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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas


Departamento de Engenharia Civil

Prof. Eduardo A. G. Marques

CIV 432 – Introdução à Mecânica das


Rochas

Propriedades-índice e Permeabilidade das


Rochas
Viçosa - MG
2021
Introdução
Devido à grande variação nas propriedades das rochas, pode-se
tomar como referência algumas propriedades básicas para
descrever as rochas quantitativamente. Essas propriedades, por
serem relativamente fáceis de serem medidas, são muito úteis
neste aspecto e podem ser designadas como propriedades-índice.

Neste Capítulo, veremos algumas dessas propriedades, além de


outras, que a despeito de não serem consideradas índice, são
comumente determinadas em função de sua facilidade e de sua
boa correlação com outras, de maior complexidade de
determinação.

Por fim, iremos ver também aspectos referentes à permeabilidade


em maciços rochosos.

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Introdução
As propriedades-índice das rochas são parâmetros físicos que
refletem a estrutura, a composição, a fábrica e o comportamento
mecânico do material, podendo-se listar:

densidade;
porosidade;
teor de umidade;

Velocidade de propagação do som;


Alterabilidade/durabilidade; e

Permeabilidade.

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Introdução
Importância das propriedades-índice:

 Caracterizar e quantificar a matriz (rocha) e;


 Possibilitar correlações com algumas propriedades mecânicas.

Normalmente, esses índices são medidos em pequenas amostras


de rocha intacta (minerais, poros e microfissuras), portanto:

Usualmente não são indicativas das propriedades do


maciço rochoso

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Introdução

Mina de Volta Grande, MG. Fonte: Rezende, 2015.

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Introdução
 As propriedades-índice são utilizadas isoladamente em
aplicações diretamente associadas com a rocha intacta, como
em operações de perfuração e corte; na seleção de agregados
para concreto; e na avaliação de rip-rap (barragens).

 Nas aplicações que envolvem escavações na superfície ou


subterrâneas, são necessárias informações adicionais sobre o
sistema de descontinuidades tanto ou mais que a natureza da
rocha propriamente dita, já que usualmente essas controlam o
comportamento mecânico do maciço.

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Introdução
 A rocha, de modo similar ao solo, é composta de três fases:
 minerais sólidos;
 água; e
 ar.

Em que:

Vv = volume de vazios;
Va = volume de ar;
Vw = volume de água (líquido);
Vs = volume de sólidos;
Pa = peso de ar (desprezível);
Pw = peso de água;
Ps = peso dos sólidos.

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Definições
Peso específico, 
 Relacionado diretamente ao estado de tensões verticais da crosta
terrestre.
 Fornece informações sobre a mineralogia ou os constituintes dos
grãos e o grau de alteração (quanto maior o grau de alteração,
menor o peso específico).
Em que:

 – peso específico total;


P – peso da amostra - obtido através da
pesagem do corpo de prova de geometria
regular;
Ps – peso dos constituintes sólidos da
amostra (peso sólidos);
Pw – peso da água; e
V – volume da amostra.

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Definições
 O peso específico se relaciona aos estados saturado, seco e
natural e aos constituintes sólidos da amostra da rocha,
através das seguintes relações:
Peso específico saturado, sat

para S = 100%,

Em que:
Psat – peso da amostra saturada;
S – grau de saturação;
Vw – volume de água contido na amostra; e
Vv – volume de vazios da amostra.

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Definições
Peso específico seco, s (d)

Peso específico natural, nat

Em que: Pnat – Peso natural da amostra

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Definições
Peso específico dos grãos ou sólidos, s

Em que:

Vs – volume da amostra ocupado pelos sólidos

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Definições
Densidade relativa ou gravidade específica da rocha, G

Em que:
G – densidade relativa da rocha
(adimensional);
 – peso específico da rocha; e
w – peso específico da água a 4 ºC (1
gf/cm3 ou 9.8 kN/m3).

Densidade relativa ou gravidade específica dos grãos, Gs

Em que:
Gs – densidade relativa dos grãos
(adimensional); e
s – peso específico dos grãos.

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Definições
 A densidade relativa ou gravidade específica dos grãos, Gs,
pode ser determinada:

(i) Por meio da análise de uma lâmina delgada da rocha em


microscópio. Esta análise permite a avaliação da
constituição mineralógica da rocha e da proporção em
volume que cada tipo de mineral ocupa.

(ii) Através da trituração da amostra de rocha e determinação


da densidade do material moído em picnômetros de volume
constante, de modo semelhante ao ensaio de densidade
relativa de grãos de amostras de solo.

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Definições
Densidade relativa dos minerais, G s

MINERAL GS MINERAL GS

Anidrita 2,9 – 3,0 Halita 2,1 – 2,6


Atapulgita 2,3 Haloisita 2,55
Barita 4,3 – 4,6 Ilita 2,6 – 3,0
Biotita 2,8 – 3,1 Magnetita 4,4 – 5,2
Calcedônia 2,6 – 2,64 Montmorilonita 2,74 – 2,78
Calcita 2,7 Muscovita 2,7 – 3,0
Caulinita 2,61 – 2,64 Olivina 3,2 – 3,6
Clorita 2,6 – 3,0 Pirita 4,9 – 5,2
Dolomita 2,8 – 3,1 Pirofilita 2,84
Feldspato – K 2,5 – 2,6 Piroxênio 3,2 – 3,6
Feldspato – Na –Ca 2,6 – 2,8 Quartzo 2,65
Galena 7,4 – 7,6 Serpentina 2,2 – 2,7
Gesso 2,3 – 2,4
Fonte: Vargas Jr. e Nunes, 1992.
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Definições
Porosidade

A porosidade expressa a relação entre o volume de vazios e o


volume total da rocha, V, ou seja:

Em que:
Vv - volume de vazios da amostra

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Definições
Porosidade

 Em rochas sedimentares, formadas pelo acúmulo de grãos,


fragmentos de rocha ou conchas, a porosidade pode variar muito.
Neste tipo de rocha, a porosidade geralmente decresce com a
idade geológica e com a profundidade, outros fatores mantidos
constantes. Quanto mais antiga a rocha, maior a presença de
minerais estáveis; os instáveis já foram alterados, lixiviados e
substituídos por outros mais estáveis, conferindo menor espaço de
vazios ao material.

rochas sedimentares: 0 < n < 40%

calcários – n  50%
arenitos – n = 15% (valor típico)
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Definições
Porosidade

 Rochas ígneas e metamórficas intactas têm porosidade


raramente superior a 2%, em geral relacionada às microfissuras.
O efeito de intemperismo, especialmente nas microfissuras, no
contorno dos grãos e nas juntas, pode acarretar aumento da
porosidade, a qual serve como um índice bastante preciso para se
avaliar sua qualidade e seu grau de alteração intempérica. Nestes
tipos de rochas, a porosidade também decresce com a
profundidade, porém este efeito é menos pronunciado, já que
esses materiais apresentam porosidade reduzida, mesmo próximo
à superfície.

rochas ígneas e metamórficas: n  2% (sãs)


20%  n  50% (intemperizadas)
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Definições

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Definições
Teor de umidade

 Esta propriedade está estreitamente relacionada com a


porosidade.

 Define-se o teor de umidade de saturação, wsat, para


rochas que se encontrem completamente saturadas (S =
100%, Vw=Vv). Esta propriedade pode indicar a porosidade
efetiva da rocha, uma vez que neste caso, todos os vazios
interconectados estão preenchidos somente por água. Pelo
fato de que comumente em rochas nem todos os vazios
estarem interconectados, usualmente utiliza-se o adjetivo
aparente, para caracterizar a porosidade de rochas.
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Definições
 É possível existirem rochas com teor de umidade superior a
100%? O que isto significa?

 Em contrapartida, é possível se falar em porosidade e grau de


saturação igual ou superior a 100%?

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Definições
 A porosidade pode ser determinada por meio da:

i. Medida direta, através do volume de vazios

i.1) determinação do volume de vazios, Vv:

21
Definições
 A amostra de rocha é saturada por
imersão em água livre de gás,
submetida à vácuo. O processo de
saturação é lento para rochas de
baixa porosidade. Após a
saturação, a amostra é pesada,
determinando-se o peso saturado,
Psat. Em seguida, a amostra é seca
em estufa a 100 ± 5 ºC, por 24
horas, e pesada, determinando-se
o peso seco ou peso dos sólidos,
Ps. O processo de saturação e
secagem da amostra é repetido até
que sejam obtidos valores de peso
constantes, em balança de
precisão.
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Definições
i.2) determinação da porosidade, n:

 O volume total da amostra, V, pode ser determinado a partir da


geometria do corpo-de-prova.
 Este método é utilizado em rochas coerentes (que não se
desagregam quando em contato com a água), não expansíveis
quando secas e imersas em água e de geometria regular. Em
rocha desagregáveis, pode-se adotar o método da saturação
progressiva, em que parte da amostra é submersa (terço inicial) e
assim sucessivamente até a submersão total da amostra.
23
Definições
ii. Medida através do teor de umidade de saturação e da
densidade relativa dos grãos

Para S = 100%

 O teor de umidade de saturação é obtido através da saturação


completa da amostra, que, pesada (Psat), é relacionada ao seu
peso seco ou peso dos sólidos (Ps) por

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Definições
iii. Medida através de lâmina delgada

 A porosidade é obtida pela contagem de poros em lâminas


delgadas, de espessura igual a 0,03 mm, em microscópio
óptico. Para a visualização dos poros, a lâmina é preparada
impregnando-se os vazios com resinas contendo corantes.

 Inconvenientes desse procedimento:


 a espessura reduzida da lâmina ressalta o volume dos grãos
em detrimento do espaço dos poros, dificultando a
interpretação pelo petrógrafo; e
 ocorre escurecimento dos poros pequenos e microporos na
lâmina, os quais podem ser facilmente confundidos com os
outros constituintes sólidos da amostra de rocha.

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Definições

Algumas relações entre índices-físicos:

Yd = GsYw (1-n)

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Definições
Velocidade de propagação de onda (velocidade sônica)

As vibrações nas rochas se propagam, principalmente, por meio de


ondas longitudinais e transversais. Teoricamente, a velocidade com
que uma onda se propaga através da rocha depende exclusivamente
de suas propriedades elásticas (E, ) e de sua peso específico, .

Na prática, o que se observa é que o intemperismo e o fissuramento


da rocha interfere nessas medidas (a velocidade de propagação
diminui com a presença de fissuras e com o intemperismo). Desse
modo, a velocidade de propagação da onda pode ser usada como
índice para avaliar a intensidade de fissuramento e ou de
intemperismo da rocha.

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Definições
Velocidade de propagação de onda (velocidade sônica) e sua
relação com outras propriedades:

a) a velocidade de propagação da onda diminui com o aumento da


porosidade da rocha  rocha mais alterada: v  se n .

b) a velocidade de propagação da onda se eleva com o aumento


da peso específico da rocha  rocha menos alterada: v  se  .

c) a velocidade de propagação da onda aumenta com o nível da


tensão aplicada  diminui a porosidade: v  se   (n ).

d) a velocidade de propagação da onda aumenta com o teor de


umidade na rocha  água preenchendo os vazios: v  se w .

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Definições
Velocidade de propagação de onda (velocidade sônica) como índice
do grau de fissuramento e ou alteração da rocha

 Este índice é muito usado para determinar zonas de


fraturamento e, ou, alteração em escavações subterrâneas.

 A velocidade de propagação de onda em uma amostra de rocha


pode ser obtida da seguinte maneira: Um cristal piezoeléctrico
(quartzo ou turmalina), emissor de ondas longitudinais, é
adaptado a uma extremidade do corpo-de-prova cilíndrico. Na face
oposta, é adaptado o cristal piezoelétrico receptor de vibrações. O
tempo gasto para o percurso é determinado pela diferença de fase
em um osciloscópio.

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Definições
Velocidade de propagação de onda (velocidade sônica) como índice
do grau de fissuramento e ou alteração da rocha

 A velocidade de propagação longitudinal (vl) é calculada por:

Em que:

L – comprimento do corpo-de-prova; e
t – tempo de percurso da onda (medido).

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Definições
Velocidade de propagação de onda (velocidade sônica) como índice
do grau de fissuramento da rocha

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Definições
Fourmaintraux (1976) propôs um índice de qualidade de rochas,
IQ, com base na velocidade de propagação de ondas longitudinais,
obtido da seguinte maneira:

a) Calcula-se a velocidade longitudinal da onda na amostra, de


acordo com a sua composição mineralógica (velocidade que
ocorreria se o espécime não tivesse poros nem fissuras);
b) Conhecida, portanto, a composição mineralógica da amostra,
tem-se:

Em que:
Vl* - velocidade de propagação longitudinal da onda na rocha;
Ci - volume ocupado pelo material i em %;
n – número de materiais presentes na amostra;
Vl,i - velocidade de propagação longitudinal da onda no material constituinte i.
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Definições
Velocidade de propagação de onda (velocidade sônica)
c) Determina-se a velocidade de onda longitudinal (v l) da amostra de rocha
em laboratório.
d) Calcula-se o índice de qualidade (IQ) por meio da equação:

Fourmaintraux observou que o índice de qualidade é, ainda, influenciado pela


presença dos poros e propôs a seguinte relação para IQ:

Em que np (%) é a porosidade da rocha não-fissurada.

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Definições
Velocidade de propagação de onda (velocidade sônica)

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Definições
Velocidade de propagação de onda (velocidade sônica)

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Definições
Velocidade de propagação de onda (velocidade sônica) como índice
do grau de fissuramento da rocha

Com base em medidas de laboratório e observações das fissuras


através de microscópios, Fourmaintraux verificou a extrema
sensibilidade do índice IQ com o grau de fissuramento da rocha e
propôs uma classificação para as amostras em função de IQ e da
porosidade, como base para descrever o grau de fissuramento.
Com o valor da porosidade conhecido e o valor de IQ calculado, é
definido um ponto em uma das cinco faixas:

(I) não-fissurado a levemente fissurado


(II) levemente a moderadamente fissurado
(III) moderadamente a fortemente fissurado
(IV) fortemente a muito fissurado
(V) muito a extremamente fissurado
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Definições
Velocidade de propagação de onda (velocidade sônica) como índice do grau de fissuramento da rocha

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Definições
Alterabilidade e Durabilidade

Todas as rochas são mais ou menos afetadas por ciclos de variação


no nível de tensões naturais (por aquecimento-resfriamento,
umedecimento-secagem, congelamento-degelo, descarregamento-
carregamento) ou antrópicos (escavação), que levam à fadiga e
ruptura do material.

Os granitos intactos são duráveis porque podem ser submetidos a


ciclos de umedecimento-secagem sem se desintegrarem. Os
folhelhos e algumas rochas ígneas e metamórficas intemperizadas e
outras que contenham minerais, como o sal anidro, incham ou
desintegram-se quando expostos às condições atmosféricas.

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Definições
Alterabilidade e Durabilidade

O índice de alterabilidade está diretamente relacionado à


velocidade de intemperismo da rocha e indica sua tendência de
desagregação. Esse índice é bastante útil, por oferecer uma faixa
relativa de durabilidade da rocha. Entre os processos que alteram
as propriedades das rochas, pode-se citar tanto os químicos, como
hidratação, solução e oxidação; quanto os físicos, tais como
esfoliação, desagregação e abrasão.

 Alterabilidade é a facilidade que uma determinada rocha tem de


se alterar. Tem relação com a velocidade com que uma rocha se
intemperiza;

 Durabilidade é o inverso da alterabilidade, ou seja, a dificuldade


que uma determinada rocha tem em se alterar.
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Definições
Alterabilidade e Durabilidade

O índice de durabilidade pode ser determinado através dos ensaios


de durabilidade (slake durability test) ou de ciclagem.

Slake durability test

É utilizado para determinar a resistência de rochas a ciclos de


molhagem-secagem. O aparelho utilizado consiste de um cilindro
de 140 mm de diâmetro e 100 mm de comprimento. As paredes
do cilindro são formadas por uma malha metálica com abertura de
2 mm.

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Definições
Alterabilidade e Durabilidade

Uma amostra de rocha de aproximadamente 500 g é quebrada em 10 pedaços


de 40 a 60g, previamente secos e pesados, que são colocados dentro do
cilindro.
O cilindro é imerso em um tanque com água (ou qualquer outro fluido de
interesse – água de mina, por exemplo) e submetido à uma velocidade de 20
rpm durante 10 minutos.
Amostras de rocha de moderada à baixa durabilidade desintegram-se
progressivamente e os fragmentos passam através da malha. Após os 10
minutos, o cilindro com a fração remanescente da amostra é removido, levado a
secar em estufa e a fração remanescente da amostra é pesada.

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Definições
Alterabilidade e Durabilidade

A relação entre o peso seco da fração de amostra retida no cilindro e o peso


inicial da amostra é definida como índice de durabilidade (Id):

Os valores de Id aproximam-se de zero para as amostras altamente


suscetíveis à desagregação e de 100% para materiais que se desagregam
muito pouco.

Gamble (1971) propôs que se submetesse a amostra a um segundo ciclo de


10 minutos após a secagem.

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Definições
Alterabilidade e Durabilidade

Classificação de durabilidade proposta por Gamble (1971):

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Definições
Alterabilidade e Durabilidade

Filito
Classificação de durabilidade proposta por Gamble (1971):

Filito

Siltito
Fonte: Leão, M.F. Comportamento geomecânico de frente de intemperismo em filito da região do Quadrilátero Ferrífero . Tese (Doutorado).
Departamento de Geologia / UFRJ. 188 p. 2017 e Marques E.A.G., Antunes F.S., Vargas Jr. E.A. A study of the durability of some shales , mudrocks and
siltstones from Brazil. Geotechnical and Geological Engineering. 23: 321-348. 2005. DOI: 10.10007/s10706-004-1605-5
Definições
Alterabilidade e Durabilidade

Não se verificou nenhuma correlação entre durabilidade e idade geológica da rocha. Foi observado que a durabilidade varia
diretamente com a densidade e inversamente com o teor de umidade natural.

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Definições
Permeabilidade/Condutividade Hidráulica

A permeabilidade expressa o grau de interconectividade entre os poros (rochas


sedimentares) e ou, fissuras (outros tipos de rocha).

Em muitas situações, o sistema de descontinuidades altera radicalmente os valores de


permeabilidade no campo, quando comparados aos valores de laboratório; portanto, os
ensaios devem ser feitos in situ.

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Definições
Permeabilidade/Condutividade Hidráulica

A medida da permeabilidade de uma amostra de rocha é importante na


prática de Geotecnia em problemas como:

 bombeamento de água, óleo ou gás para o interior ou para fora de


uma formação porosa;
 disposição de rejeitos em formações porosas;
 armazenamento de fluidos em cavernas;
 rebaixamento temporário de aquíferos em obras civis e de mineração;
 conversão em energia;
 poços; e
 previsão de fluxo em túneis ou em fundação de barragens.

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Definições
Permeabilidade/Condutividade Hidráulica

O fluxo, na maioria das rochas, obedece à Lei de Darcy. Para


muitas aplicações em engenharia civil, que envolvem água à cerca
de 20ºC, a Lei de Darcy é escrita como

Em que:

qx – vazão na direção x (L3T-1);


h – carga hidráulica (L);
dh/dx – gradiente hidráulico, i (adimensional);
A – área normal à direção x (L²);
k - permeabilidade ou condutividade hidráulica (LT -1) (depende do fluido).

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Definições
Permeabilidade/Condutividade Hidráulica

No caso de a temperatura da água ser significativamente maior ou


menor que 20 ºC, ou quando outro tipo de fluido de percolação é
considerado, a Lei de Darcy é expressa por

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Definições
Permeabilidade/Condutividade Hidráulica

A permeabilidade absoluta, K (em L2), é independente das


propriedades do fluido de percolação; é uma característica do meio
poroso somente.

A permeabilidade ou condutividade hidráulica, k (em LT -1), reflete


tanto as características do meio poroso quanto as do fluido,
representadas pelo seu peso específico, , e sua viscosidade, , de
modo que
Em que:
qx - vazão na direção x (L3T-1);
p – pressão do fluido (=  h) (FL-2);
 – peso específico do fluido (FL-3);
 – viscosidade do fluido (FL-2T);
K – permeabilidade absoluta (ou intrínseca), (L 2); e
A – área normal à direção x (L2).
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Definições
Permeabilidade/Condutividade Hidráulica

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Definições
Permeabilidade/Condutividade Hidráulica

Pode-se observar na tabela anterior que a permeabilidade da amostra


de rocha determinada em laboratório é inferior ao valor obtido no
campo. Isto se deve ao fato de a permeabilidade do maciço rochoso ser
uma função não somente dos poros e microfissuras da rocha intacta,
mas também do sistema de descontinuidades, o qual é representado
por fraturas, falhas e foliação do maciço, que funcionam como canais
para a passagem do fluxo, aumentando o valor da permeabilidade.

Ou seja, a permeabilidade do maciço rochoso depende da


permeabilidade da rocha intacta e da condutividade hidráulica das
descontinuidades.

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Definições
Permeabilidade/Condutividade Hidráulica

No laboratório, a permeabilidade pode ser determinada medindo-


se o tempo necessário que um dado volume de fluido, sob
pressão, leva para percolar através da amostra (este ensaio é
impraticável em rochas de baixa permeabilidade, como basaltos e
granitos intactos).

Um ensaio deste tipo é o de permeabilidade radial desenvolvido


por Bernaix (1969), muito utilizado na indústria do petróleo, que é
executado em amostras de rocha cilíndricas com furo central.

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Definições
Permeabilidade/Condutividade Hidráulica

O fluxo pode ser aplicado de duas formas:

Fluxo divergente:
 O fluxo se dá de dentro para fora da amostra (a água entra
pelo furo e sai pelas paredes externas);
 A pressão interna é maior do que a pressão externa;
 São geradas tensões de tração na rocha que induzem à
abertura de fissuras aumentando a permeabilidade.

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Definições
Permeabilidade/Condutividade Hidráulica

Fluxo convergente:
 O fluxo se dá de fora para dentro da amostra;
 A pressão externa é maior do que a pressão interna;
 São geradas tensões de compressão na rocha que induzem
ao fechamento das fissuras preexistentes diminuindo a
permeabilidade.

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Definições
Ensaio de permeabilidade radial

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Definições
Permeabilidade/Condutividade Hidráulica

A permeabilidade no ensaio radial pode ser calculada a partir da


seguinte expressão:

Em que:
Q – vazão do fluido;
L – comprimento da amostra;
R2 – raio externo da amostra;
R1 – raio interno da amostra; e
P – pressão aplicada na amostra.

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Definições
Permeabilidade/Condutividade Hidráulica

As rochas cuja permeabilidade se deve, em parte, à presença de


fissuras, apresentam grandes diferenças no valor da
permeabilidade, conforme a divergência ou convergência do fluxo.
O ensaio de Bernaix tem a capacidade, portanto, de distinguir o
fluxo em fissuras do fluxo nos poros. Bernaix propôs a seguinte
expressão para avaliar o grau de fissuramento da rocha, S:
Em que:
k-1 - permeabilidade da rocha com a aplicação de
pressão de 1 bar (=0,1 MPa 1 kg/cm2) em fluxo
divergente;
k50 - permeabilidade da rocha com a aplicação de
pressão de 50 bar em fluxo convergente.

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Definições
Permeabilidade/Condutividade Hidráulica

Fonte: Bernaix, 1969.

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Definições
Permeabilidade/Condutividade Hidráulica

É importante observar que o comportamento das rochas sob variação de


tensão, temperatura, pressão de fluido e tempo inclui outros aspectos
que não estão representados pelas propriedades mencionadas.

A utilização das propriedades-índice para fins de classificação se dá em


conjunto com outras informações a respeito das características
estruturais e ambientais da rocha no campo.

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