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COLONIZAÇÃO /

DESCOLONIZAÇÃO E
NEOCOLONIALISMO NO
MUNDO ÁRABE-MUÇULMANO I
- O PERÍODO ENTRE-GUERRAS
1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
- OM  “COLONIALISMO TARDIO” e se extende por
pouco tempo. (BK).

- ITO  PERMITIU UMA ACOMODAÇÃO ENTRE


COM AS FORÇAS COLONIAIS, SEM DESTITUIR
FORMALMENTE O PODER DA “PORTA”.

- PERDE TERRITÓRIOS ANTES DO COLONIALISMO


INICIAR E SE DESMEMBRA COM O COLONIALISMO,
FORMANDO NOVAS COLÔNIAS E/OU PAÍSES (
- David Fromkin  “os países e fronteiras do
Oriente Médio eram fabricados na Europa”. (17)

- COMPETIÇÃO INTERCOLONIAL POR ÁREAS A


SEREM DOMINADAS.

- CHINA  A OCUPAÇÃO FOI AMPLAMENTE


ACORDADA ENTRE (E COM) AS POTÊNCIAS
EUROPÉIAS, QUE CESSARAM A COMPETIÇÃO,

- NÃO PERDE TERRITÓRIO. (exceção: Rússia)


- “SURGE” O OM PARA AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS, ATRAVÉS DA CRISE FINAL DO ITO E
DA 1ª. GUERRA MUNDIAL + TRATADO DE VERSALHES (1919)  PRODUTO INDIRETO DO
“GRANDE JOGO”.

- EROSÃO DO “EQUILÍBRIO DE PODER” ESTABELECIDO NO CONGRESSO DE VIENA (1815)


- DISPUTA ENTRE RÚSSIA E ING PELO DOMÍNIO DA ÁSIA CENTRAL.
- BASICAMENTE AFEGANISTÃO, MAS TAMBÉM PÉRSIA E TIBETE.
- TRATADO RUSSO-PERSA (1813) ATÉ CONVENÇÃO ANGLO-RUSSA (1907)
- ING  ÍNDIA.
- RÚSSIA  EXPANSIONISMO PARA O LESTE E O SUL  ING/ÍNDIA.
- RÚSSIA  “AUSENTE-PRESENTE”.
- OM ESTÁ DENTRO DO ITO E RÚSSIA TAMBÉM, MAS FORA DO OM.

- ARTHUR CONOLLY (1807-1842) – OFICIAL BRITÃNICO CRIOU.


- RUDYARD KIPLING – NA NOVELA KIM (1901) DIFUNDIU.
- DEFINIÇÃO DE ORIENTE MÉDIO EM DAVID
FROMKIN:

- “O Oriente Médio, tal como o concebo, significa não só


Egito, Israel, Irã, Turquia e estados árabes da Ásia, mas
também a Ásia Central que pertenceu à antiga União
Soviética e o Afeganistão, ou seja, toda a arena na qual a
Grã-Bretanha, desde as Guerras Napoleônicas, lutou para
defender o caminho para a Índia a partir das investidas
violentas primeiro da França e depois da Rússia, no que
acabou ficando conhecido com o Grande Jogo.” (16)
- “Eu posiciono a criação do Oriente Médio moderno em uma
estrutura mais ampla: vejo o que aconteceu como a culminância do
Grande Jogo no século XIX e, assim, mostro que a Rússia também
desempenhou foi protagonista dessa história.”(16)

- Rússia alterou os planos de INGLATERRA e


FRANÇA de preservar a unidade do ITO em favor
de uma intervenção/aliança com os povos árabes
da Ásia e, depois, manteve-se nesta posição
devido à Guerra Fria. (16/17)

- Introduzem governos artificiais que até hoje não


possuem base social legítima e/ou estável.
- 1ª. GUERRA MUNDIAL  “JANELA DE
OPORTUNIDADES” (BK) PARA ENCERRAR A
DOMINAÇÃO INFORMAL E INICIAR UMA REAL
APROPRIAÇÃO DO ITO NO JOGO POLÍTICO
INTERNACIONAL INSTITUCIONAL DO OCIDENTE.

- 1922 – Segundo David Fromkin foi o ano chave,


pois Sir Mark Sykes consolida o trabalho
diplomático de Lorde Kitchener iniciado em 1914,
concedendo à Grã-Bretanha a maior parte dos
territórios. A França recebeu menos e os russos
apenas mantiveram o que havia obtido antes da
guerra.
- “Para Lorde Kitchener e Mark Sykes, seu assistente, a
questão do Oriente Médio era a mesma há mais de um
século: onde a fronteira francesa seria traçada? Mais
importante: onde a fronteira russa no Oriente Médio seria
traçada?”(19)

- Para David Fromkin a Grã-Bretanha não sustentou sua


posição após 1922, o que produziu os problemas
contemporâneos. (20)

- BK  ALEMANHA & AUSTRIA também possuíam interesses


no ITO, interferindo cada vez mais na luta política pelo seu
controle.
- PROJETO DA ESTRADA DE FERRO BERLIM-BAGDÁ
GUERRA   CRISE POLÍTICA

Fromkin, 255:

“Entre o outono de 1916 e o outono de 1917, o Império Otomano manteve-se firme,


enquanto os governos das potências aliadas entraram em colapso. Era o oposto do que
os líderes militares e políticos europeus haviam previsto.

“O sucesso do Exército otomano em manter o estreito de Dardanelos desempenhou um


papel direto na ruína dos governos do primeiro-ministro Asquith, na Grã-Bretanha, e do czar
Nicolau, na Rússia. A queda dos governos britânico e russo, bem como do governo
francês, em 1917, levou ao poder, nos três países, novos líderes que tinham sobre o Oriente
Médio idéias claras e contrárias às de seus predecessores.”

Lloyd George – “(…) ficou claro que Lloyd George via o Oriente Médio não apenas como um
caminho para a Índia, mas como um prêmio que valia a pena obter por si só. Ao contrário
dos ministros britânicos do Século XIX, cujo objetivo limitava-se a excluir outras potências
européias da região, Lloyd George buscava a hegemonia britânica no Oriente Médio.”(259)
Clemenceau – assume o poder depois de vários governos que caíram, sem se distinguirem
uns dos outros em relação à guerra. Revolta do exército, em maio 1917. Era anti-
imperialista, pois defendia o ponto de vista que a França deveria se concentrar em defender
seus interesses na Europa, contra a Alemanha.

“Como primeiro-ministro, continuou sem ter objetivos territoriais para a França fora da
Europa. A respeito da reivindicação tradicional à Síria, refletida no Acordo Sykes-Picot,
Clemenceau disse que se Lloyd George conseguisse obter para a França o direito de instalar
um regime de protetorado lá, ele não recusaria, “pois isso agradaria alguns reacionários”,
mas ele próprio não dava a menor importância a isso.

“O destino na guerra e na política trouxera ao poder, em seus respectivos países, o primeiro


primeiro-ministro britânico que queria adquirir territórios no Oriente Médio e o único político
francês que não queria fazer isso.” (Fromkin, 262)
2 – A CRISE DO ITO E A 1ª. GUERRA
MUNDIAL
- 1ª. G.M.  RUPTURA, DEPOIS DE SÉCULOS DE “TRANSIÇÃO”.
- MAIOR DERROTA DO ITO FRENTE AO OCIDENTE.
- 1913 – golpe de Estado Militar dos Jovens Turcos, que opta
entrar na guerra com os alemães.

- ALBERT HOURANI – 1914-1939  AUGE DO PODER


EUROPEU.

- MOMENTO DE DECISÕES CRUCIAIS NA FORMATAÇÃO DE


ESTADOS NACIONAIS E, TAMBÉM, DE DIVISÃO DE ESFERAS DE
INFLUÊNCIA.
- CONTRADIÇÃO – POTÊNCIAS ACEITAVAM
INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS ÁRABES, MAS
IMPUNHAM DEPENDÊNCIA ACORDADA PELAS
POTÊNCIAS EUROPÉIAS.

- VITÓRIAS INICIAIS NA MESOPOTÂMIA E NOS


DARDANELOS ( BATALHA DE GALIPOLI).

- Depois de 1917 a predominância das potências


ocidentais se fez dominante.
- ENFRAQUECIMENTO DO ITO ANTES DA 1ª.
G.M.

- 1ª. GUERRA BALCÂNICA (18/10/1912 a 30/5/1913)-


Bulgária, Sérvia e Grécia acrescentam territórios do
ITO. Albânia torna-se independente.
- 2ª. GUERRA BALCÂNICA (6 e 7/1913) - otomanos
recuperam territórios e delimitam as fronteiras turcas
no continente europeu.
- 1ª. e 2ª. CRISES MARROQUINAS (1905 e 1911)
- SULTÃO  APELO À GUERRA SANTA.
- KAISER  APELO À GUERRA SANTA (documentário)
- Bernard Lewis:

- “O sultão-califa proclamou uma jihad contra todos os que


pegassem em armas contra ele e seus aliados. A Grã-
Bretanha, a França e a Rússia, as três principais potências
Aliadas, governavam vastas populações muçulmanas na Ásia
central, norte da África e Índia. Os turcos e seus aliados
alemães alimentavam a esperança de que esses súditos
muçulmanos respondessem ao apelo da jihad e se
levantassem contra seus senhores imperiais. Na verdade,
não fizeram nada disso e os otomanos foram obrigados a
enfrentar o poder da Rússia imperial e da Grã-Bretanha
imperial nas suas fronteiras oriental e meridional.” (307)
- LEALDADE FOI MANTIDA, COM DUAS EXCEÇÕES:
- A) ARMÊNIOS (na Anatólia) –
- B) ÁRABES (no Hijaz)

- Bernard Lewis “ Mesmo entre os armênios e árabes,


contudo, a maioria era pacífica e ordeira, e os serviam os
exércitos do sultão. Entre os nacionalistas de ambos os
grupos, porém, havia alguns que viam na guerra a
oportunidade de sacudir o jugo otomano e obter
independência nacional. Evidentemente, esse desejo só podia
ser realizado com ajuda das potências européias, que eram
nesse momento inimigas do sultão.”(308)
- A) Bernard Lewis – na primavera de 1915 rebeldes
armênios aliados com russos (contando com
membros das comunidades armênias otomanas)
atacaram o leste, favorecendo o ataque britânico em
Dardanelos e em Bagdá  governo turco determina
deportação de armênios.
-  GENOCÍDIO ARMÊNIO. (RECONHECIDO PELO
PRESIDENTE JOE BIDEN EM ABRIL DE 2021)
- B) 1915-1916 – Revolta Árabe na península
arábica  nova união árabe, agora por
árabes.
- Ing  apoia a revolta.
- Filme Lawrence da Arábia.
- Livro  T. H. Lawrence – O Sete Pilares da
Sabedoria.
- BK  REVOLTA LEGÍTIMA NO INTERIOR DO
ITO, NÃO PODENDO SER ATRIBUÍDA
DIRETAMENTE AO EXTERIOR. ALÉM DISSO,
HAVIA UM PROJETO DE PODER POLÍTICO
ALTERNATIVO AO TURCO-OTOMANO.
› - 1916 – INGLESES TOMAM BAGDÁ E JERUSALÉM.

›  bk – reforço do colonialismo inglês, colocando-o


numa dimensão de ampliação  coadjuvando o OM
com a Índia.
- RESULTADOS CONTRADITÓRIOS:

- A) 1916(maio) – TRATADO SYKES-PICOT (secreto)


 CONTENTA ÁRABES

- B) 1917 – Declaração Balfour  CONTENTA


JUDEUS, PARA APOIAR OS ESFORÇOS DE GUERRA
INGLESES.

- FORMAÇÃO DA TURQUIA, SEM O ITO  a guerra


retirou definitivamente o poder otomano de suas
províncias.
3 – O OM E O TRATADO DE VERSALHES
- Antes do final da guerra Turquia (Mustafá Kemal, o
Ataturk) e Irã (Reza Khan, depois Pahlevi), militares,
conseguiram se libertar da dominação ocidental.
- Dominação anglo-francesa foi estabelecida e
estabilizada, parecendo ser ameaçada apenas pelas
disputas das duas potências. (Bernard Lewis, 314)
- Enfraquecimento contínuo destas duas potências ao
longo do entre-guerras, mas delimitam as bases
gerais das fronteiras.
- URSS  presença em algumas áreas.
› “A Grã-Bretanha e a França dividiram o Crescente Fértil não em
colônias e dependências, como nos velhos dias, mas em
novos Estados, com novas fronteiras e nomes, que
controlaram e administraram sob o mandato da Liga das
Nações, a fim de prepará-las para a independência. Nesses
novos Estados, estabeleceram regimes tomando como
modelos os seus.”(Bernard Lewis, 312)

› As duas potências ainda subdividiram estes domínios. (Idem,


ibidem)  Síria e Líbano (Fra); Jordânia e Palestina (ING)
- Modernização fracassada e exploração colonial  favorecem
rebeliões nacionalistas.

- VERSALHES – MANDATOS TIPO A - Palestina (Palestina e


Transjordânia), Síria, Líbano e Iraque.

- Divisão arbitrária de sociedades milenares, com fronteiras


não aceitas em muitos casos, tidas como provisórias.

- Raízes plantadas para intervenção de um país no outro.


Fonte: Peter Demant, p. 184.
Peter Demant (187)
“Quando britânicos e franceses se estabeleceram em Bagdá,
Damasco e Jerusalém, o auge do colonialismo já havia passado:
o novo colonialismo, tardio, foi minado por oscilações e
incoerências, e pontuado por rebeliões por parte dos povos
médio-orientais. Contudo, esse interlúdio constituiu um
preparo para as independências – e seus desapontamentos. O
pan-arabismo, os patriotismos locais, o islamismo e outras
ideologias e conflitos que continuam moldando a realidade
médio-oriental tiveram sua raiz naquela época.”
› “Explosões de violência contra os novos senhores ocorreram em
quase todos os países árabes e demonstraram que uma política
simples de governo direto era impraticável. Em vez disso, as
potências mandatárias procurara atingir seus fins através de
domínio indireto, através de governos árabes. A estes propuseram
conceder certo grau de independência e, ao mesmo tempo,
assinar com eles tratados que lhes garantiriam a posição
privilegiada, incluindo o direito de manter forças armadas no
território nacional.
› “Essa política fracassou por completo. As concessões feitas pelas
potências mandatárias eram sempre pequenas demais e chegavam
tarde demais para satisfazer a alguém. Nos casos em que
assumiram a forma de tratados eles foram assinados por governos
sem representação, que careciam do apoio dos elementos
politicamente ativos ou´à sombra de alguma ameaça externa
comum. Tal aconteceu com o Tratado Anglo-Egípcio de 1936,
assinado quando a invasão da Etiópia pelos italianos foi
interpretada como constituindo uma ameaça à Grã-Bretanha e ao
› FASES(Demant, 187-8)
› A) 1919-1930 – consolidação do poder franco-
britânico, com crescimento das disputas entre os dois.
Modernização e administração de conflitos locais com
potências orientais legando poder às minorias para
controlar maiorias (sunitas)  assírios, no Iraque,
alawitas, na Síria, coptas, no Egito, judeus, na Palestina.
(Demant, 191)
“Assim, armênios, judeus, xiitas, druzos e outros se associaram,
na percepção da maioria, aos colonizadores e se tornaram
objeto do ódio da maioria, os muçulmanos.”(Demant, 191)
› Conflitos constantes fizeram com que britânicos decidissem
conceder a independência, tentando administrar
indiretamente (pela dependência econômica, bk) como
ocorria no Egito, independente em 1922.
› Jordânia e Iraque – reinos formados para os dois filhos do
xerife de Meca, desalojado do poder na Arábia Saudita.
› FRANCESES – demoraram mais a conceder a independência,
pois seu modelo colonial eram mais centralizador. (bk) Síria
 Líbano.
› PENÍNSULA ARÁBICA – não foi colonizada, mas ING mantinha
controle colonial no Golfo Pérsico (Kwait, Catar, Omã, Aden,
etc.)
› B) 1930-1945 – presença das potências nazi-fascistas.
› Nacionalismo se opõem ao imperialismo e se identifica com
nazi-fascismo. Alemanha  crítica ao Tratado de Versalhes.
› Nacionalismo árabe almejava reunificar os árabes espalhados
em vários territórios  Pan-Arabismo.
› Ideólogos principais: SATI AL-HURSI, MICHEL AFLAQ ( BAATH
 Síria e Iraque) e SALAHUDDIN BITTAR.
› C) ING e FRA tentam preservar seu poder em meio ao
crescimento da força de movimentos de independência.
› 1952 – Revolução Egípcia  pan-arabismo chega ao poder.
› Chega ao poder face ao fracasso de enfrentamento do
desenvolvimento econômico

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