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COLONIZAÇÃO /

DESCOLONIZAÇÃO DO
MUNDO ÁRABE-MUÇULMANO
II - PÓS-2A. GUERRA
MUNDIAL
1 – INTRODUÇÃO

2 – DESCOLONIZAÇÃO: CONSIDERAÇÕES GERAIS

3 – O OM E A DESCOLONIZAÇÃO

4 – O OM E A GUERRA FRIA

5 – O NACIONALISMO ÁRABE E O PAN-ARABISMO

6 – O OM E O TERCEIRO MUNDO
1 – INTRODUÇÃO
-A 2ª. G.M. ABALOU O SISTEMA COLONIAL COMO A
1ª. G.M. NÃO O FIZERA.

- GUERRA FRIA E DESCOLONIZAÇÃO  OCORRERAM


CONCOMITANTEMENTE MAS COMO DINÂMICAS
PRÓPRIAS NÃO SE PODENDO DIMENSIONAR QUEM
INFLUENCIOU MAIS.
- OM  DESCOLONIZAÇÃO ASSUME UM
CAMINHO ESPECIAL, POIS OS ESTADOS
NACIONAIS JÁ ESTAVAM FORMADOS, SE BEM
QUE DEPENDENTES E/OU DIRIGIDOS POR
METRÓPOLES EUROPÉIAS.

- EUA  IRROMPEM NO OM ANTES DA GF, MAS


COM MAIOR PRESENÇA E INTERESSES MAIS
DEFINIDOS APÓS O SEU INÍCIO.
- EUROPA (ING e FRA)  MOLDARAM OS Ens DO
OM.

- URSS  MOLDOU O MAPA DAS REPÚBLICAS


ASIÁTICAS (TADIQUISTÃO, QUIRGUISTÃO,
UZBEQUISTÃO, AZERBAIJÃO, CAZAQUISTÃO e
TURCOMENISTÃO)  sem problemas posteriores.

- PARA A URSS a questão islâmica [OM] é uma


questão interna.
- PARA OS EUA é uma questão de política externa.
- O OM É O MAIS IMPORTANTE “SUB-SISTEMA”
INTERNACIONAL, O MAIS ARTICULADO E O QUE
PARTICIPOU MAIS INTENSAMENTE DA SITUAÇÃO
DA EUROPA DURANTE LONGO TEMPO.

- O INTERESSE NO OM JÁ VINHA CRESCENDO


DURANTE A 2A. G.M. NESTE MOMENTO HOUVE
TANTO UMA DIVISÃO DE ÁREAS DE OCUPAÇÃO E
COMBATE PELOS ALIADOS (ING – NORTE DA
ÁFRICA) QUANTO COOPERAÇÃO (IRÃ).
2 – DESCOLONIZAÇÃO: CONSIDERAÇÕES
GERAIS
- SEM TEORIA ESPECÍFICA.

- CONTEXTO – GF + WELFARE STATE

- MARCOS: 1) Conferência de Bandung (1955); 2)


Guerra da Argélia (1954-1962); 3) Crise do Suez
(1956)
- JEAN PAUL SARTRE – “Colonialismo e
Neocolonialismo”.
[https://pt.scribd.com/doc/123661499/Sartre-
Colonialismo-y-Neocolonialismo-pdf ou
https://kupdf.net/download/sartre-jean-paul-
situacion-5-colonialismo-y-neocolonialismo-
1964_58cf77b1dc0d60523ac34658_pdf]
3 – O OM E A DESCOLONIZAÇÃO

- 2ª. GM ABALA O PODER DE FRANÇA E INGLATERRA


 invasão, batalhas e tropas.

- FRANÇA OCUPADA  NORTE DA ÁFRICA COMO


BASE DE ORGANIZAÇÃO LOGÍSTICA DA
RESISTÊNCIA AOS ALEMÃES (NA EUROPA).
- NATAL (RN)  base de apoio ao norte da África.

- EUA e URSS  “SUPERPOTÊNCIAS”


- 22 DE MARÇO DE 1945 – CRIAÇÃO DA LIGA ÁRABE

- 2ª. G.M.  POSIÇÃO FRANCESA MAIS FRÁGIL QUE


A INGLESA  INGLATERRA ASSUME CONTROLE DA
SÍRIA E DO LÍBANO, RESPEITANDO FRANÇA.
CRISE EM 1943  INDEPENDÊNCIA EM 1945.

- GF E CRISE ECONÔMICA LEVARAM AO


ENFRAQUECIMENTO DA INGLATERRA APÓS A
GUERRA.
- CAIRO  CENTRO ESTRATÉGICO  CONTATOS
COM OS DEMAIS ESTADOS.

- MESMO SE RETIRANDO DA ÍNDIA A ING NÃO


CONTAVA COM O DESLIGAMENTO COMPLETO NO
OM.

- EUA  CRESCE PARTICIPAÇÃO, COMPETINDO COM


A ING POR DEZ ANOS POR INFLUÊNCIA NO OM.

- PARTICIPAÇÃO DE TROPAS E OCUPAÇÃO DE ÁREAS


DURANTE A GUERRA FEZ CRESCER O ANSEIO POR
INDEPENDÊNCIA.
- HOURANI (p. 365) – “ A linha geral da política britânica era de apoio
à independência árabe e a um maior grau de unidade, preservando
ao mesmo tempo interesses estratégicos essenciais por acordo
amigável, e também pela ajuda no desenvolvimento econômico e na
aquisição de capacidades técnicas a um ponto em que os governos
árabes pudessem assumir a responsabilidade por sua própria
defesa. Essa política apoiava-se em duas suposições: que os
governos árabes encarariam seus grandes interesses como idênticos
aos da Grã-Bretanha e da aliança ocidental; e que os interesses
britânicos e americanos coincidiriam de tal modo que a parte mais
forte se disporia a deixar a defesa de seus interesses à mais fraca.
Nos dez anos seguintes, porém, as duas suposições mostraram-se
inválidas.”
4 – O OM E A GUERRA FRIA
- NÃO FOI O FOCO PRINCIPAL DA GF NUM
PRIMEIRO MOMENTO, MAS FOI ALCANÇADO POR
ESTA, EXARCERBANDO OS CONFLITOS
ENDÓGENOS ORIGINAIS.

- GF (durante a sua existência) CRIOU A ILUSÃO DE


QUE ERA A CAUSADORA DOS PROBLEMAS DA
REGIÃO. FICOU CLARO APÓS 1990 DE QUE ISTO
NÃO ERA VERDADE
- INICIADA NA EUROPA E ALCANÇA
PAULATINAMENTE O RESTANTE DO PLANETA COM
UMA DIVISÃO DE ÁREAS DE OCUPAÇÃO E “ÁREAS
DE INFLUÊNCIA”.

- GF OCORRE DURANTE A DESCOLONIZAÇÃO +


NACIONALISMO.

- QUASE NENHUM PAÍS DA REGIÃO TORNOU-SE


COMUNISTA (IEMEN E ETIÓPIA(OM?), MAS COMO
“ÁREA DE INFLUÊNCIA” FOI MUITO RICA A SUA
PARTICIPAÇÃO.
- APESAR DE SECUNDÁRIA, FOI UMA ÁREA CRUCIAL
PARA O FUNCIONAMENTO DO SISTEMA
INTERNACIONAL ANTES, DURANTE E DEPOIS DA
GF.

- URSS  aproximou-se e interviu no OM no final


da dominação européia, que estava se esgotando,
e a crescente presença EUA.

- A GF no OM ocorreu com a saída de FRA e ING


como potências coloniais.
- TRÊS CRISES NO IMEDIATO PÓS-GUERRA
APONTARAM O OM e proximidades COMO UM
POTENCIAL FOCO PARA O ROMPIMENTO DAS
RELALÇÕES EUA-URSS  TURQUIA, IRÃ e
BALCÃS (guerra civil grega).

- A GF PROVOCOU UM “ABAFAMENTO” DAS


QUESTÕES LOCAIS, ABSORVIDAS PELA
BIPOLARIDADE. ELA SERVE PARA DEMARCAR A
FASE DE ECLOSÃO DAS QUESTÕES
ESPECIFICAMENTE ISLÂMICAS, AO SEU FINAL.
DOUTRINA EISENHOWER (1957)
- TEORIA DO DOMINÓ (AL – GUATEMALA  MÉXICO
- E ÁSIA – VIETNÃ  LAOS CAMBOJA, INDONÉSIA
E ÍNDIA)

- EISENHOWER (1953-1961)

- DERRUBADA DO PRIMEIRO-MINISTRO DO IRÂ,


MOHAMED MOSSADEGH (1953 – OPERAÇÃO
AJAX)
- INCIDENTE COM O U2 (1960)

- REVOLUÇÃO CUBANA

- GUERRA CIVIL NO LÍBANO (1958 – OPERAÇÃO


BLUE BAT)
- DERRUBADA DO GOVERNO NA GUATEMALA (1954 –
OPERAÇÃO PBSUCESS)

- FIM DA GUERRA DA CORÉIA (1949-1954)

- CONFERÊNCIA DE BANDUNG (1955)

- FRANÇA REJEITA COMUNIDADE DE DEFESA DA


EUROPA  ALEMANHA ENTRA NA OTAN

- INVASÃO DO CANAL DO SUEZ (1956)

- REVOLUÇÃO HÚNGARA (1956)


- A aproximação dos EUA iniciou-se com a viagem
do pres. Roosevelt à Arábia Saudita, em 14/2/45,
vindo de Yalta. A APROXIMAÇÃO ESTAVA INSERIDA
NUM PROJETO DE ORDENAMENTO MUNDIAL PARA
O PÓS-GUERRA. ALÉM DO PETRÓLEO, OS EUA
DESEJAVAM OBTER ACESSO À UMA BASE AÉREA EM
DHAHRAN, que continuaram utilizar até 1962 
greve petroleira  política religiosa saudita
exportada com apoio da CIA.

- Foi sutilmente chamada de “base aérea”, em


deferência ao fato de que não haveria uma base
terrestre em solo saudita.
- Dharan Foi utilizada na GF para monitorar a
fronteira sul da URSS.

- Encerrou suas atividades em 1962, por influência


das críticas dos nacionalistas árabes. Neste
momento armas de longo alcançe puderam
substituir a logística oferecida pela base.

- AS foi o primeiro país em que Eua instalou


equipamentos militares, sem criar atritos com
potências europeias, ING e FRA.
- Roosevelt mostrou-se sensível às ponderações do
rei saudita sobre a questão palestina. Truman não:

a. Adiou o encontro dos embaixadores americanos no OM com


ministros dos países árabes até a eleição de novembro de 1946;
b. Afirmou: “I’m sorry, gentlemen, but I have to answer to hundreds
of thousands who are anxious for the success of Zionism; I do
not have hundreds of thousands of Arabs among my
constituents”.

- Eua atuou na região não apenas contra Urss, mas


contra governantes locais.
- PRESENÇA DE FORTES PCs: IRAQUE, IRÃ e SUDÃO;
em alguns períodos LÍBANO, SÍRIA, JORDÂNIA E
EGITO também tiveram PCs com força.

- Bk  INDONÉSIA  3º. Maior PC do mundo


(1965)

- EGITO – Líder do movimento neutralista/Terceiro


Mundo.

- ARGÉLIA – surge um novo tipo de orientação


socialista – a “auto-gestão” econômica.
ESPECIFICIDADES:

LOCALIZAÇÃO – na fronteira sul da URSS, que não


possuía na região nenhum Estado tampão ou
satélite [ex.: instalação de mísseis na Turquia, que
foram objeto de questionamento soviético durante
a Crise dos Mísseis];

LOCALIZAÇÃO – passagem entre ocidente e


oriente por mar, terra ou ar;

PETRÓLEO E GÁS.
- A PREDOMINANCIA DA GF NÃO FOI PERFEITA.
MUITOS CONFLITOS POSSUEM UMA DINÂMICA
PRÓPRIA, MAS QUE FORAM ABSORVIDOS PELA GF:

a.ISRAEL X PALESTINA;
b.GUERRA CIVIL NO LÍBANO;
c.GUERRA IRÃ X IRAQUE.
- GF no OM  DOUTRINA EISENHOWER + 1967-
1973 [ período que a GF instalou-se plenamente
no OM.]

- A DOUTRINA EISENHOWER surgiu neste contexto –


visava afastar Estados árabes de qualquer aliança
com a Urss, mais do que atacá-la.
- AS e Egito  polos opostos no OM, criando o
que Malcolm Kerr chamou de “GUERRA FRIA
ÁRABE”. (The Arab cold war: Gamal Abd al-Nasir
and his rivals, 1958-1970)

- EUA se aproximam e se afastam de aliados, de


acordo com as circunstâncias políticas.
DUAS COALIZÕES:

EUA + AS + IRÃ (até 1979) – de uma forma em


geral, os EUA se aliaram com monarquias
conservadoras. Luta contra regimes
nacionalistas: Paquistão, Síria e Irã. DEFESA DO
MUNDO LIVRE CONTRA O COMUNISMO ATEU.

URSS + EGITO + SÍRIA – de uma forma em geral a


Urss se aliou com regimes nacionalistas.
a) Represa de Assuã, b) armamento c) Porto de
Tartus.
- AS – MAIS FIEL E ESTRUTURADOR ALIADO EUA:
POLÍTICA + MILITAR + ECONÔMICA + RELIGIÃO
 INFLUÊNCIA EM QUASE TODO MUNDO
ISLÂMICO.

- ISLÃ  tornou-se parte importante do arsenal


ideológico norte-americano no OM, na Ásia
Central e na Ásia soviética.
ISRAEL x PALESTINA – é um campo aparte dentro
da GF no OM. De 1960’s até o fim da GF os EUA
tornaram-se os principais mantenedores de Israel; a
Urss apoiou os Estados árabes envolvidos no
conflito. Houve convergência no início, tendo a
Urss votado a favor da criação do Estado de Israel
(x colonialismo britânico) e fornecido armas (via
Tchecoslováquia) para a primeira guerra. Uso de
armas européias (mirage francês, entre outros); crise
do canal do Suez. Depois da crise do Suez a GF
instalou-se definitivamente.-
5 – O NACIONALISMO ÁRABE E O PAN-
ARABISMO

- 2ª. G.M.  ESTADOS NAÇÕES SE AFIRMAM (EM


PROCESSO)  FIM DAS COLÔNIAS +
LIBERTAÇÃO DA EUROPA + “BLOCOS” E “´ÁREAS
DE INFLUÊNCIA”.

- 1945-1967 – QUASE TODOS OS PAÍSES


ALCANÇAM INDEPENDÊNCIA

- NACIONALISMO  IDEOLOGIA OCIDENTAL


- DIFICULDADES NO ESTABELECIMENTO DE UMA
VISÃO “NACIONAL” QUE CONTENHA ELEMENTOS
RELIGIOSOS UNIVERSALISTAS.

- IDÉIA FORMADA NO FINAL DO SÉCULO XIX, POR


CRISTÃOS, CONTRA A CENTRALIZAÇÃO DO ITO.

- 1948 – DERROTA NA GUERRA CONTRA ISRAEL 


DIVISOR DE ÁGUA NA FORMATAÇÃO DO
NACIONALISMO ÁRABE  é visto como uma nova
forma de colonialismo.
- ANTES – HISTÓRIA E LÍNGUA.
- DEPOIS – OPOSIÇÃO AO ESTRANGEIRO.
“O nacionalismo árabe liberal havia se nutrido da euforia
da herança árabe; tal euforia pareceu falida, de fato,
perante a realidade da inabilidade árabe na Palestina (…)
Sob a ameaça de extinção, como simbolizado pela
Palestina, o nacionalismo árabe se reafirmou, não na
glorificação do passado, mas na reforma do presente.”
(CHALALA, Elie. Arab Nationalism: a Bibliographic Essay.
Citado em VICENZI, Roberta Aragoni Nogueira.
Nacionalismo Árabe: apogeu e declínio. São Paulo, DCP-
USP, Tese de Doutora, 2006, pp. 135-136)
- SOBERANIA (TOTAL OU MITIGADA)
- ÁSIA E ÁFRICA  DESCOLONIZAÇÃO

- BLOCO COMUNISTA  EUROPA ORIENTAL


(torna-se referência na idéia da soberania)

- EUROPA  BLOCO  UNIÃO EUROPÉIA


(federalização interna – BK)

- OM  FEDERALIZAÇÃO EXTERNA (BK) (


DOUTRINA EISENHOWER)

- TERCEIRO MUNDO
- TIPOS DE REGIMES POLÍTICOS APÓS A
INDEPENDÊNCIA (DEMANT, 224):

- MONARQUIAS CONSERVADORAS (Arábia


Saudita);
- REGIMES MONOPARTIDÁRIOS POPULISTAS
(Egito, Síria, Iraque);
- REGIMES ISLÂMICOS (Irã);
- DEMOCRACIAS PARLAMENTARES COM
DIVISÃO ÉTNICO/RELIGIOSAS 
LÍBANO(BK);
- DEMOCRACIAS PARLAMENTARES OCIDENTAIS
 ISRAEL(BK).
- CAUSAS: CONTRADIÇÕES TRAZIDAS PELO
WELFARE-STATE (EUROPA)  DEMOCRACIA 
MULTILATERALISMO ( resistências)

- NACIONALISMO  SE EXPANDE COMO UMA “IDÉIA


FORÇA” PARA AS COLÔNIAS E PARA AS ANTIGAS
COLÔNIAS, GANHANDO SIGNIFICADOS PRÓPRIOS.

- 1952-1967  AUGE E DECLÍNIO.


- ING E FRA  EUA E URSS.

- SOBERANIA + INTERFERÊNCIA EXTERNA.

“Se desde ao anos 1960 (no mais tardar) quase todos os Estados
árabes eram independentes, cabe ressaltar, todavia, que a maioria
deles eram criações artificiais e recentes, que só paulatinamente
conseguiram construir a lealdade de seus súditos. A maioria
também permaneceu economicamente dependente, seja do
Ocidente, seja do bloco soviético. Tampouco o Oriente Médio
escapou à geopolítica da Guerra Fria. Quando a URSS exerceu
pressões sobre a Turquia e o Irã, estes países da Bancada
Setentrional reagiram integrando as alianças militares pró-
ocidentais, ou seja, a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico
Norte) e o Pacto de Bagdá.” (Demant, 218/9)
- “Sob certos aspectos, o crescimento econômico aumentou a
dependência da maioria dos países árabes em relação aos estados
industrializados. A acumulação de capital nacional para
investimento não era suficiente para suas necessidades, e o
crescimento dependia de investimento e ajuda de fora.
Nos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial, alguns países
puderam sacar sobre o saldo em libras esterlinas acumulado em
função do gasto dos exércitos durante a guerra, e os do Magreb
tinham fundos fornecidos pelo governo francês, da ajuda dada à
França sob o Plano Marshall. Havia pouco investimento
estrangeiro privado, a não ser no Marrocos, que era atraente para
capitalistas franceses nos anos do pós-guerra devido ao temor do
que poderia acontecer na França. Mais tarde, empréstimos
americanos foram concedidos a países cujas políticas estavam em
harmonia com as dos Estados Unidos, e no fim da década de 1950
empréstimos russos eram feitos ao Egito e à Síria.” (Hourani,
382/3)
- $$  motivações políticas  dívidas  dependência

- Sem investimentos industriais substantivos, mas com


aumento do consumo de bens manufaturados 
URBANIZAÇÃO
- NACIONALISMO  POLÍTICO, MAS COM
MOTIVAÇÕES ECONÕMICAS.

- ALINHAMENTO COM O PENSAMENTO


ECÔNOMICO DESENVOLVIMENTISTA

“O padrão de trocas continuou em grande parte como era


antes, com matérias-primas sendo exportadas e produtos
manufaturados importados. Houve duas mudanças
significativas, porém: a importação de têxteis tornou-se
menos importantes, à medida que se criaram fábricas
locais; a importação de trigo aumentou, já que a produção
local não mais podia alimentar a crescente população das
cidades.” (Hourani, 384)
- EXPORTAÇÃO  PETRÓLEO  FONTE DE
DIVISAS LIMITADA  EXPLORAÇÃO POR
EXMPRESAS DOS PAÍSES INDUSTRIALIZADOS (EX-
METRÓPOLES + EUA)

- EXPORTAÇÃO DE PETRÓLEO  PAÍSES


OCIDENTAIS.

- AUMENTO GRADATIVO DA PARTICIPAÇÃO DOS


LUCROS DO PETRÓLEO.

- 1960  OPEP [OM + DEMAIS PAÍSES


PRODUTORES E EXPORTADORES  VENEZUELA]
“Estava assim aberto o caminho para um novo processo
que iria acabar com as funções das empresas sendo
assumidas pelos governos, pelo menos na produção.”
(HOURANI, 385)

- AUMENTO DE UMA BURGUESIA LOCAL DE


POSIÇÕES ANTES OCUPADAS PELOS
COLONIZADORES.

- INDEPENDÊNCIA  LEGITIMAÇÃO E AMPLIAÇÃO


DO PODER DOS PROPRIETÁRIOS DE TERRAS 
LATIFUNDIO.
- NACIONALISMO  REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA E
MATERIAL DE VÁRIOS INTERESSES DAS CLASSES
PROPRIETÁRIAS ++++ CLASSES MÉDIAS E
PROLETARIADO URBANO.

- NÃO REPRESENTAVA A ASSUNÇÃO DE CONTROLE


DOS TERRITÓRIOS E/OU DOS MEIOS DE
PRODUÇÃO, MAS UMA NOVA FORMA DE
PROCURAR UMA INSERÇÃO POLÍTICA &
ECONÔMICA NO SISTEMA INTERNACIONAL.
(HOURANI, 387)
- NOVA(S) FORÇA(S) POLÍTICA  MILITARES 
Exs. Egito e Síria.

- ESTATIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS E DE


VÁRIOS MEIOS DE PRODUÇÃO  TENDÊNCIA
MUNDIAL, MAS NO OM REPRESENTAVA TANTO
ESTATIZAÇÃO QUANTO NACIONALIZAÇÃO.
(HOURANI, 388)

- REFORMA AGRÁRIA  MUDANÇA QUALITATIVA DO


PODER POLÍTICO.
“O exemplo mais espetacular de intervenção do Estado
nos processos econômicos foi dado não pela indústria,
mas pela reforma do sistema de propriedade da terra.
Isso foi da maior importância política e social, porque a
maioria da população dos países árabes ainda vivia no
campo e também porque quase em toda parte os grandes
proprietários rurais formavam a classe mais poderosa,
aquela que possuía mais influência sobre o governo e mais
capital; atingir a propriedade deles era destruir um poder
que podia controlar o governo, e liberar capital para
investimento em outra parte.” (HOURANI, 389)
- DISPUTAS INTRA-ESTATAIS  MAIOR
CONTROLE DOS RECURSOS CRESCENTES,
DEVIDO À CESSAÇÃO DAS REMESSAS DAS
EMPRESAS.

- PETRÓLEO  NOVA FONTE DE RECURSOS


PARA FINANCIAMENTO. (HOURANI, 388)

- DISSEMINAÇÃO DA EDUCAÇÃO  BÁSICA E


UNIVERSITÁRIA (HOURANI, 395)

- CULTURA DE MASSAS  EGITO E LÍBANO


- CULTURA DE MASSAS  ÁRABE ( EGITO)
- PESQUISA HISTÓRICA UNIVERSITÁRIA (HOURANI,
401)

- PENSAMENTO ISLÂMICO  HOURANI, 404/6.

“Com tais vozes havia agora outras misturadas,


proclamando que a justiça social só poderia ser alcançada
pela liderança de um governo que tomasse o Islâ como
base de sua política e leis.” (HOURANI, 405)

 FRATERNIDADE MUÇULMANA (EGITO)

 - SAID QUTB
-- NACIONALISMO ÁRABE  ARABISMO, PAN-
ARABISMO, SOCIALISMO ÁRABE, “REVOLUÇÃO”.

- CARACTERÍSTICAS BÁSICAS:
- LAICO
- DESENVOLVIMENTISTA
- ANTI-IMPERIALISTA
- TERCEIRO-MUNDISTA (NEUTRALISTA)
- ESQUERDA
- POPULAR

- NACIONALISMO E RELIGIÃO  “o apelo ao Islã


era menos enfatizado do que o apelo ao
nacionalismo e à unidade árabe”. (HOURANI, 411)
- ESTUDOS DE CASO:

- A) NASSERISMO - MODELO (DIFUNDIDO PARA OS


DEMAIS PAÍSES E TENTATIVA DE REPLICÁ-LO APÓS
A SUA MORTE). SUCESSOS NA LUTA PELO CANAL
DO SUEZ E PELA CONSTRUÇÃO DA REPRESA DE
ASSUAN. LÍDER DO TERCEIRO MUNDO.

- B) PARTIDO BA´ATH (RENASCIMENTO) – LAICO, PAN


ARABISTA, MICHEL AFLAQ, IRAQUE e SÍRIA.
- C) REPÚBLICA ÁRABE UNIDA (1959-1961) – EGITO
+ SÍRIA (+IRAQUE).
- CRISE DO PAN-ARABISMO  GUERRA DOS SEIS
DIAS (JUNHO 1967)

- “Já no início da década de 1960 havia sinais de


que as reivindicações e pretensões do nasserismo
iam além de seu poder.” (HOURANI, 416)

- “Antes da guerra os israelenses ouviram no rádio Nasser


ameaçar jogá-los no mar; agora entravam
inesperadamente na posse de locais sagrados para a
memória judaica. Muitos dos secularistas mais
empedernidos viram a guerra como um acontecimento
religioso, rememorativo da passagem do mar
Vermelho.”(ARMSTRONG, 194)
- FIM DA REPÚBLICA ÁRABE UNIDA (1961)

- INTERVENÇÃO MAL SUCEDIDA DO EGITO NA CRISE


DO IEMEN (1962) ( x ARÁBIA SAUDITA)

- DERROTA PARA ISRAEL  NASSER ASSUMIU A DEFESA DA


CAUSA PALESTINA, MAS COM CAUTELA (utilização de
Israel das águas do Rio Jordão, 1964), ATRAINDO A
DESCRENÇA DOS PAÍSES MAIS CONSERVADORES, QUE
CONSIDERAVAM QUE A QUESTÃO DE ISRAEL ERA
CENTRAL. FICOU EXPOSTO À PRESSÕES, QUE NÃO
CONSEGUIU NEUTRALIZAR. AGIU SOB IMPULSO DE NÃO
PERDER A HEGEMONIA NA DEFESA DOS PALESTINOS.
- 1964 – FORMAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO PARA A
LIBERTAÇÃO DA PALESTINA, QUE PODERIA RETIRAR
PODER DE NASSER SOBRE A QUESTÃO.
- 1965 - GUERRILHAS PALESTINAS CONTRA ISRAEL.
RETALIAÇÃO CONTRA PAÍSES ÁRABES (
DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA (AÉREA) ). (HOURANI,
418)
- 1967 – FECHA O GOLFO DE ÁCABA APÓS
RETIRADA DAS TROPAS DA ONU. ACORDOS
MILITARES ENTRE PAÍSES ÁRABES. ATAQUE
ISRAELENSE E AUMENTO DO SEU TERRITÓRIO 
 SINAI, CISJORDÂNIA (OCIDENTAL), GOLAN,
GAZA, JERUSALÉM e EXPULSÃO DE PALESTINOS.
- CÁLCULO DE NASSER ERA OBTER DOS EUA
MEDIAÇÃO E CONTRAPOR-SE À ISRAEL.
- DERROTA MILITAR  DERROTA POLÍTICA  SEM
RESOLUÇÃO POR NEGOCIAÇÃO OU GUERRA.
- NASSER PERDE PRESTÍGIO.
- NASSER NEGOCIA ACORDOS: A) OLP E LÍBANO
(1969) e, B) OLP e JORDÂNIA (1970)
- 1970 – MORTE REPENTINA DE NASSER E
SEPULTAMENTO COM MILHÕES DE PRESENTES.
- REGIMES POLÍTICOS ESTÁVEIS INSTAURADOS NA
ÉPOCA DE NASSER, COM EXCEÇÕES:
- 1968 – IRAQUE - MILITARES TOMAM O PODER
DE COALIZÃO DE MILITARES + CIVIS, DE ONDE
SURGE SADAM HUSSEIN
- 1969 – MUAMMAR AL KADAFI, SUBSTITUI A
MONARQUIA.
- 1970 – SÍRIA - HAFEZ AL ASSAD, SUBSTITUI
REGIME LIGADO AO BAATHISMO.
- (O ESPIÃO – NETFLIX – Eli Cohen/Kamal Amin
Tabet - até 1965)
- 1969 – MARXISTAS TOMAM O PODER NO IEMEN
DO SUL.
“A catastrófica derrota do Egito na Guerra dos Seis Dias, em
junho de 1967, desacreditara para muita gente as ideologias
seculares do nasserismo, do socialismo e do nacionalismo.
Em todo o Oriente Médio ocorreu uma revivescência
religiosa e um número significativo de muçulmanos
encontraria inspiração na ideologia de Qutb.”(ARMSTRONG,
181)

“Após a derrota de 1967 Nasser se afastara um pouco do


socialismo e dera início a uma reaproximação com os
Estados Unidos. Reconhecendo o novo clima religioso do
Oriente Médio, voltara a rechear seus discursos com
referências islâmicas, embora mantivesse os Irmãos
Muçulmanos presos.” (ARMSTRONG, 212)
1973 – GUERRA DO IOM KIPUR. APOIO DE PAÍSES
ÁRABES. DIVERGÊNCIAS ENTRE SÍRIA E EGITO.
EQUIPAMENTOS AMERICANOS PARA ISRAEL.
ACORDO ENVOLVENDO SUPERPOTÊNCIAS 
CHOQUE DO PETRÓLEO
NACIONALISMO ÁRABE NO PLANO
INTERNACIONAL:
FASES:

 UNITARISMO HASHEMITA (1920-1954) – DEFENSIVO -


ARÁBIA SAUDITA  JORDÂNIA E IRAQUE (MUFTI, Malik.
Sovereign Creations. Pan-Arabism and Political Order in Syria
and Iraq).

 PAN-ARABISMO (1952-1967) - OFENSIVO

 CRISE DE IDENTIDADE (1967-1979)


ESTADO OU RELIGIÃO?

 IDENTIDADE RELIGIOSA (1979-2021)


ORGANIZAÇÃO DE COOPERAÇÃO DE PAÍSES ISLÂMICOS (1969)
CONJUGAÇÃO:
-A-
POLÍTICA INTERNA
POLÍTICA EXTERNA
ECONOMIA
RELIGIÃO
URBANIZAÇÃO
CLASSE TRABALHADORA
GUERRA FRIA, ETC.
-B-
INTERESSE NACIONAL 
 INTERESSE COLETIVO/REGIONAL
 INTERESSE INTERNACIONAL

-C-
 HEGEMONIA MUNDIAL (BI-POLAR)
 HEGEMONIA REGIONAL

-D-
BLOCO?
GRUPAMENTO?
FEDERAÇÃO?
“A idéia dominante nas décadas de 1950 e 1960 foi a do
nacionalismo árabe, aspirando a uma estreita união de países
árabes, independência do jugo das superpotências e reformas
sociais para uma maior igualdade; essa idéia foi encarnada por
algum tempo na personalidade de Gamal ´Abd al-Nasser,
governante do Egito. A derrota do Egito, Síria e Jordânia na
guerra de 1967 com Israel, porém, deteve o avanço dessa idéia,
e abriu um período de desunião e crescente dependência de
uma ou outras das superpotências, com os Estados Unidos em
ascensão. Em outros níveis, os contatos entre os povos árabes
tornavam-se mais estreitos: os meios de comunicação, tanto os
antigos quanto os novos, transmitiam idéias e imagens de um
país árabe para outro; em alguns deles, a exploração de recursos
petrolíferos possibilitou o rápido crescimento econômico, e isso
atraiu migrantes de outros países.” (Hourani, 358)
- AUMENTO DA DEPENDÊNCIA AMERICANA
“Dentro de poucos anos, porém, tornou-se claro que o que
poderia ter parecido uma declaração de independência
política e econômica foi na verdade um primeiro passo para
uma maior dependência em relação aos Estados Unidos. A
iniciativa fora tomada, como tinha sido em toda iniciativa
árabe nos últimos vinte anos mais ou menos, pelo Egito.”
(HOURANI, 424)

- 1979 – ACORDO DE CAMP DAVID

- 1981 – ASSASSINADO DE ANWAR SADAT

- ASCENSÃO DO ISLÃ POLÍTICO


6 – O OM E O TERCEIRO MUNDO
- 1955 – CONFERÊNCIA DE BANDUNG  AFRO-
ASIATISMO (NEHRU, SUKARNO)
- 1957/8 – CONFERÊNCIA DO CAIRO  PAN-
ARABISMO (NASSER)
- KWAME N´KRUMAH (1957-GANA-
NEOCOLONIALISMO)
- 1962 – CONFERÊNCIA DE BELGRADO 
MOVIMENTO DE PAÍSES NÃO-ALINHADOS (TITO)
- 1979 – 6ª. CONFERÊNCIA DO MOVIMENTO DE
PAÍSES NÃO-ALINHADOS – HAVANA (FIDEL
CASTRO)
“Egypt has played a pivotal role in the Arab system, particularly
during the 1950's and 1960's. Egyptian-Arab relations have
experienced periods of close cooperative interactions, i.e., 1956-57,
1963-64, 1966-67, 1970- 73 and 1976. In the first ten-year period
(1948-57), a consensus was formed regarding national
independence and Arab sovereignty as a means of confronting
foreign influence. This period witnessed the 1956 war, the first
moves toward the Egyptian-Syrian experiment in unity, and Egypt's
greatest cooperative interaction with conservative Saudi Arabia.
Intensive interaction between Egypt and the Arabs must be
understood in light of Egypt's international role in helping to
establish the Third World non-alignment movement, and as part of
her attempts to play a leading role in Arab politics.”(AL-MASHAT,
Abdul-Monem. Stress and Disintegration in the Arab World. IN:
FARAH, Tawfic E. Pan-Arabism and Arabd Nationalism. The
continuing Debate. Bolder/CO, Westview Press, 1987, p. 169)
- AGENDA:

- DESCOLONIZAÇÃO

- NEUTRALISMO

- DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

- “3ª. VIA”

- MULTILATERALISMO/DEMOCRACIA NAS
RELAÇÕES INTERNACIONAIS

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