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UNIVERSIDADE KATYAVALA BWILA

Faculdade de Economia

Departamento de Ensino e Investigação em Ciências


Sociais

Licenciatura em Gestão de Empresas – Ciclo Básico

Disciplina: SOCIOLOGIA

RESUMO DAS AULAS

PROF. JOSÉ BOYMUQUE


SOCIOLOGIA

É melhor estudar, yah..?


Advertência:
1. Este resumo não substitui nem tão pouco dispensa a leitura da bibliografia
recomendada;
2. O objectivo é servir de guia de estudo do estudante por meio dos sumários das
aulas;
3. A frequência as aulas é indispensável e valorizada;
4. Expõem-se aqui tópicos, cujos conteúdos encontram-se nos livros.
2
SOCIOLOGIA
Sumário do Programa Temático

Capítulos:

1. A Sociologia como ciência social

2. Indivíduo Cultura e Sociedade

3. Estrutura e Organização Social

4. Estratificação e Desigualdade Social

5. Instituições Sociais
SOCIOLOGIA
Bibliografia Básica/Obrigatória
SOCIOLOGIA
Avaliação

Serão considerados os seguintes elementos de avaliação:

Participação nas aulas;

Dois testes escritos obrigatórios, a realizar durante o semestre (calendarização do


Departamento);

Um trabalhos em grupo:
Grupos de 7 pessoas no máximo
É obrigatório apresentar exemplos da realidade angolana
Apresentação dos trabalhos na aula seguido de debate (perguntas e respostas)
Vinte minutos no máximo por apresentação (penalizações...)
Apresentações obrigatórias em Power Point (valoriza-se a criatividade)

Exame final oral obrigatório (caso não obtenha nota igual ou superior a 14 na avaliação
continua

5
Capítulo 1

A Sociologia como Ciência


Social

6
Capítulo 1 – A Sociologia como Ciência Social
Unidade I: A Sociologia como Ciência Social
Objectivos específicos:
Contextualizar a Sociologia no conjunto das Ciências Sociais
Apresentar a conjuntura de surgimento da Sociologia, os seus fundadores e correntes
Aprender os métodos da Sociologia e sua importância no estudo da sociedade

Conteúdos Programáticos da Unidade:


1. O estudo da Sociologia
2. Os fundadores: August Comte, Emile Durkhiem, Max Weber, Karl Marx
3. As correntes: positivismo, funcionalismo, interpretativismo, interacionismo
simbólico e o conflito
4. Objecto de estudo: facto social e acção social; Micro e Macrossociologia
5. Unidade e pluralidade das ciências sociais: as várias ciências sociais
6. Metodologia: método histórico, comparativo, estatístico, funcionalista,
monográfico, etc.
7. As técnicas de recolha de dados: inquérito, entrevistas, observação, etnografia, etc.

Trabalho Independente do Estudante:


Debater a relação entre Economia, Gestão e Sociologia; avaliar o ensino em Angola;
escolher um problema social angolano e referir como a Sociologia pode auxiliar na sua
resolução;
Bibliografia: “Sociologia” de Anthony Giddens (Ler o 1º e o 20º capítulos).
Capítulo 1 – A Sociologia como Ciência Social

Porque estudar Sociologia?


O estudo da Sociologia

Imaginação Sociológica (Charles Wright Mills)


Abstrairmo-nos das rotinas familiares da vida quotidiana de maneira a poder olhá-las de
forma diferente.

Pensar sociologicamente: olhar mais além, significa cultivar a imaginação


Um sociólogo é alguém capaz de se libertar do quadro das suas circunstâncias pessoais
e pensar as coisas num contexto mais abrangente

Problema pessoal – Tendência social – Problema social – Problema sociológico

É tarefa da Sociologia investigar as relações entre o que a sociedade faz de nós e o que
nós fazemos de nós próprios.

Como pode a Sociologia ajudar-nos na nossa vida?


Consciência de diferenças culturais
Avaliação dos efeitos das políticas
Auto-consciencialização p
Capítulo 1 – A Sociologia como Ciência Social
Os Fundadores
Os fundadores: August Comte, Emile Durkhiem, Max Weber, Karl Marx
Curiosidade sobre o nosso comportamento é antiga (explicações religiosas, mitos, tradições).

A Sociologia surge no final do sec. XVIII e princípios do XIX, graças a:


A Revolução Francesa de 1789: triunfo das ideias e valores seculares (liberdade e a
igualdade, rompe a tradição)
Revolução Industrial – transformações económicas e sociais (novos avanços tecnológicos -
máquina a vapor e a mecanização).

Auguste Comte (1798-1857)


Viveu na França pós-revolução e preocupava-se com a organização da
sociedade...
Inventou o termo Sociologia: ciência da sociedade que pudesse explicar as
leis do mundo social
O positivismo defende que a ciência deve preocupar-se apenas com factos
observáveis que ressaltam directamente da experiência.
As provas empíricas retiradas da observação, da comparação e da
experimentação; só se pode afirmar o que se pode PROVAR...
A Lei dos três estádios de Comte postula que as tentativas humanas para
compreender o mundo passaram pelos estádios teológico, metafísico e
positivo.
Capítulo 1 – A Sociologia como Ciência Social
Os Fundadores

Emile Durkheim (1858-1917)


Defende que se deve estudar a vida social com a mesma objectividade das ciências naturais
Defende o Positivismo (objectividade, Comparação, Quantificação) e o Funcionalismo
A vida social podia ser analisada com o mesmo rigor com que se analisam objectos ou
fenómenos da natureza.

Sociologia estuda:
Factos sociais  são formas de agir, pensar ou sentir que são externas aos indivíduos e que
lhe são coercivos (são colectivos, exteriores, coercivos e gerais).
É tudo que é produzido na e pela sociedade (ex: casamento, criminalidade, suicídio...)
Não podem ser observados de forma directa, dado serem invisíveis e intangíveis, mas
podem ser pesquisados, medidos, classificados, experimentados...

Regras Metodológicas da Sociologia:


Devemos pôr de lado os preconceitos e a ideologia ao estudar factos sociais
Devemos estudar as coisas tal como elas são (não como gostaríamos..)
Explicar os factos sociais pelos factos sociais (não buscar causa extra-sociais)
Estudar os factos sociais como coisas

Consequências da Revolução Industrial e da Divisão do Trabalho:


Solidarieadade Mecânica e Orgânica
Capítulo 1 – A Sociologia como Ciência Social
Os Fundadores
Karl Marx (1818-1883)
Obra é rica em reflexões sociológicas, de história e economia (conceitos e teorias)
Mas não é considerado Sociólogo (rejeitva a Sociologia e dizia que defendia os burgueses)
Capital: qualquer activo (dinheiro, máquinas) investido
Capitalismo Sistema económico e social baseado na acumulação do capital
Classes sociais (Burgueses e Proletários)
Teoria do Conflito: conflito de classes como motor da História
Relacionamento entre as classes assenta na exploração, desigualdade
Mudança social: a concepção materialista da história
a mudança social é promovida acima de tudo por factores económicos (matéria)
Revolução socialista (os proletários unem-se, tomam o poder e toda a propriedade passa
para o Estado
Comunismo sociedade sem classes
As suas ideias causaram muita discussão na Sociologia
Capítulo 1 – A Sociologia como Ciência Social
Os Fundadores
Max Weber (1864-1920)
Rejeitou a concepção materialista da história de Marx
As ideias e os valores tinham o mesmo impacto sobre a mudança social que a matéria
Sociologia devia centrar-se na acção social, e não nas estruturas (factos sociais)
as ideias, valores e crenças tinham o poder de originar transformações
A estrututa social formada por complexa rede de acções recíprocas.

Objecto de Estudo da Sociologia:


Acção social  toda a conduta humana interna ou externa a que se atribui
intenção/significado. Tipo de acções: tradicional, sentimental, valorativa e racional
A tarefa da Sociologia era procurar entender/interpretar o sentido das acções

Cria o método TIPOLÓGICO:


Estudar a realidade por meio de ideal tipos (características salientes)

Defendia a tendência da Racionalização da Sociedade


Ex: a Burocraciaorganização social baseada em regras racionais e escritas
Capítulo 1 – A Sociologia como Ciência Social
As Correntes

As correntes: positivismo, funcionalismo, interpretativismo, interacionismo, conflito


Funcionalismo Interpretativismo Perspectiva do Conflito Interaccionismo
simbólico
defende que a Atenção ao papel Sublinha a importância preocupação: sentido
sociedade é um sistema desempenhado pela acção das estruturas na e linguagem linguagem
complexo cujas partes e pela interacção dos sociedade torna-nos seres auto-
conscientes
se conjugam para membros da sociedade na Rejeita o consenso Elemento-chave reside
garantir estabilidade e formação estruturas. centra a análise em no símbolo. Um
solidariedade. papel da Sociologia é questões de poder, símbolo é algo que
Pesquisar a relação procurar o significado desigualdade e luta. representa algo
entre as partes da acção e da Vê a sociedade como algo Dependemos dos
Estudar a função de que é composto por símbolos partilhados e
uma instituição ou
interacção social diferentes grupos que entendimentos nas
prática social é analisar Análise da maneira lutam pelos seus próprios interacções.
como os actores sociais Preocupa: interacção
a contribuição dessa interesses face-a-face e nos
instituição ou prática se comportam uns com Analisa as tensões entre contextos da vida
para a continuidade da os outros e para com a grupos dominantes e quotidiana, realçando a
sociedade sociedade. desfavorecidos da importância do papel
enfatiza a importância sociedade dessas interacções na
do consenso moral na Os grupos têm interesses criação da sociedade e
manutenção da ordem diferentes das suas instituições.
e da estabilidade na
sociedade
Capítulo 1 – A Sociologia como Ciência Social
Objecto de Estudo da Sociologia
Objecto de estudo: facto social e acção social; Micro e Macrossociologia
Objecto de Estudo
A Sociologia é o estudo da vida social humana, dos grupos e sociedades, comportamento
enquanto seres sociais. Estudo sistemático das relações sociais; Facto Social e Acção Social
Microssociologia Macrossociologia

Estudo do comportamento quotidiano em Debruça sobre sistemas sociais em


situações de interacção directa grande escala
Características Analise de indivíduos ou grupos pequenos A macro-análise é essencial para se
formas como as pessoas vivem o seu dia- poder compreender a base institucional
a-dia; Interacção face-a-face da vida quotidiana.

Exemplos Namoro, vizinhos, ciúme Sistema politico, ordem econômica,


criminalidade

Corrente Interpretativismo Funcionalismo


Interacionismo Simbólico Estruturalismo

Max Weber Auguste Comte


Autores Georges Mead Emile Durkheim

Interpretativismo Positivismo
Metodologia Qualitativa Quantitativa

Questionário; Comparação; Medição


Técnicas Observação; Entrevistas; Grupo Focal Estatísticas
Capítulo 1 – A Sociologia como Ciência Social
Unidade e Pluralidade das Ciências Sociais

Sociologia
Antropologia
Economia
Demografia História
Direito
Psicologia Social Direito Sociologia
História Homem
Pedagogia Psicologia
Relações Internacionais Social Economia
Política
Política
Gestão
Linguística...

Objecto Material O Homem Unidade: todas estudam o homem + com diferentes visão
Dificuldades:
Objecto Formal/Científico Não se pode fazer experiências laboratoriais
Dificuldades: Obejcto = Sujeito Intervenção da cultura, preconceitos, mitos…
As pessoas mudam os seus comportamentos
As pessoas têm emoções, sentimentos
Há que respeitar os valores e regras (Ética)…
Capítulo 1 – A Sociologia como Ciência Social
A Metodologia da Sociologia

Padadigmas Metodologias Tipos de Pesquisas Técnicas de Recolha


de Dados
Positivismo Quantitativa Exploratória Entrevistas
Qualitativa Descritiva Questionários
Interpretativismo Comparativo Explicativa Observação
Ontologia Histórico Quantitativa História de vida
Funcionalista Qualitativa Grupo focal
Axiologia Indução Bibliográfica Etnografia
Empirismo Dedução Documental Análise de conteúdo
Hipotectico-dedutivo Prática, Aplicada Análise documental
Pragmatismo Estatístico Experimental Técnicas projectivas
Monográfico Laboratorial Pesquisa-acção
Analítico-Sintético Estudo de caso
Estruturalista Monográfica
Teórica, de Campo
Metodológica
Transversal
Longitudinal
Original
Resumo
Capítulo 2
Indivíduo, Cultura e Sociedade
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade

Unidade II: Indivíduo, Cultura e Sociedade


Objectivos específicos:
• Perceber os tipos de socialização masculina e feminina;
• Conhecer os tipos de sociedades;
• Identificar as diferenças culturais e reconhecer a tolerância pelas diferenças culturais
Conteúdos Programáticos da Unidade:
1. Cultura e sociedade: definições e características
2. Valores, normas, papéis sociais e identidade
3. Diversidade e relativismo cultural, etnocentrismo e aculturação
4. A socialização, seus agentes e a formação da personalidade
5. Género e sexualidade: a socialização e as diferenças de género
6. Os tipos de sociedades: tradicional (caçadores, pastoris, agrárias) e moderna
7. A mudança social: conceito, características e factores de mudança
Trabalho Independente do Estudante:
Discutir os tipos de sociedade em Angola, discutir a diversidade cultural angolana e as
mudanças provocadas pela globalização; discutir os papéis sociais dos homens e mulheres.
Bibliografia: “Curso de Sociologia” de Mbangula Katúmua e “Sociologia” de Anthony
Giddens (2º capítulo).
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
Conceito de Cultura, Valores e Normas
A cultura de uma sociedade engloba tanto os aspectos intangíveis - as crenças, as ideias e
os valores que constituem o teor da cultura - como os aspectos tangíveis - os objectos, os
símbolos ou a tecnologia que representam esse conteúdo

Cultura vem do Francês – Culture  produzir, elaborar, fazer, cultivar…


A cultura refere-se aos modos de vida dos membros de uma sociedade, ou de grupos
pertencentes a essa sociedade; inclui o modo como se vestem, formas de casamento e de
família, padrões de trabalho, cerimónias religiosas e actividades de lazer...
Cultura: aspectos das sociedades humanas que são aprendidos e não herdados.
Características da Cultura:
Elementos produzidos, partilhados, aprendidos, colectivos (transmitidos pela comunicação)

Sociedade é um sistema de interrelações que envolve os indivíduos colectivamente


As culturas não podem existir sem sociedades. E nenhuma sociedade pode existir sem
cultura.
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
Conceito de Cultura, Valores e Normas
Valores As ideias que definem o que é importante, útil ou desejável, Ex:
Monogamia
Normas  as regras de comportamento que reflectem ou incorporam os valores.
As normas e os valores variam entre culturas
As normas e os valores culturais mudam frequentemente ao longo do tempo, ex: Só
casando!!! Será que ainda é válido???

Diversidade cultural
Diferenças de valores, normas e comportamentos entre as comunidades humanas
Ex: qual é a idade para se casar??
Monocultura (comunidade com uniformidade cultural, homogeneidade cultural)
Multicultural (diversidade cultural)

Subculturas: grupos étnicos ou linguísticos minoritários de uma sociedade ou


qualquer segmento da população que se distinga do resto da sociedade (Kuduristas)
Contraculturas - grupos que rejeitam a maior parte das normas e dos valores
vigentes numa sociedade
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
Cultura, Etnocentrismo e Aculturação
Etnocentrismo  consiste em julgar as outras culturas tomando como medida de
comparação a nossa

Relativismo Cultural  cada cultura tem de ser estudada segundo os seus próprios
significados e valores
Aculturação adoptar uma nova cultura...
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
A socialização, seus agentes e a formação da personalidade
Socialização  o processo pelo qual as pessoas aprendem o modo de vida da sociedade em
que vivem
A criança humana é a mais desamparada de todas as crias. Uma criança não consegue
sobreviver sozinha e sem ajuda, pelo menos durante os primeiros quatro ou cinco anos de
vida. A socialização não é uma espécie de «programação cultural», em que a criança absorve
de forma passiva as influências com as quais entra em contacto. A socialização é um processo
vitalício.

Socialização primária: decorre durante a infância e constitui o período mais intenso de


aprendizagem cultural. É aí que se forma a personalidade que lida com a socialização.
Socialização secundária: decorre desde um momento mais tardio na infância até à idade
adulta
Formação da Personalidade: começa logo aos 2 anos, influenciada pela “biologia” e
educação; pode mudar e vê-se pelos comportamentos...

Papéis sociais: expectativas socialmente definidas seguidas pelas pessoas de uma determinada
posição social. A personalidade (liberdade individual) interfere nos papéis...

Identidade: relacionada com os entendimentos que as pessoas têm a cerca de quem são e do
que é importante para elas
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
Género e sexualidade: a socialização e as diferenças de género
Identidade social (aquela que outros atribuem à alguém, identidades partilhadas...)
Identidade pessoal (cada um cria a sua noção de identidade)

Sexo refere-se às diferenças anatómicas e fisiológicas que definem o corpo


masculino e o corpo feminino.

Género entendem-se as diferenças psicológicas, sociais e culturais entre


indivíduos do sexo masculino e do sexo feminino; Género está associado a noções
socialmente construídas de masculinidade e feminilidade

Três grandes abordagens


1) Género e Biologia: A diferença é natural
Até que ponto as diferenças no comportamento dos homens e das mulheres provêm do sexo, em
vez do género?

Alguns autores defendem que os aspectos da biologia humana - hormonas aos cromossomas, do
tamanho do cérebro à genética - são responsáveis pelas diferenças congénitas no comportamento
entre homens e mulheres. Ex: desigualdade entre as mulheres e homens existem em todas as
sociedades.. Os homens são mais agressivos, têm mais parceiras sexuais...
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
Género e sexualidade: a socialização e as diferenças de género

2) Socialização do género:
Aprendizagem dos papéis de género com o apoio dos agentes
sociais: família e comunicação... As diferenças de género não são
determinadas biologicamente, mas geradas culturalmente.

Existem desigualdades de género, pois os homens e as mulheres são


socializadas em papéis diferentes.

Os funcionalistas têm favorecido as teorias da socialização do género:


papéis sexuais

Para os funcionalistas, os agentes de socialização contribuem para a


manutenção da ordem social ao supervisionar a socialização natural do
género nas novas gerações
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
Género e sexualidade: a socialização e as diferenças de género

Os brinquedos, os livros ilustrados e os programas de televisão para crianças


tendem a destacar as diferenças entre os atributos masculinos e femininos.

As personagens masculinas tendem a desempenhar papéis mais activos e


aventureiros, enquanto as femininas são representadas como figuras passivas,
expectantes e orientadas para as actividades domésticas.

Contudo, os seres humanos não são objectos passivos ou receptores


inquestionáveis de uma «programação» do género. As pessoas são agentes
activos que criam e modificam papéis para si mesmas.
Identidades do género são, em certa medida, fruto das influências sociais.

Crítica: as teorias da socialização ignoram a capacidade dos indivíduos para


rejeitar, ou modificar, as expectativas sociais que envolvem os papéis sexuais
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
Género e sexualidade: a socialização e as diferenças de género

As teorias da socialização e do papel do género têm sido alvo de criticas

3) A construção social do género e do sexo


Em vez de considerarem o sexo como um facto determinado biologicamente e o
género como um facto aprendido culturalmente, afirmam que se deveria considerar
tanto o sexo como o género enquanto produtos construídos socialmente.

A teoria de Freud sobre o desenvolvimento do género:


• teoria acerca da emergência da identidade de género. A aprendizagem das diferenças
de género nas crianças e nos jovens centra-se na presença ou na ausência do pénis
• a presença ou ausência do pénis é um símbolo de masculinidade e de feminilidade.

A teoria de Nancy Chodorow sobre o desenvolvimento do género: afirma que a


aprendizagem para um indivíduo se sentir homem ou mulher deriva da ligação da
criança com os pais desde tenra idade. As raparigas mantêm proximidade com a Mãe e
assim têm comportamentos de mais sensibilidade, compaixão e emoção...
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
Género e sexualidade: a socialização e as diferenças de género

Género e Desigualdade Social


Desigualdade de género: a diferença de estatuto, poder e prestígio que as
mulheres e os homens adquirem em grupos, colectividades e sociedades.
• Género é um factor crítico na estruturação dos tipos de oportunidade e das
hipóteses de vida que os indivíduos e os grupos enfrentam

• Não se conhece nenhuma sociedade em que as mulheres tenham mais


poder do que os homens

• Os papéis dos homens são muito mais valorizados e recompensados do


que os das mulheres

• As diferenças de género continuam a servir de base para as desigualdades


sociais
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
Género e sexualidade: a socialização e as diferenças de género

Género e Desigualdade Social


Abordagens Funcionalistas:
• As diferenças de género contribuem para a estabilidade e integração sociais;
• A divisão de trabalho entre homens e mulheres tem uma base biológica;
• As mulheres e os homens desempenham as tarefas para as quais estão
biologicamente mais vocacionados;
• A socialização das crianças, a estabilidade e o apoio das famílias é a chave para uma
socialização de sucesso;
• A família funciona de forma mais eficiente com uma divisão sexual de trabalho bem
definida, a mãe é crucial para a primeira socialização das crianças.

Abordagens Feministas:
• Os homens são responsáveis pela exploração das mulheres e beneficiam desse facto
• Patriarcado poder do homem na família estende-se pela sociedade
• Os homens exploram as mulheres pois contam com o trabalho doméstico gratuito
• Homens negam o acesso da mulher a lugares de poder e destaque
• A violência masculina sobre as mulheres como um facto central na supremacia
masculina: violência doméstica, a violação e o assédio sexual
A chave é apostar na legislação (Direito público e privado)
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
Género e sexualidade: a socialização e as diferenças de género

Sexualidade Humana: conclusões


• Fenómeno do foro pessoal (difícil de se estudar)
• Anatomia do homem diferente da mulher (impõe alguns limites)
• Muitas vezes estuda-se os animais para explicar os humanos (errado?!)
• Para os biólogos: os homens querem fecundar mais mulheres possíveis
(infidelidade, espalhar os genes...)
• As mulheres procuram proteger mais a herança biológica dos filhos (fidelidade,
escolha dos genes)
• Mas as mulheres são cada vez mais infiéis (autonomia financeira, camisinha)
• Os humanos usam a sexualidade de várias maneiras (que ultrapassam a
biologia)
• As práticas sexuais variam de povo (beijo, preliminares, fetiches...)
• Existem influências sociais na sexualidade (normassocialização)
• Alfred Kinsey - Estados Unidos 1940/50, primeira grande investigação sobre
sexualidade (muitas surpresas reveladas...)
• Homosexualidade é antiga, há povos que aceitam, não é apenas uma escolha...
• Prostituição é antiga, pode ser privada, afecta mais as mulheres, nem sempre
envolve dinheiro nem pobreza (pode ser profissional ou ocasional e “facilitar”
algumas pessoas)
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
TIPOS DE SOCIEDADES
As sociedades pré-modernas
A Sociedade de Caçadores e Recolectores:
• A sua população é inferior a um quarto de milhão - apenas 0.001 % da população mundial
actualmente
• Poucas desigualdades, Maior ênfase na cooperação do que na competição
• Pouco interesse têm em incrementar a riqueza material
• Priorizam valores religiosos, actividades rituais e cerimoniais
• Poucas diferenças entre os membros deste tipo de sociedade
• Não há divisões entre ricos e pobres
• Posição e hierarquia tendem a estar limitadas à idade e ao sexo
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
TIPOS DE SOCIEDADES
O Declíneo das Sociedades Pastoris e Recolectoras
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
TIPOS DE SOCIEDADES
O Declínio das Sociedades Pastoris e Recolectoras
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
TIPOS DE SOCIEDADES
O Declínio das Sociedades Pastoris e Recolectoras
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
TIPOS DE SOCIEDADES

Sociedades pastoris e agrárias

• Há vinte mil anos, alguns grupos de caçadores recolectores passaram a


fomentar a criação de animais domésticos e o cultivo de pequenas
porções de determinados terrenos
• As sociedades pastoris vivem sobretudo dos seus rebanhos
• As sociedades agrárias cultivam plantas
• Encontram-se normalmente em regiões com densos pastos, desertos, ou
montanhas
• As sociedades pastoris migram habitualmente entre diferentes áreas, de
acordo com as mudanças de estação
• Devido os seus hábitos nómadas, os membros das sociedades pastoris
geralmente não acumulam muitos bens materiais
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
TIPOS DE SOCIEDADES

Civilizações não-industriais ou estados tradicionais

• A partir do ano 6000 A.C. encontramos provas da existência de sociedades com


uma dimensão maior do que as que existiam até então
• Desenvolvimento de cidades
• Desigualdades muito acentuadas em termos de riqueza e poder
• Governação de reis e imperadores (conquista de outros povos)
• Usavam a escrita
• Designadas como civilizações
• As primeiras civilizações desenvolveram-se no Médio Oriente, normalmente em
áreas ribeirinhas e férteis
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
TIPOS DE SOCIEDADES
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
TIPOS DE SOCIEDADES

Mundo moderno: as sociedades industriais


• Marcadas pela industrialização
• Aparecimento da produção mecanizada, baseada no uso de recursos
energéticos inanimados
• Chamadas de sociedades modernas ou desenvolvidas
• Grande maioria da população activa trabalha em fábricas, escritórios
ou lojas
• Mais de 90% da população vive em cidades
• Vida social torna-se mais impessoal e anónima
• Organizações em grande escala, como empresas ou organismos
governamentais, acabam por influenciar a vida
• As sociedades industriais foram os primeiros estados-nação
• Os processos de produção modernos foram colocados ao serviço dos
militares
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
TIPOS DE SOCIEDADES
Tipos de Sociedades Humanas Modernas
Tipo Período de Características
Existência
Sociedades Do século XVIII ao Produção industrial e na iniciativa privada.
do Primeiro pre- sente. A população vive nas cidades e pouca gente trabalha na agricultura.
Mundo. Grandes desigualdades entre classes, embora menos acentuadas do que nos estados
tradicionais; Diferentes comunidades políticas ou estados-nação, incluindo as nações
do Ocidente, o Japão, a Austrália e a Nova Zelândia.

Sociedades Dos princípios do Baseadas na indústria, sistema económico centralizado e estatal. Pequena parte da
do Segundo sécu- lo XX (depois população trabalha na agricultura; vive nas cidades. Persistência de importantes
Mundo. da Revolução Russa desigualdades entre classes sociais. Diferentes comunidades políticas ou estados-
de 1d17) ao início naçâo. Até 1989, compostas pela Rússia e Europa de Leste, mas as mudanças sociais
da década de e políticas transtormaram-nas em sistemas de mercaao livre, tornando-se assim
90 desse século. sociedades do Primeiro Mundo.

Sociedades Do século XVIII (a população trabalha na agricultura, utilizando métodos tradicionais de produção.
do Terceiro maioria, territórios Parte do produto agrícola é vendido em mercados mundiais.
Mundo. coloniza- Alguns têm sistemas de mercado livre, outros de planifica- ção centralizada.
dos) ao presente Comunidades políticas distintas ou estados-nação em que se incluem a China, a índia
e a maioria da África e da Amé- rica do Sul.

Países Da década de 70 do Antigas sociedades do Terceiro Mundo, na actualidade as-sentes na produção


recém- século XX ao industrial e geralmente na livre iniciati-va. População vive em cidades, alguns
industrializa presente ainda trabalham na agricultura. Fortes desigualdades de classe, mais pronunciadas
dos do que no Primeiro Mundo. Rendimento médio per capita é consideravelmente
menor do que nas sociedades do Primeiro Mundo. Hong-Kong, a Coreia do SuJ,
Singapura» Taiwan, o Brasil e o México.
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
MUDANÇA SOCIAL

Mudança Social
Os seres humanos habitam a Terra há cerca de meio milhão de anos. A
agricultura, a base necessária à fixação de aglomerados, tem apenas doze mil
anos, as civilizações remontam no máximo a seis mil anos atrás.
O mundo moderno radicalmente diferente do passado recente

Mudança social: alterações na estrutura subjacente da sociedade,


modificação nas instituições básicas da sociedade.

Factores principais para a mudança social:


Meio ambiente
Organização política
Factor económico
Factores culturais.
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
MUDANÇA SOCIAL

O Meio Ambiente
• Ambiente físico exerce muitas vezes uma influência na organização
social
• As pessoas têm de organizar o seu modo de vida de acordo com as
condições meteorológicas
• Civilizações mais antigas origem em áreas que continham terras
valiosas do ponto de vista agrícola
• Meios de comunicação terrestre de acesso fácil e rotas marítimas
disponíveis são importantes: as sociedades separadas de outras por
cadeias montanhosas, selvas impenetráveis ou desertos permanecem
com frequência relativamente imutáveis durante longos períodos de
tempo
• A influência directa do meio ambiente sobre as mudanças sociais
não é muito significativa
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
MUDANÇA SOCIAL
Organização Política
Nas sociedades de caçadores recolectores esta influência é mínima: não existe
autoridade política suficiente para mobilizar a comunidade
A existência de chefes, senhores, reis e governos - afecta fortemente o rumo que
determinada sociedade toma...
Aposta dos chefes é fundamental: liberdade, educação, militar, etc.
As acções dos líderes políticos e dos dirigentes governamentais nunca deixam de
afectar a vida da esmagadora maioria da população.

Influências Económicas
Indústria moderna
Capitalismo promove a inovação constante
Impacto da ciência e da tecnologia
Formas de comunicação modernas, como a rádio, a televisão, os telemóveis e a
Internet.
Crescimento económico Globalização
Capítulo 2 – Indivíduo, Cultura e Sociedade
MUDANÇA SOCIAL
Factores Culturais
• Incluem os efeitos da religião, crenças, dos sistemas de comunicação e da liderança
• A religião tanto pode ser uma força conservadora como uma força de inovação na vida
social
• Algumas crenças e práticas religiosas constituíram um obstá-culo à mudança,
enfatizando sobretudo a necessidade de submissão a rituais e valores tradicionais.
• Sistemas de comunicação: a invenção da escrita, permitiu o armazenamento de registos,
tornando possível um maior controlo sobre os recursos materiais e o desenvolvimento de
organizações em larga escala
• As sociedades que dominam a escrita mantêm um registo de acontecimentos passados e
sabem situar-se na história
• A liderança faz parte do conjunto geral de factores culturais
• Líderes individuais têm tido uma enorme influência na história mundial
• O desenvolvimento da ciência e a secularização
• O carácter crítico e inovador da perspectiva moderna
• Vida requer cada vez mais uma base «racional» (liberdade, igualdade, participação)
UNIVERSIDADE KATYAVALA BWILA
FACULDADE DE ECONOMIA
DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
LICENCIATUA EM ECONOMIA – CICLO BÁSICO

Disciplina: SOCIOLOGIA
Resumos das Aulas
Prof. Vikeia Cambulo

FIM
Então, Cuyou???
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