 
de interesse que possuem aproximações. 
 
. Avaliação do processo e das aprendizagens: Antes de passar à etapa de Iniciativa, os jovens 
devem refletir sobre o que viveram e aprenderam na etapa que se conclui e também conhecer 
a sua percepção do processo, das aprendizagens conquistadas e competências desenvolvidas. 
O  guia  dos  alunos  aponta  uma  série  de  questões  para  essa  avaliação,  e  elas  podem  ser 
ampliadas por você. Perceba o potencial formativo desse momento: ao desafiar os estudantes 
a  analisarem  criticamente  o  caminho  percorrido  e  ao  oferecer  a  eles,  como  confirmação  ou 
contraponto, a sua visão do processo, você os fortalece, estimulando que se aperfeiçoem ou 
avancem  ainda  mais  nas  próximas  etapas.  Por  isso  conduza  a  avaliação  com  postura 
acolhedora e uso cuidadoso de palavras, mas sem abrir mão de apontar pontos de melhoria. 
 
 
 
Autoavaliação do professor 
 
Na etapa em foco, examine no que contribuiu para que os jovens conseguissem: 
 
. compreensão do modo como o mundo do trabalho se organiza. Ajudou os estudantes 
 
no entendimento de que eles estão conectados a redes de trabalho já existentes?  
 
.  identificação  das  redes  de  trabalho.  O  diálogo  com  os  jovens  possibilitou  a 
 
identificação de pessoas e instituições às quais estão ligados?  Categorizaram as redes? 
 
Registraram as informações? Compartilharam com os demais times?  
 
  . escolha uma rede para se engajar. Orientou os alunos nessa escolha, tendo em vista 
  quem  são  e  o  que  querem  para  o  futuro  em  termos  de  continuidade  dos  estudos  e 
  inserção profissional? 
  .  avaliação  de  processo.  Realizou  avaliação  da  etapa  de  Mobilização?  Estimulou  os 
  jovens  a  se  autoavaliarem?  Compartilhou  com  eles  sua  visão?  Considera  que  essa 
  devolutiva contribuirá para o aprimoramento do trabalho nas próximas etapas? 
 
 
 
 
27 
 
2. ETAPA DE INICIATIVA 
O  principal  objetivo  da  etapa  de  Iniciativa  é  possibilitar  que  os  alunos  aprofundem  suas 
percepções  e  conhecimentos  acerca  das  redes  de  trabalho  às  quais  estão  conectados,  e, 
principalmente, construam o projeto que será desenvolvido.  
 
. Consolidação do  time: Ela parte  da escolha feita por um  grupo  de alunos de se engajar em 
uma  rede  de  trabalho  já  existente,  para  aprender  com  essa  rede  e  estimulá‐la.  Com  essa 
finalidade, esses alunos constituem um time, o que é um grande desafio, para eles e para você. 
Traga  toda  a  sua  experiência  em  relação  à  formação  do  time  (os  desafios  que  poderão 
enfrentar  e  os  aprendizados  que  podem  conquistar),  contribuindo  para  que  eles,  de  fato, 
aprendam de maneira colaborativa. 

.  Escolha  do  líder:  Provoque  a  indicação  de  um  líder  pelo  time,  a  cada  rodada  ou  etapa. 
Destaque as  funções  do líder  (em especial a organização das tarefas, circulação da palavra e 
gestão do tempo), valorizando assim a importância de todos terem essa experiência ao longo 
do projeto. Durante as atividades, ajude o líder a praticar suas funções com dicas simples e, ao 
final, avalie com ele a experiência, perguntando como se sentiu, o que aprendeu  de novo, o 
que  foi  ou  não  difícil.  Ofereça  acolhimento  caso  a  experiência  tenha  sido  excessivamente 
desafiadora,  dizendo  que  todos  estão  aprendendo  e  que,  a  cada  liderança,  o  time  sai 
fortalecido.  Crie  um  espaço  para  que  os  colegas  valorizem  o  empenho  e  a  contribuição  do 
líder. 

. Aprofundamento dos conhecimentos sobre a rede: Esse processo (que começa na página 30 
do  guia  dos  alunos  e  vai  até  a  página  36)  inclui  a  leitura  e  análise  de  textos  (ou  outros 
materiais, como vídeo, músicas etc.) e a elaboração de um esquema, um quadro comparativo 
e um texto próprio baseado nas ideias importantes dos textos de referência estudados. Além 
disso,  os  times  serão  estimulados  a  entrevistar  profissionais  que  atuam  na  área  temática  da 
rede. Ou seja, é proposto um caminho estruturado para que os jovens aprendam mais sobre os 
temas  relacionados  à  rede.  Lembre‐se  da  importância  de  provocar  o  posicionamento  dos 
alunos  a  respeito  das  questões  que  surgirem  e  o  compartilhamento  do  que  já  sabem  (ativar 
conhecimento  prévio).  Não  hesite  em  dividir  seus  conhecimentos  com  eles  ou  sugerir  que 
busquem novas referências em livros e na Internet, por exemplo. Valorize as produções deles e 
indique  em  quais  pontos  podem  aprimorá‐las.  Estimule  que  compartilhem  o  trabalho  feito 
com outros times, o que favorecerá o aprendizado  de todos e se configurará como mais  um 
espaço de troca entre os estudantes. 

.  Escolha  do  padrinho  ou  da  madrinha  do  projeto:  Esse  profissional,  que  deve  ser  escolhido 
com critério e convidado com todo o cuidado e atenção possível, terá um papel chave ao longo 
28 
 
do  processo.  Como  uma  espécie  de  conselheiro,  ele  compartilhará  experiências,  trará 
orientações, apontará caminhos e possibilidades. Ajude os alunos a manterem contato regular 
com a pessoa escolhida, seja para solicitar apoio ou relatar o andamento das ações.  

.  Definição  das  ações  centrais:  Escolhido  o  padrinho  ou  a  madrinha,  o  time  se  subdivide  em 
trios ou grupos de trabalho (GTs) para chegar à definição das ações que pretende realizar no 
projeto. Cada GT lista possíveis ações a serem implementadas, submetendo‐as, em seguida, à 
análise  do  time.  A  versão  composta  deve  ser  compartilhada  com  o  padrinho/madrinha  para 
receber  contribuições  e,  por  fim,  o  time  define  que  ações  desenvolver  e  quais  descartar.  A 
organização  em  GTs  é  bastante  usual  no  mundo  do  trabalho  para  o  enfrentamento  de 
problemas.  Você  terá  o  relevante  papel  de  acompanhar  e  estimular  o  trabalho  de  cada  GT, 
pois as escolhas que resultarem desse processo são importantes, não podem ser aleatórias.  

.  Elaboração  do  Resumo  Executivo  do  projeto:  Trata‐se  de  um  esforço  coletivo  para 
documentar a proposta do time em forma de uma síntese a ser apresentada e validada pelo 
Conselho  de  Projetos  da  escola.  Estimule  os  alunos  a  investirem  esforço  e  tempo  na 
elaboração  do  documento,  apresente  sugestões  de  melhoria  e  oriente‐os  a  acionar  o 
padrinho/madrinha para mais contribuições. 

.  Primeiro  diálogo  com  o  Conselho  de  Projetos:  O  time  apresentará  a  iniciativa  construída, 
recebendo  comentários,  sugestões  e  recomendações.  Os  alunos  precisam  entender  a 
importância desse momento, em que serão analisadas a relevância, abrangência e viabilidade 
do projeto que estão se propondo a realizar. Cuide do agendamento do encontro, negociando 
uma data possível para todos os envolvidos. 

.  Ajustes:  Após  o  diálogo  com  o  Conselho  de  Projetos,  analise  com  os  alunos  o  que  foi 
conversado, oriente‐os quanto aos ajustes necessários e acompanhe a finalização da proposta. 
É importante que eles aprendam a lidar positivamente com as considerações e contribuições 
externas, compreendendo possíveis críticas como parte de um processo de amadurecimento 
do projeto.  

. Avaliação do processo e das aprendizagens: Mais um momento de aprender com o percurso 
feito. Promova a autoavaliação dos alunos, ajudando‐os no aprofundamento e qualificação de 
suas  trajetórias.  Compartilhe  sua  visão  do  processo,  partindo  das  questões  apresentadas  no 
guia dos alunos e ampliando para outros aspectos que julgue relevantes. O importante é que a 
experiência seja geradora de aprendizagem.  
 
 
 

29 
 
 
Autoavaliação do professor 
 
Ao  longo  da  etapa  de  Iniciativa,  avalie  as  contribuições  trazidas  por  você  para  que  os 
 
jovens conseguissem: 
 
.  mobilizar  conhecimentos  prévios  e  acessar  novos  conhecimentos  sobre  a  área 
 
temática  da  rede.  Você  ajudou  o  time  a  valorizar  os  conhecimentos  que  já  possuía? 
 
Desafiou os jovens a aprofundá‐los e ampliá‐los por meio da elaboração do esquema, do 
 
quadro comparativo, do texto com paráfrases e da entrevista com profissionais? 
 
.  escolher  um  padrinho/madrinha.  Você  considera  que  o  profissional  escolhido  trará 
 
 
contribuições  importantes  ao  time?  A  escolha  foi  criteriosa?  O  convite  foi  feito  com  o 

  cuidado e atenção necessários? 
  .  construção  e definição das ações. Você conseguiu ajudar os GTs no levantamento de 
  ações  para  o  projeto?  A  seleção  posterior  de  ações  foi  feita  de  modo  participativo, 
  levando em conta o melhor para o projeto? O processo ocorreu de maneira organizada? 
  .  elaboração  do  resumo  executivo.  Você  colaborou  para  que  a  produção  do  time 
  atingisse a qualidade necessária e expressasse as principais ideias e propostas? 
  .  preparar‐se  para  dialogar  com  o  Conselho  de  Projetos  da  escola.  Você  conseguiu 
  transmitir para o time a importância desse momento? Apoiou o time na preparação das 
  informações que foram apresentadas? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
3. ETAPA DE PLANEJAMENTO 
O principal objetivo da etapa de Planejamento é preparar os alunos para detalhar e ordenar as 
ações:  tarefas  prioritárias  e  secundárias,  sua  organização,  recursos  humanos  e  materiais 
necessários e estratégias para resolver problemas previsíveis.  
 
.  Importância  do  planejamento:  O  planejamento  é  um  hábito  difícil  de  ser  incorporado  pela 
maior  parte  dos  estudantes.  Muitos  acham  essa  prática  sem  sentido  e  chata.  É  possível  que 
esse cenário esteja mudando, tendo em vista que os alunos de 3° ano viveram processos de 
planejamento diversas vezes e já devem compreender a sua relevância. De todo modo, retome 
com eles o valor dessa prática, identificando seus ganhos com exemplos, para que os jovens 
visualizem  a  diferença  que  um  bom  planejamento  pode  fazer  em  um  projeto.  Não  os  deixe 
esmorecer  durante  essa  etapa  e  crie  estratégias  para  afastar  a  preguiça,  caso  ela  apareça... 
Aposte  com  eles  que,  mais  à  frente,  reconhecerão  o  quanto  a  dedicação  de  agora  valeu  à 
pena! E busque, junto com eles, solucionar as dificuldades enfrentadas no caminho.  

. Planejamento envolve tomada de decisões: Uma das principais motivações dos estudantes na 
etapa  de  planejamento  é  o  fato  de  serem  chamados  a  escolher  os  caminhos  a  seguir.  Nesse 
momento, oriente‐os para um olhar crítico diante das possibilidades que têm à frente. Quanto 
mais decidirem de modo colaborativo, como fruto de análise aprofundada entre os membros 
do time, melhor. 

.  Uma  série  de  reuniões:  O  guia  dos  alunos  propõe  que  o  trabalho  de  planejamento  se 
concretize  por  meio  de  reuniões  entre  os  membros  do  time.  Reuniões  estruturadas,  com 
pautas  construídas  por  eles,  com  um  membro  responsável  pela  mediação  e  outro  pela 
relatoria,  tempo  para  a  abordagem  dos  temas  pautados,  definição  de  encaminhamentos  e 
construção de uma ata com a síntese do trabalho. Desse modo, ao final da série de reuniões, o 
projeto  estará  elaborado,  e,  ao  mesmo  tempo,  os  alunos  terão  experimentado  um  “ritual” 
típico do mundo do trabalho. 

.  Ao  final,  um  projeto:  O  planejamento  é  um  mapa  do  que  será  executado.  Os  alunos  o 
desenvolverão  na  forma  de  um  projeto,  descrito  no  papel  de  maneira  organizada.  Para  isso, 
precisam apoiar‐se nos registros das ideias, decisões e estratégias construídas. Ajude‐os nisso. 
Sem  o  devido  registro,  tudo  tende  a  ficar  perdido  na  hora  da  execução.  Aos  poucos,  nas 
reuniões, o time vai dar estrutura ao projeto (objetivos, ações, produtos parciais, responsáveis, 
cronograma  e  estrutura  necessária).  É  importante  que  o  documento  seja  robusto,  trazendo 
coerência entre os itens e clareza na descrição. 

31 
 
. Help do padrinho ou madrinha: Na elaboração do documento, a experiência do profissional 
que  está  apadrinhando  o  projeto  pode  contar  muito.  Por  isso,  ajude  os  alunos  no 
estabelecimento  de  diálogos  com  ele,  de  modo  que  essa  experiência  e  conhecimentos 
específicos favoreçam o planejamento do projeto. 

. Segundo diálogo com o Conselho de Projetos: O time apresenta seu projeto, fruto do esforço 
de planejamento. Novas sugestões, questionamentos e propostas serão feitos e precisam ser 
alvo de análise pelo time, para incorporação ao planejamento.  

. Avaliação de processo e das aprendizagens: Mais uma rodada de autoavaliação dos alunos e 
devolutivas do professor. Cuide para que esse momento seja capaz de “fazer as fichas caírem”, 
ou seja, que os jovens compreendam o sentido e o significado daquilo que acabaram de viver 
para suas vidas, no presente e no futuro. 

  Autoavaliação do professor 
  Ao longo da etapa de Planejamento, avalie as contribuições trazidas por você para que 
  os jovens conseguissem: 
  
  .  perceber  o  planejamento  como  um  aliado  do  time.  Você  contribuiu  para  motivar  o 
  time, ajudando‐o na percepção de que um bom planejamento amplia as possibilidades 
  de concretização de um projeto? Eles assimilaram bem essa conexão?  
  .  conhecer  e  praticar  os  valores  e  atitudes  necessários  ao  trabalho  de  planejamento 
  (dedicação,  organização,  respeito  às  ideias  de  todos,  tomada  de  decisões  e  registro). 
  Você colaborou para que o time praticasse esses valores e atitudes? Dialogou sobre isso, 
  sempre que julgou importante para o time? 
  .  compreender  os  itens  que  compõem  o  planejamento.  Você  apoiou  os  alunos  no 
 
entendimento do passo a passo de construção do planejamento? Conseguiu motivá‐los a 
 
realizar  os  itens  propostos?  Ofereceu  explicações  ao  verificar  equívocos  em  relação  à 
 
compreensão dos itens sugeridos? 
 
. realizar reuniões a partir de um caminho estruturado. Você conseguiu construir, com 
 
os  alunos,  reuniões  com  início,  meio  e  fim,  com  responsáveis  pela  mediação  e  pelo 
 
registro,  com  participação  de  todos,  com  encaminhamentos  claros  e  registro  em  ata? 
 
Eles se apropriaram desse caminho, podendo vivenciá‐lo em outros contextos? 
 
.  organizar  e  formalizar  as  informações  e  escolhas.  Você  orientou  adequadamente  o 
 
time quanto à formalização das ideias e escolhas em um documento, o projeto?  
 
. preparar‐se, mais uma vez, para dialogar com o Conselho de Projetos da escola. Você 
 
dialogou  com  os  jovens  para  que  eles  compreendessem  o  que  é  essa  nova  etapa  de 
32 
  aprovação junto ao conselho? Apoiou o preparo da apresentação? 
4. ETAPA DE EXECUÇÃO 
O principal objetivo da etapa de Execução é possibilitar que os alunos coloquem em prática as 
ações  planejadas,  exercitem  a  determinação  diante  de  seus  objetivos,  enfrentem  obstáculos 
sem se paralisar, aprendam a lidar com a frustração, cresçam com as adversidades, arrisquem, 
acertem, errem, experimentem, aprendendo por meio do fazer. 
 
.  Exercitar  as  dicas  de  ouro:  Os  alunos  receberam,  no  Guia  de  Projetos  Nós  e  as  Redes  de 
Trabalho,  12  “dicas  de  ouro”  para  que  a  execução  do  projeto  seja  uma  experiência  positiva. 
Trabalhe cuidadosamente cada uma dessas dicas antes de eles “colocarem a mão na massa”. 
Discuta  a  diferença  que  elas  podem  fazer  para  que  a  execução  das  ações  transcorra  bem  e 
gere  resultados  positivos.  Retome  essas  dicas  com  os  jovens  sempre  que  perceber  que  eles 
estão  cometendo  deslizes  quanto  a  relacionamento  no  time,  dedicação  ao  projeto, 
manutenção  do  foco  nos  objetivos,  gestão  do  tempo,  divisão  de  responsabilidades, 
acompanhamento  e  replanejamento  das  ações,  comunicação  das  ações,  avaliação  em 
processo e registro. 
 
. Antes, durante e depois de cada ação: Os jovens são orientados, no Guia de Projetos Nós e as 
Redes  de  Trabalho,  a  algumas  tarefas  que  precisam  realizar  antes,  durante  e  depois  de  cada 
ação. Cuide  para que experimentem  essa prática de acompanhamento e se beneficiem dela. 
Uma  dica  é,  a  cada  passo,  olhar  para  as  três  listas  de  itens  que  não  podem  ser  esquecidos. 
Uma olhada rápida, mas importante. 
 
. Avaliar cada ação logo após sua execução, replanejando as que virão: Conferir o andamento 
das ações, a participação do time, o alcance dos objetivos previstos e as repercussão na vida 
da escola é essencial. Mas adianta muito pouco avaliar apenas depois que o projeto tiver sido 
finalizado. Ajude os alunos a compreenderem a avaliação como prática cotidiana, que permite 
manter  ou  corrigir  rumos,  qualificando  o  projeto  durante  sua  execução.  Invista 
constantemente na autoavaliação deles e, claro, nas suas devolutivas! 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
  Autoavaliação do professor 
  Ao  longo  da  etapa  de  Execução,  avalie  as  contribuições  trazidas  por  você  para  que  os 
  jovens conseguissem: 
 
.  fortalecer  a  noção  de  time.  Que  contribuições  você  deu  para  que  os  jovens 
 
aprofundassem a noção de time, contribuindo para transformar as ideias em realidade? 
 
Quais foram os principais desafios para isso?  
 
.  colocar  em  prática  as  12  dicas  de  ouro.  Você  dialogou  com  o  time  sobre  as  dicas, 
 
ajudando‐o na compreensão do sentido de cada uma delas? Percebeu a necessidade de 
 
retomá‐las ao longo da execução? Qual foi mais difícil de ser vivenciada pelos jovens? De 
 
que estratégias você lançou mão para superar tais desafios? 
 
.  atuar  com  foco  no  planejamento.  Você  conseguiu  que  os  jovens  tomassem  o 
 
planejamento feito como um guia para a atuação do time? Ajudou o time a perceber a 
 
 
relevância do planejamento no momento de execução?  

  .  ter  abertura  para  alterar  o  planejamento,  sempre  que  necessário.  Você  orientou 
  adequadamente o time na avaliação das ações realizadas? Conseguiu ajudar os alunos a 
  analisarem,  permanentemente,  se  o  que  foi  planejado  se  mostrou  adequado  no 
  momento da execução e a não se frustrarem com a necessidade de mudança de rotas? 
  Orientou‐os  a  voltarem  aos  objetivos  do  projeto  nos  momentos  de  análise?  Se  foi 
  preciso rever o planejamento, deu‐lhes apoio nessa decisão?    
  .  cuidar  do  tempo.  Os  alunos  conseguiram  realizar  as  ações  previstas  no  tempo 
  disponível? Você deu as orientações e o apoio necessários para que eles fizessem uma 
  boa  gestão  do  tempo?  E,  assim  como  nas  etapas  anteriores,  emitiu  um  alerta  sempre 
  que percebeu que eles estavam descuidando desse planejamento? 
 
 
5. ETAPA DE AVALIAÇÃO 
O  principal  objetivo  da  etapa  de  Avaliação  é  possibilitar  que  os  alunos  reflitam  sobre  os 
resultados  conquistados,  aprendendo  com  acertos  e  erros,  adotando  olhar  crítico  sobre  o 
trabalho desenvolvido e identificando o que aprenderam com ele. 
 
.  Olhar  sobre  os  resultados:  a  avaliação  de  resultados  contempla  dois  aspectos:  (1)  as  ações 
planejadas  e  (2)  as  aprendizagens  e  competências  conquistadas  e  desenvolvidas  –  ou  seja,  a 
formação  dos  alunos.  As  ações  previstas  foram  executadas?  Deram  certo?  Que  importância 
tiveram? Que conhecimentos eles aprenderam com o projeto? Que competências cognitivas e 
34 
 
socioemocionais  desenvolveram?  Um  percurso  sugerido  no  guia  dos  alunos  ajudará  na 
condução dessas análises. 
 
.  Novo  exercício  de  projeção:  a  avaliação  final  abre  também  uma  discussão  para  o  futuro  a 
partir  do  interesse  e  das  possibilidades  de  os  alunos  darem  continuidade  ao  projeto  fora  da 
escola. O objetivo é que eles percebam a importância das redes para alimentar suas trajetórias 
de estudo e trabalho. Há interesses específicos em prosseguir com alguma ação ou desejo de 
viver  experiências  diferentes?  Essa  e  outras  questões  podem  orientar  a  discussão  e  motivar 
um novo ciclo de projetos. 
 
  Autoavaliação do professor 
  Ao longo da etapa de Avaliação, analise as contribuições trazidas por você para que os 
 
jovens conseguissem: 
 
.  compreender  o  sentido  de  avaliação  que  estamos  adotando  no  projeto.  Você  os 
 
ajudou a entender a avaliação como um processo crítico em relação ao que realizaram? 
 
Eles tomaram consciência do que aprenderam por meio do projeto? 
 
.  identificar  o  que  aprenderam  e  as  competências  que  desenvolveram  por  meio  do 
 
projeto. Você os ajudou a perceber o que aprenderam ao longo do projeto? Conseguiu 
 
que  compreendessem  e  identificassem  as  competências  cognitivas  e  socioemocionais 
 
(Matriz de Competências para o Século 21) que desenvolveram no percurso? 
 
. refletir sobre o interesse em continuar o projeto. Você conseguiu apoiar os alunos na 
 
análise das possibilidades que a continuidade do projeto pode trazer em suas trajetórias 
 
  de estudo e trabalho, no futuro? Ajudou o time a pensar em novas ações para realizar?  
 
6. ETAPA DE APROPRIAÇÃO DOS RESULTADOS 
O  principal  objetivo  da  etapa  de  Apropriação  de  Resultados  é  possibilitar  que  os  jovens 
reconheçam  e  comemorem  as  conquistas  alcançadas  com  o  projeto,  valorizem  as 
contribuições  de  cada  membro  do  time  e,  principalmente,  pensem  em  que  a  experiência 
vivenciada poderá inspirá‐los no futuro próximo e distante. 

.  Significação  da  vivência  no  projeto:  A  atividade  proposta  aos  alunos  pretende  ajudá‐los  a, 
individualmente,  significar  a  experiência  no  projeto.  Vai  além  da  avaliação,  pois  requer  que 
eles reflitam sobre o sentido de tudo o que viveram para suas vidas. Mais que isso, é hora de 
provocá‐los  a  pensar  na  importância  dos  aprendizados  conquistados  para  outras 
oportunidades, na vida como um todo. 

35 
 
.  Compreensão  do  sentido  de  praticar  “rituais”  próprios  do  mundo  do  trabalho:  Os  alunos 
realizaram brainstormings,  reuniões  com  registros  dos  encaminhamentos  em  ata, 
organizaram‐se em grupos de trabalho, apresentaram propostas para pessoas que não fazem 
parte do time, negociaram pontos de vista e propostas de ações, elaboraram um projeto com 
início,  meio  e  fim,  transformaram  ideias  em  ação.  Ajude‐os  a  entender  o  sentido  dessas 
experiências  nas  escolhas  que  fizeram  para  o  futuro,  de  continuidade  dos  estudos  e/ou 
inserção profissional. 

. Compartilhar aprendizagens e resultados: é essencial um momento de culminância, em que 
as aprendizagens e resultados dos projetos desenvolvidos na escola sejam conhecidos por toda 
a  comunidade.  Por  isso,  dialogue  com  a  direção,  os  demais  professores,  os  alunos  e  os 
parceiros  da  escola  para  planejar  um  evento  capaz  de  explicitar  toda  a  riqueza  do  trabalho 
realizado nos últimos meses. 

 
Autoavaliação do professor 
 
Ao  longo  da  etapa  de  Apropriação  de  Resultados,  avalie  as  contribuições  trazidas  por 
 
você para que os jovens conseguissem: 
 
 
. valorizar as contribuições singulares de cada membro do time. Os alunos conseguiram 

 identificar as contribuições de cada um ao longo do projeto?  
 . estabelecer relações entre a vivência no projeto e as demais dimensões da vida. Você 
 apoiou os alunos na significação da experiência, para que conseguissem fazer conexões 
 entre o que aprenderam e suas vidas, em especial, os planos que têm para o futuro?  
 . compartilhar a experiência com toda a escola. Você se mobilizou para a culminância do 
 projeto, um evento de compartilhamento das aprendizagens e resultados?  
 
 
 
 
   

36 
 
ANEXO 1 | INFOGRÁFICO EXPLICATIVO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO 
 

37 
 
Organização Cátedra UNESCO de Educação
das Nações Unidas e Desenvolvimento Humano
para a Educação, Instituto Ayrton Senna,
a Ciência e a Cultura Brasil

Organização Cátedra UNESCO de Educação


das Nações Unidas e Desenvolvimento Humano
para a Educação, Instituto Ayrton Senna,
a Ciência e a Cultura Brasil

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