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Racionalidade argumentativa

da Filosofia e dimensão
discursiva do trabalho filosófico
Aplicar tabelas de verdade na validação de
formas argumentativas
Aplicar tabelas de verdade na determinação do valor de verdade
de proposições complexas

▪As tabelas de verdade indicam o valor de verdade de uma


proposição complexa na qual ocorre uma conetiva ou mais.

▪ Recordemos as tabelas de verdade das cinco conetivas


proposicionais: negação, conjunção, disjunção (inclusiva e
exclusiva), condicional e bicondicional.
Aplicar tabelas de verdade na determinação do valor de verdade
de proposições complexas

NEGAÇÃO

A negação ¬P é
falsa quando P é
verdadeira, e é
verdadeira quando
P é falsa.
Aplicar tabelas de verdade na determinação do valor de verdade
de proposições complexas

CONJUNÇÃO

A conjunção P ˄ Q
só é verdadeira
quando P e Q são
verdadeiras.
Aplicar tabelas de verdade na determinação do valor de verdade
de proposições complexas

DISJUNÇÃO

A disjunção
inclusiva P ˅ Q só
é falsa quando P e
Q são falsas.
Aplicar tabelas de verdade na determinação do valor de verdade
de proposições complexas

DISJUNÇÃO

A disjunção .
exclusiva P ˅ Q é
falsa quando P e Q
têm o mesmo
valor de verdade.
Aplicar tabelas de verdade na determinação do valor de verdade
de proposições complexas

CONDICIONAL

A condicional P → Q
só é falsa quando a
antecedente P é
verdadeira e a
consequente Q é
falsa.
Aplicar tabelas de verdade na determinação do valor de verdade
de proposições complexas

BICONDICIONAL

A bicondicional P ↔ Q
é verdadeira quando P
e Q têm o mesmo valor
de verdade.
Aplicar tabelas de verdade na determinação do valor de verdade
de proposições complexas

▪As tabelas de verdade indicam o valor de verdade de uma


proposição complexa na qual ocorre uma conetiva ou
mais.

▪ Caso, numa proposição complexa, ocorra mais do que


uma conetiva, para sabermos o seu valor de verdade,
temos de fazer cálculos, aplicando sucessivamente as
tabelas de verdade.
Aplicar tabelas de verdade na determinação do valor de verdade
de proposições complexas
▪ Consideremos o seguinte exemplo:
Se Portugal joga contra Espanha no campeonato do mundo de futebol,
então os adeptos espanhóis não apoiam os jogadores portugueses.

▪ Tradução da frase:
P: Portugal joga contra Espanha no campeonato do mundo de futebol.
Q: Os adeptos espanhóis apoiam os jogadores portugueses.

P → ¬Q
Aplicar tabelas de verdade na determinação do valor de verdade
de proposições complexas
P → ¬Q
P Q P → ¬Q
O cálculo é feito da conetiva de
menor abrangência para a conetiva V V
de maior abrangência (ou
dominante).
Neste caso, a conetiva de maior
V F
abrangência é a condicional (liga P a
¬Q) e a conetiva de menor F V
abrangência é a negação (incide
apenas em Q).
Por isso, começamos por calcular ¬Q.
F F
Aplicar tabelas de verdade na determinação do valor de verdade
de proposições complexas
Cálculo de ¬Q
Tabela da Negação P Q P → ¬Q
V V F
V F V
F V F
Depois de ¬Q, calculamos P → ¬Q. F F V
Nesse cálculo, vamos considerar os
valores de verdade de P e de ¬Q.
Aplicar tabelas de verdade na determinação do valor de verdade
de proposições complexas

Cálculo de P → ¬Q P Q P → ¬Q
Tabela da Condicional
V V F F
V F V V
F V V F
F F V V
Aplicar tabelas de verdade na determinação do valor de verdade
de proposições complexas

Cálculo de P → ¬Q P Q P → ¬Q
V V F F
Terminado o cálculo do
valor de verdade de P → ¬Q,
V F V V
os resultados do cálculo F V V F
intermédio de ¬Q deixam
de ser relevantes. F F V V
Aplicar tabelas de verdade na determinação do valor de verdade
de proposições complexas

Cálculo de P → ¬Q P Q P → ¬Q
V V F
Sabemos agora em que
condições P → ¬Q é
V F V
verdadeira e em que F V V
condições P → ¬Q é falsa.
F F V
Aplicar tabelas de verdade na determinação do valor de verdade
de proposições complexas
P → ¬Q
P Q P → ¬Q
P → ¬Q é verdadeira quando P é V V F
verdadeira e Q é falsa, quando P
é falsa e Q é verdadeira e V F V
quando P e Q são falsas.
F V V
P → ¬Q é falsa apenas quando P
e Q são verdadeiras.
F F V
Aplicar tabelas de verdade na determinação do valor de verdade
de proposições complexas
Recordemos a proposição complexa cujo valor
de verdade calculámos:
P Q P → ¬Q
«Se Portugal joga contra Espanha no
campeonato do mundo de futebol, então os
adeptos espanhóis não apoiam os jogadores
V V F
portugueses.»
V F V
A proposição complexa é falsa apenas quando F V V
«Portugal joga contra Espanha no campeonato
do mundo de futebol» e «Os adeptos
espanhóis apoiam os jogadores portugueses»
F F V
são verdadeiras.
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
▪ Como vimos, as tabelas de verdade indicam o valor de
verdade de uma proposição complexa na qual ocorre uma
conetiva e, mediante cálculos, permitem determinar o valor
de verdade de uma proposição complexa na qual ocorre
mais do que uma conetiva.
▪ Outra aplicação importante das tabelas de verdade é
determinar a validade das formas argumentativas.
▪ Vamos agora aprender a testar a validade das formas
argumentativas aplicando as tabelas de verdade.
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
▪ Recordemos a noção de argumento:

▪ Recordemos também a noção de argumento válido:


Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
Como se testa a validade de um dado argumento ou de uma forma
argumentativa recorrendo às tabelas de verdade?

O teste da validade é feito em quatro etapas:

(I) FORMALIZAÇÃO DO ARGUMENTO

(II) CONSTRUÇÃO DA TABELA DE VERDADE : Inspetor de circunstâncias

(III) CÁLCULO DOS VALORES DE VERDADE

(IV) INTERPRETAÇÃO DA TABELA DE VERDADE


Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
Como se testa a validade de um dado argumento ou de uma
forma argumentativa recorrendo às tabelas de verdade?

(I) TRADUÇÃO DO ARGUMENTO


Para testar a validade de um argumento recorrendo às tabelas
de verdade, começa-se por traduzir o argumento da linguagem
natural para a linguagem da Lógica proposicional (obtendo a
forma argumentativa correspondente).
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
Como se testa a validade de um dado argumento ou de uma forma
argumentativa recorrendo às tabelas de verdade?

(II) CONSTRUÇÃO DA TABELA DE VERDADE


Seguidamente, constrói-se uma tabela de verdade da qual constam:
(1) as proposições simples que ocorrem no argumento e todos os
valores de verdade que tais proposições podem tomar (as
circunstâncias possíveis);
(2) as premissas do argumento (ou a premissa, caso seja um
argumento com uma única premissa);
(3) a conclusão do argumento.
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
Como se testa a validade de um dado argumento ou de uma
forma argumentativa recorrendo às tabelas de verdade?

(III) CÁLCULO DOS VALORES DE VERDADE


Faz-se o cálculo dos valores de verdade das premissas e da
conclusão (as proposições que formam o argumento), tendo
presentes os valores de verdade atribuídos às proposições
simples e as tabelas de verdade.
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
Como se testa a validade de um dado argumento ou de uma
forma argumentativa recorrendo às tabelas de verdade?

(IV) INTERPRETAÇÃO DA TABELA DE VERDADE


Por fim, verifica-se a tabela, considerando a seguinte questão:
«Há alguma circunstância em que as premissas sejam todas
verdadeiras e a conclusão seja falsa?»
Se não houver, o argumento é válido.
Se houver, o argumento é inválido.
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
▪ Consideremos o seguinte exemplo:
Se Portugal jogar contra Espanha no campeonato do mundo de futebol, então os
adeptos espanhóis não apoiam os jogadores portugueses.
Portugal joga contra Espanha no campeonato do mundo de futebol.
Logo, os adeptos espanhóis não apoiam os jogadores portugueses.
▪ Formalização do argumento:
P: Portugal joga contra Espanha no campeonato do mundo de futebol.
Q: Os adeptos espanhóis apoiam os jogadores portugueses.

(1) P → ¬Q
(2) P
(3) ∴ ¬Q
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
▪ Construção do P Q P → ¬Q P ∴ ¬Q
Inspetor de
circunstâncias
V V
(1) P → ¬Q V F
(2) P
(3) ∴ ¬Q F V
F F
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
(1)P → ¬Q Proposições simples Premissas do argumento Conclusão do
que ocorrem no argumento
(2) P argumento
(3) ∴ ¬Q P Q P → ¬Q; P ∴ ¬Q
Valores
de
V V
verdade
das V F
proposições
simples
que F V
ocorrem
no
argumento
F F
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
▪ Cálculo dos valores de P Q P → ¬Q P ∴ ¬Q
verdade:

Em primeiro lugar V V
vamos calcular P → ¬Q,
mas também
poderíamos calcular P
ou ¬Q.
V F
No caso de P, não são
necessários cálculos, F V
bastando copiar os
valores de verdade da
proposição simples. F F
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
▪ Cálculo dos valores P Q P → ¬Q P ∴ ¬Q
de verdade:
V V F
PASSO 1
Premissa 1 V F V
Cálculo de ¬Q F V F
F F V
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
▪ Cálculo dos valores P Q P → ¬Q P ∴ ¬Q
de verdade:
V V F F
PASSO 2
Premissa 1 V F V V
Cálculo de P → ¬Q F V V F
F F V V
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
▪ Cálculo dos valores de P Q P → ¬Q P ∴ ¬Q
verdade:

PASSO 3 V V F F V
Premissa 2
V F V V V
Cálculo de P
F V V F F
No caso de P, não são
necessários cálculos, F F V V F
bastando copiar os
valores de verdade da
proposição simples.
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
▪ Cálculo dos valores P Q P → ¬Q P ∴ ¬Q
de verdade:
V V F F V F
PASSO 4
Conclusão V F V V V V
Cálculo de ¬Q F V V F F F
F F V V F V
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
▪ Interpretação da P Q P → ¬Q P ∴ ¬Q
tabela de verdade:
No único caso em que as V V F V F
premissas são todas
verdadeiras, a conclusão V F V V V
também é verdadeira,
ou seja, sempre que as F V V F F
premissas são todas
verdadeiras, a conclusão
também é verdadeira.
F F V F V
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argumentativas
▪ Interpretação da P Q P → ¬Q P ∴ ¬Q
tabela de verdade:
O argumento é válido, V V F V F
pois não há nenhuma
circunstância com
premissas todas V F V V V
verdadeiras e
conclusão falsa, ou F V V F F
seja, sempre que as
premissas são todas F F V F V
verdadeiras, a
conclusão também é
verdadeira.
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
▪ Consideremos agora o seguinte exemplo:
Se a Itália não é apurada para o campeonato do mundo de futebol, então o público
presente na Rússia não pode contemplar belas defesas de Gianluigi Buffon.
O público presente na Rússia não pode contemplar belas defesas de Gianluigi Buffon.
Logo, a Itália não é apurada para o campeonato do mundo de futebol .
Formalização do argumento:
P – A Itália é apurada para o campeonato do mundo de futebol.
Q – O público presente na Rússia pode contemplar belas defesas de Gianluigi Buffon.

(1) ¬P → ¬Q
(2) ¬Q
(3) ∴ ¬P
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
▪ Construção da P Q ¬P → ¬Q ¬Q ∴ ¬P
tabela de verdade:
V V
(1) ¬P → ¬Q V F
(2) ¬Q
F V
(3) ∴ ¬P
F F
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
▪ Cálculo dos P Q ¬P → ¬Q ¬Q ∴ ¬P
valores de
verdade:
V V
Em primeiro V F
lugar vamos
calcular ¬P → ¬Q,
mas também F V
poderíamos
calcular ¬Q ou F F
¬P.
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas

▪ Cálculo dos valores P Q ¬P → ¬Q ¬Q ∴ ¬P


de verdade:
V V F
PASSO 1
V F F
Premissa 1
Cálculo de ¬P F V V
F F V
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas

▪ Cálculo dos valores P Q ¬P → ¬Q ¬Q ∴ ¬P


de verdade:
V V F F
PASSO 2
V F F V
Premissa 1
Cálculo de ¬Q F V V F
F F V V
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas

▪ Cálculo dos valores P Q ¬P → ¬Q ¬Q ∴ ¬P


de verdade:
V V F V F
PASSO 3
V F F V V
Premissa 1
Cálculo de ¬P → ¬Q F V V F F
F F V V V
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas

▪ Cálculo dos valores P Q ¬P → ¬Q ¬Q ∴ ¬P


de verdade:
V V F V F F
PASSO 4
V F F V V V
Premissa 2
Cálculo de ¬Q F V V F F F
F F V V V V
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas

▪ Cálculo dos valores P Q ¬P → ¬Q ¬Q ∴ ¬P


de verdade:
V V F V F F F
PASSO 5
V F F V V V F
Conclusão
Cálculo de ¬P F V V F F F V
F F V V V V V
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas

▪ Interpretação da P Q ¬P → ¬Q ¬Q ∴ ¬P
tabela de verdade:
O argumento é
V V V F F
inválido, pois há uma V F V V F
circunstância em que
as premissas são F V F F V
todas verdadeiras e a
conclusão é falsa. F F V V V
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
P Q ¬P → ¬Q ¬Q ∴ ¬P
▪ Interpretação da
tabela de verdade: V V V F F
V F V V F
F V F F V
F F V V V
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
P Q ¬P → ¬Q ¬Q ∴ ¬P
▪ Interpretação da
tabela de verdade: V V V F F
V F V V F
F V F F V
F F V V V
Aplicar tabelas de verdade na validação de formas
argumentativas
▪ Interpretação da
tabela de verdade:
P Q ¬P → ¬Q ¬Q ∴ ¬P
V V V F F
O argumento é inválido,
pois existe (pelo menos) V F V V F
um caso em que as
premissas são todas
verdadeiras e a F V F F V
conclusão é falsa
(quando P é verdadeira F F V V V
e Q é falsa).
INSPETOR DE CIRCUNSTÂNCIAS – Passos a seguir

1. Expressão canónica
Formula-se o argumento (destaca-se premissas e
conclusão) na sua forma canónica.

2. Interpretação
Elabora-se um dicionário fazendo corresponder letras
proposicionais a cada proposição simples presente no
argumento.

3. Formalização
Representa-se a forma do argumento com as letras
proposicionais, as conetivas e os parênteses necessários.

4. Inspetor de circunstâncias
Constrói-se o inspetor, representando as tabelas de verdade
das premissas e da conclusão em colunas da mesma tabela

5. Avaliação
Verifica-se se há alguma circunstância em que as premissas são
todas verdadeiras e a conclusão falsa – e, nesse caso o argumento é
inválido – ou não – e, nesse caso, o argumento é válido.
Conteúdo: O inspetor de circunstâncias e avaliação de formas argumentativas.
1. Teste a validade formal dos argumentos que se seguem:
Passos para a construção da resposta:
1. expressão canónica do argumento; 2. dicionário; 3. formalização; 4. construção do inspetor de
circunstâncias e interpretação; 5. justificação

A. O universo é fruto do acaso ou foi intencionalmente criado por um ser


inteligente. Porém, o universo não é fruto do acaso. Logo, foi intencionalmente
criado por um ser inteligente.

B. Se Deus existe, a vida faz sentido. Porém, Deus não existe. Logo, a vida não faz
sentido.

C. “Hume é um empirista ou é um racionalista. Se Hume é um racionalista, então


ele aceita necessidades metafísicas. Porém, Hume não aceita necessidades
metafísicas. Portanto, Hume é um empirista”.

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