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Ética contemporânea

EXISTENCIALISMO
Existencialismo: as filosofias da existência

• O termo existencialismo designa o conjunto de tendências filosóficas


que, embora divergentes em vários aspectos, têm na existência
humana o objeto principal de suas reflexões.

• Dentre os principais existencialistas destacam-se Martin Heidegger e


Jean Paul Sartre, bem como, Simone de Beauvoir.

• Há ainda os filósofos que iniciaram as problemáticas próprias do


existencialismo, dentre eles Arthur Schopenhauer, Sören Kierkargaard
e Friedrich Nietzsche.
Traços essenciais do existencialismo.

A EXISTÊNCIA PRECEDE A ESSÊNCIA

• O existencialismo afasta-se das filosofias otimistas.


• Fala do homem concreto, na individualidade da sua existência.
• A existência é o modo de ser do homem: o homem é um “poder ser” uma
incerteza, aberto às possibilidades e à liberdade.
• A liberdade absoluta gera angústia: Diante do absurdo e da gratuidade da
existência o homem se vê solitário com suas escolhas.
Sören Kierkergaard

Kierkergaard (1813-1855): filósofo dinamarquês representante do


existencialismo cristão.

• A existência finita do indivíduo não se caracteriza pela


superação hegeliana, mas pela escolha.
• O animal - tem essência – reino do necessário – é determinado.
• O homem – possui existência – reino da liberdade. O homem
escolhe o que se torna.
A ANGÚSTIA

A existência é Liberdade, é possibilidade de escolher o que se torna (de escolher e


se perder, de não escolher e ficar parado…)
A possibilidade obriga a escolher e gera angústia.

A angústia caracteriza a condição humana. Quem


vive no pecado se angustia pela possibilidade do
arrependimento; quem vive tentando libertar-se do
pecado, vive na angústia de nele recair.
Mas o importante é compreender que a angústia
forma. Ela prepara o “cavaleiro da fé”. Edvard Munch – Separation, 1896
Na opinião de Kierkergaard alguém que abraçou o ideal
cristão com a seriedade do cristianismo não pode viver a
tranquila existência do homem casado. Não pode aceitar o
compromisso mundano (…) Regina não podia tornar-se sua
esposa “porque Deus tinha precedência”. Segundo
Kierkergaard os homens querem “viver tranquilos e
atravessar felizmente o mundo”. Esta é a razão pela qual
“toda a cristandade é um disfarce”.
Giovanni Reale.
O desespero: é a culpa do homem que não sabe aceitar a
si mesmo. Para Kierkergaard “o desesperado está
mortalmente doente”. O desespero brota do não querer se
aceitar como estando nas mãos de Deus, pois, negando a
Deus o homem “afasta-se do único poço do qual pode obter
Edvard Munch – O Grito – 1893 água”.

• A autêntica existência é aquela que está disponível para o amor de Deus, a


existência daquele que não crê mais em si mesmo, mas somente em Deus.

• A fé em Deus faz o homem entrar em conflito com este mundo. Do ponto de vista
cristão, o objetivo desta vida é ser levado ao mais alto grau do tédio da vida.
Quando chegamos neste ponto estamos maduros para a eternidade.
Os três estágios da existência humana

• Estético: No estágio estético o homem se abandona à imediatidade, não há uma aceitação


consciente de um ideal. Aqui o homem vive dispersando-se na multiplicidade, dissipando-se no
prazer, sem autêntico empenho ético. Exemplo: Don Juan.

• Ético : Por meio da tomada de consciência o homem dá um salto entre os estágios.O estágio ético
é caracterizado não mais pelo indivíduo que busca o prazer, trata-se aqui do indivíduo que ordena
sua vida em relação ao cumprimento do dever. Esse estágio prepara o indivíduo para o terceiro
estágio. Exemplo: o marido fiel e trabalhador.

• Religioso:O último estágio proposto por Kierkegaard, é o que vai além do estágio ético e é o
ponto mais alto a que se pode chegar; é, portanto, o estágio onde se efetiva a realização do
indivíduo. A vida de fé é a forma autêntica da existência finita. É o encontro do indivíduo com a
individualidade de Deus. O estágio religioso suspende o estágio ético quando o indivíduo estiver
diante de uma escolha que implica em uma finalidade maior. O exemplo que Kierkegaard oferece
é o de Abraão que aceita sacrificar seu filho para que se cumpra a promessa da divindade na qual
ele acredita.
O exemplo de Abraão.

Se o homem não possuísse consciência eterna, se um poder selvagem e efervescente produtor


de tudo, grandioso ou fútil, no torvelinho das paixões obscuras, existisse só no fundo de todas
as coisas; se sob elas se escondesse infinito vazio que nada pudesse encher, que seria da vida
senão o desespero? (...)
Mas Abraão acreditou sem jamais duvidar. Acreditou no absurdo. Se tivesse duvidado, agiria de
outro modo, teria mesmo realizado um ato magnífico. Acaso poderia ter feito outra coisa?
Dirigir-se-ia à montanha de Morija; partida a lenha, teria acendido a pira, puxado da faca e
gritado assim a Deus: Não menosprezes este meu sacrifício; de todos os meus bens não é este
o mais precioso, bem o sei; que significa de fato a vida de um velho em comparação com a
do filho da promessa? Mas é o melhor que posso oferecer-te. Faze com que Isaac nunca de tal
se aperceba para que a juventude o conforte. Depois enterraria a faca no próprio peito. O
mundo tê-lo-ia admirado e nunca o seu nome seria esquecido; mas uma coisa é suscitar justa
admiração e outra ser a estrela que guia e salva o angustiado.

(KIERKERGAARD – Elogio de Abraão, retirado de Temor e Tremor)


• Sugestão de leitura: Livro didático páginas 267 a 269.

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