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Ministério da Educação

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica


Instituto Federal Catarinense
Campus Rio do Sul

ALANA MACHADO COSTA

VIGOR DE SEMENTES E TESTES DE VIGOR: Revisão

Rio do Sul
2022

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Vigor

A falta de uma estreita relação entre a germinação obtida em laboratório e a


emergência em campo foi responsável pelo desenvolvimento do conceito de vigor. Em relação
ao termo vigor, convém diferenciar dois aspectos, o genético e o fisiológico. O vigor genético
é aquele observado na heterose ou nas diferenças de vigor entre duas linhagens, enquanto o
fisiológico é observado entre lotes de uma mesma linhagem genética, cultivar ou espécie.
Entretanto, o vigor fisiológico depende não apenas do vigor genético, mas também, das
condições a que são submetidas as plantas e as sementes que estas irão produzir.
Em 1977, a ISTA adotou o seguinte conceito para vigor que diz que “vigor de
sementes é a soma daquelas propriedades que determinam o nível potencial de atividade e
desempenho de uma semente ou de um lote de sementes durante a germinação e a emergência
da plântula”, sendo que esse “nível potencial de atividade e desempenho” pode ser qualquer
um, determinado pelo nível de vigor das sementes, que também pode ser qualquer um, entre os
extremos muito baixo ou muito alto.
Os fatores que afetam o vigor de sementes

➢ Genético;
➢ Condições ambientais;
➢ Estádio de maturação da semente;
➢ Danos mecânicos;
➢ Microrganismos e insetos;
➢ Condições ambientais durante o armazenamento;
➢ Densidade e tamanho da semente;
➢ Idade da semente;
Objetivos dos testes de vigor

A. Avaliar ou detectar diferenças significativas na qualidade fisológica de lotes


com germinação semelhantes, complementando as informações fornecidas
pelo teste de germinação;
B. Distinguir com segurança, lotes de alto dos de baixo vigor;

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C. Separar ou classificar lotes em diferentes níveis de vigor, de maneira
proporcional ao comportamento quanto à emergência das plântulas,
resistência ao transporte e potencial de armazenamento.

Testes de vigor baseado no desempenho das plântulas

Velocidade de germinação

Este método se baseia no princípio de que os lotes que apresentam maior velocidade
de germinação de sementes são os mais vigorosos, ou seja, que há uma relação direta ente a
velocidade e o vigor de sementes.
Os materiais e equipamento necessários são os mesmos utilizados para o teste de
germinação, seguindo-se para estes as especificações e as recomendações contidas nas Regras
para Análise de Sementes (RAS), podendo ser estabelecido conjuntamente com o teste de
germinação.
As avaliações das plântulas são realizadas diariamente, à mesma hora, a partir do
dia em que surgem as primeiras normais. Essas plântulas são computadas e retiradas do
substrato até o último dia de contagem. Ao fim do teste, calcula-se a velocidade de germinação
empregando fórmulas como:
Índice de velocidade de germinação:
𝐺1 𝐺2 𝐺𝑛
𝐼𝑉𝐺 = + + ⋯+
𝑁1 𝑁2 𝑁𝑛
Interpretação dos resultados: quanto maior o valor obtido, maior o vigor do lote.

Velocidade de germinação (dias):


(𝑁1 + 𝐺1 ) + (𝑁2 + 𝐺2 ) + ⋯ + (𝑁𝑛 + 𝐺𝑛 )
𝑉𝐺 =
𝐺1 + 𝐺2 + ⋯ + 𝐺𝑛
Interpretação dos resultados: quanto menor o valor obtido, maior o vigor do lote.

Coeficiente de velocidade de germinação:


𝐺1 + 𝐺2 + ⋯ + 𝐺𝑛
𝐶𝑉𝐺 = ∗ 100
𝑁1 + 𝐺1 + 𝑁2 + 𝐺2 + ⋯ + 𝑁𝑛 + 𝐺𝑛
Interpretação dos resultados: quanto maior o valor obtido, maior o vigor do lote.

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Primeira contagem de germinação

O teste de primeira contagem tem o objetivo de determinar o vigor relativo do lote,


avaliando a percentagem de plântulas normais que são obtidas por ocasião da primeira
contagem do teste de germinação na amostra em análise. Baseia-se no princípio de que as
amostras que apresentam maior porcentagem de plântulas normais, na primeira contagem,
estabelecidas pelas Regras de Análise de Sementes (RAS), são mais vigorosas.
Os materiais e equipamento necessários são os mesmos utilizados para o teste de
germinação, seguindo-se para estes as especificações e as recomendações contidas nas Regras
para Análise de Sementes (RAS), podendo ser estabelecido conjuntamente com o teste de
germinação. Deve-se definir o tamanho da plântula normal a ser retirada.
Os dados obtidos de plântulas normais na primeira contagem, são empregados para
calcular a percentagem para cada repetição, sendo a média aritmética das quatro repetições, o
resultado válido para a amostra representativa do lote. O lote que apresentação uma maior
porcentagem de plântulas normais na primeira contagem é o mais vigoroso.

Crescimento das plântulas

A uniformidade e a rapidez de emergência de plântulas são importantes


componentes dentro da conceituação atual de vigor de sementes. Pode-se avaliar o crescimento
das plântulas determinando o comprimento da plântula ou de parte desta mensurando o peso da
matéria seca do eixo embrionário da plântula.
Na avaliação do crescimento da plântula, tanto a mensuração do comprimento como
a determinação do peso de matéria seca, por serem medidas de grandezas física (dimensão e
massa), independem de subjetividade do analista, o que torna estes testes mais fáceis de
reprodutibilidade, desde que as condições e os procedimentos sejam bem definidos.

Comprimento da plântula

A determinação do comprimento médio das plântulas normais ou das partes destas


é realizada, tendo em vista que as amostras que apresentam os maiores valores médios são as
mais vigorosas. Este teste visa determinar o vigor relativo do lote de sementes, avaliando o
comprimento médio de plântulas normais ou de suas partes (raiz primária, hipocótilo, epicótilo,

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plúmula), quando postas a germinar sob condições controladas de ambiente me laboratório, em
geral idêntica às empregadas no teste padrão de germinação.
Este teste pode ser realizado em rolo de papel (RP) ou sobre papel (SP) em gerbox,
empregando, no mínimo, quatro repetições por amostra. Coloca-se de 10 a 20 sementes no
substrato pré-umedecido com a radícula para baixo.
O comprimento médio da plântula ou da sua parte eleita é obtido somando as
medidas tomadas de cada plântula normal, em cada repetição ou subamostra, e dividindo, a
seguir, pelo número de plântulas normais mensurados. O resultado é expresso e mm, com uma
casa decimal. O valor do comprimento médio da plântula ou da sua parte, de cada lote, será a
média aritmética das repetições ou das subamostras.

Peso da matéria seca da plântula

A determinação do peso da matéria seca da plântula é uma maneira de avaliar o


crescimento da planta, onde se consegue determinar, com certa precisão, a transferência de
matéria seca dos tecidos de reserva para o eixo embrionário.
O objetivo do teste é determinar o vigor relativo do lote de sementes, avaliando o
peso médio da matéria seca das plântulas normais provenientes de sementes que foram postas
a germinar sob condições controladas de ambiente me laboratório, em geral idênticas às
utilizadas no teste de germinação padrão. Este teste é instalado com a mesma metodologia
descrita para Comprimento de Plântulas, diferindo apenas na avaliação.
As amostras que apresentam os maiores pesos médios de matéria seca de plântula
são as mais vigorosas, ou seja, são oriundas de lotes de sementes mais vigorosas. Deve-se
interpretar os resultados dentro de cada genótipo.

Classificação do vigor da plântula

Pela classificação de plântulas normais em duas categorias, normais fortes


(vigorosas) e normais fracas (pouco vigorosas), procura-se fazer a separação entre lotes, cujas
sementes apresentam pequenos problemas (menos vigorosas) daqueles que não os apresentam
ou possuem menor intensidade (maior vigor). Assim sendo, os lotes originam maiores
percentuais de plântulas normais fortes (vigorosas) são os mais vigorosos.

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O objetivo deste teste é determinar o vigor relativo do lote avaliando o percentual
de plântulas normais vigorosas, normais fortes, obtido pela classificação das plântulas normais
do teste de germinação.
O teste de classificação de vigor de plântulas é baseado no teste padrão de
germinação, portanto os equipamentos e os materiais necessários são os mesmos empregados e
descritos nas Regras para Análise de Sementes, para a avaliação da germinação.
A amostras que apresentarem maior porcentagem de plântulas normais fortes são
as mais vigorosas. Assim, o lote com maior proporção de plântulas normais fortes apresenta
melhores condições de emergir e produzir plantas normais, em condições adversas de campo.

Teste de envelhecimento acelerado

O vigor das sementes é o reflexo de um conjunto de características que determinam


o seu potencial fisiológico, ou seja, a capacidade de apresentar desempenho adequado quando
expostas a diferentes condições de ambiente.
O teste de envelhecimento tem como base o fato de que a taxa de deterioração das
sementes é aumentada consideravelmente através de sua exposição a níveis muito adversos de
temperatura e umidade relativa, considerados os fatores ambientais preponderantes na
intensidade e velocidade de deterioração.
O objetivo dos testes de vigor é a identificação precisa de “diferenças importantes”
na qualidade fisiológica dos lotes comercializáveis, principalmente entre os que possuem poder
germinativo semelhante. É fundamental o estabelecimento prévio de objetivos para a condução
do teste, pois condições muito drásticas podem induzir o aparecimento de diferenças de “vigor”
entre as amostras que, posteriormente, não se manifestam em campo e/ou no armazém.
O teste de envelhecimento acelerado pode ser utilizado como ferramenta muito
importante, para auxiliar a tomada de decisões em diferentes etapas da produção e do uso das
sementes, incluindo os trabalhos de melhoramento genérico. Entre os possíveis usos, destacam-
se:
➢ Avaliação do potencial de emergência das plântulas em campo (seleção de lotes para
a semeadura);
➢ Identificar diferenças de potencial fisiológico entre as amostras com germinação
semelhante;
➢ Avaliação do potencial de armazenamento;

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➢ Programas de controle de qualidade;
➢ Auxílio a métodos de seleção durante o melhoramento de plantas.

Teste de condutividade elétrica

O valor de condutividade elétrica, medido em função da quantidade de lixiviados


na solução de embebição das sementes, está diretamente relacionado à integridade das
membranas celulares, tendo sido proposto como um parâmetro de avaliação do vigor de
sementes.
A organização das membranas celulares sofre alterações em função do
desenvolvimento das sementes até atingir a maturidade fisiológica. Assim, após a maturidade
fisiológica, a semente atinge uma condição de baixo teor de água, a qual é variável em função
das condições ambientais. Logo, após a secagem da semente, as membranas celulares sofrem
um processo de desorganização estrutural, estando tanto mais desorganizadas quanto menor for
o teor de água na semente, perdendo, temporariamente, a sua integridade organizacional.
Desse modo, a integridade das membranas celulares, variável em função do grau de
alterações bioquímicas deteriorativas e/ou danos físicos, podem ser consideradas como
fundamental causa de alterações do nível de vigor de uma semente, o qual pode ser
indiretamente avaliado usando-se de determinações da condutividade elétrica na solução de
embebição de sementes.
A capacidade de reorganização das membranas celulares e de reparar certo nível de
dano é maior para sementes de mais alto vigor, em comparação àquelas de menor nível de vigor.
Como consequência, tem-se menor valor para a condutividade elétrica da solução de embebição
de sementes de maior vigor comparada àquelas de menor vigor.

Teste de Tetrazólio

No sistema de controle de qualidade de sementes, o teste de tetrazólio tem assumido


uma posição de destaque para algumas culturas, devido principalmente ao grande número de
informações fornecido pelo teste. Além da viabilidade, ele propicia informações valiosas sobre
o vigor, além de possibilitar o diagnóstico dos principais problemas que podem afetar a
qualidade das sementes.

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O teste de tetrazólio baseia-se na atividade das enzimas desidrogenases, as quais
catalisam as reações respiratórias nas mitocôndrias, durante a glicólise e o ciclo de Krebs. Estas
enzimas, particularmente a desidrogenase do ácido málico, reduzem o sal de tetrazólio nos
tecidos vivos. Quando a semente é imersa na solução incolor de tetrazólio, esta é difundida
através dos tecidos, ocorrendo nas células vivas a reação de redução que resulta na formação
de um composto vermelho, estável e não-difusível, conhecido como trifenilformazan.
Quando o tetrazólio é reduzido, indica que há atividade respiratória nas
mitocôndrias, significando que há viabilidade celular e do tecido. Tecidos não viáveis não
reagem e consequentemente não são coloridos.
Vantagens:
➢ O teste não é afetado por diversas condições que podem afetar o teste padrão de
germinação;
➢ Foca atenção às condições físicas e fisiológicas do embrião de cada semente
individualizada;
➢ Permite rápida avaliação da viabilidade e do vigor;
➢ Permite identificação de diferentes níveis de viabilidade;
➢ Fornece diagnóstico de causa da queda de viabilidade das sementes;
➢ O equipamento necessário é simples e barato;
➢ Um analista experiente pode ter um rendimento de quatro a cinco amostras por hora
de trabalho;
Desvantagens:
➢ Requer treinamento especial sobre a estrutura embrionária da semente e sobre técnicas
de interpretação;
➢ É relativamente tedioso, uma vez que as sementes são avaliadas uma a uma,
requerendo experiência e paciência;
➢ Embora seja um teste relativamente rápido, ele consome um maior número de
homem-hora que o teste de germinação padrão;
➢ Não mostra a eficácia de tratamentos químicos, nem as injúrias que estes possam
causar;
➢ Requer do analista capacidade de decisão pelas características do teste.

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Referências

KRZYZANOWSKI, Francisco Carlos; VIEIRA, Roberval Daiton; FRANÇA NETO, José de


Barros (ed.). Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999. 218 p.

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