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Ecologia

Ecologia (do grego oikos, lar) é o estudo do Lar Terra; o estudo das conexões
que compõem a Vida em nosso planeta.

Cadeias alimentares, ecossistemas, biosfera

A Ecologia mudou o foco dos organismos para os ecossistemas. Mas


organismos também são ecossistemas para organismos menores, e, ao longo
de bilhões de anos, inúmeras espécies se organizaram de forma tão coesa e
interdependente que o sistema como um todo se assemelha a um grande
organismo.

Na natureza não existem hierarquias, somente redes dentro de redes; não


existem partes independentes, mas uma teia inseparável de relações.
A mudança de paradigma

Da visão mecanicista, ou reducionista, até a visão sistêmica, ou ecológica.

Sistemas não podem ser compreendidos através da mera decomposição e


análise; as partes só podem ser compreendidas dentro de um todo. O
pensamento sistêmico é contextual.

A percepção da interdependência de todos os fenômenos: o mundo é um todo


integrado, e não um conjunto de partes isoladas.

O ser humano não está separado de seu meio natural: é apenas mais um fio da
teia da vida.

Proteger a natureza é o mesmo que nos proteger.


Desde Newton, acreditava-se que todos os fenômenos físicos podiam ser
reduzidos ao funcionamento de partículas elementares. Pierre Laplace uma vez
escreveu:
"Um intelecto que, num momento dado qualquer, conhecesse todas as forças
que animam a natureza e as posições mútuas dos seres que a compõem, se
esse intelecto fosse vasto o suficiente para submeter seus dados a análise,
seria capaz de condensar numa única fórmula o movimento dos maiores corpos
do universo e o do menor dos átomos: para tal intelecto nada poderia ser
incerto; e tanto o futuro quanto o passado estariam presente diante de seus
olhos.“
A física quântica demonstrou que as partículas elementares não
existem: no nível subatômico, partículas se dissolvem em padrões de
probabilidades semelhantes a ondas.

Partículas subatômicas não têm significado isoladamente: o


observador influencia o resultado da observação. Objetos
macroscópicos que parecem isolados, revelam-se como uma
complexa teia de interações de causa e efeito.

Como afirmou Heisenberg, "o mundo parece assim como um


complicado tecido de eventos, no qual conexões de diferentes tipos se
alternam, se sobrepõem, ou se combinam, e, por meio disso,
determinam a textura do todo".
Pensamento sistêmico

A metáfora da ciência como um edifício em construção está sendo, aos poucos,


substituída pela da rede. Quando percebemos que a realidade é uma rede de
relações, a ciência também se transforma em uma rede de modelos e
conhecimentos, onde não existem princípios fundamentais. Nenhuma das partes
é fundamental: todas resultam de seu relacionamento com outras partes, e de
todas as inter-relações sustentam a estrutura de toda a rede.
O velho paradigma mecanicista acreditava que poderíamos explicar o universo
decompondo suas partes. O fato de que todos os fenômenos estão
interconectados significa que, para explicar qualquer um deles, precisamos
explicar todos os demais. Mas será isso possível?

O que torna a abordagem sistêmica viável é reconhecer que a ciência nunca


poderá fornecer uma compreensão completa e definitiva da realidade; mas pode
fornecer um conhecimento aproximado.

Organismos não são sistemas estáticos, fechados e separados do mundo


exterior; são sistemas abertos que processam um fluxo de matéria e energia
vindo do exterior.
Hipótese de Gaia

A sabedoria convencional vê o planeta Terra, composto por rochas, oceanos e


atmosfera, como a base inanimada para a vida. A hipótese de Gaia reune
geologia, biologia, química e outras disciplinas em uma visão sistêmica da Terra.
O planeta Terra, que sempre foi visto como "meio ambiente" da vida, é agora
considerado como parte da vida.
Compare, por exemplo, a atmosfera da Terra com a do planeta Marte: na
atmosfera terrestre existe grande quantidade de oxigênio, quase nenhum
dióxido de carbono, e um pouco de metano; em Marte existe muito pouco
oxigênio, um pouco de dióxido de carbono e nenhum metano.

A diferença é que em um planeta sem vida todas as reações químicas possíveis


aconteceram há muito tempo atrás, e a atmosfera encontra-se em equilíbrio.

Na Terra acontece o contrário: gases como o oxigênio e o metano, que têm alta
probabilidade de reagir, coexistem em abundância, resultando em uma mistura
afastada do equilíbrio. Isso se deve à presença de vida na Terra.
A hipótese de Gaia considera o planeta como um sistema em que todas
as partes interagem de modo a formar um todo auto-regulado. A vida
cria as condições para sua própria existência.
A natureza da vida

Mas, afinal de contas, o que é a vida?

Para responder a essa pergunta precisamos recorrer ao estudo do padrão e da


estrutura.

O padrão de organização de qualquer sistema é a configuração de relações entre


seus componentes, que confere a este sistema suas características essenciais. A
estrutura de um sistema é a incorporação física desse padrão de organização. O
padrão é o modelo segundo o qual a estrutura é criada.
Um computador é feito de peças que foram planejadas (padrão), fabricadas e
reunidas (estrutura) de forma a constituir um sistema de componentes fixos. Nos
sistemas vivos, porém, os componentes mudam continuamente; há um fluxo de
matéria constante, um processo contínuo de reconstrução da estrutura de acordo
com o padrão.
A autopoiese, ou "autocriação", é um padrão no qual uma rede é capaz de criar a
si mesma. Ela produz e é produzida por seus componentes.

Sistemas vivos são estruturalmente abertos, com a matéria fluindo através deles,
mas mantêm seu padrão estável. Este aparente paradoxo entre mudança e
estabilidade é explicado pelo conceito de "estrutura dissipativa".

Um exemplo simples de estrutura dissipativa é o redemoinho: um padrão estável


em que a matéria (a água) flui continuamente através dele. Mas o redemoinho não
é considerado um sistema vivo, pois falta a ele o processo essencial da vida, que
é a cognição, o processo de conhecer.
As interações de qualquer ser vivo (seja um ser humano, um animal ou uma
planta) com o meio ambiente são interações cognitivas, ou mentais. Neste
sentido a palavra "mente" tem uma conotação bastante precisa: a mente, ou de
maneira mais exata, o processo mental, é propriedade inerente da vida, e não
está restrito aos seres humanos ou animais. O fenômeno mente é inseparável do
fenômeno vida.

Assim, a vida é representada por um padrão (autopoiese), uma estrutura


(dissipativa), e um processo (cognição, ou processo mental) bem definidos.
As interações de qualquer ser vivo (seja um ser humano, um animal ou uma
planta) com o meio ambiente são interações cognitivas, ou mentais. Neste
sentido a palavra "mente" tem uma conotação bastante precisa: a mente, ou de
maneira mais exata, o processo mental, é propriedade inerente da vida, e não
está restrito aos seres humanos ou animais. O fenômeno mente é inseparável do
fenômeno vida.

Assim, a vida é representada por um padrão (autopoiese), uma estrutura


(dissipativa), e um processo (cognição, ou processo mental) bem definidos.
Equilíbrio dinâmico
Algo que sempre assombrou a ciência e a filosofia foi o fato dos seres vivos
conciliarem, de maneira aparentemente paradoxal, estabilidade e fluxo, ordem e
caos.

A chave para este enigma consiste em compreender que os seres vivos se


mantêm em um estado estável, mas afastado do equilíbrio: um equilíbrio
dinâmico. Este estado estável afastado do equilíbrio é o estado da vida; um
organismo em completo equilíbrio com seu meio poderia muito bem ser
considerado um organismo morto.
Perto do equilíbrio nós encontramos fenômenos facilmente descritos por
equações matemáticas, mas, em sistemas afastados do equilíbrio, o
comportamento cada sistema depende, em grande parte, de sua história
anterior. De fato, a estrutura viva é o registro histórico de seu
desenvolvimento anterior.

O comportamento de um organismo vivo é determinado, mas, ao invés de ser


determinado somente por forças externas, é determinado por sua estrutura
interna. Assim, podemos dizer que o comportamento de um organismo vivo é,
simultaneamente, determinado e livre.
Perto do equilíbrio nós encontramos fenômenos facilmente descritos por
equações matemáticas, mas, em sistemas afastados do equilíbrio, o
comportamento cada sistema depende, em grande parte, de sua história
anterior. De fato, a estrutura viva é o registro histórico de seu desenvolvimento
anterior.

O comportamento de um organismo vivo é determinado, mas, ao invés de ser


determinado somente por forças externas, é determinado por sua estrutura
interna. Assim, podemos dizer que o comportamento de um organismo vivo é,
simultaneamente, determinado e livre.
A autopoiese se revela no entrelaçamento, ou no auto-apoio desta rede.

Todos os sistemas vivos são redes e participam de outras redes; das organelas
presentes nas células, passando pelos organismos, populações e ecossistemas,
estamos sempre falando de redes dentro de redes.

Há pouca dúvida de que o próprio sistema de Gaia forma uma rede autopoiética;
o que poderíamos dizer do Universo, como um todo?
Co-Evolução

De acordo com a teoria de Gaia, a evolução não pode ser vista como uma simples
adaptação de organismos ao seu meio ambiente, pois o próprio meio ambiente é
modificado pela vida; os organismos vivos se adaptam e modificam o meio
ambiente; podemos dizer que eles co-evoluem. De acordo com James Lovelock, "a
evolução dos organismos vivos está tão estreitamente acoplada com a evolução do
seu meio ambiente que, juntas, elas constituem um único processo evolutivo".
As principais evidências para essa teoria vêm da microbiologia, estudo da rede
composta por incontáveis microorganismos, que constituíram a única forma de
vida nos primeiros dois bilhões de anos de vida na Terra. Durante este período
as bactérias modificaram drasticamente a superfície e atmosfera terrestre,
criando condições para que outras formas de vida surgissem depois.

Embora a sabedoria convencional normalmente associe bactérias a doenças,


estas continuam a formar uma teia microscópica essencial para a manutenção
da vida na Terra. E apesar de normalmente nos referirmos a elas como seres
unicelulares independentes, todas as bactérias compartilham e formam um
único pool genético global - uma imensa teia de vida que se adapta e modifica
as condições de vida na Terra.
Uma outra forma de co-evolução é a simbiose, ou a capacidade de organismos
se associarem e desenvolverem estreitos laços de colaboração -- às vezes, uns
dentro de outros, como a flora bacteriana dentro de nossos intestinos.

Um exemplo ainda mais notável são as mitocôndrias, as "casas de força"


dentro das células animais e vegetais, responsáveis pela respiração celular.

As mitocôndrias possuem seu próprio material genético e se reproduzem de


maneira independente da célula "hospedeira"; de fato, especula-se que um dia
elas foram uma forma de vida independente, e que se associaram de forma tão
eficaz a microorganismos, que tornaram-se parte indissociável de organismos
mais complexos.

Os darwinistas do século XIX viam somente a competição na natureza; hoje,


sabemos que a cooperação pode ser uma forma mais eficaz de evolução. Nas
palavras de Margulis e Sagan, "a vida não se apossa do globo pelo combate,
mas sim, pela formação de redes".

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