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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola Politécnica
Departamento de Engenharia Mecânica

Projeto de Graduação
Microsoft Excel aplicado a um curso de Acústica Ambiental

Marcelo Zanardo Berti


02/02/2017
Banca:
Prof. Jules Slama, D.Sc. Orientador
Prof. Antonio Carlos Marques Alvim, PhD
Prof. Julio Cesar Boscher Torres, D.Sc.
Sumário
I. Objetivo do trabalho

II. Conceitos do curso

III. Apresentação das planilhas elaboradas


Objetivo do trabalho
• Este trabalho consistiu em elaborar uma série de planilhas em Excel que pudessem ser
utilizadas como material de apoio a um curso de Acústica Ambiental que possa ser
ministrado a engenheiros, arquitetos e físicos
• As planilhas apresentadas serão as feitas exclusivamente pelo autor. Elas são associadas
aos cinco primeiros capítulos do curso, conforme o próximo slide. Mais planilhas
deverão ser produzidas futuramente.
Objetivo do trabalho
I. Acústica Básica
a. Cálculos Gerais
b. Adição logarítmica de NPS (exato)
c. Adição logarítmica de NPS (aproximado)
d. Faixas de oitavas e terças de oitavas
e. Ponderacoes A,B e C

II. Métricas e Normas (Utilização da norma NBR 10152)


a. Cálculos Gerais

III. Propagação em ambientes abertos (ISO 9613)


a. ISO 9613-1
b. ISO 9613-2

IV. Propagação em Ambientes fechados


a. Acústica de salas

V. Transmissão entre ambientes (entre duas salas, entre o exterior e uma sala)
a. Transmissão entre dois ambientes
Conceitos do curso

• A seguir, veremos de forma resumida alguns dos conceitos do curso


implementados nas planilhas
Planilha: Cálculos Gerais
Velocidade do som
• A relação utilizada no trabalho é a empírica que leva em consideração de maneira explícita a influência da
temperatura

𝑐=322 1+
𝑇
273 √
c é a velocidade do som (m/s)
T é a temperatura do ar (°C)
Nível de pressão sonora
• Definido como:

p é a pressão sonora em Pascais (Pa)

p0 = pressão de referência (p0 = 0,00002 Pa)


Nível de potência sonora
• Definido como:

W é a potência sonora em Watts (W)

W0 é a potência sonora de referência, 10 -12 W


Nível de intensidade sonora
• Definido como:

I é a intensidade sonora em W/m²

I0 é a intensidade de referência, 10-12 W/m²


Oitavas e faixas de oitavas
Podemos dividir um espectro sonoro em faixas de oitavas. As séries de frequências centrais das
faixas de oitava normalizadas são dadas por: 63, 125, 250, 500, 1000 (frequência central),
2000, 4000 e 8000 Hz. Cada faixa de oitava é uma janela retangular no domínio das
frequências, cujo limite superior é uma frequência duas vezes maior do que a frequência do
limite inferior.

f0 é a frequência central

f1 é a frequência de limite inferior

f2 é a frequência de limite superior

Faixas de terço de oitava são semelhantes, mas para o limite superior multiplica-se a frequência
central pela raiz cúbica de 2 e para o limite inferior divide-se pela raiz cúbica de 2.

Para se calcular a distância em oitavas entre duas frequências, basta calcular o logaritmo na
base 2 de seu quociente. Ou seja,
Planilha: Adição logarítmica de NPS
(exato)
Método exato
• Seja o nível de pressão sonora de uma fonte, dado por:

• Se quisermos adicionar os níveis de pressão sonora de N fontes diferentes, devemos


calcular:
Método exato

Onde entende-se o operador ⊕ por:

Isto é,
Planilha: Adição logarítmica de NPS
(aproximado)
Método aproximado
• Passos:
i. Ordena-se os i níveis de pressão sonora
ii. Toma-se a diferença entre os dois primeiros níveis, NPS1 e NPS2
iii. Determina-se atráves da tabela a seguir qual o valor N a ser somado ao maior NPS entre os
dois mencionados
iv. Continua-se com este procedimento, sempre somando N ao maior dos dois NPS
considerados

Δ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
N 3 3 2 2 2 1 1 1 1 1 0
Planilha: Acústica de salas
Coeficiente de direcionalidade de uma fonte
omnidirecional na presença de um plano refletor
• O coeficiente de direcionalidade Q é definido em termos da presença de uma superfície
sólida nas proximidades da fonte omnidirecional de modo que esta modifique o modelo
geométrico da onda gerada. Isto é, se a fonte se encontra distante de qualquer
superfície, considera-se que ela se comporta como uma fonte pontual em campo livre e
Q = 1.
• Caso haja uma única superfície próxima, de modo que a onda gerada seja uma
semiesfera, temos Q = 2.
• Se a fonte omnidirecional está no encontro de duas superfícies perpendiculares entre si,
como no rodapé de uma sala, Q aumenta, de modo que Q = 4.
• Finalmente, se a fonte omnidirecional se apresenta numa quina, isto é, na interseção de
três planos perpendiculares entre si, Q assume seu maior valor com Q = 8
Espaços normais: campo difuso

Lp(f) é o nível de pressão sonora do campo difuso por faixa de frequência em decibéis

Lw(f) é o nível de potência sonora da fonte

r é a distância entre o receptor e a fonte

Q(f) é o coeficiente de direcionalidade, melhor explicado logo à frente

R é a constante da sala
Espaços normais: constante da sala e
coeficientes de absorção

S é a superfície total de absorção da sala

ᾱ é o coeficiente de absorção médio da sala, definido por:

ᾱi é o coeficiente de absorção da superfície Si


Espaços normais: campo direto e campo
reverberante

LPD(f) é o nível de pressão sonora do campo direto para uma frequência específica.

LPR(f) é o nível de pressão sonora reverberante para uma frequência determinada,


resultante das múltiplas reflexões do som nas paredes da sala.
Distância crítica

Q(f) é o coeficiente de direcionalidade

R é a constante da sala
Tempo de reverberação ()
• O tempo de reverberação é o intervalo de tempo necessário para o nível sonoro no local
se reduzir 60 dB em relação ao som emitido após o desligamento da fonte.
Fórmula de Sabine

V é o volume da sala

S é a superfície da sala

ᾱ(f) é o coeficiente de absorção médio da sala


Fórmula de Norris-Eyring
Melhor para salas mais absorventes:

V é o volume da sala
S é a superfície da sala
ᾱ(f) é o coeficiente de absorção médio da sala
Fórmula de Millington-Sette
Leva em consideração uma grande variação entre os coeficientes de absorção das
superfícies da sala:

V é o volume da sala

Si é a área de cada superfície da sala

αi é o coeficiente de absorção da respectiva superfície


Espaços grandes: Campo difuso
• Fórmula de Thompson

Lp(f) é o nível de pressão sonora da onda, por frequência

Lw(f) é o nível de potência sonora da fonte, por frequência

Q(f) é o coeficiente de direcionalidade da fonte, visto detalhadamente previamente neste texto

r é a distância até o receptor

R é a constante da sala

MFP é o livre percurso médio (MFP vem da sigla em inglês para “mean free path”. Calcula-se o
MFP como
MFP (livre percurso médio)
V é o volume da sala

S é o somatório das superfícies internas da sala


Absorção molecular
O coeficiente de absorção médio se torna:

V é o volume da sala

S é o somatório das superfícies

m é a absorção do ar em Neper por metro (Np/m)


Espaços muito grandes: constante da sala
A constante da sala R se torna:

V é o volume da sala

S é o somatório das superfícies

m é a absorção do ar em Neper por metro (Np/m)

ᾱ’ é o coeficiente de absorção da sala modificado


Planilha: ISO 9613-1
Expressão básica para a atenuação
Fórmula de decaimento para ondas planas em campo livre:

pt é a amplitude de pressão sonora no ponto estudado (Pa)

pi é a amplitude sonora inicial (Pa)

α é o coeficiente de absorção atmosférico de tom puro (dB/m)

s é a distância entre a fonte e o ponto estudado (m)


Atenuação do nível de pressão sonora
A atenuação devida à absorção atmosférica do nível de pressão sonora, δLt(f), é:

Onde as variáveis na equação são as mesmas da anterior


Frequência de relaxação do oxigênio e do
nitrogênio
Oxigênio:

Nitrogênio:
• Nas fórmulas anteriores:

pa é a pressão atmosférica ambiente (Pa)

pr é a pressão de referência (Pa)

h é a concentração molar de vapor d’água, em porcentagem

T é a temperatura ambiente (K)

T0 é a temperatura de referência (K)


Fórmula para o coeficiente de atenuação
pela absorção atmosférica
O coeficiente de atenuação pela absorção atmosférica, em decibéis por metro, é calculado
a partir de:
Umidade relativa e concentração molar de
vapor d’água
A concentração molar de vapor d’água, h, em porcentagem, pode ser calculada para uma
umidade relativa especificada ht, também em porcentagem, a partir de

pa é a pressão atmosférica

pr é a pressão de referência
Pressão de saturação
Na norma e neste texto foram utilizadas as equações a seguir, que por sua vez, são
aproximações das calculadas pela World Meteorological Organization.

Onde o expoente C é calculado como:

Com a temperatura T em Kelvins e T01 é a temperatura isoterma de ponto-triplo de 273,16


(0,01 ºC).
Planilha: ISO 9613-2
O nível de pressão sonora em banda de oitava
contínuo equivalente com vento a favor
• O nível de pressão sonora em banda de oitava contínuo equivalente com vento a favor
deverá ser calculado para cada faixa de oitava e cada fonte e fonte-imagem. Ele é dado,
em dB, por:

Lw é o nível de potência sonora em banda de oitava [dB];

Dc é a correção de direcionalidade [dB];

A é a atenuação em banda de oitava [dB]


Atenuação

Adiv é a atenuação devida à geometria de irradiação [dB]

Aatm é a atenuação devida à absorção atmosférica [dB]

Agr é a atenuação devida ao tipo de solo [dB]

Abar é a atenuação devida à barreira acústica [dB]

Amisc é a atenuação devida a outras causas [dB]


Nível de pressão sonora ponderado em A
contínuo equivalente com vento a favor
n é o número de contribuições (fontes e caminhos)

m é o número de bandas de oitava de 63 Hz a 8 kHz

LfTij(DW) é o nível de pressão sonora em banda de oitava contínuo equivalente com


vento a favor correspondente a contribuição i e a banda de oitava j [dB]

Afj é ponderação em frequência A na banda de oitava j [dB]


Nível de pressão médio de um longo tempo
ponderado em A

Cmet é a correção para as condições meteorológicas [dB(A)]. Dado por:

C0 é um fator em decibéis que depende de estatísticas meteorológicas para a velocidade e direção do


vento e para o gradiente de temperatura, válidas para cada localidade. A experiência indica que os
valores de C0 estão entre 0 dB(A) e 5 dB(A) e que valores acima de 2 dB(A) são exceção.
Divergência geométrica (Adiv)

Onde:

d é a distância entre a fonte e o receptor [m]

d0 é a distância de referência; d0=1 m

Esta parcela quantifica a o espalhamento esférico da onda proveniente de uma fonte


pontual em campo livre.
Atenuação devida à absorção atmosférica
(Aatm)
Esta parcela é a mesma vista na primeira parte da norma, sobre a qual discorreu-se
previamente neste texto. Calculada como:

α é o coeficiente de atenuação atmosférica para cada banda de oitava visto anteriormente,


em dB/km
Atenuação devida ao solo (Agr)

Frequência, Hz As ou Ar, dB Am, dB


63 –1,5 –3q
125 –1,5 + G x a’(h)
250 –1,5 + G x b’(h)
500 –1,5 + G x c’(h)
–3q (1 – Gm)
1000 –1,5 + G x d’(h)
2000 –1,5 (1 – G)
4000 –1,5 (1 – G)
8000 –1,5 (1 – G)
Atenuação devida ao solo (Agr)

E para o termo q, temos que:

E
Atenuação devida à barreira acústica (Abar)
Para a propagação a favor do vento, o efeito da difração sobre a borda superior é dado,
em decibel, por:

E sobre uma borda lateral por:

Dz é a atenuação da barreira para cada banda de oitava [dB]

Para calcular Dz, deve-se assumir que há apenas um caminho significativo de propagação
do som. Se esta hipótese não for válida, deve-se calcular a atenuação para os diversos
caminhos separadamente e somar a contribuição de cada um no final.
Atenuação devida à barreira acústica (Abar)
A atenuação Dz deve ser calculada como:

C2 é igual a 20 quando inclui o efeito de reflexão no solo e é igual a 40 quando não inclui

λ é o comprimento de onda do som [m]

z é diferença entre os comprimentos dos caminhos do som difratado e direto, que será
quantificada à frente

Kmet é o fator de correção para efeitos meteorológicos, quantificado mais adiante


Atenuação devida à barreira acústica (Abar)
Além disso:

O fator C3 é dado por:

z é calculado como:
Atenuação devida à barreira acústica (Abar)
Se a difração for única, isto é, e = 0, a espessura da barreira for desprezível, C3 =1.

Para difração lateral ou z menor o igual a 0, Kmet = 1. Caso contrário:

Nas equações acima:

dss é a distância entre a fonte e a primeira difração na borda [m]

dsr é a distância entre a segunda difração na borda e o receptor [m]

a é a componente da distância entre a fonte e o receptor paralela a borda [m]

d é a distância entre a fonte e o receptor na ausência da barreira [m]


Atenuação devida a área de mata
• A folhagem de árvores e arbustos pode fornece uma pequena atenuação. A atenuação
esperada para uma distância de propagação df:

Distância de Frequência, Hz
propagação, m
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
10 ≤ df ≤ 20 0 dB 0 dB 1 dB 1 dB 1 dB 1 dB 2 dB 3 dB
20 ≤ df ≤ 200 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,08 0,09 0,12
dB/m dB/m dB/m dB/m dB/m dB/m dB/m dB/m

• Caso df seja maior que 200 m, deve-se utilizar a atenuação para 200 m.
Atenuação devida a área industrial
• Leva em conta possíveis dutos, caixas, válvulas, elementos estruturais etc, através dos
quais o som se propaga, percorrendo uma distância ds.

Frequência, Hz 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000


Coeficiente de 0 0,015 0,025 0,025 0,02 0,02 0,015 0,015
atenuação, dB/m

Não deve exceder 10 dB


Atenuação devida a área habitada
Onde:

B a densidade das construções ao longo do caminho de propagação (área das construções / área total)

db o comprimento do caminho de propagação [m]

Caso as construções formem uma linha bem definida próximo a uma rodovia, a uma ferrovia, ou a um corredor
similar, o termo adicional abaixo deve ser incluído.

p é o percentual do comprimento da fachada em relação ao comprimento total de rodovia ou ferrovia (≤ 90%) [%].

Caso a atenuação devida ao tipo de solo seja maior que a atenuação devida à área habitada, a atenuação devida à
área habitada deverá ser desconsiderada. Não deve exceder 10 dB.
Reflexões sonoras
Para verificar se um objeto age como barreira, os seguintes critérios devem ser satisfeitos: uma reflexão especular puder ser
construída; o coeficiente de reflexão da superfície refletora for maior que 0,2 e se a superfície refletora for larga o suficiente
comparada com o comprimento de onda de interesse, isto é, se a seguinte relação for satisfeita:

lmin é a dimensão mínima da superfície refletora (comprimento ou altura) [m]

β é o ângulo de incidência [rad]

ds,o distância entre a fonte e o ponto de reflexão no obstáculo [m]

do,r distância entre o ponto de reflexão no obstáculo e o receptor [m]

A potência da fonte-imagem é calculada como:

ρ é o coeficiente de reflexão do som

D é a direcionalidade da fonte na direção do receptor [dB].


Planilha: Transmissão entre
ambientes
Transmissibilidade
A transmissibilidade do ruído através de uma parede infinita é:

Wt é a potência sonora transmitida

Wi é a potência sonora incidente


Índice de redução sonora (IRS)
O isolamento acústico de uma superfície divisória é medido através do índice de redução
sonora (IRS)
IRS - Transmissão entre dois ambientes
fechados
Seja a transmissão entre dois ambientes fechados. O IRS é dado por:

L1 é o NPS do campo difuso da sala-fonte

L2 é o NPS do campo difuso da sala receptora

S é a área da superfície divisória entre as duas salas

T é o tempo de reverberação da sala receptora

V é o volume da sala receptora


Lei da massa
O IRS pela lei da massa é dado por:

f é a frequência [Hz]

m é a massa [kg/m²]

Em freqüências muito altas ou muito baixas a transmissão não é regida pela Lei da Massa

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