Você está na página 1de 51

MÉTODOS DE MELHORAMENTO DE PLANTAS

ALOGÂMICAS E DE PROPAGAÇÃO VEGETATIVA

MSc. Engº. J. Acácio Alfredo


 As variedades de espécies alogâmicas reproduzidas por
semente são menos uniformes do que as das espécies
autogâmicas, com a excepção de variedades baseadas em
híbridos F1.

 Durante o programa de melhoramento é preciso chegar a um


compromisso entre:

 a necessidade de obter uniformidade na característica das variedades


comerciais e

 a conservação de um certo grau de homozigose para evitar efeitos do


inbreeding.
 Com base na estrutura genética, as variedades cultivadas das
espécies alogâmicas distinguem-se em duas categorias:

       Variedades de livre polinização


        Variedades híbridas

 Dentro de cada categoria, o objectivo de obter variedades


dotadas de
 valor agronómico
 uniformes
 estáveis e
 distintas no tempo e no espaço

 consegue-se de maneiras diferentes,


 com recurso a métodos que reproduzem artificialmente duas
situações naturais, que obedecem a dois princípios
fundamentais da genética:
  
 a) a lei do equilíbrio de Hardy-Weinberg para as variedades de
polinização livre;
 b) a lei da uniformidade dos híbridos F1 para as variedades
híbridas.

 Nos programas de melhoramento para estas espécies, usa-se


muito as provas de progénie (“progeny tests”).
 Consistem em avaliar o material parental através da sua
descendência, o que permite fazer a selecção com base no
genótipo e não no fenótipo.
 
 Na maior parte das espécies alogâmicas, a avaliação através
da descendência refere-se apenas ao genótipo materno, pois
o paterno é constituído por um “pool polínico” comum a toda
a população e portanto indiscriminado.

 Por isso é importante que durante as provas, o material


materno seja conservado para permitir que com base nos
resultados dos testes de progénie, se faça a selecção.
 Nas espécies polianuais a conservação do material
materno não é problemático, mas nas espécies
anuais, a conservação é feita através da semente de
autofecundação das plantas-mãe.

 Na aplicação prática dos resultados das provas de


progénie, devem estabelecer-se dois parâmetros
necessários a avaliação das linhas em selecção:  
 a aptidão geral à combinação (AGC)
 a aptidão específica à combinação (AEC)
 A AGC indica o comportamento médio de um genótipo
(planta, clone, linha pura) nas suas combinações híbridas.

 Diz-se que um genótipo tem alta AGC quando dá sempre


óptimas descendências quando cruzado com outro, qualquer
que seja o genótipo do outro.

 A AEC indica o comportamento do genótipo em cruzamentos


particulares e, serve para explicar os casos em que certas
combinações se apresentam melhores que as esperadas com
base no comportamento médio.
 
1. Progénies autofecundadas;

2. Progénies de livre polinização;

3. Progénies de policruzamento (poly-cross);


4. Cruzamento por linha, clone ou variedade (top-
cross);

5. Progénie de cruzamento simples (single-cross);


 A autofecundação determina uma notável redução de vigor,
para os carácteres quantitativos que manifestam dominância
e epistasia,

 portanto o recurso a autofecundação deve ser para os casos


de avaliação de carácteres que estão sob controlo genético de
tipo aditivo.

 As plantas são escolhidas com base fenotípica,


pouco antes da floração, no interior duma
população e, são isoladas para obter sementes de
autofecundação.
 A semente colhida de cada planta é usada
para semear a prova de progénie.

 Com base nos resultados da prova são


escolhidos os genótipos superiores.
 São as que se obtém da semente de uma
planta, de uma linha pura ou de uma estirpe
clonal após a polinização não controlada.

 Estas progénies permitem avaliar com


segurança o valor genético das plantas e a sua
aptidão geral à combinação, embora a fonte
de pólen não seja controlada.
 Difere da progénie anterior porque a fonte de pólen é
fornecida exclusivamente por plantas seleccionadas.

 Realiza-se clonando as plantas-mãe, escolhidas


anteriormente com base nas suas características
fenotípicas e transplantando ao acaso os clones em
repetições numerosas (10-20), num campo isolado, de
modo que se cruzem apenas entre sí.

 A casualização faz com que cada genótipo receba


amostras de pólen o mais homogêneas possíveis e a
clonagem assegura a produção de quantidades de
sementes suficientes para as provas
A prova de progénie faz-se com a semente
reunida, colhida nos clones de cada planta-
mãe.

 Com base nos resultados, são escolhidas as


melhores plantas-mãe.
 A semente a ser usada na prova de progénie pode ser
fornecida por uma linha pura emasculada ou por
clones;

 Escolhe-se também uma variedade comercial, bem


conhecida e difundida na zona, que funciona como
“tester”.

 Semeia-se alternadamente filas da variedade tester e


da linha pura ou clone. Deve-se assegurar que a
quota de autofecundação durante o período em que
as linhas estão no campo seja mínima.
 A semente obtida, reunida por clones ou por linhas
puras emprega-se nas provas de progénie, e, com
base nos resultados pode-se concluir sobre a AGC e
proceder a selecção.

 Se o tester utilizado for uma linha pura ou um clone,


em vez de uma variedade com base genética ampla,
o resultado do teste de progénie pode dar indicações
sobre a AEC, tanto dos materiais a seleccionar como
do tester utilizado.
 Consiste em fazer todos os cruzamentos individuais
possíveis entre um certo número de linhas puras,
estirpes clonais ou outros materiais.

 O esquema utilizado em geral é o cruzamento


dialélico (exclue-se as autofecundações e
cruzamentos recíprocos).

 Com o single-cross obtém-se indicações tanto da


AGC como da AEC. Cada cruzamento individual
indica a AEC, enquanto que a média de todos os
cruzamentos de um particular genótipo indica a AGC.
 O método só é praticável quando os genótipos
a avaliar não são muitos e, usa-se em geral na
fase final dum programa de melhoramento.
1. Selecção massal
2. Selecção fenotípica
3. Melhoramento por linhas
4. Selecção recorrente
a)    Selecção recorrente simples
b)    Selecção recorrente para a AGC
c)    Selecção recorrente para a AEC
d) Selecção recorrente recíproca
1. Selecção massal
2. Selecção fenotípica
3. Melhoramento por linhas
4. Selecção recorrente
a)    Selecção recorrente simples
b)    Selecção recorrente para a AGC
c)    Selecção recorrente para a AEC
d) Selecção recorrente recíproca
 É parecida com a que se faz nas plantas autogâmicas.

 A semente obtida por polinização, produzida por


indivíduos fenotipicamente superiores de uma população
com variabilidade genética, é colhida e misturada para dar
lugar a geração seguinte.

 O método tem por fim aumentar a frequência dos genes


desejados nas populações que se pretende seleccionar.

 O método é eficaz para o melhoramento de características


qualitativas e quantitativas com elevada hereditariedade.
 Muito empregue em espécies polianuais onde seja
possível quer a propagação vegetativa, quer a
propagação por semente.

 As plantas seleccionadas são clonadas, reproduzidas


num campo isolado, onde não possa chegar pólen
estranho, de modo que a polinização aconteça só
entre plantas seleccionadas.
 
 Controla tanto o fenótipo da planta-mãe como a
fonte de pólen, e por isso, pode conseguir mais
progresso que a selecção massal clássica.
A semente obtida da livre polinização, colhida
dos fenótipos superiores no interior de uma
população inicial,

é utilizada para efectuar provas de progénie


que permitam localizar as linhas provenientes
das plantas-mãe melhores.

 Com base nos resultados obtidos, pode-se


actuar de dois modos:
a) Se a prova de progénie for feita com apenas uma parte
da semente obtida das plantas-mãe, enquanto a outra
parte se mantém separada, o lote de semente inicial da
nova variedade será constituído reunindo a semente
separada das plantas que tiverem dado as melhores
progénies;

b) Se a prova de progénie for feita com toda a semente


obtida da planta-mãe, o lote de semente inicial será
constituído colhendo directamente e reunindo a
semente proveniente da livre polinização produzida nas
progénies melhores
 Define-se como um esquema cíclico de selecção
efectuado para aumentar a frequência dos genes
favoráveis presentes numa população inicial e ter depois
maiores possibilidades de extrair dos materiais
seleccionados, genótipos superiores.
 As plantas heterozigóticas de uma população são
avaliadas contemporaneamente para um ou mais
caracteres.
 Os indivíduos fracos para os caracteres que se
pretende melhorar eliminam-se. As plantas superiores
são autofecundadas ou propagadas clonalmente.
 Fazem-se depois todos os cruzamentos possíveis
entre as progénies das plantas superiores, ou
deixam-se cruzar livremente progénies auto
fecundadas ou clones seleccionados.

 A população resultante deste cruzamento serve


como fonte para o ciclo sucessivo de selecção e
intercruzamento.

 Esta população é denominada Sintética


Experimental.
 Vantagem:
 Baixa quota de inbreeding: devida a alternância entre
a aufofecundação e intercruzamento e a ampla base
genética das populações seleccionadas.
 O sucesso depende dos genes presentes na
população original.
Pode ser aplicado seguindo 4 processos diversos:
      Selecção recorrente simples
      Selecção recorrente para a AGC
      Selecção recorrente para a AEC
      Selecção recorrente recíproca
 As plantas são seleccionadas com base em avaliação
fenotípica de plantas individuais ou das suas
progénies autofecundadas.

 As provas de progénie deste tipo de selecção


chamam-se test-cross e são semelhantes ao top-
cross, as plantas a serem testadas são cruzadas com
um tester e a semente que se obtém serve para as
provas de progénie.

 O uso deste método limita-se aos carácteres de


elevada hereditariedade
 No ano 1, dentro da população inicial, selecciona-se
fenotipicamente as plantas superiores para o
carácter que interessa, essas plantas são depois auto
fecundadas.
 
 No ano 2, com as sementes obtidas pela
autofecundação, constituem-se progénies por
espiga-fila, que se cruzam em todas as fecundações
possíveis.
 No ano 3, a semente híbrida obtida no 2º ano,
mistura-se e semeia-se para se obter uma população
onde se vai escolher as plantas melhores para serem
autofecundadas. 
 No 4º ano o procedimento é igual ao do 2 ano

 A selecção continua por alguns ciclos até se


obterem os resultados desejados.
 No ano 1, escolhem-se cerca de 100 ou mais plantas,
dentro da população inicial. O pólen de cada uma
destas plantas utiliza-se em parte para autofecundar
as plantas dos quais foi colhido e, em parte para
polinizar 6 – 7 plantas numa população de base
genética ampla que serve de “tester”.

 Na altura da colheita, mistura-se a semente híbrida


obtida de cada grupo de 6 – 7 plantas do “tester” de
modo a ter a disposição tantos lotes de semente
híbrida, quantas eram as plantas seleccionadas com
base fenotípica na população inicial.
 A semente proveniente da autofecundação
produzida nas plantas escolhidas é colhida
separadamente por cada planta e conservada.
 No ano 2, numa experiência especial, são
examinados os lotes de semente híbrida obtida no
ano 1.
 No ano 3, semeia-se em espiga-fila a semente obtida
no ano 1 por autofecundação, utilizando apenas a
semente colhida nas plantas cujas progénies híbridas
deram a produção mais elevada na prova efectuada
no ano 2.
 Faz-se depois o intercruzamento manual entre as
progénies ou deixa-se a polinização livre.

 No ano 4, inicia um novo ciclo de selecção, onde a


população de base é representada pela mistura da
semente obtida no ano 3. Dentro desta população
faz-se uma nova selecção com base fenotípica. As
plantas escolhidas são autofecundadas e
simultaneamente cruzadas com o mesmo tester
usado no ano 1.

 Prossegue-se depois da mesma maneira que no ciclo


de selecção precedente.
O plano de melhoramento é igual ao previsto
para a selecção para a AGC, a diferença é no
tipo de tester usado. No caso presente, o
tester é uma linha pura ou um híbrido
simples, isto é, um material de base
genética estreita.
 O material de base são duas populações (A e B),
geneticamente diversas entre sí.
 No ano 1, autofecunda-se cerca de 200 plantas da
população A e 200 plantas da população B, seleccionadas
com base fenotípica.
 Ao mesmo tempo, o pólen de cada uma das plantas auto
fecundadas de A é usado para polinizar grupos de 5
plantas colhidas ao acaso da população B e vice-versa.
 Teremos assim, 1200 plantas de cada população, sendo
200 autofecundadas e 1000 cruzadas em grupos de 5 com
as 200 da outra população.
 Na colheita, constituem-se os seguintes lotes de
sementes:

 200 lotes de semente autofecundada de A


 200 lotes de semente autofecundada de B
 200 lotes de semente por cruzamento de A com as 5
plantas de B
 200 lotes de semente por cruzamento de B com 5
plantas de A
 200 progénies de cruzamento de A
 200 progénies de cruzamento de B
 Os lotes de semente por cruzamento são constituídos
reunindo a semente produzida pelas 5 plantas cruzadas
com a mesma fonte polínica.

 No ano 2, enquanto os lotes de autofecundação são


conservados, as progénies dos cruzamentos feitos no ano
1 são utilizadas para organizar dois ensaios agronómicos.

 No ano 3, retoma-se a semente autofecundada obtida no


ano 1 das plantas autofecundadas da população A e B
cujas progénies por cruzamento resultaram superiores
nas provas agronômicas do ano 2.
 Com esta semente, constituem-se 2 campos
distintos e isolados: 1 para as progénies por
autofecundação de A e outro para as
progénies de autofecundação das plantas B.

 Em cada campo faz-se manualmente todos os


cruzamentos possíveis entre as progénies ou
deixa-se a polinização livre.
 Nos anos 4, 5 e 6, repete-se os processos
seguidos no ano 1, 2 e 3,

 usando como material de base a mistura de


semente produzida no ano 3 pelo cruzamento
das progénies autofecundadas de A e de B,
respectivamente.

 As duas novas populações são indicadas como


A´ e B´.
1. Nas plantas polianuais que se propagam também
vegetativamente, não é necessário recorrer a
autofecundação e o material genético das plantas que se
usam nas provas com o test-cross, reproduz-se clonando
as plantas.

Em cada ciclo de selecção, em vez de intercruzar as


progénies autofecundadas, junta-se num campo
isolado de policruzamento as plantas-mãe
clonadas que deram os melhores resultados nas
provas de progénie.
2. As populações obtidas pelos vários processos
de selecção recorrente são utilizadas para a
constituição de novas variedades sintéticas ou
para extrair, depois da autofecundação, linhas
puras que tenham uma elevada aptidão a
combinação, para a constituição de híbridos.

Fim

Você também pode gostar